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11 principais doenças do feijão e como


controlá-las na lavoura
GRESSA CHINELATO - 8 DE OUTUBRO DE 2020

Atualizado em 4 de agosto de 2022

MANEJO DE DOENÇAS

Atualizado em 13 de junho de 2022.

Doenças do feijão: entenda os sintomas, o que causa cada uma delas,


condições favoráveis para a ocorrência e como controlá-las

O plantio do feijão no Brasil pode ocorrer em três safras. Mas, por conta das
condições climáticas, algumas doenças podem ocorrer de forma mais
intensa em uma safra que na outra.

Conhecer as doenças mais frequentes e saber como manejá-las é essencial


para garantir uma boa produção e, consequentemente, mais rentabilidade
com a lavoura.

Neste artigo, veja quais são os sintomas mais recorrentes das doenças do
feijão e como fazer o controle em sua propriedade. Confira!

Índice do Conteúdo

1 Doenças do feijão: incidência nas diferentes safras


2 1. Mosaico dourado do feijoeiro
3 2. Crestamento bacteriano comum no feijoeiro
4 3. Antracnose no feijão
5 4. Mancha angular do feijoeiro
6 5. Mofo-branco
7 6. Podridão radicular seca no feijoeiro
8 7. Podridão de raízes do feijoeiro
9 8. Ferrugem
10 9. Murcha ou amarelecimento de Fusarium
11 10. Nematoides
12 11. Oídio
13 Manejo integrado das doenças da cultura do feijão
13.1 Manejo cultural
13.2 Manejo genético
13.3 Manejo biológico
13.4 Manejo químico
14 Conclusão

Doenças do feijão: incidência nas diferentes safras


As doenças do feijoeiro podem ocorrer de forma mais ou menos acentuada
conforme a safra (primeira, segunda ou terceira).

De forma geral, as principais doenças do feijão são:

1. Mosaico-dourado;
2. Crestamento bacteriano comum;
3. Antracnose;
4. Mancha-angular;
5. Mofo-branco;
6. Podridão radicular seca;
7. Podridão de raízes;
8. Ferrugem;
9. Murcha ou amarelecimento de Fusarium;
10. Nematoides;
11. Oídio.
Na primeira safra, também chamada de safra das águas, a semeadura do
feijão acontece entre setembro e dezembro. Nela, há maior ocorrência de
doenças como antracnose, mofo-branco e crestamento bacteriano.

Na segunda ( janeiro a maio) e terceira safras (abril a julho), algumas doenças


como mancha-angular e mosaico-dourado são as de maior ocorrência e
dano.

Doenças de solo estão associadas à presença do patógeno no solo, e não


dependem necessariamente da safra. Agora, veja mais detalhes sobre cada
uma das principais doenças do feijão.

1. Mosaico dourado do feijoeiro


O mosaico-dourado, causado pelo vírus BGMV (Bean Golden Mosaic Virus),
é a principal virose do feijoeiro, podendo causar grandes perdas na
produção. A mosca-branca é vetora dessa doença.

Os principais sintomas causados pelo vírus do mosaico dourado do feijoeiro


são:

mosaico amarelo intenso em todo limbo foliar


redução do crescimento das plantas;
superbrotamento;
má formação de vagens e grãos;
encarquilhamento das folhas e mosaico.

O mosaico dá um aspecto mosqueado amarelo às folhas. Com a evolução


da doença, toda superfície foliar se torna amarelada. Já as vagens e os
grãos ficam deformados e mal formados, o que prejudica a qualidade do
produto.

Sintoma de mosaico em folha de feijão

(Fonte: Howard F. Schwartz)


Algumas medidas de manejo para esta doença são: 

vazio sanitário para feijoeiro;


uso de inseticidas com objetivo de controlar o vetor;
variedades tolerantes ou resistentes.

2. Crestamento bacteriano comum no feijoeiro


É considerada a principal doença bacteriana de algumas regiões produtoras
de feijão do Brasil. O crestamento bacteriano comum é causado pelas
bactérias Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli e X. fuscans sus. Fuscans.

Elas penetram na parte aérea da planta por aberturas naturais ou por


ferimentos. A doença pode provocar até 70% de redução na produção do
feijoeiro.  

A doença prevalece na safra das águas devido às altas temperaturas e


ocorrências de chuvas. Esses são fatores que favorecem as bactérias.

Como sintomas, você pode observar inicialmente lesões com aspecto


encharcado de coloração verde-escura nas folhas.  Com o progresso da
doença, esses sintomas evoluem e aumentam de tamanho. As folhas ficam
necrosadas. 

Nas extremidades das lesões surgem halos amarelos.  Os sintomas típicos


da doença ocorrem quando as lesões são mais velhas, tendo o centro
necrótico e com halo amarelo. Isso pode ocasionar a queda prematura das
folhas.

(Fonte: Agrolink)

Nas vagens, podem ocorrer lesões de aspecto encharcado, que depois


progridem para lesões escuras e um pouco deprimidas. 

Medidas de manejo do crestamento bacteriano em feijoeiro são:

variedades resistentes;
aplicação de cúpricos na lavoura, que pode retardar o aparecimento dos
sintomas.

3. Antracnose no feijão
A antracnose no feijão é causada pelo fungo Colletotrichum
lindemuthianum. Ela é considerada uma das doenças mais importantes da
cultura, e ocorre mais em regiões de temperaturas moderadas e alta
umidade. 

Pode causar até 100% de danos em variedades suscetíveis, além de causar


manchas nos grãos. A necrose nas nervuras é um sintoma bastante
característico da doença. 

Além disso, há presença de lesões principalmente na parte de baixo das


folhas. Essas lesões são alongadas, de coloração avermelhada a marrom.

Nas vagens, os sintomas típicos são lesões circulares, deprimidas e com a


borda da lesão mais escura. Quando atinge os grãos, pode depreciar a
comercialização agrícola.

Lesões de antracnose no feijão nas folhas, grãos e vagens

(Fonte: Adama)

Esse fungo pode sobreviver em sementes, restos culturais e hospedeiros


alternativos. 

Algumas medidas de manejo da antracnose do feijoeiro são:

sementes sadias e certificadas;


rotação de culturas (uso de gramíneas não hospedeiras);
eliminação de restos culturais;
variedades resistentes;
controle químico com fungicidas para feijão.
4. Mancha angular do feijoeiro
A mancha angular do feijoeiro é causada pelo fungo Pseudocercospora
griseola, que pode sobreviver em sementes, restos de culturas e outros
hospedeiros. Pode causar até 80% de perdas em produtividade.

Os sintomas típicos são lesões de coloração cinza a marrom, de formato


angular (delimitadas pelas nervuras), e com halo amarelo. No campo, os
sintomas ficam mais evidentes na fase final da cultura. 

Com o progresso da doença, pode ocorrer a desfolha prematura da planta.

(Fonte: Taurino Alexandrino Loiola em Embrapa)

Medidas de manejo da mancha angular do feijoeiro:

variedades resistentes;
uso de sementes sadias e certificadas;
eliminação de restos culturais;
aplicação de fungicidas.

5. Mofo-branco
O mofo-branco é causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que pode
afetar várias culturas. Em feijoeiro, é considerada uma das doenças mais
agressivas da cultura, sendo mais problemática no florescimento.

A doença é favorecida pela alta umidade e temperaturas amenas. Como


sintomas, ocorrem lesões encharcadas na parte aérea da planta. E, com o
progresso da doença, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto
de algodão, sobre essas lesões. 

Há ainda a formação de escleródios. Os escleródios são um


enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do
fungo. Assim, este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas
por vários anos.
(Fonte: Nédio Rodrigo Tormen em Cultivar)

Os escleródios podem ser propagados por sementes ou máquinas


agrícolas. 

Medidas de manejo do mofo-branco do feijoeiro são:

sementes sadias e tratamento de sementes;


limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;
evitar alta densidade de plantio que favorece a formação da doença;
uso de fungicidas para proteção da cultura.

6. Podridão radicular seca no feijoeiro


Essa doença é causada pelo fungo Fusarium solani e está presente em
todas as regiões produtoras de feijão do Brasil.  O patógeno sobrevive no
solo por vários anos e raramente mata a planta, mas pode causar até 50%
de perdas na cultura.

Como sintoma, você pode observar coloração avermelhada nas raízes


jovens das plantas. Essa coloração progride para lesões marrons por toda
superfície da raiz. A doença resulta em plantas pouco desenvolvidas,
causando um estande irregular.

(Fonte: Murillo Lôbo Júnior em Embrapa)

A doença é favorecida por condições de solos compactados, encharcados,


temperaturas baixas e pelo cultivo intenso de feijão. 

Medidas de manejo da podridão radicular seca do feijoeiro são:

tratamento de sementes com fungicida para feijão;


evitar plantar em solos compactados e encharcados.

7. Podridão de raízes do feijoeiro


A podridão radicular ou podridão de raízes do feijoeiro é uma doença
fúngica causada por Rhizoctonia solani. Esse patógeno está presente na
maioria dos solos cultivados.

O fungo pode atacar as sementes, que apodrecem antes de iniciar ou


durante sua germinação. Se a plântula de feijão é infectada, ocorre lesão na
base do caule, de coloração avermelhada.

Saber o que é a podridão radicular e como identificá-la na lavoura é


fundamental. Afinal, a doença pode resultar em morte do sistema radicular e
tombamento das plântulas.

Medidas de manejo da podridão das raízes do feijoeiro são:

sementes sadias;
tratamento de sementes com fungicidas;
evitar plantar em solos compactados e encharcados.

8. Ferrugem
A ferrugem do feijoeiro é uma doença causada pelo fungo Uromyces
appendiculatus.  Essa doença está presente em todas as áreas produtoras
do grão e responde por expressivas perdas na produção. 

Sua ocorrência é maior em áreas tropicais e subtropicais úmidas. Os


estádios de pré-floração e floração da cultura são as fases mais críticas para
o aparecimento da ferrugem.

O sintoma inicial dessa doença é o aparecimento de pequenas lesões


esbranquiçadas na parte inferior das folhas. 

Com o tempo, essas lesões evoluem para pústulas de cor ferrugem. As


pústulas podem se desenvolver dos dois lados da folha. É comum que elas
estejam rodeadas por um anel de coloração amarelada. 

Sintomas de ferrugem em folha de feijoeiro


(Fonte: Dr Parthasarathy Seethapathy e colaboradores)

Dependendo do grau de infestação da lavoura, esse sintoma também pode


ser observado nas vagens e nas hastes das plantas de feijão. 

9. Murcha ou amarelecimento de Fusarium


A murcha de Fusarium é uma doença causada pelo fungo de solo Fusarium
oxysporum  f. sp. phaseoli. Essa doença se desenvolve melhor sob
condições de temperaturas amenas, solo úmido e compactado. 

Ela se manifesta na fase vegetativa e reprodutiva do feijoeiro. Os sintomas


dessa doença são a murcha das plantas nas horas mais quentes do dia,
amarelecimento das folhas e o desfolhamento precoce. 

As folhas do feijão amarelas e murchas são sinais de que o fungo impediu a


água e os sais minerais de serem transportados para a parte aérea das
plantas. 

No entanto, o amarelecimento das folhas também pode estar associado a


presença de outras pragas e doenças do feijão. Problemas nutricionais,
compactação do solo e deriva de produtos químicos também podem causar
esses sintomas. 

Por isso, é de extrema importância realizar monitoramentos periódicos na


área para avaliar a presença de pragas e doenças do feijão. Conhecer o
histórico da área e analisar a distribuição dos sintomas na lavoura também
contribuem com o diagnóstico.

No caso da murcha de Fusarium, os sintomas podem ser observados em


reboleiras. Quando infectadas, as plantas jovens de feijoeiro apresentam
redução do crescimento da parte aérea e do sistema radicular.

Em condições severas de infecção, as plantas podem morrer.

Sintomas de murcha de Fusarium em plantas de feijão


(Fonte: Howard F. Schwartz)

Por se tratar de um fungo habitante do solo, a murcha de Fusarium é


favorecida pela presença de nematoides na área. O ataque de nematoides
ao sistema radicular do feijoeiro contribui para a entrada do fungo na planta.

10. Nematoides
O nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.) e o nematóide das lesões
(Pratylenchus brachyurus spp.) são tipos de nematoides responsáveis por
causarem prejuízos às lavouras de feijão.

Seu ataque causa a destruição do sistema radicular. Ele também provoca o


amarelecimento das folhas, diminui a absorção de nutrientes e reduz o
estande de plantas.

A presença desses parasitas na área favorece o aparecimento de doenças


causadas por microrganismos habitantes do solo. 

A estratégia de manejo mais utilizada no controle de nematóides é o plantio


de variedades resistentes/tolerantes.

11. Oídio
O oídio é uma doença de importância secundária para a cultura do feijão.

Essa doença é causada pelo fungo Eryshipe polygoni. As condições ótimas


para o desenvolvimento do oídio em lavouras de feijão são baixas
temperaturas e pouca umidade no solo.

O primeiro sintoma do oídio é o aparecimento de uma massa branca com


aspecto pulverulento nas folhas do feijoeiro. Dependendo da severidade da
doença, esse sintoma pode ser observado nas hastes e nas vagens das
plantas.
Com o avanço da doença, o oídio também provoca a desfolha precoce. 

Manejo integrado das doenças da cultura do feijão


O manejo integrado na cultura do feijão associa diferentes técnicas que
contribuem para o controle populacional do patógeno e da doença de forma
eficiente. 

No manejo integrado de doenças da cultura do feijão, devem ser adotadas


estratégias culturais, genética, biológica e química. Confira a seguir. 

Manejo cultural
Para o controle de doenças no feijoeiro, é importante que algumas práticas
culturais sejam adotadas, como:

realizar um bom preparo de solo para o plantio do feijão;


adubação equilibrada;
rotação com culturas não suscetíveis;
controle de vetores de doenças;
controle de plantas daninhas hospedeiras de doenças;
utilizar sementes certificadas;
fazer tratamento de sementes com agroquímicos;
evitar o plantio em áreas com condições favoráveis ao desenvolvimento
de doenças;
realizar a limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
respeitar o período de vazio sanitário determinado para a cultura.

Manejo genético
O plantio de variedades resistentes/tolerantes é uma estratégia que
apresenta bons resultados no manejo de doenças na cultura do feijão.
A resistência genética é eficaz no controle de doenças, segura para o meio
ambiente e tem baixo custo.

Manejo biológico
Trata-se de uma técnica de baixo impacto ambiental, econômica e alinhada
às práticas de produção sustentável.

Na cultura do feijão, o controle biológico com Trichoderma tem sido utilizado


no manejo de algumas doenças, como podridão de raízes, podridão
radicular seca, mofo-branco e antracnose.

O número de produtos com registro do Mapa ainda é bastante reduzido,


quando comparado aos produtos químicos.

Manejo químico
No caso do feijoeiro, o controle das doenças com defensivos agrícolas
químicos é uma prática bastante comum e indispensável para alcançar altas
produtividades.

Para garantir a eficiência desse manejo, utilize produtos registrados no


Mapa. Siga as orientações quanto à dosagem, época e modo de aplicação.
O melhor inseticida para feijão irá depender da doença em questão, então
cuidado para não aplicar o produto errado.

Faça também a rotação de produtos com mecanismos de ação diferentes. É


importante lembrar que a melhor estratégia de manejo é evitar que a
doença entre na sua lavoura. Por isso, sempre adote boas práticas
agronômicas.

Em áreas que a doença já está presente, procure adotar mais de uma


estratégia de manejo para evitar o desenvolvimento e evolução da doença. 
Conclusão
O feijoeiro é cultivado praticamente durante o ano todo no Brasil, mas
muitas doenças podem interferir na produtividade dessas safras.

Neste artigo, mostramos as principais doenças do feijão, seus sintomas e


como controlá-las. 

Agora que você tem essas informações, não deixe que essas doenças
reduzam o lucro da sua lavoura!

Você já teve muitos problemas com doenças do feijão? Como realiza o


manejo na sua fazenda? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Atualizado em 13 de junho de 2022 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em


fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em
fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-
colheita e sanidade vegetal.

DOENÇAS FEIJÃO

Sobre o Autor

Gressa Chinelato
Sou Engenheira Agrônoma e mestra pela Esalq/USP. Atualmente, estou
cursando MBA em Agronegócios e fazendo doutorado no Programa de
Fitopatologia na Esalq.

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