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Doenças da cultura do alho

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As doenças que atacam a cultura do alho podem ser separadas em dois grupos, as que
ocorrem no solo atacando os bulbos e as raízes e as foliares.

Podridão-branca
Causada pelo fungo Sclerotiumcepivorum. Berkeley apresenta como sintomas iniciais de
desenvolvimento uma necrose ou queima descendente, com amarelecimento e morte
das folhas mais velhas. Em função disso, as plantas apresentam reduzida atividade
fotossintética e, consequentemente pouco desenvolvimento.

O fungo, que ataca diretamente as raízes, causando apodrecimento, pode sobreviver no


solo, por um período de até 10 anos, na forma de escleródios. Estas estruturas,
identificadas como pequenos pontos pretos (Figura 15 A) germinam e desenvolvem
em condições de baixa umidade e temperatura na faixa de 10º a 20ºC; temperaturas
superiores reduzem seu desenvolvimento. A principal característica visual da incidência
nos bulbos é o recobrimento por um micélio branco, onde os escleródios são formados
(Figura 15 B). Outra característica da doença é o ataque em reboleiras (Figura 15 C).

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Figura 15. A) Escleródios de Sclerotiumcepivorum; B) Micélio característico da doença; C)
Ataque em reboleiras. Fotos: Lenita Lima Haber; José Luis Pereira.

O fungo pode ser disseminado por meio dos bulbos infectados, da água de irrigação, de
ferramentas e maquinários utilizados em áreas infestadas e, em embalagens utilizadas
para transporte dos bulbos. O controle preventivo, como plantio de alho-semente
oriundo de regiões onde não há incidência da doença, tratamento do alho-semente com
fungicidas específicos, a solarização das áreas infectadas e a rotação de cultura por
longos períodos são as medidas mais indicadas para o manejo da doença, que pode
inviabilizar o cultivo do alho caso não seja controlada.

Fusariose (podridão-seca)
Causada pelo fungo Fusariumoxysporum f. sp. Cepae. Snynder& Hans, a fusariose ocorre

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em ambiente úmido e quente. Danos mecânicos e ou ferimentos no alho-semente
favorecem a entrada do fungo que, uma vez instalado, atinge o sistema vascular da
planta, provocando os sintomas de amarelecimento e murchamento das folhas, que
tendem a curvar para baixo. Nos bulbos, é formada uma depressão em um dos lados,
indicando o desenvolvimento do fungo, que internamente desenvolvem-se formando
um micélio branco (Figura 16). Como medidas de controle recomenda-se o plantio de
sementes sadias; eliminação de bulbilhos chochos, com danos mecânicos ou com
indícios de infestação; tratamento químicos dos bulbilhos antes do plantio; arranqio e
queima de plantas infectadas; e, rotação de culturas.

Figura 16. Sintomas de Fusarium oxysporum em bulbilhos de alho. Foto: Carlos Alberto
Lopes

Raiz rosada
O fungo Pyrenochaeta terrestres ataca somente o sistema radicular das plantas, que tem
seu desenvolvimento prejudicado em decorrência dos sintomas desenvolvidos. A
princípio, as raízes infectadas ficam rosa claro, depois escurecem para vermelho ou
roxo, murcham e morrem. A mudança da coloração das raízes varia em função da
severidade e do tempo de infestação, ficando mais escura à medida que a doença
progride, sendo caracterizado como principal sintoma para identificação da doença. As
plantas infectadas são facilmente arrancadas do solo, pois possuem pequena
quantidade de raízes, o que leva também a uma redução do tamanho dos bulbos. Não é
uma doença de grande importância para a cultura e seu desenvolvimento está
relacionado à ocorrência da fusariose, que funciona como porta de entrada para o
fungo. Recomenda-se o controle preventivo, pois uma vez instalado no solo torna-se
difícil erradica-lo. A rotação de culturas, principalmente com gramíneas, a solarização e o
uso de sementes sadias são algumas medidas que podem ser adotadas.

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Mancha púrpura
Também conhecida por alternaria, é uma doença causada pelo fungo Alternaria porri
(Ellis) Ciff. É considerada como uma das doenças mais importantes da cultura, podendo
ocorrer em todas as áreas de produção no Brasil e, se não controlada pode causar
perdas superiores a 50% da lavoura, e dependendo do grau de infestação, pode acabar
com a lavoura em pouco tempo, uma ez que seu ciclo é curto, em torno de 4 dias (Figura
17).

Figura 17. Lavouras afetadas por alternaria. Fotos: José Luis Pereira.

Os primeiros sintomas da doença são caracterizados por manchas brancas, de pequeno


tamanho e formato irregular. Com o avanço da doença, essas manchas evolem em
termos de coloração, passando ao amarelo e depois para a cor púrpura. Quando
severamente afetadas, as folhas tendem a murchar e enrugar, do ápice para baixo.
(Figura 18).

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Figura 18. Desenvolvimento da alternaria. Fotos: Lenita Lima Haber; José Luis Pereira

A doença tem seu desenvolvimento favorecido em condições de elevadas umidade


relativa do ar (acima de 90%) e temperatura, na faixa de 21º a 30º C. O manejo
inadequado da cultura, como a deficiência de nitrogênio e a fitotoxicidade por
defensivos ou adubos foliares, o ataque de tripes e ainda a ocorrência de geadas podem
causar ferimentos que favorecem a entrada do fungo e consequentemente maior
disseminação da doença. O controle químico com o uso de fungicidas específicos para a
doença e recomendados para a cultura deve ser feito no bulbilho antes do plantio e, de
forma preventiva e periódica ao durante todo o ciclo do alho. No entanto, outras
medidas preventivas devem ser adotadas, como a rotação de culturas; a eliminação de
restos culturais, tanto na lavoura como próximo aos galpões de armazenamento, haja
visto que estas plantas podem constituir fonte de inoculo pela prolongada sobrevivência
do fungo (até um ano); e, a aração profunda da área de plantio, que tende a reduzir a
quantidade de inóculo no solo.

Ferrugem
Ocasionada pelo fungo Pucciniaallii (D.C.), a ferrugem é considerada uma das mais
importantes doenças foliares do alho, e pode ocorrer em qualquer fase
de desenvolvimento da cultura. Os sintomas iniciais nas folhas são pontuações
esbranquiçadas no limbo foliar, que evoluem para pústulas pequenas, circulares e de
coloração alaranjada e, quando do rompimento da cutícula, expõe uma massa
pulverulenta, de coloração amarela (Figura 19). À medida que a doença evolui, essa
massa passa a apresentar coloração castanho escura ou preta.

Figura 19. Sintomas da ferrugem na cultura do alho. Fotos: Francisco Vilela Resende.

A doença se desenvolve melhor em condições de alta umidade relativa do ar, baixo


índice pluviométrico e temperaturas amenas, na faixa de 15º a 24ºC, podendo ser inibida
em quando exposta a temperaturas abaixo de 10º e acima de 24ºC. Condições
inadequadas de cultivo, como solos compactados e de baixada, desiquilíbrio nutricional
principalmente quanto ao excesso de nitrogênio e a permanecia de restos culturais
também favorecem o desenvolvimento da doença.

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O uso de fungicidas é a principal medida de controle da doença, principalmente na
região Sul do país, onde as temperaturas são mais amenas. No entanto a rotação de
culturas, a manutenção de uma adubação equilibrada e a eliminação de plantas e
bulbilhos remanescentes são medidas que também devem ser adotadas.

Queima bacteriana ou bacteriose do alho


Quatro espécies do gênero Pseudomonas causam a queima bacteriana no alho, no
entanto, a que ocorre em quase todos os Estados produtores (Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), incluindo as regiões do Cerrado, é a
Pseudomonas marginalis pv. Marginalis. A doença tem seu desenvolvimento favorecido
em condições de alta umidade relativa do ar (acima de 85%) e temperaturas entre 6º e
37ºC, sendo a faixa entre 26º e 30ºC, considerada como ótima. Além das condições
climáticas favoráveis, o surgimento da doença está associado ferimentos e/ou stress
causados pela aplicação de defensivos químicos, principalmente herbicidas de pós-
emergência.

Produz uma clorose ao longo da nervura central, seguida de amolecimento e


escurecimento da lesão, caracteriza o primeiro sintoma da doença (Figura 20 A), que à
medida de sua evolução, causam murchamento e secamento das folhas (Figura 20 B).
Um sintoma de queima pode também ocorrer e iniciar nas bainhas das folhas e se
estender para a parte aérea, dando à planta um aspecto de queima por herbicida ou
fogo. No bulbo, os sintomas podem ser visualizados na túnica, que passa a adquirir uma
coloração escura e, os bulbilhos mostram sinais de apodrecimento, passando a adquirir
coloração creme (Figura 20 C).

Figura 20. Sintomas de bacteriose em folhas (A e B) e bulbos de alho (C). Fotos: Carlos
Alberto Lopes (1) e Francisco Vilela Resende (2).

Medidas de controle integrado, que abrangem desde o plantio até a comercialização,


devem ser adotadas para o controle da bacteriose do alho. O uso de alho-semente sadio
e o controle da irrigação são medidas importantes, uma vez que as sementes podem
disseminar o patógeno por longas distancias e a água de irrigação o espalha dentro da
lavoura. Outras medidas recomendadas são:

evitar o plantio em áreas com baixa capacidade de drenagem de água;


evitar o encharcamento do solo após a diferenciação do bulbo;

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manter uma adubação balanceada, restringindo adubações nitrogenadas
realizando-as somente quando necessário;
eliminar as plantas doentes;
prevenir danos mecânicos que possam servir de entrada para a doença;
realizar rotação de culturas;
queimar os restos culturais após a colheita e beneficiamento.

O uso de produtos químicos é contraditório, pois aqueles a base de cobre e suas


misturas não vêm apresentando resultados efetivos, podendo ainda causar fitotoxicidez
às plantas e, a aplicação de antibióticos para o controle da doença pode ser inviabilizado
pela baixa sensibilidade que a bactéria apresenta a essas substâncias.

Mofo azul
Caracteriza-se pela rápida perda de peso dos bulbos, os quais ficam chochos em função
do processo de deterioração dos bulbilhos. A parte externa pode ou não
manifestar sintomas, no entanto, quando debulhados, percebe-se um mofo de cor azul
(Figura 21). Os bulbilhos infectados (sem sintomas aparentes) e usados para o plantio
desenvolvem lesões que amolecem e ficam recobertas pelo mofo azul e rapidamente
morrem. As plantas que superam a doença tem seu desenvolvimento comprometido,
formando bulbos de menor tamanho.

Figura 21. Bulbo de alho atacado por Penicillium spp. Foto: Carlos Alberto Lopes e Marco
Antônio Lucini.

O fungo é disseminado pelo ar e, para que ocorra a infecção é necessário que haja
ferimentos nos bulbilhos. Temperaturas na faixa de 20º a 30ºC favorecem o
desenvolvimento da doença. O tratamento dos bulbilhos com fungicidas; a debulha
manual, a fim de reduzir danos mecânicos nos bulbilhos; o plantio e a colheita no tempo
certo e armazenamento apropriado são medidas de controle da doença.

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