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Este prese nte tr aba lho fo i e labo rado de for ma a te ntar e xp lica r

info r ma lme nte o co nte údo


aprese ntado e m sa la de a ula.

O te ma esco lhido fo i o So nho, o nde e xp lica mos co m nossa s pa la


vras a idé ia ob t ida co m os
escr itos das ob ras “I nterp retação do s So nhos ”.
Fare mos t a mbé m uma a ná lise do Caso “A inj eção de Ir ma ”, o
nde fa re mos a re lação do
sonho co m os e ns ina me ntos de F re ud.
No fu n do os s onh os n ad a ma is s ão do q ue uma fo r ma pa
rt icu la r de p ens amen t o,
p oss ib ilit ad a p e la s c on d iç õe s do so no . É o t ra ba lh o d o s
o nh o q ue cria e ss a fo rma , e
s ó ele é a ess ência do s onh o - a explic açã o de su a n at u reza
p ecu liar. (F REU D, 1 9 00 ,
p .46 6) .
A int erpre tação de so nho s ve m de muit o te mpo, não fo i Fre ud o p
io ne iro de ta l a na lise.
Dar se nt ido aos sonho s ve m muit o antes do prec urso r da Psic a
ná lise , re me te a própr ia
histór ia do ho me m.
O s pr ime iros a e scre ve re m sob re a interp retação do s so nhos fora
m o s As s ír ios.
Os pri me iro s re gis t ro s de s onh os fo ram en co n trad os em fo
r ma de plac as de
arg ila n a b ib l io te ca d o rei A s s u rba n ip al p e rt en ce nt e a o
imp ério A s s írio , n a a n tig a
M es opo t âmia n o q u in to ou s e xt o milê n io a .C. Es t es v est
íg io s de lin g u ag em es crit a
d emo n s t ra m o in t eres s e p elo s s on h os e su a d ecifraçã o
rev elo u q ue as p la cas
co n tin h am u ma e s p éc ie d e gu ia d e in t erpret açã o d e s o nhos .
(GO NTIJ O, 20 06 p .1 )
O s sonhos de sde muito t e mpo er a m co ns iderado s um t ipo de
co municação do s de uses o u
até mes mo pre munição, era a lgo d ivino o u d e mo níaco, q ue depe nd
ia do co nte údo so nhado .
Os p ov os an tigos , ch in es es , g re go s , h in d us e ro ma no s co
n s id e ra va m o s s o nh os
co mo men s ag eiro s ; p ara u ns , men s ag eiro s dos esp írit o s e
de mô n io s , pa ra ou tros ,
men s ag eiro s d os d eus es . O c o mp o rt amen t o d es s es po vos
e ra d e termin ad o p ela
co mp ree ns ão d os so nhos . (REI S, 2 01 5 p. 1)
Foi Ar istó te les q ue tro uxe a re lação dos so nhos co m a p s iq ue, e
ste mes mo fo i re la tado pro
Freud de vido a se u p io ne ir is mo.
O pai da ps ica ná lise re lata q ue a nte s de A r is tóte les, o s a nt igos
não re lac io na va m os so nhos
a me nte huma na e s im a a lgo d ivino co m a função de a visar o u p re
ver.
Co mo s e s ab e, a nt es d e A ris tó te les os an t ig os n ão c o ns
ide ra va m o s o n h o u m
p ro d u to da ps iqu e qu e s on h a, e s im u ma in s p iraç ão d e
orig em d iv in a , e as du as
co rre nt es a ntag ôn ica s q u e s emp re e nc on t rare mo s n a a p re
cia ção d a v id a o n ír ic a já
t in h am s e af ir mad o en t re eles . Fazia -s e dis t in ç ão en tre s o
nh os v erda de iros e
v alio s o s , e nv iad o s à p es so a q u e d o rme p ara a dv erti - la o
u lh e an u n ciar o fut u ro , e
s o nh os in s ig n ific an te s , e ng an ad o res e fú te is , cu ja in te nç
ão era d es o rien t á -la o u
p re cip it á - la n a ru ín a. (F R EUD , 20 1 2 p . 17 )
Mas fo i e m s ua ma ior obra a “I nterpre tação do s So nhos ” q ue Fre
ud ve m a tra tar o s so nhos
co mo a lgo a s er interp retado de for ma sér ia e c i e nt ífica.
O sonho par a Fre ud, fa la ndo de for ma red uzida , se r ia a rea lização
d e um de sejo repr imido.
De for ma red uzida, porq ue a co mp le xidade e nvo lvida na for mação
dos so nhos é vas ta.

As parte s do sonho fica m d ivid idas e m co nte údo late nte e ma


nifes to, late nte é a parte dos
desejos e pensa me ntos inco ns c ie ntes, que passarão por uma e
labo ração e se tra ns for mar e m
conte údo ma nifes to, q ue é a pa rte traba lhada pra s er ace itá ve l para
a co nsc iê nc ia.
Se o sonho é a r ea lização de um dese jo, porq ue não so nha mos
co m aq uilo q ue
deseja mo s?
Freud va i e xp licar q ue o dese jo es tá repr im ido e a for ma co m
q ue o inco nsc ie nte va i
traba lhar isto, é d is fa rça ndo esse d esejo q ue pod e ser um inco
modo para a co nsc iê nc ia.
Qu an d o a rea li zaç ão d e d es ejo é irrec on h ec ív e l, q u an d o é
d is farça d a, d ev e te r
h av id o uma t en d ência à d e fe s a co n tra ess e de s ejo e, em co
n seq uên cia d ela , o d es ejo
n ão po d eria s e ma nife s t ar d e o ut ra fo rma a n ã o s er d is t
orcid o. (FR EU D, 20 1 2
p .16 3) .
N esse se guime nto, te mpos do is fatore s respo nsá ve is por d is farç
ar os so nho s, são e les o
des loca me nto e a co nde nsação.

N as pala vras de Fre ud, o des loca me nto é respo ns á ve l por mod
ific ar o ve rdade iro
desejo q ue o inco nsc ie nte q ue ma nifesta r.
Pro ce s so ps íq u ico in co ns cien t e, t eo riza d o p o r Sig mu n d
Freu d s o b retud o n o
co n te xt o d a an ális e d o so nho. O d es lo ca me nt o , p o r me io
d e u m d es l iza men to
ass o cia tiv o , t rans forma e le me nt o s p rimo rd iais d e u m c o nt
eú d o late n te em d et alh es
s e cun d ário s d e u m co n teú d o man ifes to . (R O UD IN ES CO E.; P
LON M., 1 99 8 p. 1 48 )
Já a co nde nsação, s e fa z q ua ndo s e j unt a d uas o u ma is ide ia s e m
ape na s uma.
Ter mo e mp re g ad o p or Sig mu n d Fre ud p ara d es ign ar u m d o
s p rin cip ais
mec an is mo s d o fu n cio n amen t o d o in cons cie nt e. A c on de
ns aç ão efetu a a fusã o d e
d iv ers as idé ia s d o p ens ame nt o in cons cie n te , e m esp ecial n
o so nho, p ara d es emb oc ar
n uma ú n ic a i ma ge m n o c o nt eúd o ma nifes t o , co ns cien t e.
(ROUDI N ES CO E.; P LO N
M ., 199 8 p . 12 5)
Dessa for ma o apare lho ps íq uico va i d r ib la ndo e e xpo ndo se us
desejo s inco ns c ie ntes.
Em s uas q uase o u ma is de 700 pá ginas da s ua obra “A I nterpr
etação do s So nhos ”, Fr e ud
va i e labo ra ndo, de ta lha ndo e apr ese nta ndo todo o co mp le xo
meca nis mo do apare lho ps íq uico,
e co m e xe mp los ad vindos das a na lis es de se us própr ios so nhos.

U m ca so q ue e ntão va mo s ut ilizar co mo e xe mp lo da a na lise


de um so nho, é o caso da
Injeção de Ir ma.
SON HO DE 2 3- 24 DE JU LH O DE 18 95
Um gr an de s alã o - num er osos convi dad os a que m est ávamos
receb e ndo. - E nt r e eles
est ava I r ma. N o mes mo i nst ant e, p ux ei - a de l ad o, c omo q ue
par a r es po nde r a su a carta e r epr ee nd ê -
la p or nã o t e r ain da aceit a do m inh a “s oluç ã o”. D is s e-l he:
“Se voc ê ai nd a s e nte do res , é r eal me nte
ape nas por c ulp a s u a.” Res p on deu el a: “Ah! se o s en ho r p ud
ess e im a gin ar as d or es q ue s int o a go ra
na g ar ga nt a, no es tôma go e no ab dôm e n… - is t o es tá me s
ufoc and o. ” - Fiq uei ala rma do e ol hei pa ra
ela. P arecia pálid a e inc h ada. P e nsei c omigo m esm o qu e, afinal
d e c ont as, de via es ta r dei xa ndo de
perc eb e r al gum dis túrb io org ânico. Le vei -a at é a ja nela e
examin ei -lh e a g arg anta, e el a deu m os t ras
de r esi st ênc ias , c omo fazem as mul he res c om d ent a du ras p
os tiç as. Pens ei c omigo m esm o q ue
realm ent e n ão h a via n ec es s idad e de el a f azer a quil o. - Em s
egui d a, ela ab riu a b oca c om o de via e,
no lad o dir eito, desc ob ri uma gr an de pl aca b ranc a; em out ro
lug ar, vi e xt ens as c ros tas c inz a -
esb ranq uiçad as s ob re algu mas notá veis es tr utu r as recur va
das, qu e t inh am e vide nteme nt e p or
model o os os sos t urb inad os do na riz . - Cha mei im ediata ment
e o Dr. M. , e ele re petiu o e xam e e o
c onfirmo u… O D r. M. t inh a um a ap arê nc ia muit o dif ere nte d a
hab it ual; es tav a muit o p álid o, c laudic a va
e t inha o qu eix o esc anh oa do… Meu amig o Ott o es tava t am b
ém ago ra de p é ao la do del a, e meu
amigo L eo pold a a us c ul tav a at ra vés do c or pet e e dizi a: “E la
t em um a ár ea s urd a b em emb aixo, à
esque rd a.” I ndi cou t amb ém q ue p arte d a pel e d o omb ro es q
ue rdo es ta va i nf ilt r ada. ( Not e i is s o, t al
c omo ele fiz er a, ap enas d o ves ti do. )… M. dis s e: “ Nã o há dú
vid a de que é um a i nfec ç ão, mas n ão tem
import â nc ia; s ob re virá uma dis ente ria, e a t oxi na s e rá elimi na
da. ” … T ivemos t amb ém pro nt a
c onsc iência da ori gem da i nf ecç ã o. Nã o muito ant es, qu an do
el a nã o es ta va s e s e nt ind o b em, meu
amigo Ot to l h e aplic ar a uma i nj eç ão d e um pr epa ra do d e pro
pil, pro pilos … ác id o pro piô nic o…
t rim et ilamin a ( e e u vi a di ante de mi m a f ó rmul a d es s e pr ep ar
ado, im pr ess a em gros sos c a rac ter es)…
I nj eç ões c omo ess as nã o de v e riam s er a plic ad as de f o rma t
ão im pensa da … E , pr ovav el me nte, a
s ering a nã o es tav a limpa. (Fr e ud, S igmund, c it. pp. 141- 142)

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