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Introdução/Justificativa
A produção agroecológica no município de Itatiba do Sul tornou-se atividade econômica no
início dos anos 2000. Hoje, no município de Itatiba do Sul, tem em torno de 35 famílias produzindo
e comercializando seus produtos orgânicos, divididas em 3 grupos de famílias produtoras:
Derrubadas, Pitanga Alta e Sete Lagoas. Destas, 23 famílias são certificadas pelo Organismo
Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC) da Rede Ecovida de Agroecologia,
outras 12 famílias estão em processo de transição para a certificação orgânica.
Essas famílias contam com assistência técnica desenvolvida pelo Centro de Tecnologias
Alternativas Populares (CETAP), com subsídio do município por meio de convênio, além de auxílio
financeiro para compra de sementes e insumos, e vários outros programas desenvolvidos pela
Administração Municipal através da Secretaria Municipal da Agricultura, que auxiliam na
viabilização da produção, transporte e comercialização dos produtos orgânicos. A comercialização
dos produtos orgânicos é feita diretamente ao consumidor final com a viabilização do transporte e
entrega realizados pela Associação Regional de Cooperação e Agroecologia (Ecoterra).
1 Naquela época, o Sindicato Municipal de Trabalhadores Rurais, em conjunto com o CETAP e o Movimento dos
Pequenos Agricultores (MPA), organizou 6 grupos de famílias agricultoras para receberem assessoramento técnico com
foco na agroecologia, tendo como base as seguintes ações: recuperação de solo; cobertura do solo; combate aos
agrotóxicos e transgênicos; produção de sementes crioulas; consumo alimentar das famílias; e manejos agroecológicos.
Nesse momento, as famílias se desafiaram a olhar para um novo formato de produção como forma de reduzir os custos
de produção e visualizar a melhoria de sua qualidade de vida e de sua geração de renda. (ANA, 2021).
carro chefe a produção de fumo, em sistema de integração, que exige grande gasto de tempo e de
energia dispendida pelas famílias na cultura, além da utilização de um pacote químico pré-definido
pela assistência técnica, o que gerava uma grande preocupação no município. (ANA, 2021).
Cabe destacar que as ações de políticas públicas criadas neste município ganham relevante
notoriedade a nível nacional a partir da sistematização das ações, feita pela Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA), que na prática funciona como uma “rede de redes”, sendo um importante
espaço de:
Objetivo
O presente trabalho têm como objetivo ressaltar a importância do incentivo à produção agro-
ecológica por parte do poder público municipal e das ações de Extensão Rural desenvolvidas pelo
conjunto de atores que atuam no município de Itatiba do Sul, que reflete diretamente na melhoria da
qualidade de vida, aumento de renda e permanência das famílias no meio rural, além de contribuir
para a minimização dos impactos ambientais causados pela produção convencional, especialmente a
produção de grãos que se alastra rapidamente na região.
Metodologia
Este relato foi elaborado a partir de uma pesquisa exploratória, orientado por uma revisão bi-
bliográfica sobre o processo de formulação e implementação de políticas públicas e a interação en-
tre as instituições envolvidas no contexto da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), tanto
por parte da Secretaria Municipal da Agricultura quanto por parte do Centro de Tecnologias Alter-
nativas Populares.
Dessa forma, Maio e Grando (2016) sugerem que os aspectos complementares desta aborda-
gem qualitativa “seguem as características impostas pela ciência política e políticas públicas, procu-
rando caracterizar a racionalidade da formulação e implementação, através do poder público, das
políticas públicas”, resultando na articulação para a resolução das desigualdades sociais e dos possí-
veis conflitos gerados na (re)distribuição de recursos, voltados especialmente, para atender as de-
mandas concretas dos agricultores familiares de base ecológica do município de Itatiba do Sul.
Resultados
A produção agroecológica no município de Itatiba do Sul tem gerado renda e melhor quali-
dade de vida às famílias envolvidas, tornando uma opção viável em relação à monocultura e êxodo
rural ainda no início dos anos 2000, especialmente a partir das políticas públicas criadas nos últimos
seis anos neste município, que “são a maneira pela qual o governo atua para gerir o Estado, dialo-
gando e se posicionando entre os diferentes conflitos de interesse, e para garantir qualidade de vida
para a população ou a sociedade civil”. (SARAH et. all, 2021, p. 19).
A seguir (Tabela 1), apresentamos as principais políticas públicas criadas pelo Poder Público
a partir do ano de 2017 como incentivos à agroecologia no município de Itatiba do Sul, refletindo
positivamente na fixação das famílias no campo e no aumento da oferta de alimentos orgânicos
comercializados, em especial no último mês de junho (Tabela 2).
Tabela 1: Políticas públicas criadas no município de Itatiba do Sul a partir de 2017.
Políticas Públicas Descrição
Inclusão produtiva Essa iniciativa visa estimular a implantação e regularização de agroindústrias
com segurança familiares a fim de gerar emprego e renda, melhorar as condições de vida da
sanitária e incentivo à população local e aumentar a arrecadação ao erário municipal.
agroindústria familiar
Incentivo à produção O incentivo prevê um auxílio financeiro para aquisição de insumos, sementes e
e comercialização de equipamentos, para as unidades de produção. Além disso, no ano de 2022, o
alimentos município passou a disponibilizar recursos para a construção de carregadores ou
agroecológicos estaleiros de frutas em 05 unidades produtivas.
Incentivo à adubação Objetivando melhorar a produtividade do solo, o Poder Executivo subsidia o
orgânica transporte de adubo orgânico através da compra Direta do Agricultor.
Incentivo à O município de Itatiba do Sul, em 2022, elegeu 10 unidades produtivas com o
armazenagem da água maior deficit de água e está construindo cisternas com capacidade de 35.000 L de
da chuva água. Cabe a unidade produtiva colocar as calhas até a cisterna.
Programa Nacional de Em Itatiba do Sul, 46% do valor do PNAE é destinado para compras diretas da
Alimentação Escolar agricultura familiar, sendo que dentre esses, 80% é compra de produtos
(PNAE) agroecológicos, ou seja, de unidades de produção certificadas.
Central de recebimento e comercialização de produtos orgânicos: localizada no
Centro do município, para recebimento dos produtos das/os agricultoras/es da
Ecoterra.
Concessões de uso de
Agroindústria Flor de Pitanga: localizada no interior do município, na comunidade
espaços físicos em
de Pitanga Alta, para beneficiamento e o processamento de produtos
apoio à agroecologia
agroecológicos de origem vegetal. A concessão foi realizada a um grupo de
mulheres agroecologistas que possuem certificação orgânica pela Ecovida e
inspeção sanitária estadual para os produtos.
Referências
ANA – Articulação Nacional de Agroecologia. Agroecologia nos municípios. Disponível em:
<https://agroecologia.org.br/agroecologia-nos-municipios/>. Acesso em: 14 de julho de 2022.
Maia, Cláudio Machado e Grando, Johnny Luiz. Metodologia para definição de tipologias de
políticas públicas, para entender a elaboração, implementação e avaliação. Revista do
Desenvolvimento Regional – Faccat. Taquara/RS: V. 13, n. 2, jul./dez. 2016.
SARAH, Moreira et. all. Estado e políticas públicas. Coleção Agroecologia e políticas públicas:
subsídios para a incidência nos municípios. Câmara Brasileira do Livro, SP. 2021.