Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DO AGRONEGÓCIO
Prof. Me. TIAGO RIBEIRO DA COSTA
004 Aula 01: O Senso Comum Sobre o Agronegócio
Saiba que sua formação está em excelentes mãos, considerando a instituição, seus colaboradores e seus
parceiros mais próximos, os professores. Fico muito contente de tê-lo(a) como parceiro(a) nesta jornada do
conhecimento.
Neste livro, formado por dezesseis aulas e conteúdos extras, vamos apresentar informações estratégicas para
que você possa compreender o universo do Agronegócio, por meio de seus fundamentos.
Na disciplina Fundamentos do Agronegócio, vamos abordar, de forma abrangente, todos os conceitos básicos
ligados ao Agronegócio e ao mercado. Por exemplo, você conhecerá o conceito e a estrutura de uma cadeia
produtiva e de um sistema agroindustrial. Além disso, você aprenderá sobre os atores que fazem parte dessas
cadeias e sistemas e suas interações, considerando os setores do agronegócio (“antes, dentro e pós-porteira”).
Vamos ainda compreender alguns aspectos gerais sobre a logística, sobre commodities, sobre a comercialização
internacional e formas de coordenação ligadas ao Agronegócio.
Por m, faremos uma breve abordagem sobre as perspectivas do Agronegócio, considerando a necessária
implementação da cultura de inovação e os desa os que o Agronegócio terá para continuar com sua
representatividade em um mundo em constantes mudanças.
Ao longo de nosso texto, você terá a chance de explorar outros entendimentos sobre os temas discutidos, isso
por meio de sugestões de literaturas e por exemplos contextualizados, que lhe agregarão conhecimento prático.
Espero que você goste do conteúdo aqui exposto e espero ainda que este conteúdo possa auxiliá-lo a construir
competências, habilidades e atitudes dignas de um excelente Tecnólogo em Agronegócios. Desejo-lhe uma
excelente leitura.
3
01
O Senso Comum
Sobre o Agronegócio
A Percepção Sobre a
Relevância do Agronegócio
Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) a nossa primeira aula da disciplina de
“Fundamentos do Agronegócio”! É um prazer poder recebê-lo(a) e contribuir com
sua jornada, em que o aprendizado sobre as bases do Agronegócio será a nossa
meta principal.
5
anual de 5,37%, atingindo recorde histórico de 237,7 milhões de
toneladas na última safra (GILIO & RENNÓ, 2018 [on line]).
Ainda, para que você possa avançar em sua re exão sobre como o Agronegócio,
participa de nosso cotidiano, pense no território brasileiro e em sua diversidade
de cidades. Algumas das principais atividades do Agronegócio, de certo modo,
rotulam algumas cidades, como, por exemplo, a “cidade das ores”
(Holambra/SP), “capital da uva na” (Marialva/PR) e “capital nacional da semente
de soja” (Abelardo Luz/SC), dentre tantos outros exemplos. Indo além, algumas
cidades até assumem nomes de cadeias produtivas importantes, como os
exemplos de Batatais/SP, Laranjal Paulista/SP, Cafelândia/PR e Coqueiral/MG.
6
Compreender que os produtos oriundos do Agronegócio estão presentes
em nosso dia a dia é fácil, não é mesmo? Contudo, paradigmas têm sido
quebrados diariamente e os produtos do Agronegócio cada vez mais
estão presentes em ambientes nunca antes imaginados.
7
Com tantos exemplos nesta discussão inicial, ca evidente que o Agronegócio
não está somente presente em nosso cotidiano, mas também apresenta elevada
relevância para o dinamismo econômico brasileiro e mundial, de modo que não
podemos enxergar o ser humano atual sem o Agronegócio em sua vida e,
considerando a produção de alimentos e a possibilidade de utilizarmos órgãos
de suínos em transplantes, podemos dizer que literalmente o Agronegócio faz
parte de nossas vidas.
Afinal, o que é Agronegócio?
Embora tenhamos apresentado uma diversidade de exemplos ligados ao
Agronegócio, em uma tentativa de ilustrar sua inserção no nosso dia a dia, ainda
não fomos capazes de construir um conceito a respeito. Logicamente, vamos
discutir sobre conceitos e de nições, de modo mais aprofundado, em nossas
próximas aulas, mas, podemos investir na criação de um conceito com os
elementos que já possuímos.
Pela percepção aqui discutida, o Agronegócio envolve a produção de gêneros
alimentícios e de matérias-primas que podem ser utilizadas em outros processos
industriais. Ademais, por se tratar de gêneros alimentícios, tais produtos podem
ser comercializados diretamente ao consumidor nal, a exemplo de um
agricultor familiar que vende, em uma feira, suas hortaliças.
Aparentemente existe uma lógica neste processo, um uxo claramente de nido,
no qual produtores fornecem a processadores e estes, por sua vez, fornecem ao
consumidor nal. Este uxo está esquematizado por meio da Figura 1.
8
Figura 1 – Fluxo produtivo no Agronegócio.
Veja que nos utilizamos do termo player no título de nossa Figura 2 para ilustrar
a presença de novos componentes neste uxo. O termo player é bastante
utilizado para de nir um elemento de uma cadeia de produção, ou mesmo, para
de nir um participante na comercialização mundial de uma cultura produzida
em larga escala, como a soja ou o milho. Em nosso atual caso, cada elemento
deste uxo pode ser considerado como um player.
9
É importante salientar que esse uxo somente existe por uma
condição de dependência entre os players. Sem o consumidor
nal, por exemplo, não há motivos para que o produtor produza.
Sem a indústria, não há como processar as matérias-primas e não
há como atender às necessidades e expectativas do consumidor.
Assim, podemos a rmar que as relações deste uxo são
encadeadas, formam uma cadeia de produção, a qual torna
possível o atendimento das expectativas dos clientes.
10
Além de estabelecer a de nição clássica sobre o agronegócio, John
Davis e Ray Goldberg estabeleceram que a produção de alimentos
se articulava em cadeias produtivas, com elos interdependentes.
Com base no exposto, por meio desta aula compreendemos o ideário comum
acerca do Agronegócio e percebemos ainda como este conceito e seus produtos
se inserem em nosso cotidiano.
Ademais, foi fruto de nossa aula uma construção coletiva sobre o conceito de
Agronegócio. Este conceito, como vimos, agrega a presença de fornecedores,
produtores, processadores, distribuidores e consumidores, de maneira a
atender plenamente às necessidades de cada player que se insere na cadeia de
produção, mas acima de tudo, atender às preferências e necessidades do
consumidor nal.
11
02
As Revoluções
Agrícolas como Gênese
para o Agronegócio
As Revoluções Agrícolas e
sua Relação com o
Surgimento do Agronegócio
Prezado(a) estudante! Que bom poder contar com sua companhia nesta
segunda aula. Por meio desta aula, faremos uma abordagem mais direcionada
ao entendimento do surgimento do Agronegócio enquanto conceito.
Até então, a Revolução Verde foi a mais importante das Revoluções Agrícolas,
mas, não foi a única, pois ocorreu a Terceira Revolução Agrícola.
13
que a população de uma cidade pequena seja abastecida por uma agricultura
extrativista, ou ainda, não é possível imaginar que uma agroindústria de porte
médio seja abastecida por uma agricultura de subsistência.
Ao todo, existem cinco Revoluções Agrícolas (embora isso não seja consenso
entre os pesquisadores). A primeira Revolução Agrícola ocorreu há 10.000 anos
antes de Cristo e o marco tecnológico dessa revolução foi o advento da
Agricultura em contraposição ao extrativismo, caça e pesca.
Por sua vez, a Segunda Revolução Agrícola ocorreu em meados do século XIX, na
Inglaterra, com o uso da técnica de Rotação de Culturas e com a acentuação da
tração animal junto aos implementos (uso de equinos) e, ainda, por meio do
advento da mecanização agrícola, isso em contraposição a um modelo de
agricultura praticamente manual.
14
conhecida como “Revolução Ambiental”, sendo um importante marco que
estabelece um modelo de produção pautado na sustentabilidade e na
ecoe ciência.
A Terceira Revolução
Agrícola: A Revolução Verde
Caro(a) aluno(a), conforme já abordamos, a Revolução Verde possui íntima
ligação com o nal da Segunda Guerra Mundial. Nesse ínterim, devemos
considerar que uma diversidade de tecnologias que eram destinadas ao setor
bélico foram duramente impactadas com o nal da guerra. Não havia mais
15
mercado consumidor tão farto em um cenário de paci cação e os estoques de
produtos como armas químicas, armas convencionais e maquinários era
considerável.
16
Costa (2018, p.81) ainda a rma que “adaptações nesses insumos de guerra aos
poucos começaram a ser realizadas pelas indústrias e, também aos poucos,
houve a inserção desses insumos nos ambientes produtivos, o que gerou, pela
escala aplicada, o nascimento da Revolução Verde”.
Esse nobre objetivo foi primeiramente de nido pelo personagem ilustrado por
meio da Figura 3: Normann Ernst Bourlaug. Engenheiro Agrônomo nascido em
Iowa, nos Estados Unidos, Normann Bourlaug estabeleceu sua tese em pilares
distintos, a saber:
17
Transformação e padronização da pauta produtiva: Segundo sua tese, a
produção agrícola deveria se centrar em fontes de energia e proteína com
condições de serem armazenadas. Portanto, a produção de cereais como
milho, trigo e arroz correspondiam a este propósito.
Melhoramento Genético: Por meio do melhoramento genético, as
culturas deveriam assumir características que permitissem um
adensamento de plantas por área. Por exemplo, seria função do
melhoramento genético reduzir o porte das plantas de trigo, tornando suas
espiguetas mais compactas. Assim, uma planta ocuparia um espaço
reduzido e isto permitiria adensar as plantas em uma área de nida,
ampliando sua produção.
Uso de insumos sintéticos: É de conhecimento agronômico que as plantas
necessitam de um conjunto de nutrientes para se desenvolver e obtê-los de
forma natural é mais lento em relação a fornecer tais nutrientes, de forma
sintética, absorvíveis mais rapidamente, dada a sua formulação em nível
industrial. Isto se repete também com o controle de pragas, doenças e
plantas daninhas que afetam o desenvolvimento das culturas. Esperar a
ação da natureza é menos e ciente que estabelecer práticas agronômicas
que controlem as populações dessas pragas.
Uso da mecanização agrícola: Com o uso de máquinas, lavrar a terra,
semear, pulverizar as plantas com defensivo agrícola e colhê-las se torna
uma tarefa menos onerosa, menos dependente de mão de obra e mais
e ciente, reduzindo o custo de produção.
Além de tais pilares, também fazia parte da teoria de Bourlaug o Estado, como
principal incentivador e articulador para que as tecnologias da Revolução Verde
fossem implementadas. Assim, tornara-se função do Estado promover políticas
de pesquisa e desenvolvimento agropecuário, extensão rural e crédito agrícola
para disseminar, o mais rápido possível, o modelo produtivo da Revolução
Verde.
18
Desse forma, a produção de alimentos passou a ser encarada como um
elemento participante de uma cadeia produtiva característica, conforme
ilustramos em nossa primeira aula, sendo dividida em três partes distintas, a
saber:
19
O conceito de Agronegócio surgiu a partir da integração da
agricultura aos setores industriais de fornecimento de insumos, de
um lado, e de processamento e distribuição da produção, de
outro. Ele abrange todas as transformações associadas aos
produtos agrícolas, desde a produção de insumos, passando pela
unidade agrícola, processamento e distribuição até o consumidor
nal.
20
Quando ouvimos falar sobre “Agronegócio” logo pensamos sobre
a Agricultura Empresarial, de grandes dimensões, com elevado
emprego de tecnologias de ponta, e com um sistema de gestão
condizente com a obtenção de grandes margens de lucro. Ledo
engano!
21
03
Conceitos e
Definições Sobre o
Agronegócio
O Conceito Transcendental
de Agronegócio
Ao longo de nossas duas primeiras aulas, compreendemos que o conceito de
Agronegócio está totalmente atrelado ao contexto de uma cadeia produtiva. Isto
quer dizer que não estamos falando somente da ação de se plantar e colher
alimentos, mas de todas as relações comerciais, logísticas, informacionais e
produtivas que possuem no ato da produção de alimentos somente um de seus
pontos.
23
serviços ligados ao ambiente rural. Considera-se como parte da rede o
envolvimento do ambiente institucional, composto pela cultura,
tradições, educação e costumes e, também, pelo ambiente
organizacional, composto pela informação, associações, pesquisa e
desenvolvimento, nanças e rmas (SILVA, 2011, p. 32).
24
Também faz parte do conjunto de consequências destinadas ao modelo
tradicional de agricultura um relativo abandono, o qual gerou movimentos
reacionários no campo (surgimento dos movimentos sociais na década de 1980)
e a promoção de modelos “alternativos” de agricultura, pautados nas técnicas e
saberes tradicionais dos agricultores que ainda resistiam às transformações
proporcionadas pela Revolução Verde (SOUZA, 2019).
25
independentemente de quem as conduz ou ainda, do modelo tecnológico
adotado para se produzir, fazem parte do Agronegócio.
Logicamente que, à luz desta análise, devemos expor que cabem ações público-
privadas no sentido de auxiliar, de modo mais incisivo e direcionado, os públicos
que não foram bene ciados com políticas públicas na época da Revolução Verde,
sobremaneira, os Agricultores Familiares, o Campesinato, Quilombolas,
Ribeirinhos, Povos e Comunidades Tradicionais, algo que já tem acontecido no
ambiente institucional brasileiro, especialmente entre os anos de 2003 e 2012,
com o lançamento de importantes políticas públicas que promovem o
desenvolvimento sustentável de tais públicos.
26
Para que você possa compreender como o período entre 2003 e
2012 foi importante para os segmentos acima destacados
(Agricultura Familiar, Camponeses, Quilombolas, Ribeirinhos,
Povos e Comunidades Tradicionais), podemos listar algumas das
políticas públicas que potencializaram o seu desenvolvimento e
que certamente, você, futuro Gestor em Agronegócios, terá que
lidar:
27
Principais Conceitos Ligados
ao Agronegócio
Por meio desta seção, vamos inserir a você, caro(a) aluno(a), os principais
conceitos que estão relacionados ao Agronegócio. Referem-se a conceitos que
você certamente vai se deparar ao longo de sua jornada de aprendizagem
acadêmica e mesmo em sua vida pro ssional. Vamos aos termos:
28
Commodity: Termo utilizado para designar um produto que possui
características padronizáveis, com condições de ser armazenado e
transportado por longas distâncias. Não há uma diferenciação quanto a
quem produziu este produto ou à sua origem. O fato é que tais produtos
são amplamente consumidos no mundo e seus preços são regulados pelo
mercado internacional, por meio da lei da oferta e da procura. Para o
Agronegócio, as commodities mais comuns são a Soja, Milho, Açúcar, Etanol,
Algodão, Suco de Laranja, Trigo e Produtos Madeiráveis.
Player: Termo utilizado para designar concorrentes no mercado. Por
exemplo, Brasil, China e Estados Unidos são os principais players no
mercado mundial da Soja, pois são os principais produtores desta
commodity.
29
04
Cadeias Produtivas
no Agronegócio –
Conceitos
Definição Sobre Cadeia
Produtiva
Prezado(a) aluno(a): Agora que você já conheceu os conceitos básicos sobre o
Agronegócio e seu desenvolvimento histórico, podemos proceder ao estudo
mais aprofundado sobre as Cadeias Produtivas.
No entanto, pelo que discutimos até agora, você já possui uma ideia sobre o que
seja uma Cadeia Produtiva: trata-se de um conjunto de entes produtivos capazes
de fornecer os insumos, produzir uma matéria-prima, transportá-la, processá-la,
distribuir o resultado deste processamento entre comerciantes e, por m,
permitir a aquisição por parte dos consumidores.
31
Figura 4 – Representação esquemática de uma cadeia produtiva, segundo o
modelo Embrapa | Fonte: Silva (2011). Disponível aqui
Isso será discutido em nossa Aula 6, mas, já estamos adiantando este elemento
da discussão para que você pense sobre seu futuro papel pro ssional inserido
em uma realidade em que existe a necessidade em se agregar valor “dentro da
porteira”, para se lucrar mais, dando mais sustentabilidade aos negócios dos
produtores rurais.
Voltando ao nosso debate inicial, uma vez que construímos o conceito de cadeia
produtiva, devemos pensar sobre a importância de se observar o uxo de
produtos e de capital com um modelo mapeado de cadeia produtiva. Sobre este
assunto, Silva (2011, p. 4-5) estabelece:
32
(4) identi car gargalos e elementos faltantes; e (5) certi car quanto aos
fatores condicionantes de competitividade em cada segmento. Sob a
ótica de cada participante, elemento da cadeia, a maior vantagem da
adoção do conceito está no fato de permitir entender a dinâmica da
cadeia, principalmente, na compreensão dos impactos decorrentes de
ações internas e externas, respectivamente (SILVA, 2011 p. 4-5).
Silva (2011) de ne uma ação interna como uma ação totalmente direcionada a
um dos segmentos de uma cadeia produtiva. Por exemplo, se um agricultor se
encontra estrangulado, em termos de capital de giro, para adquirir insumos à
sua produção, uma decisão a ser re etida seria a deste agricultor adentrar uma
associação ou cooperativa, a qual tem maior poder de compra para se adquirir
os insumos de que ele necessita.
Por sua vez, o mesmo autor de ne uma ação externa como uma mudança na
legislação tributária, sanitária ou trabalhista que impacta os trabalhos dos entes
que operam em maior escala, por exemplo, uma agroindústria, embora decisões
de caráter institucional possam afetar a cadeia produtiva como um todo.
Cadeias Produtivas
Dedicadas e Integradas
Além do exposto, no que tange à produção de commodities existem duas
variações na linearidade do uxo das cadeias produtivas, de nidas por Silva
(2011) como “Cadeias Produtivas Dedicadas” (Figura 5) e “Cadeias Produtivas
Integradas” (Figura 6).
33
Figura 5 – Representação esquemática de uma cadeia produtiva
dedicada | Fonte: Silva (2011). Disponível aqui
34
A vantagem dessa cadeia é o baixo nível de investimentos e de
capital de giro que o agricultor deve ter, uma vez que seu custo de
produção é pago pela cooperativa. A desvantagem é a
exclusividade no fornecimento da matéria-prima, o que não
permite ao agricultor procurar outras empresas que lhe paguem
valores mais vantajosos.
Por sua vez, uma Cadeia Produtiva Integrada (Figura 6) também se aplica no
contexto da produção de commodities, todavia, para produtores que possuem
maior capital de giro e capacidade de investimentos. Neste caso, o produtor
escolhe de quem adquire suas tecnologias, não havendo um contrato de
exclusividade de fornecimento de matéria-prima.
35
Segmentação de Cadeias
Produtivas
Outro possível enfoque das cadeias produtivas está em observá-las de maneira
segmentada, integradas ou não em um Sistema Agroindustrial. Por ter sua
economia deveras embasada nas atividades ligadas ao Agronegócio, existe uma
grande diversidade de Cadeias Produtivas que poderiam ser analisadas.
36
Mesmo que o Brasil possua uma in nidade de cadeias produtivas
ligadas ao Agronegócio, devemos conhecer quais são as principais,
especialmente no que tange ao capital movimentado entre os
entes produtivos. Assim sendo, conheça as principais cadeias
produtivas do Agronegócio brasileiro.
Espero que com essas de nições acerca das Cadeias Produtivas, você esteja
capacitado(a), não somente em compreender sua importância, mas também em
reconhecer sua estrutura e se aventurar em sua gestão, ofertando as melhores
soluções aos seus clientes. Assim, nos vemos em nossa próxima aula, quando
debateremos sobre o segmento “Antes da Porteira”. Um forte abraço e bons
estudos!
37
05
Os Segmentos do
Agronegócio – Antes
da Porteira
O que são os Insumos?
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a nossa quinta aula. Estamos progredindo
muito bem, pois até este momento, você já compreendeu os conceitos básicos
ligados ao Agronegócio.
A exposição de Zylbersztajn (2005) nos permite avaliar, mais uma vez, as forças
externas que orbitam um Sistema Agroindustrial, sendo destaque o ambiente
institucional, com suas regulamentações e o ambiente organizacional,
considerando as interações do sistema e de suas cadeias com outros
importantes entes, como universidades, cooperativas, nanciadores e outros
atores que in uenciam e que tornam possível o andamento dos processos.
39
Figura 7 – Representação de um Sistema Agroindustrial | Fonte: ZYLBERSZTAJN
(2005, adaptado). Disponível aqui
40
Agrotóxicos: Os Agrotóxicos são insumos densamente utilizados na
produção agrícola agroexportadora, pois são capazes de estabelecer um
controle e caz de pragas, doenças e plantas invasoras nas áreas de
produção. Ademais, os agrotóxicos também são utilizados em armazéns,
para expurgo ou ainda, podem ser utilizados no tratamento de sementes,
em pré-plantio.
Máquinas, implementos e ferramentas agrícolas: Entende-se por
máquina agrícola todo veículo capaz de exercer alguma função especí ca
na produção de uma cultura. Ainda, é critério para uma máquina ser
autopropelida, ou seja, possuir motor que lhe permita se movimentar, de
modo independente nas áreas de produção. Encaixam-se nesta de nição
tratores, colhedoras, pulverizadores, semeadoras e adubadoras
autopropelidas. Por sua vez, os implementos geralmente são acoplados às
máquinas para a realização de um trabalho especí co. Por exemplo,
arados, grades, subsoladores e escari cadores são implementos de
mobilização do solo, os quais necessitam ser tracionados por um trator.
Por m, as ferramentas agrícolas são os instrumentos de lavra, como, por
exemplo, enxadas, enxadões, foices, ancinhos, rastelos, pás, vangas e
quaisquer outras que permitam que o solo seja adequadamente
trabalhado.
Desse modo, por meio de nossa análise inicial, compreendemos que os insumos
são, de fato, todos os produtos necessários que serão utilizados para a produção
“dentro da porteira”. Cada um destes produtos possuem uma cadeia produtiva
distinta, com seu particular dinamismo.
41
A Sazonalidade dos Preços
dos Insumos
Bento & Teles (2013) a rmam que as produções agropecuárias são deveras
dependentes dos fatores climáticos. Ademais, os mesmos autores a rmam que
as culturas agrícolas são adaptadas a determinadas condições que impedem o
seu cultivo durante o ano inteiro. Desta maneira, considerando a acentuação do
cultivo em uma determinada época, é de se supor que os insumos sejam mais
exigidos em uma época ligeiramente anterior aos cultivos.Assim, tanto as
culturas como a comercialização dos insumos sofre com os efeitos da
sazonalidade.
42
Na Figura 8 podemos observar que o índice de sazonalidade para a
cultura do milho alcança os patamares mais altos entre os meses de
outubro a abril. Esta é a principal época de produção da cultura e,
especialmente em seu princípio (meses de setembro a outubro), existe
uma demanda elevada pela aquisição dos insumos para a produção. Isto
signi ca que há a possibilidade de elevação de preços dos insumos ou até
mesmo, de indisponibilidade dos mesmos em fornecedores mais
próximos.
43
No entanto, a leitura da pesquisa realizada por Bento & Teles (2013) permite
inferir que o efeito da sazonalidade dos insumos parece ser reduzido em duas
situações: a) quando lidamos com insumos comuns a uma diversidade de
cadeias produtivas; e, b) quando lidamos com a oligopolização dos fornecedores
de insumos, quadro corrente na produção de commodities.
Isso signi ca que existe um uxo mais contínuo no fornecimento, por exemplo,
de fertilizantes, corretivos, agrotóxicos e combustíveis, que são insumos comuns
a um grande número de cadeias produtivas. Tal fato não permite grandes
oscilações de demanda e, por sua vez, de preços. Por sua vez, considerando a
segunda situação, as oscilações de valores são reduzidas por conta dos acordos
comerciais e mesmo, fusões de fornecedores, o que reduz a competitividade no
fornecimento dos insumos, elevando seus preços.
44
Outros Tipos de Insumos
Além dos insumos clássicos é cada vez mais comum se utilizar de tecnologias
mais avançadas como insumos, a exemplo do uso de drones e de tecnologias de
sensoriamento remoto para o acompanhamento das lavouras. Do mesmo
modo, tecnologias de automação dos processos, como sensores, reles,
controladores e mesmo, softwares, têm sido bastante utilizados na otimização
dos sistemas produtivos.
Com isso, chegamos ao nal de nossa quinta aula. Espero que você esteja
gostando de nosso conteúdo e compreendendo adequadamente todos os
assuntos até aqui discutidos. Em nossa próxima aula, faremos uma abordagem
ao segundo segmento do Agronegócio, que são as atividades “Dentro da
Porteira”. Espero você em nossa próxima aula!
45
06
Os Segmentos do
Agronegócio – Dentro
da Porteira
Atualidades do Segmento
“Dentro da Porteira”
Prezado(a) aluno(a), você já parou para pensar em todas as possibilidades de
produção agropecuária? Após esta pergunta, certamente você criou um modelo
mental de produção convencional, provavelmente atrelado à produção de algum
grão ou alguma hortaliça. Contudo, ao re etirmos sobre as possibilidades de
produção dentro da porteira, nos surge uma diversidade de possibilidades.
47
Dos dados acima relatados, nos cabe fazer uma pequena ressalva: Quando
falamos a respeito do PIB Agropecuário, nos reportamos aos valores que são
gerados somente com as atividades “dentro da porteira”. Com base nisso,
percebemos que embora pujante e diversi cado, o PIB do setor “dentro da
porteira” é pouco signi cante frente ao PIB do Agronegócio em si, que reúne o
setor de produção de insumos, as agroindústrias e os agrosserviços.
48
O Desafio de Agregar Valor
aos Produtos “Dentro da
Porteira”
A visão produtiva dos produtores rurais é deveras concentrada em aumentar
sua e ciência de produção, sempre investindo em novas culturas, em insumos
tecnicamente mais avançados, em maquinários que utilizem os insumos de
forma mais precisa e racional e maneiras adequadas de controle de pragas,
doenças e plantas invasoras. Esta não é uma visão errada, aliás, é uma visão
progressista do agronegócio, que é condizente com a visão de controle de
qualidade de sua produção.
49
Este é apenas um exemplo, de uma situação que se repete em uma diversidade
de commodities agrícolas. Dada a maior e ciência agroindustrial e de logística de
outros players de mercado, não resta alternativa ao produtor brasileiro senão
primarizar sua produção (COSTA& TONIN, 2019).A primarização é um evento que
tem se acentuado ao longo das últimas três décadas e tem se acirrado com a
evolução de consumo de países asiáticos, como China e Índia, além do consumo
já percebido dos players tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia.
Essa conjuntura de fatores faz com que o PIB Agropecuário seja pouco
signi cante, tendendo a ser menos signi cante ainda, na mesma proporção em
que se investe em sistemas de produção de commodities.
50
Um exemplo de agregação de valor que tem ganhado destaque por meio
da pesquisa agropecuária pública é a produção de soja preta (Figura 9).
Trata-se da mesma espécie da soja convencional (Glycine max L.[Merill]),
porém, se trata da cultivar BRSMG 715A, de propriedade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA e Fundação Triângulo.
Seu diferencial está no sabor, mais agradável ao paladar humano, com
um elevado teor de antioxidantes e de proteínas com melhor índice de
digestibilidade (LANDGRAF, 2019).
51
Por sua vez, para agricultores familiares, o desa o da agregação de valor parece
ser menos intenso, quando consideramos o fato destes agricultores focarem sua
produção em gêneros mais diversi cados. Contudo, esbarra-se na di culdade de
falta de capital para investir em estratégias de agregação de valor e ainda,
existem amarras jurídicas que impedem a rápida agregação de valor,
especialmente considerando a comercialização de produtos de origem animal.
Fizemos uma breve exposição sobre o Sistema de Inspeção Federal – S.I.F. pois
tal sistema (além dos sistemas locais e estaduais) estabelece diretrizes sanitárias
para a produção de embutidos, bene ciamento de carnes, leite, queijos,
defumados, ovos e quaisquer outros produtos comestíveis de origem animal.
Embora importantes, tais diretrizes são muito distantes das realidades dos
sistemas produtivos familiares, obrigando tais sistemas a investir quantias
exorbitantes em estruturas e procedimentos, para participar do mercado. Cria-
se, então, uma barreira que torna pouco atrativa a agregação de valor “dentro da
porteira”.
52
Indicadores de Produção
“Dentro da Porteira”
Há pouco, mencionamos sobre a relevância dos sistemas de gestão como
estratégia para agregação de valor dentro da porteira. São sistemas
informacionais que permitem tecer um panorama acerca do custo-benefício da
aquisição dos insumos. Não obstante, tais sistemas permitem avaliar também a
produção, tornando-a mais e ciente a partir da aquisição de dados relacionados
a indicadores produtivos, gerenciais e econômicos (ARAÚJO, 2009; CAPINÚS &
BERRÁ, 2015).
53
07
Os Segmentos do
Agronegócio – Após a
Porteira
Compreendendo o Segmento
“Pós-porteira”
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a)a nossa sétima aula! Até aqui avançamos bastante
na compreensão dos conceitos ligados ao Agronegócio e visualizamos dois dos
três setores que fazem parte dos sistemas agroindustriais, quais sejam, o “antes
da porteira” (setor de insumos) e o “dentro da porteira”. Em ambos os casos,
zemos uma análise que nos permitiu compreender o panorama e os desa os
dessas áreas.
55
Figura 10 – Representação de um Sistema Agroindustrial | Fonte: ZYLBERSZTAJN
(2005, adaptado). Disponível aqui
56
Após receber a matéria-prima advinda do campo (colmos de cana-
de-açúcar), procede-se ao seu esmagamento, para se obter a
garapa, que possui concentração de açúcares redutores (onde se
encontra a sacarose) na ordem de 16%. A sacarose extraída segue
para o processo de secagem em fornalhas.
57
São variadas as possibilidades de formação de redes no setor “pós-porteira”,
tanto à jusante dos sistemas agroindustriais, como também a sua montante.
Ainda, considerando o exemplo da produção sucroalcooleira, uma usina possui
exibilidade na aquisição de sua matéria-prima, podendo escolher os
fornecedores que lhe abasteçam de modo mais competitivo.
58
podem ser disseminados em mais regiões. Isto amplia o potencial de
geração de dividendos ao Agronegócio Brasileiro.
Desenvolvimento de sistemas logísticos integrados: Embora possam
estar distantes dos principais centros consumidores, as Agroindústrias têm
aplicado o conceito de logística como um de seus indicadores de gestão e
e ciência. Uma vez que o conceito de logística abarca o transporte de
produtos e a transmissão de informações dos produtores aos
consumidores, de maneira e ciente e e caz, são constantes os
investimentos não somente das Agroindústrias, mas também dos
operadores logísticos, em atender à premissa logística em satisfazer às
necessidades do consumidor. Deste modo, adquire-se mais
competitividade mercadológica, o que eleva o consumo e a geração de
dividendos ao Agronegócio como um todo.
O Gargalo da Logística
Brasileira no “Pós-porteira”
Embora tenhamos ilustrado o dinamismo das agroindústrias, não devemos
pensar que todos os produtos agropecuários são processados e enviados aos
seus consumidores por meio dos distribuidores. Existem casos especí cos,
especialmente os ligados à produção de commodities, em que não se percebe o
processamento das matérias-primas. Basicamente existe o bene ciamento,
seleção e armazenagem de tais produtos, antes de os mesmos serem
deslocados para a exportação.
59
Independentemente do caso (havendo ou não o processamento das matérias-
primas), evidencia-se a problemática da infraestrutura de citária no setor de
transportes e de armazenagem pós-colheita. A Figura 11 demonstra um dos
problemas relacionados a nossa de citária infraestrutura logística:
Transvias (2018) a rma que o custo logístico no Brasil chega a R$ 15,5 bilhões,
absorvendo, em média, 12,67% dos lucros das cadeias produtivas que
dependem da infraestrutura logística de modo mais intensivo, como é o caso das
cadeias produtivas do agronegócio. Ainda, segundo os mesmos autores, há a
necessidade de se investir pelo menos R$ 300 bilhões para atenuar os gargalos
logísticos existentes no Brasil.
60
Os problemas logísticos fazem parte do conceito de “Custo Brasil”,
que é uma denominação genérica dada a uma série de custos de
produção, ou despesas incidentes sobre a produção, que tornam
difícil ou desvantajoso para o exportador brasileiro colocar seus
produtos no mercado internacional, ou então tornam inviável ao
produtor nacional competir com os produtos importados.
61
O “pós-porteira” brasileiro é bastante diversi cado, tecni cado e absorvedor de
mão de obra. Ao mesmo tempo, se organiza em redes e é capaz de gerar e
compartilhar conhecimento e informações, o que o torna bastante competitivo.
Por outro lado, as inconsistências observadas no ambiente institucional,
especialmente as ligadas à logística e infraestrutura, minam esta
competitividade, fazendo com que o Brasil que a alguns passos de seus
principais concorrentes mundiais.
62
08
Sistemas
Agroindustriais
Introdução
Prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a) a nossa oitava aula! É sempre muito bom ter
sua companhia nesta prazerosa jornada do conhecimento. Estamos chegando
na metade de nossos estudos e já podemos falar que avançamos
signi cativamente.
A Visão de um Sistema
Agroindustrial
Em uma percepção mais super cial, existe uma similaridade no arranjo das fases
entre uma cadeia produtiva e um sistema agroindustrial. Em ambos os casos,
percebe-se um uxo de produtos no sentido montante (produtor) à jusante
(consumidor nal). Da mesma forma, para os dois modelos (Sistemas e Cadeias)
existe um uxo no sentido contrário (jusante à montante) de capital.
64
Cadeia Produtiva como também no Sistema Agroindustrial, sendo estas
in uências derivadas do ambiente organizacional e do ambiente institucional
onde tais cadeias ou sistemas operam.
A noção de integração das ações faz com que os gestores destas empresas (e
por consequência, do sistema agroindustrial) possam propor medidas para a
criação de políticas públicas que bene ciem todo o sistema, sem segmentação
de visões entre o setor puramente agrícola, o setor industrial e o setor de
serviços (SOUZA & AVELHAM, 2019).
65
Sem dúvida, você já deve ter ouvido falar sobre a produção de café em
nosso país. A nal, o café representou nosso quarto venturoso ciclo
econômico, após os ciclos do Pau-Brasil, Ouro e Cana-de-açúcar.
66
Considerando o exposto, chega-se à conclusão de que tanto as cadeias
produtivas quanto os sistemas agroindustriais são arranjos produtivos que
irrigam o mercado consumidor, porém, o segundo age de forma coordenada,
integrando os agentes participantes no sentido de elevá-los à excelência.
67
Outro exemplo desta capacidade de absorção de desalinhamentos endógenos
ou exógenos são as constantes variações mercadológicas pelos movimentos
econômicos mundiais. Com risco de desaceleração econômica mundial, com a
Guerra Comercial entre Estados Unidos e China, com a insegurança política
interna e suas reverberações, gerando riscos aos acordos econômicos bilaterais
entre Brasil e China, além dos acordos com Arábia Saudita, Emirados Árabes
Unidos, Índia, União Europeia e Japão, são constantes as oscilações de mercado
que podem reduzir sensivelmente a margem de lucro dos entes em uma Cadeia
Produtiva.
68
Mapeando um Sistema
Agroindustrial
Uma das tarefas dos Gestores em Agronegócios é compreender as dimensões
de um sistema agroindustrial. Segundo Guanzirolli, Buainain e Sousa Filho
(2007), são quatro as dimensões que devem ser analisadas no mapeamento de
um Sistema Agroindustrial, a saber: Produto, Componentes, Território e Tempo.
69
nacionalmente dispersa? (b) As regiões produtoras apresentam
algum grau de especialização? (c) As políticas a serem formuladas
são de caráter regional ou nacional? (d) O orçamento de pesquisa é
su ciente para cobrir os custos de uma investigação nacional ou
internacional? GUANZIROLLI, BUAINAIN E SOUSA FILHO (2007, p. 32).
70
Figura 12 – Diagrama do Sistema Agroindustrial da Carne no Brasil | Fonte: SILVA
& BATALHA (2000, apud GUANZIROLLI, BUAINAIN E SOUSA FILHO, 2007).
71
Figura 13 – Diagrama do Sistema Agroindustrial da Carne Suína no Paraná |
Fonte: IPARDES (2002, apud GUANZIROLLI, BUAINAIN E SOUSA FILHO, 2007).
72
Com isso, espero que você tenha compreendido sobre os sistemas
agroindustriais, sua dinâmica e formas de diagnóstico. Em nossa próxima aula,
complementaremos este assunto, focando nossa atenção nas formas de
coordenação nas cadeias produtivas e nos sistemas agroindustriais. Vamos nos
encontrar por lá!
73
09
Formas de Coordenação
nas Cadeias Produtivas
do Agronegócio
Formas de Coordenação para
uma Cadeia Produtiva?
Prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a)a nossa nona aula. Por meio desta aula,
faremos uma abordagem direcionada às formas de coordenação nas Cadeias
Produtivas do Agronegócio e nos Sistemas Agroindustriais.
Porém, já devemos elucidar uma dúvida que pode surgir a partir de sua leitura.
O título de nossa aula é “Formas de Coordenação nas Cadeias Produtivas do
Agronegócio”.Naaula anterior, quando discutimos sobre a diferença dos
Sistemas Agroindustriais e das Cadeias Produtivas do Agronegócio, cou claro
que uma das diferenças são as estratégias de coordenação.
75
endógena, dada a natureza dos inter-relacionamentos entre seus atores. Porém,
há uma coordenação exógena, capaz de gerar uma “massa crítica” necessária
para a promoção do desenvolvimento de tais cadeias.
Portanto, nos parece razoável a rmar que a coordenação das cadeias produtivas
é essencialmente exógena, com constantes esforços para que os atores que
participam de uma cadeia produtiva possam se empoderar das formas de
gestão de suas cadeias, transformando-as em organizações mais complexas, a
exemplo das associações, cooperativas (formas mais avançadas) ou Clusters /
Arranjos Produtivos Locais (formas menos avançadas e que não exigem elevado
grau de integração entre os atores).
76
Coordenar uma Cadeia Produtiva ou Sistema Agroindustrial
signi ca seguir parâmetros e metas, ligadas a indicadores de
qualidade dos produtos e de gestão dos processos, de maneira a
gerar maior competitividade, redução de custos e ampliação da
satisfação dos respectivos entes, inclusive, do consumidor nal.
Clusters / Arranjos
Produtivos Locais
O termo Cluster, traduzido diretamente da língua inglesa signi ca “grupo” ou
agrupamento. Utilizado no Agronegócio, o termo em questão fora rearranjado,
em sua signi cância, para traduzir a ideia de coordenação de cadeias produtivas
e de sistemas agroindustriais. Assim, em português, o termo cluster também
signi ca “Arranjo Produtivo Local”.
77
Ainda, Oliveira, Diniz & Ramos (2018) esclarecem que a experiência italiana cara
marcada por atributos pertencentes a arranjos industriais. Sobre este assunto,
Keller (2008, p. 35), diz:
78
O caso do Arranjo Produtivo Local de Bicho-da-seda em Nova
Esperança, Paraná
79
O grande desa o em se elaborar um Arranjo Produtivo Local, ou mesmo formas
organizacionais mais avançadas está em se trabalhar com o setor “dentro da
porteira”. Infelizmente, nossos empresários rurais não detêm um nível de
educação formal satisfatório que lhes permita assimilar e interpretar
informações com o dinamismo necessário para que um APL saia do papel e vire
realidade.Assim sendo, a implementação de um APL é morosa.
Sem a con ança de que terão auxílio ao longo do processo organizacional, além
de outros vários fatores de resistência pessoal e interpessoal, como resistência
natural às mudanças, medo de quebra de hierarquias, idade avançada, falta de
aderência das propostas às experiências vividas, dentre outros motivos, o
processo de implementação dos APL’s se torna extremamente moroso.
Portanto, um dos maiores entraves que devem ser superados está ligado a
coadunar esforços e implementar o APL para que resultados desta sinergia
possam ser rapidamente sentidos pelos participantes. Outrossim, um desa o é
empoderar estes atores para que os mesmos possam conduzir o APL sem a
presença de um ou mais pro ssionais como você, caro(a) aluno(a), que fará a
80
animação dos processos. Di cilmente os APL’s funcionam sem os animadores,
contudo, uma vez que se estabelecerem e seus gestores compreenderem o seu
papel, o APL estará de nitivamente concluído.
Não existe uma receita para que um APL seja bem-sucedido. Provavelmente, as
relações entre os atores se dê com menos formalidade, em princípio. Em outros
casos, ocorre uma integração ímpar que permite que os sistemas de informação
dos participantes do APL sejam compartilhados, de maneira a haver uma gestão
do uxo de produtos e de abastecimento de mercado, gerando os menores
custos possíveis aos seus integrantes. Em casos mais extremos de integração, os
APL’s podem gerar um certi cado de territorialidade, como ocorre na cultura do
café, que possui selos de Denominação de Origem Comprovada – D.O.C.
espalhados pelo Brasil. Tudo depende da noção de importância da
implementação de um sistema de gestão e coordenação integrado e da noção
de contribuição individual e coletiva, para que os objetivos e metas propostos
possam ser, de fato, alcançados.
Espero que tenha gostado dos conteúdos desta aula e espero ainda que tais
conteúdos sejam esclarecedores. Em nossa próxima aula, falaremos sobre
outro fundamento do Agronegócio, do qual devemos aprofundar nossos
conhecimentos: A logística. Não perca!
81
10
Logística e
Comercialização
A Logística Aplicada ao
Agronegócio
A logística... Certamente uma das áreas mais fascinantes ligadas ao Agronegócio.
Por meio da logística, atendemos às necessidades dos clientes, de maneira
e ciente e e caz, delizando-o, demonstrando o diferencial de uma empresa ou
de uma cadeia produtiva coordenada.
83
sua meta primordial é entregar os produtos desejados pelo cliente, no tempo e
local corretos, com o menor custo e com e ciência não somente no transporte
do produto em si, mas no trânsito das informações.
Gerenciamento Logístico =
Gerenciamento das Cadeias
de Suprimentos
Sendo a logística um fundamento relevante ao Agronegócio, especialmente no
sentido de garantir a qualidade do processo, devemos usar formas de veri car a
e ciência do processo, permitindo, de forma transparente, que os agentes da
cadeia produtiva possam rastrear os produtos transportados.
84
É importante estabelecer que não existe um padrão de planejamento
relacionado aos KPI’s, de modo que a escolha dos indicadores deve levar em
conta as especi cidades de cada empresa e, ainda, tais indicadores devem ter
dados coletados periodicamente, para que seja possível avaliar desvios e
estabelecer medidas mitigatórias para garantir a máxima e ciência da logística
empresarial.
Os Modais Logísticos e a
Matriz de Transportes
Brasileira
Carvalho (2006) de ne os modais logísticos como os meios de transporte
capazes de conduzir as cargas desde a saída de um fornecedor até a chegada a
um cliente. Segundo o mesmo autor, os modais logísticos devem ser escolhidos
de acordo com seis categorias de fatores in uenciadores, quais sejam:
Necessidades dos clientes; Características dos Produtos; Organização e Estrutura
da Empresa; Intervenções Governamentais; Disponibilidade dos Transportes e
Instalações; e, Percepção dos Tomadores de Decisão.
85
A escolha do uso do modal deve ser criteriosa e, considerando o Agronegócio,
geralmente se utiliza mais de um modal, sendo o mais comum, a combinação de
transporte rodoviário, ferroviário e marítimo (para commodities) e rodoviário e
aéreo, considerando produtos de alta perecibilidade.
86
Transportar cargas oriundas de atividades agropecuárias é uma
tarefa que exige planejamento, ainda mais, considerando os
desa os impostos pela de citária infraestrutura brasileira.
Contudo, além de planejar o uso dos modais, o Gestor de
Agronegócios deve se atentar às documentações e ao seu custo,
especialmente quando lidamos com produtos que serão
exportados.
87
Uma das variáveis que in uencia negativamente em nosso custo logístico, além
da infraestrutura de citária, é a matriz de transportes brasileira. Para se ter uma
ideia, importantes players do agronegócio mundial, como Estados Unidos, China
e União Europeia possuem sua matriz majoritariamente formada pelos modais
ferroviário e aquaviário, o que lhes reduz o custo de transportes e, por
consequência, amplia sua competitividade.
88
Embora o Brasil apresente problemas logísticos severos que afetam o
Agronegócio, devemos ressaltar que houve evoluções no que tange à melhor
integração entre os modais, com a construção de novos entrepostos, novas
ferrovias, investimentos em hidrovias e, ainda, a criação de novos marcos legais
de desburocratização das parcerias público-privadas nos investimentos em
infraestrutura.
89
Figura 14 – Corredores de exportação de grãos no Brasil | Fonte: FILASSI,
OLIVEIRA & MAKIYA (2017).
90
Um corredor de exportação é conhecido por ser um sistema
interligado de transportes e armazenamento para escoamento de
produtos de alta concentração e grandes volumes, em que se visa
agilidade no escoamento para exportação ou consumo interno.
Considerações Finais
Nosso objetivo, com esta unidade foi apresentar um panorama acerca da
logística brasileira e sua interação com o Agronegócio. Claro que os estudos
sobre o tema não se limitam aos assuntos expostos, porém, como estamos
apresentando os Fundamentos do Agronegócio, não há a necessidade, no
momento, de nos aprofundarmos no assunto.
91
panorama detalhado sobre os sistemas de armazenagem de commodities, sobre
centros de distribuição e sobre tecnologias de rastreamento de cargas e
estoques. Certamente, você não perde por esperar!
Deste modo, encerramos nossa aula neste ponto e lhe convido a continuar sua
jornada do conhecimento comigo, em nossa próxima aula, quando discutiremos
sobre as características gerais do Agronegócio brasileiro.
92
11
O Agronegócio
Brasileiro
Caracterização do
Agronegócio Brasileiro
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)a nossa décima primeira aula. Depois de
debatermos acerca de um dos principais fundamentos (e gargalos) relacionados
ao Agronegócio, é chegada a hora de caracterizar o Agronegócio brasileiro.
Isto não quer dizer que o Agronegócio brasileiro seja mais desenvolvido que o
Agronegócio de outros países mais recentemente colonizados ou menos
desenvolvido que países europeus, ou mesmo, asiáticos, que possuem um longo
relacionamento com a agricultura.Cada país possui grande in uência em cadeias
produtivas e sistemas agroindustriais especí cos. O Brasil é um país bem
sucedido no Agronegócio por outros fatores, os quais discutiremos a seguir.
94
O Brasil como um país agroexportador
Não é necessário se aprofundar em literaturas mais direcionadas para
reconhecer que o Brasil passou por grandes ciclos econômicos relacionados à
produção agropecuária. Durante a época colonial, de 1532 a 1808, quando o
Brasil se tornou um Reino Unido a Portugal, dada a vinda da Família Real
Portuguesa, o Brasil passou por dois ciclos econômicos relevantes relacionados
ao Agronegócio.
O segundo foi considerado como uma atividade agrícola, uma vez que é
relacionado à produção de uma commodity: Ciclo da Cana-de-açúcar. Ocorrido
entre os séculos XVI e XVIII, especialmente no Nordeste brasileiro, promoveu
mudanças radicais nos padrões de ocupação das terras e, ainda, estabeleceu o
Brasil como o maior exportador agrícola de uma commodity no mundo. A
economia brasileira dependia das exportações do açúcar e isso movimentava
capital em diversos núcleos produtivos no Brasil.
Por sua vez, o terceiro ciclo relacionado ao Agronegócio já não era exclusividade
do período colonial, sendo compartilhado entre o período imperial e republicano
(séculos XIX e XX): Ciclo do Café.
95
Com a implementação das tecnologias da Revolução Verde e com o
arrefecimento das exportações de café, o Brasil entrara em um novo período de
desenvolvimento agropecuário, mais diversi cado e pautado na implementação
das cadeias produtivas, sistemas agroindustriais e na produção de commodities
como milho, algodão e a recém-chegada soja.
96
fatores de produção. Além disso, esta evolução histórica colocou o Brasil em
posições de destaque nas exportações, conforme destacado por USDA (2019,
apud MAPA, 2019):
Açúcar 1º 1º
Café 1º 1º
Suco de Laranja 1º 1º
Carne Bovina 2º 1º
Carne de Frango 2º 1º
Milho 3º 3º
Soja Grão 2º 1º
Farelo de Soja 4º 2º
Óleo de Soja 4º 2º
Algodão 4º 2º
Carne Suína 4º 4º
97
mercado mundial, a exemplo da fruticultura, da produção de pescados, da
silvicultura e produtos orestais, papel e celulose, seda e cachaça.
Também, por ser um país que se estende de norte a sul, em um amplo território,
existe uma diversidade de biomas e microclimas diferenciados, que permitem o
cultivo de dezenas de espécies vegetais de interesse econômico e a condução de
um conjunto robusto de espécies animais (aves, suínos, caprinos, ovinos,
bovinos, peixes, bubalinos e outras explorações, como carnicicultura, ranicultura,
aquicultura, sericicultura, cunicultura, dentre outros).
98
Alguns dos termos que utilizamos acima podem não ser de seu
conhecimento. Assim, vamos às suas de nições: a)
Bubalinocultura –criação de búfalos; b) Carnicicultura – criação de
crustáceos; c) Ranicultura – Criação de rãs; d) Aquicultura – Criação
de animais aquáticos, anfíbios ou répteis (jacarés); e) Sericicultura
– Criação do Bicho-da-seda; f) Cunicultura – Criação de Coelhos.
Desse jeito, não é exagero cantarolar que “em nossa terra, tudo que se planta,
dá”, parafraseando uma música de uma dupla sertaneja que fez muito sucesso
na década de 1990, uma vez que temos condições climáticas ideais para
conduzir satisfatoriamente as atividades agropecuárias.
99
Na atualidade, o Brasil é o segundo maior produtor de
biocombustíveis, perdendo apenas para os Estados Unidos. No
entanto, no caso norte-americano, percebe-se que a produção de
biocombustíveis é pouco diversi cada (deveras concentrada na
produção de etanol de milho) e altamente subsidiada.
Deste modo, uma das vertentes que devem ser estudadas a fundo
por futuros Gestores em Agronegócios é o setor de
biocombustíveis e bioenergia.
100
Demais condições que tornam o Brasil
pujante no Agronegócio
Sendo um país de vocação agropecuária, o Brasil apresenta condições avançadas
no quesito tecnologia. Deixamos de ser um mero importador de tecnologias
para desenvolver nossas próprias tecnologias. Isto se deveu, em grande parte,
aos investimentos governamentais em pesquisa agropecuária, advindos de
centros dedicados ao tema, como a Embrapa, ou de centros de pesquisa de
universidades públicas. Ademais, os institutos privados de pesquisa e a inserção
das multinacionais em nosso território acentuou a produção de tecnologias
agropecuárias, colocando o Brasil na vanguarda tecnológica do Agronegócio.
101
Para que você possa ter uma ideia das projeções do Agronegócio
brasileiro para os próximos dez anos e conferir a pujança deste
setor econômico.
102
12
O Agronegócio
Mundial
O Cenário Produtivo Mundial
Caro(a) aluno(a), você já parou para pensar em qual cenário o Agronegócio atua?
Quantas pessoas existem no mundo para serem alimentadas por meio das
atividades relacionadas ao Agronegócio? Quantas culturas existem para esta
nalidade? Qual a área disponível para o plantio? São muitas as perguntas que
devem ser realizadas para se contextualizar o cenário no qual o Agronegócio
mundial atua.
104
alimentar e o fato de 10,9% da população mundial sofrer desnutrição
severa, chega-se a conclusão de que os uxos de comercialização são
centralizados e mal distribuídos;
Embora tenha havido uma evolução na ocupação de mulheres che ando as
produções agropecuárias, ainda se percebeum potencial não explorado.
Caso as mulheres tivessem condições de acessar recursos produtivos para
a aquisição de insumos e de tecnologias produtivas, estima-se que a
produção advinda de seus sistemas produtivos poderia alimentar mais de
100 milhões de habitantes;
Em termos de marketshare de valor das exportações agropecuárias, a
primeira posição é ocupada pela União Europeia, com 41,1%. Já Estados
Unidos, Brasil e China completam este seleto grupo com as respectivas
porcentagens de 11,0%, 5,7% e 4,2%. Tal fato indica que existe ampla
vantagem da União Europeia nas exportações de produtos agropecuários
já processados. A realidade de Estados Unidos e Brasil é bem diferente:
Suas exportações estão concentradas em commodities de baixo valor
agregado, especialmente soja e milho;
Em ordem, os maiores importadores de produtos agropecuários são:
China, Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Japão, França, Itália, Bélgica,
Canadá, Espanha, Índia e México;
Em ordem, os maiores exportadores de produtos agropecuários são:
Estados Unidos, Holanda, Brasil, Alemanha, França, Espanha, Canadá,
China, Bélgica, Itália, Austrália e Indonésia;
Em parte, a presença dos mesmos países nos rankings de importação e
exportação reforçam a tese de que tais países importam matérias-primas
de menor valor agregado e exportam produtos processados de maior valor
agregado. Esta lógica vale para os países da União Europeia e ainda, para a
China;
Considerando a comparação entre áreas e produção de cereais no
princípio do século XXI (safra 2002/03) com os dados da safra 2016/17,
chega-se a conclusão de que houve um discreto aumento de área
produzida (12,76%) enquanto o aumento de produção foi elevado (41,5%).
Isto permite concluir que os investimentos da pesquisa agropecuária estão
direcionados para o melhoramento genético das culturas, propiciando-lhes
fenótipos mais adequados ao enfrentamento das intempéries
edafoclimáticas;
Há um cenário perigoso em termos de produção de soja e milho, duas das
principais commodities comercializadas no mundo: Quatro países (Estados
Unidos, China, Brasil e Argentina) transacionam mais de 80% destas
commodities em nível mundial. Qualquer problema produtivo ou
econômico ligado a um destes países pode promover consequências
105
negativas para o mercado como um todo, elevando demasiadamente seus
preços e os custos de produção de todas as cadeias produtivas que
dependem destas commodities como insumo, a exemplo das cadeias
produtivas da avicultura, suinocultura e bovinocultura;
Estima-se que o valor bruto total do Agronegócio mundial se aproxime de
US$ 13,2 trilhões para o ano de 2025, com 80% deste valor sendo gerado
pelo setor “depois da porteira”.
Esta é uma tendência que se repete especialmente nos países que possuem suas
atividades agropecuárias pautadas na produção de commodities, como é o caso
do Brasil. De certo modo, isto re ete uma tendência criada a partir do nal da
Segunda Guerra Mundial, em que os países do Hemisfério Norte se
especializariam na produção tecni cada e de alto valor agregado, considerando
o Agronegócio e o setor Industrial, enquanto que os países do Hemisfério Sul
seriam os “celeiros do mundo”.
106
A guerra comercial entre Estados Unidos e China e suas
reverberações no mercado mundial de commodities estão sendo
sentidas pelos produtores rurais ao redor do mundo. Há 20 meses
esta guerra se estende e aparentemente seu m não parece
próximo. Neste sentido, os Gestores em Agronegócios precisam
estar conscientes das movimentações econômicas globais para
propiciar a melhor tomada de decisão junto aos seus clientes.
107
existem falhas na distribuição das áreas produtivas (muitos países não contam
com condições climáticas adequadas para produzir ou ainda, não dispõem de
recursos hídricos de modo satisfatório) e, ainda, falhas na distribuição dos
alimentos em si.
108
Agroenergia é um termo recente que se refere à produção de
energia elétrica por meio de uma atividade agropecuária. Por
exemplo, a produção de biogás está no contexto da agroenergia,
uma vez que sua queima movimenta turbinas capazes de gerar
energia.
109
Com isso chegamos ao nal de nossa décima segunda aula, onde reconhecemos
o panorama do Agronegócio mundial. Não é nossa pretensão esgotar o assunto,
mas espero que, com as informações apresentadas, você possa ter uma ideia do
comportamento desse setor econômico e suas in uências sobre o Agronegócio
brasileiro.
110
13
Comércio
Internacional de
Commodities
Aspectos Gerais da
Comercialização
Internacional de
Commodities
Prezado(a) aluno(a), chegamos a nossa décima terceira aula e por meio de
nossas discussões, abordaremos o processo de comercialização do commodities
em nível internacional.
112
Além da lei da oferta e da demanda, os preços das commodities sofrem
in uências mercadológicas e técnicas, as quais são chamadas de “variáveis
especulativas”. São exemplos destas variáveis:
Previsões climáticas;
Relatórios de andamento de safras, liberados por agentes conhecidos no
mercado, como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos –
USDA;
Estoques internacionais da commodity;
Previsões de demanda das cadeias produtivas que dependem da
commodityque será comercializada;
Barreiras comerciais.
113
no geral, são abastecidas pelo milho armazenado ou importado. Por sua vez, no
primeiro período destacado (abril a agosto), os preços são mais baixos por
termos ativos (milho) circulantes no mercado.
Porém, perceba que não é o produtor que forma o preço de seu produto. Isto
seria normal no caso de produtos que não possuem a característica de serem
commodities. Neste caso, a formação do preço de venda de um produto levaria
em conta os custos de produção, os custos de transação, margem de lucro e
tempo de retorno dos investimentos, caso sejam feitos. No caso de uma
commodity é o mercado internacional que leva em consideração os grupos de
variáveis apresentados, analisados em conjunto, para formar o preço.
Nesse caso, quais seriam as estratégias que poderiam ser utilizadas pelos
Gestores em Agronegócios para que o produtor rural possa manter uma
sustentável margem de lucro? Parece um questionamento de difícil resolução,
mas temos algumas dicas:
114
Atores e Alternativas para a
Comercialização de
Commodities
Quando falamos a respeito do mercado físico, estamos nos referindo ao simples
fato de comercializar os lotes de uma commodity de acordo com os preços atuais
do mercado. No geral, os lotes são comercializados de acordo com a unidade
tonelada, porém, admite-se fracionamentos de lotes, dependendo da commodity
em questão. Veja alguns exemplos de unidades fracionadas de lotes a seguir:
115
Figura 17 – Representação de um Bushel | Fonte: WIKIPEDIA (2019).
Disponível aqui
116
c. Mercado de opções: Neste caso, observamos uma pequena variação
frente aos métodos anteriores. O comprador adquire o direito (porém não
é obrigado a fechar negócio) de comprar uma determinada commodity por
um valor pré- xado em qualquer data dentro do prazo de vencimento do
contrato. Assim, havendo uma previsão de aumento no preço da
commodity, o comprador se previne do fato de ter de desembolsar mais
recursos para adquirir os lotes da commodity Trata-se de um método mais
exível frente aos demais, pois não estabelece uma data xa de liquidação
do contrato.
117
Além destas opções, existe a opção conhecida por Barter ou
Relações de Troca. Não se trata exatamente de uma opção de
comercialização de uma commodity, mas é uma opção para
aquisição de insumos, muito utilizada por produtores cooperados.
Nesta modalidade, o produtor tem a liberdade de adquirir todos
os insumos e tecnologias necessárias à sua produção. Uma vez
que este produtor comercializa sua produção com a cooperativa a
qual ele é cooperado, a cooperativa converte sua produção em um
valor e abate deste valor os custos com os insumos. Tal
modalidade é interessante para os produtores que não dispõem
de capital de giro para investir por conta própria na aquisição de
seus insumos.
118
Grandes produtores possuem contato direto com Gestores de Agronegócios
dentro de corretoras especializadas. Estes gestores agem como traders trazendo
as melhores opções de contratos para comercializar as commodities produzidas.
Por sua vez, produtores de porte médio ou pequeno que estão no mercado de
commodities se utilizam das estruturas de suas cooperativas como uma forma de
negociar seus produtos, garantindo praticidade neste processo.
Considerações Finais
Você percebeu como a comercialização de commodities pode ser interessante?
São vários fatores e opções que devem ser levados em conta, em uma atividade
na qual você, futuro(a) gestor(a)de Agronegócios, deve desenvolver sua
habilidade de prospectar as melhores soluções aos seus clientes e, ao mesmo
tempo, negociar os termos de contratos para que o produtor rural ou sua
empresa possam ter uma margem de lucro honesta e sustentável.
119
14
A Agricultura
Familiar e o
Agronegócio
O Agricultor Familiar
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a nossa antepenúltima aula do livro de
Fundamentos do Agronegócio. Como nas demais aulas, é muito bom contar com
sua atenta leitura e companhia.
Esta é uma aula bastante especial, pois vamos falar a respeito de um segmento
fundamental no Agronegócio, formado por homens e mulheres, jovens, adultos
e idosos que, dia após dia, contribuem verdadeiramente para nutrir as famílias
brasileiras e até mesmo de outros países: Os Agricultores Familiares.
Você sabe quem pode ser classi cado como um Agricultor Familiar?
(...)
121
empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio
rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
(...)
Uma questão que nos serve para re exão é destacada por Costa (2019), em sua
análise sobre os precedentes da Revolução Verde no Brasil. Segundo Costa
(2019), os Agricultores Familiares já existiam historicamente e se utilizavam das
terras para prover o seu sustento e o de sua família. Com o surgimento da
Revolução Verde e seu pacote técnico e tecnológico, iniciou-se um processo de
segregação que gerou uma nova categoria de agricultores: Os Agricultores
Patronais.
Por outro lado, os Agricultores que resistiram no campo, com seus modelos
tecnológicos e saberes tradicionais criaram uma massa crítica de reatividade que
passou a questionar o escancarado direcionamento das políticas públicas a um
122
segmento de agricultores recém-criado (COSTA, 2019).
Deste modo, em 1996, esta nova categoria fora denominada como “Agricultura
Familiar” e nalmente fora criada uma política de fomento que atendia
especi camente às suas peculiaridades. Tratou-se do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF (COSTA, 2019).
Desde então, houve uma ampliação das políticas públicas direcionadas a esses
agricultores, sendo a “cereja do bolo” a criação de uma lei, já em 2006 (Política
Nacional da Agricultura Familiar, conforme abordamos) que a rmou
de nitivamente em nosso arcabouço jurídico, a denominação “Agricultura
Familiar”.
123
Afinal, a Agricultura
Familiar faz Parte do
Agronegócio?
O questionamento que inaugura esta nova etapa de nossa aula é bastante
pertinente, quando consideramos o campo ideológico de análise. Você deve se
lembrar que, em um determinado ponto do tópico anterior, nos referimos ao
princípio do processo de reatividade daqueles agricultores que resistiam ao
modelo tecnológico da Revolução Verde. Justamente parte destes produtores
“resistentes” inaugurou aquilo que conhecemos hoje por “movimentos sociais
campesinos”.
As lutas sociais camponesas no Brasil podem ter sua gênese ligada à década de
1950, com as Ligas Camponesas (GRYNSZPAN, 2019). No entanto, a maior
reatividade desses camponeses ocorreu no princípio da década de 1980 e o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST é um dos representantes
desta movimentação social.
124
uma solução perfeita para a alimentação humana. Contrapunha-se, de um lado,
um modelo que prezava a produção de alimentos em escala com soluções
técnicas questionáveis quanto à qualidade do alimento e à sustentabilidade do
processo e,de outro, um modelo holístico, que priorizava a produção sustentável
e integrada à natureza e aos saberes dos agricultores, porém, sem escala
suficiente para “matar a fome no mundo”.
125
Para que tenhamos uma ideia mais clara sobre a presença e
con guração de um ambiente institucional e organizacional
diferenciado ligado à Agricultura Familiar, basta observarmos
alguns exemplos:
126
produtivas ou sistemas agroindustriais. Assim, é pertinente
enfatizar que a Agricultura Familiar faz parte e é cada vez mais
assimilada pelo Agronegócio.
Qual a Participação da
Agricultura Familiar no
Agronegócio?
A Figura 18 nos apresenta dados interessantes sobre a participação e relevância
da Agricultura Familiar no Agronegócio.
127
Os dados relevantes que podem ser observados por meio da Figura 18 são:
Além do exposto na Figura 18, podemos a rmar que a Agricultura Familiar está
mais inserida no cotidiano da sociedade. Produtos lácteos, mel, doces,
compotas, pani cados e outros agroindustrializados com a participação da
Agricultura Familiar são constantes em nossas mesas, nas gôndolas dos
supermercados ou em formas tradicionais de comercialização, como é o caso de
frutarias, quitandas e feiras do produtor rural, em que os mesmos assumem
contato direto com os consumidores, vendendo seus produtos e sua
cordialidade.
128
Mediante o exposto, é explícita a participação da Agricultura Familiar em cadeias
produtivas importantes e no Agronegócio como um todo. Logicamente, não
esgotamos todas as possibilidades nas quais o Agricultor Familiar pode se inserir
como elemento-chave, todavia, fomos capazes de visualizar o panorama da
Agricultura Familiar no Agronegócio brasileiro, compreendendo sua elevada
importância em nossas mesas.
Leia mais sobre a Agricultura Familiar e aprenda sobre este fascinante assunto
para complementar seus estudos. Além das dicas que apresentamos, sempre
faça a buscativa por livros, artigos e pesquisas sobre o tema, para aprofundar
seus conhecimentos.
129
15
Inovações Aplicadas
ao Agronegócio
O Conceito de Inovação
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à nossa penúltima aula. Por meio de nossas
atuais discussões, você compreenderá os conceitos básicos sobre inovação e
aprenderá que estabelecer uma cultura de inovação ao longo das cadeias
produtivas e dos sistemas agroindustriais deve ser uma constante.
Neste sentido, é importante que possamos de nir o que é a inovação, para que
depois possamos compreender de que maneira estas inovações podem ser
aplicadas ao Agronegócio.
131
sustentáveis, ao posicionamento competitivo, aos conceitos de core competence,
à capacidade de inovação e à aprendizagem organizacional.Pode-se dizer que,
quando se fala de estratégia, a inovação surge como um elemento fundamental
da ação e diferenciação das empresas (PORTER, 1998; HAMEL, 2007; DAVILA,
EPSTEIN & SHELTON, 2007).
132
DETERMINANTES
DA CULTURA SIGNIFICADO
ORGANIZACIONAL
133
dependente do suporte do gerente. Tolerância dos gerentes
ao erro dos empregados. O apoio dos gerentes na adaptação
de regras e regulamentos.
Pela leitura do Quadro 2, pode-se inferir que uma empresa que possui um
comportamento transparente e onde se permite que a tomada de decisões seja
realizada de modo horizontal, com base nos pensamentos criativos de seus
colaboradores e parceiros (comumente chamados de stakeholders), possui uma
capacidade de inovação que lhe traz um diferencial de mercado.
A Inovação no Agronegócio
Embora haja exceções, os atores que atuam no Agronegócio possuem um per l
conservador frente à adoção de novas tecnologias.São diversos os fatores que
fazem com que nosso público atendido seja conservador, pouco resiliente e
resistente às mudanças tecnologias. Almeida (2003) sistematiza tais fatores,
realizando os seguintes apontamentos sobre as origens de tais resistências:
134
- O indivíduo pode não estar convencido dos objetivos e intenções da
introdução da tecnologia;
- O indivíduo resistirá ao processo se sentir que sua posição na organização
se encontra ameaçada;
- Resistência de um grupo – quando mais de uma pessoa compartilham dos
mesmos sentimentos que de nem as resistências individuais, elas se
agrupam, formando campos de poder para irem contra as mudanças.
Desta forma, se pode justi car o porquê de nosso público de trabalho estar
descolado para categorias mais tardias de adoção das inovações, considerando
o modelo teórico de Rogers& Scott (1997). É evidente que o meio rural brasileiro,
mesmo com tantos avanços, ainda apresente estas resistências. Além disso, o
fator idade é preponderante, especialmente quando falamos em gestão.
135
Assim, por meio desta discussão ca evidente que devemos focar nos fatores
que fazem com que as inovações não sejam adotadas no Agronegócio,
reconhecendo o per l dos atores que participam das cadeias produtivas e
demonstrando as vantagens e a viabilidade da adoção das tecnologias, as quais
não precisam representar uma ruptura do modelo anterior, podendo ser
bastante simples e altamente e cientes.
136
Figura 19 – O uso de drones para a distribuição do controle
biológico | Fonte: BURGI & WALLER (2019). Disponível aqui
137
Para que você possa compreender, de modo mais aprofundado,
sobre as inovações acerca do controle biológico de pragas e
doenças nas plantações.
Considerações Finais
Por meio das exposições desta aula, compreendemos o conceito de inovação e
assimilamos algumas necessidades para que o conceito de inovação possa ser
capilarizado também ao Agronegócio.
É certo que o Agronegócio ainda tem um caminho muito longo para atingir o
mesmo nível de inovatividade do segmento industrial e do setor de serviços.
Porém, o início já está dado e a velocidade com a qual este caminho será
trafegado é função de uma importante variável: Você!
Espero que tenha gostado dos assuntos abordados e, em nossa última aula,
nalizaremos as nossas discussões sobre os Fundamentos do Agronegócio,
discutindo sobre suas perspectivas. Aguardo você,ansiosamente!
138
16
Os Principais Desafios
do Agronegócio para o
Futuro
Novos Paradigmas do
Agronegócio
Prezado(a) aluno(a), chegamos a nossa última aula com algumas re exões
importantes a serem feitas. Ao longo de nossas aulas, compreendemos que o
Agronegócio é uma força econômica gigantesca, capaz de mover trilhões de
dólares em um único ano e capaz de movimentar a economia de países
populosos, ora pela produção de alimentos, ora por seu consumo.
140
Tais desequilíbrios gerados pela ação humana podem diminuir a capacidade do
ambiente em compensar os impactos sofridos e quanto mais isto ocorre, menor
é a resiliência ambiental e mais graves podem ser as consequências para o ser
humano e suas atividades.
Como todos sabemos, usar o cheque especial bancário não é uma boa opção,
devido à cobrança de juros astronômicos. O solo também “cobrará” tais juros,
pois sem condições de reequilibrar seus nutrientes e estrutura, ele não permite
o nascimento de mais nenhuma planta. Eis que chegamos em uma fase crítica
de deserti cação e erosão de solos.
141
Outrossim, ainda existe um movimento agrário importante a ser discutido,
dentro das modi cações espaciais promovidas pelo Agronegócio. A capilarização
da ocupação de terras da Amazônia Legal e,ainda, a concentração de terras que
continua ocorrendo, embora de modo mais tímido. Tais movimentos podem pôr
em xeque a própria aceitação dos produtos do Agronegócio, isto frente a um
público consumidor cada vez mais consciente e exigente quanto à legalidade e à
ecoe ciência dos produtos e dos processos.
Veja que, com isso, não estamos impondo uma alcunha negativa ao Agronegócio
ou nos utilizando de alguma ideologia para arranhar a sua imagem. Apenas
estamos discutindo sobre a insustentabilidade do modelo e a necessidade de
re etirmos sobre novas alternativas para o Agronegócio.
142
Considerando a “Agricultura Urbana”, segundo Michellon, Costa e
Messias (2019), a produção de alimentos em meio urbano,possui
um elevado potencial para nutrir as famílias, considerando o
plantio em espaços privados, casas, prédios, construções verdes e
ecoe cientes e, ainda, em espaços públicos degradados, ou seja,
baldios. Neste último caso, salientam os autores, há ainda a
possibilidade de se gerar uma cultura de saúde física e mental,
pelos trabalhos comunitários executados nas hortas.
143
Mediante o exposto, chegamos à conclusão de que existe uma grande demanda
para que os paradigmas atuais do agronegócio sejam modi cados, tornando o
modelo mais sustentável. As demandas a serem atendidas são as seguintes:
144
Estas são apenas algumas das demandas e desa os que o Agronegócio precisa
enfrentar nos próximos anos. Veja que várias destas demandas só poderão ser
cumpridas a partir de uma conjuntura de fatores sociais, ambientais,
econômicos, políticos e pro ssionais, os quais precisam de coordenação para
que a convergência destes fatores seja favorável ao surgimento de um
Agronegócio Sustentável.
Para que este novo agronegócio surja, é imperativo que você seja formado
adequadamente, atuando no mercado, de modo assertivo e consciente,
animando os processos, de maneira a convergir esforços e fatores para que, de
fato, o Agronegócio possa alicerçar novos patamares de sustentabilidade.
145
Conclusão
Caro(a) aluno(a), toda vez que terminamos um livro, sempre nos vêm uma mescla de sentimentos. Fico muito
feliz, pois neste momento, concluímos nosso objetivo de compreender as bases e os fundamentos ligados ao
Agronegócio. Contudo, co ligeiramente triste, pois este é nosso último contato nesta obra. Gostei muito de ter
sua companhia ao longo destas dezesseis aulas. Vamos recapitular algumas coisas?
Por meio de nossas aulas iniciais, concentramos nossos esforços em compreender os conceitos básicos de
Agronegócios e, ainda, aprendemos quais foram os elementos que permitiram com que o Agronegócio surgisse.
Em meio à Revolução Verde, que permitiu uma mudança de paradigmas sem igual na história da agricultura,
surgiram as bases conceituais e práticas do Agronegócio e de seus elementos.
Ainda, tivemos a oportunidade de compreender elos fundamentais que permitem com que os produtos do
agronegócio possam chegar aos seus clientes, discutindo acerca das virtudes e problemas da logística e, ainda,
consolidando nosso entendimento sobre as formas de comercialização. Aprendemos, neste segmento, que
existem outras maneiras de comercializar produtos agropecuários, além do mercado físico, sendo formas
importantes que permitem maior segurança e previsibilidade de lucros e riscos.
Por sua vez, mais ao nal de nossas aulas, compreendemos a necessidade de se capilarizar a cultura
organizacional de inovação também para o Agronegócio, de maneira a agregar-lhe valor e importância.
Outrossim, não terminamos nossas aulas sem entender que o Agronegócio deverá enfrentar desa os
importantes, especialmente os ligados a uma produção mais limpa e includente, do ponto de vista econômico e
social.
Logicamente que nossos estudos acerca dos Fundamentos do Agronegócio não acabam na simples leitura deste
material. Além das aulas disponíveis em seu ambiente on-line, você deve explorar as diversas literaturas sobre
este tema, além de estar antenado nos mais recentes acontecimentos da área. Lembre-se de que quem possui o
conhecimento e as informações mais atualizadas será mais bem--sucedido no mercado de trabalho.
No mais, desejo-lhe bons estudos em sua jornada e espero que você tenha sucesso em sua vida acadêmica e
pro ssional. Um forte abraço!
146
Material Complementar
Livro
Autores: Antônio Márcio Buainain, Maria Beatriz Machado Bonacelli e Cássia Isabel
Costa Mendes (Org.)
Editora: INCT/PPED
Sinopse: O presente livro reúne uma compilação de trinta artigos produzidos por
pesquisadores da área de inovação tecnológica e difusão cientí ca da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, artigos estes produzidos à luz da
discussão sobre o desenvolvimento do conhecimento e das inovações na
agropecuária. Este livro também trata de projeções no cenário tecnológico do
agronegócio, antecipando e discutindo sobre tendências tecnológicas e inovativas
para a produção de alimentos e de matérias-primas. Sugerimos a leitura deste
material para o reconhecimento da importância da produção do conhecimento e
ainda, para a ampliação do saber quanto às inovações tecnológicas aplicadas ao
agronegócio.
Livro
Livro
Fundamentos de Agronegócios
147
Referências
ALMEIDA, F.C. Atores e Fatores na Introdução de um Sistema de Informação. Disponível em:
<http://www. a.com.br/proinfo/artigos/>. Acesso em: 16 nov. 2019.
BBC Brasil: China x EUA: O que o Brasil ganha e perde com a guerra comercial. Disponível em:
<https://youtu.be/L78mLnTu-Rg>. Acesso em: 13 nov. 2019.
BENTO, D.G.C.; TELES, F.L. A sazonalidade da produção agrícola e seus impactos na comercialização de
insumos. Revista Cientí ca do Centro de Ensino Superior Almeida Rodrigues. 1(1): p. 15-19: 2013.
BM&F BOVESPA. Commodities. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-
e-derivativos/commodities/>.
BRUNO-FARIA, M.F.; FONSECA, M.V.A. Cultura de Inovação: Conceitos e Modelos Teóricos. RAC, Rio de Janeiro,
18(4): p. 372-396, 2014.
BUAINAIN, A. M.; BONACELLI, M. B. M.; MENDES, C. I. C. (Org.). Propriedade intelectual e inovações na
agricultura. Rio de Janeiro: INCT, 380p.,2015.
BURGI, A.; WALLER, G. Drones usados para controle de pragas e doenças a campo. Disponível em:
<https://www.dinheirorural.com.br/wp-content/uploads/sites/18/2019/08/110.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2019.
CAPINÚS, A.D.; BERRÁ, L. Indicadores Gerenciais para uma propriedade deAgricultura Familiar de Cruzeiro
do Sul. Revista destaques acadêmicos, 7(1): p. 110-123, 2015.
CARVALHO, J.D. De nição do modal de transporte ótimo para componentes comprados numa empresa
aeronáuticabrasileira. Dissertação (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP). Departamento de
Engenharia de Transportes, 126p., 2006.
CNA. PIB do agronegócio avança em julho e mantém crescimento no acumulado do ano. Disponível em:
<https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/ les/Cepea_CNA_PIB-15outubro2019(1).pdf>. Acesso em: 07
nov. 2019.
COSTA, T.R. Novas Tecnologias Aplicadas ao Agronegócio. 1ª ed. Maringá: UNICESUMAR, 179p.,2018.
COSTA, T.R. Novas Tecnologias Aplicadas ao Agronegócio. 2ªed. Maringá: UNICESUMAR, 248p., 2019.
COSTA, T.R.; TONIN, J.M. Cadeias Produtivas da Soja e do Milho. 2ªed. Maringá: UNICESUMAR, 248p.,2019.
148
CREA-PR. Você sabe o que é Agricultura 4.0? Disponível em: <https://g1.globo.com/pr/parana/especial-
publicitario/crea-pr/engenharias-geociencias-e-voce/noticia/2019/10/22/voce-sabe-o-que-e-agricultura-40.ghtml>.
Acesso em: 05 nov. 2019.
CRESPOLINI, M. Agora é hora: De olho no milho. Disponível em:
<https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/cartas/48352/carta-insumos-agora-e-a-hora:-de-olho-no-
milho!.htm>. Acesso em: 05 nov. 2019.
CUNHA, R.C. Combinações geoeconômicas da cadeia produtiva da soja no Brasil. Revista Princípios: 152(1),
2018. Disponível em: <http://revistaprincipios.com.br/artigos/152/economia/3250/combinacoes-geoeconomicas-
da-cadeia-produtiva-da-soja-no-brasil.html>. Acesso em: 10 nov.2019.
D’AGOSTINI, S. et al. Ciclo econômico do pau-brasil- CAESALPINIA ECHINATA LAM., 1785. Páginas do Inst. Biol.,
São Paulo, 9(1): p. 15-30, 2013.
DAVILA, T; EPSTEIN, M; SHELTON, R. As regras da inovação. Porto Alegre: Bookman,2007.
DAVIS, J. H.; GOLDBERG, R.A. A concept of agribusiness. Division of Research. Graduae School of Business
Administration. Boston: Harvard University, 1957.
DUARTE, B.S. Cenário do Agronegócio Mundial. Disponível em: <https://www.cnabrasil.org.br/artigos/cenario-do-
agronegocio-mundial-i>. Acesso em: 14 nov. 2019.
EMBRAPA. MATOPIBA. Disponível em: <https://www.embrapa.br/tema-matopiba>. Acesso em 13 nov. 2019.
FAO. World Food and Agriculture - Statistical Pocketbook 2019. Disponível em:
<http://www.fao.org/documents/card/en/c/ca6463en>. Acesso em 13 nov. 2019.
FERNÁNDEZ, G.L.; FLORES-CERDA, R. Individual and Organizational Factors Associated with the Adoption and Use
of Computers in Mexican Agribusiness. Disponível em:
<http://wcca.ifas.u .edu/archive/7thProc/LOZANO/LOZANO.htm>. Acesso em: 16 nov. 2019.
FILASSI, M.; OLIVEIRA, A.L.R.; MAKIYA, I.K. Logística de exportação da sojabrasileira: uma avaliação do corredor
intermodal Centro-Norte. Revista Espacios. 38(7): p. 20-29, 2017.
GAMA, M.B.; CARVALHO, J.LM.; GUERRA, N.R. Mecanismos de Coordenação nasCadeias Agroindustriais da
fruticultura no Vale do São Francisco. In.: Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural –
VI SOBER Nordeste. Anais... 2011. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/44750/1/1-177-1.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2019.
GILLO, L.; RENNO, N. O crescimento do agronegócio realmente tem se re etido emmaior renda para
agentes do setor? Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/opiniao-cepea/o-crescimento-do-
agronegocio-realmente-tem-se-re etido-em-maior-renda-para-agentes-do-setor.aspx>. Acesso em: 12 out. 2019.
GRYNSZPAN, M. O Brasil de JK: Movimentos Sociais no Campo. Disponível em:
<https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Politica/MovimentosSociaisCampo>. Acesso em 15 nov. 2019.
GUANZIROLI, C.; BUAINAIN, A.M.; SOUSA FILHO, H.M. Metodologia para estudodas relações de mercado em
sistemas agroindustriais. Informe técnico: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Brasília:
IICA, 50p., 2007.
HAMEL, G. The Future of Management. Boston: Harvard Business School Pub., 2007.
JORNAL DO COMÉRCIO. Quase 82% das cargas circulam por caminhões no País. Disponível em:
<https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/jc_logistica/2019/05/686263-quase-82-das-cargas-
circulam-por-caminhoes-no-pais.html>. Acesso em: 11 nov. 2019.
JUHÁSZ, A.C. Soja Preta. Disponível em: <https://www.embrapa.br/image/journal/article?
img_id=47839443&t=1572617907886>. Acesso em 08 nov. 2019.
KELLER, P. F. Clusters, distritos industriais e cooperação inter rmas: uma revisão da literatura. Revista
Economia & Gestão. Belo Horizonte: PUCMINAS, 8(16): p. 30-47, 2008.
LANDGRAF, L. Nova soja preta tem mais proteína que feijão e sabor aprovado. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/47445298/nova-soja-preta-tem-mais-proteina-que-feijao-e-
sabor-aprovado>. Acesso em: 08 nov. 2019.
149
MAPA, Serviço de Inspeção Federal. Disponível em:
<http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-animal/sif>. Acesso em: 08 nov. 2019.
MAPA. Agropecuária Brasileira em Números. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-
agricola/agropecuaria-brasileira-em-numeros>. Acesso em 07 nov. 2019.
MAZOYER, M.; ROUDART, L. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea. São Paulo:
Editora UNESP; Brasília, DF: NEAD, 568p., 2010. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/pgdr/publicacoes/producaotextual/lovois-de-andrade-miguel-1/mazoyer-m-roudart-l-
historia-das-agriculturas-no-mundo-do-neolitico-a-crise-contemporanea-brasilia-nead-mda-sao-paulo-editora-
unesp-2010-568-p-il>. Acesso em 11out. 2019.
MICHELLON, E.; COSTA, T.R.; MESSIAS, S.S. Agricultura Urbana. Cadernos Técnicos do CREA/PR. 2019 (dados não
publicados).
MOITINHO, F. O incrível exército microscópico do campo. Dinheiro Rural. Disponível em:
<https://www.dinheirorural.com.br/o-incrivel-exercito-microscopico-do-campo/>. Acesso em: 16 nov. 2019.
MULER, I.D.R. et al. Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2019. 1ª ed. Erechim: BOTA AMARELA,403p.,
2019. Disponível em: <http://digital.agriculturafamiliar.agr.br/pub/agriculturafamiliar/#page/1>. Acesso em: 16
nov. 2019.
OLIVEIRA, C.W.A. et al. Arranjos Produtivos Locais e Desenvolvimento. 1ª ed. Rio de Janeiro: IPEA, 304p., 2017.
OLIVEIRA, J.R. Infográ co destaca a importância da Agricultura Familiar no Brasil. Disponível em:
<https://www.brasilagricola.com/2015/03/infogra co-destaca-importancia-da.html>. Acesso em: 16 nov. 2019.
OLIVEIRA, M.L.; DINIZ, V.; RAMOS, A. Cluster – Arranjo Produtivo Local – Como instrumento para o
desenvolvimento sustentável. Quaestio luris. 2018.
PARDO, P. Logística Aplicada ao Agronegócio. 1ª ed. (Reimpressão), Maringá: UNICESUMAR, 186p., 2019.
PORTER, M. Clusters and the new economics of competition. Harvard Business Review, nov-dec, p. 77-90, 1998.
ROGERS, E.M.; SCOTT, K.L. The Di usion of Innovations Model and Outreach from the National Network of
Libraries of Medicine to Native American Communities. Albuquerque: University of New México, 1997.
RUFINO, J.L.S. Origem e conceito de Agronegócio. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 20, n.º 199, p. 17-19,
1999.
SENAR. Cadeias Produtivas. Disponível em: <https://faespsenar.com.br/leitura-conteudo/00000035/M00018>.
Acesso em: 10 nov. 2019.
SILVA, A.C.P. Exportação de Bovinos Vivos no Estado do Pará: Mapeamento de uma cadeia de suprimentos e
de seus processos logísticos. Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Departamento de Engenharia Industrial, 99 p., 2011.
150
WIKIPEDIA. Agricultura urbana. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_urbana#/media/Ficheiro:Municipio_10_de_Octubre_-_La_Havane.jpg>.
Acesso em: 14 nov. 2019.
WIKIPEDIA. Bushel. Disponível em:
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ac/Queensland_Government_Imperial_Bushel_AD1875.jpg>.
Acesso em: 14 nov. 2019.
YAMAGUCHI, L.C.T.; CARVALHO, L. A.; COSTA, C.N. Situação atual,potencialidades e limitações do uso da
gestão informatizada em fazendas ecooperativas agropecuárias no Brasil. Disponível em:
<http://www.agrosoft.com.br/ag2002/workshop/>. Acesso em: 16 nov. 2019.
ZYLBERSZTAJN, D. Papel dos contratos na coordenação agroindustrial: um olhar além dos mercados. Rev.
Econ. Sociol. Rural 43(3), 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
20032005000300001>. Acesso em: 05 nov. 2019.
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M.F. Economia e gestão dos negóciosagroalimentares. 1ª ed. São Paulo: Pioneira
Thomson, 2005.
151