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AULA 1

CUSTOS LOGÍSTICOS

Prof. Alexandre Francisco de Andrade


CONVERSA INICIAL

As empresas precisam buscar na gestão logística um equilíbrio entre custo


e desempenho, uma vez que o trajeto de transporte de menor custo não é
necessariamente o melhor caminho para eliminar desperdícios ou otimizar os
resultados esperados. Os custos de logística referem-se a taxas de vários meios
de transporte; informações contábeis mal classificadas; variação de custos na
manutenção de inventários; escassez de recursos; resultado econômico
empresarial; fluxo de materiais, produtos e serviços; e uso de informações úteis
na tomada de decisão. Os custos adicionais de logística incluem combustível,
espaço de armazenagem, embalagem, segurança, manuseio de materiais, tarifas
e direitos.
Esta aula – “O que são os custos logísticos?” – tem por objetivo tratar da
importância de mensurar e analisar o impacto dos custos logísticos na estrutura e
no conhecimento econômico empresarial. Deseja-se encontrar um sistema
logístico eficiente e eficaz que agregue valor a clientes e aumente valor aos
acionistas.

CONTEXTUALIZANDO

Esta aula mostra-nos a importância dos custos logísticos nas organizações


e revela muito sobre a dinâmica, o modo de observar as atividades de logística,
principalmente nos centros de distribuição, que trazem fatores de peso, como os
custos de transporte – a principal consideração, na representação da metade dos
custos logísticos. Os custos de manutenção de estoque também são
significativos; com cerca de um quinto dos custos totais, eles incluem os custos
de manutenção de bens no inventário (custos de capital, armazenagem,
depreciação, seguros, impostos e obsolescência) e são geralmente expressos
como parte do valor do inventário. Os custos de mão de obra envolvem o
manuseio físico de bens, incluindo tarefas como embalagem e rotulagem. O
serviço ao cliente engloba o recebimento e processamento de pedidos de clientes;
muitas empresas de logística, sob tais circunstâncias, estão dispostas a pagar
mais para ter uma operação logística que oferece colocalização (no sentido de
melhorar economicamente o desempenho da empresa) com um terminal
intermodal, uma vez que esta estratégia permite reduzir os custos de transporte,
como o desembarque, bem como melhorar a capacidade de resposta – com

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vantagem no quesito tempo. Dessa maneira, os custos de transporte continuam
sendo os mais importantes dos custos logísticos; componentes como o estoque e
os custos de mão de obra são significativos, pois influenciam a escolha da
localização, a depender da cadeia de suprimentos.
Com os custos logísticos, cria-se uma variedade de possibilidades futuras,
nomeadamente relacionar o que agrega valor aos clientes, e o que é importante
no foco da logística, a partir de informações contábil-gerenciais, para a tomada de
decisão.

TEMA 1 – GASTOS RELACIONADOS ÀS ATIVIDADES LOGÍSTICAS

Entendemos que os custos logísticos são definidos de forma diferente por


empresas diferentes. Algumas empresas não contabilizam juros e depreciação
em inventários como custos logísticos. Outras até incluem os custos de
distribuição de seus fornecedores ou os custos de compra. Em alguns casos,
mesmo o valor de compra dos bens adquiridos está incluído nos custos logísticos.
Portanto, não existe uma definição genérica para custos logísticos, mas todas as
empresas precisam defini-los, para que o indicador chave de desempenho da
organização possa rastrear os pontos e assim reduzir os custos.
Para Faria e Costa (2010), os custos logísticos incluem:

 Custos de transportes;
 Custos de armazenagem e movimentação;
 Custos de embalagens;
 Custos de manutenção de inventário;
 Custos de tecnologia de informação;
 Custos tributários;
 Custos decorrentes de lotes;
 Custos decorrentes de nível de serviço.

1.1 Custos associados à logística

Os custos logísticos consideram toda a gama de custos associados, o que


inclui custos de armazenagem, custos de transporte, administração e
processamento de pedidos. Os custos de processamento de pedidos e
administração são relativos ao volume total que está sendo tratado. No entanto,
para um mesmo volume, os custos de transporte e armazenagem variam, de

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acordo com as estratégias de distribuição adotadas. O Gráfico 1 é um exemplo
que retrata uma relação simples de nível de serviço ao cliente entre os custos
logísticos totais e dois componentes de custo importantes: transporte e
armazenagem.

Gráfico 1 – Melhoria do transporte na redução das perdas em vendas

Fonte: Elaborado com base em Ballou, 2006.

Com base no crescimento do tamanho do transporte (economias de escala)


ou no número de armazéns (distâncias mais baixas), ocorre um equilíbrio entre os
custos de transporte e os custos de armazenagem (estoque). Existe um ponto de
corte que representa os custos de logística total mais baixos, o que implica um
ótimo tamanho de transporte ou número de armazéns para um sistema de
distribuição de frete específico. Encontrar esse equilíbrio é objetivo comum nas
operações logísticas e dependerá de vários fatores. Por exemplo, se o bem for
perecível, considera-se o tempo de execução exigido e a densidade do mercado.
Observamos que os custos com transporte sobem a cada ano, mesmo não
aumentando o seu volume, em virtude das altas taxas de frete. Assim, os
fornecedores logísticos de caminhões, trens e terceiros conseguem aumentar as
suas taxas e as receitas. Por exemplo, empresas estrangeiras que transportam
77% do seu frete na receita, podem registrar um aumento de 5% em relação ao
ano anterior, estimado em alguns bilhões no faturamento (interurbanos e locais
combinados). O líder real são as ferrovias, que apresentam aumento de 15%,
sendo que seus operadores logísticos e o setor de encaminhamento de
mercadorias crescem 9% com ganhou anual.

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Saiba mais

Para melhor compreensão do assunto, assista a um vídeo explicativo sobre


os fundamentos dos custos logísticos em:
<https://www.youtube.com/watch?v=D7ROLm6peZg>.

Um ponto insignificante para as estatísticas logísticas é ter um crescimento


do PIB que desacelerou percentualmente no ano, e abaixo do aumento percentual
do ano anterior. A questão “é a constante análise de trade-off ou trocas
compensatórias – a escolha entre opções contraditórias que atendem a objetivos
diferentes” (Morais, 2015). Por exemplo, taxas rodoviárias e férreas "aumentando
amplamente", e retidas no início do ano, permitem que operadores logísticos se
recuperem com alguns altos custos operacionais experimentados no último ano.

TEMA 2 – FUNCIONAMENTO DOS CUSTOS LOGÍSTICOS

Numa rede logística entre uma empresa e seus fornecedores para produzir
e distribuir um produto específico, a cadeia logística representa os passos
necessários para obter o produto ou serviço para o cliente, e o gerenciamento
desta cadeia é um processo crucial porque uma cadeia logística otimizada resulta
em custos mais baixos num ciclo de produção mais rápido.
Para Gonçalves (2013), o contrassenso de se ter uma grande
disponibilidade de produtos e reduzir custos não é algo conflitante, e sim uma
necessidade importante para a eficiência empresarial.

2.1 Gerenciamento logístico de negócios

O gerenciamento logístico de negócios refere-se ao processo de produção


e distribuição dentro de uma empresa, enquanto o gerenciamento da cadeia de
suprimentos inclui fornecedores, fabricantes e revendedores que distribuem o
produto ao cliente final. As cadeias de suprimentos incluem todas as empresas
que entram em contato com um determinado produto, incluindo empresas que
montam e entregam peças ao fabricante.
Vamos entender como funciona o fluxo de custos de fabricação?
Sabemos que o fluxo envolve materiais diretos, mão de obra direta e custos
indiretos de fabricação, ligados ao processo para chegar ao produto acabado. De
acordo com o portal Top Tip Finance (2018):

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O fluxo de custos de fabricação refere-se ao processo de uso de
materiais e mão de obra para completar um produto acabado que pode
ser vendido para um cliente. Um sistema de gerenciamento de cadeia
de suprimentos pode reduzir o custo e a complexidade do processo de
fabricação, particularmente para um fabricante que usa muitos
componentes. Por exemplo, um fabricante de roupas movimentará as
matérias-primas para a produção, como: tecido, zíperes e outras peças.
O fabricante então incorre em custos de mão de obra para operar
máquinas e realizar trabalhos específicos no uso dos demais materiais.
Uma vez que os itens estão completos, eles devem ser embalados e
armazenados até serem vendidos para um cliente

Vejamos como são aplicados os cálculos nos custos de fabricação. A iniciar


pelo Custo dos Produtos Vendidos, que é a soma dos gastos com materiais,
mão de obra e gastos gerais de fabricação aplicados ou consumidos na fabricação
dos produtos que foram fabricados e vendidos pela empresa. A fórmula é:

CPV = EIPA = CPAP - EFPA

 CPV = Custo dos produtos vendidos


 EIPA = Estoque inicial de produtos acabados
 CPAP = Custo da produção acabada no período
 EFPA = Estoque final de produtos acabados

Temos também o Custo Primário, que são os Gastos com matérias-primas


aplicadas mais os gastos com mão de obra direta. A fórmula é:

CP = MP + MOD

Depois, o Custo de Transformação. Ele é a soma dos gastos com mão


de obra (direta e indireta) com os gastos gerais de fabricação (diretos e indiretos),
aplicados na transformação dos materiais em produtos:

CT = MOT + GGFT

Na sequência, o Custo das Mercadorias Vendidas. Trata-se do valor


pago pela empresa comercial aos seus fornecedores pelas mesmas mercadorias
que vendeu aos seus clientes:

CMV = EI + (C + FSC – CA – DIO – A) - EF

 CMV = Custo das mercadorias vendidas


 EI = Custo das mercadorias que estavam em estoque no início do período
 C = Custo das compras efetuadas no respectivo período

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 FSC = Valor dos fretes e seguros pagos no transporte das mercadorias
adquiridas
 CA = Compras anuladas
 DIO = Descontos obtidos incondicionalmente nas compras
 A = Abatimentos obtidos em decorrência de avarias no transporte ou por
outros motivos
 EF = Custo das mercadorias existentes em estoque no final do período

A evolução e o aumento da eficiência das cadeias logísticas têm


desempenhado um papel importante na contenção da inflação, pois à medida que
a eficiência na movimentação de produtos de um local a outro aumenta, os custos
neste processo diminuem, e por sua vez, reduz o custo final para o consumidor.
Outro ponto considerável, à medida que a globalização continua, é que a eficiência
da cadeia logística se torna cada vez mais otimizada, o que mantém a pressão
sobre os preços dos insumos.

TEMA 3 – A ESTRUTURA DOS CUSTOS

Quando falamos da estrutura dos custos, temos que entender como uma
empresa interpreta isso em seus processos, pois o grau de alavancagem
operacional reflete diretamente a estrutura de custos de uma empresa.
Lembramos que a estrutura de custos é uma variável significativa para determinar
rentabilidade. Para Padoveze (2012), “a estrutura de custos de uma empresa
nasce da decisão do investimento”.

Figura 1 – Estrutura de custos com custos variáveis e fixos

CUSTOS CUSTOS ESTRUTURA


VARIÁVEIS FIXOS DE CUSTOS

A alavancagem operacional1 faz isso examinando quão sensível é o lucro


operacional de uma empresa para uma mudança nos fluxos de receita. Embora a
relação seja bastante consistente entre diferentes indústrias, a relação entre o

1 Alavancagem operacional: é a divisão dos custos operacionais de uma empresa em fixos e


variáveis, o seu grau avalia a sensibilidade dos lucros da empresa às mudanças ocorridas no
volume das vendas (Downes; Goodman, 1993).
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grau de alavancagem operacional e a rentabilidade provavelmente será
inconsistente.
Na Figura 1, é apresentada uma estrutura de custos que pode ter mais ou
menos custos variáveis ou fixos. Notamos que a estrutura de custos de uma
empresa é determinada pela relação entre custos fixos e custos variáveis. Se os
custos fixos forem altos, a empresa terá dificuldade em gerar flutuações nas
receitas de curto prazo, porque as despesas vão ser incorridas
independentemente dos níveis de vendas. Empresas com altos custos fixos têm
maior alavancagem operacional; isso aumenta o risco e cria tipicamente uma falta
de flexibilidade, o que prejudica a linha inferior. Empresas com alto risco e alto
grau de alavancagem operacional acham mais difícil obter financiamento barato.
Os graus de alavancagem operacional mostram quantas vezes a margem
de contribuição excede o lucro operacional. Uma empresa com graus
relativamente baixos de alavancagem operacional tem mudanças leves quando a
receita de vendas flutua. As empresas com altos níveis de alavancagem
operacional experimentam mudanças mais significativas no lucro quando as
receitas mudam.
Segundo Gurgel (2000), as perdas nas vendas devido a uma inadequada
logística representam mais do que as falhas no processo de armazenagem. Elas
resgatam pontos de melhoria na redução de custos no sistema de armazenagem,
como por exemplo nas atividades abaixo:

 Mudança do método de movimentação – Diferença de custo devida à


redução de tempo obtido.
 Melhoria na alimentação e drenagem dos materiais conformados –
Eliminação do custo do tempo perdido dos equipamentos produtivos.
 Redução dos estoques – Resultados da aplicação, no mercado financeiro,
dos recursos liberados dos estoques.
 Atender o cliente em prazo menor – Aplicar a taxa financeira de mercado
dos pedidos, multiplicando pelo número de dias de redução do tempo de
atendimento dos pedidos.
 Verticalização de armazenamento com liberação de área – Dedução do
valor da área do montante total de investimento, ou cálculo da receita
financeira resultante do valor aplicado no mercado financeiro.
 Redução do momento de movimentação – Multiplicar o montante da
redução pela taxa horária da unidade de momento.

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 Ações que eliminam a perda de materiais – Calcular o valor do
porcentual de perda eliminada, utilizando o preço de reposição destas
mercadorias.
 Modificações nos pontos críticos de acidentes do trabalho – Cálculo
dos custos dos afastamentos de pessoal ocorridos anteriormente e cujas
causas foram corrigidas.
 Eliminação de um momento de movimentação parasita – Multiplicar a
quantidade de momento eliminada pela taxa unitária de custo.

Quando tratamos de logística, estamos valorizando os resultados


esperados pelo empresário no dia a dia, e assim precisamos entender como
funciona o grau de alavancagem operacional da empresa. De acordo com
Guimarães Neto (2012, p. 93), a definição para grau de alavancagem operacional
é: “a capacidade que a empresa possui, de acordo com sua estrutura de custos
fixos, para implementar um aumento nas vendas e gerar um incremento ainda
maior nos resultados, ou para diminuir as vendas e produzir uma redução maior
nos resultados”.
Uma alavancagem operacional mais sensível é considerada mais
arriscada, uma vez que implica que as margens de lucro atuais são menos
seguras para o futuro. Custos fixos maiores levam a níveis mais altos de
alavancagem operacional; um maior grau de alavancagem operacional cria
sensibilidade adicional às mudanças na receita.
Embora isso seja arriscado, significa que todas as vendas realizadas após
o ponto de equilíbrio vão gerar maior contribuição para o lucro; com menos custos
variáveis em uma estrutura de custos com alto nível de alavancagem operacional,
esses custos variáveis sempre reduzem a produtividade agregada e as perdas por
falta de vendas.

Saber mais
Para melhor compreensão do assunto, acesse o artigo “Custos logísticos:
uma visão gerencial”, que trata dos custos logísticos na visão gerencial, disponível
em: <http://www.ilos.com.br/web/custos-logisticos-uma-visao-gerencial/>.

Os ganhos logísticos de vantagens competitivas são as condições que


permitem s uma empresa ou país produzir um bem ou serviço a um preço mais
baixo ou de forma mais desejável para os clientes. Essas condições permitem que
a entidade produtiva venda mais ou tenha margens superiores em relação à

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concorrência. Essas vantagens competitivas são atribuídas a uma variedade de
fatores, incluindo estrutura de custos, marca, qualidade de oferta de produtos,
rede de distribuição, propriedade intelectual e suporte ao cliente.

TEMA 4 – OS MÉTODOS DE CUSTOS

Em todos os processos de uma organização, os custos logísticos são


fatores considerados críticos. Isso é ainda mais importante quando se discute
dimensão geográfica e infraestrutura para o transporte, desafios relacionados ao
produto ou ao serviço. Por isso, as organizações procuram revisar gerencialmente
suas práticas, através de métodos que possam mensurar os custos e auxiliar no
processo gerencial na tomada de decisão. Os métodos de custos que as
empresas usam geralmente são determinados pelo produto produzido ou pelo
serviço prestado. Quais são os tipos de métodos de custo? Temos custos-
padrão, custos ABC e custos de projeto.
Os custos-padrão envolvem a manutenção do material, A mão de obra e a
carga anual de custos iguais. Quaisquer custos que são maiores ou menores do
que os custos-padrão são registrados como variações de custos. Segundo
Rebelatto (2004), “o sistema de custos-padrão somente fornecerá informações se
estiver acoplado a outro sistema de custeamento, que tenha base em custos
reais”.
Os custos ABC, ou cálculo de custos baseados em atividades, tentam
alocar custos para um produto ou serviços com base nas atividades que entram
no produto ou serviço. Por exemplo, os custos do departamento de Produção
podem ser alocados para uma parte com base no número total de funcionários
envolvidos na elaboração de um produto. Isso faz sentido porque, quanto mais
funcionários, será preciso mais tempo de produção.
Os custos associados ao projeto são mantidos separados e acumulados.
Exemplos de aplicação para esse tipo de método são os fabricantes de aviões, de
navios etc. O método de custos utilizado em uma determinada empresa
dependerá do tipo de produto ou serviço, do montante que a administração está
disposta a gastar em um sistema de custos e dos requisitos da administração.
A maioria das empresas usam o custo-padrão, pois é o menos dispendioso
de implementar e de manter, podendo resultar em custos razoavelmente precisos.
No entanto, não é o sistema mais preciso, porque o resultado é alocado como
porcentagem do trabalho direto ou do tempo da máquina.

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O custeio ABC pode resultar em um erro comum e caro para a logística. Os
pontos falhos do método por absorção são muitos; cabe mencionar sua falta de
colaboração para identificar e atuar sobre os custos, com ociosidade, retrabalho,
perdas e desperdícios. Sem falar na alta subjetividade do que é apresentado como
margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança.
Os custos por atividade têm por foco estabelecer quanto custa (R$) realizar
as atividades necessárias para fazer algo interna ou externamente à organização.
Adotá-la tem por consequência reorientar a gestão da empresa por função para
situar processos de negócio. O Custeio ABC, portanto, tem a ver com uma outra
maneira de ver, fazer e precificar o funcionamento da organização. Deve-se
orientar pelo cliente, pelo que é valorizado por ele, e quanto custa o nível de
atendimento e relevância desejados. Isso traz desdobramentos para a empresa
como um todo. As atividades são reconhecidas através das áreas funcionais e
não são restritas a cada área. Os processos passam de informais e não
gerenciados para formais e gerenciados. A transparência e a constância passam
a demandar menor esforço.
A desatenção a esses e a outros aspectos vinculados ao custeio ABC e ao
BPM (Gerenciamento de Processos de Negócios) são um erro comum e caro para
a Logística. Pode-se errar na aplicação, na compreensão da lógica e do método.
Adotar ou não o custeio ABC usando a lógica por absorção e de gestão por
função, apesar de ser caro demais, é mais comum do que seria aceitável a essas
“alturas do campeonato”, em tempos digitais. Um dos problemas centrais em
custos, e outros tantos temas da gestão, inovação e competitividade empresarial,
é de conceito e aplicação, o que felizmente pode ser corrigido por uma
colaboração ágil. Assim, é possível operar com custos melhor declarados,
conhecidos e mais facilmente controlados.
O custo ABC pode ser muito mais preciso do que os custos-padrão, mas
também pode ser mais caro para implementar e manter, apresentando falhas,
como observamos até aqui. Um bom sistema ABC apresenta os custos reais para
o trabalho direto e indireto relacionados ao produto. Isso é alcançado pelos
funcionários marcando o tempo real de produção na manufatura do produto;
nesse âmbito, os direcionadores de custo ou de atividades são usados para alocar
custos, ao invés do uso de porcentagens.

TEMA 5 – CONHECIMENTO SOBRE OS CUSTOS OPERACIONAIS

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As empresas devem procurar avaliar a natureza do mercado e suas
prioridades competitivas. Além disso, os gestores devem definir o nível de
conhecimento necessário e suficiente, através das informações de custos, pois a
importância dos custos logísticos no entendimento das operações organizacionais
se dá pelo conhecimento dos níveis: operacional, suporte à tomada de decisão e
planejamento estratégico.
Muitos problemas surgem quando analisamos a forma como os modelos
de gerenciamento de custos (métodos de cálculo de custos tradicionais e
baseados em atividades) pode suportar o gerenciamento de operações e sua
viabilidade na adequação da gestão baseada em atividades. Afinal, uma
estratégia competitiva centrada no custo logística é eficaz na gestão estratégica
empresarial.
Para as empresas serem rentáveis numa determinada economia, devem
ter pleno conhecimento de que suas decisões agregam valor para todas as partes
interessadas, tanto no ambiente interno quanto no externo. A simples informação
sobre os custos não é suficiente para determinar a rentabilidade da organização,
pois há métodos de gestão que lidam com critérios de qualidade, flexibilidade
produtiva e inovação.

Figura 2 – Etapas para uma empresa ser inovadora

A Figura 2 demonstra as etapas para uma empresa ser inovadora, o que


leva muitas empresas a desenvolver e planejar sistemas de custeio baseados em
atividades, com o objetivo de fornecer novas ferramentas para o gerenciamento
estratégico de custos logísticos. É necessário criar regras e padrões para

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coordenar os processos e as atividades logísticas na organização, estabelecendo
indicadores para gerenciar decisões relacionadas a:

 Compra de matérias-primas;
 Custos de mão de obra por atividades;
 Planejamento e controle do processo e da qualidade;
 Desenvolvimento de novos produtos;
 Melhoria de processos e atividades que agreguem valor;
 Rentabilidade por produto e regional.

Vejamos um exemplo sobre a importância de conhecer os custos logísticos.


Na indústria automotiva, existem responsabilidades importantes quanto à questão
de fornecimento, visando atender às demandas dos clientes e melhorar os
processos de negócios. Ao mesmo tempo, é preciso pensar em reduzir os custos.
Essas demandas podem interromper as operações das empresas que não
possuem um sistema estratégico de controle dos custos logísticos. Por outro lado,
as demandas dos clientes podem ser a causa de outros tipos de interrupções nos
processos empresariais, em decorrência de um foco excessivo na redução de
custos.
O planejamento busca determinar como diferentes demandas dos clientes
ao longo da cadeia de suprimentos podem afetar os processos de negócios dos
fornecedores e o nível dos custos logísticos, pois muitas empresas que utilizam
um sistema de controle de custos logísticos apresentam menos interrupções em
seus processos de negócios, mantendo como foco seus esforços para satisfazer
as demandas dos clientes.
Esse tipo de setor também apresenta um maior nível de integração dos
processos de negócios, e usa uma abordagem diferente ao lidar com os vários
participantes da cadeia de suprimentos. É através do estabelecimento de
diretrizes claras de participação para fornecedores na cadeia de suprimentos da
indústria automotiva que ressaltamos os benefícios no uso de um sistema para
controlar os custos logísticos.
As mudanças na compreensão e organização da cadeia logística produzem
fortes relacionamentos entre parceiros no mundo empresarial envolvidos em
muitos setores diferentes. Somamos a isso as novas obrigações e
responsabilidades na construção de uma cadeia logística eficiente, pois as várias
demandas dos clientes podem diminuir devido a altos custos logísticos.

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A estratégia é manter-se a toda velocidade com o conhecimento da cadeia
logística. Dessa maneira, as empresas ficam atentas às mudanças, prevenindo-
se através de planos estratégicos. Incorporar o conhecimento na organização é
atualizar requisitos essenciais para manter a qualidade da cadeia logística, de
modo a continuar na competição dos negócios com vantagem de desempenho
financeiro e operacional.
Alguns conhecimentos aplicados em custos logísticos merecem prioridade
em termos estratégicos, gestão e pessoas. São eles:

 Entender que o benchmarking pode elevar o desempenho de melhores


níveis, reduzindo os custos em até 50%.
 Evitar armadilhas e desenvolver uma estratégia eficaz na cadeia logística,
que seja alinhada e integrada, de modo a beneficiar a organização com a
redução dos custos comerciais, com a elevação dos níveis de atendimento
ao cliente e com aumento de lucratividade (forte incentivo para melhorar
competências estratégicas).
 Fazer parceria com um operador logístico ou fabricante externo não é um
empreendimento "aprender como você deve agir"; afinal, uma vez que um
acordo de terceirização é promulgado, o surgimento de fatos anteriormente
desconhecidos e desagradáveis será um obstáculo, na melhor das
hipóteses.
 Um processo bem executado de planejamento de vendas e operações
pode ser fundamental na condução dos fatores de desempenho da cadeia
logística.
 Buscar conselhos jurídicos e usar os serviços de profissionais para
examinar potenciais acordos, reduzindo os riscos de exposição da
empresa.
 Buscar recursos para investir em TI e otimizar a cadeia logística.

Manter o conhecimento sobre os custos é envolver os serviços de


consultores na cadeia logística, usar recursos on-line para propagar as
informações empresariais mais recentes e participar de exposições, de eventos e
de conferências.
Seja qual for o orçamento de treinamento e desenvolvimento de uma
empresa, é através do conhecimento dos custos logísticos que os executivos,
gerentes e funcionários atualizados poderão competir no mais alto nível.

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FINALIZANDO

Resumindo, entendemos que os custos logísticos são definidos de forma


diferente por empresas diferentes. Não existe uma definição genérica para custos
logísticos, mas todas as empresas precisam definir os seus custos logísticos para
que o “indicador chave de desempenho” da organização possa rastrear os pontos
para reduzir os custos.
Sabemos que, numa rede logística entre uma empresa e seus
fornecedores, para produzir e distribuir um produto específico, a cadeia logística
representa os passos necessários para obter o produto ou serviço para o cliente.
O gerenciamento da cadeia é um processo crucial, porque uma cadeia logística
otimizada resulta em custos mais baixos num ciclo de produção mais rápido.
A estrutura de custos é uma variável significativa para determinar a
rentabilidade, pois a estrutura de custos de uma empresa está alinhada com a
decisão do investimento. Ressalta-se também que as vantagens competitivas são
atribuídas a uma variedade de fatores, incluindo estrutura de custos, marca,
qualidade de oferta de produtos, rede de distribuição, propriedade intelectual e
suporte ao cliente.
Destacamos que as organizações procuram revisar gerencialmente suas
práticas através de métodos que possam mensurar os custos e auxiliar no
processo gerencial na tomada de decisão. Concluímos que os gestores devem
definir o nível de conhecimento necessário e suficiente através das informações
de custos, pois a importância dos custos logísticos no entendimento das
operações organizacionais se dá por meio do conhecimento dos níveis
operacionais, do suporte à tomada de decisão e do planejamento estratégico.
E você? Já pensou nos custos logísticos da sua empresa?

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REFERÊNCIAS

COMO funciona o fluxo de custos de fabricação. Toptipfinance. Disponível em:


<https://pt.toptipfinance.com/supply-chain>. Acesso em: 2 abr. 2018.

DOWNES, J.; GOODMAN, J. E. Dicionário de termos financeiros e de


investimento. São Paulo: Nobel, 1993.

FARIA, A. C.; COSTA, M. F. Gestão de custos logísticos. 1. ed. São Paulo:


Atlas, 2010.

GONÇALVES, P. S. Logística e cadeia de suprimentos: o essencial. São Paulo:


Manole, 2013.

GUIMARÃES NETO, O. Análise de custos. Curitiba: Iesde, 2012.

GURGEL, F. do A. Logística industrial. São Paulo: Atlas, 2000.

MORAIS, R. Logística empresarial. Curitiba: InterSaberes, 2015.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: Iesde, 2012.

REBELATTO, D. Projeto de investimento. São Paulo: Manole, 2004.

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