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mentum, quam orci tincidunt sap
4
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GLOSSÁRIO
Certamente você já ouviu a seguinte afi rmação: fazer ginástica não deixa a criança crescer! Se olharmos
a altura de atletas no site da FIG, veremos que a altura de Arthur Zanetti é 1,58 m e de Daniele Hypolito é
1,47 m. Será que isso é consequência da ginástica artística? Certamente não! Se observar atletas de di-
ferentes modalida-des, você verá que o tipo físico de cada esporte é semelhante, fato que se deve à alta
GESTÃO DA CADEIA
seletividade do esporte de alto rendimento, o que torna o biótipo um fator importante. Por causa das exi-
gências biomecânicas da ginástica artística, atletas de baixa estatura têm maior facilidade em se adaptar
aos aparelhos e realizar os mortais e piruetas exigidos na modalidade (FERREIRA FILHO; NUNOMURA,
TSUKAMOTO, 2009), sendo provável que esses ginastas tenham maior sucesso na modalidade e, por
isso, maior aderência do que aqueles que alcançam maior estatura. Essa é, portanto, a razão de a maior
parte dos atletas de elite da ginástica serem de menor estatura. É a seleção natural do esporte!
DE SUPRIMENTOS
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Título livro 3
GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
Paulo França Barbosa Neto
Lucio Garcia Veraldo Junior
2021
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –
ORDEM DOS FRADES MENORES
PRESIDENTE
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL
Jorge Apóstolos Siarcos
REITOR
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM
VICE-REITOR
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO
Adriel de Moura Cabral
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
Dilnei Giseli Lorenzi
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
Renato Adriano Pezenti
GESTOR DO CENTRO DE SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CSE
Fernando Rodrigo Andrian
CURADORIA TÉCNICA
Fernando Rodrigo Andrian
CURADOR INSTITUCIONAL
Tadeu Vaz Pinto Pereira
DESIGNER INSTRUCIONAL
Luiza Cunha Canto Correia de Morais
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Bruno Ricardo da Silva
PROJETO GRÁFICO
Impulsa Comunicação
DIAGRAMADOR
Lucas Ichimaru Testa
CAPA
Lucas Ichimaru Testa
1. Conceitos de logística.......................................................................................... 7
4. Gestão de materiais............................................................................................. 25
2. Política de estoque............................................................................................... 90
1 UNIDADE 1
INTRODUÇÃO
O termo Logística é usado para designar a movimentação de produtos ou serviços para
um local determinado, com prazos, custos e condições de pagamento acordados. As
antigas guerras romanas e gregas são a base dos sistemas de logística. Roma desen-
volveu um sistema logístico altamente eficiente para abastecer suas legiões. Os oficiais
militares eram responsáveis por garantir o abastecimento e a alocação de recursos para
que os soldados pudessem avançar com eficiência.
6
As linhas que separam o gerenciamento da cadeia de suprimentos da logística po- 1
dem parecer confusas e muitas vezes os dois conceitos costumam ser tratados
1. CONCEITOS DE LOGÍSTICA
A logística representa um conjunto de atividades que garantem a disponibilidade dos
produtos certos, na quantidade certa, para os clientes certos no momento certo. As ativi-
dades logísticas são o elo entre a produção e o consumo e, essencialmente, constituem
uma “ponte” entre a produção e os mercados consumidores. Estas atividades envolvem
produtos, pessoas e informações.
SAIBA MAIS
O conceito de “Logística” começou anos antes de Cristo e foi usado por generais gregos para
descrever todos os procedimentos para a aquisição de alimentos, roupas e munições para
seus exércitos. Alexandre, o Grande, desenvolveu um grande poder de movimentação de
suas tropas, por exemplo. A estratégia era não estabelecer pontos fixos para aguardar o en-
vio de suprimentos vindos da Macedônia, mas sim usar os suprimentos e os recursos locais
de seus inimigos derrotados. Por muitos anos, durante as guerras, a logística sempre foi uma
1 dificuldade a ser vencida. Neste período, reinos e generais com planejamento estratégico de
logística foram os que venceram as guerras mais importantes (ENGELS, 1978, p. 2).
A logística teve seu desenvolvimento mais importante durante a Segunda Guerra Mundial e
é clara sua importância e contribuição para a vitória dos Aliados. A partir do início dos anos
60, fatores, como desregulamentações, pressões competitivas, tecnologia da informação e a
globalização, contribuíram para o aumento da ciência da logística na forma que é conhecida
hoje (SUDHAKAR; SUDHAKAR, 2008, p. 7).
Para Waters (2003, p. 5), a logística é a função responsável pelo fluxo de materiais dos
fornecedores para uma organização, por meio de operações dentro da organização
e depois para os clientes. Já para Slack, Brandon-Jones e Johnston (2010, p. 420),
de uma maneira mais simplificada, logística significa mover produtos para os clientes.
Desta forma, ainda dentro das definições de logística, é possível caracterizar a lo-
gística como o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e ar-
mazenamento eficiente e eficaz de bens, serviços e informações relacionadas, do
ponto de origem ao ponto de destino, e dentro da expectativa de conformidade com
os requisitos definidos pelo cliente (RUSHTON; CROUCHER; BAKER, 2014, p. 5). A
Figura 1 ilustra os principais elementos da logística e distribuição, os quais incluem o
transporte, o armazenamento, a definição do tipo de embalagem e o fluxo das infor-
mações, por exemplo.
Figura 01. Principais elementos da logística e da distribuição
Processo de planejar,
operar, controlar
FLUXO E ARMAZENAGEM
` Matéria prima
` Produtos em processo
Do ponto de origem Ao ponto de destino
` Produtos acabados
` Informações
Fonte: adaptado de Novaes (2007, p. 36).
` Diheiro
8
Atualmente, a logística constitui uma área reconhecidamente essencial para o sucesso 1
tanto da manufatura como das demais áreas como serviços, e-commerce, varejo, entre
outros. De fato, muitas organizações perceberam que alterações em seus processos lo-
PARA REFLETIR
O “Efeito Amazon”
Os consumidores modernos esperam receber seus pedidos mais cedo do que nunca. O mer-
cado digital continua a se expandir além do modelo de negócios de varejo tradicional todos os
dias e, com isso, as expectativas dos clientes aumentam. Isso revolucionou a maneira como os
profissionais da cadeia de suprimentos trabalham para garantir que os pedidos fossem proces-
sados e atendidos. A Amazon está aberta 24 horas por dia, 7 dias por semana. Os pedidos são
processados instantaneamente e devem ser enviados para coleta no depósito imediatamente,
com a entrega acontecendo no dia seguinte e até no mesmo dia. Desta forma, o “Efeito Ama-
zon” redefiniu completamente a forma como as cadeias de suprimentos operam.
Adaptado de Slack, Brandon-Jones, Johnston (2010, p. 89).
Atividade primárias
` Transporte
É comum, quando se fala em logística, o primeiro pensamento estar relacionado com
caminhões movimentando cargas por uma rodovia. Como visto nas definições de logís-
tica, o significado e a abrangência vão além do transporte, embora este seja uma das
principais atividades primárias, pois permite o fluxo de produtos pelo sistema logístico. Do
ponto de vista do sistema logístico, três fatores são fundamentais para um bom desempe-
nho da área de transporte: o custo, a velocidade e a qualidade da entrega, uma vez que a
integridade do produto é tão importante quanto o seu custo e seu prazo de atendimento.
1 como Matriz de Transporte. Em cada modal, ainda é possível ter opções de infraestru-
tura, veículos, máquinas e equipamentos que dão auxílio na carga e descarga e são
adequados a cada tipo de produto.
` Manutenção do estoque
A manutenção dos estoques é uma abordagem sistemática para a aquisição, arma-
zenamento e venda do estoque, contemplando tanto matérias-primas (componentes)
quanto produtos acabados (produtos). Em termos de negócios, a manutenção do esto-
que significa ter o estoque certo, nos níveis certos, no lugar certo, na hora certa, com o
menor custo possível e, consequentemente favorecendo um preço adequado ao consu-
midor final. Para empresas com processos de manufatura complexos, é especialmente
difícil equilibrar os riscos de excesso e escassez de estoque. Portanto, para buscar
esse equilíbrio, as empresas utilizam de dois métodos principais de gerenciamento de
estoque: just-in-time (JIT) e Material Requirement Planning (MRP) (em português,
planejamento de necessidades de materiais).
SAIBA MAIS
GLOSSÁRIO
Estoque: É o termo utilizado para designar o volume de materiais disponpiveis a serem
utilizado no futuro. É o volume considerado como “buffer” ou pulmão para compensar o
tempo e a distância entre a demanda e a oferta. O estoque representa um dos ativos mais
importantes de uma empresa porque o giro do estoque representa uma das principais
fontes de geração de receita e ganhos subsequentes para os acionistas da empresa.
10
Figura 02. Modelo de cartão de controle de inventário
1
Descrição
Local:
Código: UN:
3ª CONTAGEM
Descrição
Local:
visto conferido
Código: UN:
2ª CONTAGEM
Descrição
Local:
Local:
visto conferido
` Processamento de pedidos
O processamento de pedidos é o termo geralmente usado para descrever o processo ou o
fluxo de trabalho associado às atividades que envolvem o atendimento das necessidades
dos clientes. Os estágios de processamento do pedido envolvem coleta, embalagem e en-
trega do produto acabado nos locais especificados dos clientes. Este processo constitui um
elemento-chave do atendimento de pedidos.
Este processamento de pedidos pode ocorrer diante da necessidade apontada por dois
tipos de sistema: um sistema empurrado e outro puxado. Em uma cadeia de suprimentos
com um sistema empurrado, os produtos são empurrados através do canal da produção até
os varejistas. Isso significa que a produção ocorre com base na previsão de demanda. Já
na cadeia de suprimentos em que se pratica um sistema puxado, a aquisição, a produção e
a distribuição são orientadas pela demanda real e não por previsões. Os bens são produzi-
dos na quantidade e no tempo necessários. A definição do tipo de sistema que a empresa
irá adotar depende além da estratégia, do tipo e características do negócio e produto. O
mercado da moda, possui os dois sistema. O alfaiate trabalha no sistema puxado, ou seja,
só começa a confecção de uma peça quando o cliente solicita e vai até o atelier para as
medidas. Este sistema não há necessariamente transporte e estoque dos produtos e a
venda é dada como certa, pois já um pedido, um contrato ou um acordo antes da produção.
1 Por outro lado temos as lojas de varejos ou departamentos que já expões as peças con-
feccionadas e padronizadas, aguardando o clientes irem as compras. Este sistema é o
empurrado; que depende das ações de marketing, publicidade e da compra por impulso.
Outra característica deste sistema é que deverá haver inevitavelmente transporte e estoque
dos produtos; além do risco da não venda.
Os serviços usam o sistema puxado, uma vez que não há como estocá-los ou transportá-
-los. Os clientes buscam e vão até os serviços que só sãos feitos conforme a demanda vai
surgindo. O sistema empurrado e o puxado são ilustrados na Figura 3.
Figura 03. Sistema empurrado e Sistema puxado
DEMANDA
Atividade secundária
` Armazenagem
É a atividade de acondicionar os produtos acabados em armazéns e/ou em CDs. Seu papel
é fornecer um suprimento estável de bens ao mercado para preencher uma lacuna temporal
entre produtores e consumidores. Também desempenha um papel importante na manuten-
ção da qualidade e valor dos produtos acabados.
12
dos produtos por meio de uma cadeia de suprimentos de demanda bem planejada e eficaz 1
e com o mínimo de armazenamento.
` Embalagens
Os produtos são embalados para que sejam protegidos, mantendo assim as característi-
cas de quando foram fabricados. Em alguns casos, embalagens específicas são utilizadas
para promoções e ações de marketing. A embalagem também facilita o armazenamento,
manuseio e transporte, uma vez que o tipo de embalagem impacta não apenas nos custos
do material, mas também nas alternativas de seu armazenamento, seu manuseio e sua mo-
vimentação. Assim, alterações nas características do material, como peso, volume e forma,
afetam diretamente as opções de embalagem.
` Aquisição
O processo de aquisição não consiste apenas em uma transação de compra de um material
ou de um serviço, mas sim em um processo que é visto como parte da logística integrada,
e tem uma função estratégica de negócio. Neste processo, um dos maiores desafios, seja
serviço ou manufatura, é selecionar os fornecedores certos para seus componentes, peças
e suprimentos, uma vez que o desempenho dos fornecedores tem um impacto significativo
na produtividade, qualidade e competitividade de uma organização.
` Programação de materiais
O planejamento de necessidades de materiais (MRP, do inglês Material Requirements
Planning) é um sistema utilizado para calcular os materiais e componentes necessários
para fabricar um determinado produto. Esta ferramenta tem como objetivo melhorar a efici-
ência, a flexibilidade e a lucratividade das operações de manufatura. As informações neces-
sárias para o planejamento dos materiais vêm de três fontes principais:
I. Do plano mestre de produção, o qual traz informações sobre as quantidades a serem produ-
zidas e os períodos em que estas produções devem ocorrer;
II. Das listas de materiais (do inglês, bill of materials), exemplificado na Figura 8. Esta ferramen-
ta lista os materiais e/ou componentes necessários para a fabricação de cada produto.
III. Dos registros dos inventários de estoque que mostram as quantidades reais dos materiais e/
ou componentes necessários para a fabricação do produto.
Alemanha
Japão
França
EUA
Reino Unido
Canadá
Itália
Venezuela
Argentina
Espanha
Brasil
México
Índia
China
14
Os custos logísticos são o somatório de todos os gastos realizados para disponibilizar 1
um bem ou serviço ao mercado, principalmente ao consumidor final. Estes custos logís-
ticos são compostos, principalmente, pelo custo de estocagem, pelo custo com pedidos
` Custo de movimentação e
armazenagem
Custo logístico
Os custos de transporte compõem a maior parte dos custos totais logísticos, repre-
sentando cerca de 50% do custo logístico. Os custos de manutenção de estoque
também são significativos, com uma participação de cerca de um quinto dos custos
totais. Eles incluem os custos de manutenção de mercadorias em estoque (custos
de capital, armazenamento, depreciação, seguro, tributação e obsolescência) e são
comumente expressos como uma parcela do valor do estoque. Os custos de mão de
obra envolvem o manuseio físico das mercadorias, incluindo tarefas como embala-
gem e rotulagem. O atendimento ao cliente abrange o recebimento e processamento
de pedidos dos clientes.
16
Figura 06. Exemplo de uma cadeia de suprimentos
1
II. Tático: envolve decisões de médio prazo, como previsões semanais de demanda, pla-
nejamento de distribuição e transporte, planejamento de produção e planejamento de neces-
sidades de materiais.
III. Operacional: envolve decisões do dia a dia como parte das funções gerenciais normais.
Fluxo de produtos e
financeiro
1 ` Fluxo de produto
É o movimento de mercadorias de um fornecedor para um cliente, bem como quais-
quer devoluções do cliente ou necessidades de serviço.
Baseado na Figura 6, pode-se afirmar que em um processo de supply chain (em por-
tuguês, cadeia de suprimentos) haverá fornecedor, fabricante, distribuidor, atacadista,
varejista e consumidor. O consumidor, em alguns casos, pode até ser um cliente in-
terno da mesma organização. Por exemplo, em uma empresa de fabricação de tubos,
muitos tipos de aço são utilizados na fabricação de diferentes tipos de tubos. Depois
de fabricados, alguns destes tubos serão encaminhados para diferentes processos,
como usinagem e soldagem. Já outros serão montados sob encomenda para poste-
rior envio a um cliente.
` Fluxo de informações
O fluxo de informações é o diferencial na cadeia de suprimentos. A falha neste fluxo
acarreta problemas nos fluxos de produto e financeiro. Os fluxos de informações na
cadeia de suprimentos seguem as duas direções. Um fluxo de informações mais rápi-
do e melhor aumenta a eficácia da cadeia de suprimentos.
` Fluxo financeiro
O gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM, do inglês Supply Chain Mana-
gement) é aplicado no mundo dos negócios de hoje para otimizar os fluxos de bens,
informações e os fluxos financeiros dentro e entre as empresas por meio de uma
integração funcional. Este fluxo financeiro apresenta aspectos como os acordos en-
volvendo crédito aos clientes, cronogramas de pagamentos e recebimentos, acordos
de consignação, entre outros.
18
3. EMBALAGENS, ACONDICIONAMENTO E UNITIZAÇÃO 1
DE CARGA
Já alguns perfumes e bebidas alcoólicas vêm em embalagens elaboradas para agregar va-
lor ao produto, mesmo que muitas vezes representem um alto custo. Neste caso, com bens
de consumo de alto padrão esta prática é aceitável, ao contrário do que ocorre com produtos
básicos como leite ou açúcar, por exemplo. Desta forma, ao
pensar em um design para embalagens, deve-se estudar o
material de embalagem com cuidado. Existem cinco mate-
riais que podem ser utilizados no processo de embalagem:
IV. Madeira: é resistente, apresenta boa durabilidade, fácil de usar e pode ser reutilizada,
1
mas é pesada, volumosa e difícil de limpar.
Seja qual for o material, sua definição depende das particularidades de cada bem, o
tipo de movimentação e da proteção necessária. Esta pode ser uma decisão difícil, uma
vez que é uma escolha que considera algumas variáreis. Sendo assim, alguns produtos
seguem um padrão, por exemplo: alguns líquidos são entregues em alguma forma de
garrafas de plástico. Mas esse tipo de embalagem não seria uma boa apresentação
para um vinho, que geralmente é entregue em garrafas de vidro.
Temos três modelos de funcionalidade das embalagens que, combinados, podem apre-
sentar uma solução completa ao longo da cadeia de abastecimento e podem ser cons-
tituídos pelos diversos materiais descritos anteriormente.
Embalagens primárias
Embalagens secundárias
Embalagens terciárias
20
e, consequentemente, facilitando seu manuseio, armazenamento e transporte. Ainda 1
utilizando o exemplo das garrafas de cerveja, a embalagem terciária é caracterizada
A concepção de embalagens vem evoluindo ao longo dos anos e hoje embalagem não
se refere mais apenas a uma caixa de papelão, mas sim a um sistema coordenado de
preparação de produtos para uma movimentação segura e realizada de maneira eco-
nômica e eficiente em toda a cadeia de suprimentos, potencializando, assim, o valor
agregado do produto e, consequentemente, os lucros da empresa. Além de desempe-
nhar um papel fundamental no gerenciamento da cadeia de suprimentos, protegendo o
produto contra danos, por exemplo com relação ao marketing, a embalagem constitui
um elemento crítico e central na criação de uma identidade de marca eficaz. Para obter
uma gestão bem-sucedida da cadeia de suprimentos, os sistemas de embalagem de-
vem estar interligados aos aspectos de marketing, logística, produção e meio ambiente.
Uma embalagem ineficiente pode levar ao uso de um espaço maior no momento de mo-
vimentar o produto até o cliente final. Portanto, a correta definição do tipo de material que
será utilizado na embalagem tem relação direta com o espaço de carregamento e, conse-
quentemente, com o aumento ou com a redução dos custos de transporte. Normalmente,
a utilização do espaço é calculada pelo volume total (cubagem) ocupado pelo produto
dividido pelo volume do caminhão. Em caso de otimização de custos, é necessário maxi-
mizar o espaço disponível para minimizar o custo de transporte da unidade.
Ainda dentro do contexto logístico, este controle do fluxo das embalagens com os seus
respectivos produtos pode ser exercido por dois processos: inbound e outbound. O pro-
cesso logístico inbound está relacionado à aquisição e o gerenciamento de materiais e,
neste caso, concentra esta movimentação dentro da empresa e para seu processo de
fabricação. Sendo assim, as atividades deste processo envolvem o transporte de mate-
1 riais, seu manuseio, o controle de seu estoque, a sua inspeção etc., com o objetivo de
otimizar a fabricação do produto e de facilitar a sua distribuição no mercado.
GLOSSÁRIO
O controle do fluxo das embalagens com os seus respectivos produtos pode ser exercido por
dois processos: inbound e outbound. O processo logístico inbound está relacionado à aqui-
sição e o gerenciamento de materiais e, neste caso, concentra esta movimentação dentro da
empresa e para seu processo de fabricação. Sendo assim, as atividades deste processo envol-
vem o transporte de materiais, seu manuseio, o controle de seu estoque, a sua inspeção etc.,
com o objetivo de otimizar a fabricação do produto e de facilitar a sua distribuição no mercado.
O processo logístico outbound refere-se à operação de envio de produtos acabados para os
clientes a partir de um depósito ou centro de distribuição. Consiste no processo de atendimento
do pedido, incluindo a coleta, embalagem, envio e entrega de um pacote.
O aspecto ambiental exige que o sistema de embalagem seja reciclável e use o mínimo de
material possível. As inovações envolvendo a fabricação de embalagens também devem
considerar um fator importante e cada vez mais emergente: a preocupação com o meio
ambiente. Portanto, tanto o fabricante de embalagens quanto o consumidor final deste pro-
duto trabalham, atualmente, com o objetivo de diminuir o impacto negativo da embalagem,
que vão deste a redução do consumo de matéria prima; possibilidade de reutilização ou
reciclagem por meio da logística reserva. As empresas, principalmente as grans corpora-
ções estão buscando através da cadeia de suprimentos, desenvolver processos e produtos
que mantenha a funcionalidade das embalagens sem deixar de lado o meio ambiente e a
sustentabilidade.
22
produtos individuais são agrupados em paletes para serem devidamente carregados. 1
As operações de logística e distribuição são estruturadas em torno do conceito de
unitização de carga, e a escolha da carga unitária – tipo e tamanho – é fundamental
` Sistemas e ferramentas
Os principais tipos de unitização são:
Lingagem
1
Paletização
Nesta operação os produtos são agru- Figura 09. Tipos de formação para unitização das
pados em uma plataforma usada como embalagens individuais
base para montar, armazenar, manuse-
ar e transportar materiais e produtos for-
mados por uma carga unitária. Um dos
benefícios do uso destas plataformas é
que elas reduzem a probabilidade de da-
nos ao produto durante a distribuição e
manuseio, além de fornecer uma prote-
ção aos produtos contra choques, vibra-
ções e impactos durante o transporte.
Conteinerização
Fonte: 123RF.
24
Big Bags 1
Figura 11. Big Bags
Equipamentos
4. GESTÃO DE MATERIAIS
O material é um dos bens essenciais e básicos que mantêm o funcionamento do processo de
produção ou operação de uma organização. O processo de produção pode ser interrompido
quando o material não chegar à unidade produtiva no prazo correto. O mesmo ocorre com
operações de serviço. Desta forma, determinar a quantidade certa necessária para o proces-
so de produção é uma tarefa importante. Caso esta operação falhe, acontecerão dois resulta-
dos: um excesso de material ou uma falta de material. De qualquer forma, ambos os cenários
Planejamento
Aquisição
Armazenagem
Outras ` Padronização
` Simplificação
funções ` Análise de valor
` Ergonomia
` Just in Time
26
` Manter as perdas de investimento em estoque, devido à deterioração e à obsolescência, 1
por exemplo, sob controle; assim como fazer maximizar o uso econômico de instalações
e equipamentos;
GLOSSÁRIO
Obsolescência é definida como a depreciação ou diminuição do valor de um bem antes de seu
desgaste físico. Quando o bem não é mais funcional ou utilizável, a obsolescência é considera-
da absoluta, se o bem ainda estiver em funcionamento, a obsolescência é considerada relativa.
1 Stock Keeping Unit – SKU). Ele é caracterizado por meio de itens individuais em um
determinado estoque. Sendo assim, duas camisas brancas no mesmo estoque, mas de
tamanhos ou estilos diferentes, representam dois SKUs diferentes. A mesma camisa em
dois estoques diferentes seria dois SKUs diferentes (CHAPMAN et al., 2017, p. 257).
Desta forma, o portfólio de uma empresa é representado por um conjunto de SKUs ou
pelos serviços oferecidos.
4.1. CLASSIFICAÇÃO
O objetivo da classificação de materiais é simplificar, especificar, normalizar, padronizar
e codificar todos os materiais que compõe o estoque da empresa (DIAS, 2012, p. 202).
Materiais diretos
São aqueles itens de material que podem ser identificados com um produto ou grupo de produtos
em uma empresa de manufatura e podem ser facilmente medidos e cobrados diretamente no
produto. Tais materiais formam a parte do produto acabado, por exemplo, madeira em móveis,
tecido em roupas, tijolos, areia e cimento em construção, fios em tecido etc.
Materiais indiretos
São os materiais que não podem ser atribuídos a um produto específico e não podem ser
cobrados diretamente nos produtos. Esses materiais não fazem parte do produto. Exemplos
de materiais indiretos são: serviços de reparo e manutenção, óleos lubrificantes, materiais de
limpeza, trapos de algodão etc.
Material pré-processo
São os itens que ainda não entraram no processo de fabricação e são obtidos antes do início do
processo de fabricação ou de produção. Isso inclui matérias-primas, peças e / ou conjunto de peças.
Material intermediário
Compreende as peças ou conjuntos que são fabricados para uso no produto.
28
Bens Acabados ou Produtos Acabados 1
São os itens que foram devidamente fabricados e estão prontos para embarque ou venda
Materiais Perigosos
Figura 14. Símbolos de risco
São descritos como itens, substâncias
ou resíduos que podem representar
um risco significativo para a seguran-
ça da saúde, propriedade ou meio
ambiente, quando existem em for-
ma e quantidade específicas. Alguns
Materiais Perecíveis
É aquele que necessita que algumas condições físicas (temperatura, umidade, pressão, entre ou-
tras) sejam preservadas para que ele seja mantido com as caraterísticas que foi fabricado. Desta
forma, o processo de armazenamento industrial e logístico destes produtos deve obedecer a carac-
terísticas específicas rígidas para garantir sua correta preservação em toda a cadeia de abasteci-
mento. Essas características o tornam um tipo de produto complexo em termos de gestão logística.
Muitos alimentos são produtos perecíveis, como laticínios, óleos, todos os tipos de car-
nes e salsichas, peixes e crustáceos, frutas, vegetais e sucos, por exemplo. Além disso,
as flores, plantas frescas, alguns materiais químicos, produtos médicos e farmacêuticos
e resinas naturais também são classificados nesta categoria e material.
Já na classificação com base no seu valor, os itens podem ser divididos em:
Materiais em estoque
` Categoria ‘A’: que consiste em materiais que constituem de 5% a 10% do total dos itens
e representam de 70% a 85% do valor total das lojas.
` Categoria ‘B’: consiste em materiais que constituem de 10% a 20% do total de itens e
representam de 10% a 20% do valor total do material.
` Categoria ‘C’: consiste em materiais baratos que constituem de 70% a 85% do total de
itens nas lojas e representam de 5% a 10% do valor total das lojas.
90
80
% acumulado de valor de uso
70
60
50
40
30
REGIÃO REGIÃO REGIÃO
20
10
A B C
0
20 100
Itens (%)
Fonte: adaptada de Kumar e Suresh (2008, p. 93).
4.2. ESPECIFICAÇÃO
As especificações são o método mais detalhado de descrição dos requisitos de um
material, portanto, descrevem informações relevantes para o comprador ou para um
técnico que irá trabalhar com o material. Além disso, podem estar relacionadas a um
produto, processo ou serviço. Exemplo: as especificações de um bloco de eixo são diâ-
metro interno = 2 ± 0,1 cm, diâmetro externo = 4 ± 0,2 cm e comprimento = 10 ± 0,5 cm.
Os requisitos precisam ser atendidos, uma vez que as especificações atendem a dois
objetivos básicos. O primeiro é comunicar o que é necessário ao fornecedor e permitir a
medição, se os bens ou serviços entregues atendem ao padrão exigido. As especifica-
ções representam a entrada e a saída de um determinado processo. As especificações
de entrada descrevem os padrões técnicos que precisam ser atendidos e as especifi-
cações de saída descrevem a função que precisa ser executada e os resultados que
precisam ser atendidos pela solução.
30
A qualidade é uma parte importante da cadeia de suprimentos, seja ela verificada em 1
inspeções de qualidade durante o processo de fabricação, verificações de qualidade
antes que as mercadorias cheguem ao cliente ou verificações de qualidade quando as
Antes que qualquer peça ou que a matéria-prima seja usada por um fabricante de um
produto acabado, que será entregue a um cliente, é responsabilidade do departamento
de compras garantir que os materiais adquiridos tenham a especificação correta.
` Fornecer um número de código único a cada item para evitar duplicação e ambiguidade.
No sistema alfabético, as letras são escolhidas para representar uma classificação par-
ticular. O código do alfabeto tem 26 letras. Cada posição no código tem 26 letras possí-
veis. O sistema de codificação alfabético é ilustrado na Figura 16.
Figura 16. Sistema de codificação alfabético
AC – 3721
Código indicador
Classe
Grupo
Fonte: adaptada de Dias (2012, p. 203).
32
No sistema de codificação decimal, os números são atribuídos de forma que cada dígito 1
represente um subgrupo ou subconta do dígito anterior. A principal vantagem de um
sistema decimal é sua capacidade de acomodar novos itens. A desvantagem é que se
Metal – 2.00
Alumínio – 2.01
Zinco – 2.02
Código
Descrição
Fonte: elaborada pelo autor.
XX - XX - XXXXXX - X
Dígito de controle
Código de identificação
Classe
Grupo
Fonte: adaptada de Dias (2012, p. 205).
Qualquer que seja a base utilizada, cada código deve representar exclusivamente um
item. Deve ser simples e capaz de ser compreendido por todos. A codificação deve ser
EXEMPLO
Na codificação de um parafuso, o parafuso será classificado da seguinte forma:
01 – Parafusos Sextavados
02 – Parafusos Allen
03 – Diâmetro de 8 mm
04 – Diâmetro de 10 mm
Se for necessário especificar um parafuso Allen de 8 mm com uma rosca parcial o código
será representado por:
Código: 02 – 03 – 06
CONCLUSÃO
Nesta unidade, primeiramente foram apresentados conceitos preliminares da logísti-
ca, dentro de um contexto histórico e, em seguida, dentro de um contexto mais atual,
definindo as atividades que garantem a disponibilidade dos produtos certos, na quan-
tidade certa, para os clientes certos no momento certo. Além disso, foi mostrado que
estas atividades logísticas são o elo entre a produção e o consumo e, essencialmente,
constituem uma “ponte” entre a produção e os mercados consumidores e envolvem não
apenas o gerenciamento de bens, mas também de pessoas e informações.
34
Neste momento, o paradigma da gestão de negócios convergirá para o paradigma da 1
gestão da cadeia de suprimentos. Planejar o futuro com o máximo de assertividade
talvez não faça muito sentido, mas talvez seja mais útil preparar, identificar e explorar
Talvez para muitas empresas o maior desafio será definir uma estratégia de como so-
breviver à dinâmica da evolução sem fim da maioria das áreas que compõem a cadeia
de suprimentos. Fora estes desafios, é claro que o futuro da cadeia de suprimentos
enfrentará uma dinâmica sem precedentes em termos de estrutura, de tecnologia e de
relacionamento, para projetar o mínimo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Alegre: Artmed Editora S.A., 2004. 9. CHAPMAN, N.; ARNOLD, J. R.; CLIVE, L. M.;
5. BAPTISTA, L. H. Custos Logísticos - Técnico GATEWOOD, A. K. Introduction to Materials Man-
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vias brasileiras e o salto necessário para o primeiro 10. COLAVITE, A. S.; KONISHI, F. A matriz do trans-
mundo. Fórum de Infraestrutura e Logística Belo porte no Brasil: uma análise comparativa para a
36
1
UNIDADE 2
2
GESTÃO DE COMPRAS E FORNECEDORES
INTRODUÇÃO
Compras tem como função, dentro de uma organização, a gestão do abastecimento de
insumos ou serviços necessários para o funcionamento dos processos que são forneci-
dos por outras empresas – denominadas como fornecedores. As indústrias têm gastos
significativos nessas operações, frente às necessidades e à localização, razões pelas
quais a atividade de compras se tornou um fator central de sucesso para as organiza-
ções modernas. As compras podem ser diferenciadas em compras estratégicas (plane-
jamento de suprimentos, seleção e contratação de fornecedores) e compras operacio-
nais (pedidos de material, expedição e pagamento). As atividades de um departamento
de compras podem ser organizadas em ciclos, que dependem principalmente do tempo
de fabricação do produto ou da execução de um serviço.
GLOSSÁRIO
Expedição é definida como a ação ou efeito de expedir, de distribuir, de entregar, de enviar
ao destino. Ato de fazer com que alguma coisa atinja o seu propósito: expedição de um ma-
terial ou documento.
38
Três aspectos do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (SCM – Supply Chain
Management) têm se tornado padrão nas indústrias, principalmente naquelas que pos-
suem muitos fornecedores: 2
Figura 20. Aspecto de decisão de compras
FORNECIMENTO AVANÇADO
Em vez de esperar que o pessoal de engenharia projete o produto, os mem-
ASPECTO DE bros do novo departamento de fornecimento avançado se juntam à equipe de
DECISÃO DE desenvolvimento do novo produto, desde o início, conduzindo workshops de
COMPRAS análise de valor, definindo a especificação, selecionando fornecedores, mas
também gerenciando os pedidos de alteração, que podem ser encaminhados
pela parte técnica, embora comercialmente não sejam muito desejáveis.
FONTE DE MÓDULO
Em vez de comprar componentes individuais, são comprados módulos pré-
-montados. Módulos são partes constituídas por vários componentes, que
normalmente representam uma unidade física, e que podem ser instalados
em conjunto no produto e assumir uma determinada função técnica.
Fonte: elaborada pelo autor
Segundo Viana e Alencar (2012, p. 3), as empresas que buscam adquirir produtos ou
serviços estão cada vez mais rigorosas em relação aos processos de seleção, que
2 implicam novas exigências nos fatores para avaliar um determinado fornecedor. Ainda
segundo as autoras, além do preço, pontualidade na entrega e qualidade assegurada,
outros critérios, como capacidade tecnológica, credibilidade e compromisso com a or-
ganização, histórico de desempenho, estão entre aqueles que estabelecem a potencia-
lidade de negociação.
A qualidade dos fornecedores e a definição justa na sua seleção terão implicações di-
retas na competitividade a longo prazo da cadeia de abastecimento. Uma seleção ade-
quada de fornecedores reduziria os custos de compra, aumentaria os lucros, diminuiria
o lead time do produto, elevaria a satisfação do cliente e fortaleceria a competitividade.
Dessa forma, tornou-se um foco essencial para toda organização de compras.
` Contato inicial;
` Avaliação formal;
` Cotação de preço;
` Verificação de referência;
` Visitação do fornecedor;
` Teste de iniciação.
I. O primeiro é baseado no produto que o fornecedor pode entregar. Essa abordagem nor-
malmente verifica o protótipo do produto para ver se a qualidade e as especificações técnicas
podem ser atendidas e se os termos de entrega são satisfatórios.
40
II. O segundo é baseado na capacidade que o fornecedor possui. Normalmente, verifica se
o fornecedor tem capacidade de design e de desenvolvimento, assim como investimento 2
estratégico em tecnologia e habilidades e até o gerenciamento completo. Essa abordagem
de capacidade é frequentemente usada para seleção de fornecedores de longo prazo e pode
IMPORTANTE
Compras é a atividade responsável por adquirir todos os materiais necessários a uma orga-
nização. Muitas dessas transações não são compras padrão, mas incluem aluguel, leasing,
contratação, troca, presentes, empréstimos e assim por diante. É por isso que, preferencial-
mente, é falado sobre a “aquisição de materiais” ou o termo mais comum de “aquisição”.
“Aquisição” e “compra” são frequentemente interpretadas com o mesmo significado. Contu-
do, “compra” refere-se à compra real, enquanto a “aquisição” tem um significado mais amplo,
que pode incluir diferentes tipos de aquisição (compra, aluguel, contratação e assim por
diante), bem como o trabalho associado à seleção de fornecedores, negociação, acordo de
termos, expedição, monitoramento do desempenho do fornecedor, manuseio de materiais,
transporte, armazenamento e recebimento de mercadorias de fornecedores.
2
Tipo de peça/serviço
Matéria-prima Acabado/Semiacabado
1 1
Seleção de fornecedor
Negociação de contrato
Compras
Análise de desempenho
42
tado – se o fornecedor não pode realmente entregá-lo. Nesse sentido, o fornecedor
deve ser capaz de realizar o trabalho com a máxima qualidade, no prazo e custos
acordados. 2
tão estratégica de longo prazo ou de é uma dificuldade tática de curto prazo. A primeira
situação é de importância primordial (KOTABE; MURPHY, 2004, p. 9).
2
No passado, as empresas frequentemente deixavam de analisar seriamente o que de-
veria ser feito na organização e o que deveria ser comprado de fornecedores externos.
A política de fabricação foi determinada por tradições anteriores, deixando de levar
em consideração as possibilidades presentes e futuras. A decisão de fazer ou com-
prar não pode ser tomada isoladamente pela função de compra. É importante que as
informações de compra e produção sejam consideradas em conjunto e, dessa forma,
uma abordagem de comitê que permita a todas as partes interessadas expressar sua
opinião. Algumas decisões importantes podem precisar ser resolvidas em nível de con-
selho. Todavia, a função de compra deve desempenhar um papel significativo na busca
da resposta certa.
A organização deve primeiro fazer uma avaliação completa de suas capacidades técni-
cas no que diz respeito às propostas sobre o que deve ser fabricado. Isso deverá abar-
car os pontos fortes e fracos existentes em relação ao conhecimento e às habilidades, à
disponibilidade de mão de obra, aos materiais e às finanças, bem como a adequação de
instalações e equipamentos. Se houver quaisquer deficiências (ou seja, se a empresa
não puder produzir os produtos nos volumes exigidos), uma nova avaliação deve ser
feita a respeito da viabilidade de aquisição dos recursos extras.
Para Quayle (2006, p. 43), algumas organizações maiores tentam eliminar quaisquer
deficiências ou lacunas de competência quando projetos importantes são realizados. Ao
mesmo tempo, o departamento de compras deve fazer uma avaliação semelhante do
mercado de abastecimento. Houve dificuldades em relação à qualidade, à entrega e ao
preço que podem ser resolvidas pela fabricação interna? Existem vantagens particula-
res que os fornecedores externos têm em relação à experiência em pesquisa e desen-
volvimento, às longas séries de produção e equipamentos especializados? O volume
exigido pela empresa pode ser insuficiente para se beneficiar da especialização que os
fornecedores podem ter ao atender um mercado muito mais amplo.
A função de compras pode dar uma contribuição valiosa para o processo de tomada de
decisão em relação a problemas de fazer ou comprar. Ela também deve estar prepa-
rada para iniciar propostas para reverter as políticas anteriores caso as mudanças nos
mercados de fornecimento indiquem que a empresa pode ganhar com isso. O plano
corporativo deve ser baseado em uma análise cuidadosa do que deve produzir e do que
deve comprar de fora. Finalmente, supondo que não existam barreiras técnicas impor-
tantes para a fabricação do produto, uma comparação do custo total de fabricação deve
ser comparada ao custo de aquisição do produto de fornecedores externos.
44
` Localização geográfica.
2
` Histórico de desempenho.
` Capacidade financeira.
` Capacitação do trabalhador.
` Materiais de treinamento.
A demanda para mudar a operação de um local pode ser vista no contexto de conside-
rações organizacionais mais amplas, como a busca de talentos, a penetração no mer-
cado, a melhoria de processos e o aumento de receita. Algumas das principais decisões
do lado da demanda:
Clientes/fornecedores
Desenvolvedores econômicos
46
Representantes de empresas e empregadores locais
Recrutadores e educadores
São importantes representantes e portas de entrada para a força de trabalho e novas fon-
tes de talentos.
Provedores de infraestrutura
Esses grupos devem se esforçar para conquistar confiança do usuário final, com base
em fatos. Eles precisam se concentrar nas necessidades do cliente, identificar de que
maneira a comunidade pode fazer parte da solução e entregar o projeto. Uma das coisas
mais importantes que esses grupos podem fazer coletivamente é apresentar uma equipe
orquestrada e unificada de atendimento ao cliente com mensagens claras. O estabeleci-
mento de avaliadores de modo heterogêneo, que determinem ou influenciem a decisão,
objetiva ou subjetivamente, definindo os benefícios e riscos – sejam estes reais ou imagi-
nários – é primordial para o sucesso desse processo. Os avaliadores incluem:
Liderança executiva
Esse grupo inclui o CEO (Chief Executive Officer), liderança da unidade de negócios e sua
administração, que autorizará os gastos para o projeto, e será conduzido por considerações
de resultados financeiros.
Consultores
Liderança política
Embora os líderes locais, estaduais e/ou nacionais geralmente queiram adicionar em-
pregos e investimento de capital para os cidadãos, eles, provavelmente, avaliarão o
projeto em relação ao benefício da comunidade. São ainda os responsáveis pela apro-
vação de incentivos e outros meios de apoio para o início do projeto e operação de
longo prazo.
Órgãos Reguladores
Instituições que possuem o papel de regulamento nas áreas de zoneamento, questões ambientais,
questões legais e funcionais que irão dar a devida autorização para a instalação e funcionamento.
Analistas financeiros
Funcionários atuais
Vizinhos, concorrentes locais, grupos comunitários e a mídia podem procurar influenciar (po-
sitiva ou negativamente) o apoio político ao projeto.
48
É crucial entender esses grupos, já que a continuidade ou não do projeto depende de
sua influência e aceitação. É papel da equipe do projeto – às vezes com o apoio objetivo
2
de consultores – entregar os fatos às partes internas e externas autorizadas a aprovar o
projeto. É atribuição da equipe do projeto e dos desenvolvedores econômicos separar o
IMPORTANTE
Uma organização inteira pode sentir o impacto da indecisão, especialmente na economia
global, que está longe de ser estática. Os riscos incluem volatilidade da demanda, tempos
de entrega reduzidos, desenvolvimento de produto reduzido e ciclos de vida mais curtos do
produto. A decisão de abrir, fechar ou expandir locais de fabricação ou distribuição pode ter
um impacto de longo prazo no custo total de um produto. Essa decisão pode ser fortemente
influenciada não apenas pela demanda prevista, mas também pelos custos de transporte –
que podem atingir uma média de três a cinco por cento das vendas – e de armazenamento,
que podem chegar a dois por cento em média.
GLOSSÁRIO
Lean é literalmente traduzido como enxuto, ou seja, tem como objetivo que uma ação reali-
zada em qualquer atividade operacional atinja a máxima qualidade com o mínimo de esforço,
custo e tempo possíveis, propiciando, assim, ausência de desperdícios na operação.
Trata da distribuição de bens de vários pontos de abastecimento para vários pontos de de-
manda. Ele analisa a capacidade das mercadorias em cada origem, os requisitos de cada
destino e uma série de custos de materiais, fabricação, transporte e armazenamento. O mo-
delo então determina os locais ideais que minimizam os custos totais de transporte e produ-
ção, enquanto mantém o estoque especificado e as metas de nível de serviço.
50
dos a atender aos novos e mais rígidos padrões. Um plano abrangente de sistemas
dinâmicos altera as condições para a certificação de longo do tempo, de acordo com
as estratégias da organização. 2
` Bens abaixo do padrão precisarão ser armazenados até a coleta. Isso pode ser um pro-
blema se o armazenamento no estágio de recebimento for restrito.
` Incorrerão em custos de transação, pois papelada e tempo serão necessários para retifi-
car o erro.
A homologação dos fornecedores não deve ser visto como algo punitivo, mas sim
uma construção conjunta de valores, parceria e ganhos para ambas as partes.
SAIBA MAIS
Um sistema de gestão da qualidade (SGQ) é definido como um sistema formalizado, que
documenta processos, procedimentos e responsabilidades para atingir as políticas e objetivos
da qualidade. Um QMS ajuda a coordenar e direcionar as atividades de uma organização para
atender aos requisitos regulatórios e do cliente, e melhorar sua eficácia e eficiência de forma
contínua. A ISO 9001:2015 – padrão internacional que especifica requisitos para sistemas de
gestão da qualidade – é a abordagem mais proeminente para sistemas de gestão da qualidade.
Embora alguns usem o termo “SGQ” para descrever a norma ISO 9001 ou o grupo de docu-
mentos detalhando o SGQ, na verdade, o termo se refere à totalidade do sistema.
Os métodos usados para seleção são alguns dos elementos mais importantes do con-
junto de habilidades do profissional de compras. Para produzir um resultado específico,
a escolha do mecanismo correto e as ferramentas adequadas contribuirão para uma
avaliação correta, de modo a atender aos requisitos necessários à organização com-
pradora. Para tal (CARLSSON, 2019, p. 97), foram estabelecidos quatro estágios para
que esse processo seja bem-sucedido.
52
Primeira etapa: avaliação de ofertas
Fonte: 123rf
e qualidade, abrangendo as ofertas em termos
de ambos: riscos e benefícios potenciais. Reco-
menda-se avaliar três critérios principais antes
que seja tomada a decisão de adjudicar o contrato a um fornecedor específico: capacidade
de resposta, capacidade de entrega e valor competitivo. Detalhando os pontos necessários, a
avaliação significa:
` Avaliar as ofertas sem subjetividade, com base em resultados confiáveis e nas opiniões da equipe.
Fonte: 123rf
levado em consideração na análise de um
fornecedor, a fim de satisfazer as condições
e necessidades da empresa. Embora muitos
fornecedores aptos possam responder à pro-
posta da empresa, esta deve determinar qual deles é o mais qualificado para algum contrato
específico. Os fornecedores que não atualizam constantemente seus processos para apro-
veitar as vantagens das novas tecnologias podem facilmente se tornar obsoletos. Assim, é
fundamental ter a garantia de que o fornecedor potencial dispõe de todos os equipamentos,
ferramentas e talentos necessários para atender às exigências de compra. Essas circunstân-
cias podem ser determinadas por meio de registros históricos de desempenho e participação
ativa em eventos do setor. Examinar ainda com que frequência a candidata a fornecedora
está na liderança do mercado com a introdução de novos produtos e em que medida está
financiando os esforços para a pesquisa e desenvolvimento. Não se esquecer de considerar
todas as licenças, seguros e certificações de fornecedores necessárias.
54
Em resumo, a definição dos critérios de avaliação utilizados para parametrizar a capa-
cidade do fornecedor segue:
2
` Política de gestão de qualidade total.
` Implementar técnicas eficientes (JIT – Just in Time, EDI - Electronic Data Interchange,
por exemplo).
GLOSSÁRIO
O EDI é um método padronizado para transferir dados entre diferentes sistemas de computa-
dor ou redes de computadores. É comumente empregado no comércio eletrônico – como en-
vio de pedidos para depósitos, rastreamento de remessas e criação de faturas, dentre outras
aplicações. Como os varejistas on-line podem vender produtos que não possuem fisicamente
em estoque, é importante ter uma maneira fácil de transferir as informações do pedido para
os locais onde as mercadorias estão armazenadas. O EDI torna isso possível. Alguns forma-
tos EDI comuns incluem X12 (EUA), TRADACOMS (Reino Unido) e EDIFACT (Internacional).
VANTAGENS DESVANTAGENS
- melhor comunicação e precisão dos dados
- necessidade de padronização dos documentos;
transacionados;
Para Bruel (2016, p. 71), a fim de garantir que seja alcançado o sucesso junto aos forne-
cedores no processo de negociação, faz-se necessário definir objetivos antes de se entrar
nas negociações. Existem vários fatores que devem ser considerados para o estabele-
cimento dos objetivos de uma negociação com um fornecedor. Nesse sentido, pode-se
incluir, mas não está limitado a:
Figura 22. Fatores de negociação
CUSTO
CUSTO-BENEFÍCIO
TEMPO DE ENTREGA
CONDIÇÕES
DE PAGAMENTO
ATENDIMENTO
PÓS-VENDA
TERMOS DE
MANUTENÇÃO
PADRÕES DE
QUALIDADE
NEGOCIAÇÃO COM
UM FORNECEDOR CUSTOS VITALÍCIOS
Fonte: elaborada pelo autor
DE CADA
PRODUTO/SERVIÇO
IMPORTÂNCIA DE
CADA PRODUTO/
SERVIÇO PARA O
SEU NEGÓCIO
Uma das primeiras tarefas que se deve empreender ao se preparar para a negociação
é criar uma lista de quais fatores são os mais importantes. Isso dará algum espaço para
56
que se consiga decidir quais fatores podem ser comprometidos e quais não estão aber-
tos a comprometimento. Ao considerar os fatores importantes, pense sobre qual seria o
resultado preferido de forma realista. É fundamental lembrar que os termos acordados 2
precisam trazer algum benefício para ambos os lados do acordo. Um preço barato pode
Conhecer o fornecedor
Negociar assertivamente
Começar as negociações declarando com quais partes dos termos do contrato se está
satisfeito e quais pontos deseja discutir, e é fundamental que o representante do forne-
cedor faça o mesmo. Ter informações importantes quanto aos descontos oferecidos e
se lembrar, sempre que possível, de acioná-los no momento adequado. Familiarizar-se
com as táticas de negociação comuns que podem ser aplicadas pelo fornecedor. É
importante ter uma abordagem com honestidade e contar com confiança suficiente no
seu próprio argumento, não aceitar a primeira oferta, faça uma contraoferta diferente
e permita que eles voltem com um valor revisado. O preço mais baixo nem sempre
significa o melhor negócio. Considere quais aspectos são cortados para propiciar que
seja oferecido um preço tão baixo. Caso sejam ofertados alguns recursos que não são
necessários, peça que eles sejam removidos para reduzir o preço.
IMPORTANTE
A gestão bem-sucedida da cadeia de suprimentos está ancorada em excelentes relações
comerciais com fornecedores críticos. Os benefícios de relacionamentos próximos incluem
foco no custo em vez do preço, envolvimento precoce do fornecedor nos principais aspectos
comerciais e técnicos, melhor desempenho do fornecedor nas áreas de qualidade e entrega no
prazo e uma abundância de comunicação. Embora relacionamentos sólidos com fornecedores
tenham se mostrado benéficos, tanto para o comprador quanto para o vendedor, eles não
substituem a negociação ativa e contínua. Olhar para a negociação com o quadro geral em
mente – dar e receber em andamento com fornecedores confiáveis e de alto desempenho –
pode ser uma experiência agradável, na qual ambos os lados alcançam seus objetivos.
É importante manter o relacionamento em perspectiva, uma vez que ele não é desculpa
para a falta da devida diligência. Os compradores precisam se concentrar na negociação
e no estabelecimento da estrutura de desempenho no início de um relacionamento com o
fornecedor para permitir a melhoria contínua. Para tal, Bruel (2016, p. 101) relata ser neces-
sária uma abordagem de negociação holística, na qual se possa estabelecer um processo
composto por quatro etapas que ajudará a construir as negociações fundamentais de base
com fornecedores críticos de todos os tipos. São elas:
58
nunca será capaz de negociar com sucesso em qualquer nível. Compreender quais questões
de negócios impulsionam seus fornecedores permitirá o desenvolvimento de estratégias de ne-
2
gociação situacional bem-sucedidas. É fácil compilar informações sobre seus fornecedores para
que se possa entender suas pressões. Esse processo também pode ser uma boa maneira de
A negociação pode ser um exercício emocional, com a pressão por resultados financeiros criando
um ambiente de conflito e desconfiança dentro e fora da empresa. Essas emoções não se limitam
às discussões usuais de compradores e fornecedores, mas também a julgamentos internos e
equívocos à medida que a importância da cadeia de suprimentos ganha maior reconhecimento
dentro da organização. Seguir os valores organizacionais representando com orgulho a empresa
é um caminho a ser seguido.
As negociações não são eventos singulares, mas esforços contínuos que precisam de regras bá-
sicas e estruturas de comunicação, devendo, frequentemente, ser analisados os desempenhos
de modo a antecipar a identificação de problemas para evitar conflitos futuros. Estabelecer indi-
cadores-chave de desempenho no contrato, que formarão uma base para discussão. Foco em
custo, desempenho de entrega, níveis de qualidade e um caleidoscópio de iniciativas de suporte
ao cliente. Os indicadores fornecem uma ótima estrutura para revisões regulares de contratos.
Entretanto, deve ser observado que, em um ambiente baseado em relacionamento, o comprador
também possui indicadores-chave de desempenho, incluindo aderência aos termos de paga-
mento, previsão consistente e um formato de resolução de problemas operacionais. A maioria
das negociações ocorre repetidamente, tendo a tendência de lidar com os mesmos fornecedores
por muito tempo. É importante reconhecer e dar o devido peso ao contexto no qual uma negocia-
ção está ocorrendo. Se for em um relacionamento contínuo, a importância desse relacionamento
deve ser considerada enquanto se elabora suas estratégias de negociação.
GLOSSÁRIO
2 Compliance é uma palavra de origem inglesa que advém do termo “to comply with”, ou seja, “agir
de acordo com” e, portanto, significa agir de acordo com alguma norma, lei, diretriz ou política inter-
na e externa. Atualmente, o compliance funciona como um sistema de gestão empresarial respon-
sável por assegurar que uma empresa esteja de acordo com as leis, diretrizes e políticas externas
e internas. O objetivo dessa gestão é fazer com que a boa reputação da organização seja preser-
vada, mantendo-a longe de qualquer escândalo de corrupção ou fraude, seja na área financeira,
jurídica ou administrativa. Todo esse processo de gestão toma por base as normas dos órgãos
reguladores, como os municipais, estaduais, normas federais e até mesmo da própria empresa.
Estabelecer canais de
comunicação que protejam
os melhores interesses dos
funcionários, por meio dos
quais possam ser feitas
denúncias e reclamações de
Desenvolver a política anticor- Incentivar e apoiar a investiga-
forma anônima.
rupção de uma empresa. ção de reclamações.
Implementar um programa
Criar códigos de ética e para melhorar continuamente
conduta. os processos de compliance.
60
Não se pode ter certeza da veracidade das informações fornecidas por um cliente, fornece-
dor ou outros parceiros de negócios, de modo que a confirmação deve ser proveniente de
fontes confiáveis. No entanto, as informações podem estar espalhadas, perdidas, duplica- 2
das ou mesmo manipuladas. A falta de transparência esconde riscos relacionados ao vín-
Existem práticas específicas que podem contribuir para garantir o seguimento dos procedi-
mentos de compliance de modo eficiente no setor de compras, entre as quais são destaca-
das as seguintes iniciativas:
Fonte: 123rf
todas as partes envolvidas nos referidos contratos,
evitando-se, assim, riscos ou o não cumprimento de
leis e regulamentos.
Auditorias Regulares
dades fiscais.
Fonte: 123rf
então implementar ações que visem a melhoria
contínua dos processos de compliance e adequa-
ção de rotinas para garantir o cumprimento das leis
e normas legais mais recentes.
Fonte: 123rf
de revisão, com o tempo, será mais fácil analisar
o desempenho dos fornecedores e se os mesmos
atendem aos requisitos específicos da corporação
e estão qualificados para manter uma relação comercial com a empresa compradora. Depois de
ter os resultados, é importante dar prioridade aos fornecedores que se revelem mais confiáveis.
Níveis de qualidade
62
Adequar as necessidades
Expectativas da gestão
E stabelecida a relação entre as empresas (comprador e fornecedor) e negociado e redi-
gido o contrato, começa o verdadeiro trabalho. Infelizmente, muitas companhias se con-
centram mais em fechar a transação e prestam pouca atenção ao gerenciamento do re-
lacionamento associado ao negócio que foi fechado. Para assegurar um relacionamento
produtivo e duradouro com os fornecedores, é fundamental transmitir as expectativas da
empresa desde o início. Coisas como padrões de qualidade e cronogramas de entrega
devem ser comunicados. Ademais, se houver quaisquer restrições importantes ou regras
e regulamentos específicos que se apliquem a um produto, os fornecedores precisam ser
informados, de modo que recebam todas as informações necessárias para promover a
conformidade. Embora seja geralmente insensato microgerenciar relacionamentos com
cada fornecedor, deve haver metas e expectativas claramente definidas para se manter as
coisas sob controle e evitar disputas potenciais.
Assegurar a responsabilidade
64
3.1. COMPRAS: POLÍTICA
Compras é a primeira fase do Gerenciamento de Materiais, cujo objetivo é o de adqui- 2
rir bens e serviços – incluindo suprimentos, máquinas, ferramentas e serviços neces-
sários para equipar e manter a operação de uma fábrica – procedentes de empresas
Na hora certa
No lugar certo
Essa figura é uma generalização ampla, indicando o escopo da função de compras, que
envolve decisões de política e análise de várias possibilidades alternativas antes do ato
2 de compra. Os objetivos específicos de compra são:
` Pagar preços razoavelmente baixos pelos melhores valores obtidos, negociando e cum-
prindo todos os compromissos da empresa;
` Garantir pessoal com alta performance e propiciar que cada um se desenvolva ao máximo;
SAIBA MAIS
A capacidade da organização de desenvolver e aplicar políticas de compras eficazes de-
pende, em parte, das percepções dos gerentes em todos os níveis. O gerente encarregado
do desenvolvimento de uma política deve reconhecer que essas percepções são afetadas
pela estrutura existente da empresa, pela qualidade de seu sistema de comunicação interna,
pela experiência anterior da organização e de seus gerentes e pelos recursos disponíveis.
Dessa forma, o desenvolvimento de uma política envolve considerações de toda a empresa.
Essas considerações diferem por setor e por empresa. O que deveria ser comum, porém, é
a necessidade de desenvolver vantagens sobre a concorrência e utilizá-las de forma eficaz.
66
Cada um desses fatores tem uma característica estratégica e operacional. Isso enfatiza o
ponto importante de que o desenvolvimento de uma política requer uma resposta operacional
coordenada. De pouco vale definir e desenvolver uma política, a menos que as ações do dia 2
a dia da organização estejam voltadas para a abordagem estratégica. Esse é um conceito
Para Grant, Wong e Trautrims (2017, p. 174), uma parte essencial do desenvolvimento
e seleção é criar uma organização para realizar as atividades incorporadas na política,
destacando a importância dessa atividade, na qual o gerente de compras deve prestar
muita atenção ao desenvolvimento da estrutura organizacional da função de compras.
A organização preocupa-se com a divisão do trabalho e a delegação de autoridade e
responsabilidade, de modo que os objetivos possam ser alcançados. Também envolve a
definição das funções do pessoal e das relações entre eles.
A tarefa de desenvolver uma estrutura organizacional tornou-se complexa e não existe mais
um modelo prescritivo simples, que pode ser aplicado a todas as situações. O ambiente de
negócios agora é preenchido por uma ampla variedade de diferentes tipos de organização.
Recomenda-se, portanto, que a estrutura da empresa seja adaptada às circunstâncias par-
ticulares da organização em particular. O que é adequado para uma organização não seria
necessariamente para outra. Ao discutir os problemas organizacionais do gerenciamento de
compras, é essencial levar em consideração algumas das diferenças importantes. O desen-
volvimento de uma organização para a função de compras é apenas parte de um problema
geral de desenvolvimento de uma estrutura organizacional para a organização como um todo.
Funciona como um ciclo e começa com previsão e requisição de plano, e inclui escla-
recimento/requisição de necessidade, identificação/seleção de fornecedor, geração de
contrato/pedido de compra, recebimento de material ou serviço e documentos, termi-
nando com liquidação, pagamento e medição de desempenho.
GLOSSÁRIO
Intranet é uma rede de computadores utilizada para comunicação interna da equipe de uma
corporação. Ao acessar a intranet de uma empresa, os funcionários recebem comunicados,
trocam informações com outros departamentos e consultam dados necessários para o desem-
penho de suas atividades. Tem por objetivo facilitar a comunicação e centralizar as informações
da empresa em apenas um ambiente, proporcionando maior agilidade nos processos e na
` Liberar o pedido de compra (PO – Purchase Order) para fornecedores e/ou administrar
pedido de compra e lidar com programações;
FUNÇÃO COMPRAS
Planejamento do pedido Ordem de compra
Definição das Seleção do Acordos Pedidos Expedição Acompanhar
especificações fornecedor contratuais de compra e avaliação e controlar
Negociação Entrega
Fonte: adaptada de Van Weele (2010, p. 22).
68
bem ou serviço e no pagamento da conta do fornecedor. Já em termos de influência,
o processo de compra se preocupa principalmente em selecionar o fornecedor e con-
cordar com os termos, embora a aquisição possa ser feita contra um acordo existente. 2
Enquanto em termos da natureza das decisões tomadas, as decisões de compra ten-
Fluxo de informações
Fonte: 123rf
informações consiste na apresentação da empresa, oferta,
confirmação do pedido de compra, relatórios sobre as ações
tomadas em relação ao desvio, detalhes de envio, relatório
de estoque, faturas etc. Para uma cadeia de suprimentos bem-sucedida, a interação regular é ne-
cessária entre o produtor e o consumidor. Em muitos casos, podemos ver que outros parceiros
– como distribuidores, revendedores, varejistas, prestadores de serviços logísticos – participam da
rede de informações. Ademais, vários departamentos do lado do produtor e do consumidor também
fazem parte do ciclo de informações. É importante observar que o fluxo de informações internas
com o cliente para a fabricação interna é diferente.
Fluxo de material
Fluxo de dinheiro
2
Figura 27. Fluxo: material, informação, financeiro
Fluxo do material
Fluxo da informação
Fluxo financeiro
Em suma, para alcançar uma cadeia de suprimentos eficiente e eficaz, a Figura 4 mos-
tra ser mais convergente que sequencial, visto que representa o fluxo de mercadorias
e serviços ao consumidor, além do retorno do fluxo de necessidades do consumidor.
Nesse sentido, é essencial gerenciar todos os três fluxos de maneira adequada e com
o mínimo de esforço.
` Negociar preços.
70
` Fazer pedidos de compra.
Uma entrada importante é o sistema de planejamento da produção, que pode ser usado
para calcular automaticamente o que precisa ser comprado e quando; é possível que o
sistema de planejamento da produção faça pedidos de reposição automaticamente aos
fornecedores, evitando-se completamente o sistema de compras tradicional. Seguem
os modelos:
Compra a pagar
` Geração automática de pedidos de compra. ` Atualização automática dos níveis de estoque atu-
ais – isso é particularmente útil em um restaurante
` Gerenciamento de requisições, pedidos e faturas. e ambiente de varejo.
` Gestão de variações de preço – geralmente por ` A capacidade de fazer pedidos eletronicamente,
produção de relatório de anomalias. permitindo, assim, pedidos sem papel.
` Manutenção de listas de fornecedores. ` Gestão de contratos de fornecedores.
` Fornecimento de relatórios financeiros. ` Manutenção de catálogos de fornecedores possi-
` Previsão de gastos futuros, o que ajuda no orçamento. bilita que a empresa “escolha” os produtos confor-
me a sua necessidade.
` Fornecimento de informações de gerenciamento
sobre gastos até o momento, gastos por produto ` Avaliação do fornecedor para que você possa
e gastos por fornecedor. gerenciar a qualidade dos fornecedores que está
usando.
` Ordenação automática dos pedidos padrão.
` Gerenciar um processo de licitação desde a re-
` Produção e gerenciamento de contratos básicos. dação da RFP (solicitação de proposta), passan-
do pela avaliação das respostas até a concessão
` Vinculação com seus sistemas de contabilidade do contrato.
para que as compras sejam inseridas automatica-
mente em livro-razão de compras e equilibradas ` Informações financeiras e de gerenciamento mui-
em sua conta bancária. to mais complexas e interativas que podem ser
aprofundadas.
72
Tabela 02. Horizontalização
VANTAGENS DESVANTAGENS
2
Redução de custos Menor controle tecnológico
VANTAGENS DESVANTAGENS
Independência de terceiros Maior investimento
Maiores lucros Menor flexibilidade (perda do foco)
Maior autonomia Aumento da estrutura da empresa
Domínio sobre a tecnologia própria
Fonte: adaptada de Martins e Alt (2000, p. 76).
Existem cinco benefícios notáveis da integração vertical que proporcionam a uma empre-
sa uma vantagem competitiva sobre os concorrentes não integrados, sendo:
Evitar a interrupção do fornecimento
Ao controlar sua própria cadeia de abastecimento, é mais capaz de controlar e lidar com quaisquer
problemas de abastecimento por conta própria e, assim, evita fornecedores com poder de merca-
do. Esses fornecedores podem ditar termos, preços e disponibilidade de materiais e suprimentos.
Quando uma empresa consegue contornar fornecedores como esses, é capaz de reduzir custos e
impedir atrasos na produção causados por negociações ou outros aspectos externos à empresa.
Os varejistas sabem o que está vendendo bem. Se uma empresa fosse verticalmente integra-
da a uma loja de varejo, fábrica e cadeia de suprimentos, ela seria capaz de criar “cópias” dos
produtos de marca mais populares. Uma imitação é uma cópia de um produto – um produto
semelhante –, mas com a marca da empresa e embalagens e mensagens de marketing da
mesma. Somente varejistas poderosos podem fazer isso. Os fabricantes de marcas não podem
processar por violação de direitos autorais, pois correriam o risco de perder uma grande distri-
buição por meio de um grande varejista.
Custo
As empresas devem investir muito capital para abrir ou comprar fábricas, devendo, então,
manter as fábricas funcionando para assegurar a eficiência e as margens de lucro.
Redução da flexibilidade
A empresa é forçada a seguir as tendências nos segmentos que integrou. Suponha que uma
organização adquiriu um varejista para seu produto e criou uma loja de varejo que também
vende a mercadoria antiga. A concorrência desse varejista começou a usar uma nova tec-
nologia que impulsionou suas vendas. A nova controladora agora também precisará adquirir
essa tecnologia para se manter relevante nesse mercado.
Evolução tecnológica
A tecnologia, em rápida mudança, pode ter um efeito importante na integração. Diferentes
tecnologias, em vários estágios de fornecimento, também podem tornar a integração difícil
e mais cara.
Desvio de foco
Administrar um negócio de varejo bem-sucedido requer um conjunto de habilidades diferente
daquele presente em uma fábrica lucrativa. É difícil encontrar uma equipe de gestão que seja
boa em ambos. A integração pode fazer com que a administração se concentre menos em
suas competências essenciais e mais nos ativos recém-adquiridos.
74
Cultura interna
Também não é provável que qualquer empresa tenha uma cultura que apoie lojas de varejo 2
e fábricas. Um varejista de sucesso atrai profissionais de marketing e vendas. Esse tipo de
cultura não responde às demandas das fábricas e o choque pode levar a mal-entendidos,
` Novos canais de distribuição são aproveitados em decorrência da fusão com outras empresas.
Uma das organizações que implementa a Integração Horizontal é a GAP Inc., uma
corporação de vendas de têxteis. A GAP Inc. controla três empresas diferentes: Bana-
2 na Republic, Old Navy e a marca GAP mencionada. Cada empresa possui lojas que
vendem peças de vestuário elaboradas para atender às necessidades de diferentes
grupos. A Banana Republic vende roupas de custo mais alto e tem uma imagem sofisti-
cada; as lojas GAP comercializam roupas de preços moderados, voltadas para homens
e mulheres de todas as idades; e a Old Navy vende roupas a preços acessíveis espe-
cialmente para crianças e jovens, mas sem excluir outras faixas etárias. Usando essas
três empresas, a GAP Inc. obteve muito sucesso no controle de um grande segmento
de varejo no segmento têxtil.
` As sinergias com outras empresas nem sempre produzem o valor agregado esperado
para a organização.
CONCLUSÃO
Nesta unidade, foram apresentados os conceitos referentes à Gestão de Compras e
Fornecedores, de modo a estabelecer quais são as atividades desenvolvidas, desta-
cando-se a importância desse processo para qualquer empresa. Ter um gerenciamento
da cadeia de suprimentos efetivo e robusto requer ações da organização e de seus
fornecedores, a fim a atingir a máxima qualidade de produto e entrega, com o menor
custo possível, no momento da necessidade do material e promovendo competitividade
no mercado.
76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC- doi/10.1108/09600039610150460/full/html. Acesso 2
NICAS. ABNT NBR ISO 9001:2015. Sistemas de em: 8 fev. 2021.
UNIDADE 3
GESTÃO DE ESTOQUE
3
INTRODUÇÃO
O estoque se altera constantemente. Ao longo de cada dia ocorrem vendas, devoluções,
novos recebimentos, até mesmo danos e roubo. Essas variações afetam os níveis de
estoque. Dessa forma, uma gestão eficaz dos estoques abrange uma série de tarefas
importantes não apenas para a empresa, mas para toda a sua cadeia de suprimentos.
Assim, esta unidade apresentará informações relevantes sobre os sistemas de gestão
de estoque e os principais recursos que estes necessitam para obter eficiência e, princi-
palmente, a satisfação do cliente final. A gestão de estoque refere-se ao processo pelo
qual é possível rastrear as informações relevantes pertinentes a cada produto estocado
em um armazém. Esse controle do estoque define os produtos e as quantidades certas,
no lugar certo, na hora certa e por um preço justo.
Depois dos conceitos, dos tipos de estoque e sua classificação, serão apresentadas
ferramentas capazes de auxiliar na definição de uma política de estoque, que é parte
integrante do gerenciamento de estoque e, consequentemente, da cadeia de suprimen-
tos. Uma clara definição de uma política de estoque melhora o fluxo de estoque e seus
sistemas de controle. Essa ferramenta é essencial para manter um equilíbrio adequado
dos diferentes tipos de estoque em armazenamento. Estoque insuficiente pode causar
a interrupção da fabricação, impactando negativamente os clientes finais.
Desse modo, a definição de uma política de estoque sólida garantirá que a empresa
tenha matéria-prima suficiente para administrar, sem problemas, a fabricação e o for-
necimento de produtos acabados, evitando, também, o acúmulo excessivo de itens,
o que poderia tornar o estoque inativo. Esse tipo de estoque carrega os valores dos
custos dos estoques úteis, porém, com a agregação de alguns custos extras. Portanto,
é possível perceber que a gestão adequada dos estoques pode reduzir custos sem
78
comprometer o atendimento do cliente final, ou seja, permite o controle de custos das
operações com sucesso.
Além disso, a gestão de estoque será abordada de uma maneira sistêmica, com o ob- 3
jetivo de armazenar e vender o estoque tanto de matérias-primas quanto de produtos
acabados. Dentro dessa abordagem, uma das funções mais importantes do gerencia-
As pessoas compram e vendem produtos há séculos. Sendo assim, pode-se afirmar que
o gerenciamento de estoque continuamente existiu de alguma forma. Ao longo do tempo,
as pessoas reiteradamente buscaram simplificar o processo de negociação, adotando novas
tecnologias. Ou seja, as origens do estoque remontam à criação de grandes celeiros para
armazenar alimentos, que ficavam disponíveis para compra em épocas de fome e de guerras.
Um dos eventos que mais impactaram a humanidade ao longo da história foi a Primei-
ra Revolução Industrial. Naquele período, iniciou-se a produção em larga escala nas
operações de manufatura e a necessidade de recursos de armazenamento eficientes e
eficazes cresceu, assim como a urgência pelo desenvolvimento de melhores rotinas de
gerenciamento de estoque.
No início dos anos 1930, uma equipe da Universidade de Harvard projetou o que se
tornaria o primeiro sistema moderno de checkout. Esse sistema usava cartões perfura-
dos, que eram inseridos em um computador que os lia e, eventualmente, passava as
informações para o armazém. Embora possa parecer simples agora, esse processo
automatizado era capaz de gerenciar o estoque também, algo de alta relevância para a
época. Porém, era um sistema com um alto custo.
Entre o final dos anos 1940 e o início dos 1950, foi criada uma primeira versão de um
sistema de código de barras, que utilizava tinta ultravioleta sensível à luz e um leitor. À
medida que a tecnologia dos computadores evoluiu, os sistemas de controle também
melhoraram e, em meados e no final dos anos 1990, os modernos sistemas de ge-
renciamento de estoque começaram a ser desenvolvidos e utilizados a um custo bem
menor que seus precursores sistemas de checkout.
No estoque estão armazenados todos os produtos que a empresa oferece para venda e
distribuição. A correta administração dessa etapa é de extrema importância para que não
haja rupturas no atendimento da demanda e atrasos nas entregas; e os estoques estão
ligados à qualidade e à eficiência da logística de uma empresa.
80
(CHAPMAN; ARNOLD; CLIVE, 2017, p. 233). Um exemplo de estoques e de seu fluxo de
materiais dentro de uma cadeia de suprimentos é ilustrado na Figura 1.
Figura 29. Estoques e seu fluxo de materiais
3
Fornecedores
Produto acabado
Armazéns
Cliente final
Atualmente, existe uma forte tendência de redução dos níveis de estoque das empresas
e muitas delas vêm utilizando o just in time (JIT) como método principal de gerenciamento
de estoque, eliminando assim a necessidade de manter grandes estoques e incorrer em
enormes custos de transporte e outros relacionados ao produto acabado. Contudo, apesar
dessa clara tendência de redução dos estoques, muitas organizações não conseguem fa-
zê-la por conta das características de seus negócios, assim como pela dificuldade com a
distância geográfica, com a disponibilidade de modais de transportes entre outros fatores.
Os fazendeiros colhem a safra uma vez por ano e deve armazená-las ao longo de
um período para alimentar os gados ou até mesmo comercializá-las. Um destilador
armazena água ardente em barris de carvalho por alguns anos antes de vendê-la. Um
supermercado efetua compras em maiores quantidades para barganhar melhores pre-
ços. Porém, a quantidade comprada por um consumidor é menor em relação àquela
adquirida pelo supermercado. Portanto, esse acúmulo de produtos representa uma es-
tratégia para evitar a indisponibilidade desses alimentos.
Além de controlar os níveis de estoque pelas suas quantidades com o JIT, também é
possível utilizar o valor monetário para medir o nível absoluto de estoque a qualquer
momento. Isso envolveria pegar o número de cada item em estoque, multiplicá-lo por
seu valor (geralmente o custo de compra do item) e somar o valor de todos os itens
individuais armazenados.
GLOSSÁRIO
O valor monetário é o valor em moeda corrente que uma pessoa, empresa ou mercado, co-
loca em um recurso, produto ou serviço. Hoje, a maioria dos bens e serviços das economias
modernas é calculada com base no valor monetário. Resumidamente, pode ser considerada
a quantidade de moeda que é trocada pela venda do bem ou do serviço, ou seja, o valor em
moeda corrente que um bem ou serviço tem no mercado.
O valor monetário é uma medida útil do que uma cadeia de suprimentos tem de investi-
mento em seus estoques, porém, ela não é capaz de medir o quão grande esse inves-
timento é em relação ao rendimento total da operação. Para isso, deve-se comparar o
número total de itens em estoque com a sua taxa de uso, sendo assim possível calcular
o tempo de duração do estoque considerando-se uma demanda normal e sem reabas-
tecimento. Esse tempo de duração do estoque também é conhecido como cobertura de
estoque e, normalmente, é dado em dias, semanas, meses, anos etc. Outro cálculo que
pode ser realizado para uma avaliação do estoque é a frequência com que o estoque se
esgota em um determinado período. Os resultados desse cálculo mostrarão o giro dos
itens do estoque (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2010, p. 460).
EXEMPLO
Um pequeno produtor de leite mantém em estoque três tipos de leite: tipo A, tipo B e tipo C.
Os níveis atuais de estoque são de 500 litros de leite tipo A, 300 litros de tipo B e 200 litros de
tipo de C. A demanda anual é de 1.000 para o leite Tipo A, 1.500 para o leite tipo B e 2.000
para o leite tipo C. Para calcular a cobertura de estoque, iremos considerar a demanda média
semanal que é de 50 litros por cada tipo de leite. A tabela abaixo mostra o número de cada
um mantido em estoque, seu custo por item e a demanda por ano para cada um.
ITEM ESTOQUE CUSTO POR LITROS DEMANDA ANUAL
Tipo A 200 4,99 1.000
Tipo B 300 3,99 1.500
Tipo C 500 2,29 2.000
82
a. Cálculo do valor total do estoque:
nível do estoque
Cobertura do estoque = x Demanda
número deSemanal
vendas , considerando que o
Demanda
Demanda Anual
número de vendas é de 50 litros por semana por cada tipo de leite.
200
Cobertura do estoque Tipo A = x 50 = 10 semanas
1.000
300
Cobertura do estoque Tipo B = x 50 = 10 semanas
1.500
500
Cobertura do estoque Tipo C = x 50 = 12,5 semanas
2.000
Demanda
Demanda Anual
Giro do estoque =
nível do estoque
1.000
Giro do estoque Tipo A = = 5 vezes por ano
200
1.500
Giro do estoque Tipo B = = 5 vezes por ano
300
2.000
Giro do estoque Tipo C = = 4 vezes por ano
500
Para calcular a cobertura de estoque média ou giro de estoque médio para o total de itens no es-
toque, é a soma do resultado da aplicação da seguinte fórmula em cada item: cobertura ou o giro
de estoque, multiplicado pela divisão da demanda anual do item pela demanda total dos itens.
Matérias-primas
São recursos físicos virgens ou itens que são adquiridos de organizações externas ou extraí-
dos de fontes naturais, como minas, para serem usados na fabricação de peças, componen-
tes ou produtos acabados. Os exemplos incluem aço (ou minério de ferro) para as porcas e
parafusos, plástico para o painel de automóveis, vidro para janelas, trigo para pão, alumínio
para um balde e borracha para pneus, entre outros.
Peças e componentes
Material em processo
O material em processo (do inglês, work in process - WIP) refere-se a itens que ainda estão
no processo de fabricação e aguardam para ser processados na cadeia de suprimentos.
Produtos acabados
São itens concluídos que estão prontos para venda ou para distribuição. De forma simplificada,
os produtos acabados são aqueles que não precisam mais do processo de transformação.
Suprimentos
São os itens que darão suporte para que as operações da cadeia de suprimentos não sofram
rupturas. Os exemplos incluem peças de manutenção (do inglês, spare parts) necessárias
para reparo e operação adequada de máquinas e equipamentos, lápis, canetas, ferramentas
para o desenvolvimento de plantas e projetos (AutoCad, Plataforma BIN etc.) e lâmpadas que
permitem a iluminação de linhas produtivas e estoques, entre outros exemplos.
84
Essa separação é importante para entender a utilização dos estoques, entretanto, é
necessário lembrar que os produtos acabados de uma empresa podem ser as ma-
térias-primas de outra empresa. Algumas organizações, principalmente varejistas e
atacadistas, têm estoques apenas de produtos acabados, enquanto outras, como os 3
fabricantes, têm todos os tipos em proporções diferentes. Os tipos de estoque estão
OPERAÇÕES
Fornecedores Clientes
Peças e
Suprimentos Componentes
Para um planejamento adequado dos níveis dos estoques, as empresas buscam respon-
der algumas perguntas simples (WATERS, 2003, p. 256):
` Quais Itens devem ser estocados? O estoque deve ser o necessário para supri a deman-
da e não interromper a operação; mas deve sempre considerar os seus custos e benefícios.
Isso significa que uma empresa deve interromper a adição de novos itens desnecessários
ao estoque e fazer buscas regulares para remover o estoque obsoleto.
` Quando os itens devem ser adquiridos? Isso irá depender das características do negócio
e do sistema de controle de estoque escolhido. Sendo assim, podem ser utilizados como
parâmetros a sua demanda, o seu valor, o tempo de espera entre colocar um pedido e seu
recebimento em estoque, a confiabilidade do fornecedor, entre outros.
` Qual a quantidade de itens a ser adquirida? Pedidos grandes e pouco frequentes resul-
tam em altos níveis médios de estoque, mas baixos custos de colocação e administração
de pedidos. Já pedidos frequentes resultam em baixos estoques médios, mas altos custos
de colocação e administração de pedidos.
3
GLOSSÁRIO
O estoque inativo refere-se a quaisquer itens não vendidos que estão no seu armazém ou loja
por um longo tempo. Já o estoque obsoleto, refere-se ao item que atingiu o fim do ciclo de
vida do produto. Nessa fase do ciclo de vida do produto não há demanda de mercado para ele.
Considerando estes três casos – O que adquirir? Quando adquirir? Quanto adquirir? –, a
primeira questão pode ser atendida definindo-se uma política de estoque. Isso significa,
principalmente, evitar a aquisição de estoques desnecessários. Já com relação às duas
questões finais, elas exigem um pouco mais de análise.
Considerando-se que custo total das operações que envolvem o processo de estocagem
é de, aproximadamente, 25% de seu valor anual, uma ação razoável seria aplicar um JIT,
uma vez que minimizar custos de maneira bem simples é o mesmo que minimizar estoques.
Todavia, talvez essa ação não seja necessariamente aplicável em todos os segmentos.
Numa loja de departamento, por exemplo, se não tiver determinados itens em seu esto-
que, certamente não haverá custos de estoque, mas também não terá vendas. Nesse
caso, efetivamente, há um outro custo que é a perda de clientes, da oportunidade de
vendas. Pode ser difícil obter valores para quaisquer custos de estoque, mas os custos
da ruptura são um problema específico e inclui alguns fatores intangíveis, como a vontade
do cliente em voltar à loja.
SAIBA MAIS
IBM
Por muitos anos, a IBM foi líder na indústria de computadores. Em determinado momento,
sua receita atingiu US$ 87,5 bilhões e ela detinha US$ 3,7 bilhões em estoques de materiais
em processamento e US$ 1,2 bilhão em estoques de produtos acabados. No caso da IBM, é
possível perceber que os valores dos estoques são altos, representando, aproximadamente,
6% da receita da companhia. Assim como a IBM, muitas empresas têm estoques muito altos.
A maioria das companhias avalia que a ruptura tem um custo elevado. Dessa maneira,
geralmente, as organizações se dispõem a assumir os custos relativamente mais bai-
xos de operação e manutenção dos estoques, a fim de evitar os custos relativamente
mais altos da falta de entrega do item. Esses custos de falta são caracterizados pelos
valores gerados quando não existem bens disponíveis no estoque para atender a de-
manda do cliente final. Em alguns casos, a não entrega do bem dentro do lead time
acordado pode gerar multas (GARCIA et al., 2006, p. 16).
Os estoques e seus níveis podem ser representados por um gráfico “dente de serra”.
Esses gráficos são capazes de exibir as entradas e saídas dos estoques, mostrando o
consumo e a aquisição de um item dentro de um período (DIAS, 2010, p. 47). Um gráfi-
co “dente de serra” é exemplificado na Figura 3.
86
Figura 31. Gráfico “dente de serra”
QUANTIDADE
Aquisição
on
on
su
su
m
m
o
o
J F M A M J J A S O N D
MÊS
Fonte: adaptada de Rushton, Croucher e Baker (2014, p. 196).
Os estoques também podem seguir uma classificação quanto à sua utilização em uma orga-
nização (ROSA, 2011, p. 96).
Estoque de proteção
Tipo de estoque criado para proteger a organização de um possível evento futuro ou interrup-
ção no fornecimento, por exemplo, o desligamento de um grande fornecedor ou a alteração de
uma lei que impacta diretamente os negócios. Além disso, é capaz de proteger ou aproveitar
as flutuações de preço. Essas alterações de preço podem ser o resultado de uma demanda
sazonal, de desequilíbrios na oferta e demanda ou outros fatores. Desse modo, este estoque
pode ser uma forma segura de proteger a organização contra a uma alta de preços. Nesse
contexto, quando o mercado indica uma alta nos preços do aço, por exemplo, uma empresa
metalúrgica, que utiliza esse aço em seu processo de fabricação, adquiri grandes quantidades
dessa matéria-prima com o objetivo de evitar ou mitigar o impacto das oscilações de preço
em seus custos logísticos e, consequentemente, no preço do produto acabado, mantendo-os
competitivos mesmo com a elevação do custo da matéria-prima.
Estoques cíclicos
Este tipo de estoque considera aquelas aquisições que são realizadas por meio de lotes e que pro-
porcionam uma economia durante esse processo. A armazenagem desses grandes lotes é capaz
de gerar uma economia, visto que diminuem os custos relacionados com a manutenção e transpor-
te desse tipo de estoque (PEINADO; GRAEML, 2007, p. 679).
Estoque consignado
É o estoque em mãos de um terceiro. Representa um acordo comercial no qual o expedidor (um
vendedor) concorda em fornecer seu produto a um consignatário (geralmente uma empresa),
sem que o consignatário pague pela mercadoria adiantado. Assim, o expedidor ainda é o dono
dos produtos e o consignatário paga por eles apenas quando são consumidos. Uma empresa
que realiza casamentos, por exemplo, pode se utilizar desse tipo de estoque. A empresa dispo-
nibiliza uma determinada quantidade de bebidas para a festa de casamento e se elas que não
forem consumidas podem ser devolvidas à empresa sem custo para os noivos.
3 Estoque de contingência
É o estoque de itens mantidos para garantir uma reação da empresa diante de uma ruptura inespera-
da e extraordinária em sua cadeia de suprimentos. Esses estoques normalmente são mantidos nos
períodos de maior venda e podem ser empregados por fabricantes de cerveja, os quais elevam seus
estoques no verão para evitar um desabastecimento causado por uma quebra de equipamento.
Estoque Inativo
Estoque composto por itens obsoletos, ou seja, sem possibilidades de utilização ou comercializa-
ção. Este estoque é oriundo de materiais que teve a data de validade expirada; ou devido troca
de coleção, como é o caso do mundo da moda; ou mudanças tecnológicas. A opção para este
estoque é exauri-los através de consumo ou promoção de vendas; ou descartá-lo.
Estoque máximo
Representa um valor que não pode ser excedido e usado para planejamento de estoque. Esse nível
de estoque é baseado em um cálculo que considera o custo de armazenamento, as quantidades
padrão de pedidos e o risco de o estoque se tornar obsoleto ou deteriorar com o passar do tempo.
Estoque médio
É o valor médio de um estoque dentro de um determinado período.
Estoque mínimo
É o nível de uma mercadoria abaixo do qual o estoque real normalmente não deve se esta-
belecer. Em outras palavras, indica o ponto de consumo do estoque em que as mercadorias
precisam ser reabastecidas, pouco antes de o estoque de segurança ser usado.
EXEMPLO
A figura abaixo, mostra o gráfico “dente de serra” considerando um lote de compra de 1.500 unida-
des. Temos o estoque mínimo (Emín.), o estoque médio (Em) e o estoque máximo (Emáx.) de uma-
curva padrão de um estoque dentro de um regime de revisão contínua sem estoque de segurança.
Figura 32. Gráfico “dente de serra” - estoque médio
Emáx.: Estoque Máximo
Estoque
Emáx.
1.500
Em
Emin 1.500
Em= =750 unid.
2
0 5 10 15
Dias de produção
88
Estoque de segurança
É caracterizado por uma quantidade extra de um produto que é armazenada no depósito
para evitar uma situação de falta de estoque. Ele serve como “seguro” contra flutuações na
demanda e é capaz de suprir a necessidade de material de uma empresa até que o próximo
3
lote de compra chegue.
Emáx.
Em
Emin
Eseg
0 5 10 15
Dias de produção
Estoque regulatório
Refere-se ao estoque que a matriz de uma empresa mantém em uma de suas filiais, estrategica-
mente escolhida para suprir as outras filiais em caso de ruptura em sua cadeia de suprimentos.
Estoque em trânsito
Como o nome sugere, é o estoque que foi enviado pelo vendedor, mas que ainda não chegou
ao destino do comprador. Está no transporte.
Dropshipping
Refere-se a um método de atendimento de pedidos que não exige que uma empresa man-
tenha os produtos em estoque. Em vez disso, a loja vende o produto e repassa o pedido de
vendas a um fornecedor terceirizado, que, então, envia o pedido ao cliente. Aplicado nas
empresas de e-commerce.
2. POLÍTICA DE ESTOQUE
A política de estoque é um conjunto de instruções, procedimentos e regulamentos elaborado,
3 por uma empresa, que define as estratégias que serão aplicadas para a regulação de seus
estoques. Ao planejar essa estratégia, as companhias consideram informações sobre a loca-
lização e o nível de estoque que a organização possui, por exemplo. Essa política ainda pode
incluir informações sobre como as ações da empresa apoiam sua filosofia e visão e como
adquire e gerencia novos estoques. Uma política de estoque adequada pode explicar como
uma empresa mede o desempenho de suas ações e planeja usá-las com mais eficiência.
GLOSSÁRIO
O lead time é a quantidade de tempo que passa desde o início de um processo até a sua
conclusão. Popularmente, também é conhecido como prazo de entrega.
90
políticas clássicas de controle do estoque que costumam ser usadas na prática: o siste-
ma de revisão contínua de estoques e o sistema de revisão periódica de estoques.
Toda vez que o nível do estoque atinge o ponto de pedido (R), é colocado um pedido
(Q), trazendo, novamente, o nível do estoque para o nível definido (R + Q). O ciclo da
política de sistemas de revisão contínua dos estoques é exemplificado na Figura 06.
R+Q
Lead
time
R
Dias de produção
Nesse caso, não há um ponto de pedido predefinido como ocorre nos sistemas de revisão
periódica. Portanto, no momento do pedido, leva-se em consideração a posição de estoque
comparada ao nível de estoque base. Esse nível deve ser suficiente para proteger a ope-
ração contrarruptura até a chegada do próximo pedido, que é após r + L dias, e, portanto, o
pedido atual precisa obrigatoriamente ser suficiente para cobrir a essa demanda. O ciclo da
política de sistemas de revisão periódica dos estoques é exemplificado na Figura 07.
Figura 35. O ciclo da política de sistemas de revisão periódica
3
Estoque
L L L
0
Dias de produção
O descontrole do estoque pode gerar um “efeito chicote” em toda sua cadeia de supri-
mentos. O “efeito chicote” é um fenômeno que ocorre quando os pedidos e níveis de
92
estoques vão se tronando cada vez maiores (mais variáveis) ao longo de toda cadeia
de abastecimento. Essas variações podem ser causadas por previsões de demandas
incorretas, aumento do lead time, variação e preços, entre outros (SUDHAKAR; SU-
DHAKAR, 2008, p. 221). 3
Para auxiliar o controle do estoque, existem algumas técnicas e ferramentas que podem
É um método capaz de quantificar o lote ideal que uma empresa precisa adquirir, consideran-
do um conjunto de fatores, como custos totais de produção e taxa de demanda, por exemplo,
entre outros fatores. O LEC minimiza os gastos relacionados a essa aquisição, identificando,
assim, o maior número de unidades de produto que devem ser compradas, minimizando os
custos dessa aquisição.
Pedido mínimo
Just-in-time (JIT):
FIFO e LIFO
São métodos para determinar a prioridade de utilização do bem, evitando custos envolvendo o
seu shell life – que é o tempo durante o qual um item permanece utilizável, apto para consumo
ou vendável. Dentro desses métodos, pode ser utilizado o FIFO ou o LIFO. O FIFO (do inglês,
first-in, first-out), significa o primeiro que entrar no estoque é o primeiro que deve a ser utiliza-
do, tanto para o consumo quanto para a venda. Assim, garante-se que o estoque mais antigo
seja vendido primeiro, mantendo, dessa forma, o estoque permanentemente atualizado. Já o
LIFO (do inglês, last-in, first out), significa que o último produto a entrar no estoque deve ser o
primeiro a ser utilizado ou vendido. Em termos de contabilidade, é um método empregado para
alterar o fluxo de caixa de uma empresa. Isso porque, nesse método, assume-se que os produ-
tos mais recentes adicionados ao estoque de uma empresa foram vendidos primeiro. Logo, os
custos desses produtos mais recentes são os usados no cálculo, permitindo que os preços dos
produtos estocados anteriormente fiquem mais baixos em relação aos produtos mais recentes.
Ponto de pedido
É um fator no gerenciamento do estoque baseado nos ciclos de vendas e compras da própria
companhia, e que variam de acordo com o produto. Um ponto de ressuprimento, geralmente,
3
é maior do que o valor do estoque de segurança, considerando o lead time do pedido.
Manufatura enxuta
É um amplo conjunto de práticas de gestão que pode ser aplicado a qualquer prática de ne-
gócios. O objetivo é melhorar a eficiência, eliminando o desperdício e quaisquer atividades
que não agreguem valor do dia a dia.
Six Sigma
Six Sigma é uma ferramenta que possibilita às empresas melhorarem o desempenho de seus ne-
gócios, aumentando os lucros e reduzindo o crescimento do excesso de estoque.
Previsão de demanda
É baseada em dados históricos de vendas para formular uma estimativa da previsão espera-
da de demanda do cliente. Basicamente, é uma previsão dos bens e serviços que uma em-
presa espera que os clientes comprem no futuro. Uma previsão de vendas assertiva auxilia
na regulação dos níveis dos estoques.
Cross-docking
É uma técnica de gerenciamento de estoque pela qual um caminhão de entrada descarrega
os materiais diretamente nos caminhões de saída para criar um processo de envio JIT. Há
pouco ou nenhum armazenamento entre as entregas.
O ponto de pedido pode ser calculado utilizando-se a relação entre a demanda (Q) e o
tempo de ressuprimento (TR). A demanda e o tempo de ressuprimento são apresenta-
dos na Figura 9.
94
Figura 36. A demanda e o tempo de ressuprimento
3
400 Estoque máximo
0 10 20 30 Dias de produção
TR
Fonte: Peinado e Graeml (2007, p. 722).
O ponto de pedido pode ser diferente para cada item do estoque, uma vez que cada
um deles pode ter uma taxa de utilização diferente, que pode exigir diferentes tempos
de ressuprimento. Uma organização pode optar por comprar a mesma peça de dois
fornecedores diferentes. Se um fornecedor tem um tempo de ressuprimento de um dia
e o outro de três dias, então os pontos de pedido, consequentemente, serão diferentes.
O cálculo do ponto de pedido pode ser entendido observando-se a Fórmula 1:
Fórmula 01. Ponto de pedido
=PP (Q x T ) + E
R S
Em que:
PP : Ponto de pedido
Q : Demanda média
TR : Tempo de ressuprimento
ES : Estoque de segurança
O estoque de segurança pode ser somado para garantir que não ocorra uma ruptura dos
estoques e ainda que o pedido será realizado antes de se atingir o estoque mínimo. Porém,
essa quantidade excedente do estoque também representa um custo maior.
EXEMPLO
A Rusch XYZ Ltda. é uma grande oficina que personaliza carros. Para realizar os serviços
de tapeçaria, a empresa utiliza, em média, 25m de um carpete impermeabilizado. O forne-
cedor do carpete traz o material de outra cidade e, por isso, tem um tempo de ressuprimento
de quatro dias. A Rush XYZ tem por objetivo definir o ponto de pedido, considerando-se um
estoque de segurança de 100m. Qual deve ser este ponto de pedido?
1º Lembrar da fórmula:
3 =PP (Q x T ) + E R S
P=
P ( 25 x 4 ) + 100
= 200m
4º Resultado:
Custo total do
estoque
Custo do estoque
Custo da falta
Custo do pedido
LEC
Tamanho do lote
96
O cálculo do ponto de pedido pode ser entendido observando-se a Fórmula 2:
Fórmula 02. Lote econômico de compra
3
2 x Q x CP
LEC =
Q : Demanda média
No entanto, é importante observar que esse modelo pressupõe uma demanda constan-
te e uma disponibilidade imediata de itens a serem estocados. Não leva em conside-
ração as flutuações sazonais ou econômicas de cada produto. Portanto, se a empresa
observar flutuação na demanda do cliente durante vários períodos do ano ou trimestre,
o LEC não pode ser aplicado como um modelo de reposição confiável.
Outro ponto é que, assume custos fixos de unidades de estoque, encargos de pedidos,
taxas e impostos. O LEC requer um monitoramento contínuo dos níveis de estoque. É
um modelo útil e empregado por muitas empresas, mas sua eficácia é limitada pela su-
posição de um negócio. Adicionalmente, a fórmula não permite a combinação de vários
produtos diferentes na mesma ordem.
EXEMPLO
A Metálica S.A. é uma empresa que fabrica peças para aeronaves e tem uma demanda de
2.000 unidades de sua Válvula Pneumática 5x2 Vias – utilizadas nos sistemas de abasteci-
mento dos caças fabricados para a Aeronáutica. A emissão de cada pedido tem um custo para
a empresa de R$ 1.000 e cada item tem um custo para a empresa de R$ 250. Devido à falta
de espaço em seus armazéns, o custo de manutenção do estoque é de 10%. Diante desse
cenário, qual é a quantidade de pedido econômico?
2 x Q x CP
1º Lembrar da fórmula: LEC =
t x CU
2 x 2.000 x1.000
LEC = 400 unidades
0,1 x 250
4º Resultado:
O Lote Econômico de Compras da Válvula Pneumática 5x2 Vias considerando os dados apre-
sentados pela empresa é de 400 unidades. Ou seja, as compras devem preferencialmente
serem feitas de 400 unidades, se for abaixo ou acima, o estoque começa a onerar a empresa.
Estocar pode ter um custo elevado, especialmente para empresas menores. Dentro desse
cenário, uma das vantagens do LEC são as informações fornecidas sobre o número mais
econômico de unidades por pedido. O modelo pode sugerir a compra de uma quantidade
maior em menos pedidos para aproveitar as despesas com frete, minimizando os custos
dos pedidos. Por outro lado, dependendo da estratégia da organização, pode-se optar por
mais pedidos de menos itens para minorar os custos de manutenção, caso eles sejam altos
e os custos de pedidos, relativamente baixos.
Por outro lado, o cálculo do LEC é uma boa ferramenta, mas requer dados detalhados para
calcular os resultados para as variáreis que compõem a cadeia de suprimentos. Assim, nes-
se caso, o resultado calculado para essas variáveis representa a capacidade de determinar
quanto do estoque deve ser anexado a cada pedido com os custos mais baixos possíveis.
Manter os custos baixos aumentará as margens, gerando, desse modo, mais receita.
Tv
GE =
(E i + E f ) / 2
98
Em que:
G E : Giro do estoque 3
E i : Estoque inicial
E f : Estoque final
Na fórmula do giro de estoque, o estoque médio é usado em vez do estoque final para
considerar as flutuações da demanda ao longo do período. A taxa do giro de estoque
é importante, visto que o giro total depende de dois componentes fundamentais de de-
sempenho: vendas e estoque médio.
Dessa forma, se uma empresa adquirir grandes quantidades para seu estoque, conse-
quentemente, terá que vender maiores quantidades de estoque para melhorar seu giro.
Caso contrário, haverá custos de armazenamento e de manutenção. Sendo assim, as
vendas devem corresponder às compras de estoque, senão o estoque não girará de
forma eficaz – daí a importância da sintonia entre os departamentos de compras e ven-
das. A taxa do giro de estoque também pode ser calculada em função dos custos e dos
valores de vendas (DIAS, 2010, p. 68).
EXEMPLO
Durante o ano fiscal, o Isleier Supermercados registrou um estoque inicial de 250 caixas de
chocolate Moleque. Já no final do ano, esse estoque alcançou um valor de 150 caixas. Nes-
se período, o supermercado teve uma venda de 1.800. Nesse caso, qual o giro de estoque
desse item?
1º Lembrar da fórmula:
Tv
GE =
(E i + E f ) / 2
3 1.800
=GE = 69 giros giros no ano
( 250 + 150 ) / 2
4º Resultado:
1
E DV = x 365
GE
Em que:
G E : Giro do estoque
Nessas situações, um baixo valor de GE é o ideal, pois isso significaria menos dias ne-
cessários para transformar o estoque em dinheiro. No entanto, os valores de GE podem
variar entre os diversos setores de uma cadeia de suprimentos. Assim, como resultado,
é importante comparar o GE de uma empresa com seus pares. Por exemplo, empresas
que vendem mantimentos, como supermercados, têm menos dias de estoque do que
empresas que vendem automóveis.
EXEMPLO
Ainda considerando o Isleier Supermercados, mas em um outro cenário. Nessa ocasião, a
empresa reportou um valor de vendas de R$ 514 bilhões. Informou também um custo de R$
44 bilhões do seu estoque inicial e R$ 43 bilhões do seu estoque final. Isso com um custo de
venda de R$ 385 bilhões. Qual é o valor do dia de venda desse item?
1º Lembrar da fórmula:
1 Tv
E DV = x 365 , G E =
GE (E i − E f ) / 2
100
2º Definir os valores das variáveis:
385
=GE = 9 giros no ano
( 44 + 43) / 2
1
E DV
= = x 365 41dias
9
4º Resultado:
O Isleier Supermercado gira seu estoque total 9 vezes no ano. Considerando que um ano tem
365 dias, a cada 41 dias o estoque do supermercado é renovado (365 dias / 9 giros).
O estoque excedente ou obsoleto gera perdas, uma vez que os fabricantes terão que
vender os itens que estão no estoque a um preço com desconto ou a um preço de
custo para retirá-los do armazém, diminuindo assim sua carga tributária. Dentro desse
contexto, o planejamento e controle cuidadosos dos níveis dos estoques e de suas
operações são necessários para manter a quantidade certa de estoque no lugar certo,
circunstância essencial para o atendimento ao cliente e para manter o custo de sua ma-
nutenção dentro dos valores mínimos. A gestão do estoque é mais do que um controle
de itens alocados no estoque. Em geral, um princípio de gerenciamento de estoque é
composto por um processo de três etapas:
3
I. Desenvolvimento de políticas de estoque;
Desenvolvimento de
uma política de esto-
que considerando os
níveis de estoque e
os requisitos do
cliente final
Planejamento de
estoque com base em
padrões de demanda
Fonte: adaptada de Min (2015, p. 128).
e cronogramas
de produção
Controle de estoque
por meio de revisões
sistemáticas, ajustes,
transferências e
contagem cíclica
Alguns dos custos de estoque estão relacionados ao lead time de determinados itens
e abrangem o tempo entre a colocação do pedido e o recebimento real dos itens, a
preparação do pedido e a sua transmissão, o tempo de fabricação ou montagem do
102
item, o tempo de transporte e o tempo de recebimento e inspeção da matéria-prima, por
exemplo (Kasilingam, 1998, p.76).
O tempo de processamento determina o estoque mínimo a ser mantido para evitar es- 3
cassez e também influencia os custos de estoque em trânsito ou pipeline.
∑ Custos
∑ custos de Estocagem
relacionados ao estoque
CEST. = x100
CITENS ESTOCADOS
Em que:
CUSTOS DE ESTOQUE
Custo do espaço
Custo de capital Custos operacionais Custo dos riscos
de armazenamento
Custo de capital
O custo de capital é o maior componente do custo de carregamento
incorrido pelas empresas. Inclui os juros adicionados e o custo do di-
3 nheiro investido no estoque. O custo de capital é expresso como uma
porcentagem do valor total do estoque que está sendo mantido. Por
Fonte: 123rf
exemplo, se uma empresa relatar que seu custo de capital é 30% de
seus custos totais de estoque e o estoque total vale R$ 8.000, então o
custo de capital da empresa é de R$ 2.400.
Custos operacionais
Inclui hardware, aplicativos, impostos e seguro, por exemplo. Os custos
de seguro da empresa dependem do tipo do bem que será estocado e
do nível de seu estoque. Já o nível de estoque, relembrando, é a quanti-
dade de estoque que a empresa mantém em mãos para atender os seus
pedidos. Assim, um alto nível de estoque torna mais fácil o atendimento
Fonte: 123rf
da demanda do cliente final. Porém, por outro lado, altos níveis de es-
toque representam um elevado valor de prêmios de seguro e impostos
mais caros, aumentando assim o custo total do serviço de estoque.
Fonte: 123rf
de risco é o esgotamento do valor do produto: se os itens forem armaze-
nados por muito tempo no estoque, seu valor pode cair para uma fração
do que valia originalmente.
EXEMPLO
Com o fim do inverno, os dois armazéns do varejista Seasonal in the Abyss ainda estão cheios
de roupas da estação. Para definir uma estratégia de venda e abrir espaço para roupas de
primavera, a empresa quer entender qual o custo de ter tanto estoque nas prateleiras enquanto
tenta comercializar os itens. Dentro dos custos da Seasonal estão os custos: de armazenamen-
to de R$ 10.000, de despesas de mão de obra de R$ 2.000, de movimentação do estoque R$
3.000, de seguro de R$ 2.000 e os custos com depreciação de R$ 1.000. Os custos dos itens
armazenados ou estocados somam um valor total de $ 75.000,00.
1º Lembrar da fórmula:
∑ Custos
∑ custos de Estocagem
relacionados ao estoque
CEST. = x100
CITENS ESTOCADOS
104
2º Definir os valores das variáveis:
18.000
CEST. = x100 = 24%
75.000
4º Resultado:
Constata-se que a Seasonal in the Abyss tem um custo de estoque de 24% do valor total do
seu estoque. Quanto menor o percentual, melhor, devido a relação dos custos de estocagem
ou armazenamento em relação aos custos total do estoque armazenado.
Os números médios de estoque podem ser usados como um ponto de comparação ao se ob-
servar o volume geral de vendas, permitindo que uma empresa rastreie as perdas de estoque.
Essas perdas podem ter ocorrido devido a produtos danificados pelo manuseio incorreto ou é
responsável por qualquer estoque perecível que tenha expirado
E atual V
Cobertura
= = eV
V n
Em que:
EXEMPLO
1º Lembrar da fórmula:
E atual V
Cobertura
= = eV
V n
2º Definir os valores das variáveis:
50
V= = 1,6 por dia (venda média estimada)
30
b) Segundo passo: Calcular a cobertura de estoque em dias.
80
CoberturaCobertura
de Estoque =
= = 50 dias.
1, 6
4º Resultado:
A empresa com os dados apresentados possui uma cobertura deste item de 50 dias, uma vez
que tem 80 peças no estoque e espera-se vender uma média diária de 1,6 cadeiras.
106
` Produto no final de seu ciclo de vida;
(E i + E f ) / 2
TESTOQUE =
C
Em que:
E i : estoque inicial
E f : estoque final
Dentro deles, os estoques inativos carregam os custos de um estoque útil, ou seja, despe-
sas com o armazenamento dos itens e o aluguel do armazém, entre outros. Além disso, a
esses estoques ainda são agregados alguns valores extras, como sua depreciação. Sen-
3 do assim, o custo de manter os estoques inativos é fator relevante e deve ser considerado
na hora de analisar os resultados calculados pelo tempo de estoque disponível.
O estoque inativo representa que aquele determinado item não está acompanhando o
giro de vendas ou de consumo dos demais itens. Este fator pode ocorrer pelo desinte-
resse do consumidor devido mudança de tecnologia ou até mesmo preferência de sabor
ou cheiro. Em produtos de alimentos, de limpeza e higiene pessoal é comum um sabor
ou fragrância não ter bom desempenho de vendas.
Uma possível ação mitigadora para o estoque inativo é um ajuste nos pontos de pe-
didos, considerando-se o seu lead time, por exemplo. Nesse caso, basta comparar os
valores obtidos por meio do cálculo do tempo de inatividade do estoque e compará-los
com os prazos de entrega dos pedidos, ajustando os pontos de pedidos conforme o
necessário. Nessa ação é importante ponderar qualquer eventual sazonalidade do ne-
gócio, pois isso impactará fortemente na análise. Outras ações mais simples também
podem auxiliar a diminuir o estoque inativo, como por exemplo uma renegociação com
os fornecedores ou até mesmo a realização de promoções com preços mais atrativos.
EXEMPLO
Uma empresa de Varejo Vende Mais, vem percebendo que o estoque de um determinado
item de limpeza não está reduzindo na velocidade dos demais itens. Resolveu então medir o
tempo de inatividade no mês X para a tomar alguma decisão que ajude no giro de vendas do
produto. O estoque no começo do mês X era de 3.500 unidades, enquanto o estoque no final
do mês ficou com 3.400 unidades, com uma venda total de 100 unidades. Com as informa-
ções disponíveis qual o tempo de inatividade?
1º Lembrar da fórmula:
(E i + E f ) / 2
TESTOQUE =
C
108
3º Substituir os valores na fórmula:
3
TESTOQUE =
( 3.500 + 3.400 ) / 2
= 34,5 dias
100
Somando o estoque inicial com o estoque final, temos 6.900 unidades. Dividindo este valor
por 2 (da fórmula), é igual a 3.450 unidades. O resultado do numerador divido por 100 unida-
des que é a venda no período temos o tempo de inatividade do estoque de 34,5 dias.
Ou seja, a média de dias que o estoque deste idem fica parado é de 35 dias, enquanto os
demais produtos da linha a mesma taxa são de 12 dias. É necessário ter um plano de ação
para aumentar o giro de vendas deste item.
CONCLUSÃO
Nesta unidade, foi mostrado que as variações dos estoques ao longo de um período
afetam os seus níveis. Dessa forma, é importante ter uma gestão eficaz desses esto-
ques. Também foi esclarecido o papel da gestão de estoques ao longo da sua cadeia de
suprimentos, evidenciando sua importância não apenas a uma única empresa.
Dentro desse contexto histórico, foi possível notar uma importante evolução na gestão
de estoques, especialmente acompanhando a evolução da informática e da internet
das coisas. Encerrando este primeiro capítulo, foram abordados os tipos de estoques
(matérias-primas, peças e componentes, material em processo e suprimentos) e a sua
classificação em função da estratégia de sua utilização.
Logo depois, foi possível compreender que uma clara definição de uma política de es-
toque melhora o fluxo de estoque e de seus sistemas de controle. Essa ferramenta
Nos capítulos finais, a gestão de estoque foi abordada de uma maneira sistêmica, mos-
trando que esse controle tem uma função importante, que é a de disponibilizar o es-
toque certo, nos níveis certos, no lugar certo, na hora certa e com um custo justo. Se
o estoque estiver organizado de maneira adequada, o restante do gerenciamento da
cadeia de suprimentos funcionará satisfatoriamente. Além disso, foram apresentados
os cálculos e alguns conceitos de técnicas e ferramentas capazes de auxiliar no geren-
ciamento de estoque, como: o lote econômico de compra (LEC), o pedido mínimo, o
ponto de pedido (PP), o giro de estoque (GE), entre outros.
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nistração/Universidade Federal de Santa Catarina –
UFSC, 2011.
110
3
UNIDADE 4
ARMAZENAGEM, TRANSPORTE
4
E DISTRIBUIÇÃO
INTRODUÇÃO
Usado para a retenção de materiais, produtos e cargas de curto ou longo prazo em uma
instalação de fabricação ou distribuição, o equipamento de armazenamento industrial
mantém os itens posicionados ou colocados em uma área organizada reservada para
eles. A escolha do tipo certo de sistema de armazenamento estático depende do tamanho
físico e do peso dos itens a serem armazenados, bem como da frequência de uso. Pro-
jetar a configuração do sistema de armazenamento também depende das quantidades e
características dos itens, bem como dos tipos de equipamentos que serão necessários
para movê-los de e para o armazenamento. Normalmente, os itens armazenados em um
depósito são caixas, pacotes ou unidades individuais. Os sistemas de armazenamento
são frequentemente usados para armazenamento em buffer, ou retenção, de estoque re-
servado, a fim de garantir que componentes ou produtos suficientes estejam disponíveis
para atender às demandas previstas.
Os sistemas de armazenamento são usados em uma ou mais áreas de uma instalação,
com vistas a manter e proteger materiais para uso futuro, conforme necessário:
` Montagem: armazenamento de material em processo para etapas posteriores de produção;
` Kit: define uma área para itens que são comumente usados juntos para serem armazena-
dos próximos uns aos outros;
` Seleção de pedidos: mantém estoque ativo ou reservar estoque para seleção no pedido.
GLOSSÁRIO
Kit é definido como o preenchimento de pedidos por meio da pré-montagem de itens indivi-
duais em kits prontos para envio em vez de selecionar e embalar esses itens individuais à
medida que os pedidos são recebidos. Um processo de kit na fabricação ocorre quando uma
coleção de peças e materiais são agrupados em um único kit, que tem seu próprio número
SKU. Esses componentes são então entregues diretamente ao ponto de uso – geralmente
uma parte específica da linha de montagem.
112
Stock Keeping Unit (SKU) é a unidade de manutenção do estoque, sendo um código alfa-
numérico atribuído ao estoque, que permite rastrear todo e qualquer item estocado, seguindo
os critérios definidos pela empresa.
Uma das primeiras etapas a serem cumpridas para se criar um estoque funcional e orga- 4
nizado é a de selecionar seu sistema (ou sistemas) de armazenamento. Essa decisão é
de fundamental importância diante do grande investimento de capital, uma vez que, de-
Matérias-primas
Peças adquiridas
Trabalho em processo
Fonte: 123rf
cessamento ou peças aguardando montagem.
Produto finalizado
Fonte: 123rf
Retrabalho e sucata
Fonte: 123rf
balhadas ou sucateadas.
Resíduos
lascas, aparas, óleos e outros produtos residuais que sobra- Fonte: 123rf
ram após o processamento; esses materiais devem ser des-
cartados, às vezes usando precauções especiais.
Ferramentas
Fonte: 123rf
114
Peças sobressalentes
Fonte: 123rf
tos de fábrica.
Fonte: 123rf
Papel, formulários, instrumentos de escrita ou marcação e
outros itens usados em apoio ao escritório da fábrica.
` Tipo de embalagem.
Capacidade de armazenamento
Pode ser medida de duas maneiras: (a) como o espaço volumétrico total disponível ou (b) como
o número total de compartimentos de armazenamento no sistema disponíveis para itens ou car-
gas. Em muitos sistemas de armazenamento, os materiais são armazenados em cargas unitárias
mantidas em contêineres de tamanho padrão (paletes, bandejas de transporte ou outros contê-
ineres). O contêiner padrão pode ser facilmente manuseado, transportado e armazenado pelo
sistema de armazenamento e pelo sistema de manuseio de materiais que pode estar conectado
a ele. Portanto, a capacidade de armazenamento é convenientemente medida como o número
de unidades de carga que podem ser armazenadas no sistema. A capacidade física do sistema
de armazenamento deve ser maior do que o número máximo de cargas previstas para serem
armazenadas, de modo a fornecer espaços vazios disponíveis para os materiais que estão sendo
inseridos no sistema e a permitir variações nos requisitos máximos de armazenamento.
Densidade de armazenamento
É definida como o espaço volumétrico disponível para o armazenamento real em relação ao
espaço volumétrico total na instalação de armazenamento. Em muitos depósitos, o espaço
do corredor e o espaço superior desperdiçado são responsáveis por
mais volume do que
4 aquele disponível para o armazenamento real de materiais. A área do piso às vezes é usa-
da para avaliar a densidade de armazenamento, visto que é conveniente medi-la na planta
baixa da instalação. No entanto, a densidade volumétrica é geralmente uma medida mais
apropriada em comparação à densidade de área. Para um uso eficiente do espaço, o sistema
de armazenamento deve ser projetado para atingir uma alta densidade. Contudo, conforme
a densidade de armazenamento é aumentada, a acessibilidade, outra medida importante de
desempenho de armazenamento é afetada negativamente.
Acessibilidade
Refere-se à capacidade de acessar qualquer item desejado ou carga armazenada no siste-
ma. No projeto de um determinado sistema de armazenamento, as compensações devem
ser feitas entre densidade de armazenamento e acessibilidade.
É definida como a taxa horária na qual o sistema de armazenamento recebe e coloca cargas
no armazenamento e/ou recupera e entrega as cargas na estação de saída. Em muitas ope-
rações de fábrica e depósito, há certos períodos do dia em que a taxa necessária de transa-
ções de armazenamento e/ou recuperação é maior do que em outros momentos. O sistema
de armazenamento deve ser projetado considerando-se a taxa de transferência máxima que
será necessária durante o dia sendo limitada pelo tempo de execução de uma transação de
armazenamento ou recuperação.
Utilização
É definida como a proporção de tempo que o sistema de armazenamento está realmente
sendo usado para executar operações de armazenamento e recuperação em comparação
116
ao tempo em que está disponível. A utilização varia ao longo do dia, de acordo com os re-
quisitos, que mudam de hora em hora. É desejável projetar um sistema de armazenamento
automatizado para a utilização relativamente alta, na faixa de 80-90%. Se a utilização for
muito baixa, provavelmente o sistema está superdimensionado. Se a utilização for muito alta,
não há permissão para períodos de pico ou interrupções do sistema.
4
II. Os itens são armazenados de acordo com o nível de atividade, sendo os SKUs mais
ativos localizados mais próximos à estação de entrada/saída; ou
III. Os itens são armazenados de acordo com suas proporções de atividade para espaço,
sendo as proporções mais altas localizadas mais perto da estação de entrada/saída.
Armazenamento a granel
O estoque é geralmente contido em cargas unitárias em paletes ou contêineres seme-
lhantes, e as cargas unitárias são empilhadas umas sobre as outras visando aumentar a
densidade de armazenamento. A densidade mais alta é alcançada quando as unidades de
carga são colocadas lado a lado, em ambas as direções do piso. No entanto, isso fornece
acesso muito ruim às cargas internas. Para aumentar a acessibilidade, as cargas de arma-
zenamento em massa podem ser organizadas em linhas e blocos, de modo que corredores
naturais sejam criados entre as cargas de paletes. As larguras dos blocos podem ser proje-
tadas com o intuito de fornecer um equilíbrio apropriado entre densidade e acessibilidade.
Dependendo da forma e do suporte físico fornecido pelos itens armazenados, pode haver
uma restrição na altura em que as cargas unitárias podem ser empilhadas. Em alguns
casos, as cargas não podem ser empilhadas umas sobre as outras, devido à forma física
ou à resistência à compressão limitada das cargas individuais. A incapacidade de empilhar
cargas no armazenamento em massa reduz a densidade do armazenamento, removendo
um de seus principais benefícios. De modo a ilustrar os arranjos de armazenamento a
granel, é mostrado na Figura 1 (a) o armazenamento de alta densidade, que fornece baixa
acessibilidade, e, na Figura 1 (b), o armazenamento com cargas dispostas de maneira a
formar linhas e blocos com melhor acessibilidade:
Figura 40. Armazenamento a granel
(a) (b)
Fonte: adaptada de Groover (2013, p. 262).
Sistemas de rack
118
Figura 41. Sistemas de rack
Fonte: 123RF.
Racks portáteis
Consistem em estruturas de caixa portáteis que suportam uma única carga de palete e po-
dem ser empilhadas umas sobre as outras, evitando-se, assim, o esmagamento da carga,
que pode ocorrer no armazenamento vertical a granel.
Racks de transmissão
Consistem em corredores abertos em cada extremidade, com duas colunas verticais dotadas
de trilhos de suporte para cargas de paletes em ambos os lados, mas sem vigas que obs-
truam o corredor. Empilhadeiras são conduzidas pelo corredor para colocar os paletes nos
trilhos do suporte. Um sistema de rack relacionado é o rack drive-in, que é aberto em uma
extremidade, permitindo que as empilhadeiras acessem as cargas de apenas uma direção.
Racks de fluxo
Prateleiras e caixas
Representam um dos tipos de equipamento de armazenamento mais comuns, sendo uma pla-
taforma horizontal, suportada por uma parede ou moldura, na qual os materiais são armaze-
nados. As seções de prateleiras de aço são fabricadas em tamanhos padrão, de acordo com
a necessidade de armazenagem – incluindo contêineres ou caixas que contêm itens soltos.
Armazenamento em gaveta:
Encontrar itens nas prateleiras às vezes pode ser difícil, especialmente se a prateleira estiver
muito acima ou abaixo do nível dos olhos do atendente. Gavetas de armazenamento podem
aliviar esse problema, porque cada gaveta abre para permitir que todo o seu conteúdo seja
facilmente visto. Os armários de gaveta modulares estão disponíveis, com uma variedade de
profundidades de gaveta para diferentes tamanhos de itens, e são amplamente usados para
armazenamento de ferramentas e itens de manutenção.
120
Um sistema de armazenamento automatizado representa um investimento significativo
e, geralmente, requer uma maneira nova e diferente de fazer negócios. As empresas
têm diferentes motivos para automatizar a função de armazenamento. Quando uma or-
ganização se propõe automatizar suas operações de armazenagem, é porque existem
possíveis objetivos, de acordo com Groover (2013, p. 264), sendo estes:
4
` Aumentar a capacidade de armazenamento;
` Aumentar o rendimento.
GLOSSÁRIO
de rack elétrico usado por lavanderias para entregar roupas acabadas na frente da loja.
A maioria dos carrosséis é operada por um trabalhador humano localizado na estação
de carga/descarga. O trabalhador ativa o carrossel alimentado para entregar uma caixa
desejada à estação. Uma ou mais peças são removidas ou adicionadas à caixa e, em
seguida, o ciclo é repetido. Alguns carrosséis são automatizados, usando mecanismos
4
de transferência na estação de carga/descarga para mover cargas de e para o carrossel
(GROOVER, 2013, p. 266).
SAIBA MAIS
Work-in-Process é definido como o material que está em processo no ambiente produtivo.
Embora seja desejável minimizar a quantidade de material em processo, também é impor-
tante gerenciar com eficácia o WIP que, inevitavelmente, existe em uma fábrica. Os siste-
mas de armazenamento automatizados representam uma maneira eficiente de armazenar
materiais entre as etapas de processamento, especialmente na produção em lote. A fábrica
típica contém várias células de trabalho, cada uma realizando suas próprias operações de
processamento em diferentes partes. Em cada célula, os pedidos que consistem em uma ou
mais peças estão esperando no chão de fábrica para serem processados, enquanto outros
pedidos concluídos estão esperando para serem movidos para a próxima célula na sequên-
cia. As desvantagens de manter todo esse estoque na fábrica incluem:
` Pedidos não sendo processados de acordo com suas prioridades relativas em cada célula.
` Pedidos que passam muito tempo na fábrica, fazendo com que as entregas dos clientes
atrasem. Esses problemas indicam controle insuficiente do material em processo.
Figura 43. Robôs zangão e laranja em armazém moderno. Conceito de tecnologia avançada de robótica
de armazém.
Fonte: 123RF.
122
2. CURVA ABC, INVENTÁRIO E GRAU DE OCUPAÇÃO
O gerenciamento de estoque é uma abordagem sistemática para obter, armazenar e
vender tanto matérias-primas (componentes) quanto produtos acabados (produtos).
Refere-se ao processo de solicitar, armazenar e usar o estoque de uma empresa. Em
termos de negócios, gerenciamento de estoque significa o estoque certo, nos níveis 4
certos, no lugar certo, na hora certa e com o custo certo. Como parte de sua cadeia de
Para qualquer negócio baseado em mercadorias, o valor do estoque não pode ser
exagerado, sendo por isso que o gerenciamento de estoque beneficia sua eficiência
operacional e longevidade. Para empresas com cadeias de suprimentos e processos
de manufatura complexos, é especialmente difícil equilibrar os riscos de excesso e
escassez de estoque. Segundo Dias (2010, p. 112), para atingir esses equilíbrios, as
organizações desenvolveram dois métodos principais de gerenciamento de estoque:
Just in Time (JIT) e planejamento das necessidades dos materiais (MRP). Pequenas
e médias empresas e grandes organizações que já usam o planejamento de recursos
empresariais (ERP) sem dispor de uma abordagem inteligente, enfrentam diversos
desafios, incluindo custos estourados, perda de lucros, atendimento ao cliente ruim e
até mesmo fracasso total.
PARA REFLETIR
Os desafios da gestão do estoque:
Entendimento do inventário: as organizações devem ter uma visão holística, a fim de saber
quais são os materiais estocados e em que momento eles devem ser solicitados – alinhados
à sazonalidade e ao ciclo de vida dos produtos – de modo a estabelecer os níveis de estoque
diante da capacidade física e financeira.
A análise ABC é uma abordagem para classificar itens de estoque com base nos
valores de consumo dos itens. O valor de consumo é o valor total de um item con-
sumido durante um período especificado. A abordagem é baseada no Princípio de
Pareto, que segue:
Itens A
Bens cujo valor de consumo anual é o mais alto. Aplicando o Princípio de Pareto (também
conhecido como regra 80/20, em que 80% da produção é determinada por 20% da entrada),
eles compreendem um número relativamente pequeno de itens, mas têm um valor de con-
sumo relativamente alto. Portanto, é lógico que a análise e o controle dessa classe sejam
relativamente intensos, visto que existe o maior potencial de redução de custos ou perdas.
Itens B
São aqueles de consumo ou valores intermediários. Seus valores de consumo são inferiores
aos itens A, mas superiores aos itens C. Um ponto-chave para ter esse grupo interclasse é o
de observar os itens próximos ao item A e às classes de item C, que alterariam suas políticas
de gerenciamento de estoque caso se aproximassem da classe A ou classe C. O gerencia-
124
mento de estoque em si é um custo. Portanto, é preciso haver um equilíbrio entre os controles
para proteger a classe de ativos e o valor em risco de perda ou o custo da análise e o valor
potencial retornado pela redução dos custos da classe. Assim, o escopo dessa classe e as
políticas de gerenciamento de estoque são determinados pelo custo-benefício estimado da
redução de custos da classe e dos sistemas e processos de controle de perdas.
4
Como as empresas não são todas iguais, as balizas que definem os limites superior
e inferior de cada classe não são definíveis. Nem serão necessariamente corrigidas
com o tempo ou em todos os locais. Uma empresa pode ter apetites de risco diferentes
entre locais diversos. O contador gerencial deve realizar análises de custo-benefício de
gerenciamento de risco e estoque por local a fim de fornecer o equilíbrio geral de custo-
-benefício ideal e definir as faixas ABC.
Uma conceituação comumente utilizada nas empresas quanto aos valores de cada
classe está ilustrada na Tabela 1, abaixo:
Tabela 05. Distribuição das classes da Curva ABC
A análise ABC é uma estrutura simples para descobrir quais itens em estoque são os
mais importantes e, portanto, os que devem consumir a maior parte do seu tempo em
termos de controle e gerenciamento de estoque. Concentre-se nos itens da categoria
A. Isso pode incluir revisar e atualizar sua previsão de demanda com mais frequência,
para assegurar a disponibilidade de estoque ou interagir mais regularmente com os
fornecedores, visando melhorar os prazos de entrega. Essa análise também pode
ajudar a elaborar regras de inventário adequadas para cada categoria. Faz sentido
definir diferentes níveis de serviço, de estoque de segurança e parâmetros de reor-
denamento para cada categoria, priorizando o gerenciamento das políticas com base
na classificação definida.
100%
Volume de vendas anual
80%
A B C D
126
Tabela 06. Materiais da Escolar Papelaria
QUANTIDADE DE
VALOR VALOR DO
ITEM UNIDADES
POR UNIDADE CONSUMO ANUAL
VENDIDAS NO ANO
Agendas 350 R$ 12,00 R$ 4.200,00 4
II. Listar os produtos em ordem decrescente, com base em seu valor de consumo anual, conforme
mostrado na Tabela 3:
QUANTIDADE DE
VALOR VALOR DO
ITEM UNIDADES VENDI-
POR UNIDADE CONSUMO ANUAL
DAS NO ANO
Caneta azul 1.600 R$ 3,00 R$ 4.800,00
III. Somar o número de unidades vendidas e o valor de consumo anual, conforme mostrado
na Tabela 4:
Tabela 08. Somatória dos itens e consumo dos produtos
QUANTIDADE DE
VALOR VALOR DO
4 ITEM UNIDADES
POR UNIDADE CONSUMO ANUAL
VENDIDAS NO ANO
Caneta azul 1.600 R$ 3,00 R$ 4.800,00
Agendas 350 R$ 12,00 R$ 4.200,00
Lápis 12 cores 450 R$ 9,00 R$ 4.050,00
Corretivo líquido 650 R$ 6,00 R$ 3.900,00
Estojo simples 350 R$ 11,00 R$ 3.850,00
Caixa de clipes 850 R$ 3,50 R$ 2.975,00
Borracha 1.200 R$ 2,00 R$ 2.400,00
Lápis preto 1.000 R$ 1,50 R$ 1.500,00
Caixa de grampos 485 R$ 3,00 R$ 1.455,00
Régua plástica 550 R$ 2,00 R$ 1.100,00
Total 7.485 R$ 30.230,00
Fonte: adaptada de Dias (2010, p. 78).
128
V. Determinar os limites da divisão das categorias A, B e C que serão usados para a empresa e
o mix de produtos, sendo normalmente próximos a 80%, 15% e 5% do percentual acumulado do
valor de consumo anual, conforme mostrado na Tabela 6.
Lápis 12
~79%
Caixa de
485 R$ 3,00 R$ 1.455,00 6% 5%
grampos
Régua
550 R$ 2,00 R$ 1.100,00 7% 4%
~4%
plástica
Com os cálculos concluídos, pode-se usar os dados finais para revisar como atualmente
é analisado o inventário em cada categoria. Caso se entenda que todos os itens estão
sendo tratados da mesma forma, seja pela manutenção do estoque seja pelas compras
efetuadas, as políticas de estoque podem estar ineficientes, levando a pedidos de compra
em muitas linhas de produtos. O importante é saber que há muito espaço para melhorias
e isso resultará em custos reduzidos de armazenamento, entrega e gerenciamento.
É recomendado adaptar suas políticas de compra e estoque para cada grupo. Isso pode
incluir a configuração de processos de pedido sofisticados para todos os itens A; como
por exemplo; verificar cada pedido de compra e gastar mais tempo discutindo os prazos
de entrega com os fornecedores, visando assegurar o melhor valor e entregas dentro do
prazo. Por outro lado, os itens C devem ocupar muito menos tempo e podem ser pedidos
automaticamente para economizar recursos humanos valiosos.
SAIBA MAIS
Definição de parâmetros: a análise ABC é baseada no Princípio de Pareto, que, basicamente,
diz que a maior parte de qualquer efeito vem de uma porção muito pequena das causas. Apli-
cado à análise ABC, isso significa que a maior parte do valor de consumo total do seu estoque
4 é alocado para itens A, enquanto os itens B e C compõem menos desse valor. A decisão da
porcentagem precisa de itens de estoque e o valor de consumo alocado para cada categoria
pode ser determinada pela empresa, mas, usualmente, os valores devem se enquadrar nos
seguintes intervalos:
` Itens A: 10% a 20% de seu estoque, representando 60% a 80% de seu valor de consumo anual.
` Itens B: 20%-30% de seu estoque, respondendo por 20% -30% de seu valor de consumo anual.
` Itens C: 50%-70% de seu estoque, representando 5% -15% de seu valor de consumo anual.
Levando a análise ABC para o próximo nível, é possível cruzar a análise do valor de
consumo anual de seus itens com a sua variabilidade de demanda. Isso permite que se
classifique os produtos com base em seu valor e previsibilidade, por exemplo, a proba-
bilidade de a demanda variar em relação à previsão. Pode haver alguns produtos que
terão uma demanda regular, enquanto outros terão uma demanda intermitente. Ter esse
nível de percepção ajuda a tomar decisões assertivas sobre quais produtos estocar e
quais níveis de estoque de segurança definir.
2.2. INVENTÁRIO
Inventário de materiais refere-se à verificação ou confirmação da existência dos materiais ou
bens patrimoniais da empresa. Na realidade, o inventário é um levantamento físico ou conta-
gem dos materiais existentes para efeito de confrontação periódica com os estoques anota-
dos nos fichários de estoques ou no banco de dados sobre materiais (Chiavenato, 2005, p.
133). Em uma empresa que não possui registros de estoque precisos, é necessário conduzir
periodicamente uma contagem completa do estoque (conhecida como contagem física).
Segundo Dias (2010, p. 205), a empresa deve efetuar contagens físicas de seus itens
de estoque e produtos em processo para verificar:
` Apuração do valor total do estoque (contábil) para efeito de balanços ou balancetes. Neste
caso, o inventário é realizado próximo ao encerramento do ano fiscal.
Esse procedimento é uma importante ferramenta na gestão dos estoques e pode ocor-
rer de maneira periódica ou rotativa, conforme Lélis (2016, p. 72), assim descritos:
Inventário periódico
Realizado em intervalos de tempos predeterminados, podendo ser semestral ou anualmente.
Quando realizado na sua totalidade, é preciso um grupo maior de funcionários para a sua
elaboração no menor tempo possível, dependendo, é claro, do tamanho da operação.
130
Inventário rotativo
Realizado a partir de um programa de trabalho em que todos os itens sejam contados den-
tro de um período específico (ano fiscal, por exemplo) para os devidos controles financei-
ros. A distribuição da curva ABC pode ser usada como critério para a contagem.
4
Como critério de verificação em relação à contagem final dos itens, deve-se calcular a
(
Acurácia = número de itens corretos
número total de itens ) X 100
Ou
Fórmula 2. Acuracidade - Valor dos Itens
(
Acurácia = valor de itens corretos
valor total de itens ) X 100
Considerando os dados apresentados na Tabela 2 que trazem a relação de materiais de
uma papelaria, podemos exemplificar o processo de inventário, conforme tabela 7 que
traz a quantidade contábil que está no sistema, e a quantidade física após contagem
de cada item. Para finalizar é possível observar a diferença entre o contábil e o físico.
Tabela 11. Quantidade Contábil e Quantidade Física
QUANTIDADE QUANTIDADE
ITEM DIFERENÇA
CONTÁBIL FÍSICA
Agendas 80 80 0
Borracha 120 105 -15
Caneta azul 105 105 0
Caixa de clipes 80 80 0
Caixa de grampos 75 75 0
Corretivo líquido 25 20 -5
Estojo simples 15 15 0
Lápis preto 135 140 +5
Lápis 12 cores 35 35 0
Régua plástica 50 60 +10
Fonte: Martins e Alt (2009, p. 203).
EXEMPLO
Com a tabela 7, podemos averiguar que foram inventariados 10 itens no total. Destes itens 6 não
apresentaram diferenças, ou seja, a quantidade física é exatamente a mesma que está no siste-
ma contabilizada. Por outro lado; outros 4 itens apresentaram divergências; sendo 2 itens que o
4 volume físico é menor do que o que consta no sistema; e 2 itens que o volume físico é maior do
que está registrado no sistema.
1º Lembrar da fórmula:
(
Acurácia = número de itens corretos
número total de itens ) X 100
2º Definir os valores das variáveis:
4º Resultado:
Deve multiplicar sempre o resultado em decimal por 100% para que o resultado seja repre-
sentado em percentual. No caso, o estoque da papelaria possui uma acuracidade de 60%.
SAIBA MAIS
Roteiro de instruções com o passo a passo para realizar o inventário físico. É importante
salientar que, para o sucesso da atividade, é necessário planejar, preparar e orientar correta-
mente as equipes envolvidas. Assim, deve-se definir:
132
` Treinar a equipe no processo de contagem;
Armazéns limpos e bem organizados estão prontos para receber mercadorias, preparar
pedidos, carregar e despachar contêineres e manter os clientes satisfeitos. Infelizmente,
organizar o estoque com eficiência é mais fácil descrever do que concretizar. Cada deci-
são deve apoiar os objetivos da organização, ao mesmo tempo em que visa aumentar a
produtividade, otimizar espaço, reduzir custos e entregar um serviço superior ao cliente.
O arranjo físico é representado por meio do layout, que significa colocar, dispor, ocupar,
localizar, assentar. O layout é um gráfico que representa a disposição espacial, a área
ocupada e a localização das máquinas, pessoas e materiais (CHIAVENATO, 2005, p.
120). A área ocupada pelo estoque é um dos fatores associados aos custos de armaze-
nagem e, consequentemente, à taxa de armazenamento físico.
` Superfície não dedicada ao armazenamento de material (em m2), na qual deve-se consi-
derar corredores, espaço de movimentação e local de entrada e saída.
4
Grau de ocupação = capacidade de armazenagemutilizada x 100
capacidade de armazenagem total
EXEMPLO
Seguem as informações:
Calculando a Capacidade:
1º Lembrar da fórmula:
Altura: 9 m
134
Calculando o Grau de Ocupação
1º Lembrar da fórmula:
4º Resultado:
Ou seja, nesse atual armazém é possível crescer mais 20% sem a necessidade de adquirir
outro espaço maior. Deve-se destacar que, quanto maior for o percentual de ocupação, me-
lhor é o aproveitamento do espaço de armazenagem.
Estabelecer uma programação de limpeza periódica, afinal, um depósito limpo significa que
os funcionários podem se movimentar rapidamente e fazer suas tarefas com mais facilidade,
além de encontrar materiais e pedidos perdidos ou extraviados.
Reduzir a desordem
Manter um estoque enxuto significa definir apenas o que realmente se precisa e nada mais.
Isso oferece aos funcionários menos produtos para filtrar ao organizar frete, concluir serviços
de atendimento de pedidos e muito mais.
Como o risco à segurança dos funcionários é uma situação indesejada dentro de uma ati-
vidade operacional, ter um local de estocagem seguro irá, por consequência, melhorar a
eficiência do manuseio do estoque.
Personalizar a organização
Cada sistema de organização deve ser personalizado para o setor específico de uma empre-
sa. Afinal, se, às vezes, vários itens são enviados ao mesmo tempo para o mesmo destino,
manter todos esses itens na mesma área facilita aos funcionários a localização rápida de
toda a remessa.
Minimizar o número usado no depósito parece uma pequena etapa no processo de agilizar as
operações, embora seja importante para aumentar a produtividade da equipe.
Mesmo no depósito mais eficiente e organizado, erros de coleta e embalagem serão cometi-
dos de tempos em tempos. Acompanhar quais tipos de erros estão sendo cometidos e com
qual frequência pode fornecer insights importantes sobre as áreas onde pode haver espaço
para melhorias.
Existem duas soluções necessárias para manter um depósito organizado. A primeira é fazer
treinamentos regulares com a equipe do estoque a respeito da importância de mantê-lo orga-
nizado, e a segunda, usar as ferramentas para manter o sistema de estoque atualizado – de-
vendo ambas integrarem a cultura corporativa quando se trata de treinamentos obrigatórios
Ao invés de fazer um único inventário grande por ano, adotar um sistema de contagem cí-
clica, propiciando que o inventário seja rotineiramente contado uma ou mais vezes em um
determinado ciclo.
A identificação manual do inventário é uma receita para o desastre. Primeiro, métodos manu-
ais significam erro humano. Adicione a probabilidade natural de erro humano à uma força de
trabalho estressada e esgotada e as chances são boas de que remessas incorretas, atrasos
e outros problemas cruzem sua mesa todos os dias.
Assim que as mercadorias estiverem no local ideal, é importante manter registros deta-
lhados mediante um bom sistema de controle de estoque, que é um processo para ge-
136
renciar a localização, estoque disponível e histórico de movimentação de todos os itens
no depósito.
O campo dos transportes contempla vários aspectos: eles podem ser divididos em uma trí-
ade de infraestrutura, veículos e operações. A infraestrutura inclui as redes de transporte
(estradas, ferrovias, vias aéreas, hidrovias, canais, dutos etc.) utilizadas, bem como os nós
ou terminais (como aeroportos, estações ferroviárias, rodoviárias e portos marítimos). Os
veículos geralmente circulam nas redes, como automóveis, bicicletas, ônibus, trens, aero-
naves. As operações tratam da forma como os veículos circulam na rede e dos procedimen-
tos definidos para o efeito, incluindo o enquadramento legal (leis, códigos, regulamentos
4
etc.). Políticas, como a de financiar o sistema (por exemplo, o uso de pedágios ou impostos
sobre a gasolina), podem ser consideradas parte das operações.
` Importância, visto que mesmo os itens de baixo valor que impediriam as operações preci-
sam de transporte rápido e confiável;
` Confiabilidade, pois a entrega consistente muitas vezes é mais importante do que o tempo
em trânsito;
O transporte rodoviário garante o desempenho das etapas inicial e final para todos os outros
modos de transporte (ferroviário, marítimo, aéreo e terrestre), uma vez que esses modos
não podem fornecer um verdadeiro serviço porta a porta, ampliando ainda mais a gama de
transporte rodoviário de mercadorias em movimento. De acordo com Arbache et al. (2000,
p. 57), o transporte rodoviário é o indicado para as operações de coleta e entrega de mer-
cadorias – as denominadas pontas do serviço de transporte de carga.
138
atributo do transporte rodoviário o torna o modo preferido para cargas menores em distân-
cias mais curtas e, como tal, o rodoviário é o único modo que realiza entregas porta a porta.
Consequentemente, a maioria das remessas que inicialmente eram transportadas por outro
modal de transporte são concluídas por transporte rodoviário.
Qualquer coisa que possa ser enviada em pequenas e médias quantidades pode ser trans- 4
portada por estrada. Pacotes pequenos (ou pacote) podem ser transportados em um veí-
VANTAGENS DESVANTAGENS
Frequência e disponibilidade do serviço. Custo variável elevado.
Devido aos requisitos muito particulares associados ao negócio de carga aérea, foram de-
senvolvidos métodos de operação que são únicos no mundo da logística. Estes tendem a ser
mais perceptíveis na área de movimentação de carga, devido às restrições impostas pelas
próprias aeronaves. Toda a área de segurança da operação e proteção contra-ataques terro-
ristas impacta significativamente o negócio (RUSHTON; CROUCHER; BAKER, 2014, p. 405).
À medida que as viagens aéreas se tornam cada vez mais avançadas e confiáveis, mais
organizações estão delegando aos aviões cargas e mercadorias de alto valor. A crescente
popularidade do voo como forma preferencial de viajar também torna o transporte aéreo mais
As vantagens do transporte aéreo de mercadorias são óbvias, pois a carga pode ser trans-
portada com segurança por distâncias muito longas, em um curto espaço de tempo. De
4 acordo com Rushton, Croucher e Baker (2014, p. 405), isso oferece a possibilidade de
transporte para negócios globais; permite que certos bens perecíveis estejam disponíveis
durante todo o ano em vez de sazonalmente, expandindo os mercados; pode fornecer su-
porte de emergência rápido para indústrias nas quais equipamentos críticos são necessá-
rios em um curto espaço de tempo para evitar o tempo de inatividade da planta; e é capaz
de viabilizar ajuda humanitária essencial com rapidez e eficácia.
VANTAGENS DESVANTAGENS
Indicado para grandes distâncias. Limite de volume e peso.
O transporte marítimo tem sido praticado há centenas de anos e continua sendo fundamen-
tal para o comércio global. Noventa por cento de todo o comércio internacional é realizado
por meio de transporte marítimo. Os navios de carga viajam por quase todos os grandes
volumes de água e têm capacidade para transportar um volume de carga maior do que o
140
de qualquer modo de transporte com o menor custo. As rotas disponíveis para os navios
porta-contêineres são calculadas e rigorosamente seguidas. Muitas delas, usadas hoje, são
percorridas há séculos. No entanto, novas rotas ainda estão sendo procuradas e testadas
para a eficiência ideal da cadeia de suprimentos.
Para Rushton, Croucher e Baker (2014, p. 389), o envio de carga por via marítima é o ide- 4
al para cargas de alto volume, que não são necessariamente sensíveis ao tempo ou têm
A maior desvantagem dos navios de carga marítima é a velocidade com que operam. De
longe, o marítimo é o meio de transporte mais lento. É, entretanto, o mais eficiente conside-
rando-se a quantidade de carga que é capaz de transportar. Na prática, hoje, a velocidade
dos navios, em comparação com o ar, pode ter grande importância quando se trata de
regulamentações e tarifas. E, ainda, as emissões de carbono produzidas por um navio de
carga são equivalentes às emissões produzidas por 50 milhões de carros. Há um esforço
contínuo para reduzir as emissões oceânicas em 50% até o ano de 2050. A alternativa mais
próxima ao transporte marítimo é o transporte aéreo; todavia, devido aos atuais retrocessos
tecnológicos, o ar não assumirá o controle marítimo em relação ao transporte marítimo
internacional tão cedo.
Tabela 14. Vantagens e desvantagens do modal aquaviário
VANTAGENS DESVANTAGENS
O nível das águas interfere em sua operação, o que
Capacidade para transportar altos volumes.
é um desafio ao modal.
Custos operacionais mais vantajosos. Sua velocidade é menor comparada a outros modais.
O transporte ferroviário está confinado a uma infraestrutura mais limitada do que o transpor-
te rodoviário. Como característica definidora, as locomotivas (trens, monotrilhos etc.) estão
confinadas a um caminho traçado que vai entre os pontos A e B, com poucos pontos de
divergência. As ferrovias são caras e demoradas para se construir e apenas algumas novas
ferrovias foram estabelecidas desde o início de 1900. Além disso, as ferrovias são limitadas
4
a áreas geográficas de semi-níveis, tornando a construção cada vez mais trabalhosa. Assim,
as ferrovias são principalmente acessíveis apenas em grandes áreas metropolitanas. Esse
atributo torna o transporte ferroviário um dos principais protagonistas do transporte intermodal.
Dentro dos limites do sistema ferroviário, o veículo ferroviário não é influenciado pelo tráfego,
pontos de desvio e interrupções entre modais. Isso torna o trilho o modal mais confiável para
fazer realizar longos transportes em terra com o mínimo de danos. Os trens costumam trans-
portar itens de carga a granel, como carvão, milho, ferro, minério e trigo – itens que não seriam
econômicos para se transportar por caminhão.
Portanto, pontes, túneis e pontos de passagem para estradas precisam ser construí-
dos para permitir a passagem desimpedida do trem. Além disso, as ferrovias exigem
estações que permitam a transferência de passageiros ou carga de e para o trem. Um
método de gerenciamento para a operação dos trens é necessário para evitar colisões
entre trens que operam em velocidades diferentes na mesma seção da via. Isso é feito
mediante um sistema de sinalização e programação de trens.
VANTAGENS DESVANTAGENS
Os custos operacionais são mais vantajosos quan-
O custo fixo de implantação é mais caro em relação
do o comparamos com outro modal, por exemplo,
aos outros modais.
o caminhão.
É um modal que usa eletricidade, o que favorece
Viagem irregular devido a transferência de bitola e
a preservação do meio ambiente e a cultura de
congestionamento de linhas.
preservação.
142
transportam combustíveis fósseis não refinados, como gás e óleo, de seu ponto de origem
até o ponto onde podem ser transferidos para as refinarias ou outro meio de transporte. O
custo do transporte reside principalmente na sua construção, no diâmetro da tubulação e
na viscosidade do fluido sendo transportado. Eles podem ser construídos acima do solo,
subterrâneos ou subaquáticos – tornando-os ideais para perfuração offshore (no mar).
4
GLOSSÁRIO
Segundo Waters (2003, p. 329), os dutos têm a vantagem de mover grandes quan-
tidades por longas distâncias. Infelizmente, eles têm as desvantagens de ser lentos
(normalmente se movem a menos de 10 quilômetros por hora), inflexíveis (transportam
apenas entre pontos fixos) e transportam apenas grandes volumes de certos tipos de
fluidos. Há ainda o enorme investimento inicial na construção de dutos dedicados, po-
rém, são a forma mais barata de transportar líquidos – principalmente petróleo e gás
– por longas distâncias. As redes locais podem adicionar flexibilidade ao fornecer para
uma ampla variedade de locais (como suprimentos de água e gás para residências).
VANTAGENS DESVANTAGENS
Sem utilização de embalagens adicionais Considerado lento, entre 2 a 8 km/h
4 SERVIÇO DE PORTA
EM PORTA
sim não às vezes às vezes às vezes
NECESSIDADES DE
EMBALAGEM
média alta alta alta alta
RISCO DE
PERDA/DANO
médio baixo médio médio médio
IMPACTO
AMBIENTAL
média alta baixa baixa baixa
4. SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO
A distribuição logística compreende as tarefas de planejamento, controle e os processos
relativos ao fluxo de mercadorias e informações entre as empresas de produção e os
clientes. O gerenciamento da distribuição se refere ao processo de supervisão da mo-
vimentação de mercadorias do fornecedor ou fabricante para o ponto de venda. É um
termo abrangente, que se relaciona a várias atividades e processos, como embalagem,
estoque, armazenamento, cadeia de suprimentos e logística. Em termos concretos, a
logística de distribuição inclui manuseio de mercadorias, transporte e armazenamento
temporário. Os clientes são consumidores finais, distribuidores ou processadores. A
gestão da distribuição é uma parte importante do ciclo de negócios para distribuido-
res e atacadistas. As margens de lucro das organizações dependem da rapidez com
que podem entregar suas mercadorias. Quanto mais vendem, mais ganham, o que
significa um futuro melhor para o negócio. Ter um sistema de gerenciamento de distri-
buição bem-sucedido também é vital para que as empresas permaneçam competitivas
e mantenham os clientes satisfeitos. Informações estruturadas de forma sustentável,
processos de tomada de decisão e controle são essenciais para a implementação de
uma logística de transporte de sucesso.
144
pode ser otimizado. A ideia básica e a denominação se originaram no princípio do tra-
dicional leiteiro que abastecia as famílias com leite. O fornecimento de leite baseava-se
nos vasilhames existentes, de forma que era fornecido tanto leite quanto o consumido.
Os vasilhames eram imediatamente recolhidos e entregues na sede.
De acordo com Pires (2007, p. 243), o processo pode ser realizado pela empresa cliente,
mas a tendência é que seja feito por um operador logístico especializado e com maior
potencial para ganhos em escala. O sistema também pode operar com diversas frequên-
cias, dependendo de fatores, como o setor industrial, o produto, o volume de produção e
a proximidade dos fornecedores. A Figura 7 ilustra como o processo é realizado.
Figura 45. O processo de milk run
Fornecedor
Fornecedor Fábrica
Fornecedor
Fornecedor
` Planejamento muito demorado, uma vez que os volumes de transporte, janelas de tempo
de entrega, tempos de condução etc. devem ser levados em consideração;
O conceito do milk run pode ser usado tanto na logística de distribuição como na in-
dústria de manufatura. Por exemplo, certos bens de consumo podem ser entregues
regularmente a estações de trabalho definidas, nas quais prevalece um consumo co-
nhecido (contínuo). As bandejas ou embalagens vazias, por outro lado, também são
descartadas na volta. Isso garante o fornecimento contínuo e, ao mesmo tempo, reduz
os custos de transporte interno. E, ainda, as linhas de produção e montagem podem ser
conectadas de forma que um ciclo de fornecimento automático seja criado por meio do
fluxo de material interno, reduzindo assim os movimentos de reabastecimento manual.
4.2. CROSS-DOCKING
A velocidade e a produtividade de uma cadeia de suprimentos se tornaram um fator
importante de crescimento para as organizações. O cross-docking é mais do que
apenas uma estratégia que pode ser implementada para ajudar a alcançar uma
vantagem competitiva. Implementado de forma adequada e nas condições certas,
pode fornecer melhorias significativas na eficiência e nos tempos de manuseio. De
acordo com Kinnear (1997, p. 49), o termo cross-docking é originário dos modais
ferroviário e marítimo, em que as grandes embarcações atracavam nos portos e
descarregavam as mercadorias diretamente em outros pequenos navios, barcos ou
vagões ferroviários, evitando assim a necessidade de armazenagem dos produtos.
146
Figura 46. A prática de cross-docking
4
ARMAZENAGEM
DOCAS DE SAÍDA
FORNECEDOR 1 CLIENTE 1
FORNECEDOR 2 CLIENTE 2
FORNECEDOR N CLIENTE N
Em termos simples, os produtos de entrada chegam por meio de transporte – como ca-
minhões/reboques – e são alocados a uma doca de recebimento em um lado do termi-
nal de cross-docking. Uma vez que o transporte de entrada tenha sido ancorado, seus
produtos podem ser movidos direta ou indiretamente para os destinos de saída; eles
podem ser descarregados, classificados e selecionados para identificar seus destinos.
Depois de classificados, os produtos são movidos para a outra extremidade do terminal
– mediante uma empilhadeira, correia transportadora, caminhão palete ou outro meio
de transporte – para a doca de saída de destino. Quando o transporte de ida for carre-
gado, os produtos podem seguir para os clientes.
Algumas das principais razões pelas quais o cross-docking deve ser implementado são:
Segundo Rushton (2014, p. 328), os veículos que saem podem levar uma mistura de mer-
cadorias e, desse modo, um grande grau de coordenação é necessário para garantir que
a operação possa ocorrer sem problemas. Se a classificação for necessária, uma técnica
de separação por linha pode ser usada para separar produtos individuais de paletes de
entrada e colocá-los nos paletes de saída do cliente. Isso pode ser feito manualmente ou
usando equipamento de triagem automatizado. Ainda segundo o autor, apresenta diver-
sos tipos de variações de classificação das mercadorias, sendo:
Tipo de Cross-docking
O sistema de Cross-docking é possível ter sua aplicabilidade em operações logísticas
dos mais diversos tipos. Abaixo relaciona-se os tipos conforme necessidade de aplicação:
Cross-docking de produção
Recebe e consolida as cargas que são destinadas à produção (just-in-time).
Cross-docking de distribuição
Cross-docking de transporte
Consolida e embarca cargas incompletas vindas de diferentes clientes e de indústrias, fa-
zendo o trabalho de embalar, otimizar e expedir para ganhar produtividade pela economia
de escala.
Cross-docking de varejo
Recebe vários produtos de múltiplos fornecedores consolida estas cargas, direciona e distri-
bui para várias lojas.
148
Cross docking paletizado
Os produtos chegam de várias fábricas e fornecedores e são colocados em outro veiculo
diretamente para os seus respectivos clientes sem conferencia ou preparação.
Os produtos são recebidos e separados por caixas para regiões especificas determinadas
Os produtos são recebidos e direcionados para uma área de preparação em que várias
atividades como: etiquetas, embalagens, pequenas montagens, pacotes customizados são
realizados para distribuição dos produtos de acordo com as necessidades de cada cliente.
O transit point atende uma determinada área de mercado distante dos armazéns cen-
trais, operando como uma instalação de passagem, recebendo carregamentos consoli-
dados e separando-os para entregas locais a clientes individuais.
` Melhor nível de serviço ao consumidor, com a redução do lead time de entrega e possibi-
lidade de atendimento de áreas remotas.
` Propiciam ao mesmo tempo uma estratégia de resposta rápida, flexibilidade, baixos cus-
tos de transporte e inexistência de estoques.
E como desvantagem:
5. LOGÍSTICA REVERSA
O suporte logístico vai além da típica logística direta e inclui recall, descarte e reciclagem de
produtos. Todas as atividades de remanufatura e recondicionamento podem ser incorporadas
na definição da logística reversa. A gestão da logística reversa abrange os procedimentos que
estão associados à devolução, manutenção, reparação, desmontagem e mesmo reciclagem
de produtos e seus materiais. Engloba a reversão dos produtos em execução na cadeia de
abastecimento para que o valor máximo possa ser alcançado.
Segundo Izodoro (2016, p. 6), os materiais são reaproveitados por meio dos canais de
distribuição reversos. Para isso, são estabelecidas e detalhadas duas categorias:
150
Reduzir
Fonte: 123rf
LED; reduzir o tempo no banho; comprar aparelhos
Reuso
Fonte: 123rf
Remanufatura
Fonte: 123rf
à finalidade original do produto.
Reciclagem
novos produtos.
Canais de distribuição reversos de bens pós-venda (CDR-PV): bens que poderão ser
reintegrados ao ciclo de negócios por diversas formas de comercialização, sendo:
` Do consumidor ao varejista.
` Do consumidor ao fabricante.
FLUXOS
4
Reversos
Reversos
Direitos
Mercado Mercado
secundário secundário
Remanufatura
Mercado Desmanche/
Retorno primário Manufatura reversa
Reúso
A logística reversa é mais do que apenas reutilizar contêineres e reciclar materiais de em-
balagem. Também envolve o processamento de mercadorias devolvidas devido a danos
ou porque não foram vendidas, reabastecimento, recuperação de ativos, gerenciamento de
estoque em excesso, programas de reciclagem, gerenciamento de materiais perigosos e
eliminação de equipamentos obsoletos. Oferece benefícios diretos:
` Melhora a satisfação dos clientes finais, permitindo-lhes devolver os produtos.
152
CONCLUSÃO
Nesta unidade, foram apresentados os conceitos associados a Armazenagem, Transpor-
tes e Distribuição, de modo a estabelecer os pilares da logística e sua importância para
qualquer empresa. Ter um gerenciamento do sistema de estocagem e incluir uma rede de
distribuição robusta aumenta significativamente a eficiência na entrega dos produtos, a 4
custos menores, propiciando satisfação nos clientes e competitividade no mercado.
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