Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. A c iênc ia
T od o s er hu ma no , de u ma f or ma ou de ou tr a, ac um ul a
le mbra nças .
a pen as “sens o” , senso c omu m, r eserva ndo-s e a pa lavr a “con hec ime n to” pa r a
o c ie n t í fic o.
con hec imen to vu lgar . A ciênc ia b usca org an izar e s is te ma tizar o c onh ec i-
co nhec imen to .
E n qua n to o s enso c o mum é d if us o , d es o r ga niz ado ,
co nhec imen to c ie n tífico te n ta se r c oere n te , co eso , o rga niz ado, sis temático ,
o rde nad o e or ie ntado a par tir d e fon tes e spec íficas e mu itas ve zes pré-
co ns titu ídas .
t a mb ém , o q ue ex is t ir á .
n or te ador d o pens ame n to cien tífico , qu e pr eten de apo n tar os aco n tec imentos
Ag ora , pod e-se diz er que a bas e p ara a sis tema tizaçã o e do
es tudo .
p elo menos , p ode ter, u m mé todo apr opr iad o pa ra seu c ampo .
f az c o m qu e el e s e ja pa r te in te gr a n te do p r ó pr io s is te ma a qu e s e r v e . O
p rop os tos p ela dou trin a . Enc on tr amos c lass ific ações co nhec id as e famosas ,
as hu man as .
a ponta r o se gu in te : nas c iê ncias n a tura is o co nhec ime n to é c ons tru ído com o
o rga niz ando um mun do pró prio de c ons ta taçõ es desc ritas e exp lic a das .
h umanas , ca p tar o sen tid o dos fe nô men os h umanos ; é pr ecis o co mpr een dê- Io ,
Além d isso, n ão bas ta ao cien tis ta ten tar co mpr een de r o sen tido
es per ado . Da í o limite e a imp or tâ nc ia da co mpr eensã o dos fenô me nos par a
as c iê ncias h umanas .
D iscu te -se se é possíve l ao c ien tis ta a gir co m “ne u tra lida de” e m
r el aç ão ao o b je to de i nves t ig aç ão , is t o é , se e le , a o ir a v a li ar o o bj e to , de ixa
d e o bs er v a r fa t os se m s e e nv o lve r e a p ar t ir d el es el abo r ar s eu tr ab al ho
s e m uma t o ma da de p os iç ã o p es s oa l , um a v ez q ue a pró pr ia es c o l ha d o
i n te ri or do c ien tis ta .
s e n tim e n tos .
p esqu isa do. Par tic i pa do m esmo fe nômeno soc ia l inves tig ado , sen do c er to
As c iênc ias r e fle te m , a ssim, con du tas en ga ja das dos c ie n tis tas
co nhec imen to .
n osso ve r , u ma v isão pan orâ mica - ainda que nã o ex aus tiva - das vá ri as
correntes científicas .
2 . 1 . O e mpi r ismo
Essa esc ola afir ma que o conhec imento científico nasc e do objeto . É neste
n a re alid ade .
n ovas d esco ber tas nã o são os o bje tos - q ue s emp re tiveram as m e smas
O c ie n tis t a te r i a , ass im , um a m io pi a qu e s e ia c ur a nd o , co m o
a rqu ivav a os co nhec imen tos d aí resu lta n tes , es tes se iam acu mu l a ndo . E
c im en to c ie n t í fic o .
m as b us c ad as ne le , ob je t o r e al , e a pa r t ir de le .
h oje iden tificad os e m n ív el mo l ecu la r como ác id o desox irr ib onuc l é ico : o DNA.
2 .2 . O rac io na lis mo
a es c o la r ac ion al is ta .
O co nhec id o filóso fo franc ês Desc ar tes (1 596 - 1650 ), d e frase
d e pa r ti da .
famos a.
r ecíproc as .
Aco mpa nhe mos se u pe nsa men to : D esca rtes dec id ir a c olocar
q uan do dep aro u co m o fa mos íss imo “ Penso , l ogo exis to” ( Cogito, ergo sum ) .
m od er no , q ue a fi r ma r es i d ir n o s uj ei t o o fu nd am ento do a to d e co nhece r,
O p ensa me n to op era com idé ias e não com co isas co ncre tas ; o
p or um tr ec ho do fa mos o e c r í t ic o fi lm e de C ha r l es C h ap l in , “T emp os
Mod ernos ” .
l ev a n tad a a o a l to d e s u a m ão .
Na s eqü ênc ia , o ca min hão desap arec e e su rge p era nte C arlitos a
v e r me lh a : Ca r l i tos é p r es o c omo l íd er gr ev is ta .
Da ria par a to mar pos içõ es ma is a deq uad as, de ma ior ce rteza e m
co rren te bas tan te rad ica l, q ue p ra ticamente ig nor a qu alque r obj e to c oncr et o :
é o i dea l is m o .
Par a o i dea lis ta , o co nhec imento nasc e e e sgo ta-se n o pró pr io
2 . 3 . A di a lé t ic a
co loc ado pe las d uas co rren tes a n ter ior men te tr a tad as : o da d ist â ncia existe n-
t e en tr e s uj e i to co gnos c e n te e ob je t o re al .
co n trár io , o i nves tigad or o per a a pen as com i dé ias , de ixa ndo o o bje to c oncr eto
d e l ado .
c ientífica.
r aci ona l is ta , sur gir am cor rentes ma is mod era das , qu e tiver am a p r e te ns ã o de
R a ma lh o Ma r qu es N e to .
P ar a a d ia lé t ic a , c om o j á s e d is s e , o im por t an te n ão é n em
e n tr e el es .
s e dá o a to d e c on hece r .
n hec imen tos an te riores , tr azer a púb lico nov os con hec imen tos .
“c ons tru ído” , e, por co nseq üênc ia , todo c onh ecimen to ob tido é es s e n -
c ia lm en te r e t i f ic áv e l .
p ode ndo se mpr e ser su per adas n o dec orrer d o pr ocesso his tór ico da c iênc ia .
a d e te n tar to mar par a s i e aca tar as c on tr ibu ições traz idas p e las ou tras
c lass i fic ada como r acion alis ta , u ma vez que seu v e tor e p is temol ó gic o c a m in ha
so bre tudo , por que a p os tu laçã o de seu m éto do é impo rtan te p ara u ma c i ênc ia
i nd is c u t ív ei s qu an to os da ma te má t ic a . Am b ic i oso p r o je to já te ntad o p or
t o t al me n te n ov o .
p os tu lad os d a fen om en ol og ia .
Huss er l e nco n trar am n o terre no fér til pr epa rad o p or Desc ar tes as se men tes ,
Rec ord emos : ao sepa rar c orp o e men te , D escar tes p us era os
à n ossa su bje tiv id ade ( a nossa consc iê ncia) é imposs íve l de se r v eri f ica da .
Es ta mos enc erra dos e m nós mesmos e por iss o n ão po demos a tin gir n en huma
impens áve l.
p ossa m ain da ser cha ma das as ap ar ições i n te rna mente p erce bidas , d elas nã o
p erce pção in tern a , te mos o ma is claro d os c onh ec imen tos , a que la certez a
e nunc ia dos n ela co n fia dos ind ica que e la é c apaz de n os ind uzir em erros e
o bje tos d as p ercepçõ es ex ter nas exis tam e fe tiva e ver dad eira m en t e ta is
co mo eles n os ap arece m” .
Co m e fe i to, a a titud e fen omenológ ica s urg iu co mo r espos ta à
d rama reve la do pe la imp ossibilida de de p ene trar na n a tur eza dos o bjetos
co nhec id os. Ao inv és d e e te rn izar-s e ness a b usca , a fe no men ologia esco lheu
d ed ic ar - s e a o es tu do d os da dos d o c on hec im en t o.
“ fe nô men o” é um “r ela tivo ” , po is é aqu ilo q ue “ apar ece ” par a o su je ito que o
o bs er v a , ou s ej a , s ó ex is te na m ed id a em q ue é obse r v ad o na r el ação c om o
s u j e i to .
r io” , “ irr ea l” , o que va i a fe tar ta mb ém o te rmo “ fen ômen o” , que gan ha esse
r ea li dad e , m as é co mo s e pe r t encess e a u m n ív el in f er io r de r ea l .
i m pen e tr áv e l . Par a o s u je i to s ó h á o fe nô me no .
o u fenô men o que d ep end e das co isas ou do o bje to; são as co isas o u os
o bje tos que de pe ndem d a r eprese n taçã o ou do fe nômen o . A co nsciênc ia é a
co isas que sã o es tran has à c onsc iê ncia . Se p ud ésse mos r emon tar tod os os
con hec imen tos das co isas ditas ob je tiv as e fôss emos vo l tan do de form a a
d eco mpô- los , che garía mos na ess ênc ia pr imeira , que é a c onsc iên c ia . Da í
ce rebr ais e nerv osos , mas uma r eg ião q ue possu i especific id ade e
e mp ír ico e são govern adas por r elações ca usa is e mec ân icas . Já o fenô me no
A isso a fen omeno lo gia acresc en ta u ma par ticu lar id ade esse ncial
ps icolo gia i nsp ira da e m D esca rtes , o ca rá ter p róp rio do fato ps íquico é
r epor tar-se a um o b je to .
av aliaç ão .
ac ei t aç ão d e s eu c ar á t er c ien t í fi c o .
e a ind a tem muitas esc olas d e p ens amentos qu e pro põe m fo rmas d i fe rente s
A n ós im po r t a o f a to de qu e ex is te uma Ci ênc ia d o D ir e i to ,
s u as a te nçõ es o h ome m .
ex is te ncial c omo princ ípio de in ves tigaçã o . A C iê ncia do D ire ito deve ,
e es tud a as n ormas ju ríd icas . Es tas prescrev em a os in div íduos c e rtas re gras
“ dever -ser” ex aur e-se n um “ser” , o u , q uan do desc umpr id a a d e ter minaçã o da
u m “ d ev er - s e r ” j ur íd ic o , po is ap on t a o q ue a n or m a j ur íd ic a pr e t end e qu e s e ja .
m o tor is tas .
r epres en tad a por u m se má foro , p re te nde d isc ip linar o trâ ns ito , po de-s e leva n-
tar mu itas d ificu lda des p ara o inves tig ado r d o Dire ito :
sagem?
n ão v iu o s i na l?
d ) Pode apr esen tar a mesma jus tific a tiv a , a le gan do que mor a n a-
ass altado ?
es qu ina d ev ia ter s ina l, e os func io nár ios o ins talara m por eng ano , va le a
mu lta?
h ) Pod e a m u l ta s er lav r ad a p or i n d ic aç ã o d e u m c id ad ão c om um
p rimár io ou re inciden te ?
d e ou tras n ormas juríd icas e fatos , e , indo além, c oloca ndo -se valores e o
men te para u ma q ues tã o prá tica . Co n tud o, ten do e m vis ta as pec u lia rid ades
a pen as das nor mas ju ríd icas e su a ap lic açã o ou não , mas també m tem d e
lidar c om fa tos soc iais , as pec tos s ociológ icos , eco nômic os , cu l tu ra is e a té
é t icos e mo r a is .
tre ou tr os , a re to (do voc ábu lo em la tim rectum ) , a man dar , ord en ar ( do la tim,
p rerr oga tiva , qua ndo se diz que a lg ué m tem a fac ulda de , o pode r de exerce r
p ara doxa l e c on tr ad i tó ri a .
d or te m dire ito asseg ura do a o sa lário” , g uar da cer ta apr ox imaçã o , cer ta
inoc en te ” .
p rópr ios usos da pa lav ra "d ir eito " ap on tam u m p ara o o u tro : d ir eito a pon ta
man ejar do conc eito “ dire ito” . T a lvez por i sso a c ha ma da C iênc ia do Dir eito
te nha acaba do p or pr iv ileg iar um d os sen tidos , den tr e os v ár ios poss ív eis .
d i ficu lda de n a desc obe rta e fixaçã o de s eus o bje tos - p or ex emp lo , a m ed ic in a
p r e te nde o m esm o .
D es s a fo r m a , o p to u p or es tu da r u m d os s en t idos p oss ív e is do
esc rita.
M as n ão pa r ec e ter si do um a es c o lh a m ui to f el iz - ain da q ue s e
su a c omp lex id ade fecu nda , o cien tis ta d o D ir eito deu u ma vo l ta a o lar go d o
co nge la ndo -se no conc eito da n orma ju r íd ica esc rita e p erd en do- s e no tra-
b al ho a na l íti c o d o i nv es t ig ado r .