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R e v is t a d o M i g r a n t e
Conselho Editorial
Carlos B. Vainer
Dulce Baptista
Francisco Nunes As c a r a c te r ístic a s g e n é rica s ou as
Heinz Dieter Heidemann c o n s ta n te s do fen ô m en o m ig ra tó rio .............. 0 7
Helion Póvoa Neto
José G. Baccarin
José Guilherme C. Magnani A n o çã o de retorn o na p e r sp e c tiv a de
José J. Gebara
Luiz Bassegio
um a antropologia to ta l do ato de m igrar........11
Marilda A. Menezes
Oswaldo M.S. Truzzi
Teresa Sales O retorn o do a u sen te:
um a em preitada de tod a a a u sê n c ia .................16
Conselho Consultivo
Alfredo J. Gonçalves
Cláudio Ambrozio
A a u sên cia é um a fa lta ...........................................18
Edgard Malagodi
Ermínia Maricato
Marilia P. Sposito
Milton Schwantes O retorn o co m o p rod u to do
p en sa m en to de E sta d o ..........................................2 0
Autor: Abdelmalek Sayad
Tradução: Ana Cristina Arantes Nasser
Margarida Maria de Andrade
Sidnei Marco Dómelas Im igração de trabalho e Im igração
Capa: 2M Criação e Produção Gráfica Ltda de P ov o a m en to ........................................................ 2 4
Editoração Eletrônica
Dirceu Cutti
Impressão
Gráfica e Editora Peres Ltda - Fone:(011)7209.1387 In serção e re-in serção: a c o n tin u id a d e
Endereço para Correspondência de um a m esm a relação de fo rça s..................... 2 7
Rua Vasco Pereira, 55 - Liberdade
01514-030 São Paulo/SP - Brasil
Fone: (011)278.6227-Fax: (011)278.2284
E-Mail: cemsp@cidadanet. org.br
A rein serçã o c o m o afirm ação da
http://www. scalabrini. org id en tid a d e n a c io n a l do p aís
de em igração.............................................................3 0
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores
TRAVESSIA
O RETORNO
SEGUNDO ABDELMALEK SAYAD
jm V rite s de a p re s e n ta r este n ú m e ro e s p e c ia l da Travessia, h á ta n to te m p o
u p ro m e tid o , com o te x to c a tiv a n te d o so ciólog o a rg e lin o , ra d ic a d o n a F ra n
j é ça, A b d e lm a le k Sayad, tem os o d e v e r de p e d ir d escu lp as aos assinantes
JLL, de nossa re v is ta . A fin a l, este te x to f o i o b je to de um a e n tu s iá s tic a p u b lic i
dade n a q u a rta capa d o n ú m e ro 2 3 , de se te m b ro de 1 9 9 5 , q u a n d o d iz ía m o s q u e “ em
b re v e ” n ó s o c o lo c a ría m o s á d isp o siçã o de todos... A p re p a ra ç ã o d o te x to p a ra p u b li
cação c u s to u -n o s , n a verdade, m a is de q u a tro anos, fr u to de tra b a lh o s , esperas e c o n
tra tem p o s.
N o in íc io de 9 5 , recebem os a in d ic a ç ã o d o n o m e de S a ya d p a ra a p re p a ra ç ã o de um
a rtig o p a ra o n ú m e ro sobre “R e to rn o ” (tC 2 2 ). D ia n te das d ific u ld a d e s p a ra c o n ta tá -
lo , s e rv im o -n o s d o a p o io de nossos colegas d o CIEMI-Centre d'Information et Études
sur les Migrations Internationales, em P aris, n a pessoa de L o re n z o P rencipe. A p e s a r de
a lg u m a in s is tê n c ia , d u ra n te m eses n ã o o b tive m o s q u a lq u e r resposta p o r p a rte d o a u
to r, a té q u e às vésperas d o e n v io d o n ° 2 2 da Travessia p a ra a g rá fic a , recebem os, p e lo
c o rre io , as p rim e ira s p á g in a s d o q u e v iria a s e r o te x to q u e o ra apresentam os. Ficam os
e n tre a d m ira d o s e d e silu d id o s, p o is a re v is ta já estava p ro n ta . A lg u m a s sem anas m a is e
recebem os, via C IE M I, o tra b a lh o c o m p le to ju n ta m e n te com um a c a rta de Sayad:
S tJ n e i W a rc o 2 o r n e ic ii
s4fiâ*ua f a r d a
As características genéricas ou as
con stan tes do fenôm eno migratório
os limites do território nacional, Américas - e em seguida, mais tardiamente, imi
com o que se chamou “êxodo ru grantes turcos, gregos, portugueses, etc.
ral”, foi inicialmente verdade que No entanto, por sua vez, esta outra fonte de
o mundo rural tenha despejado na cidade sua po aprovisionamento de mão-de-obra estrangeira,
pulação, agora tida como suplementar, que por mas próxima, deveria inevitavelmente se esgo
sua vez absorvia este suplemento, do qual era tri tar. Ela se extenuou progressivamente à medida
butária para seu próprio crescimento. E como as que os países fornecedores, apesar da deficiên
reservas locais se esgotavam, enquanto o mesmo cia econômica atestada precisamente pela emi
processo de crescimento capitalista - de desvalo gração de seus cidadãos, em direção a países mais
rização de um lado, e de urbanização e industria ricos, foram se integrando ao mundo desenvolvi
lização de outro - prosseguia sempre segundo a do. Assim, por oposição aos países do Terceiro
mesma lógica, o êxodo rural do primeiro momento Mundo que os substituem neste papel de forne
se estendia, a partir daí, numa emigração e numa cedor de imigrantes, eles tendiam a superar o atra
imigração transfronteiras, além dos limites do ter so que os separava dos países utilizadores de sua
ritório nacional, mas que permanecem ainda em mão-de-obra imigrante, para se encontrar quase
grande medida em uma relação de contiguidade. em paridade com eles: os últimos países deste
Na França, este foi claramente, até uma data tipo, a operar a conversão que os dispensaria da
relativamente recente - o período entre as duas emigração de seus cidadãos, seriam aqueles do
guerras, e mesmo mais tarde ainda, após a Se sul da Europa (Itália, Espanha, e numa menor pro
gunda Guerra Mundial -, o caso das imigrações porção, Portugal e Grécia). De países tradicio
que foram precisamente chamadas de contigui nais de emigração, tendem a se tomar países de
dade, todas intra-européias, como por exemplo, imigração ou, pelo menos, de uma imigração “sel
as imigrações sucessivas de suiços, belgas, itali v a g e m Pois, nesta questão, muitos países po
anos, espanhóis, portugueses, etc., e alargando dem - segundo a posição que ocupam no plano
um pouco mais o círculo dos recrutamentos, a internacional e no sistema mundial de relações
imigração de poloneses, tchecos... de força entre países - ser, ao mesmo tempo, e
A Alemanha conheceu o mesmo processo: ela sem contradição, países de emigração de seus
também recebeu muitos imigrantes, vindos inici próprios cidadãos que vão imigrar para países
almente da Europa Central (tchecos, poloneses, mais ricos, e países de imigração para os cida
austro-húngaros...) - ainda que ela mesma tenha dãos estrangeiros emigrando de países mais po
deslocado, ou precisamente porque deslocou, en bres.
tão, muitos imigrantes, especialmente para as Com efeito, a partir do momento que a mão-
idéia de retorno está intrínsecamente aqui não é a sua terra, etc. É uma questão que é,
circunscrita à denominação e à idéia de fato, um chamado, atuando para lembrar ao
mesma de emigração e imigração. imigrante a verdade de sua condição.
Não existe imigração em um lugar sem que tenha Além do fato de ser vivamente verdadeira e
havido emigração a partir de um outro lugar; não lúcida, a resposta dada aqui, em forma de metá
existe presença em qualquer lugar que não tenha fora, sobre a questão do retomo, tem em si mes
a contrapartida de uma ausência alhures. É a pró ma um valor de lição: não é próprio ao imigrante
pria condição do humano, é a sua finitude que ser sempre totalmente iludido sobre sua condi
está em causa: não se pode estar presente simul ção inicial. O retorno é naturalmente o desejo e o
taneamente em dois lugares diferentes, mas se sonho de todos os imigrantes, é como recuperar
pode ir de um lugar a outro, o espaço se deixa a visão, a luz que falta ao cego, mas, como cego,
percorrer e permite, assim, uma multipresença eles sabem que esta é uma operação impossível.
sucessiva no tempo. Não se pode estar e ter esta Só lhes resta, então, refugiarem -se num a
do ao m esm o tem po. O passado, que é o intranquila nostalgia ou saudade da terra.
“ter-estado”, não pode jamais tornar-se novamen Na mesma época e na mesma empresa que
te presente e voltar a estar-no-presente, a concluira um acordo com o organismo oficial
irreversibilidade do tempo não o permite. encarregado pelo Estado de conduzir a “política
A própria denominação de imigrante remete de retomo dos imigrantes”, vários operários es
implicitamente à de emigrante, que é o seu trangeiros nos afirmaram que se desviavam to
corolário. Há circunstâncias, inclusive, em que das as manhãs dos postos desse serviço especial
ela é percebida como um chamado do imigrante - instalados na porta da fábrica - para pouparem-
para suas origens e, por isto, como a denúncia de se da prova, particularmente humilhante para o
sua presença enquanto imigrante. seu amor próprio (pessoal e nacional), do que
Ao longo de uma pesquisa realizada na Fran consideravam um chamado às suas origens, à sua
ça sobre as condições do retorno, denominada condição primeira, à de emigrantes antes da de
como reinserção dos imigrantes em seus países imigrantes, um chamado à sua verdade essencial
de origem - prática que os poderes públicos de e, no fundo, um convite a partir. É na lógica da
sejavam encorajar por meio especialmente de honra que essas coisas são percebidas! É como
incentivos, - um pesquisador-investigador rece se fosse um teste da inserção social do imigrante,
beu uma resposta muito procedente de um dos onde quer que ele esteja.
seus entrevistados, antigo trabalhador imigrante, O imigrante só deixa de sê-lo quando não é
a quem, em seu local de trabalho, ele havia per mais assim denominado e, consequentemente,
guntado: “Você quer retornar para sua terra, para quando ele próprio assim não mais se denomina,
seu país?” A resposta foi: “É o mesmo que per não mais se percebe como tal. E a extinção desta
guntar a um cego se ele quer a luz!” A questão denominação apaga, a um só tempo, a questão
posta desta maneira já continha em si a resposta do retomo inscrito na condição do imigrante. Na
que se impunha como a única lógica, na medida verdade não se trata, sob o pretexto do retomo,
em que, no fundo, ela convidava o entrevistado a da questão mais fundamental da legitimidade in
voltar para a sua terra, para o seu país, o que é, na trínseca da presença daquele que é visto e desig
visão do senso comum, totalmente normal, inclu nado como um imigrante?
sive natural. É preciso ser um pouco herético, Deslocado no sentido próprio do termo, no
heresiarca de alguma maneira, para duvidar des sentido do deslocamento no espaço, o imigrante
ta lógica, e ainda mais para contestá-la. A inten é também deslocado de uma maneira diferente
ção objetiva da questão (inclusive, independen desse primeiro sentido: a presença do imigrante,
temente do investigador e do entrevistado) con presença imprópria, é deslocada no sentido em
siste, queira-se ou não, em fazer com que o inter que se diz que uma palavra está deslocada.
rogado compreenda, caso ele tenha esquecido, A noção do retomo estaria no centro do que
que ele não é daqui, que seu lugar não é aqui, que pode ser ou do que desejaria ser uma antropolo-
20. Este h erói d o retorno, herói de inda a propósito do retorno de esta ausência jamais tivesse se realizado ou
um a odisséia que nos é c o n tad a
em vin te e q u a tro cantos, e q u e
Ulisses20, este pode ser tomado acontecido, como se fosse nula ou não reali
co n ju ga a partid a e o retorno, a como modelo do retorno (nostos) zada - é inclusive sob esta condição que Ulisses
partida te n d o e m vista o retorno,
urna partida q u e é to d a a histo ria
dos emigrantes. Mas, sob a condição de que, a pôde encontrar a felicidade23e cumprir os vo
d o retorno, urna p a rtid a q u e se exemplo de Ulisses, esses emigrantes simples tos firmados ao longo de sua Odisséia; o con
p rolonga em um a s é rie d e p eri mente desejem retornar a seu ponto de parti trário teria sido a decepção, e que Penélope ces
p é cia s e p e re g rin a ç õ e s (é o te r
m o p a ra fa la r d o e m ig ra n te , o da, e trabalhem sempre para isso; também sob sasse a surda e inquieta espera que a habita -,
p e re g rin u s ) pa ra c u lm in a r n o re a condição de que, como Ulisses, eles saibam porém, mais ainda, ele repara essa ausência ex
tom o.
o que querem e, consequentemente, trabalhem piando a espécie de injustiça social que estava
para realizar o que querem; sob a condição de em sua gênese. É triunfante e com a espada de-
que, assim como Ulisses fizera durante o seu sembainhada, que Ulisses retornou à ítaca.
périplo no Mediterrâneo, eles vivam, pensem, Também não há como não compreender o
ajam, constantemente no sentido do retorno - sonho quimérico de todos os emigrantes de
o que significa dizer, então, que eles partiram retornarem ricos para a sua terra natal, mesmo
apenas para voltar, o retorno estando implíci que a ausência desta riqueza não fosse um mo
to ao próprio ato de emigrar, e, ao menos como tivo real e uma razão opostos ao retorno, o qual
intenção e, se possível, como comportamen poderia, inclusive, ser contrariado e impossi
21. O u seja, de um o u tro m od o tos efetivos21, pré-existindo à partida; sob a bilitado por essa riqueza, caso ela jamais se
q u e so b a fo rm a d e urn a m era
c o n je c tu ra a b s tra ta ou d e u m a condição ainda de que eles caminhem sem ces realizasse: ela seria essa ninfa Calypso, essa
p ro je çã o em um fu tu ro to ta lm e n sar e sempre um pouco mais nesta mesma di feiticeira Circe, a graciosa e brincalhona
te im a gin á rio ou o nírico.
reção e que, contra ventos e marés e sem se Nausicaa e outras sereias às quais Ulisses sou
distrair, ou se desviar de rumo, apesar das nu be resistir sob a perspectiva única de reencon
merosas armadilhas semeadas pelo trajeto, trar a fiel Penélope. Porém, o emigrante co
apesar das múltiplas tentações, seduções, mum saberá, a exemplo de Ulisses, resistir ao
corrupções possíveis, provas todas de que poder da riqueza inesperada que lhe adviria?
Ulisses triunfou, eles naveguem em direção ao Seguramente não! Voltar rico, efetivamente ou
mesmo vestígio, à mesma ilha, ao mesmo por somente em aparência, pois aqui a aparência
to, à mesma cidade, ítaca, que cada emigrante conta talvez mais que a realidade24, consiste
ou exilado carrega consigo. em, de certa forma, querer fazer sua revanche
Como se já estivesse inscrito na partida e social, mas também tornar claro para si e para
programado ao longo de toda a ausência, que os outros o sentido de sua emigração e de sua
22. Q u e é, d e um a certa m aneira, insiste em realizá-lo, esse retorno22apaga a au ausência, para que estas não sejam, uma e ou
a p e na s u m a partida bem s u c e d i
da, na m ed id a em q u e d á a im
sência à qual ele realmente põe fim, traz à tona, tra, pura vaidade, falência total, ato gratuito
p re s s ã o d e te r a tu a liz a d o a s sem remorsos nem lamentos, um traço negador e, entretanto, absurdo, ato desprovido de qual
p o ten cia lid a d e s que contém .
e vingativo e, no fundo, procede, faz ou se es quer significado, pois só há sentido e razão no
força por fazer, no melhor dos casos, como se reconhecimento que lhe atesta o grupo.
41. “Maus” imigrantes, imigração or comodidade de exposição, mais do gração de trabalho” é uma imigração que
“má”: algumas destas qualifica
ções depreciativas podem parecer
que por razões de verdade sociológi retornará, refluirá, e que a imigração familiar
exageradas à vista da eufemi- ca, habituou-se a distinguir de manei é uma imigração que permanecerá, implantar-
zação generalizada, na qual se ra artificiosa40, uma imigração de trabalho de se-á, e formará descendência. Uma trabalhará
envolvem, em regra geral, o dis
curso habitual sobre a imigração, uma imigração de povoamento. quando muito para a prosperidade do país; a
e, especialmente, a linguagem dos Evidentemente, esta oposição é rica de sub outra, sem que o saiba, para a posteridade do
dominantes, quando se propõe a
mencionar as diferenciações soci entendidos e de pressupostos ideológicos, e até país, sobretudo quando este tem necessidade
ais existentes na realidade. Sobre mesmo racistas. A imigração de trabalho, que de um reforço em natalidade.
tudo quando essas considerações, A sociedade de imigração encontraria al
características distintivas que atu
não tem outra razão de ser que o trabalho, é
am necessariamente em detrimen uma imigração de adultos, de homens em sua gum reconforto nessa situação - mas sob con
to dos dominados, tendem, unica maioria. Ela é pensada e definida como uma dição de que isto lhe convenha, que ela se be
mente por sua enunciação, a in
correr, seja por puro etnocentris- imigração essencialmente provisória, enquan neficie disso - ao louvar o sinal de confiança e
mo, seja por preconceitos e ver to a realidade desmente esta representação que reconhecimento de que certos imigrantes (os
dadeiro partis prís, no risco objeti bons, para acircunstância) fazem prova, ao nela
vo da acusação de racismo. Cer
dela se faz; é uma imigração puramente ins
tamente, não há como não se ale trumental, tolerada como um mal menor, mas depositar, o que eles podem ter de mais caro e
grar, do ponto de vista da moral, jamais desejada; é reputada inassimilável. precioso, suas famílias, suas esposas e seus
pelo trabalho de eufemização em
preendido aqui e ali, espécie de Certos autores chegam a fazer corresponder filhos de pouca idade e, consequentemente,
controle efetuado sobre si, de auto a essa primeira oposição uma segunda, a opo não somente seu presente imediato, aquele da
censura ou de auto-correção. E, labuta e do salário, mas o seu futuro. Em opo
sem dúvida, é preciso ver nessa
sição entre uma imigração de quantidade e uma
forma de polidez um dos efeitos imigração de qualidade: a primeira seria cons sição, a imigração dita de trabalho é percebi
benéficos da relativa vulgarização tituída pela imigração de trabalho, a segunda da como uma imigração recalcitrante, descon
(ou democratização) do relativismo
cultural que, numa primeira apro seria aquela que se desejaria prestigiosa, fiada, em atitude de defesa, uma imigração que
ximação e ao preço de uma enriquecedora por si, não infam ante e é também suspeita de ser, ela própria, suspei-
distorção em relação ao sentido
original, parece ter descido do céu enobrecedora, cultivada, tudo isso conferindo- tosa. Dela também se diz que é parasitária,
puro do axiomático científico so lhe a disponibilidade de se deixar assimilar e porque não manifesta um grande investimen
bre a terra, neste século e nas prá to, e sobretudo, investimento afetivo e simbó
ticas mais correntes. No entanto,
assimilar-se por si mesma.
não se pode, apesar disso, igno Essa imigração é, evidentemente, uma imi lico, que dela se espera quanto à sociedade de
rar ou fingir ignorar o que as aqui gração familiar, as pessoas de qualidade não imigração.
sições culturais de nossa época -
que são também aquisições simul poderiam se separar de seus cônjuges e de seus Imigração de trabalho, de um lado, imigra
taneamente sociais, éticas, políti filhos41. ção de povoamento, de outro, esta oposição
cas, e mentais - mascaram, recal postulada por suas comodidades classifi-
cam no inconsciente social e tor
Tudo isso conduz a admitir, sem que nada
nam inconfessáveis, para o mo tenha sido estabelecido nem teórica, nem catórias42, por mais que fosse fundada na ra
mento, mas não impensáveis. As empíricamente, sem que se tenha dado nenhum zão e de forma argumentada, jamais a frontei
sim, em outros tempos, nos é per-
fundamento sério a esta afirmativa, que a “imi ra entre as duas teria sido bem estabelecida.
TRAVESSIA
A rev ista d e stin a -se , fu n d a m e n ta lm e n te , a u m público N° 3 6
in term ed iário; q u e r se r u m a p o n te e n tre a p ro d u ção a c a 5 SÉCU LO S
dêm ica e a p ro d u çã o p o p u lar. Se for do se u in te resse , D E M IG R A Ç Ã O
envie artig o s p a ra a red ação , seguindo a s o rien taçõ es (Jan-Abr/00)
abaixo elen cad as: P ra z o p a r a
en m o
d o s a r tig o s :
* De preferência, artigos que se enquadrem dentro dos temas previamente anunciados, (22/12/99)
conforme consta ao lado;
* Tamanho: aproximadamente 250 linhas de 75 toques, incluindo notas e bibliografia;
* Intercalar o texto com alguns intertítulos;
* Clareza de linguagem e simplificação dos conceitos;
* Na medida do possível, enviar algumas fotos com os respectivos créditos, as quais
serão posteriormente devolvidas;
* Os artigos devem ser inéditos;
* Fazer constar breve identificação do autor, endereço e telefone;
* Notas: utilizar apenas nos casos em que o texto requer alguma explicação relevante;
* Referências: devem constar no interior do texto, entre parênteses, com o nome, ano e
quando especificas, a página. Ex.: (Silva, 1996, p.3);
* Bibliografia - Ater-se à referida no texto, seguindo o padrão abaixo:
a) Livros: nome do autor; ano entre parênteses; título do artigo em itálico; local da
publicação; nome da editora. Exemplo: FERNANDES, Florestan (1977)A Sociologia
no Brasil. Petrópolis, Vozes.
b) Artigos: nome do autor; ano entre parênteses; título do artigo entre aspas; nome do
periódico em itálico; volume (se houver) e n°; mês(es); n° da página. Exemplo: SARTI,
Cynthia Andersen (1995) “São os Migrantes Tradicionais?”. Travessia-Revista do
'TRAVESSIA
Migrante, n° 23, setembro-dezembro, p. 11. N° 3 8
N B : P o r tra ta r-s e de a rtig o s breves, p e d e-se u t iliz a r os re c u rs o s a c im a com p a rc im ô n ia . B A IR R O S E
V IZ IN H A N Ç A S
0 autox de <vttiyo ¡ku&licado teceflená def e%emf¿(ane¿ da- tevctía .
(Set-Dez/00)
P razo p a r a
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Ç J £ o n s e lb o £ d ito r ia l re se rv a -se o d ireito
J
d o s a r tig o s :
de su b m eter o s a rtig o s à s u a ap reciação
(31/07/00)
J .