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INTRODUÇÃO
Sustentabilidade e agricultura são temas que estão constantemente na mídia, pois está sendo
cada vez mais difícil de pensar num futuro melhor para o planeta se não houver mudanças na
forma de agir em relação ao meio ambiente, e através desse estudo se quer conscientizar os
agricultores que devam voltar a praticar a agricultura tradicional, deixando de lado os produtos
químicos e maquinários pesados que tanto prejudicam o solo, como também a saúde do
agricultor e da sua família para assim garantir uma melhor qualidade de vida para nossas futuras
gerações.
Buscando atender os objetivos propostos neste trabalho, sua estrutura está definida da seguinte
forma: o primeiro capítulo aborda o conceito de sustentabilidade e as abordagens de
sustentabilidade na agricultura, o segundo, o conceito de agricultura e a importância da
agricultura familiar, o terceiro, agricultura familiar na região do grande Santa Rosa, dando ênfase
sobre o Pronaf um projeto que ajuda agricultores através de financiamentos e por fim a
conclusão, que busca reunir as principais constatações sobre sustentabilidade na agricultura.
1 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
No mundo atual, ouve-se com freqüência a palavra sustentabilidade, seja em revistas, jornais ou
anúncios na TV. Nos parágrafos seguintes se pode ter uma visão mais clara do significado desta
palavra.
O termo sustentável significa algo que se pode sustentar e o termo sustentar se refere a segurar
por baixo; servir de escora a; impedir que caía; que consiga equilibrar-se .
Para muitas pessoas, a palavra desenvolvimento ainda significa crescimento econômico. Mas
junto com a palavra desenvolvimento é preciso agregar outro como, bem-estar social e
qualidade ambiental, pois se corre o risco de esgotar o capital que permite a prosperidade
econômica. Pois se os recursos naturais que dependemos se destruírem o crescimento
econômico deixa de existir.
Por exemplo, sem carvão, gás natural e petróleo as pessoas não sabem garantir a energia para
a sua atividade econômica. Sem água limpa e solo fértil não é possível à produção de alimentos
e recursos florestais essenciais à sobrevivência. Destruir o meio ambiente não significa apenas
prejudicar a prosperidade econômica, mas também a sobrevivência da espécie humana
(Bigeoculto 2007).
Em meados dos anos 80, a crescente preocupação com os problemas ambientais apontou para
um novo" paradigma "da sociedade moderna: a sustentabilidade. No setor agrícola, a
insatisfação com o status da agricultura moderna passou a atrair a atenção de um número
crescente de produtores e pesquisadores que iniciaram o debate e contribuíram para a
disseminação do termo agricultura sustentável (EHLERS, 1999,p.120).
Mas problemas podem ocorrer, como a ação das chuvas pode provocar a erosão, tornando a
terra produtiva em improdutiva. Uma das formas para se evitar isso é manter o solo sempre
plantado. Pode se utilizar o plantio direto, sendo que antes que se colha o milho, já se plante
aveia, por exemplo. Com isso o custo de produção também cai, pois se evita a constante ação
dos tratores remexendo a terra, evitando também a sua compactação (Ferreira 2006).
Se fosse praticada agricultura acima citada a realidade dos agricultores e da sociedade seria
melhor, mas na realidade a agricultura praticada é agricultura moderna que é caracterizada pelo
grande uso de insumos externos, utilização de máquinas pesadas, manejo inadequado do solo,
uso de adubação química e biocidas. (Wolff 2007). E apresenta conseqüências que demonstram
sua insustentabilidade.
As sementes tradicionais, que eram selecionadas e utilizadas pelos agricultores ano após ano,
estão se perdendo. Hoje, existe apenas uma pequena variedade de plantas em que se consegue
obter a mesma produção a cada safra. Geralmente, o produtor não consegue mais utilizar a
mesma semente, tem que adquirir outras variedades e usar novas sementes, isso acontece no
caso das sementes hibridas que são aperfeiçoamentos genéticos da planta fazendo com que
esta apresente um melhor desempenho. Quando é feita a colheita dessa planta não se poderá
mais utilizar essa semente, pois ela vai ter uma produtividade muito baixa. E será necessário
adquirir nova semente (Reis 2003).
Outro fator que prejudica a sustentabilidade na agricultura é utilização de máquinas pesadas que
fazem parte da agricultura moderna. Quanto maiores forem às máquinas, mais tecnologia e
status representam. No entanto, estas máquinas têm um alto custo e acabam endividando o
produtor agrícola e isto não é sustentabilidade. Outro inconveniente do uso de máquinas
pesadas é o grande impacto na estrutura do solo e o afastamento do agricultor da terra.
E enquanto essa agrícola moderna não voltar a ser como era a agricultura tradicional não será
possível ter um desenvolvimento sustentável na agricultura.
2 CONCEITO DE AGRICULTURA
Para Dumont apud Barros (1975, p.70) a agricultura é "a artificialização pelo homem do meio
natural, com o fim de torná-lo mais apto ao desenvolvimento de espécies vegetais e animais,
elas próprias melhoradas". O conceito de artificialização do meio engloba as técnicas culturais,
independentemente do seu grau de aplicação.
Foi também definido que "a agricultura é a arte de obter do solo, mantendo sempre a sua
fertilidade, o máximo lucro" (DIEHL, 1984, p.114).Na realidade o objetivo econômico da
agricultura, num sistema de produção capitalista ou empresarial não é a maximização do
rendimento, mas sim do lucro, como se sabe da teoria microeconômica da produção, não
coincide com o máximo rendimento. Por outro lado, numa agricultura de subsistência o objetivo é
o de assegurar a alimentação do agregado familiar, o que se faz sem a utilização de fatores de
produção adquiridos no mercado e sem a preocupação da adequação das plantas ao meio
(Barros, 1975).
Em termos mais simples agricultura é a arte ou processo de usar o solo para cultivar plantas
com o objetivo de obter alimentos, energia e matéria-prima para roupas, construções,
medicamentos, ferramentas e outras necessidades.
(Pessoa, 1994)
O Brasil apresenta grande potencial de crescimento para sua produção agrícola, pois conta com
clima favorável que possibilita duas ou mais safras por ano; grandes extensões de áreas
agricultáveis ainda não aproveitadas; disponibilidade de água; produtores e agroindústrias com
bom nível tecnológico; demanda mundial por alimentos em crescimento; e, acima de tudo, um
grande potencial de aumento no consumo interno. (Pessoa, 1994)
Estudos realizados pela Embrapa Soja sobre a área trabalhada pelos produtores de soja nas
diversas unidades da federação, na década de 1990, indicam que a grande expansão deste
cultivo no Centro-Oeste se realizou e está se realizando de forma extensiva, aproveitando
economias de escala, enquanto que no Sul (Rio Grande do Sul e Paraná) houve e está havendo
uma tendência de aumento da área das unidades produtivas, pois a produção de grãos de soja
não se sustenta mais em pequenas unidades que procuram fazer dessa atividade a sua principal
fonte de receita AGRIBUSINESS deve crescer, diz Goldberg. (O Estado de S.Paulo, 1990, p. 16)
Atualmente, um grande desafio para o agricultor-produtor de alimentos é entender que não basta
produzir. É necessário considerar toda a cadeia que leva o produto ao consumidor e isto exige
profissionalização da atividade agrícola. Os tradicionais ciclos de preços de mercadorias
perderam sua estabilidade (as fases de preço baixo eram seguidas, com confiança relativa, por
fases de preço alto). A especialização cada vez maior de alguns segmentos da produção
agrícola, como a avicultura, suinocultura, fruticultura, cafeicultura e outros, e a diminuição de
sistemas de produção diversificados, de pequeno e médio porte, resultam em menor flexibilidade
para reduzir a produção, em resposta a baixos preços de um dado produto.
Comparando metades Sul e Norte do Estado do Rio Grande do Sul logo se percebem diferenças
marcantes que começam pelo processo de ocupação de terras diferenciado. A primeira região,
também chamada de "metade-sul", apresenta estrutura fundiária com maior concentração de
grandes propriedades, ocupadas na pecuária extensiva e na produção de arroz irrigado. A
segunda, chamada de "metade-norte", foi ocupada por imigrantes de origem européia ou por
seus descendentes, originários predominantemente da Itália e da Alemanha, e se baseia na
pequena propriedade onde predomina a agricultura familiar. Ao longo do presente século, devido
às formas diferenciadas de ocupação e de uso das terras, das características culturais e de
padrões de fecundidade distintos de seus habitantes e de processos migratórios ocorridos em
períodos não coincidentes, os contrastes entre as duas regiões ampliaram-se consideravelmente
(Schneider e Virardi, 2005).
Dados da Fundação Economia e Estatística, entre 1990 e 1998 o setor agropecuário do Rio
Grande do Sul registrou uma taxa média de crescimento de 2,4% ao ano. Em 1980 o Rio Grande
Sul registrava uma área de cerca de 8 milhões de hectares ocupados com grãos, que produziam
cerca de 12,3 milhões de toneladas. Em 1995, no entanto, a área plantada com grãos havia sido
reduzida para 6,3 milhões de hectares, mas a produção elevara-se para 17,3 milhões de
toneladas (Benetti, 1998).
Mesmo com a diminuição da área plantada houve um aumento na produção, mostrando que
novas tecnologias criadas foram e são de uma importância muito grande para o futuro da
agricultura.
2.2 Agricultura familiar
Entende-se como pequena propriedade rural, ou agricultura familiar, aquelas que têm no
trabalho produtivo da célula familiar rural, o objetivo básico a sua reprodução e geração de renda
pela produção de mercadorias e produtos mediante a utilização de mão de obra própria.
Para Brum (2004), também são consideradas pequenas propriedades aquelas com baixas
produções e baixa tecnologia. O Ministério da Agricultura Brasileiro, para encaminhamento do
programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar (PRONAF), considera pequenas
aquelas propriedades com 02 empregados e área inferior a 04 (quatro) módulos, sendo que o
tamanho do modulo varia de região para região no Brasil. Na região do grande Santa Rosa o
modulo é composto por 20 (vinte) hectares de terra.
Uma última maneira dos pequenos agricultores enfrentarem os efeitos das transformações
técnico-produtivas foi a migração, que conduziu milhares de colonos, arrendatários, meeiros,
sem-terras e outros, ao assalariamento nos centros urbano-industriais, particularmente na
indústria coureiro-calçadista do Vale dos Sinos (Schneider, 1994; Enderle, 2000).
A formulação de políticas para uma agricultura sustentável se inicia pelas discussões das
políticas já existentes e pela correção dos desvios identificados. O desafio maior do governo
será, no entanto, o de criar canais por onde possam fluir as reivindicações da comunidade local,
e não apenas da elite local, transformando-as em reivindicações de políticas públicas que
buscam a sustentabilidade (CARVALHO, 1996).
Apesar de ter acesso a algumas linhas de ajuda criadas pelo governo federal os pequenos
produtores rurais necessitam de uma ajuda mais ampla para realmente conseguir fazer de sua
propriedade um negócio rentável.
A região do Grande Santa Rosa que é composta por 20 (vinte) municípios na qual abrange uma
área total de 4.688.968 Km2 conforme dados do IBGE (2004) que corresponde a 1,664 % da
área total do estado, sendo esta a maior produtora de leite do Estado onde, cerca de 95% das
propriedades possuem menos de 50 hectares, compostas, portanto de pequenas propriedades
rurais ou de agricultura familiar nestes casos à unidade de produção é composta pelo casal mais
seus filhos.
Hoje a região do grande Santa Rosa tem como principal cultura à produção de leite e a produção
da cultura da soja, porem com as constantes secas que a mesma tem passado a diversificação
de culturas teve um aumento com o aparecimento de novas culturas como plantações de cana
de açúcar e canola e o surgimento de pequenas agroindústrias e cooperativas.
Uma das alternativas para a agricultura familiar é a adesão ao PRONAF que possui linhas de
credito com juros mais baratos e pagamento em longo prazo. Também outras alternativas devem
partir do próprio produtor como uma diversificação de culturas e de atividades na propriedade
rural para que o mesmo não fique dependente de uma atividade.Também a adesão à assistência
técnica é de fundamental importância para o desenvolvimento da atividade e para que o produtor
tenha acesso as diferentes tecnologias e novidades no seu ramo.Essa assistência ele encontra
de forma gratuita na Emater-Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência
Técnica e Extensão Rural.
3.1 Pronaf
Para os produtores se beneficiarem com o programa do pronaf, estes devem ser agricultores
familiares, sejam eles proprietários, assentados, posseiros, arrendatários, parceiros ou meeiros,
que utilizem mão-de-obra familiar, e tenham até dois empregados permanentes. Além disso, não
devem deter, a qualquer título, áreas superiores a quatro módulos fiscais, e no mínimo 80%
(oitenta por cento) da renda bruta familiar anual devem ser proveniente da atividade
agropecuária e não-agropecuária exercida no estabelecimento. O agricultor familiar deve residir
na propriedade ou em povoado próximo.
(http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/pronaf.asp#2).
Em nossa região por ser de pequenas propriedades a grande maioria dos produtores tem
acesso, ou seja; enquadram-se nos requisitos do PRONAF.
CONCLUSÃO
Pode-se perceber que a agricultura moderna vem perdendo espaço em relação às novas formas
produtivas agrícolas, pois traz inúmeras desvantagens à saúde do solo, do ambiente e
principalmente ao trabalhador rural. Aliás, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
milhões de trabalhadores agrícolas morrem ou encontram-se seriamente contaminados por
pesticidas.
Assim, o agricultor deve ficar atendo às novas formas de produção agrícola, pois a atual
agricultura concilia produção, qualidade, conservação e recuperação dos recursos naturais, o
que só vai lhe trazer vantagens, isto está acontecendo pela conscientização cada vez maior do
consumidor, o qual a cada dia que passa torna-se mais informado, conhecedor das formas de
produção e qualidade dos produtos que adquire e assim se torna mais exigente.
Também se deve lembrar que uma produção agrícola condizente com os novos padrões que
se deseja para o desenvolvimento é de fundamental importância, para que consigamos ter um
meio ambiente sadio e equilibrado.
REFERÊNCIAS
Agenda 21 na Escola.Sustentabilidade,
http://bigeoculto.blogspot.com/2007/05/sustentabilidade-introduo.html acessado em 28/09/07.
Carmo, Maristela Simões, SALLES, Julieta T.A.O., COMITRE, Valeria. Agricultura Sustentável
e o Desafio da Produção de Alimentos no Limiar do Terceiro Milênio. Informações
Econômicas. São Paulo, v.25, n.11, p.25-33, nov.1995.