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Seca da Mangueira

Autor(es): Selma Cavalcanti Cruz de Holanda Tavares

A infecção pode acontecer através da copa ou das raízes. Quando ocorre através da
copa, a seca da planta inicia-se pelos galhos finos da parte externa, progredindo
lentamente em direção ao tronco, até atingi-lo, matando toda a planta. O fungo só
consegue infectar a copa se for introduzido. Desta forma, o principal disseminador é
um besouro, normalmente encontrado sob o córtex de galhos e troncos. Os
sintomas são amarelecimento, murcha e seca dos galhos, que geralmente têm
início num ramo da extremidade da copa. Os sintomas da seca da mangueira ou
mal-do-Recife (causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata) podem ser confundidos
com os causados por outro fungo denominado Lasiodiplodia theobromae e vice-
versa. A diferença está na infecção de fora para dentro do lenho, causada pelo
último, e de dentro do lenho para fora, quando causada pelo primeiro.

O controle preventivo mais coerente é através da medida de exclusão, ou seja, com


auxílio de medidas legais de Defesa Vegetal, para impedir que a doença entre em
áreas ou regiões isentas do problema. Como exemplo de medida de exclusão,
recomenda-se impedir o transporte e a recepção de mudas produzidas em locais
onde a doença ocorre para locais em que não ocorre. O monitoramento do pomar
com visitas periódicas, principalmente nos meses de maior precipitação e calor, é
uma medida conveniente.

As práticas culturais iniciam-se com a aquisição de mudas de locais ou regiões onde


não ocorre a doença. Em locais isentos do problema, mas sob risco, como acontece
no Vale do São Francisco, ao ser observada alguma ocorrência, recomenda-se a
eliminação da planta infectada, retirando-se todas as raízes, e queimando-as
imediatamente. No local da planta eliminada, suspender a irrigação, colocar cal e
manter o solo limpo, sem vegetação, durante um tempo ainda não determinado,
mas, por precaução, orienta-se que sejam anos.

Em locais onde a doença já ocorre, as infecções via parte aérea são resultantes da
disseminação através do vetor. Neste caso, o controle consiste em eliminar os
galhos e ramos doentes 40 cm abaixo do local infectado, devendo o produtor
certificar-se da sanidade do ramo que vai permanecer na planta. Para tanto, deve
guiar-se pela coloração clara do lenho e pela ausência de estrias escuras no seu
interior. Caso contrário, a poda deverá ser feita mais abaixo. Os galhos podados
devem ser imediatamente queimados, a fim de evitar que os besouros infectados
sejam liberados e que outros besouros incidam. Deve-se pincelar o local de poda
com uma pasta cúprica + carbaril, a 0,2%. As ferramentas de poda devem ser
imediatamente desinfetadas com uma solução de hipoclorito de sódio (água
sanitária) a 2%, para evitar a transmissão do fungo a outras plantas.

O controle da infecção, via sistema radicular, só é possível mediante porta-enxertos


resistentes. O único impasse é o número de raças que o fungo apresenta, podendo
uma cultivar de mangueira, resistente numa região, comportar-se como suscetível
em outra, dependendo da raça do fungo que prevalece naquele local. A variedade
de porta-enxerto Jasmim é considerada resistente a várias raças do fungo, embora
seja suscetível a uma outra raça encontrada em Ribeirão Preto-SP. Outros estudos
têm apontado as cultivares Carabao e Manga D´agua como resistentes. A
variedade Espada é um pouco tolerante e a Coquinho, muito suscetível. Os
resultados de avaliação das copas, de um modo geral, apresentam alguma
tolerância para as cultivares Rosa, Sabina, São Quirino, Oliveira Neto, Espada,
Jasmim, Keitt, Sesation, Kent, Irwin e Tommy Atkins.
A manga é fruta nativa da Ásia, mais precisamente da Índia, por volta
de 1700, segundo Pimentel Gomes, o Brasil, ou melhor, a Bahia, recebeu as
primeiras mudas de mangueiras indianas.

A fruta foi amplamente disseminada no Brasil. De acordo com Pio


Corrêa, a mangueira foi a árvore asiática que melhor se adaptou ao clima
brasileiro, produzindo inúmeras variedades, tornando-se quase obrigatória
na paisagem do norte e do nordeste do país, e sendo facilmente
encontrada em cultivo na Amazônia e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Seca-da-mangueira ou mal do Recife

No Brasil, esta doença foi assinalada pela primeira vez em 1938, no Estado de
Pernambuco, e denominada de mal-do-recife, acreditasse que o besouro vetor.

Posteriormente, foi constatada em mangueiras dos Estados de São Paulo, Bahia,


Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal. A seca-damangueira pode
causar o declínio de pomares de mangueira, como ocorrido em Jardinópolis-SP, onde
dizimou pomares das cultivares Haden e Bourbon nas décadas de 50 e 60. No Brasil,
diversas outras regiões produtoras sofreram prejuízos vultosos em conseqüência da
morte de milhares de plantas em pomares comerciais. Ceratocystis fimbriata é agente
causal de doenças em diversas plantas lenhosas e algumas herbáceas como, por
exemplo, em acácia negra, batata-doce, cacau, café, citrus, eucalipto, figo, seringueira,
cenoura, alface e pinha.

Dentre as doenças que ocorrem em mangueiras, a seca-da-mangueira, causada por


Ceratocystis fimbriata,
(A) Seca do ramo causada por Ceratocystis fimbriata; (B) Escurecimento do tronco da
mangueira devido à colonização por C. fimbriata; (C) Mangueiras mortas; (D) Presença
de pequenos orifícios próximos as lesões feitas por coleobrocas.

Está entre as mais importantes, pois pode levar à morte de plantas

Sintomas

O sintoma mais típico da doença consiste em seca, iniciada a partir de ramos mais finos
do dossel, que progride lentamente em direção ao tronco da mangueira causando o
anelamento e a morte da planta. O quadro da doença em planta no campo caracteriza-se
pelo surgimento de sintomas de amarelecimento de folhas, murcha e seca dos galhos
afetados onde as folhas secas e de coloração palha ficam presas, contrastando com
galhos sadios no dossel da mangueira. O sintoma é, principalmente, constatado nas
secções transversais de ramos e troncos infectados, na forma de estrias radiais escuras,
partindo da medula em direção ao exterior do lenho e/ou da periferia do lenho para a
medula. Quando os sintomas se desenvolvem da periferia para a medula, a doença pode
ser causada por Lasiodiplodia theobromae e não por C. fimbriata. Embora menos
comum, o sintoma da seca-da-mangueira pode iniciar a partir de infecções pelas raízes,
sem deixar sinais perceptíveis até a ocorrência de morte repentina da mangueira.

Ciclo da doença e epidemiologia


O fungo sobrevive nos ramos secos, no solo e em diversas plantas que são hospedeiros
naturais. A ocorrência de lesões na parte aérea pode estar associada com a dispersão do
patógeno por pequenos besouros (coleobrocas) dos gêneros Hypocryphalus, o qual têm
um papel importante na disseminação da doença. A broca-da-mangueira, H. mangiferae
é o principal vetor de C. fimbriata, sendo esse inseto específico da mangueira.

AGENTE TRANSMISSOR

Foto: http://www.barkbeetles.info/regional

Besouro – Broca (Hypocryphalus mangiferae), mede cerca de 1 mm, na fase


de larva, penetra na região entre o lenho e a casca, abrindo numerosas
galerias. Seu ciclo de vida tem a duração de 17 a 30 dias. Nas condições
climáticas do Nordeste, as infecções ocorrem sempre na parte aérea da planta.
Com o progresso da doença, o odor que exala da lesão atrai e proporciona uma sucessão
de espécies de coleobrocas na árvore. Numerosos orifícios (1 mm) podem ser
constatados nos ramos e tronco da mangueira, dos quais há liberação de resinas e/ou
serragem que, após cortes longitudinais ou transversais, revelam estrias de cor marrom.
O fungo também é disperso através do solo aderido aos implementos agrícolas, pela
água de irrigação e, a longa distância, através das mudas contaminadas. Condições
ambientais com temperatura alta e períodos de precipitações prolongadas são condições
que favorecem a infecção e o desenvolvimento da doença.

cortes longitudinais ou transversais.

Controle

As medidas de controle da seca-da-mangueira consistem, primeiramente, na prevenção


da introdução do patógeno em áreas isentas, como evitar a introdução de mudas de
regiões onde já tenha sido constatado o problema. Portanto, a aquisição de mudas deve
ser feita em viveiristas idôneos e registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Em áreas onde já ocorre o problema, devem ser realizadas inspeções
periódicas do pomar para a eliminação de plantas doentes, reduzindo assim o inóculo e
disseminação da doença no pomar. Ramos afetados devem ser eliminados com a
realização de cortes a 40 cm de distância da região de contraste entre tecido sadio e
doente. Materiais infectados ou plantas mortas devem ser imprescindivelmente
queimados sem nenhuma restrição, enquanto as regiões podadas devem ser protegidas
com pasta cúprica (acrescida ou não de carbaril a 0,2%). Ferramentas utilizadas durante
a operação de remoção de ramos e partes de plantas afetadas devem ser desinfestadas
em solução de hipoclorito de sódio a 2%. A estratégia mais recomendada para conter a
seca-da-mangueira é a resistência genética, pois não há fungicidas registrados para o
controle dessa doença. Algumas variedades citadas como resistentes à doença e que
podem ser utilizadas como portaenxerto são: Carabao, Manga d’água, Pico, IAC 101
Coquinho, IAC 102 Touro, IAC 103 Espada Vermelha, IAC 104 Dura, Jasmim, Rosa,
Sabina, Oliveira Neto, São Quirino, Van Dyke, Keitt, Espada, Sensation, Kent, Irwin e
Tommy Atkins.

https://www.clickpb.com.br/cotidiano/mal-do-recife-podera-causar-extincao-das-
manguerias-na-bodopita-em-menos-de-2-anos-74198.html#:~:text=Uma%20doen
%C3%A7a%20conhecida%20por%20mal,espalhando%20por%20todo%20o%20Brasil.

http://manguefeliz.blogspot.com/2014/07/mal-do-recife.html

https://www.portalsaofrancisco.com.br/alimentos/manga-fruta

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