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VOLUME 2
editora
científica digital
&
1ª EDIÇÃO
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científica digital
2021 - GUARUJÁ - SP
editora
científica digital
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que no formato
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Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
C569 Ciência e tecnologia de alimentos [livro eletrônico] : pesquisa e práticas contemporâneas: volume 2 / Organizadores
Carlos Alberto Martins Cordeiro, Evaldo Martins da Silva, Norma Suely Evangelista-Barreto. – Guarujá, SP:
Científica Digital, 2021.
E-BOOK
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-89826-94-1
DOI 10.37885/978-65-89826-94-1
1. Tecnologia de alimentos. 2. Alimentos – Indústria. I. Cordeiro, Carlos Alberto Martins. II. Silva, Evaldo Martins da.
III. Evangelista-Barreto, Norma Suely.
2021
CDD 333.72
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
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CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Clóvis Luciano Giacomet
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Amapá, Brasil
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CONSELHO EDITORIAL
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CONSELHO EDITORIAL
Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco Réia Sílvia Lemos da Costa e Silva Gomes
Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil
Maria Luzete Costa Cavalcante António Bernardo Mendes de Seiça da Providência Santarém
Universidade Federal do Ceará, Brasil Universidade do Minho, Portugal
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CONSELHO EDITORIAL
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APRESENTAÇÃO
O segundo volume do livro “Ciência & Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Práticas Contemporâneas” vem dar continuidade
ao processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores complementando as discussões neste espaço
formativo. Como fruto dos esforços interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa, esse volume traz assuntos
inovadores nas diversas áreas do conhecimento relacionadas ao tema, com o olhar científico de diferentes Instituições de
Educação Superior, públicas e privadas. Tem como objetivo contribuir na área de Ciências e Tecnologia de Alimentos com
diversos estudos e relatos de pesquisa, dando suporte à formação acadêmica-científica inicial ou continuada. Agradecemos
aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão dessa obra, desde à produção
até a socialização de conhecimentos inter e transdisciplinares. Esperamos ainda que esta obra sirva de instrumento
didático-pedagógico para estudantes e professores dos diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados
pela temática.
Bruna Vieira da Silva; Aline Simões da Rocha Bispo; Norma Suely Evangelista-Barreto
' 10.37885/210705426................................................................................................................................................................................... 21
CAPÍTULO
02
ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS E QUALIDADE NUTRICIONAL
' 10.37885/210705303...................................................................................................................................................................................33
CAPÍTULO
03
ANÁLISE DE UM MÉTODO DE CHECKLIST DE CONTROLE DE QUALIDADE, APLICADO NO SETOR DE PANIFICAÇÃO EM
UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (UAN), VISANDO O CONTROLE MICROBIOLÓGICO
Moisés Iasley Lima Vasconcelos; João Emanuel Dias Tavares; Francisca Karoline da Costa Silva; Mariane de Oliveira Sandes; Helder
Matheus Alves Fernandes; Luisa Ariel Rodrigues Gomes Firmino; Igor de Codes Soares; Maria Gabriela Nascimento de Oliveira;
Carolina Drummond Barboza
' 10.37885/210805852.................................................................................................................................................................................. 59
CAPÍTULO
04
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DA FARINHA DE CASCA DE ABACAXI COMO APROVEITAMENTO
DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS
Vanessa Caroline de Oliveira; Isadora Rebouças Nolasco de Oliveira; Fabrícia Queiroz Mendes
' 10.37885/210805814.................................................................................................................................................................................. 69
CAPÍTULO
05
APROVEITAMENTO DO SORO DE LEITE NA ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA NÃO FERMENTADA ADICIONADA DE
FARINHA DE BANANA VERDE
Larissa Lima Jorge; João Victor de Melo Freitas; Auriana de Assis Regis; Daiane dos Santos Pinto; Elisabeth Mariano Batista; Zulene
Lima de Oliveira; Pahlevi Augusto de Souza; Marlene Nunes Damasceno; Renata Chastinet Braga
' 10.37885/210605095.................................................................................................................................................................................. 82
SUMÁRIO
CAPÍTULO
06
ASPECTOS DA RETENÇÃO DE ÁGUA EM CARCAÇAS DE FRANGO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Damírian Aparecida de Souza Melo; Mônica Maria de Almeida Brainer; Paulo Ricardo de Sá da Costa Leite; Márcio Ramatiz Lima dos Santos
' 10.37885/210605046.................................................................................................................................................................................. 94
CAPÍTULO
07
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE CONDIMENTOS TRADICIONALMENTE UTILIZADOS NO BRASIL
Flavio Dias Ferreira; Mellide Zanchettin; Rafaela da Costa Binhara
CAPÍTULO
08
AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DA ROTULAGEM DE PÃES DE FORMA INTEGRAIS COMERCIALIZADOS EM DIAMANTINA,
MG: AVALIANDO AS EMBALAGENS E AS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS OBRIGATÓRIAS
Tallita Cristina Oliveira; Iraní Alves Leite; Rosimere Campos Ferreira; Fabiane Neves Silva; Harriman Aley Morais
CAPÍTULO
09
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE OVOS DE GALINHA COM REVESTIMENTO À BASE DE PROTEÍNA
Alessandra Teresinha Wolter; Andrea Troller Pinto
CAPÍTULO
10
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS EM UM AÇOUGUE NA CIDADE DE JÚLIO DE CASTILHOS - RS
Viviane Fonseca do Nascimento; Juliana de Mello Silva
' 10.37885/210805738.................................................................................................................................................................................153
CAPÍTULO
11
AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS EM LEITES PASTEURIZADOS (SAQUINHO) COMERCIALIZADOS
EM DOURADOS/MS
Wesley da Luz; Gabriela Pinheiro Santos; Luciana Alves da Silva; William Renzo Cortez-Vega; Sandriane Pizato; Carlos Alberto Baca
Maldonado; Rosalinda Arévalo-Pinedo
' 10.37885/210605048................................................................................................................................................................................ 162
SUMÁRIO
CAPÍTULO
12
AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS E CONTROLE MICROBIOLÓGICO PARA PREVENÇÃO DE CORONAVÍRUS (COVID-19) EM
UM SUPERMERCADO DE FORTALEZA-CE
Moisés Iasley Lima Vasconcelos; João Emanuel Dias Tavares; Francisca Karoline da Costa Silva; Mariane de Oliveira Sandes; Igor de
Codes Soares; Mariana Fialho Bastos; João Victor Moreira da Silva; Gilcelena Freitas; Tatiana Uchôa Passos
CAPÍTULO
13
AVALIAÇÃO DO LEITE DE CABRA EM DIFERENTES ORDENS DE PARTO EM UMA PROPRIEDADE RURAL DO MUNICÍPIO
DE SERRA BRANCA
Tiago Gonçalves Pereira Araújo; José Ewerton Macêdo da Silva Lima; João Victor Inácio dos Santos; Ana Cristina Chacon Lisboa;
Agenor Correia de Lima Júnior; Amanda Kelle Fernandes de Abreu; José Walber Farias Gouveia; Diego Gomes de Souza; Levi Wallace
Souza de Lima; Mirelly Rayanne Bezerra da Silva
' 10.37885/210805838................................................................................................................................................................................ 183
CAPÍTULO
14
AVALIAÇÃO DOS COMPOSTOS BIOATIVOS DE ÓLEOS BRUTOS DE SOJA, CANOLA, MILHO E GIRASSOL
CAPÍTULO
15
AVALIAÇÃO QUÍMICA DO AZEITE DE DENDÊ USADO DURANTE O PROCESSO DE FRITURA DE ACARAJÉS
Adriana Pereira Sampaio; Marly Silveira Santos; Fábio Santos de Oliveira; Norma Suely Evangelista-Barreto
CAPÍTULO
16
BACTÉRIAS LÁCTICAS PROBIÓTICAS ASSOCIADAS AS ABELHAS E SEUS PRODUTOS: UM REFERENCIAL TEÓRICO
Nayara Alves Reis; Carlos Alfredo Lopes de Carvalho; Celso Gabriel Vinderola; Norma Suely Evangelista-Barreto; Samira Maria Peixoto
Cavalcante da Silva; Geni da Silva Sodré
Jerusa Souza Andrade; Antonio Augusto Marques Rodrigues; Raimundo Silva de Souza
Gustavo Alves Fernandes Ribeiro; Antonio Manoel Maradini Filho; Joel Camilo Souza Carneiro; Magno Fonseca Santos
CAPÍTULO
24
COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, FENÓLICA E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO CAMAPU (PHYSALIS ANGULATA L.)
COLETADO EM SALVATERRA, MARAJÓ, PARÁ
Ana Júlia Mota de Lima; Amilton dos Santos Barbosa Junior; Débora Portal Lopes; Yasmin Martins dos Santos Lopes; André Gomes
Mesquita; Denison Barros Soares; Carlos Henrique da Costa Silva Junior; Elivaldo Nunes Modesto Junior
' 10.37885/210906016................................................................................................................................................................................ 362
CAPÍTULO
25
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR ENERGÉTICO TOTAL DE GRÃOS IMATUROS DE LINHAGENS E CULTIVARES DE FEIJÃO
CAUPI
Fernanda de Oliveira Gomes; Izabel Cristina Veras Silva; Thaise Kessiane Teixeira Freitas; Larissa Lages Rodrigues; Rocilda Cleide
Bonfim de Sabóia; Maurisrael de Moura Rocha
' 10.37885/210805934................................................................................................................................................................................ 373
CAPÍTULO
26
COMPOSTOS BIOATIVOS E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DA MACA (LEPIDIUM MEYENII WALPERS) PERUANA: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Monique Guimarães dos Santos; Bárbara Elizabeth Alves de Magalhães; Leidiana da Silva Santos; Aníbal de Freitas Santos Júnior;
Débora de Andrade Santana
' 10.37885/210805905................................................................................................................................................................................ 383
CAPÍTULO
27
CONDIÇÕES HIGIÊNICAS DO PROCESSO FERMENTIVO DE EMPRESAS PRODUTORAS DE CACHAÇA DO ESTADO DA
PARAÍBA
Renan Elan da Silva Oliveira; Edilma Pinto Coutinho; Ricardo Targino Moreira; Anderson Ferreira Vilela; Katharina Kardinele Barros
Sassi; Arianne Dantas Viana; Cecília Thays Monteiro de Freitas; Eloisa Helena Medeiros Cunha
' 10.37885/210805925................................................................................................................................................................................400
SUMÁRIO
CAPÍTULO
28
CONFORMIDADE DA LEGISLAÇÃO DA ROTULAGEM DE ALIMENTOS DE MACARRÃO SEM GLÚTEN EM UMUARAMA, PR
Yara Gentile Ribeiro; Jean Lopes da Silva; Lucas Correia Silva; Larine Kupski; Juliana Scanavacca; Juliana Bueno Ruiz
Aroldo Arévalo Pinedo; Fábio Salles de Arévalo; Karoline Ribeiro Lima Beckmam; Zilda Doratiotto de Salles Arévalo
Amanda Kelly de Barros Brito; Keilla Gisele Mendonça Cardoso; Stephanie Dias Soares; Renan Campos Chisté
Flávio Conche da Cunha; Rayan Semidei; Iara Penzo Barbosa; Lethícia Barbosa; Luciana Myagusku; Maria Lígia Rodrigues Macedo;
Priscila Aiko Hiane; Fabiane La Flor Ziegler Sanches
Renan Elan da Silva Oliveira; Edilma Pinto Coutinho; Katharina Kardinele Barros Sassi; Ricardo Targino Moreira; Anderson Ferreira Vilela
Isidro Ccanque Pacco; Luis Alberto Mamani Mamani; Marcial Silva Jaimes; Angel Eric Yuri Colquehuanca Calli; Julián Colquehuanca Vilca
Roberto Kelwin Lopes da Costa e Lopes; Edilma Pinto Coutinho; Anderson Ferreira Vilela; Marcelo Barbosa Muniz; Helenice Duarte
Holanda; Luiz Fernando da Silva Araújo; José Honório Pereira Lopes Neto; Ricardo Targino Moreira; Katharina Kardinele Barros Sassi
Aline Andrade Reis; Jideane Menezes Santos; Flávia Escapini Fanchiotti; Andréa Gomes da Silva; Patrícia Beltrão Lessa Constant
Audirene Amorim Santana; Louryval Coelho Paixão; Rafael Augustus de Oliveira; Vânia Regina Nicoletti Telis
Nayara Gabriela Gonçalves Souza; Edilma Pinto Coutinho; Ricardo Targino Moreira; Katharina Kardinele Barros Sassi;
Kerolayne Santos Leite
Élia Karina de Carvalho Costa; Paula Patrícia Oliveira da Silva; Marcílio Nunes Moreira; Sérgio Luiz Rodrigues Donato
' 10.37885/210705348.................................................................................................................................................................................572
CAPÍTULO
42
O POTENCIAL FARMACOLÓGICO DOS MÉIS DE ABELHA MELIPONINI E O FATOR BIOECONÔMICO QUE COMPREENDE
SUA PRODUÇÃO: UMA REVISÃO NARRATIVA
Antonio dos Santos Silva; Alexandre Melo de Lima; Dandara Caroline Pinheiro Melo; Yasmin Lobato Salgado
Cintia da Silva Araújo; Leandro Levate Macedo; Wallaf Costa Vimercati; Daiane Bonizioli Benincá; Pedro Henrique Alves Martins;
Ramon Ramos de Paula; Samarha Pacheco Wichello; Victória Corrêa da Costa
' 10.37885/210805862................................................................................................................................................................................609
CAPÍTULO
45
POTENCIALIDADES DAS CACTÁCEAS BRASILEIRAS NA TECNOLOGIA DE ALIMENTOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Jenisson Linike Costa Gonçalves; Jamiles Francisca dos Santos; Marcelo Augusto Gutierrez Carnelossi; Jane de Jesus da Silveira Moreira
' 10.37885/210805720................................................................................................................................................................................620
SUMÁRIO
CAPÍTULO
46
PROCESSO DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS APLICADO NA FILTRAÇÃO DE KOMBUCHAS
Júlia Daneluz; Camila Baldasso; Venina dos Santos; Guilherme Ferreira da Silva; Jocelei Duarte; Tayse Circe Turossi; Sandryne Maria
de Campos Tiesen
Eduardo Silveira Ribeiro; Bruna Silva de Farias; Guilherme da Silva Menegazzi; Luiz Antonio de Almeida Pinto; Patrícia Silva Diaz
Isadora de Meneses Brasil Câmara; Jamille Maia e Magalhães; Larissa Leykman da Costa Nogueira; Bárbara Camila Freire Firmino;
Parmênedes Dias de Brito; Karoline Mikaelle de Paiva Soares; Sthenia Santos Albano Amora
Cristine Vanz Borges; Beatriz Woisky Teixeira Coelho; Marcelo Maraschin; Giuseppina Pace Pereira Lima
' 10.37885/210805941................................................................................................................................................................................689
CAPÍTULO
50
SUCO DE CAJU ADICIONADO DO XAROPE DE YACON E DO EXTRATO CONCENTRADO DE CAROTENOIDES PARA MELHORIA
DAS SUAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS E FUNCIONAIS
Ana Hérica de Lima Mendes; Sandra Machado Lira; Jéssica Bezerra Maciel; Yago de Oliveira Silva; Fernando Pinto de Abreu; Deborah
dos Santos Garruti; Ídila Maria Araújo dos Santos; Carlos Farley Hebster Moura; Ana Paula Dionísio
Rafael Augusto Batista de Medeiros; Gabriel Cicalese Bevilaqua; Oscar da Cunha Ferreira Neto; João Henrique Fernandes da Silva;
Patrícia Moreira Azoubel
Ana Carolina Moura de Sena Aquino; Lilianne Coutinho dos Santos; Karine Dias Diniz; Cristiano Demozzi; Vinicius Daniel da Cruz
Caneppelle; Pedro Luiz Teixeira Junior
Rayanna Necy Renovato da Silva; Carlo Aldrovandi Torreão Marques; Patrícia Beltrão Lessa Constant
Érica de Andrade Vieira; Maristela Alves Alcântara; Isabelle de Lima Brito Polari; Cláudia Gouveia Rodrigues; Amanda Duarte Gondim;
Nataly Albuquerque dos Santos; Angela Maria Tribuzy de Magalhães Cordeiro
10.37885/210705426
RESUMO
Objetivo: Este trabalho teve como objetivo desenvolver um patê cremoso de carne meca-
nicamente separada (CMS) de tilápia enriquecido com biomassa de banana verde (BBV)
e quitosana (Q), e avaliar suas características sensoriais. Métodos: Foram elaboradas
três formulações do patê de tilápia com variações nas concentrações de BBV (0%, 2%
e 3%) e quitosana (0%, 2% e 4%). A análise sensorial foi realizada com 32 provadores,
baseada no método de estímulo simples com escala hedônica de nove e sete pontos.
Resultados: A média dos atributos sensoriais (sabor, aroma, cor, textura e aspecto),
analisada pelos provadores variou entre 6,72 a 7,78 (6 – gostei ligeiramente e 7 – gostei
moderadamente), com índice de aceitação de 80% para as formulações F1 (0% BBV e
0% Q) e F2 (2% BBV e 2% Q) e 78% para a formulação F3 (3% BBV e 4% Q). Para os
testes de preferência e aceitação, 75% e 84%, respectivamente, dos provadores demons-
traram optar pela formulação F2 quando comparada a formulação F3. Conclusão: A acei-
tação sensorial das formulações de patê cremoso de CMS de tilápia enriquecida com
BBV e quitosana, demonstra que o produto possui potencial para comercialização em
grande escala, atendendo a um nicho de mercado que tem crescido nos últimos anos,
que é o de alimentos funcionais.
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
No Brasil, a tilápia (Oreochromis niloticus) é um dos peixes com maior índice de pro-
dução aquícola, sendo a espécie mais cultivada do país (ANTUNES et al., 2016). Em 2020,
o cultivo de tilápia foi responsável por uma produção de 486 mil toneladas, representando
61% da produção nacional (PEIXE BR, 2021).
O pescado se destaca nutricionalmente em relação a outros alimentos de origem ani-
mal, apresentando em sua composição elevada quantidade de vitaminas A e D, minerais
como fósforo, cálcio, selênio, cobre e ferro, além dos ácidos graxos poli-insaturados ômega-3
(SARTORI; AMANCIO, 2012). Diante do seu alto valor nutricional, a grande demanda de
mercado tem contribuído para o aumento da produção e processamento industrial da tilápia
(COSTA et al., 2016). Nesse sentido, o crescente interesse dos consumidores por alimentos
mais saudáveis tem levado a indústria alimentícia a buscar por novos produtos ou reformu-
lações a partir da carne mecanicamente separada (CMS), que consiste no aproveitamento
da carne aderida a carcaça do peixe após a filetagem, reduzindo a quantidade de resíduos
que são descartados no ambiente (FILHO; XAVIER, 2019; HONMA et al., 2020; SILVA et al.,
2020). Além disso, o rendimento da CMS é superior ao da filetagem, podendo ser utilizada
como base para formulação de diversos produtos como farinha, mortadela, hambúrguer,
surimi, nuggets e patês, agregando valor e diversificação para os produtos à base de pescado
(COSTA et al., 2016; FILHO; XAVIER, 2019; MATIUCCI et al., 2019; SILVA et al., 2020).
Os produtos oriundos da pesca ou aquicultura apresentam alto grau de perecibilidade
quando comparados com outros produtos de origem animal, o que está diretamente rela-
cionado com o pH próximo da neutralidade e a elevada quantidade de água nos tecidos
dos peixes, ocasionando um ambiente propício para o desenvolvimento de microrganismos
(SANTOS et al., 2019). Dessa forma, compostos antimicrobianos com potencial bioativo
podem ser incorporados aos alimentos, visando a diminuição da carga microbiana. A qui-
tosana é um polímero natural presente no exoesqueleto de crustáceos e na parede celular
de fungos que tem sido utilizada pela indústria alimentícia na tentativa de minimizar ou re-
tardar a deterioração dos alimentos causada por microrganismos ou processos oxidativos
(ANDRADE et al., 2020; BRAZEIRO et al., 2018; FAI et al., 2008). Além disso, de acordo
com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (BRASIL, 1999), “a quitosana au-
xilia na redução da absorção de gordura e colesterol. O seu consumo deve estar associado
a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Além da adição de compostos bioativos nos alimentos, pode-se destacar ainda a
adição de ingredientes com propriedades funcionais, como a biomassa de banana verde
(BBV) que possui cerca de 84% de amido resistente que age no organismo de forma seme-
lhante as fibras alimentares e apresenta propriedade prebiótica devido a fermentação do
23
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
amido resistente no cólon intestinal (FERNANDES et al., 2017; FREITAS; TAVARES, 2005;
OLIVEIRA et al., 2015). A incorporação da BBV nos alimentos não altera o seu sabor, au-
xiliando no enriquecimento nutricional, como tem sido observado em alimentos como pães,
massas, maioneses e patês (RANIERE; DELANI, 2014). É importante ressaltar também
que os benefícios da BBV incluem a prevenção de doenças degenerativas associadas ao
sistema intestinal (MARTINS, 2017).
O presente trabalho teve como objetivo desenvolver um patê cremoso de CMS de
tilápia enriquecido com biomassa de banana verde e quitosana, bem como avaliar suas
características sensoriais.
MÉTODOS
Tabela 1. Ingredientes utilizados nas formulações do patê cremoso de CMS de tilápia enriquecido com biomassa de
banana verde e quitosana.
Formulações (%)
Ingredientes
F1 F2 F3
CMS de peixe 50,0 50,0 50,0
Proteína texturizada de soja 1,50 1,50 1,50
Sal de cura 0,15 0,15 0,15
Gordura vegetal hidrogenada 5,00 3,00 2,00
Amido 2,00 0,0 0,0
Gelo 25,0 25,0 25,0
Sal 0,70 0,70 0,70
Cebola desidratada 0,50 0,50 0,50
Salsa desidratada 0,50 0,50 0,50
Orégano 0,20 0,20 0,20
Cebola em pó 0,30 0,30 0,30
Alho em pó 0,20 0,20 0,20
Glutamato monossódico 0,20 0,50 0,50
Cominho em pó 0,20 0,20 0,20
Pimenta em pó 0,20 0,20 0,20
Eritorbato de sódio 0,20 - -
Urucum 0,37 0,37 0,37
Biomassa de banana verde - 2,00 3,00
Quitosana - 2,00 4,00
Gel de linhaça - 2,00 2,00
Tripolifosfato de sódio 2,00 - -
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise dos atributos sensoriais do patê de CMS de tilápia foi possível observar
que o aumento da adição da BBV e quitosana não diferiu (p > 0,05) em relação à formula-
ção controle F1 (0% BBV e 0% Q). As médias das três formulações para todos os atributos
sensoriais variaram entre 6,0 (gostei ligeiramente) a 7,0 (gostei moderadamente) (Tabela
2). Resultados contrários foram observados por Leão et al. (2021) ao elaborarem patê de
corvina contendo diferentes concentrações de jambu desidratado e relatarem diferença
estatística nos atributos sensoriais das formulações.
Tabela 2. Média dos atributos sensoriais do patê cremoso de CMS de tilápia enriquecido com biomassa de banana verde
e quitosana.
Formulações
Atributos
F1 F2 F3
IG (hedônica) 7,28±1,90a 7,19±1,64a 6,69±2,19a
Sabor 7,72±1,49a 7,38±2,06a 7,25±1,95a
Aroma 7,47±1,34a 7,19±1,79a 6,72±2,32a
Cor 7,19±1,51a 6,91±1,82a 7,00±1,85a
Textura 7,63±1,45a 7,13±1,91a 6,88±2,08a
Aspecto 7,78±1,41a 7,56±1,74a 7,13±1,98a
IG (atitude) 5,84±1,37a 5,50±1,46a 5,00±2,05a
IG (int. de compra) 4,94±1,79a 5,09±1,59a 4,69±2,09a
IA (%) 83,98 80,38 77,73
Média das notas hedônicas (n=32) + desvio padrão, segundo escala de nove pontos, com os escores “6 – gostei
ligeiramente” e “7 – gostei moderadamente” expressos nos resultados. IG = impressão global. IA = índice de
aceitabilidade. Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa (p>0,05)
pelo Teste de Tukey. F1 = (0% BBV e 0% quitosana); F2 = (2% BBV e 2% quitosana); F3 = (3% BBV e 4%
quitosana).
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
utilizarem concentrações menores de quitosana (0,25 e 0,50%), ou seja, notas inferiores as
notas obtidas no presente trabalho.
A aceitabilidade do patê de tilápia contendo BBV e quitosana foi comprovada ao
analisarmos o IA% do produto. De acordo com a Tabela 2, todas as formulações obtive-
ram IA acima de 70% indicando que o produto foi bem aceito sensorialmente, com as for-
mulações F1 e F2 apresentando IA acima de 80%. Melo et al. (2021), ao analisarem kafta
bovina enriquecida com BBV obtiveram IA superior a 70% para as concentrações de BBV
de 0,75; 1,50 e 2,25%, apresentando variações próximas ao do presente estudo. Anjos et al.
(2021) também relataram um IA superior a 70% para as formulações de hambúrguer de
tambaqui contendo BBV (5, 10 e 15%) e quitosana (2%). Dessa forma, a aceitação do patê
de CMS de tilápia demonstra que a proposta inovadora ao se adicionar BBV e quitosana tem
grande potencial para a produção em grande escala, além de oferecer aos consumidores
um alimento funcional e saudável.
No teste de preferência observou-se que a formulação F1 (amostra controle), apresentou
maior percentual de escolha entre os provadores, seguido das formulações F2 e F3 (Figura
1). Do total de provadores, 81,25% (26) atribuíram notas entre 7 (gostei moderadamente)
e 9 (gostei extremamente) para a formulação F1, enquanto 75% (24) preferiram a formu-
lação F2 e 59,37% (19) a F3. Acredita-se que a escolha dos provadores pela formulação
F1, sem adição de BBV e quitosana, tenha ocorrido devido alterações nos patês quanto a
textura (F3) e a cor (F2) (Tabela 2). Segundo Pereira et al. (2018), concentrações elevadas
de quitosana podem ser perceptíveis ao paladar dos consumidores. O aumento da BBV
alterou a cor dos patês deixando-os mais escuros. Ganilho (2015), relatou a importância da
cor na avaliação dos consumidores, uma vez que há uma influência direta deste parâmetro
na intenção de compra e aceitabilidade do produto.
Para o teste de intenção de compra, as formulações F3 e F1 apresentaram as meno-
res médias 4,69 e 4,94 (compraria ocasionalmente), respectivamente, quando comparadas
a formulação F2, que obteve média 5,09 (compraria frequentemente) (Tabela 2). Matiucci
et al. (2019) ao avaliarem a intenção de compra para patês elaborados a partir de resíduos
do beneficiamento de tilápia com e sem defumação relataram escore de 4,0 (compraria
ocasionalmente), valor inferior ao obtido para a formulação F2.
27
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Percentual de preferência das amostras de patê cremoso de CMS de tilápia enriquecido com biomassa de banana
verde e quitosana. F1= (0% BBV e 0% Q); F2= (2% BBV e 2% Q); F3= (3% BBV e 4% Q).
Para o percentual de intenção de compra (Figura 2) foi possível observar que 59,40%
dos provadores indicaram a mesma intenção de compra para as formulações F1 (0% BBV
e 0% Q) e F2 (2% BBV e 2% Q) com os escores entre 5 (compraria frequentemente) e 7
(compraria sempre), e 50% indicaram a formulação F3. Gonçalves et al. (2020) ao analisarem
almôndega de frango com diferentes concentrações de BBV (6,5 e 13,0%) verificaram que
os provadores “provavelmente comprariam” o produto, enquanto Oliveira (2016) relatou que
os provadores “certamente comprariam” as formulações de hambúrgueres de carne com
adição de 0,25% de quitosana. De acordo com estes autores verifica-se que altas concen-
trações de quitosana podem comprometer sensorialmente o alimento. No presente estudo,
percebe-se que concentrações abaixo de 2% seriam mais indicadas para patês de peixes.
Figura 2. Percentual de intenção de compra (IC) de patê cremoso de CMS de tilápia enriquecido com biomassa de banana
verde e quitosana. F1= (0% BBV e 0% Q); F2= (2% BBV e 2% Q); F3= (3% BBV e 4% Q).
28
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O percentual de aceitação dos patês mostrou que a formulação F1 (0% BBV e 0% Q),
apresentou o maior percentual entre os provadores (Figura 3). Ao avaliarmos os provadores
que apontaram os escores entre 5 (comeria de vez em quando) e 7 (comeria frequentemen-
te), foi possível observar que a amostra controle (F1) continuou com o maior percentual de
aceitação (90,6%), seguido da F2 com 84,4% e F3 com 68,8%.
Figura 3. Percentual de aceitação do patê cremoso de CMS de tilápia enriquecido com biomassa de banana verde e
quitosana. F1= (0% BBV e 0% Q); F2= (2% BBV e 2% Q); F3= (3% BBV e 4% Q).
CONCLUSÃO
29
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
AGRADECIMENTOS
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
02
Alimentos industrializados e qualidade
nutricional
10.37885/210705303
RESUMO
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Alimentos e nutrientes
Segundo Nespolo et al. (2015) a indústria de alimentos vem enfrentando novos desafios
para que o processamento de alimentos contemple as exigências dos consumidores e da
legislação vigente. De acordo com o Decreto-Lei n. 986, de 21 de outubro de 1969, define
alimento como toda substância ou mistura de substâncias, no estado sólido, líquido, pastoso
ou qualquer outra forma adequada, destinada a fornecer ao organismo humano elemen-
tos normais, essenciais a sua formação, manutenção e desenvolvimento (BRASIL, 1969).
Portanto, os alimentos podem ser entendidos como produtos de composição complexa que,
em estado natural, processados ou cozidos, são consumidos pelo homem como fonte de
nutrientes e para sua satisfação sensorial (NESPOLO et al., 2015).
De acordo com Nespolo et al. (2015) os nutrientes são substâncias contidas nos ali-
mentos e utilizadas pelo organismo. Este transforma e incorpora os nutrientes aos seus
próprios tecidos para cumprir três finalidades básicas:
Como pode ser observado na Figura 1, os minerais podem ser classificados em macro-
minerais (aqueles cuja ingestão diária recomendada é maior do que 100mg: cálcio, fósforo,
sódio, potássio, enxofre, magnésio e cloro) e microminerais (necessários em quantidades
menores no organismo, como, p. ex., ferro, iodo, manganês e zinco) (NESPOLO et al., 2015).
De forma complementar a bioquímica de alimentos tem a finalidade de buscar o co-
nhecimento sobre as reações químicas das estruturas e formação dos alimentos. Tendo em
vista a deterioração dos alimentos por meio das ações enzimáticas e de micro-organismos, a
bioquímica é capaz de compreender os possíveis mecanismos de conservação. Para obter a
conservação de alimentos, há necessidade de evitar ou reduzir a velocidade de desenvolvi-
mento de micro-organismos e de uma série de ações enzimáticas (MATOS; MACEDO, 2015).
No entanto, no próximo subitem para que o leitor compreenda algumas classificações
e alguns fenômenos físicos e químicos envolvidos nos processos alimentares, serão abor-
dados ao longo deste capítulo, sendo importante conhecer as características básicas dos
alimentos (MATOS; MACEDO, 2015).
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Classificação dos alimentos
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 1. Classes de alimentos de origem animal.
Classes de alimentos de origem
Exemplos
animal
- Galeto, frango, galinha, galo, peru, pato, pássaros, faisão (aves);
- Boi, porco, ovelha, cabra, cavalo (mamíferos);
- Sardinha, robalo, atum, bacalhau, cação, garoupa, namorado,
- merluza, pescada, tainha (pescados de água salgada);
Carnes
- Carpa, dourado, lambari, cascudo, pintado (pescados de água doce);
- Camarão, siri, lagosta, caranguejo (crustáceos);
- Polvo, lula, ostras, mexilhão, mariscos, caracóis, scargot (moluscos);
- Cobra, tartaruga, rãs, jacarés (répteis e anfíbios) e insetos.
- Fígado, bucho, coração, ossos ou espinhas (para caldos); tripas (para embutidos); línguas,
Miúdos ou vísceras
miolo, orelhas, pés (mocotó); rabada, rins, sangue (chouriço); tutano.
- Leites: de vaca, de cabra, de búfala;
- In natura: pasteurização A, B, C;
- Em pó: desidratado;
- Condensado: com menos água e adição de açúcar;
Leite e derivados - Acidificado: coalhada, iogurte;
- Creme de leite: gordura do leite (nata).
- Manteiga: batedura do creme de leite;
- Queijo: produto obtido pela coagulação do leite por meio do coalho. P. ex.: parmesão, prato,
provolone, muçarela, mineiro e requeijão.
- Ovos de galinhas, pata, perua, codorna;
Ovos e ovas
- Ovas de peixe (caviar).
- Toucinho: tecido adiposo subcutâneo;
Gorduras animais (visíveis) - Banha: tecido adiposo visceral;
- Óleo de origem animal como: óleo de baleia, de fígado, de bacalhau.
Mel - Não se aplica.
Fonte: Matos e Macedo (2015).
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Conforme Filho, Silva e Vasconcelos (2013), do ponto de vista analítico, os alimentos
se dividem em alimentos aptos e não aptos ao consumo, de acordo com os itens abaixo:
Os alimentos aptos para o consumo são aqueles que atendem ao padrão de identidade
e qualidade pré-estabelecido, nos aspectos higiênico-sanitários e nutricionais da legislação,
não contendo substâncias não autorizadas que constituam adulteração, vendendo-se com
a denominação e rótulos legais. Também são chamados de alimentos genuínos.
Alimentos naturais ou in natura são aqueles alimentos de origem vegetal ou animal que
estão aptos para o consumo, exigindo-se apenas a remoção das partes não comestíveis,
realizados com perfeita higienização e conservação.
Os alimentos não aptos para o consumo são aqueles que por diferentes causas não
estão dentro das especificações da lei e podem ser contaminados, alterados, falsificados
e/ou adulterados.
Os alimentos contaminados são aqueles alimentos que contém micro-organismos vi-
vos, como vírus, bactérias, fungos, constituindo risco para a saúde do consumidor, ou ainda
substâncias químicas, como defensivos agrícolas, metais pesados etc., estranhos à sua
composição normal. Como pode ser observado na Figura 2, na fruta com marcas visíveis
de contaminação microbiológica.
Os alimentos alterados são os alimentos que por causas naturais, de natureza física,
química ou biológica, derivadas do tratamento tecnológico não adequado, sofrem deterio-
rações em suas características organolépticas (cor, odor, sabor, textura etc.), em sua com-
posição intrínseca ou em seu valor nutritivo. Segue abaixo alguns exemplos de alimentos
alterados (FILHO; SILVA; VASCONCELOS, 2013):
Composição de alimentos
A classificação das indústrias de alimentos não é algo fácil, pois existem diferentes
tipos de indústrias voltadas ao setor alimentício e que se inter-relacionam. De acordo com
Nespolo et al. (2015) e Andrade (2018), uma possível classificação dos diferentes setores
da indústria de alimentos é mostrado na Tabela 4.
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 4. Classificação dos setores da indústria de alimentos.
É possível observar que existem diversos tipos de indústria alimentícias, as quais podem
ser classificadas de diferentes formas. Uma mesma indústria, muitas vezes, utiliza uma ampla
diversidade de matérias-primas. Além disso, é comum que produtos e subprodutos fabricados
por uma indústria sejam utilizados como matéria-prima por outras (NESPOLO et al., 2015).
Processamento de alimentos
A maior parte dos alimentos se origina de organismos vivos, tanto animais quanto vege-
tais. Os cientistas e tecnólogos de alimentos preocupam-se principalmente com a qualidade
pós-coleta, com o processamento e a conservação desses materiais, controlando, assim,
os processos naturais de deterioração e manipulando o alimento a partir de sua forma ori-
ginal para transformá-lo em uma série de produtos nutritivos, seguros e de alta qualidade,
adequados para o consumidor. Ainda que cientistas e tecnólogos de alimentos não estejam
envolvidos diretamente na produção pré-coleta (como a criação de animais, a produção de
terras cultiváveis ou a pesca), essas áreas são motivo de preocupação, já que a qualidade
da matéria-prima afeta a qualidade do alimento processado (CAMPBELL-PLATT, 2015).
De acordo com Campbell-Platt (2015), as matérias-primas para o processamento de
alimentos frequentemente carregam contaminantes não alimentícios vindos do ambiente no
qual foram produzidos. Alguns contaminantes precisam ser removidos do alimento antes de
qualquer outro processamento, como:
A seleção é baseada em uma propriedade física, tal como peso, tamanho, formato,
densidade, cor e magnetismo. Existem máquinas que fazem a separação com base em
tais fenômenos. Já a classificação é baseada em critérios de qualidade. Ainda que a qua-
lidade seja algumas vezes baseada em uma propriedade física, a classificação exige, com
frequência, alguma intervenção humana, como a inspeção visual. Processos de limpeza
para remover contaminantes podem envolver operações de classificação e de seleção. Vale
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
observar que essas operações podem ser usadas tanto para limpeza quanto para outros
processos de separação (CAMPBELL-PLATT, 2015).
Segundo Matos (2015), o conceito de operação unitária apareceu em 1915, com en-
genheiro químico Arthur Dehon Little, empresário americano e professor universitário do
MIT (Massachusetts Institute of Technology). Segundo o engenheiro, um processo pode
ser dividido em uma série de etapas básicas que podem envolver transferência de calor,
transferência de massa, transportes de gases, líquidos e sólidos, filtração, destilação, cris-
talização, evaporação, secagem, armazenamento, entre outras. Cada uma dessas etapas
físicas é conhecida como “Operação Unitária”.
De forma análoga, o engenheiro A. D. Little conceituou, em 1915, que qualquer processo
químico, em qualquer escala, pode ser decomposto numa série estruturada do que se pode
denominar operações unitárias, como moagem, homogeneização, aquecimento, calcinação,
absorção, condensação, lixiviação, cristalização, filtração, dissolução e eletrólise. Portanto,
um processo unitário com viabilidade econômica dependerá das suas operações físicas, ou
seja, de suas operações unitárias (MATOS, 2015).
Matos (2015) toda operação realizada dentro de um processo produtivo possui uma
finalidade, logo as operações unitárias podem ser organizadas segundo o objetivo de sua
realização. Existem as operações preliminares, realizadas anteriormente a quaisquer ou-
tras. O objetivo principal dessas operações é preparar a matéria-prima. Há também as
operações de conservação, transformação e separação. Os exemplos de algumas opera-
ções unitárias mais comuns, organizadas em grupos de acordo com a finalidade, encon-
tram-se na Tabela 5.
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
alimentos contribuem para o aumento da variedade de produtos à disposição do consumidor
(NESPOLO et al., 2015).
Uma das funções da tecnologia de alimentos é proporcionar maior diversidade na
oferta de alimentos para população. Dessa forma, os processos de transformação são res-
ponsáveis por modificarem substancialmente a matéria-prima por meio de diversas opera-
ções unitárias, podendo realizar mudanças físicas, químicas, bioquímicas e biológicas nos
alimentos. Um aspecto interessante a ser ressaltado é que as operações de transformação
podem ser utilizadas para o aproveitamento integral de algumas matérias-primas processa-
das, de forma a contribuir com a redução da escassez de alimentos em algumas localidades
e aumentar a oferta de opções (NESPOLO et al., 2015). Na Tabela 6, apresenta alguns
processos de transformação utilizados na indústria de alimentos.
Processo Transformação
Moagem do trigo
Fatiamento de frutas Redução do tamanho
Atomização de leite
Floculação
Aumento de tamanho
Aglomeração
Concentração de açúcar
Evaporação
Concentração de suco
Produção de álcool
Destilação
Extração de óleo essencial
Refino de óleo
Absorção
Refino de açúcar
Geleificação do amido
Modificação da textura
Gelatinização
Fermentação Modificações bioquímicas
Fonte: Nespolo et al. (2015).
Como pode ser observado na Tabela 6, há algumas operações simples e outras com
maior complexidade. No entanto, cabe ressaltar que as operações de transformação ocor-
rem, na maioria das vezes, à temperatura ambiente, por isso geralmente não alteram as
propriedades nutritivas dos alimentos. Além disso, na maioria das vezes, não mudam sig-
nificativamente a vida útil dos alimentos, embora em alguns casos possam favorecer ou
diminuir as reações de deterioração (NESPOLO et al., 2015).
De acordo com Nespolo et al. (2015), todo processamento de alimentos envolve uma
combinação de procedimentos para atingir as modificações desejadas nas matérias-pri-
mas. Essas são convenientemente categorizadas como operações unitárias, sendo que
cada uma tem um efeito específico, identificável e previsível no alimento. Essas operações
são agrupadas para formar um processo, e sua sequência e combinação irão determinar a
natureza do produto final. São exemplos de operações unitárias utilizadas na indústria de
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
alimentos: mistura, moagem, centrifugação, filtração, evaporação, destilação, cristalização,
esterilização, etc.
Quando o alimento está contaminado por patógenos, muitas vezes não ocorre nenhuma
transformação aparente no alimento, o que torna difícil a identificação, portanto, deve-se ter
certeza de que o estabelecimento que manipula esse alimento é idôneo e respeita as regras
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
necessárias para a sua segurança higiênico-sanitária, a fim de evitar problemas graves à
saúde do consumidor.
A elevada quantidade de água dos alimentos como leite, ovos e carne, hortaliças e fru-
tas torna-os mais sujeitos à deterioração, sendo ainda acelerados pelos processos naturais
de amadurecimento e envelhecimento. No caso do aparecimento de bolores ou fungos, é
necessário que esses alimentos sejam desprezados. Na Figura 4, por exemplo uma maçã
no estágio de deterioração, com alteração de cor, textura, aparência, sabor e odor, indese-
jável para o consumo.
Figura 4. Maçã no estágio de deterioração, com alteração de cor, textura, aparência, sabor e odor, indesejável para o
consumo.
Figura 6. Maçã em processo de escurecimento enzimático, em que a oxidação transforma compostos derivados de catecol
em quinonas, que sofrem polimerização, dando origem aos polímeros melanoidinas de cor marrom.
Qualidade nutricional
METODOLOGIAS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após análises de pesquisas bibliográfica e documental foi possível verificar, que a partir
de alguns estudos, vale ressaltar de acordo com a pesquisa desenvolvida por Oliveira (2004),
sobre a desidratação de vegetais e desenvolvimento de sopa creme, a partir dos resultados
obtidos neste estudo, pode-se observar que a sopa em pó (sopa creme), pela análise da
composição centesimal (formulação da sopa creme), apresentou teor de umidade variando
de 5,7% a 7,3% e com valor de umidade final de 6,4%.
Os teores de proteína variaram de 14,18% a 14,56%, sendo de composição da sopa
com 14,37% de proteína. As concentrações de lipídios de um modo foram maiores devido à
composição da sopa em pó (sopa creme) por conterem um dos seus ingredientes leite em
pó integral e não desnatado. O teor de lipídeo é de 4,6% na composição final da sopa em pó
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
(sopa creme). Em relação à fração cinzas, não ocorreu uma variação maior e com valores
iguais de 7,3% de cinzas. O teor final de carboidrato da sopa é de 67,3%.
Já em relação aos valores obtidos, na avaliação sensorial (escala hedônica estrutura-
da), onde os resultados foram obtidos por análise estatística. Os resultados obtidos, desta
avaliação sensorial (realizado pelos provadores), e tendo como comentários de uma sopa
leve, nutritiva e saborosa. Portanto, demonstrou que a sopa elaborada (sopa instantânea),
apresentou um índice de aceitação de 56,66%, ou seja, com maior índice de aprovação
destes provadores, em relação a sopa comercializada (com menor preferência).
De acordo com a pesquisa desenvolvida por Oliveira (2009), sobre a composição nutri-
cional e perfil de ácidos graxos de batatas chips e snacks extrusados, os resultados obtidos
das análises de variância para as determinações da composição nutricional para as batatas
chips, seguem abaixo os resultados (do estudo).
Os resultados obtidos, no teste F foi significativo (p < 0,01) para as interações marcas
x lotes para as variáveis umidade, proteínas, lipídios, cinzas, carboidratos, calorias e sódio.
Então, os efeitos das diferentes marcas dependem dos lotes e os efeitos dos lotes dependem
das marcas utilizadas. Dessa forma, procedeu-se ao desdobramento dessas interações e
os resultados obtidos, para dez marcas (A, B, C, D, E, F, G, H, I e J) de batatas chips, em
três diferentes lotes (1, 2 e 3).
Em seguida, os resultados para as análises de variância para as determinações
da composição nutricional das amostras de snacks extrusados. Como observado, o tes-
te F foi significativo (p < 0,01) para os efeitos principais e para a interação marcas x lotes.
Procedeu-se, então, ao desdobramento desta interação, cujos resultados, para dez marcas
(K, L, M, N, O, P, Q, R, S e T) de snacks extrusados, em três diferentes lotes (1, 2 e 3).
Os dados referentes ao perfil de ácidos graxos encontrados nas amostras de batatas
chips, para ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poliinsaturados, respectivamente.
Observa-se que a porcentagem de ácidos graxos saturados variou de não detectado a 44,69%
sobre o total de ácidos graxos. O ácido palmítico (C16:0) demonstrou maior concentração
quando comparado aos demais ácidos graxos saturados para todas as marcas analisadas,
destacando-se nas marcas A e B, com valores médios de 42,63 e 43,19%, respectivamen-
te. Em segundo lugar, prevaleceu o ácido esteárico (C18:0), com valores médios de 2,57 e
15,20% nas marcas F e E, respectivamente.
Verifica-se que o ácido palmítico representa 78,82% do total de ácidos graxos saturados.
Isto revela que o consumo de batata chips tem grande potencial para alterações nos níveis
de colesterol, principalmente na fração LDL-colesterol, contribuindo para o desenvolvimento
de doenças cardiovasculares.
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Dentre os ácidos graxos monoinsaturados, o ácido oléico (C18:1n9c) compreende
98,99% do total de monoinsaturados. Já em relação aos ácidos graxos monoinsaturados trans
apenas o elaídico (C18:1n9t) foi detectado na marca E, representando em média 22,50%
sobre o total dos ácidos graxos. Nas demais marcas não foram detectados ácidos graxos
trans. Este resultado pode estar diretamente relacionado com a matéria graxa empregada
como meio de fritura, visto que a rotulagem da marca E declarava a utilização de gordura
vegetal hidrogenada.
Entre os ácidos graxos poliinsaturados detectados, o ácido linoléico (C18:2 n6c) foi o
mais encontrado, variando de 0,05 a 57,49% entre as marcas. Este ácido graxo representa
98,28% do total de ácidos graxos poliinsaturados nas marcas estudadas. Quanto aos ácidos
graxos poliinsaturados trans, o nível de concentração encontrado foi baixo, com valores
inferiores a 1%.
As análises de variância para as determinações da composição dos ácidos graxos das
batatas chips. Como observado, o teste F foi significativo (p < 0,01) para os efeitos principais
e as interações marcas x lotes nas variáveis ácidos graxos saturados, monoinsaturados,
poliinsaturados e trans. Dessa forma, procedeu-se ao desdobramento dessa interação e os
resultados para dez marcas (A, B, C, D, E, F, G, H, I e J) de batatas chips, em três diferentes
lotes (1, 2 e 3).
O perfil de ácidos graxos, determinado nas batatas chips provenientes de diferentes
marcas e lotes, foi em média 39,28% de ácidos graxos saturados, 39,75% de monoinsatu-
rados, 18,62% de poliinsaturados e 2,34% de trans.
Para os lotes em cada marca, observa-se que as marcas A, C, F e I não apresentaram
diferença significativa entre os três lotes estudados, representando 40% das amostras. Para
as marcas em cada lote verifica-se que, de modo geral, houve diferença significativa entre
as marcas. Este fato era esperado, visto que as condições do processo de fritura, além das
características das matérias-primas empregadas divergem muito de uma indústria para outra.
Os ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados apresentaram teores variados
entre as marcas e lotes estudados, cujos valores estão entre 13,74 e 69,50% e 0,16 a
57,65%, respectivamente.
Verifica-se que em 60% das marcas (A, B, C, D, G, I) não foram detectados ácidos gra-
xos trans em sua composição. Analisando os lotes em cada marca, observa-se que não houve
diferença significativa entre os mesmos, com exceção da marca E, cujo lote 3 apresentou
menor concentração de trans em relação aos demais lotes. Independentemente do lote anali-
sado, a marca E se diferenciou das demais, apresentando uma maior porcentagem de trans.
55
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O perfil de ácidos graxos, determinado nos snacks extrusados provenientes de diferen-
tes marcas foi, em média, 22,36% de ácidos graxos saturados, 10,69% de monoinsaturados,
38,18% de poliinsaturados e 28,78% de trans.
Observa-se uma variação de 7,03 a 51,45% para os ácidos graxos saturados entre
as marcas e lotes estudados. Entre os lotes estudados verifica-se que a marca T não apre-
sentou diferença significativa entre os três lotes. Para as marcas em cada lote, verifica-se
que a amostra L apresentou as maiores médias de ácidos graxos saturados, o que está
diretamente relacionado à matéria graxa declarada na embalagem, como gordura vegetal
à base de óleo de soja e/ou algodão e/ou palma.
Quantidades significativas de ácidos graxos monoinsaturados foram encontradas nas
marcas L, M e N, representando valores médios de 46,91; 18,00 e 35,42%, respectivamen-
te. Já, os ácidos graxos poliinsaturados apresentaram uma ampla faixa de variação entre
as amostras, de 2,83 a 60,17%. Analisando as marcas L e M, observa-se que não houve
diferença significativa entre os três lotes estudados.
Para os ácidos graxos trans a variação foi de não detectada para as amostras L e N e
75,89% para a amostra K. A alta incidência de ácidos graxos trans se deve pela utilização de
gorduras vegetais declaradas na embalagem. Neste estudo, 40% das amostras empregaram
óleos vegetais, 50% gordura vegetal e 10% gordura vegetal hidrogenada.
Comparando o perfil de ácidos graxos das batatas chips com o dos snacks extrusados,
observa-se que houve uma predominância dos ácidos graxos saturados para as batatas
(39,28%), enquanto que para os snacks, os ácidos graxos trans foram os que tiveram maior
destaque (28,78%), sobretudo o ácido elaídico.
CONCLUSÃO
Considerações finais, para o estudo desenvolvido por Oliveira (2004) e Oliveira (2009)
respectivamente, tendo como conclusão:
REFERÊNCIAS
1. ______. Fruta contaminada por micro-organismos. Disponível em: <https://www.unicamp.br/
unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto2005/fotosju297online/ju297pg03a.jpg>. Acesso em: 08 jul.
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e gestão industrial. 1 ed. São Paulo: Érica, 2015.
58
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
03
Análise de um método de checklist
de controle de qualidade, aplicado no
setor de panificação em uma Unidade
de Alimentação e Nutrição (UAN),
visando o controle microbiológico
10.37885/210805852
RESUMO
Uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) deve manter um adequado controle higiê-
nico sanitário e microbiológico no estabelecimento, por meio da aplicação de checklists,
como o Manual de Boas Práticas e o Procedimento Operacional Padrão (POP), que são
ferramentas de prevenção e controle de acordo com a RDC n° 216/2004 da ANVISA e
RDC n° 275/2002, garantindo seguridade alimentar aos comensais da unidade. O objetivo
foi avaliar a aplicação dos checklists de qualidade aplicados anteriormente no setor da pa-
daria de um supermercado, visando o controle microbiológico visto que o setor apresenta
as piores condições de controle qualidade e sanitárias de uma unidade de alimentação
e nutrição. Trata-se de estudo quantitativo e transversal por meio de coleta de dados em
um supermercado de Fortaleza-CE, em um serviço de vendas de produtos panificados,
com a aplicação de 12 check list de controle de qualidade, que foram empregados de
maio de 2020 até maio de 2021. Resultados adequados para o controle de qualidade em
um estabelecimento, mas não apresenta uma nota tão satisfatória como desejamos, por
ser um setor de fornecimento de alimentos. A média final das notas de adequação é de
62,05%, sendo classificada como ‘bom’ de acordo com a classificação do checklist de
qualidade, fornecida pelo estabelecimento. Na maior parte do ano o setor de padaria se
classificou como bom e excelente no resultado da aplicação do checklist de controle de
qualidade, sendo resultados aceitáveis para o controle de qualidade baseado na RDC
216/2004. É necessário que seja adotado a aplicação do checklist com frequência em
todos os setores que abrange uma Unidade de Alimentação e Nutrição, para controlar
as desconformidades e elaborar um plano de correção para que os mesmos sejam cor-
rigidos, minimizando os riscos de contaminação microbiológica.
60
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Setor Padaria 05/20 06/20 07/20 08/20 09/20 10/20 11/20 12/20 01/21 02/21 03/21 04/21 05/21
Nota 34,5% 54% 56% 72,2% NA 60% 32,5% 60% 53% 79% 82,5% 82% 79%
Classificação RUIM BOM BOM EX NA BOM RUIM BOM BOM EX EX EX EX
Após a demonstração dos resultados citados acima podemos analisar que a média
final das notas de adequação é de 62,05%, sendo classificada como ‘bom’ de acordo com
a classificação do checklist de qualidade, fornecida pelo estabelecimento. Dessa forma,
podemos avaliar detalhadamente o nível de adequação de cada mês, logo a porcentagem
de adequação mensal reflete na nota anual, referente ao controle de qualidade do setor da
padaria. Referente ao mês de maio e novembro de 2020, são dois meses que a porcentagem
de adequação foi muito baixa, resultando em condições inadequadas referentes ao controle
de qualidade e, consequentemente, podendo resultar em sérios problemas a nível de saúde
para os comensais, por meio das DTA’s e, até mesmo, para os manipuladores, pois sabe-se
do risco de contaminação dos alimentos por inadequação do controle microbiológico da UAN
resultante da má prática dos manipuladores.
63
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Os meses que obteve maior porcentagem, evidenciados por EX de excelente, significa
que por mais que apresentam porcentagem satisfatória, não quer dizer que os tópicos referen-
tes às desconformidades, não foram pontuados, pois até foram, mas foram descontados pou-
cos pontos, logo chegando a uma porcentagem de adequação bem satisfatória para o setor.
Durante o mês de setembro não foi possível coletar resultados pois não houve aplicação
do checklist nesse mês, sendo evidenciado pela sigla NA no quadro acima.
O quadro a seguir representa a porcentagem dos resultados de aplicação quanto a
classificação do checklist por meses. Podemos notar que o resultado é satisfatório pois
durante maior parte do ano o setor se classificou como bom e excelente no resultado da
aplicação do checklist de controle de qualidade.
Classificação do checklist %
Ruim: 16,6%
Bom: 41,6%
Excelente: 41,6%
Não se aplica: 0,3%
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
64
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Quadro 3. Itens avaliados e pontuados pelo checklist durante o mês de aplicação:
65
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Podemos analisar que o tópico de higienização apresenta maior porcentagem, logo
deduzimos que o controle de higiene do setor é precário, sendo de alta relevância um con-
trole higiênico sanitário, e que reflete diretamente no controle microbiológico do setor, sendo
um possível local de proliferação de patógenos que colocam em risco o fornecimento aos
comensais de produtos de qualidade com seguridade alimentar.
Assim como a higienização, a organização e estrutura apresentaram uma porcentagem
bem significativa, sendo fatores que interferem diretamente na higienização do setor e que,
consequentemente, afetará a qualidade dos produtos, pois sem organização e uma estrutura
adequada fica inviável manter a operacionalização da unidade.
O tópico referente a disciplina foi o tópico avaliado com menor porcentagem, mas não
podemos deixar de citar, pois é um tópico importante para o bom gerenciamento da unidade,
sendo importante ressaltar o treinamento das boas práticas aos funcionários da UAN.
CONCLUSÃO
66
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
REFERÊNCIAS
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Campinas, v. 23, n. 2, p:897-903, 2016
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dições higiênico-sanitárias em serviços de alimentação. Rev. Instituto Adolfo Lutz, São
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13. VARQUES, C.T. & MADRONA, G. Sl. APLICAÇÃO DE CHECKLIST PARA AVALIAÇÃO DA
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ÇÃO. Higiene Alimentar, [S. l.], ano 252/253, v. 30, p. 53-58, fev. 2016.
67
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
14. VASCONCELOS, M.I.L. FERNANDES, H.M.A.BARBOSA, E.S. GRANGEIRO, R.F.O. SENA,
D.B.G. LOPES, V.C.B. SANDES, M.O. SOUSA, L.S. OLIVEIRA. R.B. TABOSA, V.L. FIRMINO.
L.A.R.G. NUTRIÇÃO E DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC): APRESENTAÇÕES DAS NOVAS
RECOMENDAÇÕES E PADRÕES ALIMENTARES CONFORME AS ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS
CIENTÍFICAS. Research, Society and Development. _ Vol.10, Nº.6,_ 2021
68
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
04
Análises físico-químicas e composição
nutricional da farinha de casca de
abacaxi como aproveitamento de
resíduos agroindustriais
10.37885/210805814
RESUMO
70
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Análises físico-químicas
As análises foram realizadas segundo o INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2008) com adap-
tações, para FCA.
pH
72
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Acidez
Amostras da farinha de 10g foram trituradas com 100 mL de água destilada, sendo
adicionado 0,3 mL de solução de fenolftaleína. A titulação foi realizada com solução de hidró-
xido de sódio 0,1 M sob agitação constante, até coloração rósea persistente por 30 segun-
dos. Os resultados foram expressos em porcentagem de ácido cítrico segundo Equação 1:
Eq.: 1
Umidade
Lipídeos
Eq.:2
Onde:
N = nº de gramas de lipídios; P = nº de gramas da amostra
73
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Proteínas
Foi pesado 0,5 g de amostra e adicionado 1 grama da mistura digestora (foram feitos
100g da mistura, pesado 90 g de Na2SO4 e 10 g de CuSO4.5H2O e homogeneizado). Foi
adicionado 10 mL do H2SO4 concentrado, lavando as paredes internas do tubo. A amostra
foi então levada ao bloco digestor e aquecida até 250ºC/15 min. Depois foi aumentada a
temperatura para 350ºC e mantida por 1h. Foi deixado esfriar, e adicionado 1,0 mL de peró-
xido de hidrogênio 30%, e levado ao bloco digestor por mais trinta minutos. Neste estágio, a
solução estava completamente límpida e clara. Foi deixado esfriar e destilado no Destilador
semi-micro-Kjeldahl.
O teor de proteínas foi obtido pela Equação 3:
Eq.: 3
Onde:
V = diferença entre o nº de mL de ácido sulfúrico 0,05 M e o nº de mL HCl 0,1 M gastos
na titulação; P = nº de g da amostra; f = fator de conversão 6,25
Fibras e Cinzas
Eq.: 4
A perda de peso é considerada como fibra bruta e foi determinada pela Equação 5:
74
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Eq.: 5
Minerais
Carboidratos
O teor de carboidratos foi calculado pela diferença entre 100 e a soma das porcenta-
gens de umidade, cinzas, proteínas, gorduras e fibras (Equação 6).
Eq.: 6
Teor calórico
O teor calórico das formulações foi calculado matematicamente com base nos compo-
nentes energéticos das formulações, onde carboidratos e proteínas fornecem 4 Kcal e lipídeos
contribuem com 9 kcal, independente da fonte (KRAUSE; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).
75
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Caracterização físico-química da farinha da casca de abacaxi produzida, e comparação com farinha de trigo e
farinha de trigo integral.
Caracterização físico-química Farinha da Casca de Abacaxi (FCA) Farinha de Trigo Farinha de Trigo Integral
pH 3,88 ± 0,18 - -
Acidez (%) 3,16 ± 0,02 - -
Umidade (%) 9,31 ± 0,57 13,00 (c)
11,60 (a)
Lipídeos (%) 0,65 ± 1,84 1,4 (c) 1,88 (b)
Proteína (%) 4,42 ± 0,48 9,8 (c)
13,70 (b)
Carboidratos (%) 68,69 ± 0,21 75,1 (c) 72,70 (b)
Calorias (kcal/100g) 298,29 ± 1,11 360 (c) 339 (b)
Fibra (%) 11,42 ± 0,66 2,3 (c) 11,55 (b)
Cinzas (%) 5,51 ± 0,75 0,8 (c)
1,63 (b)
Ca (mg/100g) 270,21 ± 0,23 18 (c) 34,00 (b)
Zn (mg/100g) 0,40 ± 0,01 0,8 (c)
2,94 (b)
Cu (mg/100g) 0,16 ± 0,32 0,15 (c) 0,38 (b)
Fe (mg/100g) 5,21 ± 0,43 1,0 (c)
3,89 (b)
Mn (mg/100g) 7,55 ± 0,88 0,46 (c) 3,80 (b)
Mg (mg/100g) 96,90 ± 13,60 31 (c)
138,00 (b)
Informações da farinha de trigo:
Fonte: a DIAS; FREITAS; CERQUEIRA (2015); b PHILIPPI (2002); c TACO (2011).
pH e acidez
Observou-se que a FCA apresentou alto nível de acidez (3,16 ± 0,02%) e baixo valor de
pH (3,88 ± 0,18), mostrando que o produto é ácido, devido a matéria-prima utilizada. Os altos
valores de acidez podem ter origem da própria composição do alimento, pelo tipo de pro-
cessamento que o alimento foi submetido ou pela deterioração durante o armazenamento
prolongado (CECCHI, 2003). A secagem da farinha concentra os compostos presentes nos
frutos, como o ácido cítrico para o abacaxi (ALVES; MACHADO; QUEIROGA, 2011).
COSTA et al. (2007) classificaram essa farinha como produtos ácidos e de difícil ataque
microbiano. A acidez é um parâmetro importante em relação a conservação do produto, pois
quando há um processo de decomposição do produto (hidrólise, fermentação, oxidação) a
alteração é quase sempre observada na concentração de íons de hidrogênio (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 2008). Quando a farinha é armazenada, sua acidez tende a aumentar com
o tempo. DIAS e LEONEL (2006), sugeriram que farinhas obtidas de resíduos agroindus-
triais, por serem ácidas, necessitam de refrigeração até o momento do uso, para não haver
alterações em suas características sensoriais.
76
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Umidade
A umidade da farinha obtida neste trabalho apresentou valores de 9,31 ± 0,57% aten-
dendo a legislação vigente Resolução nº 263 (BRASIL, 2005) que exige uma umidade
máxima de 15,0 % para farinhas no geral. ERKEL et al. (2015) em seu estudo encontraram
valores menores de umidade para FCA em 5,76±0,07% (secagem em 60º por 24 horas) se
diferenciando das condições de processamento deste trabalho. COSTA et al. (2007) encon-
trou valores semelhantes para umidade 9,92±0,54% em pó alimentício obtido da casca de
abacaxi, em comparação com este trabalho.
O aumento da umidade em farinhas pode alterar as suas características físicas e
microbiológicas. Nestas condições, as farinhas podem apresentar formação de grumos e
favorecer o crescimento de microrganismos (DIAS; FREITAS; CERQUEIRA, 2015) tornando
o produto inviável para o consumo ou processamento.
Lipídeos
Proteínas
Carboidratos
Fibras
Cinzas e Minerais
O valor encontrado para cinzas (5,51 ± 0,75%) em FCA, neste estudo são maiores do
que o encontrado por ERKEL et al. (2015) (4,43±0,03%), em farinha de trigo (0,8%) (TACO,
2011) e em farinha de trigo integral (1,63%) (PHILIPPI, 2002). O conteúdo representa, no
geral, o número total de componentes inorgânicos contida no alimento (INSTITUTO ADOLFO
LUTZ, 2008). GONDIN et al. (2005) encontrou valores de cinzas para cascas de abacaxi in
natura de 1,03%. Pode-se afirmar que valores altos de conteúdo de cinzas é devido ao pro-
cesso de secagem que eleva a concentração dos mesmos, e também aos elevados teores
de minerais que constituem a FCA.
O valor encontrado para cálcio neste trabalho (270,21±0,23mg/100g) são superiores aos
da farinha de trigo (18mg/100g) (TACO, 2011) e farinha de trigo integral (18,00mg/100g). O cál-
cio é um mineral majoritário presente nas cascas de abacaxi e manga e não depende das con-
dições de plantio e cultivo (GONDIM et al., 2005; MARQUES et al., 2010; FELIPE et al., 2006).
78
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
GONDIN et al. (2005) ao trabalharem com casca de abacaxi in natura, encontram va-
lores para zinco (0,45 mg/100g) e cobre (0,11 mg/100g) que se assemelham a este trabalho
(0,40±0,01), (0,16±0,32) respectivamente.
Ferro (5,21±0,43mg/100g) e manganês (7,55±0,88mg/100g) apresentaram maiores
valores neste trabalho quando comparados com a farinha de trigo (0,15mg/100g) (TACO,
2011) e farinha de trigo integral (0,38mg/100g) (PHILIPPI, 2002). GONDIN et al. (2005) en-
controu valores mais baixos para ferro em casca de abacaxi in natura (0,71mg/100g). Outra
fonte de ferro que se assemelhou com o resultado deste estudo, foi a casca de tangerina in
natura (4,77mg/100g) (GONDIN et al. 2005).
O magnésio apresentou maiores valores nesta pesquisa (96,90±13,60) quando com-
parado com a farinha de trigo (31g/100g) (TACO, 2011), e menor valor quando comparado
com a farinha de trigo integral (138mg/100g) (PHILIPPI, 2002).
O conteúdo de minerais encontrado neste trabalho aumenta o potencial nutricional
para FCA. A farinha pode ser uma alternativa a incorporação nas formulações (substituição
parcial ou total a farinha de trigo branca) a biscoitos, massas alimentícias, pães entre outros,
e também seu consumo como in natura incorporado a iogurtes, mingau e sucos.
Teor calórico
CONCLUSÃO
Foi possível obter farinha da casca de abacaxi com característica ácida e de baixo teor
de umidade e lipídeos, garantindo maior segurança alimentar na sua utilização e estabili-
dade ao armazenamento. A farinha apresentou elevado teor de fibras e minerais (Ca, Mn),
podendo ser utilizada para suplementação alimentar. Conclui-se que é possível a partir da
farinha de casca de abacaxi, formular produtos enriquecidos nutricionalmente ou ser consu-
mida de forma in natura. A produção da FCA também permite o aproveitamento de resíduos
agroindustriais, proporcionando um descarte menor no ambiente.
79
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
AGRADECIMENTOS
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81
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
05
Aproveitamento do soro de leite na
elaboração de bebida láctea não
fermentada adicionada de farinha de
banana verde
10.37885/210605095
RESUMO
83
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
84
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
banana verde é muito promissora para a elaboração dessas bebidas (BATISTA et al., 2017;
WALDO et al., 2018).
A aplicação da farinha de banana verde em bebidas lácteas possibilita a inclusão
dessa fruta em uma classe de alimentos com potencial mercadológico, visto que a banana
(Musa paradisiaca L.) é a fruta mais consumida no mundo, sendo o Brasil o terceiro maior
produtor com produção de 7 milhões de toneladas em 2019 (IBGE, 2019). Além disso é
uma fonte barata de energia, é rica em minerais como magnésio, cobre, potássio, fósfo-
ro, ferro, zinco, vitamina C e vitaminas do complexo B (ANYASI et al., 2018; BORGES;
PEREIRA; LUCENA, 2009).
O amido resistente ou não digerível é o principal componente da banana verde (> 60%
do peso do fruto seco), dos quais 30% está disponível em sua farinha, apresentando um
comportamento semelhante ao da fibra dietética (CAMPUZANO, ROSSEL, CORNEJO, 2018;
LIAO et al., 2015). Também contém em sua composição compostos fenólicos, antioxidantes
e flavonóides (AGAMA-ACEVEDO et al., 2015; ANYASI et al., 2018). A farinha de banana
verde tem chamando atenção por promover melhorias fisiológicas importantes, sendo capaz
de controlar ou prevenir doenças como diabetes, redução do colesterol e previne infecções
gastrointestinais (QAMAR, SHAIKH, 2018).
Tendo em vista utilizar integralmente o soro de leite e agregar valor a esse subproduto
da produção do queijo, o objetivo deste trabalho é aproveitar o soro de leite na produção de
bebida láctea não fermentada adicionada de farinha de banana verde.
MÉTODO
85
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Elaboração da farinha de banana verde
Elaboração do produto
Formulações
INGREDIENTES (%)
F1 F2
Leite 20,5 20,0
Soro de leite 66,85 66,85
Açúcar mascavo 7 7
Cacau em Pó 5 5
Farinha de banana verde 0,5 1
Sal 0,1 0,1
Citrato de sódio 0,05 0,05
F1: 20,5% de leite + 0,5% de farinha de banana verde, F2: 20 % de leite + 1% de farinha de
banana verde.
Fonte: Elaborada pelos autores.
86
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
As bebidas lácteas foram processadas conforme procedimentos adaptados de Guedes
et al. (2013) seguindo o fluxograma exposto na Figura 1.
87
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Caracterização físico-química da bebida láctea
Análise microbiológica
88
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Salmonella spp.
Análise estatística
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Caracterização físico-química da bebida láctea não fermentada adicionada de farinha de banana verde.
Formulações
Parâmetros
F1 F2
pH 6,74 ± 0,01
a
6,64 ± 0,01
b
89
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Os valores de pH das bebidas tenderam à neutralidade (F1-6,74 e F2- 6,64) e apresen-
taram diferenças significativas (p<0,05), onde a bebida F1 apresentou maior valor. Os resul-
tados obtidos foram semelhantes aos encontrados por Caldeira et al. (2010) que reportaram
pH entre 4,96 a 5,38 e menores que os relatados por Silva et al. (2014), que observaram
um o pH 4,08 a 4,37.
Os sólidos solúveis (ºBrix) nas bebidas variaram de 15,20 a 20,20ºBrix e não apresen-
taram diferença significativa (p>0,05) entre as formulações. O trabalho de Silva et al. (2014)
mostrou resultados de sólidos solúveis semelhantes variando de 15,00 a 15,33%, já no estudo
de Barana et al. (2014) as formulações apresentaram valores de sólidos solúveis superiores
aos encontrados no presente trabalho, com médias variando entre de 18,67 a 19,3ºBrix.
A acidez exerce importante influência sobre os atributos de qualidade dos produtos
lácteos, sendo um dos fatores que limita sua aceitação sensorial pelo consumidor. A acidez
das bebidas lácteas analisadas oscilou entre 0,20 a 0,25% de ácido lático e não houve dife-
rença significativa (p>0,05) entre as amostras. Caldeira et al. (2010), encontraram resultados
semelhantes para acidez em bebida láctea sabor morango utilizando diferentes níveis de
iogurte e soro lácteo, com valores de acidez entre 0,22 a 0,35% de ácido lático.
Os valores de proteínas variaram de 0,91 a 1,02 %. Segundo o Regulamento Técnico
de Identidade e Qualidade de Bebidas Lácteas (BRASIL, 2005), o teor de proteína de origem
láctea deve ser no mínimo 1,0g/100 g (1,0%), portanto somente bebida F1 atendeu aos pa-
drões exigidos pela legislação. Leite et al. (2017) ao analisar a bebida láctea encontraram
um teor de proteínas de 4%, sendo maior que o obtido no presente trabalho.
Para o resultado de gorduras não houve diferença significativa (p>0,05) entre as formula-
ções elaboradas e não há valor para esse parâmetro estabelecido na legislação. No trabalho
de Caldeira et al. (2010) foram encontrados valores superiores de gordura 97,2 a 10,1% e
observou-se que à medida que se aumentou a proporção de soro nas formulações, o teor
de gordura diminuiu.
Já no trabalho de Leite et al. (2017) o conteúdo de gorduras foi inferior ao encontrado
nesta pesquisa, visto que foi encontrado um percentual de 3% de gordura em bebida lác-
tea não fermentada. Já no trabalho de Barana et al. (2012) os valores de gorduras foram
inferiores aos encontrados nesta pesquisa, apresentando médias de 0,046% para as três
diferentes formulações da bebida láctea.
Análise microbiológica
A contagem de coliformes totais (35°C) nas bebidas lácteas foram menores que 3 (NMP/
mL) e observou-se ausência de Salmonella spp. A baixa contagem ou ausência dos micro-
-organismos analisados pode ser atribuída, à utilização de matérias-primas de qualidade,
90
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
à adoção das Boas Práticas de Fabricação (BPF) durante o processamento e também a
eficiência do processo de pasteurização.
CONCLUSÃO
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93
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
06
Aspectos da retenção de água em
carcaças de frango: uma revisão
sistemática
10.37885/210605046
RESUMO
95
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
96
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Neste contexto este trabalho tem o propósito de apresentar uma revisão acerca dos
aspectos relacionados à retenção de água em carcaças de frangos e os métodos usados
para a medição, controle e prevenção de fraudes.
DESENVOLVIMENTO
O manejo antes do abate tem suma importância para a qualidade final da carcaça, e logo
após o pré-abate o animal passa pelos procedimentos necessários para que seja abatido.
O processo de abate de aves no Brasil é realizado de acordo com o Regulamento de
Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal (RIISPOA), de 29 de março
de 1952 e a Portaria 210 de 10 de novembro de 1998. Conforme o fluxograma de etapas de
abate de aves padronizado na maioria dos frigoríficos, o procedimento se inicia na recep-
ção das aves, pendura, insensibilização, sangria, escaldagem, depenagem, corte dos pés,
evisceração, pré-resfriamento, resfriamento, cortes, pesagem, embalagem e congelamento.
De acordo com a Portaria 210/1998 do MAPA, a recepção das aves ocorre com di-
versas análises de documentos, inclusive o Boletim Sanitário, é instalada em plataforma
coberta, devidamente protegida dos ventos predominantes e da incidência direta dos raios
solares, a critério da Inspeção Federal, essa seção pode ser parcial ou totalmente fechada,
atendendo as condições climáticas regionais, desde que não haja prejuízo para a ventilação
e iluminação, não é permitida a higienização de veículos transportadores de aves vivas nas
áreas de descarga junto a plataforma de recepção, exceto para os casos de emprego de
instalações móveis de vedação completa do veículo, caracterizado como sistema fechado,
dotado de escoamento e canalização própria de resíduos.
É importante oferecer, dentro de um espaço de tempo adequado, condições térmicas
satisfatórias para manter o animal em conforto após o transporte até a chegada à linha do
abate. A espera nos abatedouros tem sido uma fonte potencial de estresse para os frangos,
que aumenta a quantidade de aves mortas (SILVA; VIEIRA, 2010).
As aves passam pelo estágio de insensibilização, no qual são imersas em um tanque
com água e logo depois recebem uma descarga elétrica. O intuito desse processo é imobilizar
as aves, evitando que se debatam e levantem a cabeça no ato da sangria. Esse estágio não
deve promover, em nenhuma hipótese, a morte das aves e deve ser seguida de sangria no
prazo máximo de 12 (doze) segundos (Intensidade: 0,12 A ou 120 mA, com a resistência de
1.000 a 2600 Ω). As voltagens e a amperagem são controladas de acordo com o tamanho
e peso da ave (MENDES; KOMIYAMA, 2011).
97
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Após a insensibilização, inicia-se o estágio de sangria, que se constitui no escoamento
do sangue, retirando cerca de 40 a 50% do seu volume, representando cerca de 7% do
peso vivo da ave. Quando esses estágios são realizados de forma incorreta ocorrem as
maiores perdas de produto e condenações (FRIES, 2017). Em seguida, os frangos seguem
para o tanque de escaldagem, onde são escaldados a temperatura de 60ºC, após esta
etapa passam por uma depenadeira para a retirada das penas, passam pelo corta-patas,
são transferidos para outra linha e vão para o setor de evisceração, onde é realizada toda
a limpeza do frango (CIMA; OPAZO, 2009).
Schilling (2014) ressalta que as aves são submetidas ao processo de escaldagem
para remover impurezas, o sangue da superfície externa e também facilitar a remoção das
penas no processo de depenagem. Para este processo, se destaca a imersão em tanque
com água quente, chuveiros de água quente e aplicação de vapor, sendo a escaldagem por
imersão o método mais utilizado.
A depenagem é efetuada mecanicamente por dedos vibratórios de borracha flexível
em máquinas depenadeiras, que podem ser estáticas ou em série, com alimentação con-
tínua de água fria através de chuveiros, com vazão constante por todo o período de abate
(MENDES; KOMIYAMA, 2011).
O frango ainda é submetido a lavagens com água em procedimentos tecnológicos. Antes
da evisceração, as carcaças deverão ser lavadas em chuveiros de aspersão dotados de água
sob pressão, e logo após a evisceração as carcaças são novamente lavadas, a fim de eliminar
a carga microbiana superficial e então direcionadas ao pré-resfriamento (BRASIL, 2014).
Imediatamente ao pré-resfriamento, deve ser realizado o gotejamento para o escor-
rimento da água contida na carcaça que foi absorvida no processo. As carcaças são sus-
pensas pelas asas ou pescoço, em equipamento de material inoxidável, dispondo de calha
coletora de água de gotejamento. Ao final desta fase, a absorção da água nas carcaças de
aves submetidas ao pré-resfriamento por imersão, não deverá ultrapassar a 8% de seu peso
de acordo com o Método de Controle Interno (BRASIL, 1998). Após o gotejamento, as aves
seguem para o espostejamento ou para a embalagem.
É na fase de pré-resfriamento que pode ocorrer uma maior absorção de água. Porém,
uma pequena absorção de 3% de água em média, ainda ocorre nas etapas de escaldagem,
depenagem e evisceração (BRASIL, 1998).
98
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
palatabilidade da carne e são influenciados pelos processos de resfriamento que as carcaças
são submetidas após o abate (CARCIOFI; LAURINDO, 2007).
De acordo com a Portaria 210/1998 do MAPA, o resfriamento é o processo de refrige-
ração e manutenção da temperatura entre 0ºC a 4ºC dos produtos de aves (carcaças, cortes
ou recortes, miúdos e/ou derivados), com tolerância de 1ºC. Enquanto que o pré-resfriamento
é o processo de rebaixamento da temperatura das carcaças de aves, imediatamente após
as etapas de evisceração e lavagem, realizado por sistema de imersão em água gelada e/
ou água e gelo ou passagem por túnel de resfriamento, obedecidos os respectivos critérios
técnicos específicos.
Entre as etapas críticas no processamento de carcaças de aves, destaca-se o pré-res-
friamento (PR), que tem a função principal de retardar a multiplicação microbiana e facilitar
os processos de resfriamento e congelamento (SIMAS et al., 2013). O pré-resfriamento serve
para reidratar o frango, e em sua sequência, vem o resfriamento, onde atinge uma tempe-
ratura de 4ºC, para fins de conservação do produto. Concluídas estas etapas, os frangos
são pendurados em linhas distintas de acordo com o mercado: frango inteiro ou cortes de
frango (CIMA; OPAZO, 2009).
O PR, quando bem conduzido, reduz a contaminação microbiana, entretanto,
quando não realizado de forma adequada, pode levar ao aumento da Salmonella sp.
(OLIVEIRA et al., 2012).
No PR ocorre a reidratação da carcaça, que recupera a água perdida durante o trans-
porte e nas operações iniciais. Quando a temperatura é diminuída, pode-se evitar uma
possível proliferação da flora microbiana presente na carcaça. Além disso, também se evita
a queda brusca do pH no músculo e a ação descontrolada das enzimas naturais proteolíti-
cas (FRIES, 2017).
Porém, se a renovação da água do tanque não acontecer de forma correta com o con-
trole de temperatura e adequado teor de cloro na água do chiller, pode acontecer o aumento
da contaminação microbiana das carcaças (ROSA, 2014).
Portanto, para que o PR seja feito de forma eficiente e adequada, alguns parâmetros
devem ser monitorados, dentre eles: a renovação adequada, a temperatura e o sentido
contracorrente da água, os níveis de cloro, o tempo adequado de passagem da carcaça e
a carga bacteriana inicial (SIMAS et al., 2013).
Em concordância com o MAPA (1998), o PR das carcaças de frangos pode ser efe-
tivado através de aspersão de água gelada, imersão em água por resfriadores contínuos
tipo rosca sem fim (chillers) ou resfriamento por ar (câmaras frigoríficas). O resfriamento
industrial de carcaças habitualmente é efetuado pela imersão das carcaças em tanques de
inox (chiller) preenchidos com água ou gelo, onde passam por um sistema de rosca sem
99
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
fim (VIANA, 2016). Entretanto, neste processo, além de ocorrer a redução da temperatura,
também acontece a absorção de água pelas carcaças.
Carciofi e Laurindo (2010) afirmam que o sistema de resfriamento de frangos por imer-
são é de maior eficiência por sua rapidez, sendo amplamente utilizado na América do Norte
e do Sul, principalmente no Brasil e Estados Unidos, dois dos maiores países produtores
de carne de aves do mundo.
Durante o pré-resfriamento por imersão as carcaças são movidas por tanques contendo
uma mistura de gelo e água. A temperatura da água, a pressão hidrostática e as condições
de agitação da água são determinantes na quantidade de água absorvida pelas carcaças
de frango durante este tipo de resfriamento (SAVELL et al., 2005). De acordo com a portaria
210/98 do MAPA, a temperatura máxima da carcaça na saída do segundo resfriador deve
ser de 7,0 ± 5ºC imediatamente após o abate e a evisceração (SHIMOKOMAKI et al., 2014).
Na etapa de pré-resfriamento é onde ocorre a maior absorção de água, devido ao
fato de ocorrer a incorporação de água através das fibras musculares da carne, por isso a
importância de monitorar constantemente a temperatura da água, tempo de imersão e o
sistema de borbulho para que não absorva água excedente a fim de prejudicar o consumi-
dor (FRIES, 2017).
Lorenzetti et al. (2018) avaliaram a influência da absorção e o gotejamento de água
(Dripping Test) de carcaças de frango em função do processamento e pré-resfriamento da
carne em um resfriador industrial, utilizando um total de 1.179 carcaças. Os autores concluí-
ram que os melhores parâmetros para garantir níveis de absorção e testes de gotejamento
dentro dos limites aceitáveis em carcaças de frango foram tempo total de residência de 60
min (no pré-resfriador, no resfriador 1 e no resfriador 2); pressão de ar dos chillers a 0,5 bar;
abertura abdominal das carcaças com um máximo de 2 cm. Esses parâmetros não influen-
ciaram o conteúdo de proteína, razão umidade/proteína, pH ou conteúdo lipídico.
100
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O sistema de controle da absorção de água em carcaças de aves submetidas ao pré-
-resfriamento por imersão deve ser eficiente e efetivo, sem margem a qualquer prejuízo na
qualidade do produto final.
Um fator que pode vir a influenciar na absorção excessiva na carcaça de frango são
suas partes, como pescoço e a coxa aberta durante a evisceração. Carcaças com pescoço
absorvem muito mais água do que as sem pescoço. Também são causas de absorção de
água acima do limite estabelecido por lei, o peso ou tamanho da carcaça, quanto menor for
a carcaça mais água irá absorver (FRIES, 2017).
Deste modo, o excesso de água não é imperiosamente decorrente da injeção fraudu-
lenta de água no produto, mas sim do ajuste inadequado de variáveis que influenciam no
processo, das oscilações de temperatura de armazenamento que podem causar a forma-
ção de cristais de gelo irregulares, promovendo a injúria das fibras e demais estruturas da
carne, ocasionando a migração de umidade quando do descongelamento e possivelmente,
de estresse acarretado por manejos inadequados (ARALI, 2014).
Os métodos oficiais para o controle do índice de absorção de água são o Método de
Controle Interno, realizado em nível de processamento industrial pela indústria local e o
Dripping test para controle de absorção de água em carcaças congeladas de aves subme-
tidas ao pré-resfriamento por imersão.
O limite máximo de absorção e perda de água pelo teste de absorção em carca-
ças de frango in natura e congeladas, permitido pela Portaria 210/98 regulamentado pela
Lei Nº 7.889, de 23.11.1989 do MAPA é de 8,0% e no Dripping Test esse valor não pode
ultrapassar 6,0%.
102
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
diariamente por um fiscal do Serviço de Inspeção Federal (SIF) e anualmente por um fiscal
do MAPA (SOUZA, 2014).
De acordo com a legislação, cada item de ensaio é composto por seis unidades (uma
unidade = uma carcaça de ave). O ensaio deve ser iniciado com as aves a uma temperatura
de -12ºC. Deve-se enxugar o lado externo da embalagem de modo a eliminar todo o líquido e
gelo e depois pesar a embalagem com seu conteúdo, obtendo-se “M0”, expresso em gramas
e registrar esta pesagem. Após pesar, retirar a carcaça congelada de dentro da embalagem
com as vísceras, se houver, enxugar a embalagem e pesar novamente, obtendo “M1”.
Deve-se introduzir a carcaça com os miúdos em um saco plástico, colocando a cavi-
dade abdominal voltada para o fundo do saco plástico, retirar o excesso de ar por meio de
pressão manual, fechar com barbante e colocar dentro de uma rede plástica. Pendurar no
banho de modo que a carcaça fique mergulhada de tal maneira que a água não penetre
no interior do mesmo. Então repetir o procedimento para cada uma das carcaças. Deve-se
manter as carcaças verticalmente com o auxílio de pesos, sendo que os sacos individuais
não devem tocar uns nos outros. O conjunto deve permanecer no banho com circulação
de água mantida a 42 ± 2ºC por um determinado tempo de acordo com o peso da carcaça,
segundo o Quadro 1 (BRASIL, 2014).
Quadro 1. Tempo de imersão das carcaças de acordo com o peso, conforme estabelecido pelo MAPA.
Até 800 65
801 a 900 72
901 a 1000 78
1001 a 1100 85
1101 a 1200 91
1201 a 1300 98
1301 a 1400 105
Fonte: Brasil (2014).
Para lotes com pesos diferentes, colocar primeiro no banho as aves mais pesadas.
Para cada 100g menos, deixa-se passar 7 minutos, coloca-se então o próximo lote e assim
por diante. No final todas as aves sairão ao mesmo tempo.
Realizado o procedimento de imersão, deve-se fazer um orifício na parte interior da
embalagem, de modo que a água liberada pelo descongelamento possa escorrer. Após fazer
o orifício, a embalagem e seu conteúdo deverão ficar por uma hora a temperatura ambiente
entre 18 e 25ºC. A ave e as vísceras devem ser retiradas da embalagem para escoar e logo
após, devem serem enxutas. Faz-se então a pesagem da ave descongelada juntamente
com as vísceras e sua embalagem, obtendo-se a medida “M2”. A pesagem da embalagem
que continha as vísceras, fornece a medida “M3”. (BRASIL, 1998).
103
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Em seguida, é realizada uma equação com o intuito de calcular o valor do Dripping test:
Vários trabalhos têm sido realizados em diferentes regiões do Brasil com a finalidade
de determinar o teor de água retido em carcaças ou cortes congelados de frangos através do
Dripping Test e verificar se a indústria atende ou não à legislação em vigor. Kato et al. (2013)
avaliaram pH, capacidade de retenção de água e teste de gotejamento de cinco marcas de
frangos congelados comercializadas em supermercados de Londrina/PR e verificaram que
três marcas apresentaram valores de gotejamento acima de 6%. Do mesmo modo, Souza
(2014) verificaram que duas das três marcas analisadas em Francisco Beltrão/PR apresen-
taram elevada percentagem de absorção de água; assim como, Mafra (2014) relatou que, de
cinco marcas de frangos congelados avaliadas em Londrina/PR, três marcas tiveram seus
resultados acima do permitido pela legislação.
Foi realizada uma avaliação de 45 amostras de seis carcaças de frangos de quatro
abatedouros diferentes em São Paulo/SP por Garnica et al. (2014), e constatado que apenas
4,44% (2/45) das amostras apresentaram valores de gotejamento acima do limite permitido.
Uma outra pesquisa desenvolvida por Silva et al. (2016) concluiu que cinco marcas de filé
de peito, quatro marcas de coxas com pele e quatro marcas de coxas sem pele de frangos
avaliados em Niterói/RJ apresentaram teor de umidade acima do preconizado pela legislação.
Silva et al. (2017) analisaram duas marcas de frangos congelados nos municípios pa-
raenses Conceição do Araguaia, Redenção, Rio Maria e Xinguara e verificaram que 97,9%
das amostras avaliadas apresentaram percentual de hidratação acima do permitido. Da mes-
ma forma, Repetti, et al. (2017) observaram que amostras de 18 carcaças de frangos de três
marcas avaliadas em Marília/SP apresentaram teor de água superior ao permitido.
Entretanto, Fries et al. (2017) observaram que todas as amostras de frangos congela-
dos analisados em Lajeado/RS atenderam aos padrões exigidos pelo MAPA. Queiroz et al.
104
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
(2017) relataram que de três marcas avaliadas em Rio Branco/AC, apenas uma possuía teor
de água acima do limite de 6% estabelecido pelo MAPA. Resultados semelhantes foram
encontrados por Gonçalo et al. (2020), em que foram avaliadas seis marcas de frangos e
apenas três delas apresentaram valores acima do permitido pela legislação.
As fraudes nas indústrias alimentícias visam conseguir um maior lucro sobre os pro-
dutos e conceder-lhes características como o excesso de água do frango, com o desígnio
de ampliar o peso da carcaça através da incorporação de água, gerando então, resultados
fora do padrão estabelecido pela Portaria 210 de 1998 e prejudicando consequentemente
o consumidor (FRIES, 2017).
De todos os trabalhos relatados acima, apenas um apresentou todos os valores dentro
dos padrões, sendo que a maioria dos estudos manifestou que a maioria das marcas de
frangos congelados estavam com teores de água acima do limite preconizado pela legisla-
ção. Os resultados de percentual de hidratação elevada, além de afetar o bolso do consumi-
dor, pode também afetar a saúde, pois na maioria dos trabalhos também foi apontada a má
qualidade da carne analisada, como por exemplo a carne PSE (pálida, mole e exsudativa)
ou com a presença de microrganismos (Salmonella spp).
Em um teste comparativo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(IDEC) em 2004 entre oito marcas de aves congeladas existentes em supermercados de
São Paulo, foi constatado que o consumidor brasileiro não tem uma adequada proteção em
relação às carnes de frango congeladas (IDEC, 2005).
Pasqualetto (2001) realizou um estudo que demostrou que das 84 amostras analisadas
no centro-oeste brasileiro, 74,57% se encontravam com médias superiores ao valor estipulado
pela legislação. No Distrito Federal, Alonso (2004) relatou que de três marcas analisadas,
notou-se que duas das amostras não correspondiam aos pré-requisitos exigidos pelo MAPA.
105
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA do MAPA vem
intensificando as ações de combate a essa fraude econômica, em âmbito nacional. Uma
das ações é a disseminação da Instrução Normativa que serviu de influência para análises
oficiais do MAPA, que são realizadas mensalmente pelas unidades Estaduais do Ministério
da Agricultura e a elaboração de um Programa específico para controle de fraudes eco-
nômicas, o qual foi chamado de Programa de Prevenção e Controle da Adição de Água
aos Produtos (PPCAAP), através do Ofício Circular nº 010/2005, substituindo o Ofício nº
009/2004 (ARALI, 2014).
Desde o ano de 2005 as empresas foram obrigadas a desenvolver seu Programa de
Prevenção e Controle de Adição de Água aos Produtos, descrevendo os controles execu-
tados para fins de prevenção de possíveis fraudes econômicas decorrentes dos diferentes
processos produtivos na indústria de carne de aves e derivados, principalmente relacionados
ao aumento na quantidade de água e salmoura agregada às carcaças, cortes e produtos de
carne de aves (BRASIL, 2008).
O PPCAAP da AGRODEFESA (Agência Goiana de Defesa Animal) tem o objetivo de
coibir a prática de fraude no processo de absorção de água durante o pré-resfriamento de
carcaças de aves e na fabricação de carne de aves temperadas. O programa enfatiza que
a empresa deve descrever quais são as ações corretivas/preventivas em cada caso para
retomar a conformidade das análises. É fundamental que após um histórico de ocorrências,
seja iniciado um processo de ações preventivas com o intuito de prevenir reincidências, além
de outras medidas que também poderão ser adotadas conforme julgamento dos responsáveis
pelo estabelecimento (AGRODEFESA, 2019).
Com o aumento da demanda interna e externa pela carne de frango, há uma maior
precaução com a qualidade do produto, onde se tem progressivamente uma fiscalização
mais rígida neste caso. Diante disto, por questões econômicas, o Ministério da Agricultura
iniciou em 2005 o uso de programas de inibição de fraudes e defesa dos consumidores finais
através da aplicação de métodos de análise, anteriormente já existentes, para controle do
teor de água contida nos produtos, seja pelo Dripping Test em carcaças de aves ou pela
relação umidade/proteína em cortes (ARALI, 2014).
Uma pesquisa realizada pelo IDEC (2005) concluiu que o segmento de aves congela-
das necessita de medidas urgentes de fiscalização e controle de qualidade, principalmente
quanto à questão sanitária, o limite de água, a rotulagem e serviços de SAC (Serviço de
Atendimento ao Consumidor). Até o ano de 2016, a fiscalização do MS emitiu alerta aos
consumidores sobre os limites máximos de tolerância no produto. Na tentativa de inibir as
106
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
fraudes, a superintendência afirma ter intensificado as fiscalizações, mas o número de aná-
lises ainda é pequeno diante do volume de reclamações.
Assim, é necessário um monitoramento de rotina, com coleta de amostras prontas para
a comercialização sem prévio aviso, como prática a salvaguardar os interesses dos con-
sumidores e à coibição de fraudes intencionais, principalmente naqueles estabelecimentos
que evidenciem valores frequentemente elevados (GARNICA et al., 2014).
No ano de 2017 o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) divulgou uma lista
de produtos alvos da Operação Carne Fraca. Foram abertas investigações em relação a diver-
sas empresas que continham produtos com irregularidades, dentre eles, frangos congelados.
O DIPOA/MAPA realiza auditorias nos estabelecimentos para verificar a observância da
legislação principalmente no que se refere aos Programas de Boas Práticas de Fabricação
e atendimento as demais exigências da legislação. Os Serviços Federais localizados nos
Estados realizam supervisões com os mesmos objetivos (BRASIL, 2007).
De acordo com o artigo 1º da resolução n° 4, de 29 de outubro de 2002, da Lei nº
10.192, de 14 de fevereiro de 2001. Art. 1º Cabe ao Serviço ou Seção ou Setor de Inspeção
de Produtos de Origem Animal - SIPA, da Delegacia Federal de Agricultura - DFA, em sua
jurisdição, autuar estabelecimento produtor, armazenador e varejista, quando detectado, por
meio da coleta de amostras, índices de absorção de água acima do permitido pela legisla-
ção em vigor e dar seguimento aos procedimentos administrativos fiscais. Os procedimen-
tos administrativos fiscais podem variar desde o estabelecimento da necessidade de nova
colheita de amostras para confirmação dos resultados, até a autuação, e multa com valor
dobrado em até R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) com necessidade de apresentação
de resultados oficiais de testes de gotejamento de tantos lotes consecutivos quanto for o
número de violações para a comercialização das produções posteriores (BRASIL, 2014).
De acordo com Nota Técnica do DIPOA, em 2008 foram realizadas cerca de 5.308 análises
permitindo a avaliação do processo de fabricação nos estabelecimentos sob Inspeção Federal e
divulgação de uma relação dos estabelecimentos autuados por excederem o índice de absorção
de água nas carcaças de aves nos anos de 2006, 2007 e 2008. Foram autuados estabelecimen-
tos nos Estados: BA (01), DF (02), GO (05), MS (02), MT (03), PA (02), PR (16), RS (12), SC (08)
e SP (25) (BRASIL, 2008).
Ainda de acordo com a Nota Técnica acima, a intenção do DIPOA é a de que o con-
sumidor seja informado sobre os produtos que estão sendo oferecidos ao consumo, bem
como sobre as Empresas que foram autuadas e multadas por excesso de água em carca-
ças de aves, através da divulgação das mesmas nos veículos de comunicação e de forma
permanente no site do MAPA, para consulta dos interessados.
107
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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111
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
07
Atividade antimicrobiana de
condimentos tradicionalmente
utilizados no Brasil
Mellide Zanchettin
10.37885/210805673
RESUMO
113
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
114
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
DESENVOLVIMENTO
Extratos e OEs são reconhecidos pela Food and Drug Administration como geralmente
seguros (GRAS) (FDA/CFR21, 2020). OEs e extratos naturais apresentam diversas atividades
biológicas, que foram relatadas como antioxidantes, antimicrobianas, antivirais, antifúngicas
e antitoxigênicas (BÖHME et al., 2013; MOHAMMADHOSSEINI et al., 2019; TARIQ et al.,
2019). As atividades antimicrobianas revisadas neste capítulo estão apresentadas na Tabela
1 e abaixo será discutido alguns destes trabalhos. Vale ressaltar que os compostos bioati-
vos presentes nas plantas podem variar de acordo com fatores bióticos e abióticos, como
a localização geoclimática, as condições de cultivo (estação, tipo de solo, quantidade de
água) e a genética da planta (SILVESTRE et al., 2019; VALDIVIESO-UGARTE et al., 2019).
Microrganismos
Condimentos Referências
Bactérias Fungos
Gupta et al. (2013);
Myristica Bacillus subtilis, Sthaphylococcus aureus,
Aspergillus fumigatos, Aspergillus niger e Figueroa-Lopez, Andrade-
fragrans (Noz- Pseudomonas putida, Pseudomonas
Aspergillus flavus Mahecha e Torres-Vargas
-moscada) aeruginosa, e Escherichia coli
(2018)
Bacillus cereus, Sthapylococcus aureus, Baldin et al (2018);
Ocimum basili-
Listeria monocytogenes, Salmonella sp., Snoussi et al. (2016);
cum (Manje- Candida albicans e Aspergillus niger
Pseudomonas aeruginosa, Vibro ssp., Tshabalala et al. (2021);
ricão)
Escherichia coli e Enterococcus Hassan et al. (2020)
Bisht, Menon e Singhal
Cuminum cymi- Salmonella typhimurium, Escherichia coli, (2014); Tshabalala et
Candida albicans e Aspergillus niger
num (Cominho) Staphylococcus aureus e Enterococcus al. (2021); Hassan et al.
(2020)
Penicillium asperosporum , Penicillium
aurintogriseum, Penicillium
brevicompactum, Penicillium chermesinum,
Penicillium chrysogenum , Penicillium
citrinum, Penicillium duclauxii, Penicillium
Staphylococcus aureus, Bacillus cereus,
expansum , Penicillium funiculosum ,
Escherichia coli, Escherichia coli OI57: H7, El-Samawaty et al. (2021);
Penicillium griseofulvum , Penicillium
Cinnamomum Pseudomonas aeuruginosa, Pseudomonas Clemente e coautoeres
glabrum, Penicillium implicatum, Penicillium
verum (Canela) fluorescens , Pseudomonas putida , (2016); Clemente, Aznar
olsonii, Penicillium oxalicum, Penicillium
Pectobacterium carotovorum e Salmonella e Nerín (2019)
puberulum, Penicillium variabile, Penicillium
enterica subsp. enterica
verrucosum, Penicillium roqueforti ,
Fusarium oxysporum, Aspergillus niger ,
Botryotinia fuckeliana, Aspergillus flavus,
Geotrichum spp., Aspergillus ochraceus,
Rhizopus stolonifer
El-Samawaty et al. (2021);
Clemente et al. (2016);
Sthapylococcus aureus, Escherichia coli,
Achimón et al. (2021);
Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas
Syzygium Tshabalala et al. (2021);
fluorescens , Pseudomonas putida , Penicilium spp., Fusarium verticillioides,
aromaticum Zhang, Wu e Guo (2016);
Pectobacterium, Escherichia coli , Aspergillus parasictus, Candida albicans e
(Cravo-da-ín- Ahamed et al. (2021);
Staphylococcus aureus, Enterococcus, Aspergillus niger
dia) Hassan et al. (2020);
Listeria monocytogenes , L. sake,
Figueroa-Lopez, Andrade-
Enterococcus faecalis
Mahecha e Torres-Vargas
(2018)
115
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Microrganismos
Condimentos Referências
Bactérias Fungos
Penicillium asperosporum , Penicillium
aurintogriseum, Penicillium
brevicompactum, Penicillium chermesinum,
Penicillium chrysogenum , Penicillium
Sthapylococcus aureus, Escherichia coli, citrinum, Penicillium duclauxii, Penicillium
El-Samawaty et al. (2021);
Zingiber offici- Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas expansum , Penicillium funiculosum ,
Imane et al (2020);
nale (Gengibre) fluorescens , Enterococcus faecalis e Penicillium griseofulvum , Penicillium
Ahamed et al. (2021)
Klebsiella pneumonia glabrum, Penicillium implicatum, Penicillium
olsonii, Penicillium oxalicum, Penicillium
puberulum, Penicillium variabile, Penicillium
verrucosum, Aspergillus parasictus e
Candida albicans
Curcuma longa El-Samawaty et al. (2021);
Escherichia coli, Staphylococcus aureus e
(Açafrão-da- Penicilium spp., Fusarium verticillioides Achimón et al. (2021);
Enterococcus
-terra) Tshabalala et al. (2021)
Sthapylococcus aureus, Escherichia coli,
Clemente et al. (2016);
Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas
Salvia rosma- Achimón et al. (2021);
fluorescens , Pseudomonas putida , Fusarium verticillioides
rinus (Alecrim) Tshabalala et al. (2021);
Pectobacterium, Enterococcus, Listeria
Zhang, Wu e Guo (2016)
monocytogenes, L. sake
Penicillium roqueforti, Penicillium
verrucosum , Fusarium oxysporum ,
Sthapylococcus aureus, Escherichia coli, Penicillium expansum, Aspergillus niger,
Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas Botryotinia fuckeliana, Aspergillus flavus,
Clemente et al. (2016);
fluorescens , Pseudomonas putida , Geotrichum spp., Aspergillus ochraceus
Brassica juncea Clemente, Aznar e Nerín
Pectobacterium, Acinetobacter baumannii, e Rhizopus stolonifer, Aspergillus
(Mostarda) (2019); Reyes-Jurado et
Salmonella typhimurium, Bacillus subtilis, fumigatus, Aspergillus nomius, Aspergillus
al. (2019)
Streptococcus pyogenes e Mycobacterium niger , Candida albicans , Cryptococcus
smegmatis neoformans var. grubii , Penicillium
cinnamopurpureum, Penicillium viridicatum
e Trichophyton rubrum
Sthapylococcus aureus, Escherichia coli,
Salvia officina- Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas Clemente et al. (2016);
lis (Sálvia) fluorescens , Pseudomonas putida , Moura-Alves et al. (2020)
Pectobacterium e Listeria monocytogenes
Escherichia coli, Staphylococcus aureus
Aspergillus parasictus, Candida albicans,
Enterococcus , Enterococcus faecalis ,
Aspergillus fumigatus, Aspergillus nomius, Tshabalala et al. (2021);
Pseudomonas florescens, Pseudomonas
Thymus vulga- Aspergillus niger, Cryptococcus neoformans Ahamed et al. (2021);
aeruginosa, Listeria monocytogenes,
ris (Tomilho) var. grubii, Penicillium cinnamopurpureum, Radunz et al. (2020),
Salmonella Typhimurium, Acinetobacter
Penicillium expansum , Penicillium Reyes-Jurado et al. (2019)
baumannii, Bacillus subtilis, Streptococcus
viridicatum e Trichophyton rubrum
pyogenes e Mycobacterium smegmatis
Escherichia coli, Staphylococcus aureus,
Petroselinum Tshabalala et al. (2021);
Enterococcus, Salmonella enterica ,
crispum (Salsa) Al-Talib et al. (2016)
Shigella flexneri e Enterobacter cloacae
Coriandrum sa- S. aureus , B. subtilis , E. coli e K.
Candida albicans Foudah et al. (2021)
tivum (Coentro) pneumoniae
Origanum
majorana Candida albicans e Aspergillus niger Hassan et al. (2020)
(Manjerona)
Salmonella enterica , Shigella flexneri ,
Allium sativum Al-Talib et al. (2016);
Escherichia coli, Enterobacter cloacae,
(Alho) Tshabalala et al. (2021)
Staphylococcus aureus e Enterococcus
Aspergillus fumigatus, Aspergillus nomius,
Acinetobacter baumannii, Escherichia
Aspergillus niger , Candida albicans ,
coli, Pseudomonas aeruginosa,
Origanum vul- Cryptococcus neoformans var. grubii ,
Salmonella typhimurium, Bacillus subtilis, Reyes-Jurado et al. (2019)
gare (Orégano) Penicillium cinnamopurpureum, Penicillium
Staphylococcus aureus, Streptococcus
expansum , Penicillium viridicatum e
pyogenes e Mycobacterium smegmatis
Trichophyton rubrum
Achimón et al. (2021);
Pimenta dioica,
Tshabalala et al. (2021);
Piper nigrum,
Zhang et al. (2021);
Capsicum Escherichia coli e Staphylococcus aureus Fusarium verticillioides e Aspergillus flavus
Figueroa-Lopez, Andrade-
frutescens,
Mahecha e Torres-Vargas
(Pimentas) (2018)
116
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Cinnamomum zeylanicum
Syzygium aromaticum
118
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Zingiber officinale
Thymus vulgaris
119
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Em estudo realizado por Reyes-Jurado et al. (2019) foi avaliado o efeito antimicrobia-
no do OE de tomilho pelo teste de difusão em fase de vapor em placas frente as bactérias
gram-negativas (Acinetobacter baumannii, E. coli, P. aeruginosa e Salmonella typhimu-
rium), bactérias gram-positivas (B. subtilis, S. aureus, S. aureus resistente à meticilina e
Streptococcus pyogenes), bactéria ácido-resistente (Mycobacterium smegmatis) e fungos
(Aspergillus fumigatus, Aspergillus nomius, Aspergillus niger, C. albicans, Cryptococcus
neoformans var. grubii, P. cinnamopurpureum, P. expansum, P. viridicatum e Trichophyton
rubrum). Para as bactérias avaliadas o OE de tomilho apresentou atividade frente a E. coli
(CIM de 4 μg/mL) e M. smegmatis (CIM de 3,5 μg/mL). Já a atividade antifúngica do OE de
tomilho demonstrou alto efeito entre as cepas de fungos estudadas, com CIM na faixa de
0,10 e 0,50 μg/mL.
Origanum vulgare
Origanum vulgare (orégano) é uma erva aromática perene de tamanho médio do gênero
Origanum, uma das plantas aromáticas mais importantes comercialmente dentro da família
Lamiaceae (KHAN, et al., 2018). Khan et al. (2018), determinaram a composição química
de OE de orégano obtido por hidrodestilação, sua composição continha monoterpenos oxi-
genados como constituintes principais (80,3%), seguido por monoterpenos (16,9%) e ses-
quiterpenos (1,7%). Wijesundara e Rupasinghe (2018) ao investigarem o efeito de inibição
do OE de orégano frente a duas cepas de Streptococcus pyogenes (ATCC 19615 e ATCC
49399) através do método de microdiluição em caldo observaram CIM e CBM de 0,5 mg/
mL, frente as duas cepas avaliadas.
Zhao et al. (2021), realizaram a avaliação da atividade antifúngica do OE de orégano
e de quatro constituintes isolados frente a Botrytis cinerea (Metileugenol, Carvacrol, Timol e
β-Cariofileno). Os resultados para CIM e CFM obtidos por contato direto exibiram que o OE é
um potente agente antifúngico com CIM de 31,25 mg/L e CFM de 62,5 mg/L assim como
seus compostos majoritários, Timol e Carvacrol, que apresentaram excelentes resultados,
com valores de MIC e CFM de 7,81 mg/L e 15,63 mg/L, respectivamente.
Bedoya-Serna et al. (2018) ao avaliar a atividade inibitória in vitro do OE de orégano
pelo método de diluição em ágar, observaram que para Fusarium sp. e Penicillium sp., os
valores de CIM foram 0,2 μg/ml e 0,3 μg/ml, respectivamente. Ao avaliar a atividade anti-
fúngica frente Cladosporium sp., não houve crescimento, mesmo na menor concentração
de OE testada. Tal resultado pode indicar que este gênero de fungo foi mais sensível ao efeito
inibitório do OE de orégano quando comparado com as outras cepas testadas pelos autores.
120
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Outros condimentos
121
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O cominho (Cuminum cyminum L.) é um condimento pertencente à família Apiaceae, que
possui tem um amplo espectro antimicrobiano frente a bactérias gram-positivas e gram-nega-
tivas (BISHT; MENON; SINGHAL, 2014). Bisht, Menon e Singhal (2014) estudaram os efeitos
antimicrobianos do OE de cominho contra S. typhimurium (MTCC 98) e E. coli (MTCC 443).
Para seu estudo os autores extraíram o OE de cominho por hidrodestilação, a composição
química foi avaliada e sua atividade antibacteriana foi determinada utilizando o método de
difusão de disco e o método de diluição em ágar. O OE das sementes de cominho demonstrou
ser ativo contra ambas bactérias estudadas pelo método de difusão em disco. As atividades
antibacterianas foram determinadas medindo o diâmetro de inibição e os resultados apre-
sentaram diâmetro de 22 mm frente a S. typhimurium e 17 mm frente a E. coli. As CIM foram
de 0,125% e 0,250% (v/v) para S. typhimurium e E. coli, respectivamente. Como resultado
da análise da composição observou-se como principais compostos o γ-terpin-7-al (22.9%),
γ-terpineno (22.6%), β-pineno (22.2%) e cuminaldeído (13.1%).
A Brassica campestres, popularmente conhecida como mostarda, é uma planta am-
plamente utilizada como condimento através da semente moída. O composto majoritário
do OE, Isotiocianato de Alilo, tem diversas atividades relatadas na literatura científica, tais
como benefícios a saúde humana e alta atividade antimicrobiana em diversos tipos de
microrganismos (CLEMENTE et al., 2016; LUCIANO; HOLLEY, 2009; NAZARETH et al.,
2020). Clemente et al. (2016) avaliaram os efeitos do OE de mostarda, contra nove cepas
de origem alimentar. Ao avaliar a suscetibilidade observou uma CIM na faixa de 12,5 – 200
μg/mL e, não foi possível determinar a concentração bactericida para B. cereus. Clemente,
Aznar e Nerín (2019) avaliaram a atividade antifúngica de OE de mostarda frente a 10 cepas
fúngicas pelo método de macrodiluição e teste de difusão em disco. Os autores constata-
ram que OE de mostarda apresentou atividade antifúngica com valores de CIM variando de
0,8 a 50 μg/mL e os valores de CFM variaram entre 6,25 e 100 μg/mL. Reyes-Jurado et al.
(2019) avaliou o efeito antimicrobiano do OE de mostarda pelo teste de difusão em fase de
vapor frente as bactérias gram-negativas, positivas, ácido-resistentes e fungos. Ao avaliar
a composição química dos OEs, o Isotiocianato de alilo foi identificado como principal com-
ponente (98%) e na atividade antimicrobiana a CIM ficou entre 0,012 a 0,250 μg/mL de ar,
frente todas as cepas de bactérias e fungos testadas.
Mecanismos de ação
CONCLUSÕES
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127
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
08
Avaliação da adequação da
rotulagem de pães de forma integrais
comercializados em Diamantina,
MG: avaliando as embalagens e as
informações nutricionais obrigatórias
10.37885/210805896
RESUMO
Os rótulos dos alimentos viabilizam uma comunicação direta do consumidor com as in-
dústrias, como sua principal função é transmitir as informações a respeito dos produtos
é necessário que sejam legítimas e que estejam dentro do estabelecido pela legislação
vigente. Em face do alto consumo de pão no país, e evidente ascensão da busca por
alternativas mais saudáveis, estabelece-se a importância de estudar a adequação de sua
rotulagem, afim de contribuir para a consciência e segurança alimentar do consumidor.
Objetivo: avaliar a rotulagem de diferentes marcas de pães de forma integrais comer-
cializados em Diamantina, MG e a conformidade com a legislação vigente. Método: foi
realizado check-lists elaborados em conformidade com as legislações vigentes espe-
cíficas. Resultados: Foram observadas inconformidades em todos os produtos, como
informações que ressaltavam a presença de componentes que são adicionados como
ingredientes em todos os alimentos com tecnologia de fabricação semelhantes, rótulos
que ressaltavam qualidades que possam induzir a engano em relação a real ou supostas
propriedades terapêuticas de alguns ingredientes e em alguns rótulos existiam infor-
mações que aconselhavam o consumo para melhorar a saúde. Além disso houveram
inadequações quanto a declaração do valor diário recomendado de nutrientes diante dos
cálculos realizados pelos autores. Conclusão: os resultados obtidos demonstraram a
importância de uma fiscalização mais severa dos órgãos responsáveis e de um maior
estímulo por meio de ações voltadas à educação nutricional para que os consumidores
sejam capazes de ler e interpretar os rótulos de maneira eficaz e precisa.
129
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
O pão é considerado um produto bastante popular no Brasil possuindo uma boa acei-
tação por pessoas de todas as idades e classes sociais, sendo ainda uma das fontes princi-
pais de calorias, constituindo um dos processos biotecnológicos mais antigos que existem
envolvendo o emprego de leveduras e enzimas. Ele é consumido na forma de lanches ou
com refeições, e apreciado devido à sua aparência, aroma, sabor, preço e disponibilidade.
Assim, a cada dia, cresce o número de marcas e produtos panificados oferecidos no mer-
cado, portanto, é necessário que haja um controle na fabricação destes produtos (MOURA;
CANNIATTI-BRAZACA; SILVA, 2009; PIMENTEL et al., 2011).
Contudo, em face das mudanças do perfil da sociedade, crescem cada vez mais as
exigências do consumidor por produtos que se adequem a todas as suas demandas, o que
tem levado as indústrias alimentícias a desenvolverem novos produtos que sejam capazes
de atender as preferências das pessoas. Além disso, verifica-se a maior preocupação das
pessoas com a saúde, o que também é um fator muito importante para explicar a criação
recorrente de “alimentos alternativos” que ofereçam não apenas energia como também uma
quantidade equilibrada de determinados nutrientes.
Neste contexto, os produtos integrais estão adquirindo muita visibilidade na mídia,
principalmente por conta da difusão de informações a respeito dos efeitos benéficos das
fibras alimentares na saúde. Assim, a procura por opções mais abrangentes nutricional-
mente vêm aumentando de maneira considerável, e o mercado está se adaptando à essa
nova perspectiva.
Por isso, é necessário garantir a população o acesso a informações fidedignas nos
rótulos de alimentos embalados, para permitir que todos estejam conscientes sobre as ca-
racterísticas dos produtos que estão consumindo. Portanto, torna-se muito importante que
esse tipo de produto apresente uma rotulagem correta, pois além de proteger o alimento,
quando o consumidor adquire um alimento industrializado, é por meio do rótulo da embalagem
que se tem acesso às informações nutricionais e aos parâmetros indicativos de qualidade
e segurança no consumo do produto embalado (PIMENTEL et al., 2011; SILVA; GALLON;
THEODORO, 2014; SILVA et al., 2017).
Não obstante, como mencionado por Moreira e colaboradores (2013), os rótulos são
canais de comunicação entre fabricante e consumidor, sendo considerados um meio de
assegurar o acesso a toda informação sobre um produto alimentício, e quando são bem
compreendidos permitem que as escolhas alimentares sejam feitas de forma mais sensata,
com segurança. Estes mesmos autores, também afirmam que para que a rotulagem exer-
ça o seu papel, as informações disponibilizadas devem ser legíveis, verdadeiras e de fácil
acesso a todos as classes.
130
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Para tanto, os órgãos de fiscalização sanitária, especialmente a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), têm um papel fundamental, pois estabelecem padrões, regras
e normas para a comercialização destes produtos, entre eles os regulamentos legais para a
correta rotulagem de alimentos industrializados. Concomitantemente, existem instituições,
como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), que trabalham com a finalidade
de contribuir para a melhor conscientização dos consumidores.
No que tange aos pães integrais, não há nenhum normativo jurídico vigente que obri-
gue a indústria a declarar, por exemplo, o percentual de farinha de trigo integral utilizado
na elaboração dos produtos. Desta maneira, estes alimentos devem ser comercializados
de acordo com as normas de rotulagem da ANVISA, principalmente a a RDC n.º 259, que
aprova o regulamento técnico sobre rotulagem de alimentos embalados (BRASIL, 2002), a
RDC n.º 359 que aprova o regulamento técnico de porções de alimentos embalados para
fins de rotulagem nutricional (BRASIL, 2003a) e aa RDC n.º 360, que aprova o regulamento
técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados (BRASIL, 2003b).
Assim, surgem alguns questionamentos: a) será que as indústrias atendem integral-
mente a legislação vigente sobre a rotulagem e a informação nutricional de alimentos emba-
lados? b) quais as principais (in)conformidades nestes rótulos? c) a quantidade de nutrientes
declarada pelos fabricantes está de acordo com o previsto na legislação? Isto posto, esta
pesquisa foi desenvolvida com o intuito de avaliar qual a frequência de (in)conformidades
na rotulagem de diferentes tipos de pães de forma integrais industrializados comercializados
na cidade de Diamantina, MG.
MÉTODO
O primeiro momento da coleta de dados consistiu na visita aos dois principais mercados
varejistas de Diamantina, no período de maio a outubro de 2019, para identificação dos pães
de forma integrais encontrados nas gôndolas e disponíveis para aquisição. Foram exami-
nados produtos de marcas diferentes, que foram identificados com códigos alfanuméricos,
para garantir o sigilo das informações coletadas.
Após a catalogação dos diferentes pães, a análise da rotulagem foi realizada por meio
de check-lists elaborados em conformidade com as legislações vigentes do Instituto Nacional
de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial – INMETRO (2002); da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – ANVISA (2002; 2003a,b; 2005; 2006; 2012; 2015) e de Governo
Federal (BRASIL, 2003). Além desta legislação, também foram consultados os Regulamentos
Técnicos de Identidade e Qualidade que estabelecem os requisitos específicos para cada tipo
de alimento, os limites máximos de utilização de aditivos ou que determinam normas para
131
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
alimentos com alguma finalidade ou característica específica. A partir dos dados tabulados,
foi possível calcular a porcentagem de inconformidades dos produtos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Relação dos pães de forma integrais disponíveis no mercado varejista de Diamantina, MG, 2019.
132
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Em contrapartida, foram observadas algumas inconformidades nos rótulos (Tab. 2), por
não serem observados os “princípios gerais” da rotulagem geral (BRASIL, 2002b). Destaca-se
quem somente em um dos produtos (AP02) não foi observado o uso de uma cor contrastante
com o fundo do rótulo para grafar a advertência de alergia alimentar (BRASIL, 2015).
Tabela 2. Percentual de inconformidades na rotulagem geral de diferentes pães de forma integrais disponíveis no mercado
varejista de Diamantina, MG, 2019.
Inconformidades
Item
Marca Produtos %
A P01, P02 e P03
Rótulos que ressaltem a presença de componentes que sejam B P04 e P05
adicionados como ingredientes em todos os alimentos com tecnologia 50,0
de fabricação semelhantes C P10
E P14
Rótulos indicando que o alimento possui propriedades medicinais ou A P01, P02 e P03,
28,6
terapêuticas E P14
Rótulo que aconselhe o consumo como estimulante, para melhorar a A P01, P02 e P03,
28,6
saúde, para prevenir doenças ou com ação curativa E P14
Denominações geográficas distintas ao do local de produção C P07, P08 e P09 21,4
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Tabela 3. Percentual de inconformidades na rotulagem nutricional de pães de forma integrais disponíveis no mercado
varejista de Diamantina, MG, 2019.
Inconformidades
Itens
Marca Produtos (%)
B P04 e P05
Não especificação da quantidade de açúcar C P07 e P08 42,9%
E P14
C P07, P08, P09 28,6%
Não especificação da quantidade gordura mono-insaturadas
E P14
C P07, P08, P09 28,6%
Não especificação da quantidade gordura poli- insaturadas
E P14
Não especificação da quantidade colesterol C P07, P08, P09 21,4%
Informações impressas em cor não contrastante com o fundo A P02 7,1%
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
133
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Estes resultados evidenciaram a necessidade de uma atenção especial das indústrias
na formulação de seus rótulos principalmente na adequação em relação as prerrogativas es-
tabelecidas na legislação brasileira. As informações na rotulagem dos alimentos é um direito
garantido pelo Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), no qual “estabelece que
todas as informações devem estar dispostas de maneira clara e com especificação correta
de quantidade, composição e qualidade, bem como sobre os riscos que possam apresentar.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define rotulagem nutricional como
toda descrição destinada a informar o consumidor sobre as propriedades nutricionais do
alimento. A declaração dessas características inclui qualquer representação que afirme,
sugira ou implique que um produto possui propriedades nutricionais particulares, especial-
mente, mas não somente, em relação ao seu valor energético e conteúdo de proteínas,
gorduras, carboidratos e fibra alimentar, assim como ao seu conteúdo de vitaminas e mine-
rais (BRASIL, 2006).
Miranda et. (2018) fez um estudo com pães de forma comercializados em Belo Horizonte,
Minas Gerais em que ficou evidente inadequações especificamente na rotulagem nutricio-
nal. Os resultados da pesquisa foram obtidos pela análise de 23 produtos em relação à
RDC 360 que trata da tabela da informação nutricional e apresentou 34,8% de inadequa-
ção. Em síntese, os pontos em que mais se concentraram os erros foram cálculo incorreto
que representou 44,4% de inadequação e na apresentação incorreta da tabela nutricional
com 55,5%. Além disso foi observado 26% de irregularidades em declarações enganosas
e 82,6% na informação nutricional complementar.
Um estudo realizado por Grandi e Rossi (2010) no qual foram avaliados os itens obri-
gatórios na rotulagem nutricional de produtos lácteos fermentados, realizado em Uberlândia
– Minas Gerais mostrou irregularidades em rótulos de produtos que apresentavam carimbo
de órgãos de fiscalização federal e estadual. Houve discordância entre os valores rotulados
e os valores estimados, principalmente em relação aos percentuais de valores diários reco-
mendados referentes ao valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, sódio e
cálcio. Concluíram que 97,4% dos rótulos de iogurte e 100% dos rótulos de bebida láctea
fermentada estavam incompletos, suprimindo ou apresentando erroneamente uma ou mais
informações de caráter obrigatório.
Feitosa et al. (2016) através de uma pesquisa pelo Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Pau dos Ferros-RN, em que foi fei-
ta uma análise de 6 rótulos de biscoitos recheados, verificou que apenas uma apresentou
todos os dados da informação nutricional obrigatória da forma adequada, 83% das marcas
apresentaram inconformidade frente à legislação. Concluíram através deste estudo que
há uma necessidade do governo e organizações, assim como faz a ANVISA, fiscalizar a
134
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
comercialização destes produtos, visando adequá-los e supervisionando essas possíveis
incorreções que possa afetar o consumidor.
Através da avaliação realizada neste trabalho observando os aspectos específicos da
rotulagem nutricional dos 14 pães de forma integrais, foi possível constatar que os produtos
apresentaram valores de porção diferentes, bem como suas respectivas quantidades em
medidas caseiras. As porções alternaram entre o valor de 48g e 50g, que correspondiam
à 1 ½ fatias e 2 fatias de pão. Evidenciando a necessidade de uma padronização dessas
porções, pois, essas diferenças podem confundir o consumidor.
Verificou-se em 100% dos pães analisados (n=14), divergência entre o percentual
do valor diário de referência declarado pelos fabricantes em relação ao calculado pelos
autores com base nas informações indicadas nos rótulos. No entanto, o valor energético e
o percentual de valor diário devem ser declarados em números inteiros, sendo que o teor
de nutrientes deve ser declarado com uma cifra decimal, quando for menor do que 10 e
maiores ou iguais a um (BRASIL, 2003b). Os cálculos realizados demonstraram através de
uma comparação que os nutrientes que tiveram seus valores declarados incorretamente e
foram proteína, gordura total e fibra.
Outra análise feita nos rótulos dos pães forma integrais foi quanto ao uso de termos
autorizados (fonte ou alto conteúdo de fibras alimentares) para a informação nutricional
complementar, conforme regulamento técnico específico sobre o tema (BRASIL, 2012).
Foi possível verificar também com base apenas no tamanho das porções, que apenas 10
produtos provenientes de todas as marcas podem ser considerados como fonte de fibra (mí-
nimo de 2,5 g de fibra/porção), e apenas 3 das amostras integralmente da marca C seriam
classificadas como de alto conteúdo (mínimo de 5,0 g de fibra/porção).
Ainda analisando sobre esse tipo de declaração pôde-se observar que um produto
(AP02), apresentou em seu rótulo a descrição “rico em fibras”, porém não tinha a quantidade
mínima para ser classificado ao menos como fonte de fibras. Como as porções dos produtos
apresentaram divergências, realizou-se uma conversão dos dados para padronizar todas as
porções em 50g (maior valor encontrado) ainda assim o produto não atingiu os requisitos
para se enquadrar como “fonte” ou com “alto conteúdo” de fibras.
Um estudo realizado por Silva et al. (2017) em que foram analisados 10 tipos de pães
integrais e o pão francês, ressaltou um problema específico desta classe de produtos, pois,
como não há uma legislação específica para classificá-lo, fica propício a venda de pães
descritos como integrais, porém, com baixíssimo teor de fibras e esse aspecto não pode ser
reivindicado por não haver uma regulamentação que proporcione o devido suporte.
Outros autores (MIRANDA et al., 2018) fizeram uma análise, em que foram avaliados 23
pães de forma de 5 marcas diferentes comercializados na cidade de Belo Horizonte- Minas
135
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Gerais, em que em 95% das amostras apresentou algum tipo de inadequação em relação
a legislação vigente no Brasil. A avaliação do percentual de atendimento a legislação teve
uma diferença de 17,3% a 73,9%. A Portaria 27 foi a legislação com menos adequação,
demonstrando que dos rótulos insatisfatórios, as reprovações se concentraram em “de-
clarações inerentes” com 13,6%, “não atende ao atributo” com 22,7% e “declarações não
previstas” com 63,6%.
Uma pesquisa feita por Garcia et al. (2015) analisando a rotulagem de alimentos con-
sumidos com frequência por crianças, que incluíam produtos como biscoitos de polvilho,
salgadinho de milho e amendoim, identificou inadequações em três produtos de todos os 7
avaliados, pôde-se observar que não havia uma das seguintes expressões “fabricado em...”,
“produto...” ou “indústria...” para identificação de suas origens. Um dos rótulos também
não possuía número do lote de forma visível e indelével e outra não apresentava a lista de
ingredientes em ordem decrescente em quantidade utilizada para fabricação do produto e
identificação de origem do fabricante e lote no rótulo. Os autores ressaltaram que legislação
atual tem grande abrangência, contudo também enfatiza a importância da fiscalização para
o cumprimento das normas estabelecidas.
No estudo de Smith e Muradian (2011) foi feita uma avaliação da conformidade de 52
rótulos de produtos alimentícios de categorias distintas frente a legislação brasileira. No to-
tal 80,8% dos rótulos apresentaram alguma inconformidade. Apenas 10 rótulos estavam
plenamente de acordo com a legislação e, portanto, apenas 19,2% dos rótulos analisados
atenderam ao estabelecido. Observou-se que 32,7%, apresentaram figuras, símbolos, ilus-
trações e desenhos que não correspondiam à composição do alimento. Foi identificado que
30,8% dos rótulos apresentaram frases que não estão previstas nos Regulamentos Técnicos
que podem induzir o consumidor ao erro e alegações funcionais que podem levar também o
consumidor ao falso conceito sobre as propriedades do produto. A verificação dos maiores
pontos de irregularidades nos rótulos permitiu identificar quais itens da legislação requerem
maior aprimoramento para adequação dos rótulos às necessidades dos consumidores com
uma rotulagem mais clara e precisa. Através dos pontos que apresentaram as irregulari-
dades, concluíram nessa análise que os rótulos não atenderam normas que já estão bem
estabelecidas, portanto deveria ter maior comprometimento do setor industrial, fiscalização
mais intensa por parte dos órgãos responsáveis e capacitação adequada dos agentes fisca-
lizadores. Ressaltaram pontos que foram reforçados pela análise do presente estudo, como
a importância do acesso à educação nutricional para aprimorar o entendimento dos rótulos
pelos consumidores, que possibilitem escolhas mais conscientes e corretas.
136
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
CONCLUSÃO
Foi possível observar neste estudo que 50% dos rótulos apresentaram algum tipo de
inconformidade em relação à rotulagem geral e nutricional de acordo com a legislação vigente,
destacou-se também incorreções em todos produtos no aspecto de informações nutricionais
complementares. Concluiu-se, portanto, que há necessidade de maior fiscalização sobre os
rótulos de produtos e, além disso, ações de educação nutricional sobre hábitos alimentares
e interpretação de rotulagem nutricional devem ser continuamente estimuladas para garantir
ao consumidor escolhas mais conscientes e seguras.
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nº 259, de 20 de setembro de 2002. Aprova o regulamento técnico para rotulagem de alimentos
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137
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 de maio de 2003. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.674.htm>. Acesso em: 24 jan. 2018.
11. BRASIL. Você sabe o que está comendo? Brasília, Agencia Nacional da Vigilância Sanitá-
ria, 2008.Disponível em:http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/396679/manual_consu-
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produtos lácteos fermentados. Revista do Instituto Adolfo Lutz Inst Adolfo Lutz, v. 69, n.
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dos Na Cidade De Pau Dos Ferros – Rn. Revista Brasileira de Agrotecnologia, v. 7, n. 1,
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138
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
18. MIRANDA, Lara Lúcia Silva et al. Análise da rotulagem nutricional de pães de forma com
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v.9, n. 4, p. 985-1001, 2014.
139
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
09
Avaliação da vida de prateleira de
ovos de galinha com revestimento à
base de proteína
10.37885/210805731
RESUMO
141
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
A avicultura de postura tem evoluído muito nas últimas décadas e a adoção de no-
vas tecnologias impulsionou o seu crescimento. A produção brasileira de ovos, em 2017,
alcançou quase 40 trilhões de unidades, sendo o Rio Grande do Sul um dos estados de
referência na exportação de ovos, responsável por uma parcela de 40,62% das exportações
nacionais. O consumo desse produto no país aumentou, consideravelmente, de 2010 até
o ano de 2020, passando de 148 para 251 unidades per capita, demonstrando um grande
crescimento no setor (ABPA, 2020; Embrapa, 2021).
Esse incremento na produção brasileira está diretamente atrelado ao aumento da sua
procura pelo valor nutricional que apresenta: 74,4% dele é formado por água; 12,3%, por
proteínas; e 11,6%, por lipídios. A gordura presente na gema do ovo é de fácil digestão e
importante para garantir a integridade estrutural da membrana celular e o bom funcionamento
das células nervosas (TAHERGORABY et al., 2019).
Além disso, possui um custo muito acessível podendo fazer parte da cesta básica
brasileira desde a atualização de 2009, de acordo com a facilidade de aquisição do produ-
to (DIEESE, 2009).
O ovo é um produto altamente perecível começando a perder qualidade a partir da
postura. Podemos dizer que este perde seu frescor devido à estrutura de sua casca visto que
ela possui, em média, dez mil microporos (TAHERGORABY et al., 2019), sendo esses poros
pequenas portas de saída de umidade, fator importante para a qualidade do produto. A perda
de peso do ovo é um dos sinais da perda de qualidade, já que, ao longo de seis semanas de
armazenamento, o ovo pode chegar a perder mais de 10% do peso inicial (XU et al., 2017).
O uso de revestimentos tem sido estudado para aumentar a vida de prateleira do
produto. Em alguns alimentos, os revestimentos já são comumente usados em indústrias,
para estender o tempo de armazenamento e a qualidade de diversos produtos. As primeiras
pesquisas em revestimento da casca de ovos datam da década de 1940, em um estudo de
Yushok e Romanoff, publicado em 1949. Os revestimentos podem ser de origem proteica,
lipídica e polissacarídica, sendo que, hoje, o foco está em substâncias comestíveis, por
serem biodegradáveis. Segundo Tahergoraby et al. (2019), alguns tipos de revestimento
podem propiciar um aumento da vida de prateleira de ovos, em temperatura controlada,
de até 15 semanas.
Ovos perdem qualidade ininterruptamente desde o momento da postura, então o uso
de medidas de conservação pode afetar positivamente a vida d prateleira, garantindo um
produto de melhor qualidade ao consumidor.
O objetivo desse estudo foi desenvolver dois tipos de revestimento: um, à base de pro-
teína do soro do leite; e outro, a partir da proteína da clara do ovo. Avaliar o comportamento
142
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
da perda de frescor nos ovos revestidos, semanalmente. E comparar a perda gradual de
qualidade interna dos ovos revestidos e não revestidos, armazenados à 20°C, por um
prazo de 42 dias.
MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, são apresentados os pesos (em gramas) dos componentes dos ovos e
espessura da casca, ao longo do tempo, nos diferentes tratamentos realizados.
144
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 1. Peso dos componentes dos ovos tratados e espessura da casca nos diferentes tratamentos realizados, ao longo
do tempo.
Observou-se que o peso da gema, ao longo do tempo, não apresentou variação sig-
nificativa (P>0,05). Entretanto, houve uma pequena variação entre ovos do grupo controle
e ovos tratados. É esperado que o peso da gema aumente gradativamente, ao longo da
sua vida de prateleira. Conforme Alleoni e Antunes (2001) e Drabik et al. (2018), esse au-
mento é explicado pelo fluxo de água do albúmen para a gema. Esse incremento no peso
da gema resulta em um aumento da sensibilidade da membrana vitelina, que pode vir a se
romper quando manuseada. Essa fragilidade influencia negativamente na preparação de
pratos culinários nos quais a separação entre albúmen e gema é necessária. Embora esse
aumento do peso da gema seja esperado conforme estudos já publicados, esse fato não se
confirmou nesse estudo, tanto em ovos revestido quanto nas amostras do grupo controle.
Entretanto, observou-se uma tendência de aumento de peso da gema desde o dia 0 em
todos os tratamentos. Esta tendência, associada a perda da resistência da membrana da
gema pode ter causado a perda de unidades amostrais nos tratamentos, a partir do 35° dia
de armazenagem, por ruptura da gema.
O peso médio da casca entre todas as amostras, revestidas ou não, foi constante para
todos os tratamentos ao longo das semanas do estudo, não apresentando diferenças sig-
nificativas. Não se esperava alterações no peso da casca já que essas diferenças, quando
145
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
ocorrem, decorrem de diferenças individuais e os ovos do experimento eram todos de um
mesmo lote de aves.
Já a espessura da casca apresentou algumas diferenças entre as amostras durante
os dias do estudo. Da mesma forma que o peso, diferenças não são esperadas entretanto
ela apresenta maior variabilidade que o peso da casca, em lotes uniformes de aves e, neste
caso, referem-se a diferenças individuais. A qualidade e espessura da casca está ligada
diretamente à idade da galinha poedeira, ao tempo de permanência do ovo em seu útero e
à dieta da ave, não sendo influenciada pelo armazenamento (CARVALHO; FERNANDES,
2013; GHERARDI; VIEIRA, 2018). Foi possível observar que o revestimento não afetou
a espessura e, portanto, não seria percebido pelo consumidor, o que é desejável. Assim
espera-se que ovos revestidos não serão percebidos pelo consumidor, quanto a diferenças
de espessura da casca.
O peso do albúmen não apresentou diferença significativa entre os grupos do estudo,
mas foi possível observar perda significativa ao longo do tempo de armazenagem, nos três
grupos de ovos. A perda de umidade do albúmen ocorre tanto para o meio externo, através
dos poros, como para a gema, segundo Figueiredo et al. (2011), Alleoni e Antunes (2001) e
Freitas et al. (2011). No entanto, quando se observam as medidas do dia 0 e do dia 42, nos
diferentes tratamentos, percebe-se uma perda de peso menor em ovos revestidos, ensejando
a necessidade de mais ensaios com um maior número de observações.
A tabela 2 apresenta a altura do albúmen ao longo do tempo, nos diferentes gru-
pos. Da mesma forma, como foi observado no peso do albúmen, percebeu-se diferença
significativa ao longo do tempo nos três tratamentos, sem haver diferença entre os tra-
tamentos. No grupo controle a diminuição da mesma entre os dias 0 e 42 foi 42,5%. Nos
tratamentos de proteína do soro do leite e de albumina, a perda de altura foi de 34,9% e
46,5%, respectivamente. É esperado que a altura do albúmen diminua durante a armaze-
nagem do produto, devido à liquefação de sua parte densa. Essa fração se torna liquefeita
em sua totalidade, conforme aumenta o tempo de estocagem do produto (LANA et al., 2017;
SFACIOTTE et al., 2014). Até o dia 42 não ocorreu variação significativa (p>0,05) entre os
ovos tratados com os revestimentos e amostras do grupo controle, porém foi notada uma
tendência positiva da manutenção da altura do albúmen no grupo revestido com proteína
do soro do leite. Estes dados podem demonstrar que tais tratamentos podem não ser ideais
para controlar a perda do frescor do produto, observando somente essa característica, em
uma temperatura de armazenamento de 20°C. Entretanto, os resultados encontrados dife-
rem do estudo de Aygün e Narinç (2016), onde a altura do albúmen aos 28 dias, em uma
temperatura de armazenagem de 22°C, foi de 2,30 mm, muito abaixo dos 4,57 mm, medi-
dos no grupo controle. Isso demonstra a importância da temperatura de armazenagem do
146
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
produto. No estudo de Drabik et al. (2018), no qual os ovos avaliados foram cobertos com
glicerina e armazenados à 14°C, durante 28 dias, a altura do albúmen, ao fim do estudo, foi
de 6,61 mm. Esses resultados podem demonstrar que o revestimento em ovos e a tempe-
ratura de armazenagem podem ter um efeito mais positivo quando aplicados em conjunto.
C R1 R²
Legenda: R1: Revestimento a base de proteína do soro do leite e R2: Revestimento a base de albumina.
Nota: números seguidos de letras diferentes, nas linhas, diferem significativamente para p<0,05.
O diâmetro da gema dos ovos avaliados não se modificou ao longo do tempo (tabela
3). É sabido que o diâmetro da gema aumenta conforme o ovo perde seu frescor pois, como
já citado, absorve umidade do albúmen. Embora não tenha sido encontrada diferença signifi-
cativa, as amostras revestidas mostraram menores diâmetro ao fim do estudo, com destaque
para o revestimento à base de albumina, que foi observado como o melhor resultado entre
os três grupos. Por essa característica influenciar diretamente no valor do índice gema, que
é um dos parâmetros utilizados para inferir sobre o frescor de ovos, , esse resultado pode
ser promissor para novos estudos nessa área.
C R1 R²
147
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Na tabela 4 estão mostrados os valores de altura da gema. Essa característica também
influencia no valor final do índice gema, de acordo com Fernandes et al. (2015). Sabe-se
que a gema perde altura à medida que o ovo perde qualidade interna, sendo importante
conseguir manter a sua altura
C R1 R²
Dia 0 18,33 ± 0,77d 18,33 ± 0,77d 18,33 ± 0,77d
Dia 7 15,18 ± 0,93 a,b,c,d
16,09 ± 1,26 c,d
15,16 ± 1,15a,b,c,d
Dia 14 14,27 ± 0,61a,b,c 14,74 ± 0,98a,b,c,d 14,84 ± 0,73a,b,c,d
Dia 21 13,89 ± 1,44 a,b,c
13,16 ± 1,00 a,b,c
12,92 ± 1,03a,b,c
Dia 28 12,51 ± 1,10a,b,c 13,80 ± 0,88a,b,c 13,41 ± 1,03a,b,c
Dia 35 11,71 ± 1,07 a
12,60 ± 0,69 b,c,d
11,42 ± 1,69a,b,c
Dia 42 11,60 ± 0,97a 11,87 ± 1,73a,b 12,50 ± 0,75a,b,c
Legenda: R1: Revestimento a base de proteína do soro do leite e R2: Revestimento a base de albumina.
Nota: números seguidos de letras diferentes, nas linhas, diferem significativamente para p<0,05.
Enquanto não houve grande variação no diâmetro da gema foi possível observar va-
riação na sua altura, nos três tratamentos. No dia 35 houve diferença significativa (p<0,05)
entre o grupo controle e revestido com albumina quando comparados ao grupo da cobertura
a base de proteína do soro do leite. Se mostrando esse último mais eficaz em manter a altura
da gema. Esse dado indica uma melhor resposta desse revestimento na manutenção dessa
característica de frescor. Entretanto não houve outras diferenças significativas, ao final do
tempo, que possam indicar maior qualidade interna em ovos revestidos com as coberturas
propostas pelo estudo. Isso indica que os revestimentos podem não ter sido eficazes em
diminuir a perda de qualidade interna do ovo, ou ainda que a temperatura de armazenamento
escolhida pode ter influenciado para essa característica.
O índice gema, cujos resultados estão mostrados na tabela 5, é uma das característi-
cas de frescor muito importante em ovos. Ele é definido pela razão entre altura e diâmetro
da gema, logo, índice gema (IG) = A/D, onde A é a altura da gema e D o diâmetro da gema
(FERNANDES et al, 2015) Quanto menor esse valor, mais frágil a gema se apresenta, sendo
mais passível da membrana vitelínica sofrer rupturas. Esse fato impacta, conforme já dito,
na separação entre clara e gema.
Os índices gema (IG) até o 14° dia permaneceram dentro do parâmetro de 0,3 a 0,5,
idealizado por Fernandes et al. (2015), como sendo adequados para galinhas poedeiras.
Todos os grupos apresentaram diminuição do IG, ao longo do tempo. Entretanto apenas os
ovos recobertos com proteína do soro do leite conseguiram manter valores de IG, compatíveis
com o proposto pelo estudo citado, até o dia 28. A partir do dia 14, os valores do IG come-
çaram a diminuir, nos tratamentos do grupo controle e de revestimento de albumina.
148
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 5. Determinação do índice gema.
C R1 R2
Dia 0 0,41 ± 0,02a 0,41 ± 0,02a 0,41 ± 0,02a
Dia 7 0,33 ± 0,03 a
0,36 ± 0,03 a
0,33 ± 0,02a
Dia 14 0,32 ± 0,02a 0,33 ± 0,02a 0,33 ± 0,02a
Dia 21 0,30 ± 0,04 a
0,29 ± 0,02 a
0,28 ± 0,03a
Dia 28 0,27 ± 0,03a 0,30 ± 0,03a 0,29 ± 0,03a
Dia 35 0,25 ± 0,03 a
0,27 ± 0,02 a
0,29 ± 0,05a
Dia 42 0,25 ± 0,02a 0,26 ± 0,05a 0,28 ± 0,03a
Legenda: R1: Revestimento a base de proteína do soro do leite e R2: Revestimento a base de albumina.
Nota: números seguidos de letras diferentes, nas linhas, diferem significativamente para p<0,05.
C R1 R²
Dia 0 80,90 ± 5,05 i
80,90 ± 5,05 i
80,90 ± 5,05i
Dia 7 76,33 ± 5,05g,h,i 79,77 ± 3,49i 78,84 ± 5,51h,i
Dia 14 73,64 ± 6,11 f,g,h,i
74,22 ± 7,33 f,g,h,i
77,18 ± 3,53g,h,i
Dia 21 74,06 ± 7,24g,h,i 71,53 ± 8,10e,f,g,h 63,74 ± 8,55d,e,f,g
Dia 28 64,12 ± 6,75 a,b,c,d,e
69,87 ± 4,27 c,d,e,f,g
63,84 ± 5,83b,c,d,e,f
Dia 35 54,35 ± 5,84a 62,37 ± 6,25a,b,c,d,e 58,92 ± 8,88a,b,c
Dia 42 58,14 ± 8,86 a,b
60,18 ± 6,42 a,b,c,d
54,72 ± 5,45a
Legenda: R1: Revestimento a base de proteína do soro do leite e R2: Revestimento a base de albumina.
Nota: números seguidos de letras diferentes, nas linhas, diferem significativamente para p<0,05.
C R1 R²
Dia 0 0 ± 0a 0 ± 0a 0 ± 0a
Dia 7 1,87 ± 0,47 a,b,c
1,51 ± 0,51 a,b,c
1,34 ± 0,27a,b
Dia 14 3,25 ± 0,44c,d,e 2,57 ± 0,67b,c,d 2,66 ± 0,55b,c,d
Dia 21 5,24 ± 1,73 e,f,g
3,63 ± 0,69 d,e,f
3,82 ± 0,52d,e,f
Dia 28 6,40 ± 1,02f,g 4,87 ± 1,51d,e,f,g,h 5,84 ± 2,34e,f,g
Dia 35 8,31 ± 1,32 i
6,33 ± 1,46 g,h
6,18 ± 2,04f,g,h
Dia 42 10,23 ± 1,79j 7,94 ± 2,11h,i 7,88 ± 1,59h,i
Legenda: R1: Revestimento a base de proteína do soro do leite e R2: Revestimento a base de albumina.
Nota: números seguidos de letras diferentes, nas linhas, diferem significativamente para p<0,05.
150
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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152
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
10
Avaliação das condições higiênico-
sanitárias em um açougue na cidade
de Júlio de Castilhos - RS
10.37885/210805738
RESUMO
154
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
155
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
alimentos, resultando em um produto seguro, sob o ponto de vista da saúde do consumidor
(VELLOSO, 2002).
As BPFs devem ser cumpridas rigorosamente nos estabelecimentos que comercializam
cárneos, porque a carne é um alimento rico em proteínas, água e gordura, que são ótimos
ambientes para crescimento microbiano, podendo acarretar doenças transmitidas por ali-
mentos (DTAs) (BRASIL, 2018b).
As doenças transmitidas por alimentos (DTA) constituem um dos problemas de saúde
pública mais frequentes do mundo contemporâneo, tornando relevante a busca de estraté-
gias de técnicas nutricionais e de gestão para redução desse tipo de patologia. São doenças
causadas por agentes etiológicos, principalmente microrganismos, os quais penetram no
organismo humano por meio da ingestão de água e alimentos contaminados (WELKEN et al.,
2010). Os principais contaminantes de alimentos que causam doenças são: Salmonella,
Escherichia coli, Listeria spp, Staphylococcus aureus, aeróbios mesofilos, coliformes, Bacillus
cereus, Rotavírus e Norovírus. Segundo Brasil (2018c), existem mais de 250 tipos de DTA
no mundo, sendo que a maioria delas são infecções causadas por bactérias e suas toxinas,
vírus e outros parasitas.
A Listeria monocytogenes é um bacilo Gram-positivo, não formador de esporo, anaeró-
bico facultativo. Embora gram positiva, esta bactéria é significativamente diferente, porque
se trata de um patógeno intracelular, além de suas linhagens virulentas produzirem uma
substância exocelular, formadora de poros e ativada por grupamentos tiol, conhecida por
listeriolisina (LLO) (JAY, 2005). Segundo Espitia et al. (2013), a Listeria monocytogenes é
capaz de sobreviver em temperaturas abaixo de zero (–7 °C), com crescimento ideal em
temperaturas de –18 °C a 10 °C, o que inclui temperaturas de refrigeração. Desta maneira,
a Listeria pode ser transmitida em alimentos prontos para consumo que foram mantidos
adequadamente refrigerados.
A vigilância epidemiológica das DTA teve início no final de 1999. É baseada na notifica-
ção de pelo menos dois casos que apresentam os mesmos sintomas após ingerir alimentos
da mesma origem, ou na notificação de um caso de uma doença rara. Nos últimos anos, a
notificação dos casos e surtos de DTA é realizada através do SINAN - Sistema de Informação
de Agravos de Notificação (BRASIL, 2018c).
De acordo com a Portaria n° 2.472, de 31 de agosto de 2010 (SVS/MS), todo surto de
DTA deve ser notificado às autoridades locais de saúde e investigado imediatamente. A uni-
dade de saúde notificadora deve utilizar a ficha de notificação/investigação do SINAN, en-
caminhando-a para ser processada conforme o fluxo estabelecido pela Secretaria Municipal
de Saúde (BRASIL, 2018c).
156
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Segundo dados da vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde, ocorreram mais de
8.663 surtos de DTA, 163.465 internações por DTA e 112 óbitos no Brasil, de 2000 a 2011,
com uma média de 14.860 casos por ano (BRASIL, 2018c). São índices altos de mortalidade
causada por alimentos contaminados, que poderiam ser evitados se o manual de BPF fosse
funcional em todas as etapas de fabricação do alimento fornecido ao consumidor.
Baseado nestas informações observou-se a importância de um experimento nesta área
da manipulação do produto de origem animal, ainda in natura, para se verificar o nível de
seguridade do mesmo, que é manipulado e comercializado ao consumidor. Desta forma, o
objetivo da pesquisa foi investigar o microrganismo Listeria monocytogenes, buscando a
presença e/ou ausência do patógeno e em qual fase do processo ocorre à contaminação
em um açougue na cidade de Júlio de Castilhos-RS.
MÉTODO
A pesquisa foi realizada em um açougue que atua sob o serviço de inspeção municipal
na cidade de Júlio de Castilhos – RS, que recebe meias carcaças e as porciona.
A amostragem ocorreu por meio de coletas de swabs de superfície para verificação
quanto à contaminação de patogênico Listeria monocytogenes.
Foram realizadas coletas de swab de superfície da mão do colaborador, de utensílios/
equipamentos utilizados no posicionamento e de cortes do produto, a fim de verificar em
qual etapa do processo ocorre à contaminação pelo microrganismo.
A esfrega do swab foi realizada dentro da área delimitada dos moldes, no sentido ho-
rizontal e vertical na frequência de 10 vezes.
Posteriormente, o swab foi colocado no recipiente de armazenagem e identifica-
do. Os swabs contendo as amostras foram suspensos em 9 mL de caldo BHI (Brain Heart
Infusion) e mantidos sob refrigeração até o momento das análises, as quais foram realizadas
por terceiros no laboratório do Hospital Veterinário da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ.
No laboratório, as amostras permaneceram em incubação por 24 h, 48 h e 72 h sob
temperatura de 37 ºC, sendo realizado ensaio imunoenzimático (ELISA), a fim de verificar
o crescimento de Listeria monocytogenes.
Os resultados obtidos foram interpretados conforme legislação em vigência que quan-
tifica, permitindo ou não, a presença do patógeno pesquisado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos swabs das mãos coletados dos manipuladores, antes da manipulação do corte
cárneo, nenhuma amostra foi positiva para Listeria monocytogenes, demonstrando que o
157
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
processo de higienização das mãos é eficiente. A frequência das coletas de swab de mãos
e resultados das análises estão expostos no quadro 1.
Data da coleta Resultado cultura em 24hs Resultado cultura em 48hs Resultado cultura em 72hs
159
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
conhecimento e treinamento por parte dos feirantes, aumentando assim a probabilidade
do contínuo erro.
Este trabalho evidencia que através de treinamentos de BPF e POP é possível manter
a inocuidade dos alimentos, e com isso, produzir mantimentos seguros, conforme compro-
vado através dos resultados de swabs de superfície realizados nos instrumentos de trabalho
(facas, serras e moedor de carne). Deste modo, evidencia-se a necessidade de implantação
das Boas Práticas de Manipulação e capacitação aos manipuladores de alimentos, bem
como adequação na estrutura física dos açougues, a fim de assegurar a inocuidade e qua-
lidade do produto.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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carne em Senhor do Bonfim – Bahia. Carne, disponibilidade, mercado consumidor, renda.
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160
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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São Paulo, v.12, n.54, p.16-22, 1998.
13. FORMIGONI, I. O Farmnews apresenta dados dos maiores consumidores de carne bovi-
na, em termos absolutos, em 2018. Disponível em < http://www.farmnews.com.br/historias/
maiores-consumidores-de-carne-bovina/ > acesso em 26/03/2019 às 11:00hs.
14. JAY, J. M. Microbiologia de alimentos. Tradução Eduardo Cesar Tondo. 6ª ed. Porto Alegre.
Artmed, 2005.
18. WELKEN, C. A., et al. Análise microbiológica dos alimentos envolvidos em surtos de doenças
transmitidas por alimentos (DTA) ocorridos no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista
Brasileira Biociências, v. 8, n. 1, p. 44–48, 2010.
161
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
11
Avaliação das propriedades físicas
e químicas em leites pasteurizados
(saquinho) comercializados em
Dourados/MS
Wesley da Luz
UFGD
Sandriane Pizato
UFGD
Rosalinda Arévalo-Pinedo
UFGD
10.37885/210605048
RESUMO
163
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Matéria prima
Acidez Titulável
166
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Determinação de Proteínas, método do Formol
Onde A é o volume total obtido após as duas titulações e B é o volume obtido da titu-
lação de uma amostra padrão (branco).
Análise estatístico
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Média geral dos resultados das análises físico-químicas obtidas das amostras L1, L2 e L3 comercializadas em
Dourados, MS, 2019.
L1 L2 L3
Crioscopia (Hº) 0,506 ±0,01
a
0,539 ±0,03
a
0,503a ±0,09
Adição de água (%) 0,018a ±0,06 0,013a ±0,08 0,015a ±0,04
Proteínas (%) 2,93 ±0,05
a
3,04 ±0,02
a
2,88a ±0,06
Sólidos (%) 0,67a ±0,09 0,63a ±0,04 0,63a ±0,08
Lactose (%) 4,46 ±0,06
a
4,41 ±0,03
a
3,95a ±0,04
Densidade (g/mL) 1,029a ±0,07 1,030a ±0,11 1,027a ±0,13
SNG (%) 8,04 ±0,05
a
8,40 ±0,03
a
8,03a ±0,07
Gordura (%) 3,32a ±0,03 3,90a ±0,02 3,88a ±0,03
Acidez (ºD) 16,32 ±0,02
a
16,23 ±0,07
a
18,26a ±0,03
pH 6,71a ±0,02 6,60a ±0,02 6,82a ±0,03
*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
167
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A Instrução Normativa n° 76 de 26 de novembro de 2018 divulgada pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2018) indica que, o índice crioscópico para
leite pasteurizado integral deve estar na faixa de -0,530°H e -0,555°H ou -0,525 a -0,535oC.
Portanto, no total de amostras analisadas a amostra L2 atingiu os parâmetros estabelecidos
pela legislação enquanto a L1 e L3, apesar de obterem uma pequena diferença, estão em
desacordo com a legislação vigente. Esse é um ponto muito importante a ser verificado pois
alterações no valor da crioscopia do leite podem significar que houve uma adição fraudulenta
de água (HENO, 2008).
Bez erra et al. (2012) mostram que o ponto de congelamento do leite é praticamente
constante, embora a concentração dos constituintes solúveis possa variar substancialmente.
Pode apresentar pequenas variações de acordo com o período de lactação, estação do ano,
clima, alimentação, raça, doenças dos animais e processamento do leite (BEZERRA et al.,
2012) e isso pode explicar as pequenas diferenças encontradas nas amostras L1 e L3.
No que se refere aos resultados obtidos para a porcentagem de adição de água é
possível observar na Tabela 1 que as três amostras obtiveram valores superiores a 0%,
entretanto os valores médios encontrados respectivamente (0,018; 0,013 e 0,015) são muito
próximos de 0% o que não permite afirmar se houve alguma tentativa de fraude.
Em trabalho realizado por Zooche et al. (2002), na região oeste de Paraná, constatou
que das 16 amostras de leite pasteurizado integral, 6 (37,5%) amostras estavam em desa-
cordo com a legislação vigente tanto para os valores de crioscopia quanto para o índice de
adição de água nos leites avaliados. Isso mostra a importância de ter uma fiscalização e um
controle de qualidade mais rígida dentro das indústrias laticínios.
Para as proteínas das amostras L1, L2 e L3 os respectivos valores da média foi de
2,93%; 3,0%; 2,88% (Tabela 1). Apenas a amostra L3 ficou abaixo de 2,9% que é o valor
mínimo estipulado pela legislação brasileira. Segundo Oliveira et al. (2015), alterações nos
valores da proteína podem indicar diluição do leite pela adição de água ou por outros fatores
como, o estágio de lactação e doenças do animal, condições climáticas, número de parição,
alimentação e raça do animal.
Para Cortez et al. (2010) a influência das fraudes na concentração de proteína apenas
se tornou mais evidente a partir de uma adição de 15% de água, com o teor de proteína
obtido ligeiramente abaixo de 2,9%, valor mínimo estipulado pela legislação brasileira.
No que se refere a lactose (Tabela 1), obteve-se os valores de L1=4,46%, L2=4,41% e
L3=3,95%. Apenas a amostra L3 ficou abaixo do valor mínimo de 4,3% recomendado pela
legislação brasileira. A baixa quantidade de lactose (3,95%) pode ser justificada pela pre-
sença de bactérias aeróbias mesófilas nas amostras, já que estas utilizam a lactose como
substrato para a produção de ácido lático, conforme explica Araújo et al. ( 2012).
168
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Quanto à densidade, os valores médios das amostras foram de: L1=1,029; L2=1,020
e L3=1,027 (Tabela 1). Somente a amostra L2 apresentou um valor inferior ao estipulado
pela legislação (1,028 a 1,036). Entretanto, não é uma diferença que possam afetar a qua-
lidade do leite, pois existem variações que são normais da densidade, como a composição
do leite em relação ao teor de gordura, o valor proteico e a sua temperatura no momento da
determinação. A adição da água no leite pode ser considerada uma das causas anormais
que podem acarretar uma diminuição na densidade do leite (AGNESE et. al., 2002).
Calderón et al. (2006) mostraram que valores muito altos de densidade indicam falta
de proteína e energia enquanto valores muito baixos representam indícios de adição de
água com intuito de fraudar o leite para que ocorra um aumento no rendimento aparente.
Outro agravante além desses é a questão da contaminação do leite por bactérias e pro-
dutos químicos que podem ser carregados pela água, além também, da água ser um fator
que causa a redução do valor nutricional, causando alterações nos constituintes do leite
(SILVA et al., 2008).
Cortez et al. (2010) verificaram que a densidade só foi alterada quando a adição de
água ultrapassou 25% ocorrendo, assim, uma redução do valor da densidade da amostra
(1,026g/mL) a níveis de não conformidade.
Respectivamente, os valores de porcentagem de gordura obtidos, conforme Tabela 1
e 2 foram de: L1 = 3,32%; L2 = 3,90% e L3 = 3,88%. Este foi o único parâmetro onde todas
as amostras estavam dentro dos parâmetros indicados pela legislação (mínimo de 3%).
Moysés et. al. (2009) explica que o manuseio incorreto do equipamento utilizado para efetuar
a retirada da gordura e falhas mecânicas podem fazer com que o valor mínimo estipulado
pela legislação não seja atingido.
Caldeira et al. (2010), em um trabalho onde caracterizou o leite comercializado em
Janaúba-MG, verificaram um teor médio de gordura de 3,2 ± 0,55% em 30 amostras ana-
lisadas e Garcia et al. (2006) em um trabalho referente à qualidade do leite pasteurizado
tipo A, B e C em Campinas obtiveram resultados semelhantes aos das amostras L1, L2 e L3.
Com relação a acidez (Tabela 1), os valores médios obtidos foram de: L1 =
16,32°D; L2 =16,23°D e L3 = 18,26°D. Neste caso, apenas a amostra L3 apresentou valor
divergente do estipulado pela legislação (de 14°D a 18°D) o que mostra que a amostra pos-
sui uma carga de microrganismos deteriorantes alta, esse aumento é devido à produção
de ácido lático como produto da digestão dos carboidratos presentes no leite por parte dos
microrganismos (CALDEIRA et al., 2010). A acidez titulável é caracterizada pela quantidade
de ácido lático presente no leite e valores acima do permitido pela legislação pode significar
que o mesmo apresenta grande número de bactérias deteriorantes, pois o ácido lático advém
do metabolismo bacteriano (ZOOCHE et al., 2002).
169
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Para os valores médios de pH (Tabela 1), obteve-se respectivamente: L1 = 6,71; L2 =
6,60 e L3 = 6,82. Devido ao fato do pH ser próximo da neutralidade, quando adicionada
neutralizantes no leite (como exemplo o ácido lático), o valor do pH aumenta significativa-
mente podendo significar uma adulteração, entretanto a legislação não possui parâmetros
para valores de pH.
As diferenças nos valores obtidos entre as amostras podem estar correlacionadas com
o uso de reguladores de acidez nas amostras com o intuito de fraudar o produto. No Brasil o
uso de reguladores de acidez está previsto para algumas categorias de alimentos, contudo
não é permitido para a categoria de leites e produtos lácteos, conforme previsto pela legisla-
ção (SILVA et al., 2008). Quintana et. al, (2006) explica também que a redução/aumento no
tempo de vida de prateleira pode ser ocasionado pelo desequilíbrio do pH, uma vez possa
ter havido um aumento no grau de fermentação do produto, causando alterações nas con-
dições de equilíbrio ácido-base.
Para as análises de teor de gordura utilizou-se o Método Gerber que é um teste químico
bastante recorrente em laboratórios para análises do leite. O teor de gordura (lipídeos) do leite
integral deve ser, segundo a Instrução Normativa n° 76 de 26 de novembro de 2018 (BRASIL,
2018), deve ser de no mínimo 3%. Os resultados obtidos das amostras L1, L2 e L3 estão
presentes na Tabela 2.
De acordo com os resultados observados na Tabela 2, constata-se que as três marcas
analisadas obtiveram um valor médio dentro dos parâmetros exigidos pela legislação.
Em comparação com os resultados obtidos pelo ultrassom (3,32%; 3,90% e 3,88%)
apenas a amostra L3 apresentou uma média menor, comparado com os resultados obtidos
para gordura naTabela 1. Em contrapartida, observa-se que ambos os métodos obtiveram
resultados semelhantes, sem muita variação dos resultados.
Moysés et al. (2009), ao analisarem amostras de leite pasteurizado comercializado
no município de Queimadas – PB, obtiveram resultados semelhantes aos encontrados na
presente pesquisa para o teor de gordura. Já Zocche et al. (2002) encontraram 8 (50%)
amostras em desacordo com a legislação para a porcentagem mínima de gordura exigida
pela legislação nas amostras de leite pasteurizado.
No que se refere à análise de proteínas utilizando o formol, constata-se, a partir dos
resultados obtidos na Tabela 2, que as três marcas atingiram a porcentagem mínima (2,9%)
estabelecida pela legislação brasileira (MAPA, 1996), não tendo grandes diferenças em
comparação com os resultados obtidos pelo ultrassom (2,93%; 3,4% e 2,88%). Entretanto,
a amostra L1 obteve o menor valor (2,94%) no método utilizando formol.
170
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 2. Média dos resultados das análises de gordura (método Gerber) e proteínas (método formol) das amostras L1,
L2 e L3 comercializadas em Dourados, MS, 2019.
L1 L2 L3
Gordura 3,63 ±0,24
a
3,99 ±0,11
a
3,72 ±0,35
a
Existem trabalhos como o de Agenas et. al. (2003) onde encontraram redução na
porcentagem de lactose e de proteína bruta do leite pasteurizado. Segundo Peres (2001), o
baixo consumo de minerais, falta de proteína degradável e falta de carboidratos não estru-
turais estão dentre os fatores que reduzem o teor de proteína do leite.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. AGENAS, S; DAHLBORN, K; HOLTENIUS K. Changes in metabolism and milk production
during and after feed deprivation in primiparous cows selected for different milk fat content.
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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conab.gov.br/>. Acesso: 06/01/2020
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www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1124722/anuario-leite-2020-leite-de-va-
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13. FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In... REU-
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
17. IAL, INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-
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173
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
12
Avaliação de boas práticas e controle
microbiológico para prevenção
de coronavírus (Covid-19) em um
supermercado de Fortaleza-CE
10.37885/210805944
RESUMO
175
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MÉTODO
177
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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devem ser adotadas durante a assistencia aos casos suspeitos ou confirmados de
infecção pelo Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) Atualização 2 – Brasilia/DF – 21/03/2020.
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11. OLIVEIRA, T.C.; ABRANCHES, M.V.; LANA, R.M. (In) Segurança alimentar no contexto da
pandemia por SARS-CoV-2. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 4, p. e00055220, 2020.
181
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
12. TEIXEIRA, E. F. Avaliação do plano estratégico de implementação de boas práticas de fabri-
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em Educação para Saúde) Escola Superior de Educação. Escola Superior de Tecnologia da
Saúde de Coimbra, Coimbra, 2017.
13. VARQUES, C.T.; MADRONA, G. Sl. Aplicação de checklist para avaliação da implantação
das boas práticas em uma unidade de alimentação e nutrição. Higiene Alimentar. Higiene
Alimentar, v. 30, n. 252/253, p. 54-58, 2016.
182
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
13
Avaliação do leite de cabra em
diferentes ordens de parto em uma
propriedade rural do município de
Serra Branca
10.37885/210805838
RESUMO
184
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais uma das atividades que mais tem se destacado entre tantas outras
atividades, é a caprinocultura leiteira uma vez que a mesma tem sido rentável para os pe-
quenos produtores evitando assim o êxodo rural. Sabemos que onde se encontra o maior
rebanho de cabras leiteiras é na região do Nordeste brasileiro se tornando assim a maior
região produtora de leite do país. Na caprinocultura leiteira atualmente exige um padrão de
qualidade de leite enorme onde os pequenos produtores estão se adaptando para melhorar
a produção da mesma.
Segundo Magalhães (2005), a qualidade do leite de cabra depende exclusivamente de
seus componentes físico-químicos e microbiológicos, o que torna o mercado exigente sobre
sua cor e cheiro. O leite de boa qualidade é resultado de práticas apropriadas de higiene e
manejo, que devem acontecer desde a obtenção do leite até sua comercialização.
O leite de cabra possui peculiaridades que o diferenciam do leite de outras espécies,
a título de exemplo, se comparado ao leite de vaca, o de cabra é mais digestível por apre-
sentar glóbulos de gordura menor e baixos níveis da fração proteica, responsável por causar
alergia ou intolerância à lactose nos consumidores (QUADROS, 2007).
A mastite é umas das principais dificuldades encontradas pelos produtores de leite,
dado que possui uma alta prevalência e além de apresentar uma redução significativa na
produção de leite e alterações na composição do leite. E ainda podendo acarretar problemas
à saúde pública devido à decorrência da eliminação de patógenos causadores de zoonoses e
toxinas produzidas pelos microrganismos do leite (COSTA, 1998). Pensando nisso o objetivo
do presente trabalho foi avaliar a qualidade do leite de cabra em diferentes ordens de parto.
MÉTODO
185
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Foi coletado uma amostra de 300 ml de leite por animal, acondicionado em garrafas
plásticas esterilizadas e devidamente identificadas por número e parição do animal, após a
coleta as amostras do leite foram mantidas sob refrigeração e encaminhadas ao Laboratório
de Tecnologia de Alimentos - LTA da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), do
Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA), da Unidade Acadêmica de
Tecnologia do Desenvolvimento (UATEC), onde foram realizadas em duplicata as análises
físico-químicas e a contagem de células somáticas CCS.
A avaliação das características físico–químicas do leite de cabra, foi realizada através
do Analisador de Leite Ultrassônico Complete – AKSO, que a cada amostra a ser analisada
foram agitadas 10 vezes para ser homogeneizada logo após colocando 10 Ml da amostra
e calibrado para o leite de vaca, nesse equipamento foram analisados os seguintes parâ-
metros: Temperatura ( o C), Gordura (%), Sólidos não gordurosos SNG (%), Densidade
(g/l), Proteína (%), Lactose (%), Sais (%), Água Adicionada (%) e Ponto de Congelamento(
o
C). A temperatura em média das amostras no momento das análises foi de 24,5°C.
186
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A análise de mastite clínica foi realizada no momento da coleta das amostras do leite,
através do teste da caneca de fundo preto, utilizando os três primeiros jatos de leite avalian-
do a presença de grumos de pus, sangue ou qualquer outra anormalidade visivel a olho nu.
A Contagem de Células Somáticas CCS, através do LACTOSCAN®Somatic Cells
Counter. Onde antes de ir para o contador de células somáticas as amostras foram pipetadas
para um eppendorf (micro tubo de 2 ml) e agitadas três vezes no agitador e depois pipetadas
novamente para o lacto chip e depois inseridas no aparelho para a leitura.
Os dados foram tabulados em planilha do software (Microsoft Excel®), foi aplicado o
Teste Tukey a 5% para comparação das médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1ª Parição 2,52a + 1,97 8,60a + 0,99 3,17a + 0,34 4,76b + 0,50 0,71a + 0,07
2ª Parição 3,41a + 1,41 9,41a + 0,21 3,45a + 0,08 5,17ab + 0,11 0,77a + 0,02
3ª Parição 2,69a + 1,78 9,53a + 1,00 3,49a + 0,38 5,23a + 0,56 0,78a + 0,08
Podemos observar que para a variável gordura, SNG, proteína e sais não ouvem di-
ferença significativa entre as ordens de parto. Porém, os resultados encontrados para SNG
187
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
foi de 8,6%; 9,41% e 9,53% para primeira, segunda e terceira parição, para proteína 3,17%;
3,45% e 3,49% e sais 0,71%; 0,77%; 0,78% respectivamente, todos os resultados estão
dentro do exigido pela IN 37.
Rangel et al., (2012), analisando características físico-químicas do leite de cabra em
torneios leiteiro de cabra do Rio Grande do Norte, com avaliando os teores de proteína 3,06
primeira parição e 2,99 para segunda parição, resultados esses inferiores para todas as
diferentes período de parto avaliadas neste trabalho.
Quando avaliamos os teores de gordura, foi possível observar que os animais de se-
gunda parição apesar de apresentarem valores numericamente mais altos, estatisticamente
não deferiram das demais ordens de parto.
No Brasil, registros de teores de gordura no leite caprino têm variado de 3,25 a 4,38%
(Costa et al., 2009). Observando a afirmativa acima, podemos observar que apenas as ca-
bras em segunda parição foi quem apresentou resultados semelhantes. A IN 37 preconiza
que o leite cabra integral cru deve apresentar teor de gordura superior a 2,9. Diante desses
teores os animais de primeira e terceira parição avaliados nesse trabalho, apresentaram
resultados abaixo do esperado. Isso pode ter acontecido devido as condições ambientais e
alimentares dos animais avaliados nesse trabalho.
A porcentagem do teor de gordura tende a variar mais que outros componentes, e os fa-
tores que mais têm influência sobre esta variação são: raça, origem/seleção/grau de sangue,
alimentação, estação do ano, idade, estágio de lactação, mastites e outros efeitos ambientais.
A concentração de gordura pode variar muito devido a dieta dos animais. De acordo
com o NRC (2001), a influência da suplementação lipídica na porcentagem de gordura
do leite é variável e depende de sua composição e da quantidade fornecida. Apesar dos
animais desse estudo receber a mesma dieta, pode ter ocorrido diferença na quantidade e
qualidade do ingerido.
Outro fator que pode ter ocasionado a diferença no teor de gordura no leite dos animais
estudados nesse trabalho, foi a temperatura do leite no momento da análise. Esse fator
interfere diretamente nos resultados encontrados.
Para a variável lactose ocorreu diferença significativamente entre os períodos par-
to. Os animais de terceira parição apresentaram o maior resultado 5,23 %. A lactose é um
dos nutrientes mais estáveis da composição química do leite e está diretamente relacionada
à regulação da pressão osmótica, de forma que maior produção de lactose determina maior
produção de leite com mesmo teor de lactose (GONZÁLEZ, 2001).
A instrução normativa de N° 37 preconiza ao leite caprino um valor médio de lactose
determinado 4,20%. Costa e Queiroga (2004), estudando a qualidade de leite de cabra no
cariri paraibano obteve valores médios de 4,2% que foi igual ao que preconiza a IN 37.
188
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Sabendo que a lactose é o principal carboidrato do leite e tem função de extrema im-
portância, uma vez que controla o volume de leite produzido, atraindo a água do sangue para
equilibrar a pressão osmótica na glândula mamária então o presente trabalho apresenta parâ-
metros adequados pela legislação sendo que o mínimo permitido é de 4,30% (BRASIL, 2004).
Ao compararmos com os resultados desta pesquisa podemos observar que os três
períodos de parição estão dentro do que preconiza a legislação vigente onde encontramos
valores de 4,76; 5,17 e 5,23% para a primeira, segunda e terceira lactação respectivamente.
Sabemos que o leite de cabra composto por inúmeros aspectos nutricionais, sendo
assim um dos alimentos mais recomendados pela medicina, no entanto a qualidade do leite
é imprescindível para o consumo.
Na Tabela 2 estão apresentados os parâmetros densidade do leite, água adicionada
e ponto de congelamento, são fatores importantes que permitem detectar fraude na com-
posição do leite.
Nos parâmetros de Densidade e Ponto de Congelamento avaliados na Tabela 2 o
presente trabalho apresentou valores próximos aos que rege á Instrução Normativa 37 que
indica valores de 1.0280 a 1.034,0 para densidade e - 0,550 a -0,585°H para o ponto de
congelamento (BRASIL, 2000). Alterações nesses valores, podem ser um indicativo que
exista adição de soluto ou de água no leite.
Tabela 2. Avaliação da densidade, água adicionada e ponto de congelamento de leite de cabra em diferente ordem de
parto.
No Brasil, são descritos valores de densidade variando entre 1028,60 e 1034,0 g/L
(PEREIRA et al., 2005). A variabilidade da densidade do leite depende do teor de extrato
seco e da concentração de matéria gorda (COSTA e QUEIROGA, 2004).
Na primeira e segunda parição foram apresentados valores aproximados para Densidade,
sendo que na terceira lactação apresentou uma leve elevação em relação aos demais.
Podemos observar ainda que o efeito da parição tem uma relação direta crescente
que pode interferir na densidade do leite, como também nos SNG, proteína, lactose e sais.
Então os animais com mais parições podem-se ter uma elevação nos valores citados acima.
O teste da densidade pode ser útil na detecção de adulteração do leite, uma vez que a
adição de água causa diminuição da densidade, ao passo que a retirada de gordura resulta
em aumento da densidade (SANTOS e FONSECA, 2007).
189
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Para Ponto de Congelamento a ordem de parição não apresentou diferença significativa,
ou seja, a ordem de parto não influencia neste paramento. Todas as amostras estão dentro
da exigência da IN 37 (Brasil, 2000). Esse resultado pode sugerir que as amostras de leite
não tinham em sua composição água adicionada.
Sabemos que a contagem de células somáticas (CCS) do leite é uma importante ferra-
menta para qualidade de leite que indica a saúde da glândula mamária assim identificando
infecções como a mastite. As células somáticas são representadas por células de descama-
ção do epitélio da própria glândula mamária e por células de defesa (leucócitos) que passam
do sangue para o úbere assim essas células aumentam em número no leite em casos de
inflamação/infecção, como na ocorrência de mastite (COSTA e QUEIROGA, 2004).
Na Tabela 3 está apresentados os valores referentes a CCS de caprinos de 1°, 2° e 3°
parição. Os tratamentos interferiram significativamente nos valores de CCS. Os animais em
segundo parto apresentaram melhores resultados. Para esse parâmetro analisado, quanto
menor o resultado da CCS melhor será o leite.
3ª Parição 1121,40 x 10 ª 3
+ 1082,27
CCS= Contagem de Células Somáticas.
190
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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14. VILA NOVA M., GONÇALVES M., OSÓRIO M.T.M., ESTEVES R. & SCHMIDT V. Aspectos
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terinariae. v.36, n.3, p. 235-240, 2008.
192
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
14
Avaliação dos compostos bioativos de
óleos brutos de soja, canola, milho e
girassol
Neuza Jorge
UNESP
10.37885/210805874
RESUMO
Objetivo: Os objetivos deste estudo foram determinar os compostos bioativos dos óleos
brutos de soja, canola, milho e girassol de diferentes marcas e avaliar a atividade an-
tioxidante destes óleos. Métodos: A composição de ácidos graxos e o teor de fitoste-
róis foram determinados por cromatografia gasosa e o teor de tocoferóis foi utilizado a
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Resultados: Os óleos de canola e soja
apresentaram maiores teores de carotenoides totais, cujos valores médios foram 37,49 e
56,21 µg de β-caroteno/g, respectivamente. O β-sitosterol é o isômero predominante em
óleos vegetais e foi detectado em maior concentração no óleo de milho (710,17–1121,03
mg/100 g). Os óleos de soja e canola apresentaram maiores teores de fitosteróis totais
com valores médios de 635,25 e 616,80 mg/kg, respectivamente. O óleo de milho des-
tacou-se com melhor atividade antioxidante pelo método ABTS●+, enquanto que nos
óleos brutos de soja e girassol o ensaio DPPH● foi mais efetivo. Os óleos brutos de soja
e milho também apresentaram atividade antioxidante nos ensaios FRAP e β-caroteno/
ácido linoleico. Conclusão: Os óleos podem ser considerados, de maneira geral, fontes
de compostos bioativos. os óleos mostraram-se capazes de reduzir o radical ABTS●+,
sequestrar radicais livres por meio do radical DPPH●, reduzir o íon férrico pelo sistema
FRAP e capacidade de inibir os radicais livres que são gerados durante a peroxidação
do ácido linoleico.
194
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
195
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
MÉTODO
Para esta pesquisa foram utilizadas quatro óleos vegetais brutos, nomeadamente
soja, canola, milho e girassol de cinco marcas comerciais (M1, M2, M3, M4 e M5). As amos-
tras foram doadas pelas diferentes indústrias processadoras brasileiras de óleos vege-
tais. No Laboratório de Óleos e Gorduras, as amostras foram armazenadas em frascos de
vidro escuro e inertizadas com gás nitrogênio e posteriormente armazenados em câmara
de congelamento (-18ºC) e ao abrigo da luz até ao momento das análises.
A composição dos fitosteróis foi determinada utilizando cromatografia gasosa com sapo-
nificação prévia da amostra (80-90 mg). A saponificação da amostra foi realizada de acordo
com a metodologia de Duchateau et al. (2002). Cerca de 80 mg de óleo foram pesados e
adicionados de 100 μL de padrão interno e 1 mL de solução alcoólica de hidróxido de potássio
2,5 mol/L. Esta mistura foi colocada em banho-maria a 70°C por 50 min e homogeneizada em
vortex a cada 5 min. A fase orgânica foi removida após adição de água e hexano e transferi-
da para vial e para determinações do conteúdo de fitosteróis foi utilizado o método Ch 6-91
da AOCS (2009) com modificações. A análise foi realizada em cromatógrafo a gás (Modelo
Plus-2010, Shimadzu, Chiyoda-ku, Tokyo Japão) equipado com um detector de ionização
de chama (GC-FID), injetor Split, coluna capilar de sílica fundida RTX 5 (30 m × 0,25 mm, x
0,25 µm, Restek, Shimadzu, Chiyoda-ku, Tokyo, Japão). Os parâmetros de análises foram:
temperatura do forno 300ºC/12 min, temperaturas do injetor e do detector serão de 280ºC
e 320ºC, respectivamente. Amostra de 1 µL foi injetada na razão de 1:50. O gás de arraste
utilizado foi o hidrogênio com velocidade linear de 40 mL/min. Os fitosteróis (campesterol,
stigmasterol, β-sitosterol) foram identificados por comparação com o tempo de retenção
dos padrões puros (Supelco, Bellefonte, USA) analisados sob as mesmas condições da
amostra. A quantificação de cada isômero foi realizada pela padronização interna (5α-cho-
lestano-3β-ol grau de pureza de 95% em terc-butil-metil-éter, na concentração de 3 mg/mL)
baseada na área de cada pico. Os teores de fitosteróis expressos em mg/100 g. Limites de
detecção: colesterol ≤ 0,65 mg/100 g; campesterol ≤ 5,20 mg/100 g; estigmasterol ≤ 5,60
mg/100 g; estigmastanol ≤ 4,25 mg/100 g e brassicasterol ≤ 2,70 mg/100 g.
A composição em tocoferóis foi determinada pelo método Ce 8-86 da AOCS (2009) uti-
lizando cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) (Modelo 210-263, Varian Inc., Walnut
Creek, CA, Estados Unidos) com detector de fluorescência. Sendo diluídos 0,4 g do óleo em
10 mL de n-hexano, com injeção de 20 µL dessa amostra no cromatógrafo. As condições
de operação foram 290 nm de excitação e 330 nm de emissão. A coluna de sílica (100 Si,
250 x 4,6 mm e 5 mm de poro, Microsorb, Varian Inc., Walnut Creek, CA, Estados Unidos)
foi usada como fase móvel de n-hexano e isopropanol (99,5:0,5,v/v). O sistema operado
isocraticamente com fluxo de 1,2 mL/min. A presença dos isômeros α-, β-, γ- e δ-tocoferol
foi conduzida por comparação com o tempo de retenção dos padrões de tocoferóis (Supelco,
Bellefonte, USA) sob as mesmas condições de operação. A quantificação foi baseada em
197
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
padronização externa e os resultados expressos em mg/kg. Limite de detecção do α- ≤ 3,15
mg/kg, β- ≤ 1,10 mg/kg, γ- ≤ 8,65 mg/kg, δ- ≤ 2,30 mg/kg.
Atividade antioxidante
Análise estatística
199
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1. Composição dos principais ácidos graxos (%) para óleos brutos de diferentes marcas.
Fonte: Autores.
200
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O ácido esteárico (C18:0) é o menos comum e foi quantificado em menores quantidades
nos óleos de canola e milho, e houve diferença significativa (P ≤ 0,05) para este ácido entre
as marcas para os óleos de soja e girassol. Os teores de ácidos graxos saturados oscilaram
de 15,44 a 17,11%, para o óleo de soja de, 12,99 a 13,96% para o óleo de milho e de 8,80
a 12,66% para o óleo de girassol. No geral, menores percentuais foram observados para o
óleo de canola (8,03 a 9,70%).
Sabe-se que os ácidos graxos C18:1, C18:2 e o C18:3 são os que influenciam, mar-
cadamente, a bioatividade e a estabilidade oxidativa dos óleos vegetais. O C18:1 foi predo-
minante no óleo de canola (73,24%). O C18:2 apresentou, em média, maiores quantidades
nos óleos de girassol (61,13%), milho (54,04%) e soja (48,36%). O C18:3 apresentou-se em
maiores conteúdos nos óleos de canola e soja, cerca de 5%.
Os ácidos graxos insaturados (Tabela 1) foram predominamentes nos óleos estuda-
dos. A marca M5 destacou-se em relação ao total de ácidos graxos insaturados para os
óleos de soja, milho e girassol. Os resultados para a composição em ácidos graxos dos óleos
brutos analisados estão de acordo com Codex Alimentarius (CODEX, 2009).
O teor de compostos fenólicos totais está apresentado na Tabela 2. Para os óleos
estudados, pode ser observada diferença significativa entre as marcas. Para os óleos de
soja, canola e girassol os maiores teores de compostos fenólicos totais encontrados foram
para a marca M2.
Tabela 2. Compostos fenólicos totais (mg EAG/kg) para óleos brutos de diferentes marcas.
Óleos
Marcas
Soja Canola Milho Girassol
Fonte: Autores.
Tabela 3. Carotenoides totais (µg de β-caroteno/g de óleo) para óleos brutos de diferentes marcas.
Óleos
Marcas
Soja Canola Milho Girassol
Fonte: Autores.
De acordo com Taylor (2005), nos óleos brutos de soja e canola estes componentes
representam cerca de 40–50 µg/g e 25–90 µg β-caroteno/g, respectivamente, resultados pró-
ximos aos obtidos, exceto para o óleo de soja marcas M3 e M5. Como mencionado anterior-
mente, dentre os diferentes tipos de óleos, o de canola apresentou os maiores teores de ca-
rotenoides totais e ao comparar com a estabilidade oxidativa, estes componentes podem não
ter tido a ação antioxidante esperada e terem atuado como pró-oxidantes (MOREAU, 2005).
A baixa quantidade de carotenoides totais observada para o óleo de milho está rela-
cionada ao processo de extração, que ocorre por prensagem ou com hexano no gérmen
do milho. O teor de carotenoides totais varia em cada parte do grão de milho. Do teor total
de carotenoides 74 a 86% está no endosperma e 2 a 4% no gérmen (MOREAU, 2005).
Uma alternativa para aumentar o teor de carotenoides no óleo de milho é utilizar o grão de
milho para extração.
Os carotenoides são parte da matéria insaponificável que varia de uma matriz oleica
para outra. As variações encontradas para os óleos brutos entre as diferentes marcas po-
dem estar relacionadas também com o tempo de exposição dos grãos/sementes ao ar de
secagem para redução da umidade, pois os carotenoides possuem grande instabilidade
térmica, assim como o tempo de armazenamento do grão que contribui reduzindo o teor de
carotenoides (ZIEGLER et al., 2014).
202
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Entre as marcas de óleos, os fitosteróis totais foram quantificados em maiores quan-
tidades nos óleos de soja marca M1, canola marca M3, milho marca M2 e girassol marca
M1. Nos óleos brutos, os fitosteróis totais variaram de 261,82 mg/100 g para o óleo de soja
a 1.927,38 mg/100 g para o óleo de milho (Tabela 4).
O β-sitosterol é o isômero predominante em óleos vegetais e foi detectado em maior
concentração no óleo de milho (804,42–1.848,97mg/100 g), seguido de canola (483,57–
750,78 mg/100 g), girassol (278,64–441,71 mg/100 g) e soja (247,00–340,10 mg/100 g).
Para o campesterol observou-se maiores quantidades nos óleos de canola e milho, cujos
valores médios foram 53,04 e 46,69 mg/100 g, respectivamente.
Nos óleos brutos de soja marca M1, milho marca M2 e girassol todas as marcas foi
identificado o isômero saturado estigmastanol. Assim, esses óleos estariam menos sujeitos
à degradação por oxidação. No entanto, a presença de carbonos terciários na estrutura os
torna propensos à degradação e à formação de compostos oxidados, perdendo mais rapi-
damente sua qualidade tecnológica e nutricional (O’BRIEN, 2010).
O isômero brassicasterol foi identificado apenas no óleo de canola, e em maior quanti-
dade para a marca M3 (60,55 mg/100 g) enquanto a marca M5 foi a que apresentou o menor
teor para esse isômero (39,24 60,55 mg/100 g).
Fitosteróis/ Óleos
Marcas Soja Canola Milho Girassol
Campesterol
M1 22,13 ± 0,26cA 48,14 ± 0,53bD 49,37 ± 0,28aC 10,60 ± 0,37dA
M2 16,24 ± 0,03cD 52,87 ± 0,67bB 63,39 ± 0,27aA 10,05 ± 0,24dA
M3 14,26 ± 0,46 cE
68,87 ±0,35 aA
28,75 ± 0,05 bE
9,14 ± 0,05dB
M4 21,07 ± 0,12bB 51,16 ± 0,12aC 50,72 ± 0,17aB 10,57 ± 0,5cA
M5 17,12 ± 0,06cC 44,18 ± 0,27aE 41,20 ± 0,18bD 7,16 ± 0,06dC
Brassicasterol
M1 nd 43,28 ± 0,40C nd nd
M2 nd 45,45 ± 0,49 B
nd nd
M3 nd 60,55 ± 0,73A nd nd
M4 nd 45,11 ± 0,08 B
nd nd
M5 nd 39,24 ± 0,20D nd nd
Estigmasterol
M1 nd nd 6,19 ± 0,03 9,40 ± 1,11A
M2 nd nd nd 6,72 ± 0,21B
M3 nd nd nd 10,61 ± 0,07A
M4 nd nd nd 6,35 ± 0,08B
M5 nd nd nd 6,22 ± 0,06B
β-sitosterol
M1 340,10 ± 0,66dA 585,79 ± 1,65bD 1.316,26 ± 0,88aC 441,71 ± 1,40cA
M2 286,83 ± 1,07dC 620,08 ± 0,10bB 1.848,97 ± 1,87aA 348,70 ± 0,19cC
M3 247,00 ± 0,86 dE
750,78 ± 1,42 bA
804,42 ± 1,34 aE
305,62 ± 0,27cD
203
M4 313, 60 ± 0,31dB 591,75 ± 0,16bC 1.379,84 ± 0,11aB 371,64 ± 0,51cB
Fonte: Autores.
O isômero Δ-7-avenasterol foi identificado nos óleos de milho marcas M2 a M5. No óleo
de girassol houve variação deste de 1,64–15,59 mg/100 g. Fine et al. (2015) relataram que
em diversos estudos, o óleo de girassol bruto apresentou o isômero Δ-7-avenasterol variando
de 9,2–22,1 mg/100 g.
A variabilidade observada nos teores de fitosteróis entre as marcas e entre os tipos de
óleos pode estar relacionada com as diferentes variedades das matérias-primas utilizadas
na obtenção dos respectivos óleos, atribuída aos fatores genéticos e o local de plantio, além
das diferenças da composição de ésteres de ácidos graxos e esteróis livres como também
pode estar relacionada com a dificuldade da indústria na padronização dos processos.
Pelo Codex Alimentarius (2009), os fitosteróis totais para óleos brutos variam de 180–
450 mg/100 g para o óleo de soja; 450–1.130 mg/100 g para óleo de canola; 700–2.210
mg/100 g para óleo de milho e 240–500 mg/100 g para óleo de girassol. Assim, os valores de
fitosteróis totais obtidos no presente estudo estão de acordo com estes limites estabelecidos.
Pela análise da composição de tocoferóis dos óleos vegetais, observa-se que para os
óleos brutos de soja e milho há predominância do isômero γ-tocoferol, enquanto que no óleo
de soja não foi detectado o isômero β-tocoferol (Tabela 5). Para o óleo de milho, Moreau
(2005) cita também a predominância do γ-tocoferol seguido por α- e δ-tocoferol. Nos óleos
de canola e milho foram quantificados os quatros isômeros, exceto na marca M5 para o
204
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
óleo de milho. Para o óleo de girassol, a prevalência foi do isômero α-tocoferol, e na mar-
ca M4 foram detectados todos os isômeros.
Do total de tocoferóis, houve variações significativas (P ≤ 0,05) entre todas as marcas
para os óleos de soja, canola e milho, destacando-se em maior quantidade o óleo de canola
da marca M4 com 712,20 mg/kg. Entre os tipos de óleos, os de soja e canola apresentaram
maiores teores de tocoferóis totais com valores médios de 635,25 e 616,80 mg/kg, respecti-
vamente. Os tocoferóis totais obtidos neste estudo estão de acordo com o estabelecido pelo
Codex Alimentarius (CODEX, 2009), exceto os óleos de girassol e soja da marca M1. Os li-
mites são: soja (600–3.370 mg/kg), canola (430–2.680 mg/kg) milho (330–3.720 mg/kg) e
Girassol (440–1.520 mg/kg).
Quanto à vitamina E, expressa como α-tocol, independente das marcas estudadas,
o óleo de girassol apresentou maiores teores. Já para os óleos de soja e milho foram ob-
servadas maiores quantidades para a marca M3, 141,45 e 191,31 mg/kg, respectivamen-
te. O α-tocoferol é o que mais contribui como atividade de vitamina E.
Óleos
Tocoferóis/ Marcas
Soja Canola Milho Girassol
α-tocoferol
M1 68,90 ± 0,78dC 122,50 ± 0,15bD 99,90 ± 0,20cD 421,13 ± 0,23aB
M2 78,93 ± 0,15dA 111,60 ± 0,44bE 81,47 ± 0,31cE 429,33 ± 031aA
M3 73,07 ± 0,25dB
135,93 ± 0,55 bB
130,50 ± 0,36 cA
429,97 ± 0,15aA
M4 73,40 ± 0,17dB 132,40 ± 0,30bC 115,47 ± 0,12cB 354,57 ± 0,15aC
M5 62,20 ± 0,26dD 137,60 ± 0,17bA 113,00 ± 0,26cC 332,53 ± 0,42aD
β-tocoferol
M1 nd 32,20 ± 0,10aC 17,07 ± 0,47bD 9,43 ± 0,25A
M2 nd 34,43 ± 0,12 aB
17,90 ± 0,26 bD
nd
M3 nd 35,43 ± 0,42aA 20,67 ± 0,49bB nd
M4 nd 36,20 ± 0,10 aA
19,17 ± 0,12 bC
10,07 ± 0,35A
M5 nd 35,77 ± 0,65aA 22,47 ± 0,21bA nd
γ-tocoferol
M1 421,23 ± 0,21aE 176,67 ± 0,32cE 303,20 ± 0,26bD nd
M2 436,67 ± 0,21 aC
183,37 ± 0,47 cD
237,33 ± 0,15bE nd
M3 492,50 ± 0,36 aA
209,43 ± 0,32 cB
402,60 ± 0,17 bA
nd
M4 471,80 ± 0,20aB 218,13 ± 0,35cA 313,00 ± 0,66bC 50,90 ± 0,46
M5 425,63 ± 0,15aD 197,87 ± 0,32cC 388,20 ± 0,26bB nd
δ-tocoferol
M1 105,93 ± 0,15bD 176,47 ± 0,12aD 13,50 ± 0,26D nd
M2 107,43 ± 0,15bC 159,73 ± 0,15aE 16,53 ± 0,15C nd
M3 134,97 ± 0,21 bA
291,07 ± 0,55 aC
29,97 ± 0,06 A
nd
M4 105,30 ± 0,17bE 325,47 ± 0,51aB 25,53 ± 0,32B 18,53 ± 0,35
M5 118,47 ± 0,31bB 331,57 ± 0,15aA nd nd
Total
M1 596,07 ± 0,72aE 508,00 ± 0,36bD 433,67 ± 0,93cD 430,57 ± 0,15dB
M2 623,03 ± 0,21aC 489,13 ± 0,75bE 353,23 ± 0,50dE 429,33 ± 0,31cC
205
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Óleos
Tocoferóis/ Marcas
Soja Canola Milho Girassol
M3 700,53 ± 0,74 aA
671,87 ± 0,40 bC
583,73 ± 0,51 cA
429,97 ± 0,15dBC
M4 650,30 ± 0,44bB 712,20 ± 0,66aA 473,17 ± 0,35cC 434,07 ± 0,81dA
M5 606,30 ± 0,30 bD
702,80 ± 0,52 aB
523,67 ± 0,38 cB
332,53 ± 0,42dD
Vitamina E*
M1 140,05 ± 0,83dC 172,88 ± 0,16bC 160,64 ± 0,32cD 466,12 ± 0,20aB
M2 153,42 ± 0,14cB 162,21 ± 0,48dD 130,76 ± 0,39dE 472,31 ± 0,34aA
M3 155,61 ± 0,32 dA
194,50 ± 0,67 cA
210,46 ± 0,45 bA
473,01 ± 0,17aA
M4 152,58 ± 0,22dB 192,49 ± 0,24bB 179,99 ± 0,18cC 400,90 ± 0,34aC
M5 133,46 ± 0,28dD 195,10 ± 0,28bA 189,29 ± 0,28cB 365,82 ± 0,46aD
Vitamina E#
Fonte: Autores.
Método/ Óleos
Marca Soja Canola Milho Girassol
207
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Método/ Óleos
Marca Soja Canola Milho Girassol
Fonte: Autores.
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
208
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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210
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
15
Avaliação química do azeite de dendê
usado durante o processo de fritura
de acarajés
10.37885/210705425
RESUMO
Objetivo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade dos parâmetros químicos
do azeite de dendê utilizado na fritura do acarajé consumido em Cruz das Almas, Bahia.
Métodos: Foram selecionamos 16 pontos de venda de acarajé (bares/quiosques e bande-
jas) em Cruz das Almas/BA para avaliar o percentual de acidez, índice de peróxido e índice
de saponificação do óleo de palma utilizado na fritura do alimento. Resultados: O índice
de acidez apresentou valores médios variando de 0,71 - 1,32% (bares/quiosques) e
0,80-0,94% (bandejas) e para o índice de peróxido valores médios variando de 8,6 - 9,82
mEq/kg (bares/quiosques) e 9,1 - 9,8 mEq/kg (bandejas), atendendo ao recomendado na
legislação. Para o índice de saponificação em 100% das amostras os valores estiveram
acima do limite estabelecido, ou seja, valores médios de 233-318 mg KOH/g para bares/
quiosques e 283-300 mg KOH/g para bandejas. Apenas. Conclusão: De acordo com os
resultados o óleo de palma proveniente da fritura de acarajé em Cruz das Almas, Bahia,
atendeu aos parâmetros químicos da legislação quanto ao índice de acidez e peróxidos.
212
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Valores médios seguidos do desvio padrão do índice de acidez, índice de peróxido e índice de saponificação
em amostras de azeite de dendê adquiridos em bares/quiosques.
Amostras Acidez (% ácido oleico) Índice de peróxidos (mEq/kg) Índice de Saponificação (mg KOH/g)
1 1,25 ± 0,02 9,40 ± 0,30 233,4 ± 0,2
2 0,75 ± 0,02 9,22 ± 0,01 301,0 ± 1,0
3 0,77 ± 0,02 9,40 ± 0,10 309,0 ± 1,0
4 0,89 ± 0,03 9,00 ± 0,10 315,0 ± 1,0
5 0,99 ± 0,06 9,00 ± 0,10 318,0 ± 1,0
6 1,26 ± 0,08 9,82± 0,05 276,0 ± 1,0
7 0,87 ± 0,06 9,80 ± 0,20 288,8 ± 0,6
8 1,32 ± 0,09 9,68 ± 0,05 272,3 ± 0,2
9 0,97 ± 0,08 9,77 ± 0,05 299,1 ± 0,6
10 0,71 ± 0,02 9,20 ± 0,10 282,0 ± 1,0
11 1,17 ± 0,03 9,24 ± 0,03 282,4 ± 0,9
12 0,89 ± 0,06 9,60 ± 0,20 296,2 ± 0,6
215
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 2. Valores médios seguidos do desvio padrão do índice de acidez, índice de peróxido e índice de saponificação
em amostras de azeite de dendê adquiridos em tabuleiros.
Amostras Acidez (% ácido oleico) Índice de peróxidos (mEq/kg) Índice de Saponificação (mg KOH/g)
1 0,80 ± 0,07 9,50 ± 0,10 283,8 ± 0,70
2 0,86 ± 0,03 9,19 ± 0,09 292,0 ± 1,00
3 0,94 ± 0,04 9,81 ± 0,08 300,0 ± 1,00
4 0,92 ± 0,05 9,80 ± 0,20 297,0 ± 1,32
AGRADECIMENTOS
CONCLUSÃO
O azeite de dendê usado na fritura de acarajés em Cruz das Almas, Bahia atende aos
parâmetros químicos da legislação quanto aos parâmetros de acidez e índice de peróxi-
do. No entanto, estudos dessa natureza são necessários, uma vez que a estabilidade do
azeite de dendê diminui com o processo repetido de aquecimento.
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16
Bactérias lácticas probióticas
associadas as abelhas e seus produtos:
um referencial teórico
10.37885/210805698
RESUMO
221
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Probióticos
224
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Os probióticos também devem ser capazes de sobreviver às condições tecnológicas,
ou seja, devem se manter viáveis e estáveis durante o processamento e estocagem do ali-
mento até o seu consumo. A sobrevivência de bactérias probióticas nos alimentos abaixo
da quantidade recomendada pode limitar sua habilidade de exercer os efeitos benéficos na
saúde humana (SHAH, 2000; BARBOSA, 2011). Para exercer ação benéfica no hospedeiro
é necessária a ingestão mínima de 108 a 109 Unidades Formadoras de Colônias (UFC/g) de
células viáveis por dia (ANVISA, 2008).
Embora se tenha conhecimento dos benefícios da ingestão de probióticos, muitos es-
tudos precisam ser realizados para comprovar a eficácia e a segurança de cada cepa, uma
vez que os efeitos probióticos tendem a ser específicos da cepa (FONTANA et al., 2013).
231
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
oportunistas, reduzindo seu condicionamento físico e a taxa de sobrevivência das abelhas
(KHAN et al., 2020).
Nesse sentido, a microbiota intestinal das abelhas apresenta um importante papel na
assimilação de nutrientes e no seu sistema imunológico (PATTABHIRAMAIAH; REDDY;
BRUECKNER, 2012). As bactérias lácticas têm mostrado papel crucial na saúde e sobre-
vivência das abelhas, realizando importantes funções metabólicas e protetoras no trato
gastrointestinal (PATTABHIRAMAIAH; REDDY; BRUECKNER, 2012). Além disso, a alimen-
tação artificial suplementada com bactérias lácticas probióticas pode melhorar notavelmente
a resistência à doença aumentando a imunidade do hospedeiro e regulando a microbiota
intestinal (KHAN et al., 2020).
CONCLUSÃO
As bactérias lácticas apresentam papel crucial e significativo na vida das abelhas, com
vasto campo para a pesquisa em função da diversidade de espécies de abelhas, particular-
mente àquelas sociais. Além de presentes no sistema gastrointestinal, essas bactérias tam-
bém são encontradas nos principais produtos das colmeias, o mel e o pólen. Extremamente
valiosas para as abelhas, essas bactérias também têm potencial para uso como probióticos
nas indústrias de alimentos, farmacêutica e no agronegócio apícola, o que torna essa temá-
tica atual, de interesse econômico e de relevância para a pesquisa técnico-científica.
AGRADECIMENTOS
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239
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
17
Biscoitos salgados e doces sem glúten
disponíveis em Umuarama-PR: análise
de rotulagem nutricional perante à
legislação vigente
Larine Kupski
UEM
Juliana Scanavacca
UEM
10.37885/210805890
RESUMO
Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo pesquisar nas legislações vigentes
parâmetros para analisar nas rotulagens de biscoitos doces e salgados o cumprimento
das exigências para um produto autêntico sem glúten e propor também uma discussão
sobre a declaração de glúten na embalagem. Métodos: Para avaliar as informações
nutricionais foram realizados levantamentos em lojas e supermercados, e assim foram
adotados critérios perante legislações vigentes (Porção, Declaração de Alergênicos,
Legibilidade de texto, Indicação de Destaque, Preço, Quantidade máxima de glúten) para
avaliar as amostras no programa estatístico Past. Resultados: O total de amostras doces
e salgadas encontradas foram de 58 em 7 supermercados e 2 lojas de produtos naturais
o que acarreta uma média de 6 produtos por estabelecimento. Conclusão: Apesar da
maioria dos produtos (65%) analisados estarem em conformidade com as legislações
vigentes, pode-se dizer que a utilização de métodos quantitativos e controles de qualida-
des mais intensificados poderiam apresentar resultados mais promissores que passem
uma confiança certificada para o consumidor.
241
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
O glúten é uma proteína responsável por uma enteropatia denominada doença celíaca
(DC), que tem como característica a síndrome de má absorção de nutrientes e traz lesões
que afetam a membrana da mucosa do duodeno (OLIVEIRA et al., 2018). Essa doença causa
uma intolerância permanente ao glúten, criando os sintomas de diarreia crônica, distensão,
desnutrição, falta de apetite e vômitos (Ferreira; Inácio, 2018).
A doença celíaca é uma doença autoimune grave causada pela ingestão de glú-
ten. A gliadina é a fração do glúten responsável pelo desencadeamento da doença. A única
cura para os celíacos, até agora conhecida, é uma dieta com alimentos sem glúten, classi-
ficados pela regulamentação europeia como aqueles em que não é ultrapassada a concen-
traçao de 20 ppm de glúten (Farage et al., 2017).
A doença pode afetar tanto o sexo masculino quanto o feminino, podendo ser detec-
tada enquanto ainda criança quando os primeiros cereais são introduzidos na alimenta-
ção, e também a doença pode ser assintomática, sendo que sua identificação só é feita
quando a pessoa está na fase de adolescente ou adulta por biopsia (Resende et al., 2017;
MORAIS et al., 2014).
Os primeiros indícios da DC foram relacionados já na Segunda Guerra Mundial quan-
do um holandês analisou que a falta do trigo diminui as taxas de célicos, porém quando os
aviões suecos trouxeram pão para a Holanda os níveis de crianças ficando doente por cau-
sa do trigo foram aumentando, o glúten é encontrado na cevada, centeio, trigo, malte, já a
aveia estudos ainda não conseguem definir se tem ou não a presença de glúten (Sdepanian,
1999; ALMEIDA et al., 2016).
Além da doença célica, existe a intolerância ao glúten que é conhecida como sensibili-
dade ao glúten não célica, que pode ser desenvolvida por alto consumo de trigo e cereais, o
que causa uma má digestão, por ficar alojada na parede do intestino causando desconforto,
e existe a alergia ao trigo que está relacionado com o sistema imunológico, ou seja, é uma
reação imediata causada por outras proteínas presentes no trigo, seus sintomas são pareci-
dos com outras alergias. Muito dos sintomas relacionados não são percebidos pelas pessoas
e só são identificados através de exames, a forma mais clássica e silenciosa é comum nas
pessoas, estudos indicam que 1% da população mundial sofre com essas doenças (Lemes
et al., 2018; Afonso et al., 2016).
Essas doenças são consideradas um problema de saúde pública, e falta uma defini-
ção concreta sobre o termo “sem glúten”. De acordo com o Food Standards Australia New
Zealand para que o alimento seja considerado como livre de glúten este deve ser detecta-
do em concentrações inferiores a 5 ppm no alimento. Já para o Codex Alimentarius esta
242
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
concentração deve ser de 20 ppm, sendo este adotado em alguns países como parâmetro
(BIESIEKIERSKI, 2017; Lemes et al., 2018)
Mesmo sabendo que a única solução para a doença célica é a exclusão total do glúten
da dieta, no Brasil não existe nenhuma determinação de quantidade de glúten para alimentos,
apesar de algumas empresas seguirem o valor estabelecido pelo Codex Alimentarius. A Lei
nº 10.674, de 16 de maio de 2003, obrigou os fornecedores de alimentos industrializados a
apresentarem, em seus rótulos e embalagens, a expressão “contém glúten” (CG) ou “não
contém glúten” (NCG) (BRASIL, 2003).
Já a lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006 afirma que a alimentação adequada
é direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana, devendo o
poder público adotar as políticas e ações que se façam necessárias para promover e garantir
a segurança alimentar e nutricional da população (BRASIL, 2006).
A falta de informações nutricionais corretas e a enorme busca de informações confiá-
veis geram a necessidade de legislações vigentes que regulamentem o setor alimentício
no âmbito da qualidade assim como a dieta isenta do glúten traz um impacto na qualidade
de vida das pessoas, por trazer dificuldades em seguir o tratamento, por falta de alimentos,
informações e conhecimento sobre o assunto (Mallet et al., 2018; Oliveira et al., 2018).
Mallet et al (2018) afirmam que para alcançar a dieta saudável precisa ter uma quantida-
de mínima de informações sobre os alimentos da dieta, assim mostrando a real importância
da rotulagem de alimentos para pacientes e portadores da doença celíaca.
Com muitas variedades de alimentos que possuem matéria-prima com ingredientes de
alergênicos podemos destacar os biscoitos, são alimentos de fácil acesso, com um preço
não tão elevado e possui um fácil acesso com os cereais já que é uma de suas matérias
primas, os biscoitos tem uma venda estimada de 1,5 milhão de toneladas do produto em
2019-2020 chegando a 85% das famílias brasileiras (ABIMAPI, 2020).
O presente trabalho teve objetivo de avaliar os rótulos e informações de produtos de
biscoitos doces e salgados, declarados sem glúten, analisando se estão adequados con-
forme a legislação de glúten e outros referentes a rotulagem nutricional visando identificar
a disponibilidade desses alimentos nos supermercados do município de Umuarama, PR.
MÉTODO
243
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Foram selecionadas 58 amostras (13 biscoitos salgados e 45 biscoitos doces) em 7
supermercados e 2 lojas de produtos naturais, de 16 marcas diferentes. Para cada produto
foram utilizadas letras para identificar a marca e números para a quantidade de produtos da
mesma marca. Foram adotados como critérios para inclusão na pesquisa produtos rotulados
como “Sem Glúten”.
Para analisar os rótulos perante a legislação foram adotados 6 critérios de Rotulagem
nutricional: conforme RDC nº360/2003 – Regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de
alimentos embalados; Porção, conforme RDC n°359, de 23 de dezembro de 2003 – Aprova
o regulamento técnico de porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutri-
cional; Declaração de alergênicos, legibilidade de texto, Indicação de destaque, conforme
RDC n° 26, de 02 de julho de 2015 - Dispõe sobre os requisitos para rotulagem obrigatória
dos principais alimentos que causam alergias alimentares; Lei n° 10.674, de 16 de maio de
2003 - Obriga a que os produtos alimentícios comercializados informem sobre a presença
de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca; quantidade máxima de
glúten padrão baseado no (CODEX ALIMENTARIUS COMMISSION, 2008).
Na variação “destaque” como não foi encontrado na legislação um padrão para ser
descrito na embalagem foram considerados pelos autores 3 requisitos para a variação,
sendo eles: Letra com tamanho e cor diferenciado da escrita da rotulagem; Fundo onde se
encontra a palavra “sem glúten” está diferente da embalagem.
Utilizou-se a estatística descritiva na qual os dados foram representados por meio de
números absolutos, de modo que “0” é quando não obedeceu ao parâmetro e “1” é quando
foi realizado de forma correta o parâmetro pela empresa. Para avaliar a correlação entre as
variáveis foi realizada a análise de cluster utilizando a distância euclidiana no software Past
(folk.uio.no/ohammer/past)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
245
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Dendograma dos produtos de biscoitos doces e salgados sem glúten no Município de Umuarama, Pr.
Com os resultados do programa estatístico Past foi possível traçar uma linha cortando e
dividindo-o em grupos diferentes. Esses grupos correlacionam os produtos que se encaixam
conforme sua análise estatística, ou seja, eles ficam próximos uns aos outros devido as se-
melhanças nas respostas das características avaliadas na rotulagem, sendo possível assim
o agrupamento em grupos distintos, os grupos divididos foram nominados como I, II, III, IV.
No Grupo I estão presentes os produtos que apresentaram conformidade em apenas
2 variáveis, sendo elas a legibilidade e a indicação de destaque para alergênicos, corre-
tamente apresentados na rotulagem dos produtos. As variáveis auxiliam os clientes a se
localizarem perante a leitura do rótulo e oferecem a possibilidade de confiar que é um pro-
duto sem glúten. O rótulo tem o principal objetivo de informar características, quantidades
e qualidade, assim para atender um consumidor precisamente suas informações precisam
ser claras e objetivas.
O que chama mais atenção nessa correlação anteriormente citada, é a não declaração
de alérgicos corretamente, pois a ausência desta declaração no produto pode induzir os
consumidores ao erro. Tanto a indicação como a declaração deveriam andar juntos pois se
encaixam em ambas as legislações da RDC 26/2015 e Lei n° 10.674, e não teria motivos
para a empresa se enquadrar em uma e não seguir corretamente a outra.
Os produtos das marcas A e F que estão no grupo I, se forem comparados com os
grupos II, III e IV com produtos da mesma marca “A1, A2..., F6...” foram as amostras dessas
empresas que não declararam que o produto “Não Contém Glúten”, o que torna um descaso
dos fabricantes, ou um erro na fabricação da embalagem podendo gerar riscos à saúde.
A Lei 10.674, de 16 de maio de 2003 determina que todos os alimentos industrializa-
dos que contenham glúten, como trigo, aveia, cevada, malte e centeio e/ou seus derivados, 246
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
deverão conter, obrigatoriamente, advertência indicando essa composição. Os alimentos
industrializados deverão conter em seu rótulo e bula, obrigatoriamente, as inscrições “contém
Glúten” ou “não contém Glúten” (BRASIL, 2003).
O grupo II foi o que apresentou maior número de amostras. Neste grupo somente a
variável quantidade máxima de glúten não foi atendida, o que torna esse grupo o que mais
cumpre a legislação, por essa variável não ser exigida pelo Brasil e somente ser apre-
sentada pela Codex.
A tolerância segundo a Codex é de 20 ppm o que pode ser aceitável para pacientes
célicos. Nesse sentido, cabe observar que é possível chegar em resultados cumulativos atra-
vés das dietas, ou seja, a necessidade de uma menção da “quantidade máxima de glúten”
ou “teor muito baixo de glúten”, “teor baixo de glúten” seria uma opção viável e totalmente
informativa para pessoas que precisam cumprir dietas nesse sentido.
Nos estudos de Luiz et al. (2020) foram testadas amostras de diversos alimentos e
foram observados resultados superiores a 20 ppm e resultados intermediários que ficaram
entre 5 e 20 ppm no método utilizado para analisar as amostras de biscoitos rotuladas como
Livres de glúten.
Pinto et al. (2020) ressaltam a necessidade de rótulos com informações claras, preci-
sas, coerentes e legíveis sobre todos os seus componentes tornando a gama de produtos
mais expositiva e segura no momento da sua escolha pelo consumidor. A Anvisa segue os
parâmetros do Codex por afirmar que falta desenvolvimentos científicos avaliando a interação
dos alimentos alergênicos na população brasileira. Na nota do Codex eles apresentam a
necessidade de um limite de especificação nas rotulagens, ou seja, a declaração da quan-
tidade de glúten poderia ser utilizada como uma medida de prevenção para o cliente antes
de comprar o produto e seria mais benéfica ao consumidor.
Pode-se observar nas comparações uma certa falta de padronização em alguns produ-
tos da mesma marca. O que torna bem visível essa afirmação é que ao analisar a marca A e
seus produtos, pode-se notar sua distribuição por todos os grupos (I, II, III, IV), mostrando
uma tendência de não cumprir todos os requisitos em alguns produtos como é o caso de
biscoito de polvilhos, biscoitos recheados e salgados.
Essa falta de padronização acarreta em uma negligência de informações que poderiam
prejudicar a leitura de um rótulo ou confundir o cliente, fazendo que o mesmo possa deixar
de escolher certos produtos, o que diminuiria mais ainda suas escolhas de alimentos. O mer-
cado sem glúten não é tão diversificado como mostra o estudo Melati et al. (2021) onde os
autores afirmam que os portadores de DC não devem esquecer de ler e conferir os rótulos
dos alimentos para garantir se o alimento não contém glúten.
247
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Os grupos III e IV apresentaram uma tendência a deixar a variação porção fora da
conformidade. Quando se analisa os produtos individualmente é perceptivo que esses bis-
coitos têm formas diferentes o que poderia apresentar uma quantidade de gramas a mais por
unidade, o que levaria a empresa a não padronizar 30 g o produto conforme estabelecido na
conforme estabelecido pela RDC 359. A porção é um dado muito importante para mostrar
as concentrações de cada nutriente em um determinado valor padrão.
Sanches (2020) afirma que a regulamentação da porção serve para definir medias de
alimentação saudável e segura para pessoas maiores de 3 anos de idade, e para facilitar o
uso das medidas caseiras em utensílios domésticos, onde tudo se resume em uma padro-
nização para o preparo da alimentação ou o consumo.
No grupo IV há uma amostra com a declaração de quantidade de glúten. Ela poderia
ser a amostra mais adequada aos parâmetros de declaração da presença do glúten entre
todas as analisadas, mas a empresa não cumpriu com a rdc de porção 30 g, o produto é um
biscoito salgado da marca A, confirmando mais a falta de padronização da marca.
A declaração da quantidade do glúten poderia ser importante para ter a certeza de que
a empresa fabricante tomou todas as medidas cabíveis para não acarretar uma contamina-
ção cruzada em suas produções, confirmando assim que o produto tem uma marca “Sem
glúten” fiel e comprovada sem apresentar riscos nenhum ao consumidor, pois o alimento
antes de ir para os estabelecimentos passariam por análises físico-químicas do conteúdo
de glúten presente.
Um método quantitativo que as industrias poderiam utilizar seria os testes de ELISA
(Enzyme-linked immunosorbent assay) que é um teste baseado em anticorpo através de
reações enzimáticas o que seria o anticorpo detectável, e também o método de R5 ELISA,
método endossado pelo Codex que é utilizado para determinar possíveis contaminações
cruzadas (Soler, 2015; Gaiguer; TOLEDO, 2020).
Os resultados de legibilidade e destaque mostram que a maioria das empresas que
criam as embalagens seguem a legislação corretamente sendo que outras deixam a desejar
nesse parâmetro. A legibilidade serve para que o consumidor entenda as informações já
quando pega o produto em mãos, ela serve para tornar legível os textos e apresentar de
forma clara o objetivo do produto.
O destaque de alérgicos é o requisito que todas empresas deveriam cumprir pois o
consumidor precisa ter a confiança de todas as composições do alimento e saber se o pro-
duto pode ou não conter o glúten. Já os resultados de porção e declaração de alergênicos
apresentaram característica nas embalagens que não cumpre o estabelecido na RDC 26
(BRASIL,2015) e RDC 359 (BRASIL, 2003).
248
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Essas irregularidades não deveriam acontecer, pois esses parâmetros são importan-
tes para o consumidor ter a certeza de que não existe contaminação cruzada de glúten no
alimento. A contaminação cruzada é ocasionada em sua maioria por uma matéria prima que
contém glúten entrar em contato através de produção ou armazenamento com produtos que
não contém glúten, a falta de controle de qualidade desde o plantio até o consumidor final
pode promover esses resultados, gerando assim uma não contribuição ao consumidor final
nos produtos que tem o termo sem glúten, o benefício desse controle pode reforçar a ima-
gem da marca e certificar que através da cadeia produtiva o produto final vai ser realmente
um produto característico sem glúten.
Luiz et al. (2020) encontraram teores elevados de glúten em açúcar demerara, resul-
tados que podem acabar contaminando um produto como é o caso de um biscoito já que o
açúcar demerara também é utilizado na produção.
Quanto a disponibilidade nos mercados o resultado obtido mostra a real falta de opções
de alimentos no supermercado. Nogueira et al. (2020) encontraram resultados semelhantes
com a falta de cumprimento da legislação em suas embalagens de biscoitos e ainda veri-
ficou que os preços de biscoitos sem glúten quando comparados com os com glúten, são
mais elevados por causa das adaptações à falta da farinha de trigo e custo de produção
dentro das indústrias.
CONCLUSÃO
A cada ano que se passa é muito crescente o número de portadores de doença celíaca
no Mundo e no Brasil, e essa estatística incentiva a ampliação das ofertas de produtos qua-
lificados que atendam a esses indivíduos. Nesse sentido, o estudo feito com as embalagens
teve o intuito de investigar como as empresas estão se comportando com essa evolução e se
estão cumprindo corretamente as poucas exigências para um produto sem glúten no mercado
brasileiro. Trinta e oito biscoitos (65% do total avaliado) seguem as variáveis determinadas,
e cumprem com os requisitos da legislação vigente. O que mais se destaca é a ausência de
uma quantidade de glúten nas embalagens o que poderia ser um começo de solução para
melhorar a qualidade e a confiança de um produto certificado sem glúten. A falta de uma
grande quantidade de alimentos e preços mais acessíveis para produtos sem glúten ainda é
a realidade no país, o que influência na diversidade de alimentos consumidos, criando uma
dieta repetitiva, apesar da maioria dos produtos serem favoráveis a legislações vigentes,
pode se dizer que a utilização de métodos quantitativos e controles de qualidades mais in-
tensificados poderiam apresentar possíveis resultados mais promissores que passem uma
confiança certificada para o consumidor.
249
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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252
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
18
Camu-camu post-harvest and
processing technology to maintain
its nutritional qualities and improve
its sensory attributes
10.37885/210605171
ABSTRACT
The high content of ascorbic acid in camu-camu (Myrciaria dubia McVaugh, Myrtaceae)
intensifies the interest of extractivists, farmers and consumers, and leads to the need to
develop technologies suitable for domestic and industrial use of the fruit. However, the
bitter and undesirable taste is an obstacle to the expansion of its consumption. This work
aimed to list several processes used to improve flavor and its conservation. Refrigeration
associated with the modified atmosphere is beneficial for the preservation of the fresh
fruit. To improve flavor, maceration is a traditional process used by native populations of
the Peruvian, Colombian and Brazilian Amazon. Bleaching processes by immersion in
hot water or by direct heating of the fruit without water are used for flavor improvement.
The fruit’s succulence and the high hydro-solubility of anthocyanins and ascorbic acid
indicate that direct fruit bleaching is the most suitable. The sensory profile and accepta-
bility showed that heat treatment is necessary for flavor improvement and for the release
of anthocyanins from the skin and its incorporation into the pulp, since the pulps had an
intense red color, pleasant flavor and reduced astringency and of bitterness.
254
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUCTION
Besides being the main natural source of ascorbic acid and minerals, other components
of interest in camu-camu are anthocyanins, phenolic compounds, flavonoids and carotenoids.
Thus, as a natural source of vitamin C and antioxidants, camu-camu stands out as a functional
food. The fresh consumption of camu-camu is restricted due to its high acidity. Camu-camu
from native populations is processed in the form of pulp, and used in the production of juices,
ice cream, sweets, nectars, liqueurs and jellies (Andrade, 1991). Camu-camu is a fruit with
a high concentration of phenolic compounds, ranging from 1.37 (Silva and Andrade, 1997)
to 2.11% (Andrade, 1991), which can be related to the sensory characteristics of bitterness
and astringency of the fruit, thus influencing the flavor of the products. The bitterness and
astringency present in camu-camu require adequate methods at the beginning of proces-
sing to obtain the pulp, so that these characteristics are sensorial less noticeable in the
subsequent processed products (Maeda and Andrade, 2003). Thus, this work aimed to list
several processes used to improve the flavor, to extend postharvest edibility and to expand
the different types of processing.
DEVELOPMENT
Camu-camu (Myrciaria dubia) is a native Amazonian fruit, which has stood out for being
a source of antioxidant compounds such as ascorbic acid, anthocyanins, carotenoids and
phenolic compounds (Chirinos et al., 2010). Its ascorbic acid content can range from 960
to 6,000 mg per 100 g of pulp, with higher amounts than fruits such as acerola, blackberry,
cherry and orange (Albertino et al., 2009; Neves et al., 2017).
Despite all these positive points, fresh consumption of camu-camu is still low, and this
fact is directly associated with its short shelf life. Because camu-camu is a climacteric fruit, it
deteriorates very quickly at room temperature, which is directly linked to the high respiratory
rate, high ethylene production and water loss, common in climacteric fruits (Pareek et al., 2016;
Sanches et al., 2017). Half-ripe (partly red) and ripe (red-purple) camu-camu fruits stored in
modified and unmodified atmospheres showed the positive effect of modified atmosphere
with less loss of water, ascorbic acid and anthocyanins (Silva and Andrade, 1997). Due to
this factor, several techniques have been used to increase its useful life.
The use of refrigeration is an important technique, especially in reducing physiologi-
cal activity and loss of moisture. Furthermore, it is important in reducing the progression of
disease in the host tissue (Chitarra and Chitarra, 2005). Pinto et al. (2018) used different
255
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
temperatures in the storage of camu-camu (5, 10, 15, 20 and 25°C) when at the end of storage
it was possible to verify that the ideal temperature for camu-camu fruits was 5°C, as it was
the most efficient in maintaining post-harvest quality and in controlling the incidence of decay.
Oliveira et al. (2017) combined modified atmosphere techniques with refrigeration, when
camu-camu fruits were placed in polypropylene trays and coated with two different films:
polyvinyl chloride (PVC), 15 μm thick, permeability to O2 and to CO2 of 3162 and 31620 cc m-2
24 h-1 respectively and biaxially oriented polypropylene (BOPP50), 50 μm thick, permeability
to O2 and CO2 of 785 and 2355 cc m-2 24 h-1 respectively, being stored in a cold room at a
temperature of 5±1°C and 90±2% relative humidity (RH) for 25 days. At the end of storage,
the authors reported that adequate packaging avoided the fermentation process, and that the
PVC-coated fruits preserved their appearance and quality for sale until 21 days of storage.
Another technique that has gained prominence over the past few years is the use of
gamma and ultraviolet radiation. These techniques have shown efficiency in prolonging the
shelf life, delaying the ripening and senescence processes without causing changes in flavor
or nutritional quality, and also help in the microbiological quality of the product (Campos and
Vietes, 2011; Alam Khan and Abrahem, 2010).
Sanches et al. (2017) tested different dosages of gamma and ultraviolet radiation in
camu-camu. The fruits were subjected to gamma irradiation at concentrations of 1.0 and 2.0
KGy and UV-C irradiation at 1.0 and 2.0 kJ/m2, and then the fruits were stored at 10°C for
21 days. At the end of storage, the authors found that the highest concentrations of radiation
managed to maintain the quality of the fruits up to 18 days of storage, without compromising
the physicochemical quality of the fruits.
In addition to these techniques mentioned, another widely used is the use of 1-methyl-
cyclopropene (1-MCP), which is an ethylene antagonist and has positive effects for different
climacteric fruits (Blankenship and Dole, 2003). Pinto et al. (2018) treating camu-camu fruits
with 1-MCP; 900 nL L−1; 12 h and then storing at 22°C temperature were able to maintain
postharvest quality for 9 days.
The use of new technologies for the pulping of camu-camu, the use of pre-treatments,
the use of an industrial pulper, new ways to preserve the fruit and obtain a higher pulp yield,
considering whether the harvest is from wild populations in the periodically flooded areas of
the Amazon or if the harvest is on land plantations, they are contributing to the camu-camu
having a growing prospect of exploitation.
The bleaching treatments, normally used to inactivate enzymes related to the browning
of fruits, are not used in camu-camu, because, due to the high content of ascorbic acid and
256
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
the low pH, the pulp does not present enzymatic browning. However, heat treatment is es-
sential to improve the flavor and intensify the color of the pulp, since it inactivates enzymes
and promotes the dissolution and release of the mesocarp (red in color and rich in bioactive
substances), and consequently, the aggregation of the endocarp with the mesocarp, which
form the edible pulp and discard only the seeds and exocarp. Various processes are used as
pre-treatment before pulping, i.e., maceration of the fruit in cold water, bleaching by immersion
in hot water, and bleaching by direct heating without the presence of water (Andrade, 1991).
Traditionally, pulp extraction by natives in Peru, Brazil and Colombia is done by lightly
crushing the fruit, maceration in water for one, or up to three days, followed by manual pres-
sing in a sieve to remove the seed and residue from the skin (epicarp) recovering the pulp
(endocarp and mesocarp together). As the color of the fruit is present only in the mesocarp
(pulp), this process releases the pigments from the mesocarp to the endocarp, making it red
and with a more pleasant flavor (no bitterness). This process increases the pulp yield, as
the mesocarp is dissolved, easily releasing itself from the epicarp (film that constitutes the
residue). The main positive point is that it reduces the bitter and astringent taste, which are
more evident in the mesocarp. For consumption, water and sugar are added to this pulp,
resulting in a pleasant-tasting juice (Andrade, et al, 1995; Zapata & Dufour, 1993).
This thermal treatment is done by direct heating of the fruits, without the use of immersion
in hot water (Waterless Bleaching). The fruits are placed in the containers, and submitted to
direct heating (domestic stove), during which the fruits are turned over. This turning is done
with plastic spatulas to disintegrate the fruits and make heating uniform. During turning, the
fruits are disintegrated, causing the rupture and release of the pulp (mesocarp is released
from the exocarp). The constant stirring and heating, in addition to inactivating the enzymes
and chemical substances responsible for the bitter taste in the pulp, breaks the cells of the
exocarp or peel, which are the cells that contain the anthocyanins. The heating time varies
for about seven minutes after the appearance of boiling bubbles in the pulp. This heating and
turning, causes the release of the tissues of the mesocarp, being released from the thin skin
of the skin. Thus, the pulp has a much more intense coloration, since the pigments present
in the skin are released into the pulp (endocarp). This process is best as a pre-treatment to
obtain the pulp.
Camu-camu has desirable characteristics for the production of liquor (Pinto, 1998; Vieira
et al., 2010), fermented alcoholic beverage (Maeda and Andrade, 2003), non-carbonated
soft drink (Souza, 2005), nectar (Maeda et al., 2006), syrup (Marques, 2006; Marinho et al.,
2009). Its desirable features are: attractive red color, succulence, sharp flavor and excellent
aroma, acid pH, attractive red color and high pulp yield (Andrade, 1991; Andrade et al., 1995;
Caldas, 1996; Silva and Andrade, 1997).
Sugar is used to preserve various fruit products by increasing the osmotic pressure and
creating unfavorable conditions for the development of spoilage microorganisms. Syrup is the
non-carbonated product, composed of water, sugar and fruit pulp or juice, with a minimum
concentration of 52% of sugars (BRASIL, 1998) and is generally used as an ingredient to
prepare juices and other products. The acceptance of the syrup depends exclusively on the
258
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
flavor and color of the fruit. Processing is the main cause of changes in the sensory profile
of the final product when compared to the fresh fruit. The process of obtaining the syrup is
simple, it requires the adequate obtainment of pulp, formulation with incorporation of water,
sugar, citric acid (depending on the raw material), pasteurization and packaging (Marques
et al., 2006). The syrup can be used as a pie filling, ice cream topping, aggregator and fla-
voring for fruit bars, or diluted with water to form the refreshment. Mixing syrups from various
fruits can be made to harmonize flavors, improve color and balance nutritional value.
Marinho et al., (2009) evaluated camu-camu syrup (Myrciaria florimbunda) syrup obtai-
ned from pulp bleached by direct heating. The ripe fruits came from native plants in the riverine
regions of the municipality of Itacoatiara in Amazonas, Brazil. Bleaching was done by direct
heating (for 7 minutes, in a stainless steel pan, without adding water) and with constant stirring
(with a spoon). Then, while still hot, the pulp was made by manual pressing in a sieve, placed
in plastic bags and stored in a freezer. Initially, the sucrose syrup was obtained at 70ºBrix
and boiled for 5 minutes. Camu-camu syrup was obtained by mixing the pulp (800 g) with
the hot syrup (1.5 L). Soluble solids were monitored (refractometer) and adjusted (addition
of more sucrose syrup) having as parameter the Ordinance No. 544 (BRASIL, 1998). After
addition of the pulp, heating was continued for another 10 minutes. The packaging (still hot)
was done in plastic bottles (capacity of 1 liter), and stored at room temperature.
The camu-camu syrup showed a reddish color, homogeneous and viscous consistency,
which is common in syrups with a high concentration of sugar. Uniformity was maintained,
even being stored for a long time (Marinho et al., 2009). Syrup production was also carried
out by Marques (2006), however, using camu-camu (Myrciaria dubia) grown on upland. The
ascorbic acid content of camu-camu syrup (Marinho et al., 2009). was 149.48 mg/100 g of
ascorbic acid, lower than that found (593.75 mg/100g) by Marques (2006). After four months,
the syrup showed 125.69 mg ascorbic acid/100g (loss of 16% in relation to the initial content).
There was no detection of microorganisms (bacteria, molds and yeasts) due to the pH below
4 and the high sugar concentration combined with the heat treatment (Marinho et al., 2009).
For a long time, energy drinks and electrolyte replacement drinks have been used for
people who practice long-term sports. These beverages also provide supplements in the
form of concentrated and easily assimilated nutrients (VARNAM and SUTHERLAND, 1994).
Electrolyte drinks are drinks based on water, mineral salts, vitamins and carbohydrates (6 to
8%), considered ideal for replacing fluids and electrolytes lost in sweat during any physical
activity or pathological conditions. These drinks are called isotonic because they have a
formulation similar to plasma, which facilitates their absorption (Petrus and Farias, 2005).
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
The vitamin C content in camu-camu increases with maturation and reaches 2400 to
3100 mg/100 g of whole pulp (Andrade et al, 1995). Due to its high content of ascorbic acid
and pigments such as anthocyanins, camu-camu can be combined with other fruits to enrich
beverages (Azuelos et al, 2005). In this context, Souza (2005) studied an electrolyte drink
enriched with camu-camu as a source of vitamin C, pigments and natural antioxidants. The
fruits were bleached (immersed in water at ±70 ºC for 7 minutes, in a stainless steel jacket,
with a capacity of 100 liters) and immediately cooled (water bath with ice). The pulps were
obtained in an industrial pulper (Itametal®), conditioned (plastic bags, capacity of 500 g) and
stored in the freezer. The isotonic drink was prepared following the same osmotic pressure as
blood (290 to 330 mOsm/L) and dissolved in deionized water (stainless steel, capacity for 10
liters, constant agitation until the substances dissolve). For the formulation, substances (grade
p.a.) NaCl, KH2PO4 and Na2PO4 were used as sources of sodium, potassium and chloride,
respectively. After homogenization, pasteurization (85 ºC), packaging (plastic bottles, capacity
500 mL), closing and cooling, the bottles were kept in the refrigerator (±7 ºC). To maintain
the same concentration, the amount of these substances was variable as a function of the
proportion of pulp added, that is, the amount of these electrolytes from the pulp.
Due to the presence of anthocyanins and the acidic pH (ideal range for drinks) the
refreshing drink had an attractive red color. The degree of sweetness showed acceptable
palatability for the tasters. With sodium and potassium electrolytes within the established
limit for this type of drink, ascorbic acid (±137.6 mg/100 mL), phenolics (288.08 mg/100 mL),
without bitter taste (due to bleaching and mechanic depulping), Souza (2005) concluded that:
the ease of preparation, the pleasant flavor, the attractive red color, the presence of natural
antioxidants and the acceptability demonstrated that camu-camu is suitable for enriching
electrolyte or replacement drinks.
Maeda et al. (2006) studied the ideal formulation of camu-camu nectar. The fruits were
bleached at 70 ºC for two minutes, pulped (stainless steel pulper, 1.5 mm mesh, Itametal®)
and stored at -18 ºC. The pulp was thawed and the nectar was obtained by mixing the pulp,
sugar and water, and then pasteurized at 75 ºC for 5 min. To choose the best formulation,
nine formulations with different concentrations of pulp and sugar were tested. The preferred
formulation was nectar with 17% pulp and 17.5% sugar. Camu-camu nectar proved to be an
attractive product due to its characteristics of color and flavor of the fruit, with good accep-
tability and good nutritional value as a source of natural vitamin C.
The high content of ascorbic acid in camu-camu arouses the interest of extractivists,
farmers and consumers and leads to need for appropriate technologies for production in
260
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
highlands and industrial use of the fruit. Maeda and Andrade (2003) studied the use of camu-
-camu for the production of fermented alcoholic beverages, as well as the effect of bleaching
the fruit and incorporating the skin into the pulp on the nutritional and sensory characteristics
of the beverage. The fruits were separated into four batches, two of which were bleached
(immersion in water at 90 ºC for 7 min). After depulping, the skins of a batch of each treat-
ment (with and without bleaching) were incorporated into the respective pulps and followed
the steps of must correction with sugar, pasteurization, fermentation (25 days), racking,
pasteurization (70 ºC for 15 min), filtering and clarification. Bleaching reduced the ascorbic
acid concentration of the pulps, and on the other hand, the aggregation of the peel increased
the dry matter, ascorbic acid and phenolic contents and the acceptability. The drinks had a
characteristic flavor of the fruit, clarity, red-orange color and pleasant flavor.
Pinto (1998) evaluated the processing of liquor from camu-camu by testing the type
of alcoholic extracting solution (cereal alcohol, sugarcane spirit, vodka) ratio between the
extracting solution and camu-camu (volume/weight), time ( days) of maceration, proportion
between extract and syrup (volume/volume) and monitored by physical-chemical and sensory
analyses. The results showed a reddish colored liquor (characteristic of camu-camu), good
acceptability, and without detection of bitter taste.
Vieira et al. (2010) report that camu-camu is little consumed in natura due to the high
acidity and bitterness of its skin (Maeda and Andrade, 2003), and that is why they proposed
to elaborate a camu-camu liqueur as an alternative for the use of this fruit. They used camu-
-camu fruit (acquired from a company in São Paulo), cereal alcohol and sugar syrup. The
fruits (without the seeds) were macerated together with grain alcohol for seven days, filtered
and added to the syrup, obtaining a liqueur with 33 °Brix and a final alcohol content of 18%.
Sensory analysis (affective test with 47 untrained tasters) using the five-point hedonic scale
to assess color, odor and flavor attributes showed that camu-camu had good characteristics
for liquor processing, with low pH, high content acidity and good acceptability.
CONCLUSION
The bitterness and astringency present in camu-camu require adequate methods applied
to the fresh fruit, at the beginning of processing, before obtaining the pulp, in order to pre-
vent these characteristics, which are sensory perceptible and undesirable in the subsequent
processed products. Thus, this work aimed to list several processes used to improve flavor,
extend postharvest edibility and to diversify the types of processed products. The use of low
temperatures, especially associated with the modified atmosphere, extends the post-harvest
life of the fresh fruit. The heat treatment of the fruit without the addition of water inactivates
unwanted enzymes, frees the mesocarp from the exocarp and promotes its incorporation
261
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
into the pulp. From a sensory/nutritional/functional point of view, the absence of an adequate
initial treatment of the fruit makes the subsequent processes of its industrialization unfeasible
(especially sensory attributes). The succulence and high contents of acidity and ascorbic acid,
the attractive red color and the presence of antioxidants make the camu-camu an excellent
raw material, especially for the production of healthy and tasty drinks.
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21. PINTO, J.R.S. Adequação tecnológica do camu-camu (Myrciaria dubia McVaugh): produção
de licores. 39f. Monografia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 1998.
22. PINTO, P.M.; SPRICIGO, P.C.; DA SILVA, S.R.; SARGENT, S.A.; JACOMINO, A.P. Effect of
1-MCP and low-temperature storage on postharvest conservation of camu-camu. Acta Phy-
siologiae Plantarum, v. 40, n. 12, p. 1-9, 2018.
23. SANCHES, A.G.; DA SILVA, M.B.; MOREIRA, E.G.S.; COSTA, J.M.; CORDEIRO, C.A.M.
Efeitos de diferentes fontes de radiação na fisiologia e vida útil pós-colheita de camu-camu.
Revista de Agricultura Neotropical, v. 4, n. 3, p. 1-8, 2017.
24. SILVA, C.T.C.; ANDRADE, J.S. Post harvest modifications in camu-camu fruit (Myrciaria dubia
McVaugh) in response to stage of maturation and modified atmosphere. Acta Horticulturae, v.
452, p. 23-26, 1997.
25. SOUZA, R.S. Camu-camu (Myrciaria dubia McVaugh): fonte natural de enriquecimento de
bebidas eletrolíticas. 2005. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Farmácia
e Bioquímica) - Centro Universitário Nilton Lins. 2005.
263
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
26. VARNAM, A.H.; SUTHERLAND, J.P. Bebidas: Tecnologia, química y microbiologia. 2ed. Acri-
bia. Zaragoza. 1994.
27. Viera, V.B.; Rodrigues, J.B.; Brasil, C.C.B.; Rosa, C.S. Produção, caracterização e aceitabili-
dade de licor de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) McVaugh). Alimentos e Nutrição, v. 21,
n. 4, p. 519-522. 2010.
28. ZAPATA, S.M.; DUFOUR, J.P. Camu-camu Myrciaria dubia (H.B.K.) McVaugh: chemical com-
position of fruit. Journal Science Food Agriculture, v. 61, p. 349-351, 1993.
264
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
19
Capacitação de manipuladores de
alimentos na perspectiva do programa
nacional de alimentação escolar
10.37885/210805831
RESUMO
Este trabalho propõe desenvolver junto as Escolas da Rede Estadual de Ensino gerencia-
das pela 13ª Gerência Regional de Educação, prática de reaproveitamento de alimentos
oriundos da merenda escolar e na perspectiva do Programa Nacional de Alimentação
Escolar – PNAE oferecendo um curso de capacitação continuada para as manipulado-
ras de alimentos, partindo da necessidade da melhoria de práticas de manuseio correto
no processo de preparação de alimentos, adequação do cardápio escolar, redução de
gastos e de desperdício de alimentos, bem como a caracterização de do produto por
meio de análise físico-química e microbiológica. O trabalho se deu em três etapas: visita
as escolas para aplicação do check list, entrevista com os alunos e coleta do material
para análise no laboratório; análise do material e a promoção do curso de capacitação
para as manipuladoras de alimentos. Verificou-se ainda a percepção dos alunos quanto
à qualidade e aceitação da merenda servida nas escolas, onde em todos o índice de
rejeição é sempre superior permeando a necessidade da adequação do cardápio. Por
fim, observa-se a necessidade da reflexão, análise e discussão de ações que possam
permear de forma eficaz o cumprimento de diretrizes estabelecidas para o fornecimento
de alimentação escolar de qualidade e a implantação de situações de discussões e reo-
rientações de práticas já existentes nas escolas, por meio de um monitoramento técnico
e voltado para a realidade de cada unidade de ensino, bem como para uma aproximação
maior entre ciência, escola e comunidade.
266
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Segundo dados do IBGE (2010), pessoas estão mais atentas à fome no mundo, onde
pouco mais de 16% da população mundial é atingida pelos seus efeitos, como a desnutri-
ção, que atinge cerca de 1/3 das crianças menores de cinco anos e a média de subnutridos
representa 12,5% da população mundial. Porém, os percentuais aumentaram para 23,2%
nos países em desenvolvimento e caíram para 14,9% nas nações desenvolvidas.
Ao se falar em políticas públicas que garantem o direito ao acesso à educação de qua-
lidade aponta-se no caso do estudo aqui apresentado o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) reconhecido como estratégia pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE) para a promoção e a proteção da saúde por meio do desenvolvi-
mento da produção e consumo de alimentos saudáveis dentro e fora do contexto esco-
lar (BRASIL, 2010).
A política de alimentação escolar no Brasil surgiu como um instrumento de tentativa
do estado para a redução da fome das crianças no período escolar. A eficácia e a eficiên-
cia de uma política pública estão diretamente relacionadas à sua formulação e deve seguir
as etapas de diagnóstico (realização de um retrato amplo e detalhado da situação social),
formulação e seleção de programas (definição da natureza dos programas, das questões
sociais prioritárias a enfrentar e do público-alvo a atender), implementação (monitoramento
dos programas) e avaliação (verificar a forma de implementação dos programas e dos re-
sultados e efeitos almejados) (BRASIL,2010).
No caso do Programa Nacional de Alimentação Escolar essas etapas são de responsa-
bilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que é o órgão público
gerenciador deste programa (BRASIL, 2013). A extensão territorial do país e a abrangência
do PNAE podem ser consideradas obstáculos para o monitoramento da execução das ações
nas entidades executoras, podendo acarretar o descumprimento das legislações.
O presente trabalho propôs desenvolver, junto as Escolas da Rede Estadual de Ensino
gerenciadas pela 13ª Gerência Regional de Ensino que compreende as cidades de Pombal,
São Bentinho, Cajazeirinhas, Condado, Vista Serrana, Paulista, Lagoa e São Domingos, prá-
ticas de reaproveitamento de alimentos geradas a partir da distribuição de merenda escolar.
Os procedimentos para a aquisição dos gêneros alimentícios deverão ter por base as
Leis nº. 11.947 de 16 de junho de 2009, Lei nº.8.666/93 e da Resolução/CD/FNDE Nº 26
de 17 de junho de 2013, que tratam de contrato, licitação e normatização da execução dos
recursos do PNAE, entre outros. Assim, deve ser constituída, no âmbito de cada unidade
de ensino, uma Comissão Permanente de Licitação com a finalidade de operacionalizar o
processo de aquisição dos gêneros alimentícios, com a aprovação do Conselho Escolar,
que tem o papel de contabilizar e fiscalizar os gastos (BRASIL, 2017).
267
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A necessidade de trabalhar o referido tema em estudo se dá pelo interesse da melho-
ria de práticas para o uso do manuseio correto no processo de preparação dos alimentos,
adequação do cardápio escolar a realidade das escolas, redução de gastos e de desperdício
e uma melhoria contínua provocada através da capacitação dos (as) manipuladores (as) de
alimentos, utilizando-se de boas práticas de fabricação em todas as etapas de processamen-
to, além de caracterizar o produto final por meio de análise física e química como também
microbiológica visando assegurar a qualidade higiênico-sanitária para os consumidores finais.
MÉTODO
Com o intuito de atender as demandas e a temática, este projeto envolveu uma equipe
executora de caráter multidisciplinar, composta por docentes, técnicos laboratoriais e discente
do Programa de Pós-graduação em Sistemas Agroindustriais (CCTA/UFCG).
A metodologia desenvolvida foi constituída de etapas sequenciadas a fim de alcançar
todos os objetivos traçados. As atividades foram desenvolvidas com a participação efetiva
e interativa através de aulas teóricas explicativas, palestras e minicursos a fim de incentivar
e mostrar as vantagens das práticas colocadas nessas ações ao público alvo em questão,
aproximando assim à comunidade acadêmica a comunidade local.
Foram confeccionados materiais didáticos (cartilhas ou apostilas), para que os mani-
puladores de alimentos possam rever sempre que necessário tudo que foi trabalhado pelo
projeto desde processos de sanitização, etapas de produção e processamento de alimentos,
formas de armazenamentos e embalagem.
Após as etapas teóricas, a produção foi acompanhada pela equipe executora e periodi-
camente serão realizadas análises físico-químicas e microbiológicas para verificar a evolução
da qualidade dos produtos finais que chegará a mesa dos consumidores em potencial.
Nas palestras e minicursos estarão expostas a importância, a viabilidade e as vanta-
gens da produção de alimentos por reaproveitamento, como também, as etapas de limpeza
e processamento e armazenamento, suprindo dessa forma os objetivos propostos.
Este estudo tratou-se a princípio de uma pesquisa exploratória, onde segundo GIL (2008)
, permite proporcionar uma maior familiaridade com o problema. Pode envolver levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. Geralmente a
pesquisa exploratória assume a forma de pesquisa bibliográfica e de estudo de caso.
Sendo assim, e partir do levantamento de fontes feitas em livros, documentos orienta-
dores, sites de pesquisas cientificas como o Scientific Eletronic Library Online Brasil (Scielo),
principalmente em documentos publicados entre os anos 2000 e 2017, pode-se também
caracterizar essa pesquisa como uma pesquisa de levantamento bibliográfico que como trata
268
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
GIL 2008, é desenvolvida com base em material já elaborado, constituída principalmente
de livros e artigos científicos.
Foram selecionados os materiais que tinham mais proximidade com a temática em
questão, utilizando de alguns critérios como os períodos de publicação, as palavras- chaves:
PNAE, políticas públicas, alimentação escolar, merenda, alimentação saudável, entre outras.
Partindo desse entendimento e após as leituras e pesquisas, realizou-se a elaboração
de um check-list, de acordo com as legislações vigentes, para posterior avaliação das condi-
ções higiênicos-sanitários das instalações das escolas pesquisadas, montagem do caderno
de receitas e da oficina sobre Boas Práticas e Reaproveitamento de Alimentos.
O presente trabalho teve como público alvo os estudantes matriculados na 1ª série
do Ensino Médio e os (as) manipuladores de alimentos das escolas: Escola Estadual de
Ensino Fundamental e Médio Arruda Câmara, Escola Estadual de Ensino Médio João da
Mata, Escola Estadual Cidadã Integral Monsenhor Vicente Freitas, localizadas na cidade de
Pombal; Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Deputado Levi Olímpio, locali-
zada na cidade de São Bentinho; Escola Estadual Maria Soledade de Assis, Cajazeirinhas;
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Trajano Pires, localizada na cidade de
Condado; Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Manuel Medeiros, na cidade
de Vista Serrana; Escola Estadual de Ensino Médio Francisco de Sá Cavalcante, na ci-
dade de Paulista; Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Frei Bruno e Escola
Estadual de Ensino Médio Monsenhor Valeriano, ambas localizada na cidade de Lagos;
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Cícero Severo Lopes, localizada
na cidade de São Domingos.
Foram realizadas visitas as escolas investigadas para a aplicação do check-list com as
merendeiras e com os (as) estudantes, onde após um levantamento prévio da quantidade de
estudantes matriculados nas escolas, delimitou-se a aplicação e investigação dos estudantes
regularmente matriculados na 1ª (primeira) série do Ensino Médio, pois os mesmos tendem
a ter uma vida escola na instituição a qual estão inseridos de no mínimo 03 (três) anos.
Além dos dados escritos por meio de questionários também formam coletados amostras
de frango e de arroz de todas as escolas, estes dois alimentos foram escolhidos por serem os
mais presentes no cardápio escolar e por suas características sensoriais e nutricionais. A co-
leta do arroz e do frango ocorreram em dois momentos, sendo o primeiro antes da oficina
sobre boas práticas de manipulação de alimentos e após a realização da mesma, com a
finalidade de identificar se os conhecimentos adquiridos durante o estudo foram colocados
em prática pelas merendeiras.
As amostras foram produzidas pelas merendeiras em suas respectivas escolas, aci-
ma citadas, e após coleta dos mesmos, as amostras formam levadas até o Laboratório de
269
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Microbiologia de Alimentos, localizado no Centro Vocacional Tecnológico (CVT), este sendo
um bloco anexo da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Pombal,
onde foram realizadas as análises microbiológicas que serão apresentadas posteriormente.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
272
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Qualidade microbiológica do arroz e do frango coletados
273
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
alimentar em diversos países, inclusive no Brasil (GOMES et al., 2011), estando dessa forma
fora dos padrões preconizados pela legislação vigente.
274
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 4. Formulações elaboradas a partir de resíduos alimentícios.
Produtos
Parâmetros
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
0,05 ±
Acidez 0,35 ± 0,01 0,32 ± 0,04 0,26 ± 0,01 0,05 ± 0,01 0,31 ± 0,03 0,14 ± 0,01 0,04 ± 0,01 0,10 ± 0,02 0,22 ± 0,01
0,0
22,97 ±
Sólidos Solúveis 10,30 ± 0,0 0,67 ± 0,15 0,67 ± 0,21 5,97 ± 0,25 4,20 ± 0,28 1,80 ± 0,28 4,10 ± 0,42 6,85 ± 0,07 3,23 ± 0,40
0,51
91,41 ± 37,17 ± 27,09 ± 43,76 ± 87,51 ± 62,76 ± 83,90 ± 94,76 ± 33,47 ± 41,65 ±
Umidade (%)
0,42 1,81 1,54 3,01 5,00 0,33 1,14 0,44 0,85 3,22
0,71
Cinzas (%) 0,10 ± 0,06 1,63 ± 0,32 0,78 ± 0,03 1,03 ± 0,10 1,15 ± 0,02 1,04 ± 0,04 1,59 ± 0,01 0,03 ± 0,01 1,48 ± 0,01
± 0,0
0,06 ± 0,14 ±
Proteínas (%) 0,39 ± 0,08 0,62 ± 0,37 2,70 ± 0,50 0,18 ± 0,03 0,10 ± 0,06 0,19 ± 0,10 0,11 ± 0,06 0,14 ± 0,15
0,0 0,0
26,20 ± 18,20 ± 12,88 ±
Lipídios (%) - 5,08 ± 0,43 6,85 ± 0,16 5,59 ± 0,80 - 5,78 ± 1,44 7,83 ± 6,12
10,37 4,22 0,40
11,61 ± 14,32 ±
Fibra Bruta (%) - 7,44 ± 1,19 5,18 ± 0,66 4,05 ± 0,64 4,39 ± 3,72 - 6,64 ± 3,39 6,40 ± 2,07
1,01 1,67
Vitamina C 0,48 ± 0,04 - - - - - - 0,37 ± 0,04 - -
pH 3,77 ± 0,29 5,89 ± 0,08 5,42 ± 0,14 6,41 ± 0,07 5,78 ± 0,13 6,01 ± 0,02 6,42 ± 0,11 5,01 ± 0,05 4,86 ± 0,08 6,51 ± 0,16
19,83 ± 66,35 ±
Ratio - - - - - -
16,87 11,37
Fonte: Santos, 2017.
De acordo com o relatório produzido por Santos (2017), o parâmetro de acidez revelou
teores superiores para as amostras P1, P2 e P5, com respectivamente 0,35; 0,32 e 0,31.
Pode-se atribuir uma maior acidez na primeira amostra devido a presença do suco de limão,
rico em ácido cítrico. Já os menores teores foram reportados em P7, com 0,04; P4 com 0,05
e P10 com 0,05. A baixa acidez na amostra P7 pode ser atribuída a sua composição que
275
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
envolve apenas cascas de leguminosas, como a beterraba e a cenoura, que naturalmente
não possuem caráter ácido.
Silva et al. (2014) ao elaborar um doce em massa da casca do maracujá, obtiveram
acidez de 8,12. Já Pintanela et al. (2012), ao analisar teores de acidez titulável em doces
com casca de aspargo, encontraram como resultado de pH valores médios de 2,34, superior
a todos os valores encontrados na pesquisa.
Quanto ao teor de sólidos solúveis totais, a amostra P5 se destacou com um teor de
22,97, bastante alto quando comparado ao menor valor de 0,67 obtidos por P2 e P3. Os só-
lidos solúveis mais altos para essa amostra se devem ao fato de se tratar de um doce de
coco, sendo os sólidos solúveis elevados um fator determinante para garantir a consistência
ideal para o produto final.
Sólidos solúveis semelhantes ao maior valor encontrado foram reportados por Almeida
et al. (2012) produzindo licor a partir da casca da tangerina, obtendo valor médio de 23,49.
Sousa et al. (2014) obteve valor de SST de 18,81 em farinha do resíduo da tangerina.
As amostras P8 e P1 obtiveram teores de umidade altíssimos, respectivamente 94,76
e 91, 41, ambas as amostras são de suco, um produto totalmente líquido, o que faz com que
a umidade desses produtos seja tão grande. Já a amostra P3 apresentou a menor umidade
(27,09) dentre todas, como se trata de um produto seco (farofa de casca de batata) a umi-
dade baixa é determinante para a estabilidade e manutenção das características do produto.
Silva et al. (2017) produzindo uma farinha da casca do jamelão obteve um percentual
de umidade de 10,06, inferiores ao do presente experimento. Enquanto que Novaes et al.
(2015) observou um índice de umidade médio de 10,97 para biscoitos tipo amanteigado
enriquecidos com diferentes farinhas de casca de frutas.
Para o teor de cinzas o maior valor foi observado na amostra P2 (1,73), isso demonstra
que essa amostra possui uma grande quantidade de matéria inorgânica, que pode ser expli-
cado por ser um produto desenvolvido com a casca da batata, um tubérculo que tem sua pare
externa diretamente em contato com o solo fazendo com que possa haver uma contaminação
com terra, pedras e areia, que elevam a matéria inorgânica do produto. Em contraposição a
amostra P1 e P2 obtiveram um valor extremamente baixo de 0,03 e 0,10, ambas são sucos,
o que pode explicar a quantidade baixa de cinzas.
Valores de cinzas de 0,76 foram vistos por Novaes et al. (2015) em biscoitos tipo
amanteigado enriquecidos com diferentes farinhas de casca de frutas. Vieira et al. (2017)
encontrou um valor de 1,44 em geleia mista de casca de abacaxi e polpa de pêssego.
As amostras, de forma geral, apresentaram uma baixa quantidade de proteínas, sendo
maior em P2 (0,39) e menor em P1 (0,06), assim podemos pressupor que as cascas dos
frutos não possuem poucas proteínas em sua composição.
276
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Ao avaliarem a composição físico-química de barras de frutas desidratadas com adi-
ção da casca, Brito et al. (2014) observaram um teor de proteínas de 2,40. Enquanto que
Novaes et al. (2015) reportaram o valor médio de 7,06 para esse parâmetro em biscoitos
tipo amanteigado enriquecidos com diferentes farinhas de casca de frutas.
Quanto aos lipídeos, uma maior quantidade pode ser vista na amostra P2 (26,20),
obtida a partir de um produto frito em uma grande quantidade de óleo, que fazem com que
seu percentual lipídico seja elevado. O menor teor de gordura foi reportado em P5 (5,08),
essa baixa quantidade pode ser vantajosa na vida de prateleira do produto, uma vez que
com uma baixa concentração desse composto evitará o processo de oxidação lipídica.
Ao analisarem a composição físico-química de iogurtes enriquecidos com a farinha da
casca da jabuticaba, Pádua et al. (2017) observaram um teor de gordura igual a 2,70. Brito
et al. (2014) obteve um teor de lipídeos inferior de 0,16 em barras de fruta desidratadas com
adição da casca.
As cascas são conhecidas pelo alto teor de fibras, deste modo todas as amostras em
que foram incorporadas tiveram uma grande quantidade de fibra brutas, com destaque para
as amostras P7 (14, 32) e P5 (11,61). A amostra P4, que consiste em um bolo de casca de
banana foi a que apresentou menor teor para esse parâmetro.
Vieira et al. (2017) ao produzirem uma geleia mista de casca de abacaxi e polpa de
pêssego observaram um teor de fibras inferior ao do presente estudo, obtendo 2,83. Já Brito
et al. (2014) relataram fibra bruta de 2,95 no processamento de barras de frutas desidratadas
com adição da casca.
A vitamina C só foi encontrada nas amostras P1 e P8, pois são as únicas amostras
na forma de sucos elaborados com frutas tropicais, respectivamente limão e abacaxi, ricas
nesse tipo de composto vitamínico.
O pH é um dos fatores intrínsecos mais importantes para os produtos alimentícios, uma
vez que está associado a degradação do produto através do de micro-organismos, enzimas
e alterações no sabor e odor do produto. No experimento todas as amostras apresentaram
caráter ácido, com pH abaixo de 7. As amostras P1 e P9 apresentaram pH abaixo de 5,
com respectivamente 3,77 e 4,86. A amostra P10 foi a responsável pelo pH mais alto entre
todos (6,51), o que pode ser associado aos talos de repolho e cenoura, que aumentaram
o pH do produto.
Almeida et al. (2012) encontrou um pH de 4,76 em um licor de casca de tangerina.
Sousa et al. (2014), por sua vez registrou um pH de 3,55 em farinha de acerola.
A relação SST/ATT é um fator, que relaciona os açúcares e ácidos orgânicos presentes
no doce, ela mede a sensação de doçura do produto, quanto mais elevada, maior a sensação
277
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
de doçura do produto. Essa análise só foi aplicada nos sucos, onde verifica-se um maior
percentual para P1 (19,83), que se trata de um suco de limão com casca de melão.
Nas tabelas 06 e 07, encontram-se os resultados das análises microbiológicas do ar-
roz e do frango, respectivamente, após a oficina de capacitação, onde foi dado um período
de 30 dias, para as merendeiras e auxiliares colocarem em práticas as teorias sobre as
condições higiênicos sanitários e assim comparar com os primeiros resultados destes dois
tipos de alimentos.
Pode-se observar que para o grupo de Coliformes tanto para o arroz, quanto para o
frango, os valores encontrados apresentam-se de acordo com a legislação vigente, estando
conformes, assim como nas primeiras análises microbiológicas do frango e do arroz (tabe-
la 6 e tabela 7).
O mesmo foi encontrado para Salmonella e Staphylococcus, apresentando-se ausente
tanto para o arroz quanto para o frango, conforme as tabelas 6 e tabela 7 simultaneamen-
te. Diferente da Escola B, na primeira análise microbiológica antes da capacitação, onde
foi detectado a presença de Salmonella (tabela 5), após a capacitação este grupo não foi
detectado, estando conforme a legislação, assim como, a boa abordagem das condições
higiênicos sanitários na elaboração deste alimento, sendo um resultado bastante positivo
para a pesquisa, quanto para os consumidores.
Todos os alunos afirmaram que a merenda escolar é servida diariamente, fato que vai
de encontro com o que se estabelece na Constituição Federal de 1988 que traz a alimen-
tação como um direito de todos os alunos matriculados na rede pública de ensino, sendo
esse direito garantido por meio de programa suplementar.
Outro ponto central da pesquisa decorre sobre a aceitação do tipo e quantidade de
alimentação que é servida nas escolas investigadas. A tabela 9 aponta esse resultado diante
da percepção dos alunos investigados.
PERCEPÇÃO DA QUALIDADE
ITEM
ótima boa regular ruim
CONSUMO DA MERENDA
ITEM
nunca 1 a 2 vezes 3 a 4 vezes diariamente
Durante a semana, quantas vezes você se alimenta da
00 89 106 247
merenda servida pela escola?
Fonte: da pesquisa, 2017.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. BRASIL Resolução/FNDE/CD/ no. 38 de 16 de julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento
da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Ali-
mentação Escolar - PNAE. Brasília, DF, Diário Oficial da União, 2009.
4. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. Ed: Atlas. São Paulo, 2008.
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de aspargo. In: Congresso De Iniciação Científica Da Universidade Federal De Pelotas, 21.,
2012, Pelotas. Anais eletrônicos. Pelotas, RS, 2012.
282
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
10. SOUTO-MAIOR, J. D.; NOVELLO, Z. Caracterização físico-química e análise sensorial de be-
bida elaborada à base de extrato de arroz e polpa de abacaxi com hortelã. Revista Brasileira
de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.16, n.1, p. 83-91, 2014.
12. WALTER, M.; MARCHEZAN, E.; AVILA, L. A. Arroz: composição e características nutricionais.
Ciência Rural , Santa Maria, v.38, n.4, p.1184-1192, jul, 2008.
283
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
20
Caracterização de licor elaborado
com resíduos do processamento do
maracujá
10.37885/210805745
RESUMO
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de frutas, sendo que o maracujá despon-
ta como um dos mais apreciados para o consumo de mesa e para produção de polpas
e sucos. É um fruto rico em vitaminas, minerais e fibras e sua utilização industrial gera
uma grande quantidade de resíduos como casca e sementes. O licor é uma bebida origi-
nalmente da Itália e vem sendo difundido até os tempos atuais, com diversos modos de
produção, tendo suas principais características relacionadas com técnicas de preparação,
qualidade da matéria-prima e finalidade do produto. Essa bebida é produzida em diversas
regiões do mundo de forma industrial e até mesmo artesanal, agregando valor à produção
e aumentando a renda dos produtores rurais. Neste trabalho propôs-se o aproveitamen-
to dos subprodutos gerados pelas agroindústrias produtoras de polpa de maracujá na
fabricação de licor. Foram realizadas análises da composição centesimal dos resíduos
do maracujá. O licor foi produzido variando o teor alcoólico final de 16, 20 e 24 ºGL, e o
teor de açúcar de 200, 270 e 340 gramas por litro. Também foram realizadas análises
de cor, pH, porcentagem de sólidos solúveis, teor alcoólico, densidade e viscosidade do
licor além de análises sensoriais com resultados positivos em relação à aceitação do
produto com média entre 7 e 8 na escala hedônica (gostei moderadamente/gostei muito)
e intenção de compra onde a maioria afirmaram que certamente comprariam o produto.
285
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
O Brasil é apontado como um dos dez países onde mais se perde e desperdiçam
alimentos no mundo, causando um prejuízo econômico estimado em US$ 940 bilhões por
ano, de acordo com o Arquivo Agência Brasil (Massalli, 2016). Segundo Massalli (2016) a
coordenação de Mudanças Climáticas do World Resources Institute (WRI) Brasil, cita que
“são desperdiçados no Brasil 41 mil toneladas de alimentos anualmente, gerando grandes
impactos econômicos, sociais e ambientais”.
Uma alternativa que vem ganhando destaque nas últimas décadas é o aproveitamento
de resíduos de frutas, principalmente cascas e sementes, como matéria-prima para a formu-
lação de novos produtos, que podem ser incluídos na alimentação humana. Sem sombra de
dúvidas é uma estratégia plausível e concreta uma vez que alguns desses resíduos repre-
sentam importante fonte de matéria-prima para algumas indústrias (OLIVEIRA et al., 2002).
Segundo Carvalho et al. (2015) em todo o território brasileiro é cultivado o maracujá-
-amarelo de fácil adaptação a pequenas propriedades. Essa fruta possui uma polpa de cor
amarela intensa devido a pigmentos carotenoides, que são precursores da vitamina A, apre-
sentando ainda vitaminas do complexo B, vitamina C e minerais.
As cascas são constituídas basicamente por carboidratos, proteínas e pectinas, o que
possibilita o aproveitamento das mesmas para fabricação de doces, geleias e farinha para
utilização em outros produtos, podendo se tornar uma alternativa viável para resolver o pro-
blema da eliminação dos resíduos do processamento do maracujá (OLIVEIRA et al., 2002).
As sementes representam cerca de 6 a 12% do peso total do fruto, sendo ricas em
fibras insolúveis, minerais e lipídeos, com boa quantidade de proteínas, além de possuírem
propriedades vermífugas (CHAU; HUANG, 2004). Podem ser utilizadas para a produção de
óleos comestíveis ou para a indústria de cosméticos (KOBORI; JORGE, 2005). Segundo
Ferrari et al. (2004) a semente de maracujá possui 25,7% de óleo e teor proteico de 15,62%,
sendo também fonte de fibras insolúveis. São consideradas boas fontes de ácidos graxos
essenciais, com predominância de ácido oleico e linoleico. O óleo, de sabor agradável e
odor suave, compara-se ao óleo de algodão em valor nutritivo e digestibilidade.
De acordo com Teixeira et al. (2005), os licores são definidos como uma bebida al-
coólica adocicada, podendo ser aromatizadas com frutas, raízes, sementes, plantas ou
cascas, visando obter uma bebida agradável, e caracterizada pela elevada quantidade de
açúcar e álcool.
Conforme definição da legislação brasileira, o licor é:
Resíduos sólidos
Maracujá
Dentre o grande número de espécies, do gênero Passiflora, o que ganha maior evi-
dência nos pomares, devido à qualidade dos seus frutos, produtividade e rendimento, é a
espécie conhecida como maracujá-amarelo ou azedo, e com nome científico Passiflora
edulis f. flavicarpa (MELETTI; BRÜCKNER, 2001).
O maracujá (Passiflora edulis) é originário da América Tropical sendo um fruto mui-
to cultivado no Brasil. Cerca de 70% da produção nacional de maracujá encontram-se
principalmente nos Estados da Bahia, Ceará, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo
(EMBRAPA, 2020).
O maracujá era considerado como uma fruta de pomar doméstico, até o final da década
de 60, quando seu valor comercial foi descoberto e sua produção aumentou significativa-
mente visto que o Brasil é o maior produtor mundial de maracujá-amarelo, há mais de duas
décadas (MELETTI et al., 2011).
Os frutos do maracujazeiro são ricos em minerais, vitaminas, compostos fenólicos e
carotenoides. A presença de β-caroteno no maracujá-amarelo é responsável pela cor amare-
lada típica da sua polpa. O acúmulo desses componentes é variável e depende, entre muitos
fatores, do estágio de maturação e das condições de armazenamento. Tais compostos são
sintetizados por vias metabólicas durante o desenvolvimento e maturação dos frutos com
diferentes funções bioquímicas e físicas participando em mecanismos de defesa, atratividade
e como antioxidantes (ROTILI et al., 2013).
Resíduos do maracujá
288
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
descartados, acarretando um grande problema para as agroindústrias produtoras de polpa
e sucos (OLIVEIRA et al., 2002; MACHADO et al., 2003).
Nas cascas estão presentes vitamina B3 (niacina), cálcio, ferro e fósforo, componentes
nutricionais muito importantes para o consumo diário humano, mas que, geralmente, são
utilizadas como resíduos para alimentação animal (GONDIM et al., 2005). De acordo com
Paiva (1998) tanto as cascas como as sementes que foram utilizadas na alimentação de
bovinos tiveram resultados positivos em relação à produção de leite e amenizando proble-
mas digestivos dos animais.
Nas sementes são encontrados ácidos graxos essenciais que podem ser usados nas
indústrias alimentícias, como ácido linoleico, ácido linolênico, ácido oleico e ácido palmítico
(LEONEL et al., 2000). Chau e Huang (2004) verificaram que nas sementes são encontrados
em quantidades consideráveis lipídeos, fibras dietéticas insolúveis, proteínas, carboidratos,
cinzas e até mesmo alguns tipos de monossacarídeos.
A casca do maracujá tem sido estudada devido as suas propriedades funcionais, prin-
cipalmente as relacionadas com o teor e tipo de fibras presentes. Ela pode ser utilizada
para o desenvolvimento de novos produtos, como na composição de cereais matinais, no
enriquecimento de produtos alimentícios, principalmente no que se refere ao teor de fibras.
Ainda há a aplicação como ração animal, adubo ou como matéria-prima para a extração da
pectina, que se apresenta em considerável quantidade, principalmente no mesocarpo do
fruto e é utilizada como ingrediente na produção de doces e geleias, além de ser considerada
com grande potencial na redução da diabete (VENTURINI FILHO, 2010).
Licor
289
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Pode ser produzido de maneira artesanal ou industrial, dependendo da escala de pro-
dução, diferenciando suas características com as técnicas de preparação e matéria-prima
utilizada no processo (TEIXEIRA, 2004).
O tempo em que a matéria-prima fica em infusão e sua quantidade, em relação à pro-
porção da solução alcoólica extratora, podem originar licores de sabor e aromas distintos
(COELHO et al., 2007).
O licor pode ser caracterizado pela sua elevada proporção de açúcar diluída em água
e álcool com presença de aromas provindos de plantas, flores, cascas, sementes, raízes,
essências e aromas artificiais (TEIXEIRA, 2004; LIMA, 2010).
METODOLOGIA
Delineamento experimental
1 16 200
2 16 270
3 16 340
4 20 200
5 20 270
6 20 340
7 24 200
8 24 270
9 24 340
Fonte: próprios autores (2019).
Processamento do licor
Foram realizadas as seguintes análises físico-químicas do licor: cor, pH, acidez titulável,
porcentagem de sólidos solúveis, densidade, viscosidade e teor alcoólico.
A análise da cor dos licores foi realizada pela leitura direta de transmitância pelo sistema
de coordenadas retangulares “L*” (luminosidade), “a*” (intensidade de vermelho e verde)
e “b*” (intensidade de amarelo e azul), empregando-se a escala de cor CIEL*a*b*, com
291
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
iluminante D65 e ângulo de observação de 10°, utilizando-se colorímetro Konica Minolta,
modelo Spectrophotometer CM-5 (HUNTERLAB, 2018).
O pH foi determinado por leitura direta das amostras de licor de cada tratamento utili-
zando um potenciômetro digital (marca Metrohm, modelo 826 pH mobile), calibrado antes
de cada análise (IAL, 2008).
Para a determinação da acidez titulável, 10 mL de cada amostra foi misturado a 50 mL
de água destilada, adicionando-se de 2 a 4 gotas da solução de fenolftaleína e realizando a
titulação com solução de hidróxido de sódio 0,1 M, até coloração rósea (IAL, 2008).
O teor de sólidos solúveis totais (SST) foi determinado por leitura direta em refratôme-
tro de bancada. Foi utilizado o Refratômetro Digital DR-A1, ATAGO, sendo os resultados
expressos em ºBrix (IAL, 2008).
A densidade relativa das amostras de licor foi determinada segundo a metodolo-
gia nº 215/IV do Instituto Adolfo Lutz utilizando-se picnômetros de 25 mL calibrados em
relação à massa da água pura a 20 ºC (IAL, 2008), sendo calculada pela fórmula mos-
trada na Equação 1:
A análise sensorial dos licores foi realizada por meio do teste de aceitação, de acordo
com Reis e Minim (2013). Cada amostra foi testada por um grupo de 65 avaliadores não
treinados (maiores de 18 anos), devidamente informados sobre o estudo e que aceitaram
participar do teste de aceitação sensorial, os quais foram instruídos a preencher uma ficha
contendo uma escala hedônica de nove pontos (9 = gostei extremamente, 5 = indiferente,
1 = desgostei extremamente), avaliando as bebidas quanto aos atributos de cor, aroma,
sabor e impressão global (REIS; MINIM, 2013). As notas atribuídas pelos avaliadores foram
292
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
analisadas por meio da análise de variância (ANOVA), com comparação entre as médias
pelo teste de Duncan ao nível de 5% de significância (p ≤ 0,05).
O teste consistiu em apresentar para cada consumidor, aproximadamente 20 mL das
amostras da bebida à temperatura ambiente (25 ºC), codificadas com números de três dígi-
tos. As amostras foram servidas de forma aleatória e monádica, em cabines individuais do
Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos, e acompanhadas de água mineral à tempe-
ratura ambiente, para limpeza do palato entre as avaliações. O teste foi realizado em três
dias, com os mesmos consumidores, devido ao número elevado de tratamentos para serem
avaliados em uma única vez.
No final da análise de aceitação sensorial foi aplicado o teste de intenção de compra
(IAL, 2008 – nº 167/IV), no qual foi avaliado se os consumidores “certamente comprariam o
produto” (5), “possivelmente comprariam o produto” (4), “talvez comprariam ou talvez não
comprariam” (3), “possivelmente não comprariam o produto” (2) e “certamente não compra-
riam o produto” (1).
A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Espírito
Santo quanto aos cuidados éticos com seres humanos e obteve parecer de aprovação de
número 2.310.705.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Resultados da composição centesimal da matéria-prima em base seca (bs) (média ± desvio-padrão).
Análises Resultados
Proteínas (g 100 g–1) 9,17 ± 0,17
Lipídeos (g 100 g ) –1
9,06 ± 0,39
Cinzas (g 100 g–1) 8,97 ± 2,37
Fibra Bruta (g 100 g ) –1
37,52 ± 1,58
Carboidratos totais (g 100 g–1) 35,28 ± 2,50
Fonte: próprios autores (2019).
Os resultados obtidos neste trabalho para proteínas, lipídeos e fibra bruta foram su-
periores aos resultados encontrados por Córdova et al. (2005), porém, os teores de cinzas
ficaram bem próximos. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de os autores terem
utilizado somente a casca do maracujá como resíduo e não a casca juntamente com as
sementes como neste trabalho.
Variações em determinados constituintes são aceitáveis pois dependem principalmente
do estágio de maturação do fruto, tendo em vista que o amadurecimento leva a perda de
umidade, o que acarreta a concentração dos demais constituintes, além de outros fatores
como localização do plantio e condições genéticas das plantas.
O alto teor de cinzas observado no resíduo de maracujá evidencia a presença de ele-
vados teores de elementos minerais. Da mesma forma, o resultado obtido para fibra bruta
confirma que a casca do maracujá é rica em fibras, sugerindo sua utilização na forma de
farinha ou de outros produtos alimentícios para pessoas que necessitam aumentar a ingestão
de fibras em sua dieta.
As análises de pH, acidez titulável, sólidos solúveis, densidade, teor alcoólico e visco-
sidade das amostras de licor estão apresentadas na Tabela 3.
294
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 3. Resultados das análises físico-químicas do licor.
Acidez titulável Sólidos Solúveis Densidade Teor alcoólico Viscosidade
Tratamento pH
(%) (°Brix) (20°C) (%v/v) (cP)
T1 3,80 1,80 24,6 1,0612 18 68,24
De acordo com os resultados mostrados na Tabela 3, não houve grande variação entre
as formulações em relação ao valor de pH e de acidez titulável, pois a quantidade de cascas
e sementes de maracujá utilizada nas infusões foram as mesmas. Supõe-se que essa acidez
é devida ao fato de que no processo de extração, alguns componentes do resíduo do mara-
cujá migraram para a solução hidroalcoólica e dentre esses componentes estão presentes
ácido cítrico, málico, lático e ácido ascórbico entre outros, favorecendo então um produto
final mais ácido. Quando comparado com o trabalho de Teixeira (2004), observou-se que o
pH variou por volta de 4,78, enquanto neste trabalho obteve-se um valor de pH abaixo de
3,9 podendo ser explicado pelo tipo de matéria-prima utilizada (banana) que possui uma
acidez menor que o maracujá. Valor próximo ao encontrado neste estudo também foi obtido
por Passos et al. (2013).
O baixo pH encontrado é um importante fator, pois juntamente com o alto teor alcoólico
das formulações, pode colaborar para a conservação dessa bebida mesmo em temperatura
ambiente, aumentando assim a sua vida de prateleira.
Em relação aos sólidos solúveis era esperado a variação entre os tratamentos devido às
diferentes concentrações de açúcar na composição dos diferentes licores. Nos tratamentos
1, 2 e 3 foram mantidos o teor alcoólico variando a concentração de açúcar de 200, 270 e
340 g/L respectivamente, o mesmo para os tratamentos 4, 5 e 6, e para os tratamentos 7,
8 e 9. Os valores obtidos variaram de 24,6 ºBrix para a formulação 1 até 43,8 ºBrix para a
formulação 9. Teixeira et al. (2007) e Viera et al. (2010) encontraram valores de 27 ºBrix e
33 ºBrix em licores de banana e camu-camu respectivamente. A legislação permite extensa
faixa de utilização de açúcar em licores, sendo que os valores encontrados estão dentro da
legislação, que preconiza valores superiores a 30 g/L, exceto para os tratamentos T1, T2 e T4.
A graduação alcoólica de todas as formulações, variou entre 18 ºGL e 28 °GL, como o
esperado, estando de acordo com o preconizado pela legislação (BRASIL, 2009). As bebidas
295
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
apresentaram uma grande quantidade de açúcar, adicionada na etapa de preparo do xarope
para as formulações dos licores. Devido a este fato, observou-se um valor relativamente
alto de densidade e de viscosidade dos licores em relação a valores conhecidos como o da
água pura, principalmente quando se observa os tratamentos T3, T6 e T9 onde foi adicio-
nado um volume maior de xarope (340 g de açúcar/L) apresentando os maiores valores de
densidade e viscosidade quando comparados com os demais tratamentos, para os mesmos
teores alcoólicos.
Os valores obtidos pela análise do teor alcoólico de cada amostra foram próximos aos
calculados anteriormente, na etapa de preparação do xarope e formulação de cada licor.
Houve uma pequena variação entre o valor obtido e o esperado, podendo ser ocasionado
por algum erro de leitura, ou de diluição durante o preparo pelo manipulador, ou mesmo va-
riação no instrumento de medição, mas pode-se observar uma constância que se esperava
entre os tratamentos 1, 2 e 3 onde não variou seu teor alcoólico, assim como nas amostras
4, 5 e 6 e 7, 8 e 9. A proposta desta pesquisa foi manter os teores alcoólicos nesses grupos
de tratamentos citados, variando apenas os teores de açúcar.
Os resultados da cor instrumental das bebidas estão expressos na Tabela 4. Como
pode-se observar os valores de luminosidade (L*) entre todos os tratamentos foram bem
próximos, indicando não haver uma variação perceptível na intensidade de absorção de luz
entre as amostras. Os valores da coordenada a* (vermelho/verde) por serem valores baixos
e próximos a zero não possuem muita influência na coloração do licor, enquanto os valores
de b* positivos (valor médio de + 21,42) indicam uma forte tendência à cor amarela, que
em conjunto com a luminosidade confere uma cor característica e atrativa ao licor, uma vez
que foi produzido com cascas de maracujá amarelo, remetendo então a cor natural do fruto.
Coordenadas de cor
Tratamentos
L* a* b*
T1 85,34 1,14 20,50
T2 87,34 0,78 20,41
T3 86,22 0,78 20,91
T4 84,82 1,01 20,40
T5 84,71 0,93 21,31
T6 87,06 0,56 21,49
T7 83,15 0,57 21,32
T8 84,94 0,35 22,64
T9 86,54 0,33 23,80
Fonte: próprios autores (2019).
296
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Teste de aceitação sensorial dos licores
Tabela 5. Média das notas de aceitação dos licores, para cada atributo sensorial.
Para os atributos sabor e impressão global, os tratamentos que obtiveram maior acei-
tação foram aqueles onde o teor de açúcar foi mais elevado e com menor teor alcoólico,
onde as médias de aceitação variaram entre 7,2 a 7,6 ficando na escala hedônica entre
gostei moderadamente e gostei muito. Resultado semelhante foi encontrado no trabalho de
Teixeira et al. (2007) para licores de banana, sendo que o licor com 18 ºGL e 35% de açúcar
obteve maior aceitação sensorial por parte dos consumidores. Nesse mesmo raciocínio, o
tratamento T7 obteve as menores médias em comparação aos outros tratamentos, por apre-
sentar o maior teor alcoólico (24 °GL) e menor teor de açúcar (200 g/L) em sua formulação.
297
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Segundo Penha et al. (2006) há uma tendência em se diminuir o teor alcoólico dos
licores, sendo que o mais comum é que haja preferência por licores cujo teor alcoólico seja
inferior a 25% em volume. A maioria dos licores industriais de frutas possui um teor alcoólico,
declarado em rótulo, entre 18 e 25% (TEIXEIRA et al., 2007).
Entretanto, no geral todas as amostras de licor foram bem aceitas em relação aos atri-
butos sensoriais analisados, sendo que as menores médias das notas da escala hedônica
ficaram entre 6 e 7 (gostei ligeiramente/gostei moderadamente).
Para o quesito intensão de compra, o licor foi mostrado para os participantes já en-
vasado em uma garrafa de vidro com etiqueta (Figura 1) sugerindo um produto final pronto
para a comercialização. Os provadores além de provar os noves tratamentos, receberam a
garrafa do licor no último dia de análise, para observarem as características do produto final
e assim avaliar sua intenção de compra.
298
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 2. Gráfico indicando a intenção de compra do licor.
CONCLUSÃO
299
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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302
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
21
Caracterização físico-químicas de
suco de uva concentrado disponíveis
no Mercado de Fernandópolis (SP)
10.37885/210705510
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi determinar os parâmetros físico-químicos (pH, acidez total
titulável e sólidos solúveis totais) e da avaliação de compostos fenólicos e de antocia-
ninas em suco de uva concentrado disponíveis no mercado local de Fernandópolis-SP.
Neste trabalho de revisão bibliográfica, a composição e a estabilidade de antocianinas
em suco de uva foram estudadas. Aspectos referentes à influência das diversas etapas
do processamento na degradação das antocianinas foram abordados. Além da com-
posição inicial da matéria-prima, a composição de antocianinas no suco é influenciada
por diversos fatores, tais como pH, temperatura e presença de luz e oxigênio durante o
processamento. Por ser a matéria-prima para a produção de vinhos e sucos, é impor-
tante conhecer os teores de compostos fenólicos e de antocianinas das uvas, pois estes
podem influenciar a qualidade dos produtos finais.
304
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
– Concord: é uma uva muito conhecida nos Estados Unidos. Além da produção do
suco, ela é muito utilizada para a produção de vinho de mesa. Tem maturação pre-
coce, com teor de açúcar no mosto varia entre 14° e 16° Brix, e a sua acidez é con-
siderada relativamente baixa. Por manter as características de uva fresca duran-
te seu processamento, é considerado o suco mais procurado pelos consumidores
(CAMARGO; MAIA, 2010).
– Isabel: conhecida como Americana, Uva Manga e Nacional. Isabel é a cultivar que
participa em torno de 45% do total de uvas produzidas no Vale dos Vinhedos, da
região vinícola da Serra Gaúcha. Entre as variedades, Isabel apresenta alto poten-
cial de açúcar na baga, podendo variar de acordo com a safra, entre 15° e 19° Brix
e o seu teor de acidez é semelhante à variedade Concord (RIZZON; MENEGUZZO,
2007).
– Bordô: seu nome real é Ives, mas também é conhecida como Folha de Figo. Por
apresentar resistência a doenças fúngicas e boa produtividade, vem sendo uma cul-
tivar com ótima aceitação pelos produtores. Dessa forma, altos teores de corantes,
vem sendo empregado, pois dessa forma, permite aumentar a intensidade de cor
dos sucos e vinhos que apresentam deficiência nessa característica. O seu teor de
açúcar no mosto varia de 14° a 17° Brix e a acidez é considerada baixa (BADALOT-
TI, 2011). 305
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Entre as frutas, a uva (Vitis vinifera L.) é uma das grandes fontes de compostos fenó-
licos, onde os principais compostos presentes são as antocianinas, que representa o maior
grupo de corantes naturais. As antocianinas são flavonóides, responsáveis pela coloração
azul, violeta e variados tons de vermelho. Os tipos de compostos fenólicos no suco de uva,
não são na mesma proporcionalidade na fruta (uva fresca). Assim, fazem desses compostos
fenólicos e antocianinas variarem de acordo com a espécie, variedade, maturidade, condições
climáticas, também como determinados tratamentos que a uva e o mosto são aplicados, tais
como tipo de extração, tempo de contato entre o suco, as partículas solidas (casca e semen-
te), tratamentos térmicos e enzimáticos, prensagens, entre outros. O uso de altas temperatu-
ras no processo de extração, pasteurização e estocagem pode gerar perdas na quantidade
de compostos fenólicos, devido à degradação das antocianinas (SHRINKHANDE, 2000).
O período de armazenagem pode gerar mudanças no aroma, cor e sabor do suco,
ações resultantes devido à redução na concentração de antocianinas e formação de pig-
mentos poliméricos. Para ocorrer essas transformações, conta-se com a responsabilidade
de reações de condensação direta antocianinas (TONIETO, 2009). De acordo com BRASIL
(2004), o suco de uva é uma bebida não fermentada e não diluída e apresenta alta quanti-
dade de açúcar, sendo assim, considerado um alimento energético. Devido a presença de
acídos orgânicos, como tartárico e cítrico, lhe confere um pH baixo, ocasionando a garantia
de equilíbrio entre de gostos doce e ácido.
O objetivo deste trabalho foi determinar os parâmetros físico-químicos (pH, acidez total
titulável e sólidos solúveis totais) e da avaliação de compostos fenólicos e de antocianinas
em suco de uva concentrado disponíveis no mercado local de Fernandópolis-SP.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Matéria-prima – Uva
Denominada como a variedade de fruta mais cultivada, ganhando até mesmo da laranja,
a uva é o fruto da viadeira (Vitis sp.), uma planta da família das vitáceas, sendo considerada
como um símbolo essencial para a dieta e cultura mediterrânea (DANI, 2009). No Brasil, com
a chegada de imigrantes italianos, no século XIX, foi o auge da importância econômica da
produção da fruta (GUERRA, 2009). Com milhares de variedades pelo mundo, seu uso pode
ser feito para consumo in natura ou em produção de sucos, néctares, polpas, vinhos e entre
outros. Aproximadamente 80% da uva produzida no mundo são destinadas à fabricação de
vinhos (CAMARGO, 2009).
306
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Suco de uva concentrado
Segundo Rizzon e Meneguzzo (2007), o suco de uva é a bebida não fermentada e não
diluída, por meios tecnológicos, onde obtém parte comestível da uva, extraído por maceração
e em seguida, passando por um tratamento térmico, tendo o cuidado de não esmagar o grão
da uva, por apresentar característica amarga, podendo influênciar no amargor do suco de uva.
Após esse processamento, o suco passa pela pasteurização e engarrafamento, submetendo
a um tratamento térmico, assegurando à sua conservação e a segurança do seu consumo.
Em relação à coloração, o suco pode ser classificado como tinto, rosado e branco; já
o aroma e sabor, devem ser característicos da origem da uva utilizada para o suco. O suco
de uva, segundo a legislação brasileira, pode ser classificado das seguintes formas:
• Suco de uva integral: é o suco sem adição de açúcares, apresentado na sua con-
centração e composição natural.
• Suco de uva concentrado: é o suco parcialmente desidratado, com no mínimo 65°
Brix em sólidos solúveis totais. Um suco onde sua água foi retirada e para a sua
consumação basta adiciona-la. Ele precisa ser preparado para beber.
• Suco de uva desidratado: é o suco apresentado na forma sólida, com teor de
umidade máximo de 3%.
• Suco de uva adoçado: é a designação dada ao suco adicionado de açúcar.
• Suco de uva reprocessado: é o suco obtido pela diluição do concentrado ou desi-
dratado, até sua concentração natural.
• Polpa de fruta: é o produto obtido da parte comestível da uva (Vitis spp) através
de processos tecnológicos com teor mínimo de sólidos totais.
307
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 1. Características físico-químicas de sucos de uvas.
Teores
Componentes
Mínimo Máximo Média
Densidade relativa 20/20°C 1,0556 1,0835 1,0746
°Brix 12,8 18,9 17,1
Açúcares totais (g/L) 118,0 182,0 165,1
Acidez total (g% ácido tartárico) 0,41 1,01 0,71
pH 2,80 3,43 3,08
Cinzas (g/L) 0,90 3,70 2,64
Índice de cor (520nm) 0,268 0,734 0,407
Antocianinas (mg/L) 21,0 380,0 144,3
Dióxido de enxofre total (mg/L) 15,4 143,4 62,1
Potássio (mg/L) 634,0 1519,0 975,0
Sódio (mg/L) 1,4 114,0 13,9
Cálcio (mg/L) 73,0 168,2 105,6
Magnésio (mg/L) 51,5 153,0 80,5
Manganês (mg/L) 0,8 2,8 1,4
Ferro (mg/L) 0,1 15,3 3,2
Cobre (mg/L) 0,3 6,0 1,8
Zinco (mg/L) 0,2 2,2 0,7
Lítio (mg/L) 0,9 11,0 2,4
Fósforo (mg/L) 51,0 116,2 86,1
Fonte: Rizzon, Manfroni e Meneguzzo (1998).
308
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 2. Composição nutricional do suco de uva.
Parâmetros Concentração
Água (%) 81 a 86
Calorias (kcal/L) 700 a 900
Açúcares (g/L) 140 a 180
Minerais (g/L) 1,5 a 3,0
Lipídios (g/L) 1,0 a 2,0
Protídeos (g/L) 2,0 a 3,0
Pectina (g/L) 0,3 a 0,6
Aminoácidos (g/L) 0,6 a 2,0
Inositol (mg/100g) 40 a 50
Tiamina (mg/100g) 50 a 60
Riboflavina (µg/100g) 50 a 60
Niacina (µg/100g) 0,4 a 0,6
Ácido Ascórbico (mg/100g) 0,2 a 4,0
Fonte: Rizzon e Mielle (2003).
309
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Etapas do processo de elaboração do suco de uva.
Recebimento da uva
310
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 2. Máquina desengaçadeira-esmagadeira para separar a ráquis e esmagar a uva.
Aquecimento da uva
Adição de enzimas
312
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Na produção de suco de uva, as enzimas mais utilizadas são as pectinolíticas ou pec-
tinases que apresentam a capacidade de hidrolisar as pectinas da uva, ou seja, degradam a
ação das substâncias pécticas da uva, agindo favoravelmente na extração e na clarificação
do suco. A pectina é uma substância encontrada em muitas frutas, sendo que na uva está
presente, principalmente, na película. Na uva verde, ela é responsável pela firmeza do grão,
sendo a maior parte insolúvel.
Na maturação da uva, a pectina se transforma em estrutura mais solúvel e uma parte
passa para o mosto, aumentando a viscosidade, e dificultando a extração e a clarifica-
ção. A concentração de pectina no mosto da uva varia de 0,5 a 3,0g/L, dependendo da
cultivar, grau de maturação e método de extração.
Em determinados produtos agroindustriais, como as geleias, a presença da pectina é
vantajosa, pois ela é responsável pela consistência do produto. Contudo, no caso da elabora-
ção do suco de uva, a pectina dificulta a extração do mosto, interferindo em seu rendimento.
A uva contém, naturalmente, enzimas com atividade pectinolítica (corta a ação da pec-
tina). No entanto, geralmente sua presença não é suficiente e a ação muito variável, além de
serem inibidas pelo calor durante a etapa de aquecimento da uva. Por isso, é recomendável
a utilização de enzimas produzidas industrialmente no processo de elaboração de suco de
uva, para facilitar a extração e a clarificação do suco. Essas enzimas estão disponíveis em
estabelecimentos que comercializam produtos enológicos.
A dose de enzima recomendada varia segundo o teor de pectina da uva, a acidez e a
temperatura do mosto. No entanto, a quantidade aplicada é de 2 a 4g/100L de mosto. A apli-
cação é feita diluindo-se a enzima, inicialmente, numa pequena quantidade de água e de-
pois homogeneizando bem em todo o volume. O tempo de contato entre a enzima e a uva
esmagada é relativamente curto, geralmente 1 a 2 horas é o tempo suficiente para hidrolisar
as pectinas e obter um resultado satisfatório. A ação da enzima na hidrólise da pectina é
comprovada por meio de testes de laboratório com etanol ou avaliando a viscosidade do
suco. A adição da enzima é feita no tanque para tratamento enzimático, onde está deposi-
tada a uva esmagada e aquecida.
A temperatura ótima de atuação da enzima industrial varia de 55°C a 60°C, sendo que
o aumento favorece a velocidade de reação, mas acima do valor máximo ocorre o bloqueio
da atividade enzimática. Os sucos obtidos com a utilização de enzimas pectolíticas industriais
não apresentam alterações de aroma e sabor, mas geralmente apresentam maior intensidade
de cor e são considerados de qualidade superior (RIZZON; MENEGUZZO, 2007).
313
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Extração do suco de uva
Figura 3. Equipamento (esgotador de calor) para separar o suco da parte sólida da uva.
Nessa etapa do processo, o suco obtido apresenta-se turvo pela presença de partes
da película e sais de potássio em suspensão. A quantidade de sólidos insolúveis é variável,
de 4% a 8%, sendo tanto maior quanto mais drásticos tenham sido os tratamentos aplicados
à uva nas operações anteriores (RIZZON; MENEGUZZO, 2007).
Clarificação
Pasteurização
316
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
uva, o valor mínimo do pH varia de 3,0 a 3,1. Logo, os parâmetros de pasteurização devem
ser determinados para cada caso.
Faz-se uma contagem de micro-organismos do suco em questão, determinando-se
o número de leveduras e bactérias presentes. Pode-se tratar termicamente a amostra em
diferentes temperaturas, mantendo-se fixo o tempo de exposição. Faz-se nova contagem
nos diversos tratamentos e determina-se a menor temperatura necessária para a destruição
de micro-organismos.
É oportuno lembrar que uma pasteurização adequada exige definição precisa da tempe-
ratura mínima necessária para a destruição dos micro-organismos, a qual deve ser suportada
de forma conveniente pelo suco e aplicada com uma precisão de ±1,0°C. A pasteurização e
o envase a quente se caracterizam pelo aquecimento moderado do suco e pelo resfriamento
espontâneo no recipiente utilizado para engarrafamento. Além de esterilizar o suco, o calor
destrói os micro-organismos eventualmente presentes nas tubulações, equipamentos de
enchimento e no interior do recipiente.
Quanto à temperatura do suco para engarrafamento, há autores que indicam valores de
65°C a 68°C, devendo o suco ser enviado diretamente para garrafas pré-aquecidas. As garra-
fas e tampas devem ser previamente esterilizadas com soluções antissépticas ou por lavagem
com água quente acima de 90°C. Devem ser cheias por completo e fechadas ainda quentes.
Uma variante do processo prevê o enchimento a aproximadamente 80°C em garrafas
pré-aquecidas com vapor. Nesse caso, os recipientes são imediatamente fechados numa
máquina tampinhadora de garrafas e enviados a um pasteurizador (Figura 4) para manuten-
ção da temperatura de pasteurização por mais alguns minutos, para que o suco de uva se
encontre em temperatura ambiente no momento da rotulagem. A estrutura da pasteurização
necessita de um trocador de calor (Figura 5) tubular ou de placas, e os sucos devem estar
estabilizados e clarificados antes de serem pasteurizados (RIZZON; MENEGUZZO, 2007).
317
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 4. Equipamento para pasteurização do suco de uva.
Engarrafamento
319
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A presença de depósito de bitartarato de potássio, fragmentos de película ou de se-
mente, embora seja por alguns considerada indicador de genuinidade, não agrega qualidade
ao suco de uva. A presença de teores elevados de ferro e de cobre pode dar origem a tur-
vações. Quanto ao tipo de vasilhame, as garrafas de vidro são largamente utilizadas, tendo
em vista sua aptidão e a preferência do consumidor. A utilização de garrafas novas facilitam
a limpeza e o controle microbiológico. No caso do engarrafamento a quente, o enxágue final
deve ser feito com água quente (75°C a 85°C), de modo que as garrafas cheguem à enva-
sadora (Figura 6) com a temperatura próxima à do suco (RIZZON; MENEGUZZO, 2007).
Dentre os vários sistemas de engarrafamento existentes, deve ser utilizado aquele
que tiver menor contato do suco com o ar, evitando-se as oxidações e eventuais conta-
minações. Deve permitir, também, rapidez no enchimento e ausência de gotejamentos.
Independentemente do sistema de funcionamento, a enchedora deve ser construída de modo
que permita ser lavada e sanitizada de forma adequada (RIZZON; MENEGUZZO, 2007).
Armazenamento
Após o engarrafamento, o suco de uva deve ser conservado em local seco, umidade
relativa de 70% a 75%, com temperatura controlada de 12°C a 15°C, isento de cheiros de-
sagradáveis, especialmente de mofo, ventilado sem incidência de luz solar direta.
Recomenda-se conservar esse produto empilhado com as garrafas deitadas formando
lotes separados pela cultivar, época de elaboração e procedência da uva. Quando for ser
consumido, uma vez aberta a garrafa, recomenda-se conservá-la na geladeira, para evitar o
início do processo fermentativo, fato que além de deteriorar o produto, pode eventualmente,
formar pressão e provocar acidente com o vidro (RIZZON; MENEGUZZO, 2007).
Os compostos fenólicos são substâncias que possuem anel aromático com um ou mais
substituintes hidroxílicos, incorporando seus grupos funcionais. Fonte de variados compos-
tos fenólicos, a uva apresenta na sua composição, os flavonoides (antocianinas, flavanóis
e flavonóis), os ácidos fenólicos e os taninos (LUTHRIA; NATARAJAN, 2009).
As antocianinas (das palavras gregas anthos, flor e kianos, azul), são pigmentos ve-
getais, responsáveis por uma grande variedade de cores observadas em flores, frutos,
algumas folhas, caules e raízes de plantas, que podem variar do vermelho vivo ao viole-
ta/azul. Quimicamente, esses pigmentos são compostos fenólicos pertencentes ao grupo
dos flavonoides, grupo de pigmentos naturais amplamente distribuídos no reino vegetal.
(MALACRIDA; MOTTA, 2005).
320
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Nas indústrias de alimentos, os pigmentos (de antocianinas) são empregadas como
corantes naturais. No entanto, existe uma restrição em relação à sua utilização, já que apre-
senta baixa estabilidade em meio aquoso. Sendo assim, com pH acima de dois, no entanto,
ocasionalmente ocorre modificação durante o processamento dos alimentos, e também
no período de estocagem (armazenamento). Apesar de ser largamente disseminada na
natureza, porém, são poucas àquelas que são utilizadas de fonte comercial (compostos
de antocianinas), portanto, podem apresentar resíduo para fabricação de suco de uva e de
vinho (FALCÃO, 2003). No entanto, no suco de uva é uma importante fonte de compostos
fenólicos, mas a quantidade e a espécie destes compostos não são os mesmos identificados,
ou seja, em virtude da condição da fruta fresca (in natura). As informações e os conteúdos
de compostos fenólicos e de antocianinas, presentes na uva variam de acordo com o cultivo,
a espécie, as variedades, as condições climáticas e a maturidade (SHAHIDI,1995).
No processamento da uva em relação ao suco de uva, acontecem perdas na quanti-
dade total de antocianinas e dessa forma, na sua coloração também, como já mencionado
anteriormente. Este fato deve-se aos tratamentos sofridos, pela uva e pelo mosto durante
o processamento como o aquecimento, a prensagem, a pasteurização e os tratamentos
enzimáticos (MALACRIDA, 2003). Segundo Kirca (2006) as antocianinas (ACYS), além da
uva, são encontradas também em: cenoura preta, milho roxo e rabanete. Na Figura 7, abaixo
representa as estruturas químicas das antocianinas.
321
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Fontes, funções e aplicações das antocianinas em alimentos
Segundo Kong (2003), são encontradas 400 acys diferentes, distribuídas em famílias
de plantas como: Vitaceae (uva), Rosaceae (cereja, ameixa, framboesa, morango, maça,
pêssego, etc), Cruciferae (repolho roxo, rabanete), entre outros. Atua também como filtro de
radiações ultravioletas nas folhas e em certas espécies de plantas associa-se a resistência
aos patógeneos e regulando a fotossíntese (KONG, 2003). Na Tabela 3, abaixo representa
as antocianinas encontradas com frequência em alimentos e suas fontes.
Antocianinas Fonte
Uva, vinho, cereja, jambolão, morango, amora,
Cianidina-3-glicosídio
maçã, azeitona
Cianidina-3,5-diglicosídio Uva, vinho, cereja, figo, marmelo
Peonidina-3-glicosídio Uva, vinho, cereja, jabuticaba.
Malvidina-3-glicosídio Uva, vinho.
Malvidina-3,5-diglicosídio Uva, vinho, feijão, inhame.
Cianidina-3-galactosídio Maçã, cacau.
Cianidina-3p-cumarilsoforosídio-5-glicosídio Repolho roxo.
Pelargonidina-3-soforosídio-5-glicosídio Rabanete
Pelargonidina-3-glicosídio Morango, tamarindo
Delfinidina-3,5-diglicosídio Berinjela, feijão, uva, romã
Delfinidina-3-cafeoilgicosídio-5-glicosídio Berinjela
Petunildina-3-glicosídio Uva, vinho, feijão, mirtilo,laranja
Fonte: Kong (2003).
322
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Fatores que influenciam a cor das antocianinas
A cor desenvolvida pela antocianina sofre influência nas suas características como
os parâmetros (fatores) de pH, de temperatura, de dióxido de enxofre, de ácido ascórbico,
de presença de metais, de enzimas e de açúcares, que não estiverem em estabilidade
(KALLITHRAKA, 2005).
pH
Temperatura
Dióxido de enxofre
Ácido ascórbico
A reação catalisada por íon ferro, na ação do ácido ascórbico, de acordo com a sua
oxidação com produção de peróxido de hidrogênio, ou na estrutura não oxidada, altera a
cor obtida pela antocianina. Mesmo presente na composição do mosto da uva, e tendo sua
323
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
relevância nutritiva sobre tal, possui características prejudicais em relação as antociani-
nas (GUGEL, 2007).
Presença de metais
Enzimas
Açúcares
324
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
cor é alcançado, podem ser analisadas diferenças nesse período, dependendo do tipo de
extração e do uso ou não de preparações enzimáticas (HOFSOMMER, 1995).
MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 8. Garrafa plástica de suco de uva concentrado industrializado (de capacidade volumétrica de 500mL), representando
uma das marcas para a avaliação dos parâmetros físico-químicos.
325
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Equipamentos
Análises físico-químicas
pH
A determinação do pH dos sucos de uva concentrado foi realizada por meio de medida
direta utilizando pHmetro. Para tal, o pHmetro foi calibrado e o seu eletrodo mergulhado no
suco acondicionado em um béquer. Sendo assim, adicionado uma alíquota de 100mL do
suco de uva concentrado, e em seguida foi submergido o eletrodo no líquido (suco de uva).
Segundo Rizzon (2010), a variável do pH do suco de uva varia entre 3,0 e 3,4, que depende
de alguns fatores como: variedade e safra. Na Figura 9, abaixo representa as amostras nos
béqueres das amostras (de suco de uva concentrado), para determinação do pH.
O grau Brix (sólidos solúveis), foi determinado por refratometria (determina a porcen-
tagem de sólidos solúveis contidos no suco de uva concentrado). Para a determinação de
teor de sólidos solúveis, foi utilizado o refratômetro portátil (RIZZON, 2010).
326
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Acidez total
O valor obtido pela determinação da acidez é por 100mL de ácido titulado (RIZZON;
MENEGUZZO, 2007). Procedimento (da realização do experimento): para esta análise é
necessário pipetar 10mL da amostra (de suco de uva concentrado), onde foi adicionado num
balão de erlenmeyer, logo em seguida foi pipetado mais 30mL de água destilada. A titulação
acontece com a solução do hidróxido de sódio 0,1N até atingir o pH 8,3. Assim, a quantia
de NaOH utilizada é multiplicada por 0,075.
Compostos fenólicos
Antocianinas
O método utilizado foi descrito por Ribéreau Gayon (2003), onde as concentrações
das antocianinas foram calculadas pela diferença de pH, pôr as acys serem sensíveis a
mudança de pH do meio. Procedimento (da realização do experimento): prepara-se duas
amostras, cada uma com 1mL do suco de uva concentrado e 1mL de etanol acidificado com
0,1% HCL. Adiciona-se na primeira amostra 10mL de HCL a 2% com pH 0,7 e na segunda,
10mL da solução tampão com pH 3,45. Após 15 minutos, a diferença da absorbância (Δda)
é lida a 520nm. Calcula-se a concentração da antocianina pela equação C = (Δda) x 388.
327
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 4. Limites analíticos estabelecidos pela legislação brasileira para o suco de uva.
pH
Tabela 5. Parâmetro físico-químico dos sucos de uva concentrado de diferentes marcas comerciais, segundo o pH médio
e o desvio-padrão.
328
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Grau Brix (⁰Brix)
Tabela 6. Parâmetro físico-químico dos sucos de uva concentrado de diferentes marcas comerciais, segundo o Grau Brix
(sólidos solúveis) médio e o desvio-padrão.
Acidez total
Tabela 7. Parâmetro físico-químico dos sucos de uva concentrado de diferentes marcas comerciais, segundo a acidez
total média e o desvio-padrão.
De acordo com a legislação brasileira, descreve que o valor da acidez total (g de áci-
do tartárico/100mL de suco), sendo o teor máximo de 0,90g de ácido tartárico/100mL de
suco. Portanto, os valores médios obtidos, neste experimento estão dentro dos parâmetros
preconizados pela legislação brasileira. No caso da Marca B, apresentou maior valor mé-
dio de acidez total, seguida da Marca A e da Marca B, com valores médios de acidez total
329
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
aproximados, ou seja, pequenas alterações nos valores médios para duas marcas de suco
de uva concentrado.
Compostos fenólicos
Tabela 8. Parâmetro físico-químico dos sucos de uva concentrado de diferentes marcas comerciais, segundo os compostos
fenólicos médios e o desvio-padrão.
De acordo com a literatura descrita neste capítulo, pode-se observar que os compos-
tos fenólicos, estão dentro dos padrões recomendados, conforme os parâmetros de alguns
autores já citados neste trabalho. Conforme descrito por Riberéau-Gayon et al. (2003), os
compostos fenólicos são de extrema importância para o estudo da enologia, por estarem
relacionados sob o ponto de vista da avaliação da qualidade (de sucos e vinhos), nas prin-
cipais características organolépticas presentes de cor e de adstringência. No caso, quanto
mais intensa a coloração da uva, maior conteúdo de compostos fenólicos e maior atividade
antioxidante presente nos produtos derivados da uva, como já comentado na revisão biblio-
gráfica deste capítulo.
Antocianinas
330
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
em relação a legislação brasileira, não possuem dados oficiais, para serem comparados
com os valores médios de antocianinas obtidas neste estudo realizado.
Segundo Malacrida e Motta (2005), relatam que as concentrações de antocianinas com
maiores valores, indicam maior teor de matéria corante presente. O conteúdo de antocianinas
nas uvas podem variar entre 30mg/L a 750mg/L, dependendo das espécies, da variedade,
da maturidade e dentre outros.
Tabela 9. Parâmetro físico-químico dos sucos de uva concentrado de diferentes marcas comerciais, segundo as antocianinas
médias e o desvio-padrão.
Tabela 10. Parâmetros físico-químicos dos sucos de uva concentrado de diferentes marcas comerciais, segundo os valores
médios e o desvio padrão.
Marcas Desvio padrão (varia-
Parâmetros físico-químicos Padrão*
A B C ção)
pH 3,40 3,25 3,12 0,10 - 0,05 -
⁰Brix (sólidos solúveis) 14,4 14,6 14,3 0,55 - 0,15 14,00
Acidez total (g/100mL) 0,70 0,81 0,68 0,12 - 0,02 0,90
Compostos fenólicos (mg/L) 62,4 63,7 59,5 2,85 - 0,95 -
Antocianinas (mg/L) 227,3 210,7 169,6 35,90 - 5,19 -
*Ministério da Agricultura, Instrução Normativa nº 01, 07/01/2000.
Fonte: Autores (2015). Médias ± desvio-padrão.
Como pode ser observado, a discussão dos parâmetros físico-químicos dos sucos de
uva concentrado de três marcas comerciais, estão discutidos ao longo do subitem resultados
e discussão. Dentre outras observações pertinentes, estarão no subitem conclusão.
CONCLUSÃO
• As três marcas de suco de uva analisadas encontram-se dentro dos padrões esta-
belecidos pela legislação brasileira em vigor.
• Apresentaram valores médios elevados de teores de antocianinas, porém, dentro
do limite de variação de 30-750mg/L de antocianinas, conforme o estudo de alguns
autores descrito neste capítulo.
331
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
• Já em relação, a variação de compostos fenólicos e de antocianinas estão rela-
cionados com a cor, ou seja, estão condicionados com a concentração porcentual
destes compostos presentes.
• Vale ressaltar, que a estabilidade do suco de uva, está relacionado com o pH (aci-
dez) e dentre outros parâmetros como: temperatura, maturidade (ponto de colhei-
ta), variedade e cultivar.
REFERÊNCIAS
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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33. TONIETO, J. Regiões de produção. In: Guerra et al. Conhecendo o essencial de sobre uvas
e vinhos. (EMBRAPA UVA E VINHO). Doc. N. 48. Bento Gonçalves - RS, 2009.
334
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
22
Cerveja artesanal: matérias-primas,
processamento, fermentação e
desenvolvimento tecnológico de
fabricação
10.37885/210605172
RESUMO
O presente trabalho faz uma breve revisão bibliográfica, sobre a produção de cerveja
artesanal, onde é descrito pela legislação brasileira, conforme a Lei nº 8.918/1994, com
seu Decreto nº 6.871/2009, conceitua cerveja como: “bebida obtida pela fermentação
alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada ou extrato de malte e água
potável, por ação de leveduras, com adição de lúpulo ou extrato de lúpulo”. O país ainda
não possui legislação que regulamente especificamente as cervejas artesanais, espe-
ciais ou premium. Nesta revisão bibliográfica, foi apresentado o segmento da produção
da cerveja artesanal, a partir das matérias-primas, do processamento, da fermentação,
e do desenvolvimento tecnológico de fabricação da bebida artesanal. Após análises de
pesquisas científicas e documental foi possível verificar, que a partir de alguns autores
citado neste trabalho, pode-se relatar que a determinação do cálculo do teor alcoó-
lico se combinou em dois indicadores da densidade original e final da bebida: OG e
FG. OG (Original Gravity) ou Densidade original é um indicador que mede a relação
da densidade do mosto em comparação com a densidade da água. A diferença entre
a OG e a FG corresponde à quantidade de açúcar consumida na fermentação e, conse-
quentemente, determina o teor alcoólico produzido, de acordo com a pesquisa descritas
(referência bibliográfica). De acordo com o relato do primeiro autor pesquisado, pode-se
concluir que a cerveja artesanal do tipo Pale Ale, apresentou teor alcoólico de 2,6%,
intensidade de amargor de 33 IBU, turbidez de 195 NTU, acidez total de 229,84 mg/L e
pH de 3,65. Apesar do teor alcoólico estar dentro das especificações determinadas pela
legislação brasileira, ficou abaixo do esperado para uma cerveja Pale Ale. Já em relação
ao segundo autor pesquisado, foi concluído que o produto final apresentou em 3,40°GL,
7,80°P, 69% de GRF, 115 KJ 100 mL–1 de valor energético, 21,5 B.U. para o amargor,
pH de 4,46 e cor de 7,13 E.B.C. Com relação aos minerais, apresentou (mg L–1): 58,4
para magnésio, 21,2 para o sódio, 412,5 para potássio, 0,06 para ferro, 0,23 para cobre
e 0,04 para zinco. O índice de aceitabilidade global foi de 92%, estando todos os demais
atributos avaliados (cor, sabor, aroma, aparência) com índice acima de 70%.
336
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para fabricar cerveja, necessita-se basicamente de: água (meio de reações enzimáticas
do malte e fonte de minerais), malte (principal fonte de carboidratos, proteínas etc.), adjuntos
(opcional que contribui com teor de carboidratos), lúpulo (composto de amargor) e levedura
(agente fermentador) (ALCARDE; REGITANO-D’ARCE; SPOTO, 2020).
Água
A água para produção de cerveja deve ser livre de impurezas, filtrada, sem cloro, sabor
e cheiro, inócua, livre de contaminações, para servir de nutriente para as leveduras fermen-
tativas (REBELLO, 2009; VIEIRA, 2009). Quanto a sua dureza, a água com elevado teor de
sulfato de cálcio (dureza permanente) está associada a cervejas amargas e para a cerveja
Pilsen necessita de água mole para a sua produção, isto é, pobre em cálcio e magnésio
(VENTURINI FILHO, 2010).
Em volume, a água é o principal constituinte do produto, ultrapassando os 92% do total,
e para cada litro de cerveja produzida são utilizados em média 12 litros de água em todo o
processo de fabricação. Recentemente, a tecnologia possibilita o uso de água com teores
de pureza e minerais ajustados à produção de cerveja (ANDRADE; MEGA; NEVES, 2011).
Morado (2009) cita que os recursos tecnológicos permitem “calibrar” as propriedades da
água conforme as necessidades e a formulação, podendo acentuar sabores maltados e de
amargor pela alta concentração de sais de cálcio, magnésio e sulfato.
O controle do pH da água é fundamental, pois um pH alcalino poderá ocasionar a
dissolução de materiais existentes no malte e nas cascas dos cereais, indesejáveis no
processamento da bebida. O ideal é que se tenha um pH ácido, o que facilita a atividade
338
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
enzimática do grão do cereal, com consequente aumento no rendimento de maltose e maior
teor alcoólico (AMBEV, 2011 apud OLIVEIRA, 2011).
De maneira geral, pode-se caracterizar a água ideal para fabricação de cerveja por: pH
entre 6,5 e 7,0; menos de 100 mg L–1 de carbonato de cálcio ou magnésio; traços de mag-
nésio, de preferência na forma de sulfatos; de 250 a 500 mg L–1 de sulfato de cálcio; de 200
a 300 mg L–1 de cloreto de sódio; e menos de 1 mg L–1 de ferro (AQUARONE et al, 1983).
Malte
339
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Malte em Grãos.
340
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Lúpulo
O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma trepadeira perene, cujas flores fêmeas apresentam
grande quantidade de resinas amargas e óleos essenciais, os quais conferem à cerveja o
sabor amargo e o aroma que caracterizam a bebida. Pode-se dizer que é o tempero da cer-
veja e é um dos principais elementos que os mestres cervejeiros dispõem para diferenciar
suas cervejas das demais (Figura 3). A quantidade e o tipo (variedade) de lúpulo utilizado é
um segredo guardado a sete chaves pelos cervejeiros (REINOLD, 1997).
O lúpulo utilizado na cerveja corresponde à flor feminina da planta dióica perene de-
nominada Humulus Lupulus, ou aos seus derivados (e.g. pellets e extratos de lúpulo). Esta
planta trepadeira é oriunda das regiões subtropicais da Europa e da Ásia. As flores asseme-
lham-se a pequenas pinhas cujas brácteas de cor verde encerram no seu interior a glândula
lupulínica (FERNANDES, 2015).
Trata-se de uma cultura dos climas frios do hemisfério norte, sendo os países do nor-
te europeu e os Estados Unidos os grandes produtores. No Brasil não existem condições
climáticas adequadas à produção de lúpulo, e todo o suprimento nacional é importados da
Europa e Estados Unidos. A forma mais comum de utilização do lúpulo é em pellets, que nada
mais são que pequenas pelotas obtidas a partir da prensagem das flores (REINOLD, 1997).
341
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Fermento
342
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Esquema 1 – Processo de transformação de açúcares em etanol e CO2.
Leveduras
Adjuntos
Podem ser genericamente definidos como produtos ou matérias que fornecem carboi-
dratos para o mosto cervejeiro, desde que permitidos por lei. Normalmente são produtos
do beneficiamento de cereais ou de outros vegetais ricos em carboidrato. Os cereais mais
comumente utilizados na produção de adjunto cervejeiro são: milho, arroz, cevada, trigo e
sorgo (VENTURINI FILHO, 2010). Entretanto, para Reinold (1997) e Venturini Filho (2005)
mencionados por Farias D’ Avila, Luvielmo, Mendonça e Jantzen (2012), referem-se a ad-
juntos como sendo produtos que contêm carboidratos não malteados. São empregados
principalmente por razões econômicas – apresentam menor custo na produção de extrato
em relação ao malte (...). As cervejas utilizam adjunto em sua composição são mais leves
e refrescantes – saciam menos, apresentam normalmente cor mais clara e maior brilho
(VENTURINI FILHO, 2010).
343
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Processamento da cerveja
344
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 5. Fluxograma básico do processo produção de cerveja.
345
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
de todo o excesso de proteína desnaturada na fervura, por meio de um tempo de repouso
em torno de meia hora (MORADO, 2009).
O processo de fermentação é iniciado após a inoculação da levedura, com o mosto
já devidamente resfriado e aerado. Nessa etapa, ocorre a liberação de CO2 e calor nessa
fase do processo (SANTOS, 2008). Após a retirada do fermento, acontece o abaixamento
de temperatura no tanque iniciando assim a fase de maturação, de no mínimo 72 horas.
Ocorrem importantes reações físico-químicas de transformação do aspecto visual da bebida
além da produção de aromas e sabores característicos. Essa etapa é considerada por muitos
cervejeiros como a fase de “afinamento” de “acabamento” da cerveja (MORADO, 2009). Tão
logo a cerveja esteja pronta; acontece o envase e rotulagem do produto. A indústria ainda
faz a filtração do líquido antes de enviar para a linha de envase.
Legislação brasileira
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após análises de pesquisas bibliográfica e documental foi possível verificar, que a partir
de alguns estudos, vale ressaltar de acordo com a pesquisa desenvolvida por Toledo, Silveira
e Capuci (2018), que para realizar o cálculo do teor alcoólico combinou-se dois indicado-
res da densidade original e final da bebida: OG e FG. OG (Original Gravity) ou Densidade
original é um indicador que mede a relação da densidade do mosto em comparação com a
densidade da água. No caso da cerveja, indica a quantidade de substâncias fermentáveis
e não fermentáveis contidas no mosto (MORADO, 2009). FG (Final Gravity) ou Densidade
Final, é a razão da densidade da cerveja em relação à densidade da água ao final da fabri-
cação. A diferença entre a OG e a FG corresponde à quantidade de açúcar consumida na
fermentação e, consequentemente, determina o teor alcoólico produzido (MORADO, 2009).
De maneira geral, as cervejas são classificadas de acordo com seu teor alcoólico;
sendo as que tiverem mais que 0,5 até 2% de álcool são denominadas cervejas de baixo
teor alcoólico. As cervejas de médio teor alcoólico são as que possuem entre 2 e 4,5% de
álcool em sua formulação e as cervejas de alto teor alcoólico possuem mais que 4,5% de
álcool (BRASIL, 2009). Sendo assim, a cerveja produzida se enquadra na classificação de
médio teor alcoólico (TORZETTO, 2017).
CONCLUSÃO
De acordo com a conclusão do estudo realizado por Toledo, Silveira e Capuci (2018), o
trabalho produziu cerveja artesanal do tipo Pale Ale, com teor alcoólico de 2,6%, intensidade
de amargor de 33 IBU, turbidez de 195 NTU, acidez total de 229,84 mg/L e pH de 3,65. Apesar
do teor alcoólico estar dentro das especificações determinadas pela legislação brasileira,
ficou abaixo do esperado para uma cerveja Pale Ale. Isto pode ter acontecido durante a
fervura a mosto, na qual, provavelmente, não houve evaporação de líquido suficiente para
se atingir a densidade (OG) desejada. Dessa forma, a densidade após a fervura foi menor
que a espera e em consequência o teor alcoólico também não atingiu o valor pretendido.
348
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Já o estudo desenvolvido por Torzetto (2017), teve como conclusão, que o produto final
apresentou em 3,40 °GL, 7,80 °P, 69% de GRF, 115 KJ 100 mL–1 de valor energético, 21,5
B.U. para o amargor, pH de 4,46 e cor de 7,13 E.B.C. Com relação aos minerais, apresentou
(mg L–1): 58,4 para magnésio, 21,2 para o sódio, 412,5 para potássio, 0,06 para ferro, 0,23
para cobre e 0,04 para zinco. E o índice de aceitabilidade global foi de 92%, estando todos
os demais atributos avaliados (cor, sabor, aroma, aparência) com índice acima de 70%.
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351
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
23
Classificação de tomates utilizando
redes neurais artificiais
Adilson Gonzaga
EESC - USP
10.37885/210805897
RESUMO
353
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
354
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O objetivo do presente trabalho é combinar técnicas de visão computacional e de re-
des neurais artificiais a fim de produzir uma classificação de tomates que se assemelhe à
classificação realizada por um grupo de cinco avaliadoras (consumidoras comuns).
MÉTODO
Neste estudo, foram utilizados 102 tomates do tipo salada. Todos foram etiquetados
com um número de identificação. Este lote foi apresentado a cinco avaliadoras (de forma
individual e em momentos diferentes). Cada uma foi instruída para fazer a separação dos
tomates com base no tamanho, colocando-os em dois grupos rotulados como “graúdo” e
“não-graúdo”. Para cada avaliadora, o resultado do agrupamento foi registrado numa ficha
indicando o rótulo dado a cada tomate. O mesmo procedimento foi repetido em relação à
cor, modificando-se, apenas, os rótulos para “vermelho” (sem qualquer mancha verde) e
“verde” (contendo qualquer mancha verde).
A partir das dez fichas de avaliação, contabilizou-se a quantidade de indicações que
cada tomate recebeu para pertencer a cada um dos quatro grupos (graúdo, não-graúdo,
vermelho, verde), com a finalidade de produzir uma tabela com a identificação e o par de
rótulos de cada tomate. As informações nesta tabela são utilizadas nas fases de treinamento
e teste da rede neural definida para o sistema.
Equipamentos
As 102 imagens foram obtidas usando-se uma câmera Logitech QuickCam Express
ajustada para resolução de 320x240 pixels. Cada imagem foi salva em um arquivo que utiliza
o número identificador do tomate como parte de seu nome. Para a obtenção das imagens
foi construída uma câmara de iluminação difusa a fim de reduzir ao máximo as reflexões
especulares sobre o tomate. Obter boas imagens facilita a fase de segmentação das ima-
gens. Na construção da câmara foram usadas uma semiesfera de isopor para servir como
envoltório, um pedaço de cartolina branca para servir de fundo para a imagem e um pote
de plástico branco translúcido para envolver uma lâmpada de luz branca de temperatura
de cor de 5500K. Para sustentar a amostra foi usado um cilindro de plástico transparente,
semelhante aos dosadores de xarope. Na Figura 1 são mostrados o exterior e o interior
da câmara difusa.
A plataforma de hardware e software utilizada foi um Notebook de nível intermediário
executando o Linux. O Software de desenvolvimento para a fase de processamento de
imagens e redes neurais foi o Matlab com seus respectivos pacotes de processamento de
imagens de redes neurais artificiais.
355
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Extração de Características
Figura 1. A câmara de iluminação difusa. Vista externa e interna onde se destacam o envoltório da lâmpada (A), o fundo
em cartolina (B) e o suporte plástico (C).
(Eq.1)
(Eq.2)
(Eq.3)
Dentre as diversas abordagens para segmentar uma imagem, optou-se pela segmen-
tação baseada em histograma através do algoritmo de Otsu (OTSU, 1979). Para aplicá-lo foi
necessário converter a imagem colorida para níveis de cinza. O limiar obtido automaticamente
pelo algoritmo permite a conversão da imagem de níveis de cinza em uma imagem biná-
ria. No entanto, devido a utilização de um fundo claro na obtenção das imagens, a imagem
356
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
binária resultante coloca o tomate com valores zero (0) e o fundo com valores um (1). Como
o intuito da binarização é criar uma máscara de segmentação, torna-se necessário inverter
esses valores através de uma operação de complementação.
Com a máscara pronta, basta multiplicá-la pela imagem colorida para que a imagem
resultante contenha uma única região com valores diferentes de zero, ou seja, o tomate.
Essa multiplicação é feita individualmente em cada canal R, G e B.
O passo seguinte é transferir a região do tomate para um vetor, no qual só haverá pixels
do tomate, o que também é feito por canal R,G, e B. O isolamento dos pixels do tomate em
vetores permite que sejam feitos cálculos nas intensidades, sem a preocupação de ocorrer
mistura com os pixels de fundo. A partir deste ponto, os cálculos para obter o pixel médio
de cada canal, bem como as variâncias e as coordenadas cromáticas podem ser realizados
com tranquilidade.
O diâmetro equatorial se obtém diretamente da imagem binária. Para que a medição
corresponda ao valor real do diâmetro do tomate, é preciso fazer a calibração espacial.
Esta é feita obtendo-se a imagem de um objeto de tamanho conhecido, daí é feita a sua
medição em pixels e determina-se a razão pixels/centímetros, a qual é usada para converter
os diâmetros das imagens de tomates em seu comprimento real. A Figura 2 apresenta um
fluxograma que resume todas as tarefas descritas acima.
Início 2 2
Calcular as coordenadas
2 cromáticas r, g e b
357
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Rede Neural Artificial
RESULTADOS E DISCUSSÃO
358
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 3. Representação gráfica da rede_1 e rede_2.
359
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
correspondente de cada tomate, gerando uma matriz 2x722. Uma matriz 2x72 foi montada
para o “target” correspondendo às classes A, B, C e D propostas originalmente.
O conjunto de teste para a rede_2 foi montado da mesma forma que o conjunto de trei-
namento, usando a saída da rede_1 e o diâmetro equatorial correspondente. Os resultados
da classificação obtiveram 89,7% de acerto.
CONCLUSÃO
Neste trabalho foi observado que há uma necessidade muito grande em se escolher
cuidadosamente as variáveis, uma grande quantidade de variáveis não é garantia de um
bom desempenho da rede. O conjunto de treinamento deve possuir dados bem abrangentes
que cubram todas as faixas de valores que cada classe possa assumir, isto é, o conjunto de
amostras de treinamento deve conter bons representantes de todas as classes.
Embora as redes neurais sejam ideais para trabalhar com as observações qualitativas
dos seres humanos é necessário que se delimite quantitativamente e com um certo grau de
precisão onde termina e onde se inicia uma determinada classe. Ou seja, para que a classi-
ficação de frutos obtenha os melhores resultados, é necessário que se siga os padrões defi-
nidos na área em vez de confiar o treinamento da rede na percepção subjetiva das pessoas.
Para um próximo trabalho propõe-se realizar a classificação utilizando os padrões da
agroindústria com a inclusão de análise de formas e conversão para um outro espaço de
cores com menos distorções, como por exemplo o CIELAB. Propõe-se, também, a classifi-
cação do grau de defeitos do tomate.
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360
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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361
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
24
Composição físico-química, fenólica
e atividade antioxidante do camapu
(Physalis angulata L.) Coletado em
Salvaterra, Marajó, Pará
10.37885/210906016
RESUMO
363
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
As características físicas e químicas dos frutos são de grande importância para a sua
comercialização e manuseio. A aparência externa dos frutos, tais como tamanho, consis-
tência, espessura, forma e coloração da casca são fatores importantes para a aceitabilidade
pelos consumidores (COSTA et al., 2004). Nesse sentido, o gênero Physalis apresenta-se
com elevada expressão econômica baseada, principalmente, na atividade farmacológica
dos seus compostos (SILVA; AGRA, 2005). Em decorrência da importância etnofarmaco-
lógica, algumas espécies do gênero, como a Physalis angulata e Physalis peruviana, têm
despertado interesse da pesquisa científica para a avaliação e quantificação de compostos
fenólicos (ISMAIL; ALAM, 2001).
O camapu (Physalis angulata L.) pertence à família Solanaceae a qual está distribuí-
da ao longo de todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo (KISSMANN; GROTH,
1995). No Brasil, Physalis angulata é conhecido popularmente como “camapu”, “bucho de
rã”, “juá de capote” ou “mata-fome” (FREITAS; RODRIGUES; OSUNA, 2006), e seu suco é
considerado como sedativo depurativo e contra o reumatismo (LORENZI, 2008).
Estudos clínicos e epidemiológicos têm mostrado evidências de que antioxidantes fe-
nólicos de cereais, frutas e vegetais são os principais fatores que contribuem para a baixa e
significativa redução da incidência de doenças crônicas e degenerativas encontradas em po-
pulações cujas dietas se caracterizam por uma elevada ingestão desses alimentos (SHAHIDI,
2008). Poucos estudos foram realizados com base na caracterização dos frutos de camapu.
Não apenas o fruto in natura, mas os extratos obtidos da planta e do fruto da Physalis
vem sendo estudados para aplicação como alternativa para melhorar a qualidade de vida
de pacientes com o Mal de Parkinson. Moniruzzaman et al. (2016) reportam em seus es-
tudos que os extratos de Physalis possuem componentes que protegeram as células neu-
rais de neurotoxinas normalmente utilizadas para gerar um efeito do Mal de Parkinson in
vivo e in vitro.
Nesse sentido, percebe-se que o fruto é bastante promissor e o consumo adequado
pode agir como um alimento funcional ou como planta medicinal na forma de chá e extrato,
incentivando estudos esclarecedores sobre o tema. Além disso, poucas pesquisas foram
realizadas até o momento visando a caracterização dos frutos do camapú encontrado na
região Amazônica e por isso o objetivo desse trabalho foi fazer a caracterização físico-quí-
mica, quantificar os compostos fenolicos e avaliar a atividade antioxidante dos frutos de
Physalis angulata L.
364
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
MÉTODO
Coleta do material
Este estudo foi realizado com o camapu coletado no município de Salvaterra, Marajó,
Pará. Os frutos colhidos foram, imediatamente, encaminhados aos Laboratórios de Ciências
Naturais e Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado do Pará, campus XIX, onde
foram realizadas as análises físico-químicas, compostos fenólicos totais, flavonoides totais
e atividade antioxidante.
Umidade
Foi determinada pelo método gravimétrico, por secagem da amostra em estufa a 105°C,
até peso constante, de acordo com o método 920.151 da Association of Official Analytical
Chemists (AOAC) (1997).
pH
Foi determinada por neutralização com NaOH 0,1 N, com o auxílio de um pHme-
tro, sendo os resultados expressos em % de Ácido Cítrico da amostra, segundo método
942.15 da AOAC (2002).
Açúcares redutores
365
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Lipídeos
Foi determinado por extração a frio, utilizando: clorofórmio, metanol e água como sol-
ventes, determinados pelo método proposto por Bligh e Dyer (1959).
Sólidos solúveis
Cinzas
Foram preparados três extratos de diferentes solventes (água destilada, metanol P.A.,
solução aquosa de etanol 92,8%) na concentração de 10% (m/v). Para cada extrato foi reali-
zado os seguintes procedimentos: 5g do fruto com casca e sementes foram maceradas em
50 mL do solvente, em seguida cada extrato foi filtrado e acondicionado em frasco âmbar
até o momento das análises de fenólicos totais e flavonoides totais.
366
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Quantificação de flavonoides totais
O teor de flavonoides totais foi determinado seguindo a metodologia descrita por Woisky
e Salantino (1998). De cada extrato foi separado 0,8 mL em um tubo de ensaio, foi adicionado
0,8 mL de solução aquosa de cloreto de alumínio 2% (m/v) e 2,4 mL de metanol. Após 25
minutos, foi realizada a leitura em espectrofotômetro UV-Vis a 413 ηm. A rutina foi utilizada
como padrão, onde obteve-se a equação y = 0,0072x - 0,0077; R2 = 0,9887. As leituras foram
feitas em triplicatas ao abrigo da luz.
Para a análise da atividade antioxidante foram preparados três extratos secos dos
mesmos solventes utilizados na quantificação dos compostos bioativos. Foi macerado 10 g
de polpa com casca e semente de Camapú em 10 mL de solvente, essa mistura foi transfe-
rida para um erlenmeyer e protegido da luz com papel alumínio por um período de 72 horas
para o completo processo de extração. O extrato metanólico e etanólico foram deixados em
temperatura ambiente e o extrato aquoso foi acondicionado sob temperatura de 4 °C. Esse
processo foi repetido 3 vezes, por último foi feita a filtragem e secagem do extrato em estufa
a 35 °C por um período de 48 horas.
Atividade antioxidante
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Parâmetros físico-químicos
Os compostos fenólicos presentes nas frutas e hortaliças são um dos principais res-
ponsáveis pela atividade antioxidante destas. Seu conteúdo final pode ser influenciado por
fatores como a maturação, a espécie, práticas de cultivo, origem geográfica, estádio de
crescimento, condições de colheita e processo de armazenamento (KIM et al., 2003). Foi
encontrado o teor de 63,70 mg EAG/100 g para os frutos de Physalis angulata por Oliveira
et al. (2011) em seu estudo caracterização física, físico-química e potencial tecnológico de
frutos de camapu (Physalis angulata L.), valor este inferior ao encontrado no estudo entre
os três extratos realizados.
A atividade antioxidante para o camapu foi de EC50 9,98 para estrato metanolico, 10,05
para hidroetanolico e 9,26 para extrato aquoso observando diferença significativa entre os
extratos. Por mais que a atividade antioxidante seja um cerne dos compostos fenólicos, a boa
extração desses compostos para a posterior caracterização antioxidante é vital. Percebe-se
que o alto EC50 das amostras reflete ao seu extrato e tratamento, visto que um fracionamento
para a separação de compostos polares a polares aumentaria o seu poder antioxidante.
O metanol apresentou o maior poder extrativo na quantificação dos dois grupos de
compostos. Na determinação de compostos fenólicos totais o extrato metanólico apresentou
concentração de 190,84 mg EAG/100 g de fruto, enquanto que o hidroetanolico apresen-
tou 86,5% desse valor, seguida do aquoso com 83,7%. Na determinação dos flavonoides
a diferença do poder extrativo de ambos os solventes é ainda mais expressiva, o extrato
metanólico apresentou a concentração de 37,28 mg ER/100 g de fruto, e o extrato hidroe-
tanolico apresentou apenas 59,4% desse valor, seguido do aquoso que esse valor reduziu
para 43,8%, possuindo menos da metade da concentração de flavonoides presentes no
extrato metanólico.
369
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1 - Gráfico de scores (A) e scores (B) gerado a partir das variáveis fenóis totais (Fen), flavonoides totais (Fla) e
atividade antioxidante (AA) entre os solventes utilizados (metanol, solução aquosa de etanol e água).
Fonte: Autores.
Na Figura 1 são mostrados os resultados dos gráficos (scores) que revelam a separação
dos extratos em virtude da eficiência de extração dos compostos bioativos estudados. O grá-
fico de score B apresenta que o primeiro componente principal (CP 1) explicou 83,18% e o
segundo (CP 2) explicou 16,82% da variância dos dados. De acordo com a análise de com-
ponentes principais, parte dos compostos se apresentou-se apresentaram no 2º quadrante
(gráfico A) onde está localizado o extrato metanolico (gráfico B), corroborando dessa forma,
que esse extrato obtido com metanol, foi mais eficiente na extração dos compostos.
CONCLUSÃO
370
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
REFERÊNCIAS
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372
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
25
Composição química e valor energético
total de grãos imaturos de linhagens
e cultivares de feijão caupi
10.37885/210805934
RESUMO
374
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Composição Centesimal
Umidade
A umidade foi determinada por gravimetria em estufa a 105ºC, de acordo com AOAC
(2008). Foram pesadas, aproximadamente, 2,5g da amostra homogeneizada, em cadinhos
de porcelana previamente tarados. Depois as amostras foram colocadas em estufa a 105ºC,
por 15h, e por fim em dessecador por 30 minutos. O teor de umidade (%) foi obtido pela
fórmula: Umidade = 100 x N/ P onde: N = n° de gramas de umidade (perda de massa em
g); P = n° de gramas de amostra.
Cinzas
Lipídios
A fração lipídica foi determinada por extração com solvente, em extrator intermitente
de Soxhlet, utilizando-se Éter de Petróleo P. A. como solvente (AOAC, 2008). Pesou-se,
aproximadamente, 2g de cada amostra em papel filme e foram levados para estufa a 105ºC
por 2h. Em seguida foram transferidas para o extrator de lipídeos. O extrator foi acoplado
a um balão previamente tarado a 105°C, e pesado. A extração contínua foi de seis horas,
com temperatura aproximada de 60°C. Após o término da extração, o balão com o resíduo
extraído foi transferido para a estufa a 105°C, durante 24h, e depois foi resfriado em desse-
cador por 30minutos. O teor de lipídeos (%) foi obtido pela fórmula: Lipídeos = 100 x N/ P
onde: N = n° de gramas de lipídeos; P = n° de gramas de amostra.
Proteínas
Carboidratos
O teor de carboidratos foi determinado por diferença dos demais constituintes da com-
posição centesimal (umidade, cinzas, proteínas e lipídios), segundo AOAC (2008).
O valor energético foi calculado segundo Watt; Merril (1963), utilizando os fatores de
conversão de Atwater (carboidratos = 4,0; lipídios = 9,0; proteínas = 4,0).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Composição Centesimal (g/100g) de amostras de feijão-caupi verde e da amostra T (testemunha). Teresina-PI,
2020.
Umidade
AMOSTRA A 7,7233±0,0743 b
AMOSTRA B 8,3067± 0,0743a
AMOSTRA C 6,7667±0,0743c
AMOSTRA T 6,8867 ±0,0743c
Cinzas
AMOSTRA A 3,7600±0,1272a
AMOSTRA B 3,6067±0,1272ab
AMOSTRA C 3,0967±0,1272b
378
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Ingredientes Nutrientes (Média ± DP)
Umidade
Lipídeos
AMOSTRA A 2,9733±0,0321a
AMOSTRA B 2,5633 ±0,0321c
AMOSTRA C 2,8100±0,0321b
AMOSTRA T 2,6600± 0,0321c
Carboidratos
AMOSTRA A 56.1100±0.4632b
AMOSTRA B 55.5867 ±0.4632b
AMOSTRA C 61.2633±0.4632a
CONCLUSÃO
Concluiu-se com o presente trabalho que as três amostras de feijão-caupi verde pos-
suem atributos desejáveis de nutrientes, apresentando, inclusive, maior teor proteico quando
comparado ao feijão comercial.
As linhagens (amostras A e B) apresentaram uma composição centesimal semelhante
a cultivar (amostra C) e a amostra T (vagem roxa THE), apresentando um potencial comer-
cial na forma in natura ou na forma de farinha, para o desenvolvimento de outros produtos.
REFERÊNCIAS
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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382
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
26
Compostos bioativos e capacidade
antioxidante da maca ( Lepidium
meyenii walpers) peruana: uma revisão
bibliográfica
10.37885/210805905
RESUMO
A maca (Lepidium meyenii Walpers) é um vegetal crucífero que possui colorações diversi-
ficadas. Sua ação afrodisíaca estimulou o consumo e comercialização como suplemento,
impulsionando as pesquisas sobre a composição química desse vegetal. Este estudo teve
como objetivo reunir referenciais sobre a maca obtida especificamente no Peru, quanto à
atividade antioxidante e à composição química, especialmente os compostos bioativos.
Pesquisas demostram que a maca peruana apresenta boa capacidade antioxidante e,
dentre os compostos bioativos, possui principalmente compostos fenólicos. Assim, os
resultados deste estudo evidenciam que a maca peruana apresenta vantagens para
além da sua ação afrodisíaca, pois possui compostos bioativos com potenciais efeitos
benéficos à saúde, intensificando o favorecimento do seu consumo.
384
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Figura 1. Maca (Lepidium meyenii Walpers) das variedades amarela, vermelha e preta.
385
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
antioxidante de amostras de maca (Lepidium meyenii Walp) peruana de diferentes colora-
ções a partir do levantamento de artigos científicos.
DESENVOLVIMENTO
Análises Fitoquímicas
Análises Espectrofotométricas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
391
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
que o vegetal foi colhido no Peru e abordam sobre a atividade antioxidante, também foram
considerados nesse estudo.
O levantamento mostrou que, dentre os 237 artigos científicos, em apenas 12 artigos é
mencionada a atividade antioxidante da maca peruana, seja com breve ou longa discussão,
e em 10 artigos o termo aparece como parte do título, mas somente em 7 artigos foi estudada
a maca oriunda do Peru, sendo estes considerados neste trabalho.
Na Tabela 1 são apresentadas as referências dos 5 artigos dentre os selecionados
a partir do levantamento bibliográfico que apresentaram dados referentes a quantificação
para diferentes fenótipos de maca peruana, bem como os métodos de análise emprega-
dos em cada estudo.
Os resultados evidenciam que a atividade antioxidante e a composição fitoquímica da
maca peruana diferem a depender da variedade (coloração) e de sua origem. Wang e Zhu
(2019) destacam que a genética vegetal, o processamento do vegetal e o processo de ex-
tração são os principais fatores que afetam a composição química da maca e seus produtos,
bem como as atividades biológicas e os efeitos na saúde.
A interação genética-ambiental exerce grande influência na composição fitoquímica
e, consequentemente, na atividade antioxidante de plantas e alimentos de origem vegetal,
pois o principal fator que influencia a biossíntese de metabólitos secundários pelas plantas
é genético, podendo haver grande variação para cultivares da mesma espécie (CĂLINOIU;
VODNAR, 2018), e a produção de fitoquímicos é fortemente afetada por diversos fatores
ambientais, de modo que a origem geográfica é um importante fator que afeta a composição
fitoquímica (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).
Mesmo com a variação da capacidade antioxidante e de metabólitos secundários indi-
cada nos estudos, destaca-se que a maca peruana é rica em compostos bioativos antioxidan-
tes, especialmente em compostos fenólicos, aos quais são atribuídas diversas propriedades
potencialmente benéficas à saúde, que podem justificar o uso terapêutico da maca peruana.
392
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 1.Estudos referentes à atividade antioxidante e compostos bioativos fenólicos em maca (Lepidium meyenii W.)
peruana.
Variedade da
Origem da maca Método de Análise Resultados Referência
maca
Espectrofotometria: atividade antio- Concentração inibitória média (IC50): 203 µg mL–1 para TROYA-SANTOS; ALE-BOR-
Preta Carhuamayo - Peru
xidante (ABTS●+ e DPPH●) ABTS●+ e 6,80 µg mL–1 para DPPH. JA; SUÁREZ-CUNZA, 2017
Além de ser consumida como alimento de alto valor nutricional, a maca também é
tradicionalmente utilizada na medicina popular devido a suas atividades biológicas, incluin-
do antioxidante, antimutagênica, imunomoduladora, estrogênica, progestágena (PALMA-
GUTIÉRREZ et al., 2012), antimicrobiana, anticâncer, neuroprotetora, hepatoprotetora, além
da melhoria da saúde da pele, da função do sistema digestivo (WANG; ZHU, 2019) e da
memória, e efeito antidepressivo (LEE; CHANG, 2019).
As propriedades farmacológicas da maca peruana e seus efeitos na saúde são associa-
dos à presença de diversos fitoquímicos de diferentes classes de metabólitos secundários,
como alcaloides, cumarinas, triterpenos, esteroides, compostos fenólicos, taninos, flavonoi-
des e antocianinas (PALMA-GUTIÉRREZ et al., 2012). Esses compostos bioativos possuem
diversas propriedades e potenciais aplicabilidades em diferentes áreas, como farmacêutica
e alimentícia. A Tabela 2 reúne as principais propriedades fisiológicas-funcionais dos com-
postos das classes de metabólitos secundários presentes na maca peruana.
393
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 2.Bioatividades de metabólitos secundários de plantas.
Classe do metabólito
Bioatividades Referência
secundário
Antioxidante, antimicrobiana, anti-inflamatória, antimutagênica, anti-
LUO et al., 2011; BARROS et al.,
Compostos fenólicos tumoral, anticâncer, anti-arterogênica, antitrombótica, vasodilatadora,
2013; KABERA et al., 2014
cardioprotetora, neuroprotetora
Antioxidante, anti-inflamatória, antimutagênica, anticâncer e neuropro- PANCHE; DIWAN; CHANDRA,
Flavonoides
tetora 2016; AHMED et al., 2017
Antioxidante, anti-inflamatória, anticâncer, antidiabética, cardioprote-
Antocianidinas HE; GIUSTI, 2010
tora
CONG-CONG et al., 2017;
Antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana, anticâncer e cardiopro-
Taninos KABERA et al., 2014; SOARES et
tetora
al., 2015
Alcaloides Antimicrobiana, antiparasitária e anticâncer. KNÖLKER, 2017
Antioxidante, anti-inflamatória, anticoagulante, antimicrobiana, antitu- VENUGOPALA; RASHMI; ODHAV,
Cumarinas
moral e neuroprotetora 2013
Triterpenos Anti-inflamatória KASHANI et al., 2012
Esteroides Antioxidante, anti-inflamatória e neuroprotetora LIN et al., 2019
394
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
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399
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
27
Condições higiênicas do processo
fermentivo de empresas produtoras
de cachaça do estado da Paraíba
10.37885/210805925
RESUMO
401
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
402
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As etapas que precedem a fermentação são de vital importância para a boa condução
do processo e a consequente qualidade da cachaça. A filtração do caldo, que promove a
redução de compostos indesejáveis na cachaça é realizada em 96,7% das empresas visi-
tadas, e a decantação em 53,3%.
A diluição do caldo deve ser realizada numa concentração entre 12 e 16 ºBrix, visto que
teores acima de 16 ºBrix podem acarretar fermentações mais lentas e incompletas. A maio-
ria das empresas realiza a correção do mostro para um °Brix entre 15 e 17 (53,3%) e entre
12 e 14 (30,0%). A água utilizada para diluição do caldo é oriunda de poço sem tratamento
(65,5%), poço com tratamento (31,0%) e rede pública (3,4%).
Em relação à estrutura da sala de fermentação, ainda que seja minoria, existem proble-
mas: 3,3% das empresas fermentam em espaço aberto, 10% não têm as paredes revestidas
com material impermeável e 26,7% têm o piso de cimento e sem revestimento cerâmico.
Na Tabela 1 pode-se observar as características da fermentação. O fermento natural é
utilizado em 56,7% das empresas, e 20,0% utilizam o fermento caipira. O fermento selecio-
nado melhora a eficiência da fermentação, é utilizado em 13,3% das empresas paraibanas,
inclusive, a única avaliada que destila em coluna. O fermento prensado (6,7%) e o seco
(3,3%) são utilizados apenas nas empresas que estão atuando no mercado local e estadual
e que destilam em alambique.
Costa (2019) descreve que os engenhos tradicionais preferem o fermento caipira, e
utilizam as leveduras naturais da cana, vindas do campo, algumas empresas utilizam fer-
mento de destilarias, já as empresas modernizadas utilizam fermento selecionado.
Tabela 1. Procedimentos operacionais durante a fermentação em empresas produtoras de cachaça na Paraíba, por
mercado de atuação e sistema de destilação.
Mercado de atuação (%)
L E N PB
Variável
Sistema de destilação (%) (%)
A A C A T
Tipo de fermento utilizado
Selecionado 0,0 33,3 50,0 50,0 18,2 13,3
Prensado 15,4 0,0 0,0 0,0 0,0 6,7
Seco 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 3,3
Natural 53,8 50,0 0,0 100,0 63,6 56,7
Caipira 23,1 16,7 0,0 100,0 18,2 20,0
Tipo de dorna
Dorna de plástico 15,4 16,7 0,0 0,0 0,0 10,0
Dorna de madeira 15,4 0,0 0,0 0,0 0,0 6,7
Dorna de aço inox 15,4 16,7 0,0 100,0 72,7 36,7
Dorna de aço carbono 0,0 16,7 50,0 50,0 18,2 10,0
Dorna de fibra de vidro 46,1 33,3 0,0 0,0 0,0 26,7
403
Dornas de madeira e plástico 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 3,3
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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406
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
28
Conformidade da legislação da
rotulagem de alimentos de macarrão
sem glúten em Umuarama, PR
Larine Kupski
UEM
Juliana Scanavacca
UEM
10.37885/210805914
RESUMO
Introdução: A doença celíaca é caracterizada como uma doença autoimune que ocor-
re devido a ingestão de glúten por indivíduos geneticamente predispostas. Objetivo:
Identificar as irregularidades da rotulagem e informação nutricional de macarrões isentos
de glúten, encontrados nos supermercados e em lojas de produtos naturais de Umuarama,
Paraná, visando analisar a adequação com a legislação. Método: Foi realizado um levan-
tamento na cidade de Umuarama-PR, onde sete supermercados e quatro estabelecimen-
tos de produtos naturais foram visitados, totalizando 11 estabelecimentos. Os dados foram
tabulados por porcentagem simples no Excel. Foram avaliadas as seguintes variáveis:
disponibilidade, variedade, preço e se estavam de acordo com as RDC n° 26/2015, RDC
n° 359/2003, a informação do Codex Alimentarius e a Lei nº 10.674 de 16 de maio de
2003. Foi realizada a Análise de Componentes Principais (ACP) e análise de Cluster para
estabelecer a correlação entre as marcas pesquisadas, os tipos de produtos e as informa-
ções avaliadas dos rótulos. Resultados: As variáveis legibilidade de texto e declaração
de alergênicos possuem alta e significativa correlação entre si (R= 1, p<0,001). A variável
legibilidade de texto apresentou correlação positiva e significativa com a indicação de
destaque para alergênico (R= 0,40, p=0,03). A variável de indicação de destaque para
alergênico apresentou correlação positiva e igual também com a declaração de alergê-
nicos, 0,40 (p=0,03). Também em destaque tem-se a variável RDC n°359 de 2003 que
apresenta correlação positiva com a indicação de destaque para alergênico de 0,47
(p=0,007). Conclusão: Apesar das marcas apresentarem divergências na padronização
dos produtos sem glúten a maioria dos rótulos estão de acordo com as Leis e Resoluções
da ANVISA, que foram apresentados, ou seja, as marcas analisadas em Umuarama-PR
estão preparados para atender as necessidades dos consumidores desta dieta.
408
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
O glúten é uma proteína contida em quase todos os alimentos. Cereais como trigo,
centeio, e cevada, contém em sua composição duas classes de proteínas, conhecidas por
prolaminas e gluteninas, que quando combinadas com água e manipuladas, resultam na
formação do glúten. (OLIVEIRA et al, 2018).
A gliadina é a fração do glúten responsável pelo desencadeamento da doença celíaca
(FARAGE et al., 2017). A doença célica (DC), caracterizada pela intolerância ao glúten, afe-
tando a membrana mucosa do intestino delgado, ocorrendo inflamações na mucosa, surgindo
lesões e causando atrofia nas vilosidades, dificultando a absorção de nutrientes. Os sintomas
da DC são diarreia crônica, vômitos, falta de apetite, distensão e desnutrição (BIANCHINI
et al, 2020; MORAIS et al, 2014). O tratamento da doença celíaca consiste em uma dieta
sem glúten, ou seja, se baseia na exclusão de alimentos que contenham trigo, cevada e
centeio, durante a vida toda. Essa dieta ausente de glúten previne, reduz ou evita vários
problemas de saúde, como o risco de deficiências por falta de nutrientes e reduz a chance
de doenças malignas (BIANCHINI et al, 2020).
Essa doença pode afetar o organismo humano desde a infância, quando se inicia a
ingestão de cereais na alimentação, ou ela é assintomática, ocorrendo a identificação so-
mente na fase adolescente ou adulta por biopsia (RESENDE et al, 2017).
Existem, além da doença celíaca, a alergia ao trigo devido ao tipo de proteína que
contém no trigo, e também, a intolerância ao glúten que é definida como a incapacidade ou
dificuldade de digestão do glúten. A alergia ao trigo é desencadeada devido a proteína que
contém no trigo, ou seja, com a ingestão do trigo o corpo reage contra determinada proteí-
na, gerando sintomas como: urticária, problemas respiratórios, edemas, gastrointestinais,
entre outros. Já a intolerância ao glúten, conhecida também como sensibilidade ao glúten,
consiste na ingestão de alimentos com a presença do glúten, porém ocorre por mecanismo
não imunológico, ou seja, o indivíduo que sofre com a intolerância tem dificuldade em di-
gerir o glúten, causando sintomas como: diarreia, irritação na pele, dor de cabeça, inchaço
abdominal etc. (BRANQUINHO, 2016; LEMES et al 2018).
Segundo Lemes et al. (2018), o indivíduo que sofre dessas doenças deve tomar cuidado
redobrado a consumir alimentos, principalmente industrializados. Assim Araújo et al. (2010)
relatam que alimentos como o café instantâneo, achocolatado em pó, sorvetes, chicletes,
embutidos, iogurtes, sopas desidratadas, molho de tomate, maionese, mostarda, entre outros
são frequentemente adicionados de trigo em sua composição.
A única cura para os celíacos, até agora conhecida, é uma dieta com alimentos sem
glúten, classificados pela regulamentação europeia como aqueles em que não é ultrapas-
sada a concentração de 20 ppm de glúten (FARAGE et al., 2017).Atualmente no Brasil não
409
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
é definida nenhuma quantidade determinada de glúten que pode ser utilizada no alimento,
algumas empresas concordam com o Codex Alimentarius podendo conter 20 ppm detec-
tável. A legislação da Lei nº 10.674, de 16 de maio de 2003 e a RDC 137 de 2003 impôs
que fornecedores de alimentos industrializados exibem, nas embalagens e rótulos, o termo
“contém glúten” ou “não contém glúten” (BRASIL, 2003).
A dieta sem glúten é muito difícil de ser seguida pela população, devido à falta de in-
formação e opção, o custo elevado do alimento, dificuldade na interpretação da embalagem
e falta de conhecimento sobre o assunto (OLIVEIRA et al, 2018).
Segundo a Associação dos Celíacos do Brasil, ACELBRA (2015), o macarrão sem
glúten é muito procurado em mercados por consumidores que sofrem com a doença. Este
alimento é considerado um produto popular no mundo todo, sendo o segundo mais consu-
mido depois do pão. O macarrão é muito consumido pela população que não ingere glúten,
sendo que somente 7,3% não consomem. As empresas cada vez mais criam alimentos
para indivíduos que apresentam a doença celíaca, porém ainda há grande dificuldade de
encontrar opções (NOGUEIRA & PEREIRA, 2018). Há um grande consumo de massas
alimentícias no Brasil, devido a sua praticidade no preparo e estabilidade durante o seu
armazenamento, tendo participação na cesta básica do brasileiro. Porém, existem poucos
produtos sem glúten nos mercados brasileiros, dificultando a dieta dos indivíduos que sofrem
com a doença celíaca, fazendo com que os preparos das refeições dos pacientes celíacos
sejam caseiros, exigindo tempo e dedicação no preparo dos alimentos (KIRINUS; COPETTI;
OLIVEIRA, 2010).
Os rótulos dos alimentos são de grande importância, são eles que ligam o consumidor
com o produto (MACHADO et al., 2006). FEITOZA et al. (2020) afirmam que muitos alimentos
que estão na prateleira apresentam boa qualidade nutricional, porém, ao contrário, muito
desses alimentos não contém um rótulo adequado, faltando informação em suas embalagens.
O estudo teve como objetivo identificar as irregularidades da rotulagem e informação
nutricional de macarrões, encontrados nos supermercados e em lojas de produtos natu-
rais de Umuarama, Paraná, declarados como sem glúten visando analisar a adequação
com a legislação.
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos sete supermercados e quatro lojas de produtos naturais avaliados, foram encontra-
dos em seis supermercados e duas lojas de produtos naturais uma ou mais de uma marca de
macarrão sem glúten, totalizando oito locais de vendas que continham amostras de macar-
rões sem glúten. Foram encontrados uma diversidade de formas de macarrões sem glúten
em seis supermercados. Já nas lojas de produtos naturais, uma delas continham diversas
formas de macarrão e a outra loja apenas uma marca e forma de macarrão sem glúten.
Desses 11 locais visitados foram encontrados no total 31 produtos, de 11 marcas
diferentes, de sete formas: 8 formas de penne, 9 formas de fusilli (parafuso), 6 formas de
espaguete, 4 formas de talharim, 1 forma de padre nosso, 2 formas de macarrão oriental e
1 forma de macarrão harusame, sendo que os macarrões mais encontrados foram: forma
penne, fusilli e espaguete, com isso pode-se afirmar que há opções para os consumidores,
porém essa opção poderia conter mais variedades.
De acordo com a RDC 26/2015 no artigo 7º da ANVISA, caso não haja a certeza de
que houve uma contaminação cruzada deve-se alertar a presença de alergênicos. Neste
trabalho 52% dos macarrões possuíam essa declaração, valor inferior ao encontrado por
411
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
MIRANDA (2016) em levantamento da rotulagem nutricional de alimentos diet, light, sem
glúten e sem lactose (36,2%).
Adicionalmente, a RDC 26/2015 no artigo 8° da ANVISA, adverte que a informação de
alergênicos deve estar após ou abaixo da lista de ingredientes e com características legíveis:
caixa alta, negrito, cor com contraste ao fundo do rótulo, e altura 1 mm no mínimo para em-
balagens menores que 100 cm² ou para embalagens maiores que 100 cm² altura mínima 2
mm e nunca inferior à altura da letra da lista de ingredientes. Com isso, foi observado que os
52% dos macarrões que possuem a declaração de alérgicos obedecem a esses requisitos.
Isso mostra que a indústria se preocupa em seguir corretamente as resoluções, passando
segurança aos consumidores, porem 48% dos macarrões não segue a resolução, oferecendo
riscos aos consumidores ao ingerir esse alimento, afetando o intestino delgado fazendo com
que as vilosidades atrofiem e consequentemente dificultando a absorção dos nutrientes.
De acordo com a Lei 10.674 de 16 de maio de 2003 é obrigatório que as indústrias de
produtos alimentícios tenham em suas embalagens a descrição de “contém glúten” ou “não
contém glúten”. De acordo com a lei referida, todos os alimentos industrializados devem
ter essa informação em seus rótulos e bulas, essas informações devem ser destacadas,
conforme diz a lei. Em um estudo feito por MIRANDA (2016), foi demostrado que 100% dos
produtos analisados estavam com a informação “contém glúten”, resultado diferente encon-
trado neste presente trabalho (87%).
De acordo com o Codex alimentarius (2008), os alimentos considerados livres de
glúten devem conter em sua composição no máximo 20 ppm de glúten, acima deste valor
torna-se um risco aos indivíduos que sofrem da doença célica. Nenhum macarrão contém
em sua embalagem a informação do Codex Alimentarius (2008) sobre ter no máximo 20 ppm
de glúten no alimento, informação extremamente importante, pois através dela é possível
detectar se ocorreu uma contaminação cruzada e qual a quantidade desta contaminação.
Porém, após o ano de 2015 a ANVISA estabeleceu que todos os rótulos devem constatar
a informação de “contém glúten” se tiver alguma possibilidade ou chance de contaminação
cruzada, devido essa tolerância ser muito variável em cada indivíduo (GAIGUER; TOLEDO,
2020). A legislação deixa a critério da Indústria definir se alimento pode ou não ter sido con-
taminado, por isso a importância de ter um Programa de Controle de Alergênicos (PCA) para
garantir um produto de segurança para as pessoas que precisam de alimentos sem glúten.
Foi observado a porção do produto, se está conforme a RDC n° 359/2003, que declara
uma determinada quantidade de porção para calcular seu valor energético e a composição
do alimento. A porção de macarrão estabelecida conforme a resolução é de 80 g, assim,
97% dos produtos atendem esse requisito.
412
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Vale enfatizar que Souza et al. (2011) verificaram se os consumidores procuravam as
informações nutricionais nos produtos, onde 94,6% dos entrevistados afirmaram que cos-
tumam consultar os rótulos antes da compra, o que afirma a importância das informações
estarem corretas.
Constatou que 87% dos produtos analisados declaram corretamente as instruções
sobre sem glúten, segundo os critérios estabelecidos de destaque, nitidez e de fácil leitura
conforme a Lei nº 10.674 de 16 de maio de 2003.
A rotulagem dos alimentos é muito importante, pois ela é um meio de comunicação entre
o consumidor e o produto, ou seja, é indispensável que o consumidor tenha à suas disposi-
ções diversas informações para compreensão do que ele está consumindo, melhorando assim
a escolha do produto adequado e a qualidade de vida do consumidor (MIRANDA, 2016).
Em relação ao preço dos produtos quatro marcas exibiram uma diferença entre as de-
mais, cinco marcas tiveram um valor intermediário e duas tiveram um preço mais acessível,
sendo o valor máximo de R$20,30, valor mínimo de R$3,18 e o valor médio dos produtos
de R$11,74. Uma explicação plausível dessa diferença está associada ao fato que alguns
produtos serem importados, por terem os cuidados para não ocorrer contaminação cruzada
e por utilizarem cereais específicos. Nogueira e Pereira (2018) ressaltam em seus estudos
que 96,4% dos consumidores de produtos sem glúten afirmam ser mais caros que os produ-
tos com glúten, devido a necessidade de utilizarem grãos específicos de cereais e cuidados
minuciosos para que não ocorra contaminação cruzada com o glúten desde a produção até
a embalagem, os tornando mais caros.
Para avaliar a correlação entre as amostras e as variáveis utilizadas no estudo foi rea-
lizada a análise de componentes principais (Figura 1). A componente principal 1 (60%) e a
componente principal 2 (28%) foram responsáveis por 88% da variabilidade dos resultados.
413
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Análise de Componentes principais dos macarrões sem glúten.
415
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Já no Grupo C, as amostras se correlacionam somente com duas variáveis, a RDC
n° 359/2003, que determina uma quantidade de porção para o alimento, e a indicação de
destaque para alérgico, conforme a Lei nº 10.674 de 16 de maio de 2003.
Pode-se notar que as marcas D e I se enquadram em dois grupos (Grupo B e Grupo
C), fazendo com que elas não adotam um padrão na rotulagem, podendo assim confundir
o consumidor, fazendo com que ele não entenda a rotulagem deste alimento, ocorrendo a
perda da confiança do indivíduo com o produto e a marca. Uma outra hipótese a se consi-
derar é o tipo do macarrão, onde a empresa deste produto tenha um padrão específico em
sua rotulagem para cada tipo de macarrão.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Glúten Rápido Você Gostaria de Encontrar com facilidade?. Disponível em: http://www.
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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418
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
29
Conservação da polpa de cubiu
(Solanum sessiliflorum) por métodos
combinados
10.37885/210805734
RESUMO
O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é uma planta herbácea da Amazônia, que perten-
ce à família das solanaceaes, a mesma do tomate e pimentão. O objetivo do presente
trabalho foi estudar a conservação da polpa de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) por
aplicação de métodos combinados durante o armazenamento a temperatura ambiente por
120 dias. A polpa foi submetida aos seguintes tratamentos ou métodos combinados: T1 –
pasteurização, T2 – pasteurização + 200 ppm de metabissulfito, T3 – pasteurização +
500 ppm de benzoato de sódio e T4 – pasteurização + 200 ppm de metabissulfito de
sódio + 500 ppm de benzoato de sódio. A vida útil da polpa de cubiu conservada por
métodos combinados foi realizada através de análises físico-químicas de pH, acidez total,
sólidos solúveis (°Brix) e análises colorimétricas (Cie L*a*b*) a cada 0, 1, 2, 3 e 4 meses
de armazenamento. Os resultados indicaram que as amostras T1, T2 e T4 sofreram
deterioração físico-químico e colorimétrico nos primeiros meses de armazenamento.
Entretanto, a amostra T3, pasteurizada e adicionada de 500 ppm benzoato de sódio,
se manteve estável até os 120 dias de armazenamento, indicando que a combinação
da pasteurização mais a adição do aditivo químico benzoato de sódio (500 ppm) foram
eficientes na conservação da polpa de cubiu.
420
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Atualmente, a busca por produtos saudáveis tem crescido e frutos exóticos estão sen-
do cada vez mais utilizados visando o fator inovação e desenvolvimento de novos produtos
com características funcionais (MATIETTO et al., 2007). Dentre as espécies de hortaliças
conhecidas como não-convencionais nativas da Amazônia, destaca-se o cubiu (Solanum
sessiliflorum Dunal) devido ao seu alto valor nutricional e grande potencial de industrialização,
cuja polpa dos frutos possui elevados teores de niacina (vitamina B3) (MARX et al., 1998),
ferro (SILVA FILHO et al., 2005), compostos fenólicos (ANDRADE JÚNIOR; ANDRADE, 2014)
e alto conteúdo de pectina (fibra solúvel) (FIGUEIREDO, 2015, PIRES et al., 2006). A polpa
de sabor exótico, suculento, agradável e ácido é bastante consumida pelas populações
amazônicas na forma in natura ou utilizada na fabricação de sucos, doces, geléias, sorvetes
e molhos (YUYAMA et al., 2008; SILVA FILHO et al., 1999).
Por outro lado, como toda polpa de fruta a polpa de cubiu é altamente perecível e
apresenta escurecimento enzimático, portanto, existe a necessidade da aplicação de algum
método de conservação, que mantenham o maior número possível das características na-
turais da fruta, tornando seu armazenamento e comercialização viáveis por um período de
tempo superior ao que se conseguiria com o produto in natura (ANDRADE JÚNIOR et al.,
2016; CARVALHO, 2012, YUYAMA, 2008).
Um dos métodos de conservação simples e barato é a tecnologia de obstáculos ou
também conhecido como métodos combinados, que consiste na combinação adequada
de vários parâmetros, obstáculos ou barreiras tais, como: tratamento térmico brando, leve
redução da atividade de água, redução de pH; adição simples ou combinada de agentes
antimicrobianos, obtendo-se alimentos estáveis à temperatura ambiente e com baixos custos
de produção (ALZAMORA et al., 1997; ALEXANDRE et al., 2004).
MATERIAL E MÉTODOS
Matéria-prima
Foram utilizados frutos de cubiu de plantas cultivadas na região de Palmas (TO), co-
lhidos no estado maduro com a casca totalmente amarela. Os frutos foram selecionados
quanto à presença de injúrias mecânicas e sanidade; lavados em água corrente para retirada
de sujidades grosseiras como areia e palha; imersos durante 15 minutos em solução de
hipoclorito de sódio 0,02 %; lavados em água corrente novamente. O descascamento dos
frutos foi realizado por imersão em solução de hidróxido de sódio a 2,5 % à temperatura de
fervura durante 5 minutos, e seguidamente a casca foi removida manualmente por atrito sob
421
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
água corrente (FIGUEIREDO, 2015, CÁCERES et al., 2012). Após este procedimento foi
feita a neutralização dos resíduos do hidróxido de sódio por meio da imersão das metades
em solução de ácido cítrico a 2%, sendo, em seguida, lavados deixando-as escorrer por
alguns minutos (FIGUEIREDO, 2015). Seguidamente, os frutos descascados foram subme-
tidos a cozimento durante 5 minutos para amolecimento da polpa (TRUJILLO; ROMERO,
2012), triturados durante 2 minutos com ajuda de liquidificador industrial e despolpados em
despolpadeira de aço inoxidável com malha de 1,0 mm de diâmetro, tomando-se todos os
cuidados de higiene e sanidade. A polpa foi acondicionada em sacos de plástico e armaze-
nada em temperatura ambiente, até o momento do uso.
422
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
teste de Tukey, quando adequado, ao nível de significância de 5 % de probabilidade (p<0,05),
utilizando o programa Statistica 5.0 for Windows.
Nas polpas de cubiu in natura e as conservadas por métodos combinados foram rea-
lizadas análises de umidade, lipídeos, cinzas, acidez, pH e sólidos solúveis (ºBrix) utilizan-
do-se os métodos do Instituto ADOLFO LUTZ (1985). A colorimetria foi determinada a 25ºC,
usando um colorímetro digital (Minolta CR4000, fonte de luz D65 em espaço de cor L*a*b*
do sistema CIE L*a*b), com calibração com placa branca padrão, seguindo as instruções do
fabricante (KONICA MINOLTA, 2011). Os resultados foram expressos em L*(luminosidade)
que varia de 0 (preto) a 100 (branco); o a* varia de-a*(verde;) a+a* (vermelho) e o b* de-
-b*(azul) a +b*(amarelo).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análises Composição
Umidade (%) 86,01
Lipídeos (%) 0,8 %
Cinzas (%) 9,37
Sólidos solúveis (°Brix) 5,1
Ph 3,35
Acidez total titulável (%) -
423
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Estudo da vida útil da polpa de cubiu conservada por métodos combinados
A vida útil da polpa de cubiu conservada por métodos combinados foi realizada através
de análises físico-químicas de pH, acidez (%) e sólidos solúveis (°Brix) durante 120 dias
de armazenamento.
A Tabela 3 apresenta os resultados das análises físico-químicas da polpa de cubiu
conservada por métodos combinados durante o armazenamento. Através desta tabela ob-
serva-se que as amostras T1, T2 e T4 sofreram deterioro microbiológico e consequente
alteração físico-químico nos primeiros meses de armazenamento. A amostra T3, que foi
pasteurizado e adicionado de 500 ppm de benzoato de sódio, se manteve estável físico-qui-
micamente até os 120 dias de armazenamento, nas condições estudadas, indicando que a
combinação da pasteurização mais a adição do aditivo químico de benzoato de sódio (500
ppm) foram eficientes na conservação da polpa de cubiu.
Da Tabela 3 verifica-se que os valores de pH na amostra T3 variaram de 3,75 a 4,15
não se observando mudanças significativas até os 120 dias de armazenamento. TAVARES
FILHO (2007), estudando a conservação da polpa de cajá por métodos combinados também
observou pequenas mudanças do pH na polpa submetida a pasteurização e adicionado de
benzoato quando armazenada por 90 dias, também no trabalho de FUJITA et al., (2013)
estudando a polpa de cubiu minimamente processado observaram pequenas mudanças
no pH, que segundo os autores pode estar relacionado a alta acidez dessa polpa. Para
acidez (%) e sólidos solúveis (°Brix) na T3 durante o armazenamento se observaram pe-
quenas variações, não sendo variações significativas. Este mesmo comportamento, sem
mudanças significativas, com relação aos sólidos solúveis (°Brix) também foi observado
por ALEXANDRE et al., (2004) estudando a conservação de polpa de açaí conservada por
tecnologia de obstáculos durante 150 dias a temperatura ambiente.
Tabela 3. Análises físico-químicas da polpa de cubiu conservado por métodos combinados durante o armazenamento.
Tempo (dias)
Análises Amostra
0 30 60 90 120
T1 3,57±0,04a - - - -
T2 3,63±0,20a 3,71±0,005b - - -
pH
T3 3,75±0,05a 4,02±0,020a 4,15±0,055a 4,14±0,056a 4,15±0,060a
T4 3,70±0,05a 4,02±0,080a - - -
T1 0,34±0,003a - - - -
T2 0,24±0,002b - - - -
Acidez (%)
T3 0,23±0,003b 0,21±0,005b 0,20±0,004a 0,21±0,004a 0,20±0,002ª
T4 0,22±0,007b - - - -
424
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tempo (dias)
Análises Amostra
0 30 60 90 120
T1 8,4±0,03a - - - -
A Tabela 4 apresenta os resultados das análises colorimétricas (L*, a*, b*) da polpa
de cubiu conservada por métodos combinados durante o armazenamento a temperatura
ambiente. Através desta tabela verifica-se que apenas a amostra T3 manteve-se estável
colorimetricamente durante todo o armazenamento. A luminosidade da amostra T3 variou
de 20,06 a 28,67, havendo variação significativa deste parâmetro no 120° dia, atingindo o
valor máximo de L* de 28, 67. Para o parâmetro a* inicialmente tem-se baixos valores de
a* negativos (levemente verde) até os 60 dias e depois a* positivos (levemente amarelado).
Para o parâmetro b* nota-se que não houve mudança significativa estatisticamente até o 90°
dia de armazenamento, quando depois atinge um valor máximo de 19,03 aos 120 dias, que
segundo FUJITA et al., (2013) pode ser devido a pequenas perdas de umidade na polpa ou
a oxidações dos pigmentos presentes na polpa.
Tabela 4. Análises colorimétricas da polpa de cubiu conservada por métodos combinados durante o armazenamento.
Tempo (dias)
Análises Amostra
0 30 60 90 120
T1 19,2±0,12ab - - - -
T2 18,1±0,16b 23,01±0,12ª - - -
L*
T3 20,92±0,44a 20,06±0,37b 20,06±0,37b 21,00±0,34b 28,67±0,120b
T4 19,42±0,45ab 20,66±0,42b - - -
T1 -0,46±0,32a - - - -
T2 -0,99±0,02b -0,28±0,35b - - -
a*
T3 -1,75±0,09b -1,35±0,23ª -01,31±0,20a 0,06±0,2a 0,8±0,1ab
T4 -0,46±0,06a -0,71±0,05ab
T1 19,22±0,3a - - - -
T2 20,06±0,41a 16,23±0,34a - - -
b*
T3 13,01±0,26b 12,07±0,49b 14,03±0,50b 16,14±0,95b 19,03±0,17ª
T4 11,0±0,11c 12,37±0,21b - - -
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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427
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
30
Corantes artificiais permitidos no
Brasil: principais características e
efeitos toxicológicos
10.37885/210805854
RESUMO
429
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Os corantes do grupo azo são obtidos após a reação de diazotização de uma amina
primária aromática, seguido pelo acoplamento do sal de diazônio com um fenol ou uma
amina aromática, formando pelo menos um grupo azo funcional de estrutura R-N=N-R’
(CORRADINI, 2019). Mais da metade dos corantes artificiais permitidos nos Estados Unidos
(EUA) e na União Européia (UE) pertencem ao grupo de corante azo (CORRADINI, 2019),
e no Brasil, os permitidos para aplicação em alimentos são representados pelo amaranto,
ponceau 4R, vermelho 40, azorrubina, tartrazina e amarelo crespúsculo (CHUNG, 2016;
GICEVIC; HINDIJA & KARACIC, 2019).
Os corantes triarilmetanos, a exemplo do azul brilhante, verde rápido e o azul pa-
tente V, são compostos orgânicos sintéticos que possuem estruturas moleculares do tipo
431
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
trifenilmetano, além de três radicais arila e também grupos sulfônicos (LI et al., 2019). Os co-
rantes com estrutura do tipo triarilmetanos, assim como os xantenos, são preparados por
condensação de um fenol substituído (CORRADINI, 2019; NAYAK; SHETTI & KATRAHALLI,
2015), e eritrosina é o único corante do grupo xanteno atualmente aceito no Brasil, EUA e UE.
Por fim, representando os compostos indigóides, o azul de indigotina é o único corante
desse grupo autorizado no Brasil para uso em alimentos. Esse corante é obtido da tinta do
alcatrão do carvão; é uma versão sintética melhorada do corante antigo denominado indigo-
tina (extraído da folha das plantas Indigofera, Tinctoria, Indigofera suffruticosa ou Indigofera
arrecta). Tem como característica a baixa estabilidade frente à temperatura, calor, ácido, e
descolore na presença de SO2 e ácido ascórbico (MERINAS-AMO et al., 2019).
432
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 1. Corantes artificiais permitidos no Brasil (código, faixa do valor máximo permitido e IDA) em comparação a
autorização nos Estados Unidos e União Europeia.
433
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Exposição dietética e consumo de corantes artificiais
435
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Os pigmentos naturais são divididos em 3 classes: compostos heterocíclicos como a
clorofila (vegetais), heme e bilinas (animais), compostos isoprenóides como carotenoides
(animais e vegetais) e compostos heterocíclicos oxigenados como os flavonoides (vege-
tais). As betalaínas, compostos nitrogenados, e os taninos, agrupam diversos compostos de
estruturas altamente variáveis – também são pigmentos de origem exclusivamente vegetal
(FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2016).
A utilização de pigmentos naturais em produtos alimentícios apresenta muitos desafios
com relação ao custo, aplicação, processo, qualidade e estabilidade. Além de possuírem
importância nutricional, são considerados compostos bioativos e adicionados aos alimentos
por conferirem alguma funcionalidade para o sistema fisiológico após a absorção. Os caro-
tenoides, por exemplo, conferem cores que variam do amarelo, laranja e avermelhado e são
capazes de proteger o organismo contra danos oxidativos, associados a doenças degene-
rativas como cânceres e cardiopatias (MACHADO; PUTON & BERTOL, 2019). As antocia-
ninas, as quais conferem coloração lilás ou vermelha arroxeada, são reconhecidas como
substâncias que melhoram a saúde, devido sua atividade antioxidante, antiinflamatória e
efeitos hipoglicêmicos, além dos efeitos associados à diminuição da incidência de doenças
crônico-degenerativas (LOYPIMAI; MOONGNGARM & CHOTTANOM, 2016). As clorofilas
são pigmentos de coloração verde que possuem atividades biológicas como a ação antioxi-
dante, antiinflamatória, anti-obesidade, dentre outras (GHALIAOUI et al., 2020).
Rodriguez-Amaya (2016) afirma que os corantes naturais são geralmente mais sensí-
veis à luz, pH, incidência da radiação UV, aumento de temperatura e presença de oxigênio,
levando à perda de cor causada pelo desbotamento e redução da vida útil do produto. Apesar
do crescimento dessa nova tendência de substituição de corantes artificiais por naturais,
devido à sua capacidade em fornecer benefícios biológicos, seu uso ainda é alvo de estudo
por conta desses fatores de degradação (PETTER; ROSA & KISSMAN, 2020) podendo
sofrer reações de oxidação, isomerização e foto-oxidação. Alguns pigmentos naturais são
sensíveis a outras condições ambientais, como a presença de íons metálicos, proteínas ou
outros compostos orgânicos.
Os carotenoides são compostos vegetais isoprenoides que contém um extenso sistema
de ligações duplas conjugadas em sua estrutura responsável pela cor e pela alta reativida-
de do pigmento, sendo instáveis quando expostos ao aumento de temperatura, a presença
de oxigênio ou à luz (DAMODARAN & PARKIN, 2018; PAN et al., 2019). As antocianinas
quando aquecidas são degradadas resultando na mudança de uma coloração mais escura,
para uma mais clara, demonstrando diminuição no seu conteúdo por conta da degradação
térmica do pigmento. A degradação da cor visual e do conteúdo individual de antocianina
depende tanto da temperatura, quanto do pH. Uma maior estabilidade de cor é alcançada em
436
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
temperaturas de aproximadamente 60 °C e um valor de pH < 3,0 (meio ácido) (LOYPIMAI;
MOONGNGARM & CHOTTANOM, 2016).
Por outro lado, as clorofilas sofrem rápida degradação devido a reações enzimáticas
ou fatores como luz, oxigênio, calor ou ácido, levando à formação de derivados da clorofila,
com a alteração da sua cor verde para verde oliva em condições de processamento. Em meio
alcalino (pH > 8), as clorofilas modificam suas cores de verde oliva para um verde escuro
mais brilhante (na presença de bicarbonato de sódio, NaHCO3). Com o processo de degra-
dação, ou na presença de clorofilase, elas perdem o grupo fitol, tornando-se mais solúveis
em água (GHALIAOUI et al., 2020).
Conforme dito anteriormente, os corantes são utilizados para atribuir cor e alterar a
aparência dos alimentos, e por esse motivo é de extrema importância estar ciente sobre suas
propriedades e, consequentemente, poder definir seu nível de segurança, pois há indícios
que podem causar reações adversas à saúde humana (SOUZA et al., 2019).
O uso de corantes artificiais tem sido tema de discussões na literatura científica, haja
vista que, de acordo com o parecer de alguns estudos, estas substâncias não são essen-
ciais, inclusive, havendo várias demonstrações de malefícios à saúde, como reações de
hipersensibilidade, urticária, irritação da mucosa, alergias, além de estar associado com o
desencadeamento de sintomas de hiperatividade, e alguns estudos associam também com
a ação carcinogênica (FREITAS, 2012; HAMERSKI; REZENDE & SILVA, 2013).
Para compreender os efeitos nocivos produzidos por determinadas substâncias quí-
micas nos seres humanos, é importante que sejam desenvolvidas pesquisas voltadas para
a determinação do potencial toxicológico para a avaliação da segurança alimentar, como
por exemplo o disponibilizado pela FDA, em seu Documento de Orientação denominado
“Redbook 2000”, o qual norteia quanto às informações sobre a realização de estudos toxi-
cológicos (FDA, 2017).
A Tabela 2 apresenta as principais informações sobre os efeitos adversos à saúde
humana encontradas na literatura recente (nos últimos 5 anos) sobre os corantes artificiais
permitidos para aplicação em alimentos no Brasil. Através dessa compilação de dados, foi
possível traçar um perfil para o potencial toxicológico, mutagênico e alergênico dos corantes
artificiais permitidos no Brasil.
437
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 2. Toxicidade, mutagenicidade e potencial alergênico dos corantes permitidos no Brasil.
438
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
quando acontecem falhas, a célula pode ser levada à senescência, apoptose ou mutação,
podendo levar à carcinogênese (WEISSBURGER, 1999).
Entretanto, em relação ao corante Verde rápido não foram encontrados estudos na
literatura sobre uma possível toxicidade em seu consumo, por outro lado tem sido avaliado
com um potencial na supressão do processo inflamatório, além da capacidade de suprimir
processos que levam à inflamação, como a diminuição do fator de necrose tumoral alfa
(TNF-alfa) e níveis séricos de Interleucina-6 (IL-6). Foi observada essa capacidade do co-
rante em suprimir a neuroinflamação em ratos, indicando o potencial no controle de sintomas
depressivos (YANG et al., 2019; XU et al., 2018).
Além disso, efeitos alergênicos associado ao consumo de corantes também são fre-
quentemente relatados na literatura. A alergia a um determinado alimento é mediada pelo
sistema imune, envolvendo a imunoglobulina E (igE), dessa forma para a demonstração dessa
condição é baseada na detecção da igE específica para o alimento investigado, através de
testes de laboratório ou Prick test para alergias (SAMPSON et al., 2014).
Conforme é possível observar na Tabela 2, não foram encontrados estudos recentes
sobre a temática nos corantes artificiais na literatura. Entretanto, salienta-se que achados
anteriores apontam para a evidência de alguns aspectos no consumo de corantes alimen-
tares que impactam no organismo. Dentre estes, vale acentuar que os corantes artificiais
podem provocar reações de hipersensibilidade, desencadeando alguns sintomas atópicos
(febres, eczemas, asma) em crianças, contudo ainda permanecem sem esclarecimentos o
porquê dessas reações ocorrerem, sendo de conhecimento público apenas o envolvimento
do sistema imune (STEVENS et al., 2021).
Vale citar que no geral a prevalência de reações adversas atribuídas ao uso de corantes
é muito pequena na população geral, no mais deve se atentar para o consumo excessivo de
produtos ultraprocessados pelo público infantil, ricos nesses aditivos, que podem desenca-
dear alergias em doses elevadas (FEKETEA & TSABOURI, 2017).
Em relação as doses utilizadas para avaliar os efeitos toxicológicos, mutagênicos ou
alergênicos, ainda permanecem inconclusivos alguns dados acerca dos Níveis Sem Efeitos
Adversos Observáveis (NOAEL). Portanto, destaca-se a necessidade de promover mais
estudos nessa temática para as devidas conclusões, buscando garantir a segurança do uso
dos corantes e evitar controvérsias sobre seu consumo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas informações reunidas nessa pesquisa, foi possível constatar que alguns
dos corantes artificiais utilizados permitidos no Brasil já não são mais permitidos em outros
países. Além do mais, são insuficientes as evidências científicas referentes a estudos que
439
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
avaliam a hipersensibilidade alergênica causada pelo consumo direto de alimentos contendo
corantes artificiais. Apesar de estudos toxicológicos demonstrarem efeitos adversos (in vitro
e in vivo) de determinados corantes artificiais, cabe destacar a necessidade da realização
de mais pesquisas objetivando determinar com precisão o NOAEL desses compostos, bem
como estudos sobre o consumo dietético desses corantes, ponderando sobre uma possível
extrapolação nos valores de IDA.
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Journal of Veterinary Sciences, v. 51, n. 1, p. 23–33, 2020.
444
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
31
Desenvolvimento de suplemento
alimentar proteico com amêndoas
do bacuri (Attalea phalerata mart. Ex
spreng.) para esportistas vegetarianos
Rayan Semidei
UFMS
Lethícia Barbosa
UFMS
Luciana Myagusku
UFMS
10.37885/210805844
RESUMO
446
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
447
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
MÉTODOS
Materiais
Processamento dos frutos para obtenção da farinha liofilizada das amêndoas de bacuri
Após a coleta de frutos maduros, eles foram lavados em água corrente, descascados
e despolpados. Em sequência os frutos foram secos em estufa ventilada a 50ºC por três
dias. As amêndoas foram retiradas através de um quebrador manual e em seguida trituradas
para obtenção da farinha integral. Foram empregados dois métodos de extração de lipídios
para comparação: 1) Extração do óleo por prensagem em equipamento com aplicação de for-
ça mecânica; 2) Extração do óleo utilizando-se método de Soxhlet para a extração de lipídeos
com posterior eliminação de possível resíduo de solvente em estufa ventilada a 40 ºC para
obtenção de um produto que foi liofilizado, conforme fluxograma apresentado na Figura 1.
Figura 1. Fluxograma do processamento dos frutos de bacuri para obtenção das formulações do suplemento proteico.
Foram realizados dois pré-testes para adequação das formulações finais dos suple-
mentos, onde os teores de doçura, consistência, cor e aroma foram ajustados utilizando os
ingredientes supracitados. Todas as formulações estão de acordo com o preconizado na
Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 18, publicada em 27 de abril de 2010 que dispõe
sobre alimentos para atletas e estipula a quantidade mínima de proteína em suplementos
proteicos (BRASIL, 2010).
Para ambos os pré-testes foram realizadas análises sensoriais com participantes que já
utilizaram ou utilizam habitualmente suplementação proteica em sua dieta. Os participantes
avaliaram itens como sabor, aparência, aroma, cor e consistência. Por fim, os participantes
avaliaram de forma geral as formulações e comentaram os pontos fortes e o que ainda po-
deria ser melhorado.
Inicialmente foram realizadas quatro formulações, onde duas delas possuíam como
principal fonte proteica a farinha liofilizada do bacuri, alterando teores de doçura e aroma.
Estas formulações foram denominadas de Formulação 1 (F1) e subdivididas em F1.1 e
F1.2. A segunda formulação, chamada de Formulação 2 (F2), também subdividida em F2.1
e F2.2, as quais apresentavam como fontes de proteína a farinha liofilizada do bacuri e o
suplemento comercial Natural Vegan da marca Max Titaniun®, contendo proteínas extraídas
do arroz e da ervilha. As quantidades estão demostradas na Tabela 1.
F1 F2
Ingredientes
F1.1 (%) F1.2 (%) F2.1 (%) F2.2 (%)
Farinha liofilizada do bacuri 80 80 40 40
Suplemento comercial* --- --- 40 40
Xilitol 10 5 12 5
Dextrose 5 12 5 12
Cacau em pó 3 2 3 3
Espessante 2 1 2 2
* Natural Vegan (Max Titaniun®) de arroz e ervilha.
449
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Para o pré-teste 2 foram realizadas três formulações descritas como Formulação 1 (F1),
Formulação 2 (F2) e Formulação 3 (F3). Foram novamente avaliados os teores de doçura e
aroma, porém enfatizando-se a viscosidade das formulações. Na Tabela 2 pode-se observar
a composição das formulações do pré-teste 2.
A composição química das amêndoas do bacuri integral, da farinha obtida por diferentes
métodos de extração de gordura, da farinha liofilizada e das formulações foi determinada em
triplicata segundo metodologias descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005). A umi-
dade das amostras foi determinada por dessecação (método gravimétrico) em estufa a 105
ºC até peso constante. As cinzas (resíduo mineral fixo) foram determinadas por gravime-
tria, através da incineração em mufla à 550 ºC. A proteína bruta foi avaliada pelo método
de micro-Kjeldahl, multiplicando o conteúdo de nitrogênio total pelo fator de conversão de
6,25. Os lipídios foram determinados através da extração contínua, em aparelho Soxhlet,
utilizando éter de petróleo como solvente. A determinação de fibra alimentar total (FAT) foi
realizada pelo método enzimático, segundo metodologia da AOAC (2005). Para a obtenção
da FAT a amostra foi submetida a tratamento com as enzimas alfa-amilase (Termamyl®),
protease (Alcalase®) e aminoglicosidase (AMG®). Os carboidratos foram determinados por
cálculo teórico da diferença dos demais componentes.
O valor calórico total foi determinado conforme Atwater e Woods (1896), considerando
os seguintes valores: lipídios (9,0 kcal/g), proteínas (4,0 kcal/g) e carboidratos (4,0 kcal/g).
Avaliação Microbiológica
A farinha liofilizada das amêndoas do bacuri foi submetida a análise microbiológica es-
tabelecida pela Resolução RDC nº 12 de 2001, que regulamenta os Padrões Microbiológicos
para Alimentos. Para frutas secas/desidratadas e mistura em pó para o preparo de outros
alimentos instantâneos foram realizadas a contagem de coliformes a 45ºC, presença de
Salmonella sp em 25g e contagem de Bacillus cereus (BRASIL, 2001).
450
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Aspectos Éticos
Análise Estatística
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Composição química
451
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O que corrobora com o encontrado por Lima e Silva et. al. (2014), ao estudarem a
amêndoa do bacuri. Relataram que os componentes encontrados em maior quantidade na
sua forma integral foram os lipídios (70,96%), fibras (19,12%) e proteínas (10,60%), porém
ao realizar a extração de óleos e gorduras da farinha integral resultou em uma farinha com
alto teor de proteínas (35,95%).
Tabela 4. Composição química das farinhas obtidas a partir das amêndoas do fruto bacuri.
Farinhas (g.100g–1)
Componente
Integral DF DQ Liofilizada p-valor*
Umidade 4,44 ± 0,07b 6,58 ± 0,15a 6,68 ± 0,61a 3,49 ± 0,19c 0,0001
Cinzas 1,74 ± 0,03 d
2,47 ± 0,03 c
5,20 ± 0,13 b
8,49 ± 0,22 a
0,0001
Lipídios 60,72 ± 1,66 a
48,18 ± 3,33 b
3,05 ± 0,51 c
1,78 ± 0,25 c
0,0001
Proteínas 12,72 ± 1,27c 14,95 ± 0,28c 28,87 ± 2,34b 51,39 ± 0,41a 0,0001
Fibras Totais 18,18 --- 55,06 1,99 ---
CHO** 2,20±0,49 --- 1,14±0,16 32,86±0,44 ---
CHO: Carboidratos; DF: Farinha de bacuri desengordurada a frio; DQ: Farinha de bacuri desengordurada a quente. Valores
médios das determinações em triplicata ± Desvio Padrão. *Teste de variância ANOVA. Médias seguidas por letras iguais na
mesma linha não diferem entre si pelo Post Hoc de Tukey a 5% de probabilidade.
** Calculado por diferença.
Figura 2. Teores de proteínas e lipídios em porcentagem da farinha da amêndoa do bacuri integral, desengordurada a
frio (DF), desengordurada a quente (DQ) e liofilizada.
452
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
proteínas, perfazendo 102,8 Kcal de valor energético, o que facilmente atende as exigências
da legislação brasileira em vigor para elaboração de suplementos proteicos para atletas.
Na Tabela 5 está apresentada a composição centesimal do suplemento comercial
(padrão), da Formulação 1 (F1) e da Formulação 2 (F2).
Comparando a composição centesimal do suplemento comercial e das formulações
desenvolvidas observa-se que os três suplementos diferiram significativamente entre si
em todos os componentes. Todos os produtos apresentaram baixa quantidade de lipídios,
sendo que F2 teve média significativamente superior as demais. Em relação ao conteúdo
de cinzas observou-se valores superiores para F1 em detrimento das demais. As formula-
ções F1 e F2 apresentaram valores semelhantes de carboidratos, ambos maiores que o teor
verificados no suplemento comercial.
Tabela 5. Composição centesimal do suplemento proteico vegetal comercial e das formulações F1 e F2 (g.100g)
Umidade 11,94±0,46 b
15,36±1,80 a
10,61±1,01 b
0,008
Quanto aos valores de proteína dos suplementos, principal foco do estudo, as formu-
lações F1 e F2 apresentaram teores inferiores ao suplemento comercial, porém em quanti-
dades suficientes para serem classificados como suplementos proteicos, conforme RDC nº
18, de 27 de abril de 2010 (BRASIL, 2010).
Após o processo de liofilização houve uma redução nos teores de fibras alimentares
na farinha liofilizada do bacuri (1,99%) quando comparado com a farinha desengordurada
(55,06%). Assis, Da Silveira e Barbosa (2015), afirma em seu estudo que as fibras, por se
tratar de um nutriente que não é digerido pelo organismo humano, podem provocar descon-
fortos intestinais em praticantes de exercícios físicos e evidencia que alimentos com alto
teor de fibras estão associados com a diminuição na absorção de vitaminas lipossolúveis
e minerais como o cálcio, ferro, zinco e magnésio. Diante do exposto, a redução no teor
de fibras pode ser considerada vantajoso para a utilização em suplementos proteicos dire-
cionados para o público de atletas. Ainda, conforme a RDC nº 18, de 27 de abril de 2010
(BRASIL, 2010), não pode haver a adição de fibras alimentares em suplementos proteicos.
453
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
No presente estudo a farinha da amêndoa do bacuri integral apresentou aproximada-
mente 60% de lipídios, entretanto a quantidade obtida na farinha liofilizada foi extremamente
baixa (< 2%) por ter sofrido processo de extração de óleos previamente.
Ainda de acordo com a resolução RDC nº 18, de 27 de abril de 2010 (BRASIL, 2010),
a quantidade de lipídios presentes em um suplemento proteico não pode exceder 30% do
valor energético total da porção do produto pronto para consumo. Apresentando aproxima-
damente 0,89g de lipídios a cada 50g de porção a farinha liofilizada do bacuri apresenta
apenas 8 Kcal por porção.
Avaliação microbiológica
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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n.1, p. 55-61, 2014.
455
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
11. LIMA E SILVA, M.C.B; HIANE, P. A; BRAGA NETO, J. A; MACEDO, M.L.R. Proteins of Bacuri
almonds - Nutritional value and in vivo digestibility. Food Science and Technology, v. 34,
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456
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
32
Destilação de cachaça no estado da
paraíba: um estudo exploratório
10.37885/210805633
RESUMO
458
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Sistema de destilação em empresas paraibanas produtora de cachaça, por mercado de atuação
461
“Cabeça”
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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464
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
33
Efecto de la temperatura de tostado
en ácidos grasos, antioxidantes y
compuestos fenolicos de la nuez de
castaña (Bertholletia excelsa H.B.K.)
10.37885/210805681
RESUMEN
466
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUCCIÓN
METODOLOGIA
ANÁLISIS DE MUESTRA
Análisis estadístico
RESULTADOS Y DISCUSIÓN
Los resultados obtenidos evidencia estado de baja oxidación de los lipidos, los VP se
encuentra inferior a 10meq O2.kg–1, resultado que refleja moderado inicio de la rancidez
hidrolítica primario y la constante formación de hidroperóxido según (Yin et al., 2020), así
470
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
mismo, con ensayo de p-anisidina (p-AV) se confirma ligera rancidez oxidativa a efectos
de tostado y leve descomposición de los hidroperóxidos (Nawab et al., 2018), por tanto,
el VP de la muestra M-1 es ligeramente cercano a 0,970meq O2.kg–1 reportado por (Ferreira
et al., 2006), sin embargo, se observó incremento significativo (p<0,05) de VP al aumento
de temperatura de tostado, la prueba de comparación múltiple de Tukey resalta la muestra
M-5 tostada a 140 °C con mayor VP y p-AV (Tabla 1). Cabe destacar que los VP de las
muestras tostadas se encuentran por debajo de 15meq de O2.kg–1, máximo VP exigido por
el Codex Alimentario (2003).
471
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabla 2. Contenido de ácidos grasos en muestra de castaña al natural y tostadas.
Ácidos grasos
M-1 M-2 M-3 M-4 M-5
(g/100g)
Palmítico 14,3 ± 0,2a 13,9 ± 0,3abc 13,7± 0,3bc 13,6 ± 0,1c 14,2 ± 0,1ab
Esteárico 10,5 ± 0,1c 11,9 ± 0,2a 11,1 ± 0,1b 10,8 ± 0,0b 12,2 ± 0,1a
Oleico 32,4 ± 0,2a
32,1 ± 0,1 a
31,2 ± 0,2 b
30,0 ± 0,0 c
30,7 ± 0,3b
Linoleico 42,8 ± 0,2c 41,9 ± 0,2d 44,0 ± 0,2b 45,5 ± 0,2a 42,9 ± 0,2c
SFA 24,8 ± 0,1 25,8 ± 0,2 24,8 ± 0,4 24,5 ± 0,1 26,4 ± 0,1
MUFA 32,4 ± 0,2 32,1 ± 0,1 31,2 ± 0,2 30,0 ± 0,0 30,7 ± 0,3
PUFA 42,8 ± 0,2 41,9 ± 0,2 44,0 ± 0,2 45,5 ± 0,2 42,9 ± 0,2
Valores en la misma fila seguidos de letras diferente representan diferencia significativa (p < 0.05).
CONCLUSION
REFERÊNCIAS
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477
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
34
Efeito da incorporação de folhas
de oliveira ( Olea europaea L.) no
desenvolvimento e qualidade da carne
de frangos: Incorporação de folhas de
Oliveira em frango
Cristiane Marangoni
10.37885/210805611
RESUMO
Dois mil quinhentos e vinte frangos foram divididos em 3 grupos de 840 frangos
cada. Um grupo serviu de controle e recebeu dieta tradicional, enquanto os outros gru-
pos foram alimentados com dietas acrescidas de folhas de oliveira na quantidade de 5
e 10 g/kg de ração. Foi acompanhado o desempenho dos frangos durante crescimento,
e depois do abate, as coxas e sobrecoxas foram armazenadas a 4°C (±1°C) por 12 dias
onde se acompanhou a evolução de várias bactérias. Os resultados mostraram melhor
conversão alimentar dos frangos que receberam dieta suplementada com 10g folha/
kg de ração (p<0,05). As coxas e sobrecoxas dos frangos que receberam folhas de
oliveira como suplementação apresentaram melhor estabilidade microbiológica que o
tratamento controle. A suplementação com 5g inibiu o crescimento de Staphylococcus
aureus, aeróbios psicrotróficos e mesófilos (p<0,05), enquanto a suplementação com
10g inibiu o crescimento de Enterococcus, bactérias láticas, coliformes termotolerantes,
Pseudomonas, Clostridium perfringens e Escherichia coli (p<0,05). Não foi verificada
presença de Shigella, Klebsiela, Yersinia, Campylobacter (jejuni,coli,lari), Streptococcus,
Salmonella e Listeria monocytogenes em nenhum dos tratamentos.
479
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Atualmente, há por parte dos consumidores, uma maior exigência por qualidade e ino-
cuidade dos produtos de origem animal que são consumidos, pois a carne de frango pode
conter diversos micro-organismos patógenos responsáveis pela transmissão de doenças
alimentares, e deteriorantes que são responsáveis por consideráveis perdas econômicas
nas indústrias processadoras de carne e produtos derivados.
A suplementação de antimicrobianos na dieta de animais em crescimento tem despon-
tado como uma alternativa a minimizar o crescimento microbiano, sem oferecer risco para a
saúde dos consumidores, além de proporcionar uma matéria prima com melhores condições
de qualidade, e a oliveira (Olea europaea L.), planta frutífera da família botânica Oleaceae,
que começou a ser cultivada no Brasil em 1940, desponta como alternativa.
Bisignano et al. (1999) avaliaram a atividade antimicrobiana in vitro da oleuropeína e
do hidroxitirosol extraídos de folhas de oliveira, e identificaram eficiência frente à bactéria
patogênica Staphylococcus aureus. Em outro estudo Bisignano et al. (2001) identificaram
componentes antimicrobianos das folhas da oliveira, e constataram a eficácia dos aldeídos
alifáticos de cadeia longa frente a bactérias gram-positivas e gram-negativas.
Ao investigar a atividade in vitro de um extrato comercial de folhas de oliveira (Olea
europaea L.) que continha 4,4 mg/mL de oleuropeína, frente a uma vasta gama de micro-or-
ganismos, Sudjana et al. (2009) constataram que o composto apresentou atividade inibitória
para Helicobacter pylori, Campylobacter jejuni, e Staphylococcus aureus. A atividade in
vitro de folhas de oliveira também foi estudada por Markin, Duek & Berdicevsky, (2003) que
observaram eficiência especialmente frente a Klebsiela e Pseudomonas.
Botsoglou et al, 2010 avaliou o efeito do uso de folhas de oliveira como suplemento
na dieta de perus nas quantidades de 5 e 10g de folhas/kg de ração, em relação a quali-
dade microbiológica dos filés de peito que foram armazenados a 4°C por 12 dias. Os filés
de perus que receberam folhas de oliveiras na dieta apresentaram menores números de
colônias de bactérias ácido láticas, psicotróficas, mesófilas e enterobactérias. Neste mes-
mo estudo Botsoglou et al. (2010) concluiu que o ganho de peso corporal médio não diferiu
significativamente (p>0,05) entre os grupos (dados não mostrados). O autor menciona que
este resultado indica que a incorporação de folhas de oliveira, para as dietas não tiveram
qualquer influência adversa sobre a taxa de crescimento dos perus.
O Brasil está entre os três maiores produtores mundiais de carne de frango e desde
2004, ocupa a posição de maior exportador mundial fornecendo para mais de 150 países
(UBABEF, 2012). Segundo relatório anual da UBABEF (2012), a região Sul do Brasil é res-
ponsável por 61,53% do volume de frango produzido cujo principal destino se concentra no
oriente Médio na forma de cortes, frango inteiro, frango industrializado e outros produtos.
480
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Por esse motivo elaborou-se esse trabalho que teve como objetivo acompanhar o desem-
penho de frangos, que receberam em suas dietas folhas de oliveira como suplemento, e
posteriormente acompanhar a evolução de várias bactérias nas coxas e sobrecoxas durante
o armazenamento por 12 dias a 4°C (± 1°C).
MATERIAIS E MÉTODOS
Folhas de Oliveira (Olea europaea L.) da variedade Ascolana foram colhidas na EPAGRI
(Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) de uma plantação
de Oliveiras de 5 anos, entre os meses de janeiro a março de 2012. Foram removidos os
possíveis contaminantes físicos, e posteriormente realizou-se secagem em estufa a 45°C
com circulação de ar por 72 horas. Após, o material seco foi moído em moinho de navalhas
do tipo Willey com peneiras de 1mm. As folhas moídas foram analisadas em relação ao
conteúdo de umidade, proteína, resíduo mineral fixo e gordura de acordo com metodologias
descritas em Brasil (1999).
Animais e Dieta
No estudo foram utilizados frangos de corte linhagem Cobb, alojados em uma agroin-
dústria no oeste de Santa Catarina (SC), Brasil. Os frangos foram alimentados com a dieta
tradicional (T1) e nos outros dois tratamentos as dietas foram suplementadas com folhas
de oliveiras nas quantidades de 5g/kg de ração (T2) e de 10g/kg de ração (T3). Após 42
dias realizou-se o abate dos animais avaliou-se o desempenho, e coletaram-se as coxas e
sobrecoxas com ossos e com pele para armazenamento a 4°C (±1°C) durante 12 dias para
acompanhamento da evolução da flora microbiológica.
Avaliação do Desempenho
Para avaliação do desempenho dos frangos, foram analisados: PI (peso Inicial), PF (Peso
Final), CRT (Consumo de Ração Total), CRD (Consumo Ração Diário), GP (Ganho de Peso),
GPD (Ganho de Peso Diário), CA (Conversão Alimentar), TM (Taxa de Mortalidade).
Durante os 42 dias de crescimento os frangos receberam a seguinte alimentação: con-
trole, sem folhas de oliveira (T1), com adição de folhas de oliveira na quantidade de 5g/kg de
ração (T2) e outra com adição de folhas de oliveira na quantidade de 10g/kg de ração (T3).
Ao final do experimento (42 dias), os frangos foram abatidos, coletaram-se os dados
para avaliação de desempenho e qualidade de carcaça, número de frangos condenados,
ganho de peso e conversão alimentar.
481
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Análises Microbiológicas
As coxas e sobrecoxas dos três tratamentos foram analisadas nos dias 0 (zero), 3, 6,
9 e 12 para os micro-organismos.
Clostridium perfringens foi realizada com meio de cultura TSC e semeadura Pour Plate
de profundidade e leitura após 24h de incubação a 36°C (±1°C), conforme metodologia
descrita pela IN 62 de 26 de agosto de 2003 do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2003).
Coliformes Termotolerantes foi realizada por Petrifilm CC, com semeadura de super-
fície e leitura após 24h de incubação a 44°C (±1°C), de acordo com Método AOAC 991.14.
18th. Rev. 03.2010, Staphylococcus aureus foi realizada por Petrifilm STX, com semeadu-
ra de superfície e leitura após 24h de incubação a 36°C (±1°C), de acordo com Método
AOAC 2003.07. 18th. Rev. 03.2010, Mesófilos foi realizada por Petrifilm AC por semeadu-
ra de superfície e incubação a temperatura de 48°C a 35°C (±1°C) e posterior leitura, de
acordo com Método AOAC 990.12. 18th. Rev. 03. 2010, Escherichia coli foi realizada por
Petrifilm EC através de semeadura de superfície, realizando-se leitura após incubação por
48h a 35°C (±1°C), de acordo com Método AOAC Official Method 998.08 e 991.14. 18th. Rev.
03.2010; Enterococcus spp foi realizada por Petrifilm EB através de semeadura de superfície
e realizou-se leitura após incubação por 24h a 37°C (±1°C) de acordo com Método AOAC
2003.01. 18th. Rev. 03. 2010, Coliformes totais foi realizada de acordo com Método AOAC
998.08 e 991.14. 18th. Rev.03.2010, (AOAC, 2003).
Aeróbios Psicrotróficos foi realizada por PCA através de semeadura de superfície e
incubação por 10 dias a 7°C (±1°C) e posterior leitura, de acordo com CMMEF (2001).
Bactérias Láticas foi realizada com meio MRS através de semeadura Pour Plate de
profundidade entre 48 a 72h a 30°C (±1°C) conforme metodologia descrita pelo Brasil, (2003).
Pseudomonas foi realizada com meio CFC através de semeadura de superfície após
incubação por 44h a 25°C (±1°C) conforme metodologia do Standard Methods (2010).
Shigella, Streptococcus, Klebsiela e Yersinia foram determinadas por tipificação em
Vitek2 (BRASIL, 2003).
Campylobacter (jejuni, coli, lari) foi determinada pelo método Bax (VIDAS ®
Campylobacter [CAM] Referência 30111/DUPONT. BAX System UserGuide. USA Dupont
QualiconInc, 2000-2005).
Salmonella foi determinada pelo método AOAC 2011.03 VIDAS® Salmonella [SLM]
Assay. 18th. Rev. 03. 2010) e Listeria monocytogenes foi determinada pelo método AOAC
2004.02 VIDAS® [LIS] Assay. 18th. Rev. 03. 2010) (AOAC, 2003).
Análise estatística
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Composição
Milho 558,000
Farelo de soja 315,342
Farinha de vísceras de aves 68,000
Farinha de penas 0,0-00
Óleo de soja 28,000
Gordura de aves 0,000
Calcário calcítico 7,500
Sal granulado iodado 4,400
L-Lisina HCL 50% 6,700
Metionina MHA 4,600
Cloreto colina 75% 0,450
Aditivo antimicotoxinas 2,000
L-Treonina 2,078
Rovabio Excel AP xilase + B-glucanase 0,050
Ronozyme ProAct - protease 0,200
Etoxiquine 0,150
Ronozyme HiPhos (M) fitase 0,020
Lincomicina 44% 0,010
Anticoxilidiano 0,500
Premix * 2,000
Nota 1: Ração elaborada para alimentação dos frangos.
*Premix: Composto por vitamina A (4.275 KUI), vitamina D3 (1.395 KUI), vitamina E (22.500 mg),
vitamina K3 (1.350 mg), vitamina B1 (1.350 mg), vitamina B2 (3.600 mg), vitamina B6 (1.800 mg),
vitamina B12 (9.900 µg), ácido pantotênico (9.000 mg), niacina (18.000 mg), ácido fólico (900
mg), biotina (76.500 µg), cobre (7.200 mg), ferro (27.000 mg), manganês (27.000 mg), iodo (450
mg), zinco (45.000 mg) e selênio (180 mg).
483
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A Tabela 2 apresenta o desempenho dos frangos pertencentes aos três tratamentos
durante os 42 dias que receberam ração e indicou que no início do experimento os frangos
pertencentes aos três tratamentos apresentaram o mesmo peso inicial (PI), e no 42° dia
quando foram abatidos, os frangos dos tratamentos T1 e T3 apresentaram maior peso final
(PF), em relação aos frangos pertencentes ao tratamento T2. Este resultado pode ter sido
influenciado pela quantidade de consumo de ração total (CRT), uma vez que ocorreu maior
consumo de ração nos tratamentos T1 e T3 (Tabela 2).
A partir do consumo de ração total (CRT) e do ganho de peso (GP) dos frangos foi
obtida a conversão alimentar (CA). Para este parâmetro os frangos que receberam dieta
suplementada com folhas de oliveira na quantidade de 10 g/kg de ração (T3) apresentaram
os melhores valores, diferindo significativamente dos frangos pertencentes ao T2. Para os
frangos que receberam dieta com folhas de oliveira na quantidade de 10g/kg de ração (T3)
não foi registrada mortalidade (TM) durante o acompanhamento, diferenciando significativa-
mente (p<0,05) dos tratamentos T1 e T2 e indicando que esta suplementação poderia ser
uma alternativa de uso na ração de frangos de corte.
Tabela 2. Desempenho dos frangos pertencentes aos três tratamentos durante os 42 dias que receberam a ração.
Desempenho Zootécnico
Tratamentos PI (g) PF (g) CRT (g) CRD (g) GP (g) GPD (g) CA* TM (%)
A segurança e qualidade dos alimentos como a carne in natura de frango pode ser
estimada pela contagem de micro-organismos indicadores como aeróbios mesófilos e psi-
crotróficos (JAY, 2005). Na Figura 1 é apresentado o número de colônias (log10 UFC/g)
de aeróbias mesófilas (AM), bactérias ácido láticas (CBL), aeróbias psicrotróficas (AP) e
pseudomonas (CP).
484
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Número de colônias (log10 UFC/g) de aeróbias mesófilas (AM), bactérias ácido láticas (BAL), aeróbias psicrotróficas
(AP) e pseudomonas (CP), em coxas e sobrecoxas de frangos armazenadas a 4°C por 12 dias.
485
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Pela análise do gráfico de crescimento de aeróbios mesófilos (Figura 1), verifica-se
que os tratamentos que receberam dieta suplementada com folhas de oliveiras (T2 e T3),
se mantiveram dentro dos padrões de qualidade até o 12° dia de armazenamento a 4°C
atingindo contagens máximas de 5,63 e 5,87 log10UFC/g, respectivamente, enquanto o
tratamento controle apresentou contagens de 6,07 log10 UFC/g a partir do 3° dia de arma-
zenamento. Em todos os dias analisados o número de colônias de bactérias mesófilas dos
tratamentos T2 e T3 (Figura 1) diferiram significativamente (p<0,05) do número encontrado
no tratamento controle. Entre T2 e T3 também ocorreu diferença significativa (p<0,05), até
o 9° dia de armazenamento.
O número de colônias de bactérias lácticas nos tratamentos com folhas de oliveiras
(T2 de 1,64 a 4,49 log10 UFC/g e T3 de 1,50 a 3,77 log10 UFC/g) em todos os dias analisa-
dos foram menores do que os encontrados no tratamento controle (T1 de 2,00 a 6,54 log10
UFC/g), e diferiram significativamente (p<0,05) entre si. Esses resultados demonstram que
as folhas de oliveiras quando administradas via dieta, apresentam efeito frente as bactérias
lácticas (Figura 1, BAL). Entre os tratamentos com folhas de oliveiras, o tratamento T3 (10g
de folhas de oliveira/kg de ração) apresentou durante todo o período estocado menor número
de colônias de bactérias lácticas, diferindo estatisticamente (p<0,05) do tratamento T2 (5 g
de folhas de oliveira/kg de razão).
Botsoglou et al., (2010), adicionaram 5 e 10g de folhas de oliveira/kg na ração de
perus, e avaliaram o crescimento microbiano nos filés de peito, que foram armazenados a
4°C por 12 dias. No 12° dia de armazenamento o número de bactérias láticas no tratamento
controle foi de 6,5 log10UFC/g, e nos tratamentos com 10 e 5g de folhas de oliveiras foram
de 4 e 5 log10 UFC/g respectivamente. Neste estudo o número de bactérias lácticas nas
coxas e sobrecoxas de frangos no 12° dia foram de 3,77 e 4,49 log10UFC/g para os trata-
mentos T3 e T2 respectivamente, sendo esses valores menores do que os encontrados por
Botsoglou et al., (2010) no mesmo tempo de armazenamento e na mesma temperatura.
Embora a contagem de micro-organismos aeróbios psicrotróficos indique o grau de de-
terioração de alimentos refrigerados, a legislação brasileira não estabelece padrão para estes
micro-organismos. Entretanto, a International Commission on Microbiological Specificacions
for Foods (1978) estabelece 106 a 107 UFC/g como padrão. A alteração da carne refrigerada
em aerobiose é um fenômeno de superfície. Portanto, para definir uma carne alterada, se
admitem os valores da taxa bacteriana de quando são detectadas as mudanças sensoriais
devido aos metabólitos resultantes do crescimento microbiano (odores anômalos, normal-
mente desagradáveis, e aparecimento de substâncias viscosas, como polissacarídeos sin-
tetizados pelas bactérias) (GALARZ, FONSECA & PRENTICE-HERNÁNDEZ, 2010).
486
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Considerando estes padrões microbiológicos (106 a 107 UFC/g ou 6 a 7 logUFC/g), as
coxas e sobrecoxas se mantiveram adequadas para consumo até 12 dias a 4°C, em relação
aos psicrotróficos (Figura 1), sendo que durante todo o período de armazenamento T2 (5g
de folhas de oliveiras) apresentou o menor número de colônias (CAP), diferindo significati-
vamente (p<0,05) de T3 (10g de folhas de oliveiras), e de T1 (controle). O número de colô-
nias de T3 foi menor do que o encontrado em T1 (controle), diferindo-se significativamente
(p<0.05) deste (Figura 1).
Em filés de peito de perus que receberam folhas de oliveiras na dieta, Botsoglou et al.
(2010), encontraram número de colônias de bactérias aeróbias psicrotróficas no 12º dia de
armazenamento de 4,6 e 5,7 log10 UFC/g nos perus que receberam 10 e 5 g de folhas de
oliveira/kg de ração, sendo esses maiores do que os encontrados neste estudo, que foram
de 4,55 para T3 e 3,87 log10 UFC/g para T2 (Figura 1).
A contagem de Pseudomonas spp., é definida por vários autores como indicativa
de término de vida útil quando atingem valores de 6 a 7 log10 UFC/g (MEHYAR; 2005).
Considerando os valores e CP apresentados na Figura 1, os três tratamentos se mantiveram
apropriados para consumo até os 12 dias de armazenamento a 4 °C.
Os tratamentos T2 e T3 apresentaram número de colônias de pseudomonas significa-
tivamente menores (p<0,05) do que o encontrado em T1 (controle), em todos os dias de ar-
mazenamento. Foi verificada diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos T2 e T3 du-
rante todo o período estudado, indicando que a suplementação de 5g de folhas de oliveira
por kg de ração apresentou melhor capacidade inibitória. Esses resultados são importantes
uma vez que espécies de pseudomonas são dominantes em carne de frango deterioradas,
e estão relacionadas a produção de uma ampla variedade de odores e sabores, devido a
ação de suas enzimas lípases e proteases (MELLOR ET AL. 2011).
Os frangos que receberam ração contendo folhas de oliveira apresentaram número de
colônias de bactérias lácticas, aeróbias mesófilas, aeróbias psicrotróficas e pseudomonas
menores do que os encontrados pelo tratamento controle, e foram significativamente diferen-
tes (p<0,05). Esses resultados são importantes, uma vez que são as bactérias psicrotróficas
e especialmente as pseudomonas que alteram as carcaças de frangos durante o período de
armazenamento e influenciam na determinação da vida de prateleira dos cortes.
As contagens de coliformes totais e Escherichia coli podem estimar falhas na higiene
e indicar contaminação de origem fecal, sendo que elevadas contagens destes grupos de
micro-organismos podem estar relacionadas a níveis significativos de enteropatógenos, como
a Salmonella spp. (EISEL; LINTON & MURIANA, 1996, JAY, 2005). A Figura 2 apresenta
os resultados das análises microbiológicas de Coliformes totais, Enterococcus, Clostridium
perfringens, Staphylococcus aureus, Coliformes Termotolerantes e Escherichia coli.
487
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A legislação em vigor não estabelece parâmetros microbiológicos para coliformes to-
tais. Os tratamentos foram submetidos a esta análise para se conhecer a carga microbiana
e assim avaliar as condições higiênico-sanitárias das coxas e sobrecoxas de frango uma vez
que estes parâmetros refletem na qualidade da matéria-prima, na higiene do ambiente e no
cuidado com que os manipuladores manuseiam os alimentos. Os resultados neste estudo va-
riaram entre os tratamentos (gráfico CTo Figura 2), onde T2 e T3 apresentaram menores va-
lores de contagens de coliformes totais que T1 durante os 12 dias de armazenamento a 4°C.
O uso de folhas de oliveira na quantidade de 10g/kg de ração indicou melhor efeito
inibitório que o uso de 5g/kg de ração para Clostridium perfringens, mas ambas as quanti-
dades demonstram capacidade inibitória significativamente (p<0,05) melhor que T1.
Segundo Florentino et al. (1997), a presença de coliformes termotolerantes é con-
siderada indicadora de contaminação fecal e indica a presença de bactérias patogêni-
cas. A Resolução nº 12/2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001),
preconiza para cortes de frango resfriados ou congelados um limite de tolerância para a
contagem de Coliformes a 45°C/g de 104 ou 4 log10UFC/g.
De acordo com esta tolerância, o tratamento controle estaria impróprio para comer-
cialização e consumo pois apresentou contagens iniciais de 4,5 log10UFC/g, enquanto os
tratamentos que receberam folhas de oliveira tiveram contagens iniciais de 1,93 e 2,36
para T3 e T2, respectivamente, e apresentaram contagens dentro do limite de tolerância da
legislação até o 6° dia de armazenamento a 4°C. A análise de Coliformes Termotolerantes
indicou que T2 e T3 tiveram efeito inibitório significativo (p<0,05) em relação a T1 durante os
12 dias de armazenamento a 4°C, demonstrando que ambas as concentrações de oliveira
são inibitórias para os Coliformes Termotolerantes.
A pesquisa de Enterococcus spp não é obrigatória segundo a legislação em vigor e
poucos trabalhos pesquisaram esses micro-organismos. As contagens de Enterococcus
spp mostraram que T3 teve melhor efeito inibitório que T2 e que T1 durante os 12 dias de
acompanhamento, onde ao final do acompanhamento verificou-se valores de 3,61, 4,71 e
5,94 log10UFC/g para T3, T2 e T1, respectivamente. As coxas e sobrecoxas dos frangos que
receberam adição de oliveiras na dieta (T2 e T3) indicaram reduções significativas (p<0,05)
nas contagens de Enterococcus spp do 3° ao 12° dia de armazenamento, demonstrando
eficiente redução deste micro-organismo em relação ao tratamento de frangos que recebeu
dieta tradicional (T1).
A legislação Brasileira não estabelece padrão para Staphylococcus aureus em carne
de frango, no entanto, há relatos de que são necessárias entre 105 e 106 UFC/g de S. au-
reus por grama de alimento para que a toxina seja formada em níveis capazes de provocar
intoxicação (FRANCO & LANDGRAF, 2005). Considerando-se este padrão e analisando o
488
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
crescimento (Figura 2), pode-se dizer que durante os 12 dias de armazenamento a 4°C, as
coxas e sobrecoxas dos tratamentos de frango que receberam dieta suplementada com folhas
de oliveira apresentaram contagens significativamente menores (p<0,05) que o controle, o
que é indicativo de condições mais seguras para o consumo da carne de frango em relação
a este micro-organismo. As contagens máximas encontradas para as coxas e sobrecoxas
de frango foram de 2,84, 3,64 e 4,74 log CFU/g para T2, T3 e T1, respectivamente.
Figura 2. Número de colônias (log10 UFC/g) de Coliformes Totais (CTo), Enterococcus spp (CE), Clostridium perfringens
(CCP), Staphylococcus aureus (CSA), Coliformes Termotolerantes (CTE) e Escherichia coli (CEC) em coxas e sobrecoxas de
frangos armazenadas a 4°C por 12 dias.
489
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A inibição de Staphylococcus aureus foi significativamente (p<0,05) menor para o tra-
tamento que recebeu adição de 5g de oliveira/kg de ração em relação a T1 e T3. Com 12
dias de acompanhamento verifica-se que a diferença entre T3 e T1 foi de 1,1 log10UFC/g,
demonstrando efeito inibitório da oliveira para este micro-organismo.
A presença de Escherichia coli (gráfico CEC - Figura 2) iniciou com valores próximos
entre os três tratamentos 3,07, 2,79 e 2,73 log CFU/g para T1, T2 e T3 respectivamente. Aos
9 e 12 dias de acompanhamento das coxas e sobrecoxas verificou-se que T2 e T3 tiveram
reduções significativas (p<0,05) das contagens em relação a T1, demonstrando que o uso de
oliveira em ambas as concentrações teve melhor efeito inibitório que T1, e que o uso de 10g
de oliveira/kg de ração teve maior efeito inibitório que o uso de 5g de oliveira/kg de ração.
A legislação federal estabelece para carne de ave resfriada ausência de Salmonella
spp. em 25 g. Nas coxas e sobrecoxas de frango analisadas não foi evidenciada a presença
de Salmonella spp. Tal resultado confirma a qualidade microbiana dos produtos, pois a au-
sência de Salmonella nas amostras atesta para condições higiênico-sanitárias satisfatórias
(SILVA JUNIOR, 2001).
As amostras de coxas e sobrecoxas de frango dos três Tratamentos analisados apre-
sentaram ausência de Listeria monocytogenes durante os 12 dias mantidas a 4°C, atestando
segurança do produto quanto à listeriose.
Não foi detectada a presença de nenhuma espécie de campylobacter nos tratamentos
armazenados por 12 dias a 4°C.
A pesquisa de Shigella, Klebsiela, Yersinia, Streptococcus, indicou ausência destes
micro-organismos para os três tratamentos durante o período avaliado.
O efeito antimicrobiano das folhas de oliveira frente diversas bactérias, conforme rela-
tado em estudos realizados por Benavente-Garcial et al. (2000) e Cardoso et al. (2005), e
verificados nesta pesquisa, pode ser atribuído à presença de compostos fenólicos como a
oleuropeína, que apresenta-se em grande concentração nas folhas de oliveira (TAN et al.
2003). Savournin et al. 2001 relatou que folhas de oliveira podem conter até 10% de poli-
fenóis, principalmente oleuropeina e hidroxitirosol. Em nosso estudo verificamos presença
de 15% de oleuropeina nas folhas de oliveira, o que pode justificar o menor crescimento
microbiano na carne dos frangos que receberam folhas de oliveira na dieta.
Os compostos fenólicos das folhas de oliveira são os principais responsáveis pela sua
ação bactericida/bacteriostática. A ação destes compostos é, sobretudo, exercida ao nível
da membrana celular da bactéria, provocando danos estruturais e funcionais. As substâncias
ativas das plantas são capazes de alterar a estrutura fosfolipídica da membrana celular,
interrompendo o sistema enzimático, comprometendo o material genético da bactéria e
formando compostos tóxicos, como o peróxido de hidrogênio.
490
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A ação positiva das folhas de oliveira in vivo também foi verificada em filés de
peru (BOTSOGLOU et al. 2010) e em carne suína (PAIVA-MARTINS ET AL. 2009;
BOTSOGLOU ET AL. 2012; PAIVA-MARTINS et al. 2013), e em todas as pesquisas o efeito
positivo frente as bactérias foi atribuído a presença de compostos fenólicos e a oleuropeina.
CONCLUSÃO
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493
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
35
Elaboração e caracterização físico-
química de cerveja artesanal tipo
pilsen com adição de mel de engenho
10.37885/210805879
RESUMO
495
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
496
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
MÉTODO
Material
Processamento
(1)
(2)
Posteriormente, as formulações foram postas para fermentar à 16 °C, sendo esta etapa
acompanhada por quinze dias.
Concluída a fermentação, foi feita a trasfega, no qual foi separado a então cerveja-ver-
de da biomassa de levedura depositada no fundo do balde de fermentação. A cerveja foi
transferida para outro balde e submetida a maturação à 5±1 °C por 7 dias.
Após a maturação, foi preparado o priming, misturando açúcar, na proporção de 6,1 g.L-
1 em relação ao volume de cerveja, e água, na proporção de 2:1, em relação a quantidade
de açúcar, sob aquecimento durante 10 minutos a partir da fervura, e adicionado à cerveja
498
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
(HUGHES, 2014). Em seguida a cerveja foi envasada em garrafas de vidro de aproximada-
mente 350 mL, previamente limpas e sanitizadas.
Após o envase, as cervejas foram armazenadas à 20±1 °C, por 5 dias, para refermen-
tação; a carbonatação final ocorreu no interior da garrafa, através do consumo do priming
pelas leveduras residuais do mosto. As garrafas foram posteriormente armazenadas sob
refrigeração até a realização das análises.
Análises Físico-químicas
Análise estatística
RESULTADOS E DISCUSSÃO
499
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
controle (26,57 mEq/L), e de açúcares totais e não-redutores, onde a amostra com 2,5% de
mel de engenho não diferiu estatisticamente do controle.
As formulações apresentaram aumento significativo quanto ao teor de álcool, variando
de 3,15 a 4,10%, em peso, e 3,90 a 5,10%, em volume, na proporção em que foi aumentado
o percentual de mel de engenho adicionado. De acordo com Flores et al. (2015), o acréscimo
de açúcar implica em maior fermentabilidade do produto, resultando, consequentemente,
no aumento do teor alcoólico da cerveja.
Tabela 1. Análises físico-químicas de cerveja artesanal tipo Pilsen, adicionada de diferentes concentrações de mel de
engenho.
Formulações
Parâmetros
Padrão 2,5% 5,0% 10,0%
Álcool em peso (% m/v) 3,15 ±0,00
d
3,35 ±0,00
c
3,70 ±0,00
b
4,10a±0,00
Álcool em volume (% v/v) 3,90d±0,00 4,20c±0,00 4,60b±0,00 5,10a±0,00
Extrato real (% m/v) 6,39 ±0,05
a
6,38 ±0,09
a
6,35 ±0,08
a
6,35a±0,07
Extrato aparente
4,55b±0,00 4,30d±0,00 4,80a±0,00 4,35c±0,00
(g de extrato/100g de solução)
Extrato Original (% m/m) 12,48d±0,05 12,94c±0,09 13,46b±0,08 14,20a±0,07
pH 4,74d±0,00 4,89c±0,00 4,99a±0,00 4,92b±0,00
Acidez Total (meq/L) 26,57 ±0,00
a
21,46 ±0,00
c
26,57 ±0,00
a
24,53b±0,00
Açúcares totais (% m/v) 2,40c±0,00 2,43c±0,02 2,68b±0,02 2,83a±0,03
Açúcares redutores (% m/v) 0,87d±0,00 0,94c±0,01 0,98b±0,00 1,01a±0,01
Açúcares não-redutores, em sacarose (% m/v) 1,52c±0,00 1,49c±0,02 1,70b±0,02 1,82a±0,02
*Letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05) entre si pelo teste de Tukey.
Fonte: Próprio autor.
Kugelmeier et al. (2013) caracterizam as cervejas tipo Pilsen como um produto leve,
claro, cujo teor alcoólico varia entre 3,0 e 5,0%. Neste contexto, a cerveja analisada corro-
bora com estes autores quanto ao percentual de álcool.
Os valores de extrato real não apresentaram diferença significativa entre as formula-
ções. Brunelli et al. (2014), ao desenvolverem uma cerveja com mel de abelha, perceberam
redução dos valores de extrato real; segundo esses autores, esse fato está atrelado ao fato
do mel proporcionar mais açúcares fermentescíveis ao mosto que o malte.
A acidez da cerveja está ligada à formação de ácidos orgânico durante a fermentação,
estes ácidos são responsáveis por conferir sabor e aroma à cerveja, além de influenciar no
pH da mesma. O pH da cerveja é um importante fator a ser considerado, uma vez que afeta
a estabilidade coloidal do produto, como também a estabilidade sensorial e microbiológica
(ARAÚJO et al., 2003).
Ainda na Tabela 1 pode-se observar que os valores de pH das amostras apresentaram
diferença significativa, na qual a amostra controle foi a que teve menor valor (4,74) enquanto
que a formulação com 5% de mel de engenho apresentou maior valor (4,99). Quanto a acidez,
500
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
tanto o controle como a formulação com 5% de mel de engenho obtiveram, igualmente 26,57
meq/L, enquanto que as demais apresentaram valores diferentes.
Quanto aos açúcares totais e não-redutores, em sacarose, tem-se que a amostra com
2,5% de mel de engenho não diferiu significativamente da amostra controle, enquanto que
as demais diferiram; em relação aos açúcares redutores, todas as amostras apresentaram
diferença estatística (p>0,05).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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502
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
36
Encapsulação por gelificação iônica:
uma revisão narrativa
10.37885/210805946
RESUMO
504
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
A encapsulação vem sendo uma opção para preservar diversos compostos contra o
estresse ambiental e a degradação química, além de promover a manutenção e a biodispo-
nibilidade por um determinado espaço de tempo (HOLKEM; CODEVILLA; MENEZES, 2015).
Segundo Karel e Langer (1988), encapsular é condicionar partículas (ex: compostos de sa-
bor, pigmentos, acidulantes, nutrientes, enzimas, conservantes) em cápsulas comestíveis.
O material a ser encapsulado é denominado de recheio ou núcleo, e o material que pro-
duz a cápsula é chamado de encapsulante, cobertura ou parede (GIBBS et al., 1999). De acor-
do com o tamanho, as cápsulas são classificadas em três categorias (BAKER, 1986): macro
(>5000µm), micro (entre 0,2-5000µm) e nanocápsulas (<0,2 µm).
Na indústria alimentícia, o encapsulamento tem sido utilizado como uma maneira de
proporcionar aos ingredientes líquidos e sólidos uma barreira eficaz contra diversas intera-
ções ambientais e/ou químicas (CARMO et al., 2015). Proporcionando assim, aumento na
vida útil do produto e a liberação gradativa do material encapsulado (FERREIRA, 2018).
Microencapsulação é uma tecnologia que envolve materiais sólidos, líquidos e gaso-
sos por meio de coberturas poliméricas finas formando uma micropartícula (TODD, 1970).
Através desta tecnologia é possível alterar propriedades coloidais, proporcionando proteção
ambiental e controlando suas características de liberação e biodisponibilidade (BANSODE
et al., 2010). E ainda, facilita também o manuseio de produtos líquidos ou gasosos, que a
partir dessa técnica permanecem na forma sólida (FANG; BHANDARI, 2010). Atualmente
existem diversos métodos de microencapsulação, incluindo spray drying, liofilização, spray
cooling, polimerização interfacial, inclusão molecular, coacervação complexa, gelificação
iônica e entre outros. Vale ressaltar que a escolha da tecnologia utilizada vai depender das
características do material a ser encapsulado e do encapsulante, além das propriedades de
barreiras e liberação desejadas no produto final (JONES; MCCLEMENTS, 2010).
Deste modo, levando em consideração o baixo custo; fácil execução e não uso de
solventes orgânicos, a microencapsulação por gelificação iônica apresenta uma tecnologia
bastante aplicável na área de alimentos. Além de ser uma técnica eficiente para aumentar a
absorção in vitro e in vivo de diversos compostos (HOLKEM; CODEVILLA; MENEZES, 2015).
Esta técnica é baseada na capacidade dos polieletrólitos realizarem ligações cruza-
das na presença de contra-íons, originando assim uma estrutura em malha tridimensional
(THIES, 1995; RÉ, 2000). A solução polimérica carregada negativamente forma ligações
cruzadas com cátions de baixo peso molecular, formando hidrogéis (RÉ; SANTANA; ÁVILA,
2010). Um alimento pode ser encapsulado dentro de uma membrana de gel formada pela
reação de um hidrocolóide com uma solução iônica, resultando em um produto com textura
e sabores diversos. (PAGANI et al., 2014; MUKAI-CORREA et al., 2005).
505
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Pesquisas recentes têm estudado aplicações desta tecnologia como método para man-
ter e estender a qualidade de vários produtos, tais como microcápsulas de mamão (PAGANI
et al., 2014), microcápsulas de polpa de murici (MORAIS et al., 2017) e microcápsulas de
extrato de beterraba (FERREIRA, 2018).
Microencapsulação por gelificação iônica é uma tecnologia de grande potencial para
agregar valor nutricional a alimentos e preservar seus diversos atributos. Este trabalho ob-
jetivou apresentar uma revisão de literatura sobre a tecnologia de microencapsulação por
gelificação iônica aplicável na área alimentícia, que contribui para o aumento da vida útil de
diversos produtos e levam ao consumidor produtos com maior qualidade.
DESENVOLVIMENTO
506
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Modelo “egg-box” para formação de microcápsulas por gelificação iônica interna.
507
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 2. Microencapsulação por gelificação iônica externa.
EXTRUSÃO E ATOMIZAÇÃO
As partículas produzidas por gelificação iônica podem ser preparadas pelo processo
de extrusão ou atomização. Pelo método de extrusão, a solução contendo o material de
parede e recheio é gotejada sobre a solução iônica por meio de uma agulha, com ou sem
velocidade controlada (PATIL et al., 2010). Segundo De Vos et al. (2010), os núcleos das
microcápsulas feitas por extrusão são totalmente dispersos na matriz encapsulante podendo
apresentar parte do material encapsulado na superfície da matriz. Uma limitação significativa
deste método é o tamanho considerável das cápsulas formadas, variando entre 500µm e
3mm. O tamanho das mesmas é dependente do tamanho do diâmetro da agulha utilizada,
da viscosidade e concentração da solução biopolimérica, e da distância entre a seringa e a
solução iônica (BUREY et al., 2008; KRASAEKOOPT; BHANDARI; DEETH, 2003).
Com intuito de reduzir essa limitação, várias pesquisas vêm sendo realizadas e demons-
traram que equipamentos extrusores com bicos múltiplos, discos aspersores e fluxo de ar com-
primido diminuem o tamanho das partículas (MARK et al., 2009; ETCHEPARE et al., 2016).
De acordo com Patil et al. (2010), atomização é um método em que utiliza ar compri-
mido. O mesmo mistura-se à solução a ser encapsulada, forçando a passagem da solução
por um orifício de tamanho controlado.
508
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
AGENTES ENCAPSULANTES MAIS UTILIZADOS
Tabela 1. Diferentes agentes encapsulantes aplicados na tecnologia de microencapsulação por gelificação iônica.
Agente encapsulante
Produto/Composto ativo Efeito Referência
utilizado
Os autores observaram que as
partículas produzidas apresentaram
Estigmasterol dissolvido em Fujiwara et al.
Alginato/amido/quitosana alta eficiência de encapsulação
óleo de canola (2013)
e a efetiva proteção oxidativa do
estigmasterol.
Resultou em um produto com boas
características nutricionais, físico- Pagani et al.
Mamão Alginato
químicas e microbiológicas, mesmo (2014)
após 21 dias em expositores a 5±1°C.
Foi possível a microencapsulação
de azeite de buriti, que possui altas
Alginato quantidades de compostos bioativos,
Azeite de buriti Aranha (2015)
Pectina podendo ainda ser utilizado como
corante natural de alimentos e ainda
agregar valor nutricional e funcional.
Demonstrou que a encapsulação de
polpa de maracujá é uma estratégia Xavier et al.
Polpa de maracujá Alginato
eficaz para conservação dos (2016)
compostos bioativos.
ALGINATO
PECTINA
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516
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
37
Influence of process conditions on
the physicochemical properties of
jussara pulp (Euterpe edulis) powder
produced by spray drying
10.37885/210805670
ABSTRACT
The objective of this work was to optimize the spray drying of jussara pulp using mixtures
of modified starch (MS) with whey protein concentrate (WPC) or soy protein isolate (SPI)
as the carrier agents. Two central composite rotatable designs were carried out to evaluate
the effect of the independent variables of inlet air temperature (140-200ºC), carrier agent
concentration - CAC (0.5-2 g carrier agent/g jussara pulp solids) and the proportions of
MS:WPC or MS:SPI (5-30 g WPC or SPI/100 g carrier agent) on the following responses
for powders formulated with MS:WPC and MS:SPI, respectively: moisture content (0.3-
1.4 and 0.6-1.2%), solubility (78.0-92.9% and 78.9-83.8%), retention of total anthocyanin
(49.2-82.9% and 34.1-96.9%), encapsulation efficiency (98.5-99.7% and 98.5-99.5%),
hue angle (9.1-44.0 and 3.7-42.6), chroma (10.0-15.3 and 9.2-14.3) and process yield
(33.2-55.5% and 49.9-78.5%). The inlet air temperature 170ºC, CAC of 1.25 and 2 g/g
jussara pulp solids and proportion of MS:WPC or MS:SPI of 17.5 and 30 g/100 g were
recommended as the selected condition.
Keywords: Euterpe Edulis Martius; Whey Protein Concentrate; Modified Starch; Soy Protein
Isolate; Response Surface Methodology.
518
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUCTION
519
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
et al., 1997). These carrier agents are usually used as encapsulating agents in the microen-
capsulation process.
Modified starch (MS) is the result of pyroconversion, in which the starch is usually
heated in the presence of acid or alkali. Partial hydrolysis of the starch takes place as well
as repolymerization to form more highly branched polymers (Kenyon,1995). Modified starch
provides excellent protection of anthocyanins during spray drying and can be used in high
concentrations in which there is an increase in viscosity (Santana et al., 2016).
Whey proteins (WP) are by-products of cheese manufacturing with significant commer-
cial potential (Flores et al., 2014a). Soy proteins (SP) represent an important component of
soybean seeds (35 and 40%, w/w). They possess high gelling and emulsification properties
(Bernard et al., 2011; Caillard et al., 2009; Nesterenko et al., 2014), and an amino acid profile
suitable for protein fortification in beverages (Flores et al., 2014b; Nesterenko et al., 2014).
Other health benefits associated with whey proteins include antimicrobial activity, inhibition
of angiotensin-converting enzyme, and anticarcinogenic activity, among others (Chatterton
et al., 2006). They can also be processed into pH-sensitive hydrogels or nanoparticles for
the controlled release of bioactive compounds such as anthocyanins (Flores et al., 2014a,
Moser et al., 2017). In the literature has some papers that report that whey proteins e soy
protein isolate can thus be used as alternatives to polysaccharide-based wall materials with
relatively greater functionality (Betz and Kulozik, 2011; Betz et al., 2012; Gunasekaran et al.,
2007; Oidtmann et al., 2012, Flores et al., 2014a,b, Moser et al., 2017).
Spray drying technology requires well-adjusted operating conditions as well as an ade-
quate composition of the solution containing the active compounds. The former include factors
such as the inlet air temperature, atomization airflow, liquid flow rate, aspirator suction velocity
and solids concentration, amongst others (Gallo et al., 2011; Roccia et al., 2014). Response
surface methodology (RSM) is a statistical analytical tool that predicts the appropriate levels
of the independent variables for optimizing the response variables. Factorial designs are
frequently used in experiments involving several factors, where it is necessary to study the
joint effect of the factors on a response.
In this study, RSM was applied to evaluate the influence of the concentrations of mixed
carrier agents (modified starch, whey protein concentrate or soy protein isolate) and the inlet
air temperature on the process yield, moisture content, solubility, retention of total anthocya-
nin, encapsulation efficiency and colour of spray dried jussara pulp.
520
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
MATERIAL AND METHODS
Material
Jussara fruit were supplied by farmers from rural communities in Ubatuba, São Paulo,
Brazil. During pulping, water was added (pulp:water ratio 1:2, w/w) and the jussara pulp
then packed into plastic bottles (1 L) and immediately frozen. The use of frozen pulp was
necessary because these fruits are extremely perishable. Table 1 shows the composition of
the jussara pulp used in the trials.
The carrier agents used were: modified starch (Hi-Cap 100, National Starch, São Paulo,
Brazil), whey protein concentrate (WPC 80, Alibra, Campinas, Brazil) and soy protein isolate
(SPI SUPRO® 783, Solae, Barueri, Brazil).
Mixture viscosity
The viscosity of the feed mixtures was determined from the steady-shear flow curves
(shear stress × shear rate) using a controlled stress R-2000EX rheometer (TA Instruments,
Delaware, USA) at 25ºC with a geometry of serrated parallel plates (cone diameter - Ø40 mm)
and a gap of 500 μm. These conditions were adopted based on preliminary results. Samples
of 2.0 mL were introduced into the rheometer with the aid of an automatic pipette. All tests
were carried out in duplicate and a new sample was used for each replicate. The solvent trap
rheometer accessory was used during measurements in order to prevent solvent evaporation.
Flow curves were obtained from three shear rate ramps carried out in the following order:
increasing-decreasing-increasing shear rate in the range from 0.1 to 250 s–1 (Cano-Chauca
et al., 2005). The rheograms were analysed according to empirical model of the flow curves
corresponding to the second (decreasing) shear rate ramp, and the apparent viscosity was
calculated as the correlation between shear stress (σ) to shear rate (γ).
521
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Sample Preparation and Spray Drying Process
Before the spray drying process, the jussara pulp was vacuum filtered through porous
fabric using a Büchner funnel. This procedure was carried out with the purpose of removing
suspended solids to avoid obstruction of the atomizer nozzle of the spray dryer. The mixed
carrier agents (MS:WPC or MS:SPI) were added directly to the filtrate to obtain a desirable
concentration according to Table 2. Dissolution of the mixture was achieved using a homoge-
nizer-type ‘Ultra-Turrax’ (IKA T25 D, Staufen, Germany) at room temperature and 14,000 rpm
for 10 minutes (complete dissolution) and kept under magnetic agitation during the passage
of the mixture through the atomizer nozzle.
The process was carried out using a laboratory-scale spray dryer (Büchi model B290,
Flawil, Switzerland). The equipment was operated concurrently using a spray nozzle with an
orifice of 0.7 mm in diameter. The mixture was fed into the drying chamber using a peristaltic
pump and the feed mass flow rate and compressed air flow rate were 5 mL/min and 500 L/h,
respectively. The tests were carried out under different processing conditions according to
the experimental design as explained in the following section. The independent variables
were: inlet air temperature (140-200ºC), carrier agent concentration - CAC (0.5-2 g carrier/g
jussara pulp solids) and ratio of MS:WPC or MS:SPI (5-30 g WPC or SPI/100 g carrier). These
parameters conditions were obtain for previous test. The feed mass flow rate was obtain
through preliminary tests. The drying time was about 30 minutes. The powders obtained were
placed in hermetic containers and stored in desiccators containing silica gel until analysed.
Experimental design
For this study, two Response surface methodology were used to evaluate the effect
of three independent process variables on seven response variables, mainly related to the
profitability of the process and the quality of the powder. A 23 central composite rotatable
design with eight factorial points, six axial points and three central points, was used to ob-
tain a second-order prediction model. The independent variables evaluated were inlet air
temperature, CAC and ratio of MS:WPC or MS:SPI. Table 2 shows the levels of the process
variables. The response variables taken into consideration were process yield (A), moisture
content (B), solubility (C), retention of total anthocyanins (D), encapsulation efficiency (E)
and colour (Hue - F and chroma - G).
The experimental data were fitted to a second-order polynomial equation as follows:
y = â0 + â1 x1 + â 2 x2 + â3 x3 + â1
1 x12 + â 2
2
2
x2 + â3
3
2
x3 + â1
2 x1 x2 + â1
3 x1 x3 + â 2
3 x2 x3
, and are the linear regression coefficients; , and are the quadratic
b1 b2 b3 b11 b 22 b 33
522
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
regression coefficients; , and are the interaction regression coefficients; and
b11 b 22 b 33
Coded Levels
Independent variables
variables -1.68 -1 0 1 1.68
*Table 3 shows the experimental design for the response variables studied.
Analytical methods
The drying yield was determined as the ratio of the mass of total solids in the powder
to the mass of total solids in the feed solution. The measurements were made in tripli-
cate. The powder moisture content was determined gravimetrically using a vacuum oven
(Memmert, Germany) at 70°C to constant weight (AOAC, 2006) weighing on an analytical
balance (250 L, Adam, Co. UK) with a precision of ±0.0001 g. The measurements were
made in triplicate.
Solubility was determined according to the Eastman and Moore method (1984) as
cited by Cano-Chauca et al. (2005), with some modifications. 100 mL of distilled H2O were
transferred to a blender jar. The powder sample (1 g, dry basis) was carefully added to the
blender operating at high velocity for 5 min. The solution was placed in a tube and centrifuged
at 3000×g for 5 min. An aliquot of 25 ml of the supernatant was transferred to pre-weighed
Petri dishes and immediately oven-dried at 105ºC to constant weight. The solubility (%) was
calculated by weight difference and the measurements were made in triplicate.
The total anthocyanin content (TA) was determined using the spectrophotometric method
(Francis, 1982). Approximately 10 mg (m) of powder were extracted twice with 10 ml (V) of a
HCl/water/ethanol solution (1/29/70) and the extract centrifuged for 10 min at 10,000×g and
25 ºC and recorded using a Beckman DU-7-B340 (Beckman, Krefeld, Germany). The total
anthocyanin content was expressed as cyanidin-3-rutinoside, which was previously identified
as the major anthocyanin present in jussara (Brito et al., 2007). The molar absortivity (MM)
of cyanidin-3-rutinoside used was 32,800 at λmax absorbance (abs about 534 nm), in an HCl/
523
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
water/ethanol solution (1/29/70) at 20ºC (Cinquanta et al., 2002) (Equation 2). The measu-
rements were made in triplicate.
(2)
(3)
(4)
The colour of the jussara powder was measured using a colorimeter (model CR400,
Konica Minolta, Osaka, Japan) with a CIELAB scale (L*, a* and b*), with D65 as the illuminant
and a 10º observer angle as the reference system. The colour measurements were expressed
in terms of lightness L* (L* = 0 for black and L* = 100 for white) and the chromaticity parame-
ters a* (green [-] to red [+]) and b* (blue [-] to yellow [+]). The cylindrical coordinate Hº (hue
angle) and C* (chroma) were determined from these parameters using Equations 5 and 6.
The measurements were made in triplicate.
(5)
524
(6)
As stated before, the viscosity of the feed mixtures was determined from the steady-
-shear flow curves. The most appropriate mathematical model for describing the flow cha-
racteristics was the Power Law, with flow behaviour indexes (n) below 1 for all the MS:WPC
or MS:SPI concentrations.
Thus the mixture “filtered jussara pulp + MS:WPC or MS:SPI” could be characterized
as a fluid with shear-thinning behaviour, which is typical of most food materials, especially
fruit pulps (Tonon et al., 2008).
The apparent viscosity was calculated as the ratio between shear stress and shear
rate. At low shear rates, the apparent viscosity of all the samples decreased with increa-
sing shear rate, whereas above 60 s–1, the viscosity of the samples was almost constant.
Furthermore, the apparent viscosity of the samples increased with increasing concentration
of MS:WPC or MS:SPI (Figs. 1a and 1b and Table 3).
Figura 1. Apparent viscosity versus shear rate for the different concentrations: (a) MS:WPC and (b) MS:SPI.
Process yield
The process yield corresponds to the product recovery and is mainly determined from the
powder collection efficiency. The yield of the microencapsulation process could be improved
by changing the spray drying conditions in order to decrease the sticking of particles to the
surfaces of the dryer chamber. In a spray-drying system, the loss of material is mostly due
to the attachment of sprayed droplets and powder to the apparatus wall, and to inefficient
cyclones with poor efficiency in collecting fine particles (Wang and Langrish, 2009). Retention
of the product on the chamber wall is undesirable. First, it is not cost effective due to more
frequent shutdowns of the dryer for cleaning. Secondly, it affects product quality, because
525
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
the deposits can be scorched, and when dislodged, mix in with and contaminate the entire
product. Accumulated product receiving more intense heat treatment may have different pro-
perties, such as moisture content, colour and solubility and cannot be considered as product.
Furthermore, the deposits influence the drying volume and heat transfer processes between
the chamber walls and the moving fluids.
According to Table 3, the experimental values of the process yield for the spray drying
of jussara pulp using MS:WPC and MS:SPI ranged from 33.22 to 55.45% and from 49.93
to 78.50%, respectively. These values were similar to those obtained for the spray drying of
oregano essential oil with maltodextrin, Arabic gum and modified starch (59.7%), açai with
maltodextrin (34.3 - 55.7%) and pequi pulp with Arabic gum (29.6 - 56.1%) (Botrel et al.,
2012; Tonon et al., 2008; Santana et al., 2013).
The coefficients of determination (R2) for the fitted models were 90% and 78% and Table
4 shows all the significant linear and quadratic effects and two-factor interactions on A1 and
A2. On the one hand, CAC and the ratios of MS:WPC and MS: SPI had positive linear effects
on A, as shown by the significant coefficients (Table 4), whilst the opposite effect was obtained
for the quadratic effects. The addition of high molecular weight solutes, such as the mixtures
of MS:WPC and MS:SPI, prior to spray drying, was necessary in order to obtain powders.
The yield was positively affected by the CAC and MS:WPC and MS: SPI ratios. Despite the
negative quadratic effect of these solutes, an increase in the concentration of jussara pulp
in the solute improved the product yield.
Fig. 2 (a and b) shows the response surfaces for the process yields in the drying of
jussara pulp using MS:WPC and MS:SPI. Analysing this figure, a trend can be seen between
CAC and the ratio of MS:WPC or MS:SPI with respect to process yield, showing an increase
in the response for the highest values of CAC and MS:WPC or MS:SPI ratio. This occurred
possibly because there was an increase in the glass transition temperature of the powder
due to the addition of a high molecular weight carrier (MS or WPC or SPI). This causes a
decrease in powder stickiness, and consequently increases product recovery during the
spray drying process.
526
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 2. Response surface plots for process yield (A). (a) jussara powders with MS:WPC and (b) jussara powders with
MS:SPI.
Moisture content
Moisture content is an important property of a powder, and is related to the drying effi-
ciency. Furthermore, lower moisture contents limit the ability of water to act as a plasticizer,
which reduces the glass transition temperature. The moisture contents of the jussara pulp
powders produced with MS:WPC and MS:SPI varied from 0.25 to 1.40% and from 0.63 to
1.16%, respectively (Table 3). All the experiments showed low values for MC in the micro-
capsules. Similar ranges of moisture content were obtained for spray dried açai juice, black
mulberry juice and blackberry juice by Tonon et al. (2011), Fazaeli et al. (2012) and Ferrari
et al. (2012), respectively.
The MC parameter did not change as a consequence of the combination of independent
variables (Table 4). In other words, no variable studied showed significance at the level of
10% with respect to the response of moisture content, indicating that MC1 is 0.73% and MC2
is 0.74% for any value of the inlet air temperature, CAC and MS:WPC and MS:SPI ratios
within the range studied.
Solubility
According to Table 3, the experimental values for the solubility of the spray dried jus-
sara pulp made using MS:WPC and MS:SPI ranged from 77.99 to 92.86% and from 78.87
to 83.78%, respectively. These values were similar to those found for spray dried açai and
mango juices (Tonon et al., 2009; Cano-Chauca et al., 2005) and higher than those found
for spray dried pomegranate juice (Vardin and Yasar, 2012).
The coefficients of determination (R2) for the fitted models were 85% and 79%. CAC
and the MS:WPC and MS:SPI ratios had negative linear effects on C, as shown by the signi-
ficant coefficients (Table 4), while the opposite effect was obtained for the quadratic effects.
The addition of high molecular weight solutes, such as MS:WPC and MS:SPI mixtures, prior
to spray drying, was necessary in order to obtain powders. The solubility was negatively
527
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
affected by the CAC and MS:WPC and MS: SPI ratios. Despite the negative quadratic effect
of these solutes, an increase in the concentration of jussara pulp in the solute decreased the
solubility after spray drying.
Fig. 3 (a and b) shows the solubility of powdered jussara pulp as a function of CAC and
the MS:WPC or MS:SPI ratios.
Figura 3. Response surface plots for solubility (C). (a) jussara powders with MS:WPC and (b) jussara powders with MS:SPI.
It was shown that the solubility of the powdered jussara pulp decreased as a function
of increases in CAC and in the MS:WPC or MS:SPI ratios. This figure shows that low initial
protein contents result in a high degree of solubility, whereas high protein concentrations leads
to a decrease in solubility, which is not expected since it is understood that at high carrier
and protein concentrations the solubility would tend to increase rather than decrease. Moser
et al. (2016) e Kha et al. (2010) reported with powder solubility was not influenced by CAC,
studied production of gac and grape juice powder using maltodextrin, WP and SPI, which was
not proven in this research. However, Yousefi et al. (2011) reported that solubility is strongly
affected by carrier type and, in some cases, by carrier concentration. Nevertheless, reduction
in solubility was small (Tabela 3) and all systems showed good characteristics of rehydration.
Frequently, the functional properties of proteins are limited by their relatively poor solubility,
particularly close to the isoelectric point (pI) (Moser et al., 2016). Whey protein has pI at pH
near 5.0 (Duongthingoc et al. 2013) and soy protein near 4.5 (Wang et al. 2010).
For the whole experimental design the values for anthocyanin retention ranged from
49.18 to 82.85% and from 34.10 to 96.87%, respectively (Table 3). Similar values were ob-
tained by Tonon et al. (2008) and Ferrari et al. (2012) for the spray drying of blackberry and
açai juices using maltodextrin with carrier agents. Charve and Reineccius (2009) evaluated
the effect of different proteins on the encapsulation of flavours by spray drying using whey
protein isolate the authors obtained 87% retention of the volatiles.
528
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
The coefficients of determination (R2) for the fitted models were 85% and 77%. Table
4 shows that the CAC and MS:WPC and MS:SPI ratios presented significant linear (D1 and
D2) and quadratic (D2) effects and two-factor interactions for D1, presenting positive effects.
According to Fig. 4a, D was higher for higher CAC and carrier ratios, which may explain the
good encapsulation by these carrier mixtures. This is important in terms of the industrial
production of the pigment, considering that jussara pulp has been shown to be a stable an-
thocyanin source. Conversely, according to Fig. 4b, greater pigment retention was obtained
with the highest CAC and highest and lowest ratios of MS:SPI.
Figura 4. Response surface plots for the retention of total anthocyanins (D). (a) jussara powders with MS:WPC and (b)
jussara powders with MS:SPI.
Encapsulation efficiency
The experimental values obtained for the encapsulation efficiency of the jussara pow-
ders with MS:WPC and MS:SPI varied, respectively, from 98.51 to 99.74% and from 98.47
to 99.46% (Table 3).
Figure 5 shows the encapsulation efficiencies obtained for the spray-drying process.
Encapsulation efficiencies refer to the potential of the wall material to encapsulate or hold
the core material inside the microcapsule. Encapsulation efficiencies are also related to the
shelf life of the anthocyanin content of the powder.
The coefficients of determination (R2) for the fitted models were 83% and 76%. The
carrier concentration and MS:WPC and MS:SPI ratios had positive effects on encapsulation
efficiency (Fig. 5); the highest CAC and highest MS:WPC and MS:SPI ratios resulting in
more efficient mixing of the WPC with the MS or SPI with the MS, to form microcapsules.
This information is consistent with the results presented in section 3.2.4 for the retention of
total anthocyanins, where it was observed that the highest CAC and MS:WPC and MS:SPI
ratios resulted in better preservation of the anthocyanins present in in the jussara powder.
The powders produced with MS: WPC or MS: SPI showed high E values, greater than
98%, demonstrating that the blending of WPC with MS or of SPI with MS is a good alternative
to encapsulate anthocyanins (Table 3).
529
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Young et al. (1993) also observed increased encapsulation efficiency with an increase in
carrier concentration. According to the authors, high solids concentrations in the wall material
may be associated with less migration of core material to the surface in the early stages of
drying. Furthermore, the increase in E can be attributed to the formation of thick matrices
around the encapsulated material.
According to Idham et al. (2012), the carrier combination giving the greatest encap-
sulation efficiency and the effectiveness of the interactions depended on the chemical and
physical structure of each support material. Therefore, the use of whey protein concentrate
or soy protein isolate combined with modified starch in the formulation has a greater po-
tential to encapsulate the anthocyanins than the carrier agents alone. Robert et al. (2010)
reported greater E of anthocyanins using soy protein isolate (35.8–100%) and maltodextrin
(89.4–100%) as wall materials. Using soy protein isolate, the authors observed that E rea-
ched higher values for anthocyanins than polyphenol, showing the ability of this carrier to
bind anthocyanins, which could be related to the flavylium cation of anthocyanins. Deng
et al. (2014), using only soy protein or soy protein/ starch blend, also found that E varied
considerably with composition of encapsulating materials.
Figura 5. Response surface plots for encapsulation efficiency (E). (a) jussara powders with MS:WPC and (b) jussara
powders with MS:SPI.
Colour
The second-order polynomial model obtained for the hue angle was not suitable for the
prediction of this colour parameter, due to the low coefficients of determination obtained for
the jussara pulp powders with MS:WPC and MS:SPI (R2 = 0.61 and R2 = 0.50, respectively),
as shown in Table 4.
According to Table 3, the hue angle for the spray drying of jussara pulp using MS:WPC
and MS:SPI varied from 9.12 to 43.96 and from 3.70 to 42.60, respectively, which is asso-
ciated with the red colour characteristic of the jussara flesh. These values indicated that the
colour parameters of jussara powders were located in the first quadrant of the CIELAB colour
530
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
diagram (+a* and +b*), corresponding to the region of red and yellow colour, where 0º is pure
red and 90º is pure yellow.
The linear and quadratic terms obtained for the MS:WPC ratio and the quadratic term
obtained for CAC were statistically significant at p<0.10 (Table 4).The MS:WPC ratio was
the independent variable that most affected the hue angle. As the proportion of MS:WPC
increased, the hue angle values decreased and enhanced the purple colour of the jussara
powders. However, for the powders made with MS:SPI, this parameter did not change as a
consequence of changes in the ratio. In general, the colour of the jussara powder became
whiter and less red as the MS:WPC ratio increased, which must be taken into consideration
depending on the application of the final product.
The experimental values obtained for the chroma of the spray dried jussara pulp made
using MS:WPC and MS:SPI ranged from 10.01 to 15.32 and from 9.22 to 14.34, respec-
tively (Table 3).
The coefficients of determination (R2) obtained for the fitted models were 99% and 89%
and Table 4 shows the significant linear and quadratic effects and two-factor interactions
obtained on G1 and G2. On one hand, CAC and the MS:WPC and MS: SPI ratios had nega-
tive linear effects on G, as shown by the significant coefficients (Table 4), while the opposite
effect was obtained for the quadratic effects.
The chroma represents the intensity and purity of the colour, regardless of how light or
dark it is. A colour with a high chroma value appears to be bright or concentrated; whereas a
low chroma colour looks pale, greyish or diluted. Higher carrier concentrations and MS:WPC
and MS: SPI ratios decreased the colour intensity, i.e., the powders showed less saturated
staining (Fig. 6).
The chroma followed the same trend as the values for a*, indicating that the parameter
a* was more important in determining the chroma of the jussara juice powder.
Figura 6. Response surface plots for chroma (G). (a) jussara powders with MS:WPC and (b) jussara powders with MS:SPI.
531
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Selecting the best process conditions
The best conditions for the spray drying microencapsulation of jussara pulp using mi-
xtures of modified starch with whey protein concentrate or soy protein isolate as the carrier
agents were determined in order to obtain higher values for process yield, anthocyanin re-
tention and encapsulation efficiency when using the two experimental designs. Thus an inlet
air temperature of 170ºC, CAC of 1.25 and 2 g/g and proportion of MS:WPC or MS:SPI of
17.5 and 30 g/100 g were recommended as the selected condition.
Table 3.Matrixes of the central composite designs (xi: independent variables) and experimental data obtained for the
response variables studied (A1j and A2j).
Run A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 E1 E2 F1 F2 G1 G2
1 152 0.8 10 43.70 58.30 0.81 0.85 85.80 82.26 52.78 57.07 98.54 99.15 39.50 24.50 15.19 13.33
2 188 0.8 10 41.41 55.11 0.71 1.02 84.79 81.69 49.18 55.59 98.55 99.05 33.10 19.16 14.58 12.41
3 152 1.7 10 45.31 59.67 1.40 1.10 83.48 81.57 54.14 65.14 98.77 99.46 26.65 8.49 13.39 13.48
4 188 1.7 10 43.96 60.68 1.01 0.91 81.55 81.39 54.90 85.90 98.71 99.36 25.39 29.79 12.68 13.40
5 152 0.8 25 45.92 63.04 1.06 0.75 79.36 80.64 58.22 50.93 98.70 99.04 16.84 17.58 11.37 11.51
6 188 0.8 25 45.86 59.25 0.51 0.94 79.92 81.16 55.23 34.10 98.69 98.98 13.89 13.58 11.46 10.16
7 152 1.7 25 54.16 65.51 0.65 0.63 77.99 79.85 81.43 75.42 99.36 99.36 14.72 15.30 10.93 9.55
8 188 1.7 25 53.21 69.33 0.83 0.88 78.36 80.04 82.30 76.25 99.41 99.29 9.12 14.17 10.03 9.22
9 140 1.25 17.5 52.88 63.60 0.96 1.16 79.99 81.36 78.49 40.10 99.22 98.47 20.33 42.60 11.87 11.44
10 200 1.25 17.5 51.49 63.73 0.25 0.78 80.22 81.33 80.31 39.33 99.19 98.64 17.39 5.08 11.56 11.03
11 170 0.5 17.5 39.66 65.86 0.67 0.90 90.04 83.78 52.36 55.14 98.51 98.97 12.50 3.70 14.19 14.34
12 170 2 17.5 54.88 73.77 0.50 0.72 78.68 78.87 82.85 91.32 99.46 99.43 43.96 50.89 12.21 10.63
13 170 1.25 5 33.22 49.93 0.45 0.73 92.86 83.17 52.59 49.83 98.52 98.93 39.93 33.35 15.32 13.67
14 170 1.25 30 55.45 78.50 0.99 0.93 78.51 79.67 82.37 96.87 99.74 99.26 24.33 3.81 10.01 10.17
15 *
170 1.25 17.5 51.61 68.53 0.73 0.74 80.51 80.17 60.74 37.01 99.19 98.87 10.09 32.06 11.72 11.28
16* 170 1.25 17.5 49.57 68.53 0.73 0.73 80.58 80.59 61.71 36.03 98.86 98.87 9.73 29.43 11.80 10.51
17 *
170 1.25 17.5 49.66 68.98 0.77 0.77 80.47 80.74 60.75 37.76 98.98 98.75 9.45 23.66 11.94 10.37
A1 to G1 and A2 to G2: response variables for the process yield (%), moisture content (%), solubility (%), total anthocyanin retention (%),
encapsulation efficiency (%), and hue and chroma for the jussara powders obtained with MS:WPC and MS:SPI, respectively.
x1, x2 and x3: independent variables for the inlet air temperature (°C), CAC (g carrier/g jussara pulp solids) and MS:WPC or MS:SPI ratios
(g WPC or SPI/100 g carrier), respectively.
*
Central point.
Table 4. Regression coefficients and values for R2 for the final reduced models.
Regression
A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 E1 E2 F1 F2 G1 G2
coefficient
Constant
50.90 68.96 0.73 0.74 79.86 81.08 64.73 38.94 98.96 98.76 12.77 28.63 11.75 11.20
Linear
- - - - - - - - - - - - - -
3.32 2.40 - - -2.02 -0.82 7.95 14.77 0.25 0.15 - - -0.65 -0.59
Square
- -2.57 - - - - - - - - - - - -
532
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Regression
A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 E1 E2 F1 F2 G1 G2
coefficient
Interactions
- - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - -
Fcalculated 14.15 9.02 5.37 9.15 13.82 19.22 14.15 13.31 21.65 12.53 6.67 5.89 136.38 14.16
Ftabulated 2.46 2.56 2.46 2.46 2.56 2.56 2.46 2.56 2.46 2.56 2.46 2.46 2.56 2.56
0.90 0.78 0.43 0.43 0.85 0.79 0.85 0.77 0.83 0.76 0.61 0.50 0.99 0.89
A1 to G1 and A2 to G2: response variables for the process yield (%), moisture content (%), solubility (%), total anthocyanin retention (%),
encapsulation efficiency (%), and hue and chroma for the jussara powders obtained with MS:WPC and MS:SPI, respectively.
-No significant effect at a level <10%.
R2: adjusted square coefficient of the fitted model (indicates the percentage of variability accounted for by the model).
βi: the estimated regression coefficient for the main linear effects; βi2: the estimated regression coefficient for the quadratic effects;βif:
the estimated regression coefficient for the interaction effects; i = 1: inlet air temperature; i = 2: carrier agent concentration - CAC; i = 3:
MS:WPC or MS:SPI ratio.
CONCLUSIONS
The response surface methodology was adequate and it was possible to select the
best spray drying conditions. An inlet air temperature of 170ºC, CACs of 1.25 and 2 g/g and
MS:WPC or MS:SPI ratios of 17.5 and 30 g/100 g can be recommended as the selected
conditions to obtain spray-dried products with maximum values for process yield, anthocyanin
retention and encapsulation efficiency. In general, the results obtained in this study indicated
that good quality powders with high anthocyanin contents could be produced by spray drying.
The results are of interest to the food sector, to obtain, for example, novel and inexpensive
sources of natural jussara flavourings for use in the production of dry mixes, beverages,
desserts and other products, as well as in the reconstitution of the juice itself. The cosmetics
companies are also looking for novel and inexpensive sources of natural pigments, for use
as colorants and flavourings.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors are grateful to the Brazilian Government Agency CAPES for its
financial support.
533
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
38
Jenipapo (Genipa americana L.): uma
revisão narrativa
10.37885/210805895
RESUMO
O jenipapo é uma fruta exótica nativa da região amazônica, mas também pode ser en-
contrada em outras regiões tropicais e subtropicais na América Latina. Tradicionalmente
o jenipapo pode ser usado de várias formas: fresco, em preparações (compotas, doces
cristalizados e sorvete) e bebidas (especialmente licores, sucos, vinho e aguardente). O je-
nipapo quando não está maduro é amplamente utilizado por vários grupos indígenas
brasileiros para obter um pigmento azul, expondo o interior dos frutos ao ar. Na medicina
popular, essa fruta possui propriedades promotoras de saúde. Os principais compostos
presentes no jenipapo são os iridóides, que são monoterpenóides e são encontrados
na família Rubiaceae. Estudos in vitro e in vivo tem demonstrado que estes compos-
tos possuem efeito neuroprotetivo, anti-inflamatório, imunomodulador, hepatoprotetivo,
cardioprotetivo, anticancer, antioxidante, hipoglicêmico, colerético, antiespasmódico e
purgativo. Em recente pesquisa ficou comprovada a biodisponibilidade de iridoides pre-
sentes no jenipapo e seu potencial efeito em humanos. As frutas exóticas, consumidas
na Amazônia estão ganhando popularidade no mercado devido ao seu valor nutritivo
e terapêutico. Tendo em vista o potencial desta fruta para mais estudos que possam
estabelecer suas propriedades funcionais, o objetivo desta revisão narrativa é fornecer
informações completas sobre a botânica, o mercado, a composição, os compostos bioa-
tivos presentes nessa fruta e as propriedades biológica do jenipapo.
538
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Descrição Botânica
Figura 1. Jenipapo (Genipa americana L.) fruto (baga) inteiro e cortado ao meio.
A fruta madura é coletada no solo após cair da árvore. Segundo Figueiredo et al.
(FIGUEIREDO et al., 1986), o rendimento da polpa de jenipapo é de 73,81% e segundo
Hamacek et al. (HAMACEK et al., 2013) 48%. Esse rendimento está relacionado a fatores
como colheita, maturação do fruto, se é fresco ou coletado há alguns dias, origem, caracte-
rísticas genéticas, condições de transporte e como o fruto é despolpado.
As árvores são de porte médio e podem apresentar de 6 a 8 m de altura por 4 a 6 m do
diâmetro da copa, com flores brancas ou amareladas suavemente aromáticas. Na Amazônia
brasileira, o período de floração ocorre em novembro quase na mesma época que a frutifi-
cação que se estende de novembro a fevereiro. As árvores começam a dar frutos quando
têm cerca de 6 a 8 anos, e cada uma pode produzir de 200 a 1000 frutos. Em solos de baixa
540
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
fertilidade em Belém (Pará), a produção de plantas com oito anos de idade chega a 18 kg
por planta. Em 100 árvores por hectare por ano, a produção chega a 1,8 toneladas. A pro-
dução é distribuída em todos os meses do ano, concentrando-se nos meses de dezembro
e janeiro (ORWA et al., 2009; REVILLA, 2002).
O jenipapo é encontrado principalmente na parte ‘várzea’ da floresta amazônica, que
fica próxima a rios e é inundada anualmente por vários meses. Também se estende para
a zona de transição floresta aberta/savana. Na maioria dos lugares, é restrito às terras bai-
xas. É comum em florestas secundárias em locais abandonados pela agricultura itinerante.
Embora razoavelmente representado nesses tipos de vegetação, sua presença é um pouco
dispersa, exceto onde plantada (ORWA et al., 2009). Cresce em solos com boa drena-
gem, bem como em solos de matas ciliares periodicamente inundadas por águas límpidas.
Desenvolve-se em zonas com precipitação pluviométrica entre 1.500 e 4.500 mm/ano ou
mais e com temperaturas médias entre 22 e 30 ° C (VILLACHICA et al., 1996).
Os frutos verdes fornecem suco amarelo que escurece gradativamente até ficar azulado
e quase preto, muito utilizado pelos nativos em suas pinturas ou para tingir os cabelos e o
corpo (VILLACHICA et al., 1996). O jenipapo maduro pode ser utilizado de diversas formas:
in natura, geleias, doces, sorvetes, bebidas como licores, sucos, refrescantes, xarope, geni-
papada, vinho e conhaque. Além disso, pode ser utilizado como fruta medicinal para tratar
doenças, sendo considerado afrodisíaco em alguns locais (BENTES et al., 2015; BENTES;
MERCADANTE, 2014; CONCEIÇÃO et al., 2011).
Mercado
A comercialização da fruta em feiras livres na Amazônia brasileira pode ser feita por
unidade ou kg. Na época da colheita, o quilo custa cerca de cinco reais, mas fora de época
chega a 15 reais. As frutas maduras devem ser vendidas (e usadas) até uma semana de-
vido à deterioração, para aumentar a vida útil as frutas devem ser mantidas sob refrigera-
ção. Sob refrigeração, os frutos podem ser conservados por aproximadamente seis meses
(REVILLA, 2002).
METODOLOGIA
541
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
As pesquisas de literatura foram realizadas no período de 2017 a agosto de 2021, um
período específico de publicação não foi selecionado pois o objetivo foi agregar o maior
número de informações possíveis. Foram incluídos artigos disponíveis em texto completo
nos idiomas português, inglês ou espanhol, revisão de literatura, estudos in vitro e in vivo.
Foram excluídos trabalhos cujo objetivo era apenas a investigação do pigmento azul formado
após a exposição da polpa do fruto verde ao ar.
Um refinamento dos trabalhos foi realizado tendo como finalidade a avaliação da coe-
rência e congruência metodológica, a credibilidade, confiabilidade dos resultados, e a re-
levância dos achados. A partir da leitura dos resumos e avaliação crítica os trabalhos que
atendiam aos objetivos desta revisão, foram selecionados e lidos na integra aqueles consi-
derados relevantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Composição
Característica físico-química
542
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Macronutrientes
Micronutrientes
Existem poucos dados sobre o perfil mineral do jenipapo. Três autores relacionaram
a concentração de cálcio, ferro e fósforo e tiveram resultados diferentes para cada mineral
(Tabela 3). Souza et al. (DE SOUZA et al., 2012) encontraram 92,55 mg/100g de potássio, o
que corresponde a 1,97% da Ingestão Diária Recomendada (RDI), e 8,17 mg/100g de mag-
nésio, o que corresponde a 2,04% do RDI. As vitaminas do complexo B na polpa do jenipapo
são tiamina (0,30 - 0,04 mg/100g), riboflavina (0,33 - 0,04 mg/100g) e niacina (0,54 - 0,50
543
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
mg/100g) (Tabela I-3). O jenipapo pode corresponder a 17 - 8,5% da tiamina, 37 - 18,5% da
riboflavina e 5,2 - 3,4% da niacina da ingestão diária para o adulto. De acordo com Souza
et al. (DE SOUZA et al., 2012), o nível de vitamina C no jenipapo pode ser considerado baixo
(<30 mg/100g), mas Morton (MORTON, 1987) relacionou 33,0 mg/100g de ácido ascórbico
em frutos de jenipapo do Brasil. Por existir uma diferença entre os resultados, o jenipapo
não pode ser considerado uma fonte dessa vitamina.
Micronutriente Villachica Morton Figueiredo et al., Hansen et Silva et Souza et Pacheco et Porto et
mg/100 g 1996 1987 1986 al., 2008 al., 2009 al., 2012 al., 2014 al., 2014
Fibras dietéticas
Tabela 4.Conteúdo de fibra do jenipapo (Genipa americana L.) por diferentes autores.
Compostos bioativos
546
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Outros compostos que já foram relatados no jenipapo saõ: genipina, ácido genípico,
ácido genipínico, ácido geniposídico, geniposídeo, genamesídeo A, genamesídeo B, gena-
mesídeo C, genamesídeo D, genipina-gentiobiosídeo, gardenosídeo, gardendiol, shanzhiside,
éster metílico desacetilasperulosídico, genipacetal, genipaol, genipamida, ácido cafeoilge-
niposídico, ácido p-coumaroilgenipossídico, feruloil gardosídeo, escandosídeo metil éster,
gardosídeo, ácido cafeoilquínico, ácido dicafeoilquínico, p-cumaroilgenipina gentiobiosídeo.
(ONO et al., 2005, 2007). O teor total de iridóides no jenipapo maduro é baixo (0,25 ± 0,00
mg/g de polpa seca) quando comparado ao de frutos verdes (128,07 ± 1,09 mg/g de polpa
seca) (BENTES; MERCADANTE, 2014).
Dentre os metabólitos identificados em urina humana após o consumo do suco de jeni-
papo estão duas classes principais, os iridóides e aos ácidos hidroxicinâmicos, que possuem
atividade biológica conhecida. Dickson et al., (DICKSON et al., 2018, 2020) identificaram
como iridoides o ácido genípico, ácido genípico glucuronídeo, ácido genípico isômero 14-ácido
desoxigenipínico, ácido 11-desoxigenipínico, ácido 3 (4) -desidrogenípico, isômero do ácido
11-desoxigenípico, ácido 12-desmetilado-8-hidroxigenipínico, 3 ( Ácido 7) -desidrogenipínico,
isômero do ácido 3 (4) -desidrogenipínico, isômero do ácido 3 (7) -desidrogenipínico, ácido
8-hidroxigênico e hidroximetil-ciclopenta [c] furan-1,3-diol. Este estudo relatou pela primeira
vez a biodisponibilidade desses iridoides.
Considerando as propriedades farmacológica dos iridoides presentes no jenipapo as-
sim como seu conteúdo de compostos bioativos ainda não identificados em outras frutas e
a existência de biomarcadores de consumo, o jenipapo se torna de grande interesse para
pesquisa e desenvolvimento.
Capacidade antioxidante
Atividade antibiótica
A pesquisa por compostos naturais com atividade antibiótica tem como objetivo ex-
plorar uma alternativa para o tratamento de patógenos, principalmente com resistência aos
antibióticos sintéticos já existentes. A ingestão de frutas e vegetais com atividade antibió-
tica pode prevenir o desenvolvimento de problemas de saúde gerados por microrganis-
mos e suas toxinas.
548
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Dois iridóides do fruto do jenipapo (ácido genípico e ácido genipínico) foram descritos
pela primeira vez como antibióticos monoterpenos ciclopentanóides isolados de Genipa
americana L. capazes de inibir o crescimento in vitro de uma ampla variedade de bactérias
Gram-negativas e Gram-positivas, um fungo (Trichophyton menrugruphytes), uma alga
(Chlorella uulguris) e um protozoário (Tetruhymena gelleii). A suposição de que o jenipapo
teria atividade antibiótica foi motivada pela observação da resistência do fruto ao apodreci-
mento (TALLENT, 1964).
Antitumoral
Atividade antiproliferativa
Finco e Graeve (ABADIO FINCO; BÖSER; GRAEVE, 2013) testaram os efeitos anti-
proliferativos de extratos de jenipapo (Genipa americana) usando quatro ensaios diferentes:
MTT (3- (4,5-dimetil-tiazol-2- il) -2,5-brometo de difeniltetrazólio), MUH (4-metilumbeliferil
heptanoato), azul de metileno e azul de tripano. Eles escolheram células HepG2 (linha de
células de câncer de fígado humano) para o teste, uma vez que essa linha de células é um
excelente modelo para abordar o metabolismo das células do fígado. O extrato fenólico
da fruta de genipapo inibiu significativamente a proliferação de células HepG2 de maneira
dose-dependente em todos os ensaios realizados.
Foi investigado o efeito do extrato etanólico da fruta G. americana sobre os mecanis-
mos de proliferação e diferenciação celular da placenta utilizando células BeWo em modelo
in vitro. Trata-se de mecanismos fusogênicos para estudar a diferenciação trofoblástica,
e as células BeWo são células endócrinas trofoblásticas humanas (CONCEIÇÃO et al., 549
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
2011). Os resultados mostraram que o extrato da fruta de jenipapo não foi tóxico para as
células BeWo em concentrações de 1000 µg/mL ou menos, não teve um efeito direto na
diferenciação das células BeWo através da liberação de gonadotrofina coriônica humana ou
formação sincicial. No entanto, o extrato da fruta G. americana influencia a via de sinalização
celular e a inibição da proliferação celular semelhante ao trofoblasto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As diferentes metodologias utilizadas para analisar o jenipapo não nos permite fazer
uma comparação fidedigna de sua composição entre os resultados obtidos. Alguns estu-
dos apontam o jenipapo como uma boa fonte de compostos bioativos. No entanto, o que
mais chama a tenção são os resultados recentes que mostram que os iridóides presentes
no jenipapo são biodisponíveis. Ou seja, há um grande potencial desta fruta na atividade
biológica e propriedade farmacológica que merece atenção e o desenvolvimento de mais
estudos. Portanto conclui-se que o jenipapo é uma fruta exótica com nutrientes e compostos
bioativos de interesse para a saúde humana que merece fazer parte do consumo cotidiano
das pessoas e ser mais explorada para conhecer seus benefícios.
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552
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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553
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
39
Mercado de cervejas artesanais na
cidade de João Pessoa: um estudo
preliminar
UFPB
10.37885/210805621
RESUMO
555
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A pesquisa foi exploratória e descritiva. A coleta de dados primários foi realizada por
meio da aplicação de questionários estruturados, durante a realização de dez visitas técni-
cas, em diferentes canais de comercialização da cidade de João Pessoa, a saber: bares e
restaurantes, supermercados e lojas especializadas.
556
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Os questionários estruturados, com oito perguntas diretas, foram aplicados para os
responsáveis dos estabelecimentos visitados, visando conhecer as marcas das cervejas
artesanais ofertadas, seus preços, estilos e países de origem.
Por envolver seres humanos, os questionários foram aplicados após consentimento
técnico do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, do Centro de Ciências da
Saúde, da Universidade Federal da Paraíba, atendendo ás exigências dispostas na Resolução
nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Quadro 1. Marcas de cervejas artesanais comercializadas e preços praticados em diferentes tipos de estabelecimento
da cidade de João Pessoa, 2014.
Preço Máximo Preço Mínimo
Tipo de estabelecimentos Quantidade de marcas
R$ R$
Bar e Restaurante
1 5 5,7 3,8
2 8 12,5 2,6
3 6 12,69 2,25
4 4 6,35 5,79
Supermercado
1 16 29,99 3,30
2 5 7,15 2,19
3 11 11,59 2,19
4 11 43,9 2,36
Loja especializada
1 15 39,9 7,9
2 12 63,9 15,9
Fonte: Dados da Pesquisa.
557
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O Quadro 2 retrata o país de origem e o preço das cervejas artesanais comercializadas
na cidade de João Pessoa. As cervejas brasileiras foram as que tiveram maior número de
marcas comercializadas, como também as que apresentaram os menores preços, que foram
os praticados nos supermercados (R$ 2,19 – 13,79).
Tanto as cervejas de origem alemã, como as belgas apresentaram dez diferentes
rótulos. As cervejas inglesas ocuparam a quarta posição, com oito diferentes marcas co-
mercializadas. Os menores números de marcas encontradas foram de cervejas de origem
americana, irlandesa, uruguaia, escocesa e tcheca, com apenas um rótulo.
Jackson (2007) destaca a importância da Alemanha, Bélgica e Inglaterra como países
cervejeiros, lugares berços de estilos consagrados e de marcas tradicionais e mundialmente
reconhecidas. Com esta visão, acrescentamos que um consumidor de cerveja artesanal
busca conhecer marcas de cervejas desses países.
Ainda em relação ao Quadro 2, as cervejas artesanais de origem brasileira, alemã
e belga foram encontradas nos 3 pontos de comercialização: bares e restaurantes, lojas
especializadas e supermercados. Por sua vez, as cervejas de origem irlandesa, uruguaia,
americana e holandesa foram encontradas em supermercados e as de origem francesa,
escocesa e theca foram encontradas apenas nas lojas especializadas.
Em relação ao preço, as cervejas belgas apresentaram preços elevados tanto nas lojas
especializadas, como nos supermercados, os maiores valores encontrados foram R$ 43,9, em
supermercado, e R$ 39,90, em loja especializada. Dentre as marcas encontradas, a cerveja
de preço mais elevado foi de origem francesa, comercializada na única loja especializada
em cerveja da cidade de João Pessoa, pelo valor de R$ 63,90.
As cervejas são classificadas em três família segundo o tipo de fermentação: Lager
(baixa fermentação), Ale (alta fermentação) e Lambic (fermentação espontânea). As Lager
são geralmente cervejas mais leves e claras, abrangendo estilos como: Pilsen, Bock,
Schawarzbier, Vienna, Dunkel, Rauchbier. As Ale têm mais corpo, cor e um paladar frutado,
abrangendo estilos como: Stout, Porter, Bitter, Biéres de Garde, Scoth Ale, Blond Ale, Red
Ale, Golden Ale, Weizanbier ou Weissbier (trigo). As Lambic são ácidas e lembram frisantes
ou espumantes, são produzidas exclusivamente na Bélgica.
Seide (2011) argumenta que o conhecimento de vários estilos de cerveja pode em-
prestar notoriedade para o consumidor, que se destaca por ser um “consumidor culto” e
apreciador de “produtos sofisticados”. Pode-se acrescentar que tal fato estimula a apreciação
de diferentes estilos por parte do consumidor de cervejas artesanais ou especiais.
558
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Quadro 2. Origem e preço de cervejas artesanais comercializadas em diferentes tipos de estabelecimento da cidade de
João Pessoa, 2014.
Local de comercialização
N° de marcas comercia-
País de Origem Bar e restaurante Lojas especializadas Supermercados
lizadas
R$ R$ R$
Brasil 12 2,30 – 12,50 7,90 2,19 – 13,79
Alemanha 10 4,90 - 6,85 8,90 – 30,90 4,69 – 16,55
Bélgica 10 5,70 – 6,20 12,90 – 39,90 29,90 - 43,90
Inglaterra 8 --- 15,90 – 37,90 14,09 - 14,15
Espanha 3 3,30 --- 3,30 - 4,29
França 2 --- 12,90 – 63,90 ---
Holanda 2 2,80 --- 2,59 – 7,15
Estados Unidos 1 --- --- 12,69
Irlanda 1 --- --- 14,49 – 14,90
Uruguai 1 --- --- 11,99
Escócia 1 --- 25,90 ---
Rep.Tcheca 1 --- 19,90 ---
Fonte: Dados da Pesquisa.
559
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Quadro 3. Estilo de cervejas artesanais comercializadas em diferentes tipos de estabelecimento da cidade de João Pessoa,
2014.
Quantidade de marcas
Estilo da cerveja
Supermercado Bar e restaurante L. especializadas
Premium Lager 7 9 3
American Lager 8
Pilsner 6 5
Stout 4 1
Weissbier (trigo) 4 1 3
Malzbier 2 3
English Pale Ale 2 3
Red Ale 1 1
Vienna Lager 2
Lambic-Fruit 1 1
German Pilsner 1 2
English Bitter 2
Sem Álcool 2
India Pale Ale 1 1
Belgian Specialty Ale 3
Belgian Dubbel 1
Belgian Tripel 1
Belgian Strong Ale 1
Belgian Blond Ale 1
Premium Bitter 1
English Porter 1
Strong Ale 1 1
Bieres de Garde 1
Fruit Beer 1
Dortmunder 1
Doppelbock 1
Trappist Blond 1
Fonte: Dados da Pesquisa.
CONCLUSÃO
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561
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
40
Microbiological analysis of fresh
mines cheese commercialized in
the northwest region of the state of
Paraná
Gilneia da Rosa
UFSM
10.37885/210805866
ABSTRACT
Fresh mines cheese is one of the most consumed cheeses in Brazil, it presents high
humidity, highly perishable, not subjected to curing, with low percentage of salt and
great manipulation during the manufacture, providing conditions for contamination, sur-
vival and multiplication of pathogenic bacteria as Salmonella sp., coagulase positive
Staphylococcus and Thermotolerant Coliforms, which are capable of causing severe
intoxications and food infections, being of outstanding relevance to public health, since it
presents high endemicity, high morbidity and hospitalizations, leading to death in severe
cases. Objetivo: was to carry out microbiological analysis of fresh mines cheese produced
in the northwest region of the state of Paraná. Métodos: fifty samples of fresh mines type
cheeses sold in the retail market were analyzed, put hut in thermal boxes and sent to
the Laboratory of Preventive Veterinary Medicine of the University of Paranaense where
did they go analyzed. Resultados: of the 50 samples evaluated, 71.8% were outside the
standards established by the brazilian legislation. For thermotolerant coliforms (45ºC) and
coagulase positive Staphylococcus, 70% and 63% of samples, respectively, presented
counts higher than the established limits. There was presence of Salmonella sp. in a
sample. Conclusão: the evaluated cheeses presented low microbiological quality, not
complying with the microbiological standard for cheeses of high humidity as established
by the National Health Surveillance Agency (ANVISA).
563
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUCTION
The fresh mines cheese is one of the most popular chesses of Brazil, being produced
on a large scale and consumed by all population layers during all year. Is an unripened, very
high humidity, immediate consumption and short market durability variety (FURTADO, 1999),
besides having a low salt percentage and high manipulation, providing favorable conditions
for contamination, survival and multiplication of pathogenic bacteria or capable of producing
microbial metabolites, causing serious food poisonings and intoxications (ROCHA et al., 2006).
To detect possible pathogenic bacteria contaminations in cheeses, groups of indicator
and pathogenic microorganisms are used. Most common indicators are total coliforms and
fecal coliforms, also known as thermotolerant coliforms, among some of the pathogenic
microorganisms, stands out the Salmonella sp., which causes serious food poisoning and
the Staphylococcus aureus producer of coagulase positive and thermostable toxins highly
noxious to health (PENA et al., 2009).
The coliform group bacteria have been considered the main causative agents of con-
tamination associated with deterioration of cheeses, with abnormal fermentations and, con-
sequently, early stuffing of the products (ALMEIDA & FRANCO, 2003). This bacteriological
group includes all Gram negative, aerobic and anaerobic facultative bacilli, non-spoil forming
and capable of fermenting lactose with gas production. It comprises bacteria originated from
the gastrointestinal tract of humans and warm-blooded animals, their presence in food shows
inadequate hygiene and sanitation practices (SILVA & SOUZA, 2006).
On the other hand, microbial contamination of cheeses by pathogenic bacteria such as
Salmonella and Staphylococcus aureus is of outstanding concern, as the microbial metaboli-
tes produced by them, cause serious food poisonings and intoxications being able to lead to
death (CÂMARA et al., 2002), occurring local or disseminated infections such as bacteremia
and septicemia, presenting important clinical manifestations, food intoxication and toxic shock
syndrome (CORBELLA et al., 1997).
The goal of this study was to evaluate the microbiological quality of fresh mines type
cheeses commercialized in the northwest region of Paraná state and evaluate the risk of con-
tamination and food poisoning by consumption of this product by the population of this region.
METHOD
The northwest region of Paraná has 26.400 km², humid subtropical climate and low
and medium clay content soil. With 69 cities e 630.421 inhabitants, this region borders with
the states of São Paulo and Mato Grosso do Sul. The total area of this region is 24,488.68
km² (12% of Parana’s territorial extension) and the population density is 25,7 hab./km². The
564
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Northwest region holds about 6% of the population of Paraná, having great importance in in-
dustry and agriculture (IBGE, 2020). Paraná state is the second larger milk producer in Brazil,
with 33,6 billion of liters per year and represent the most important productive chain for the
family farms mainly from the northwest region of the Paraná state, where the dairy products,
especially the fresh mines cheese, have ample production and are part of the food habits of
the majority of the population, and in recent years the commercialization and consumption
has been growing significantly (IBGE, 2020).
Were 50 samples obtained of fresh mines cheese commercialized in different commer-
cial establishments and fairs in the northwest region of Paraná state, packaged in coolers
and routed properly identified to the Laboratory of Preventive Veterinary Medicine of Paraná
University, where were performed the microbiological analysis. The packages were disinfected
with disinfected with 70% alcohol and opened with sterile scissors.
Were realized coagulase positive Staphylococcus counts in duplicate of all the collec-
ted samples. Were weighted 25 grams of the sample in a precision scale, adding 225 mL
of 0,1% peptone saline solution, realizing the 10–1 dilution. In a sterile cup of blender type
homogenizer the sample was homogenized. The next dilution, 10–2, was obtained from de
addition of 1 mL of the homogenate in 9 mL of 0,1% peptone saline solution. The followed
dilutions were realized always inoculating 1 mL of the previous dilution in 9 mL of 0,1% pep-
tone saline solution. Of every dilution was secluded 0,1 mL and seeded, with the help of a
drigalski handle, in Petri plates already plated with Baird-Parker Agar (BP) and incubated
inverted for 48 hours at 36°C, being considered typical the black colonies with precipitation
halo. Were selected three typical colonies and three atypical colonies (black colonies without 565
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
precipitation halo) to carry out the catalase test, wich consists in the addition of a drop of 3%
hydrogen peroxide in an aliquot of the chosen colony, being positivity visualized by the forma-
tion of bubbles. The colonies who showed catalase positive were inoculated in BHI medium
(Brain-Heart Infusion) and incubated for 24 hours for enrichment. After this period has been
removed a 0,2 mL aliquot and inoculated in 0,5 mL of rabbit plasma and incubated at 36°C
for 4 to 24 hours, being considered positive those tubes that presented clot formation. The
population was calculated and the results were expressed in CFU/g.
Were aseptically weighted 25 grams of sample and added in 225 mL of 0,1% peptone
saline water and homogenized for 2 minutes in a sterile cup of blender type homogenizer,
obtaining a 10–1 dilution, the next dilution, 10–2, was obtained from de addition of 1 mL of the
homogenate in 9 mL of 0,1% peptone saline solution. The followed dilutions were realized al-
ways inoculating 1 mL of the previous dilution in 9 mL of 0,1% peptone saline solution. Of every
dilution, 1 mL was inoculated in a series of 3 durhan tubes each containing 9 mL of Lauryl
Sulfate Tryptose broth, being a series for each. The tubes were incubated ate 45°C for 24
hours, the coliforms presence was observed by the formation of gas in the durhan tubes.
The positive tubes, with presence of gas in the Lauril Sulphate Triptose broth, obtained in
the presumptive test, were transferred to tubes containing EC broth (DIFCO), with durhan
fermentation tubes, and incubated at 45°C for 24 hours. The presence of thermotolerant
coliforms was confirmed by the gas formation in the tubes and determination most probable
number (MPN) of thermotolerant coliforms, with the help of Hoskins table (SIQUEIRA, 1995).
Of the 50 evaluated samples, 71.8% were outside the standards established by le-
gislation. To thermotolerant coliforms (45°C) and coagulase positive Staphylococcus, 70%
and 63% of the samples, respectively, presented counts higher than the limits established.
There was the presence of Salmonella sp. in one sample. The colonial cheeses evaluated
showed low microbiological quality, wich could be the result of low hygienic sanitary condi-
tions and raw materials quality used in its fabrication, not complying with the microbiological
standard for cheeses of high humidity as established by the National Agency of Sanitary
Surveillance (BRASIL, 2001).
In view of avoid health risks, the National Agency of Sanitary Surveillance through
Collegiate Board Resolution N°. 12 from January 02 of 2001 (RDC N°12) (BRASIL, 2001),
stablishes the Technical Regulation on Microbiological Standards for Foods, in which, for high
566
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
humidity cheeses (55%) as the case of fresh mines cheese, the coliforms microorganisms
must be quantified at 45°C (5x102/g), coagulase positive Staphylococcus (5x102/g), Salmonella
sp. (absence in 25 g). The 5.9.1. item disposes that the denomination of “coliforms at 45°C”
is equivalent to de denomination of “fecal origin coliforms” and “thermotolerant coliforms”
Corroborating with our study, Borges et al. (2003), in a research of 43 cheese samples
evaluated, in Ceará state, 74% showed thermotolerant coliforms, 90% coagulase positive
Staphylococcus and 35% of Salmonella sp. presence, besides that, the high population of
molds and yeasts detected in this study classified the product as unfit for human consump-
tion, according to microbiological standards of current brazilian legislation (BRASIL, 2001).
Regarding the allowed pattern for thermotolerant coliforms, in the case of artisanal
cheese, the percentual obtained by Brant et al. (2007), when evaluating 40 samples of mi-
nas cheese commercialized in Serro, MG region, and Tomich et al. (2001), when analyzing
14 samples of Minas cheese commercialized in Belo Horizonte, MG, finded percentual of
925% and 93%, respectively, above the maximum standard established for thermotolerant
coliforms, results similar to those found in the present study, where 71,8% of the analyzed
samples, showed up out of the standards established by legislation, having 70% of presence
for thermotolerant coliforms (45°C).
The presence of thermotolerant coliforms is an indicative of incorrect manipulation and
lack of good manufacturing practice procedures, being able to be considered an indicative of
fecal origin contamination, thus posing a risk to the health of consumers (SALOTTI et al., 2006).
Staphylococcus aureus is the predominant species among the coagulase positive
Staphylococcus and its presence in food may be directly related to incorrect manipulation,
lack of good manufacturing practice and the use of low-quality raw material, being an important
enterotoxigenic in dairy foods (JORDÁ et al., 2012). Other papers also reported high coagu-
lase positive Staphylococcus scores in artisanal cheeses, surpassing the limits established
by legislation (SCHIMITT et al., 2011; FAVA et al., 2012; REZENDE et al., 2010).
The high scores of coagulases positive Staphylococcus show the occurrence of pos-
sible failures during cheese processing such as poor sanitation of equipment and manipu-
lators, incorrect use of storage temperature and unsatisfactory hygienic sanitary conditions
(PINTO et al., 2011).
Higher contaminations were found in other studies that analyzed artisanal cheeses, as
Loguercio and Aleixo (2001), who evaluate the hygienic-sanitary quality of the fresh mines
cheese commercialized in Cuiabá. The results presented 93.33% of the samples with abo-
ve-standard counts for fecal coliforms and 96.67% of the samples with counts higher than
the legally acceptable standard for Staphylococcus aureus.
567
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
The presence of Salmonella sp. was verified in one (2%) of the 50 analyzed samples.
Machado et al. (2010), confirmed the presence of Salmonella in 19,5% of the analyzed cheese
samples, while Borges et al. (2003), detected Salmonella sp. in 35% of the cheese samples,
classifying the cheeses as products unfit for human consumption. Isepon et al. (2003), also
verified the presence of Salmonella sp. in cheese samples, on the other hand Pereira et al.
(1999), showed absence of Salmonella sp. in all samples of fresh mines cheese, however,
it was verified that these samples presented a high count of thermotolerant coliforms.
According to Brant et al. (2007), the absence or a small score of Salmonella sp. in
cheeses, can be determined by the lowest competition capacitie of this species in relation to
coliforms and the Staphylococcus aureus, and that the occurrence of this microorganisms
in food is, most of the times, associated to lower scores of other contaminants. However,
to Mello et al. (2009), the absence of Salmonella sp. in samples can also be related to the
presence of lactic bacteria, which make cheese an adverse environment to the survival of
pathogenic microorganisms or even or even due to the stressful condition coming from the
processing and storage to which the food was submitted.
Dionizio et al. (2003), observed the absence of Salmonella sp. in 23 samples of cheese
coming from trade fairs in Uberlândia, MG, the authors attributed this fact to the high scores
of thermotolerant coliforms and coagulase positive Staphylococcus founded in the analysis,
65,2% and 100%, respectively, considering that this microorganisms are good competitors
compared to pathogens capable of producing substances with antimicrobial potential that
inhibit the development of pathogenic microorganisms in dairy products (SILVA et al., 2010).
Salmonella is one of the most frequent involved microorganisms in foodborne outbreaks
in several countries, including Brazil. The dairy associated salmonellosis is almost always
caused by raw or inadequately pasteurized milk and also cheese (FRANCO et al., 2005).
Epidemiological surveys realized in several countries place salmonella among the pathogenic
agents most frequently found in outbreaks of foodborne toxinfection, and dairy products are still
one of the most important transmission vehicles of Salmonella sp. (ÁVILA & GALLO, 1996).
CONCLUSION
The low microbiological quality of the colonial cheeses evaluated in this study, show
failures in its fabrication process, which can be related mainly to the poor quality of the raw
material used and the different technologies used in artisanal fabrication. The high scores of
microorganisms show the commitment of the products quality and indicate the possibility of
pathogens, which may endanger the health of consumers.
568
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
ACKNOWLEDGMENTS
To National Council for Scientific and Technological Development (CNPq) by the scho-
larship granted to the author and the Universidade Paranaense for financial support.
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571
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
41
Novas tecnologias na conservação pós-
colheita do umbu (Spondias tuberosa
arruda): uma referencial teórico
10.37885/210705348
RESUMO
573
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Perdas pós-colheita
Com base nos dados fornecidos pela Embrapa (2019), o Brasil é um dos maiores
produtores de frutas e hortaliças do mundo, ocupando o terceiro lugar no ranking mundial,
com uma produção em média de 45 milhões de toneladas de frutas. Desta estimativa, 65%
do total produzido ficam no mercado interno e 35% são para a exportação. A agricultura
familiar domina mais de 50% da produção destas frutas e hortaliças, o que gera um grande
impacto na própria renda e na economia brasileira.
Apesar do alto nível de produção de frutas e hortaliças, o Brasil entra também como um
dos países responsáveis pela maior quantidade de perdas após a colheita. Estudos apon-
tam que, principalmente no que diz respeito às hortaliças, os níveis de perdas pós-colheita
podem chegar a 30% do que é produzido. Quanto aos frutos, raízes e tubérculos, essas
perdas podem ser ainda maiores, atingindo 50% de toda a produção (FAO, 2018).
As perdas pós-colheita ocorrem em todos os estágios da cadeia produtiva, desde a co-
lheita, transporte, processamento, armazenamento e a comercialização (YAHIA; FONSECA;
KITINOJA, 2019). Avaliando a distribuição geral de perdas no mundo, 10% ocorrem dentro
da propriedade rural, 50% durante o manuseio e transporte dos produtos, 30% na etapa de
comercialização e abastecimento e 10% transcorrem no varejo e consumidor final, de modo
que se estendem por toda a cadeia produtiva (FAO, 2014). De acordo com Freitas Júnior
et al. (2020), uma vez que são comercializadas geralmente em feiras, mercados, sacolões,
supermercados e Centrais de Abastecimentos (CEASAS), isso influencia muito no aumento
das perdas por injúrias, desordens e contaminações.
Sousa et al. (2018), afirma que as causas primárias resultantes de grandes desperdícios
e perdas pós-colheitas são: Injúrias mecânicas, fitopatológicas, biológicas e desordens fisio-
lógicas relacionados ao grau de perecibilidade de cada espécie, estando também associadas
às práticas inadequadas aplicadas durante as etapas da cadeia produtiva. Dentre as injúrias
mecânicas, pode-se citar: Amassamentos, furos, riscos e quebras, enquanto as fitopatoló-
gicas consistem em lesões causadas principalmente por fungos e bactérias. As biológicas
apresentam lesões ocorridas por insetos, pássaros e roedores; ao passo que as desordens
575
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
fisiológicas são evidenciadas pelo rápido amadurecimento, perda de massa, cor e textura,
amolecimento, brotamento e murchamento (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
As causas secundárias por sua vez, são aquelas relacionadas aos sistemas inadequa-
dos de armazenamento, transporte e comercialização (YAHIA; FONSECA; KITINOJA, 2019)
em conjunto à falta de conscientização e capacitação do pessoal envolvido no manuseio,
transporte e comercialização, que não fazem uso das Boas Práticas durante a colheita e
pós-colheita (SILVA et al., 2019; TOMM et al., 2018). Além disso, relaciona-se também
com a posição geográfica, nível tecnológico empregado e educação do próprio consumidor
(SOARES; JÚNIOR, 2018).
É importante ressaltar que há um grande desafio em reduzir, avaliar, mensurar e qualifi-
car as perdas pós colheita de uma forma mais concreta, pois depende de uma ação integrada
em todos os âmbitos da cadeia produtiva e exigem metodologias mais assertivas, esforços
para obtenção e coleta de dados, que são utilizados como suporte às políticas de redução
dessas perdas e retorno financeiro para os produtores da agricultura familiar e demais cola-
boradores envolvidos no processo e novas tecnologias que consigam além de minimizar as
perdas, atender as necessidades dos consumidores (ALMEIDA et al., 2020; MERIQUI, 2017).
576
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O umbu destaca-se na caatinga, principalmente no estado da Bahia e Norte de Minas
Gerais, regiões na qual alcançam o maior mercado consumidor do fruto fresco (SATURNINO
et al., 2019). De acordo com dados do IBGE (2019), foram colhidas 7.765 toneladas de umbu
no ano de 2018. O valor da produção na extração vegetal, girou em torno de aproximada-
mente 8,26 milhões de reais, sendo 87% gerado na região Nordeste, onde se encontra 90%
da produção e a diferença, gerado no semiárido mineiro.
As maiores preocupações relacionada aos frutos do umbuzeiro fazem referência à
manutenção da qualidade, principalmente após o período da colheita. Isso decorre pelo
fato de o umbu ser classificado como um fruto climatérico, apresentando alta taxa respi-
ratória no momento da maturação, sendo, portanto, fonte potencial para que a acentuada
atividade microbiana se desenvolva, podendo ocorrer deteriorações relacionadas à perca
de substratos e, consequentemente, valores nutricionais dos compostos presentes no umbu
(CASTRO; RYBKA, 2015).
Diante do exposto, é importante que a etapa de colheita ocorra em um estádio de for-
mação mais apropriado do fruto, ocorre geralmente quando a casca apresenta uma mudança
de coloração do verde-escuro para um tom mais brilhante ou amarelado (GONDIM, 2012),
porém, para manutenção da qualidade pós-colheita, estes fatores dependem da interação
entre os fatores intrínsecos e extrínsecos de cada variedade e da tecnologia de conservação
pós-colheita que vai ser utilizada.
Apesar de possuir grande aceitação no mercado, o consumo do umbu ainda é limitado
a épocas específicas do ano, com o período entre safras de dezembro a março. Além disso,
por ser altamente perecível, ocorre grandes perdas durante as etapas de colheita e pós-co-
lheita, e torna inviável o transporte para outras regiões. (SANTOS et al., 2016). Diante disso,
é de suma importância a utilização de estratégias e apresentação de novas tecnologias para
a conservação pós-colheita do umbu.
577
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
embalagens apropriadas ao metabolismo dos frutos e as boas práticas de manuseio, dentre
outras, podem ser implementadas como alternativas viáveis na conservação do umbu.
Uma tecnologia que vem sendo muito estudada é utilização de atmosferas modificada
e controlada, pelo uso de filmes flexíveis, como o de cloreto de polivinila (PVC). Esse tipo
de embalagem permite estabelecer uma composição gasosa no seu interior, diferente da do
ambiente externo, pela redução da concentração de O2 e elevação do CO2, com o objetivo
de reduzir a taxa de respiração, reduzir a produção de etileno e promover o retardamento
do estágio de senescência dos frutos (MOURA et al., 2013; SILVA et al., 2019).
Com base nos estudos realizados por Silva et al. (2019), nota-se que a embalagem de
PVC foi eficiente para aumentar o tempo de conservação dos frutos de umbu armazenados,
além de manter o teor de vitamina C em comparação com os frutos não embalados em três
dias de armazenamento. Moura et al. (2013) avaliaram a qualidade pós-colheita do umbu
em três estádios de maturação e armazenados sob atmosfera modificada e em temperatura
ambiente de 23 ± 1 °C com 83 ± 2% UR. Eles observaram o uso da atmosfera modificada cru-
cial para manter a qualidade dos frutos, proporcionando um aumento no período de vida útil.
Filmes biodegradáveis, revestimentos comestíveis e nanocompósitos são tecnologias
que também vem sendo empregadas como uma estratégia eficiente para redução das perdas
e danos causados nos frutos após a colheita (CHEVALIER et al., 2018). Eles são geralmente
feitos a base de polímeros e polissacarídeos e consiste basicamente em uma fina camada de
material (matriz polimérica) e outros aditivos compatíveis que recobre o alimento (AZEREDO;
WALDDRON, 2016; WIHODO; MORARU, 2013; ZINK et al., 2016).
Teodósio et al. (2021), apontam que o uso de embalagens comestíveis a base de
microalgas e óleo de semente da romã associado à refrigeração retardou o metabolismo
respiratório, atuou como uma barreira semipermeável contra as trocas gasosas entre o meio
interno e externo e perda de umidade, reduziu o metabolismo, melhorou as características de
qualidade, conservou os teores de vitamina C, compostos bioativos e fenólicos e estendeu
a vida útil de frutos do umbuzeiro.
Granja e Cunha (2015), utilizaram revestimento comestível a base de quitosana na
conservação pós-colheita do umbu e afirmaram que este, foi eficiente para reduzir o processo
de amadurecimento e aumentar a vida útil dos umbus.
Souza Júnior (2016), utilizou revestimento comestível a base de goma arábica 10%
para avaliar a conservação pós-colheita do umbu, porém, observou que enquanto a emba-
lagem foi eficaz considerando a acidez, pH, açúcares redutores e Brix, foi ineficaz no que
diz respeito à permeabilidade ao vapor de água e conservação dos compostos fenólicos e
atividade antioxidante.
578
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Costa et al. (2017), desenvolveram um nanobiocompósito a base de amido de mandioca
e diferentes concentrações de nanopartículas da mesma matriz polimérica, e observou que
o filme com 10% de nanopartículas foi eficiente em aumentar a resistência a tração (200%)
e o módulo de elasticidade (616%) e reduzir a permeabilidade ao vapor de água (43%)
quando comparado ao filme sem adição de nanopartículas, o que indica que pode ser uma
alternativa viável na conservação dos frutos de umbu.
Coelho et al., (2015) discutiram as vantagens e desvantagens da ozonização, a con-
tribuição e o impacto desta tecnologia para minimizar os danos e perdas pós-colheita, além
do efeito desta tecnologia como uma alternativa ao uso do cloro, as formas de aplicação,
o uso e segurança e a regulamentação do uso do ozônio na agroindústria e consideraram
que: A ozonização é uma tecnologia que atende as necessidades dos consumidores que
visam alimentos seguros e de qualidade, redução de alguns custos, é ambientalmente ami-
gável, no entanto, é necessário estudos visando definir a utilização da concentração ideal,
tempo de contato com os frutos e outras condições de tratamento para cada fruto.
Embora não reportado na literatura a utilização do ozônio na conservação pós-colheita
do umbu, Santi et al. (2018) relataram que a água ozonizada (0,5 µg mL-1 min-1) serviu
para controlar os microrganismos, aumentar a vida de prateleira e manter a qualidade de
tomates por mais tempo e em níveis aceitáveis.
De acordo com Lima e Castricini (2019), essas e outras tecnologias promissoras de
conservação pós-colheita que estão surgindo necessitam de uma intensa avaliação nas
condições praticadas pelos agentes de cadeia do umbu, no estudo de impactos econômi-
cos analisando os custos a médio a longo prazo e do valor de mercado do produto. Além
de investimento em capacitação e disseminação das informações e tecnologias aplicáveis
ao umbu representando requisito para que os avanços na competitividade dessa atividade
sejam atingidos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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583
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
42
O potencial farmacológico dos
méis de abelha meliponini e o fator
bioeconômico que compreende sua
produção: uma revisão narrativa
10.37885/210705362
RESUMO
Nativas do Brasil, as abelhas Meliponini constituem uma tribo de abelhas com mais de
500 espécies registradas, com propriedades físico-químicas que se distinguem conforme
a região do território brasileiro. No entanto, em analogia com as abelhas Apis Melifera, a
base de dados acerca das características dos seus méis são insuficientemente explora-
das, abrindo margem para o desenvolvimento de pesquisas que comprovem a eficácia
desse produto natural na correspondente utilização para os domínios fitoterápicos, as-
sim como incentivos para a expansão da meliponicultura no Brasil, em finalidade para a
preservação dessas abelhas, geração de renda para as comunidades locais e preserva-
ção ambiental. Objetivo: Destacar os aspectos físico-químicos dos méis das abelhas e
suas propriedades farmacológicas, para incentivar pesquisas que comprovem seu uso
fitoterápico, além de destacar a importância da meliponicultura para a preservação am-
biental e geração bioeconômica. Método: Este trabalho apresenta-se como uma revisão
de literatura sobre o mel das abelhas sem ferrão. Foi realizado um levantamento entre
o período de 2016 e 2021 nas bases de dados PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), ScienceDirect e Google Acadêmico.
Artigos duplicados, incompletos, inacessíveis ou que não estavam dentro da margem
temporal estabelecida foram excluídos da pesquisa. Conclusão: O mel da abelha nativa
detém propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias, nutracêuticas, antioxidantes e
cicatrizantes. A meliponicultura assume um papel importante como alternativa de renda
para pequenos agricultores e em práticas de preservação ambiental, de produção bioe-
conômica, sendo a meliponicultura uma atividade que proporciona resultados positivos
para os campos farmacológicos, econômicos e ecológicos.
585
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Abelhas sem ferrão (ASF) ou abelhas indígenas, são pertencentes à ordem Hymenoptera,
da família de abelhas Apidae e à tribo Meliponini, são de longe o maior grupo de abelhas
eussociais da Terra com mais de 500 espécies registradas (HRNCIR, JARAU, BARTH; 2016),
essas abelhas tem seu ferrão atrofiado e não produzem tanto mel quanto a abelha africaniza-
da, a Apis Mellifera, que detém maior quantidade de produção e comercialização no território
brasileiro. O habitat das ASF consiste em boa parte do norte e nordeste brasileiro, atuando
como polinizadora e também como produtora de mel nas áreas da floresta amazônica e partes
do Cerrado e da Caatinga (CARVALHO, 2016), há também a presença dessas abelhas na
Mata Atlântica dos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, porém em pequena
escala (SOMAVILLA et.al., 2018). Segundo Barbosa et al. (p. 694-703; 2017), essa espécie
assim como as outras variantes, fazem a Polinização de ecossistemas, sejam agrícolas ou
naturais, e auxiliam na genética de espécimes vegetais, por isso, a perda dessas agentes
pode ocasionar a morte e extinção de certas plantas. Dessa forma, são essenciais para a
biodiversidade vegetal e para a alimentação de animais maiores. Essa percepção destaca
à sociedade a relevância das abelhas sobre os diversos aspectos que sua função, como
agente polinizador, exerce quando incorporada a um ecossistema, tornando-se necessária à
sua preservação no meio ambiente para evitar o seu possível desaparecimento da natureza,
como vem ocorrendo em algumas regiões do Mundo (POSSANI, 2019).
Uma das principais características das abelhas está associada com a produção do Mel
a partir do néctar das flores, esse mel, posteriormente, poderá ser utilizado para diversas
finalidades dentro de suas características, entre elas, a utilização do mel para finalidades
de caráter medicinal (DE ARAÚJO SILVA, 2019), isso ocorre devido aos atributos físico-
-químicos, que eventualmente podem deter propriedades farmacológicas e serem utilizadas
para o tratamento de diversas enfermidades (FERNANDES, 2017). Entretanto, a base de
conhecimentos acerca dos méis das ASF, de acordo com Rao et al (2016) e Montenegro
(2018), são insuficientemente exploradas, quando comparada a base de dados do mel da
espécie Apis Mellifera. Essa limitação expõe principalmente a necessidade do desenvolvi-
mento de mais pesquisas acerca dos méis dessas abelhas, sobretudo em virtude de que
as diferentes espécies de abelhas sem ferrão apresentam potenciais terapêuticos, muitos
desses potenciais encontram-se até desconhecidos pela comunidade científica, devido a
imensa diversidade de méis de abelhas nativas que ainda não foram exploradas (AVILA
et al., 2018), esses estudos poderiam acrescentar inovações aos âmbitos farmacológicos
e medicinais, uma vez que seus atributos podem proporcionar novas formulações para o
tratamento de doenças, ou tratamentos alternativos com base nos recursos naturais, como
o seu potencial medicinal antibacteriano e antioxidante (ÁVILA, 2019, p. 95), embora vista
586
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
a necessidade que mais incentivos tornem-se responsáveis pela produção de pesquisas
que comprovem os mecanismos de ação farmacológico dessas propriedades no organismo
humano (SILVA et al., 2017).
A produção do mel das ASF na meliponicultura compreende a diversos âmbitos, como
a bioeconomia, que de acordo com Brasil Santos et al (2021), é uma alternativa de desen-
volvimento econômico e sustentável. Sendo a meliponicultura uma oportunidade para o
Brasil no manejo sustentável dos recursos naturais, principalmente devido à pressão mun-
dial acerca da conservação da natureza nos países em desenvolvimento (DEMETERCO,
2016). De acordo com Maia et al (2017), em muitas regiões do país, a criação de ASF é
uma atividade tradicional e antiga, e está atrelada a cultura local em que se encontra, ca-
racterizando-se como agricultura familiar. Apesar da atividade ser muito difundida, ainda há
problemas em sua regulamentação e funcionamento, por isso, muitos meliponicultores não
são registrados e não emitem notas de compra e venda, evitando o conhecimento acerca
da economia da atividade no Brasil, embora os esforços das esferas Federais e Estaduais
para a melhoria de prática e manejo das abelhas nativas (REGINATO KOLSER; BARBIÉRI;
MAURICIO FRANCOY, 2020). E de acordo com Silva (2017), esta atividade está concentrada
principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil, onde o clima e a vegetação contribuem
para a criação de subclasses das abelhas Meliponini. A preservação ambiental das variadas
espécies de abelhas encontradas na natureza é imprescindível para a manutenção e con-
servação do ecossistema. E o Brasil, como sendo o país que detém a maior biodiversidade
do planeta (MAGNUSSON et al., 2016, p. 56), pode encontrar na meliponicultura uma forma
de preservação das abelhas indígenas e geração bioeconômica, devido as contribuições
ambientais na preservação dos biomas brasileiros e a geração de renda que essa atividade
exerce para as comunidades locais.
A expansão da meliponicultura e a importância das pesquisas acerca dos méis de-
mostra um papel fundamental para a comunidade ambiental e a área da saúde, uma vez
que o Brasil possui uma imensa biodiversidade que poderia garantir a população inovações
e produtos fitoterápicos, nos incentivos da utilização sustentável dos seus recursos ecoló-
gicos (BOLZANI, 2016), especialmente pelo enorme potencial de recursos naturais que o
Brasil apresenta para a produção de medicamentos fitoterápicos e o seu amplo mercado,
essencialmente para o aspecto da bioeconomia, onde de acordo com Sousa (2016), o de-
senvolvimento e inovação de produtos fitoterápicos ainda cresce de forma modesta.
587
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
DESENVOLVIMENTO
O mel pode ser considerado uma solução de açúcares redutores, sendo os monos-
sacarídeos glicose e frutose os açúcares mais centrais de sua composição. Conforme dito
por Sousa et al. (2016), no mel da abelha sem ferrão o açúcar mais presente é a frutose,
seguido da glicose e da sacarose. Além disso, a quantidade de açúcar no mel pode variar
de acordo com as espécies florais de cada região. Diferentemente do mel da Apis Mellifera,
o mel das abelhas sem ferrão possui um sabor levemente ácido e textura mais fluida que o
mel da Apis Mellifera.
O mel de abelha sem ferrão, quando comparado ao mel da Apis Mellifera, apresentou
maior acidez, chegando a 76,3 meq/kg, e está relacionada com a composição floral, com a
fermentação de açúcares por organismos e com cada espécie de abelha. Apresentou tam-
bém maior umidade (28,3 g/100 g), o que pode significar que o mel das abelhas sem ferrão
pode se deteriorar mais rapidamente que o mel da Apis Mellifera. Além disso, o elemento
mineral mais abundante no mel das abelhas sem ferrão é o potássio (263-4980 μg/g), que
na Apis Mellifera fica entre 172,5-976,75 μg/g (ÁVILA, 2019). Tais resultados de composição
físico-química, evidenciam que os méis das abelhas sem ferrão são diferentes das abelhas
Apis Melifera, embora essas diferenças, de acordo com Biluca (2018, p. 7), o mel das abe-
lhas nativas “não recebe respaldo da legislação vigente, indicando assim, a necessidade
de fixação de parâmetros específicos de identidade e qualidade os quais poderiam permitir
adequação dos méis de abelhas sem ferrão à comercialização.”
Devido à variedade de mais de 500 espécies de ASF, duas espécies foram abordadas
como referência, a Melipona Fasciculata e a Melipona Flavolineata.
A abelha da espécie Melipona Fasciculata é uma abelha nativa do Brasil e habita
regiões da Caatinga e do Cerrado brasileiros, ela é uma espécie recorrente na produção
de mel, além de otimizar a tecnologia de pequenas fazendas meliponicultoras no estado
do Maranhão (CARVALHO, 2016). Os parâmetros usados para análise de propriedades
físico químicas são baseados na Legislação Brasileira que determina os indicadores de
maturação: Umidade, açucares redutores e não redutores, de pureza: Sólidos insolúveis e
cinzas e de deterioração: Acidez, além do nível de pH e sólidos solúveis. Esses valores são
588
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
comparados com as propriedades da Apis Mellifera, por causa da gigantesca variedade de
tipos de abelhas Meliponini e não haver um padrão concreto para o mel das ASF.
No estado do Maranhão, onde se concentra a criação de Fasciculata no Brasil, os
resultados da pesquisa realizada por Fernandes et al. (2020), foram que a taxa de variação
de umidade foi de 24,1% a 29,13%, em média 27,2%, mostrando a influência das caracte-
rísticas do néctar colhido no bioma, principalmente a umidade relativa do ar. A presença de
açúcares influencia na glicose e frutose do mel, que por sua vez interferem na capacidade
antimicrobiana do líquido, e por isso as taxas de açúcares redutores (redutores: 50,1%;
não redutores: 8,5%) podem identificar se o mel foi colhido prematuramente, já que os al-
tos valores de dissacarídeos não redutores mostram que ainda não foram transformados
em glicose e frutose. Os valores de sólidos solúveis e não solúveis foram 72,79% e 0,09%
respectivamente, já as cinzas, como representam os minerais contidos no mel, tem direção
direta com a sua coloração, e estava conforme a regulação da Mellifera, em 12%. A acidez,
que é referente a fermentação e a estabilidade do mel, em média livre estava em 30,58 meq.
kg-¹, e o pH médio é 3,79, que é influenciado pelo nível de pH do néctar colhido pela abelha.
Já a pesquisa realizada por Sant’ana (2017), em regiões rurais do estado do Piauí e
algumas referências no Maranhão, Pará e Rio Grande do Norte, com as propriedades do mel
das abelhas Fasciculata teve como parâmetros a umidade, acidez, pH, Hidroximetilfurfural,
atividade diastásica, açúcares redutores, sacarose total, cor, reação de Lugal e fenóis e
flavonóides totais. Os resultados foram:
A abelha Melipona Flavolineata não detém muitos estudos na literatura acerca das
propriedades físico-químicas do seu mel. Entre o período de 2016 a 2021, encontrou-se
somente um estudo feito por Menezes, Mattietto e Lourenço (2018). Nele, os resultados
obtidos da análise físico-química do mel da M. Flavolineata foram:
589
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 2. Mel da Abelha M. Flavolineata Não Pasteurizado.
Parâmetros Resultados
pH 4,28 ± 0,03
Umidade (%) 28,53 ± 0,02
Atividade da Água (%) 0,7459 ± 0,0012
Açúcares Redutores (%) 63,09 ± 1,55
Sacarose Aparente (%) 2,12 ± 0,22
Resíduo Mineral (%) 0,25 ± 0,00
Acidez Titulável (cmol/kg) 38,85 ± 0,58
Atividade Diastásica (Gothe) 6,31 ± 0,09
Hidroximetilfurfural (mg/kg) 3,59 ± 0,14
pH 4,28 ± 0,03
Fonte: Menezes, Mattietto e Lourenço, 2018
Potencialidades Farmacológicas
De acordo com Almeida de Ruiz (2019), O mel das ASF é um produto de longa tradição
e detém valores atribuídos ao caráter medicinal, além de ser um produto de elevado preço
comercial. A maioria das características medicinais dos méis da tribo Meliponini encontradas
na literatura, detém propriedades farmacológicas associadas a atividades antibacterianas,
antioxidantes, anti-inflamatórias e em aplicações para o tratamento de feridas no processo
de cicatrização (ABREU et al., 2016; BILUCA et al., 2020; NORDIN et al., 2018).
De acordo com Domingos (2019), o mel da espécie de abelha M. flavolineata de-
tém propriedades antibacterianas que proporcionam efeito inibidor na multiplicação celular
da bactéria Staphylococcus aureus, demostrando potencial terapêutico na inibição desse
microrganismo, que segundo Pollitt et al (2018), é responsável por infecções sistêmicas.
Ademais, Domingos et al (2021) ressalta que “O mel da abelha amazônica M. flavolineata
tem potencial terapêutico promissor como um futuro agente antimicrobiano”, assim como a
espécie Melipona spp, que de acordo com os resultados da autora, detém atividades “contra
bactérias patogênicas para animais e humanos”. Em outros estudos, os efeitos dos méis das
diferentes abelhas sem ferrão também possuem atividades antimicrobianas in vitro contra
outras cepas de microrganismos gram-positivos e gram-negativos (ROÓS et al., 2018), sendo
assim, apresentando competências para a prevenção do surgimento de cepas bacterianas
resistentes, devido as suas características físico-químicas e a concentrações utilizadas
contra as cepas. (NISHIO et al., 2016; PAVAN, 2017). Inclusive, o mel das abelhas sem
ferrão tende ser uma provável alternativa para novas formulações para antibióticos, a partir
da utilização desses recursos naturais, principalmente pelos acontecimentos sobre o uso
indiscriminado de antibióticos nas últimas décadas, que corroboraram na manifestação de
bactérias resistentes a terapêutica desses fármacos (OLIVEIRA; PEREIRA; ZAMBERLAM,
2020). E conforme diz Da Silva Duarte et al (2019), a preocupação mundial cresce cada vez
590
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
mais para combater a resistência desses microrganismos, especialmente após o ano 2000
e o descompasso da indústria farmacêutica para pesquisar e introduzir novos antibióticos
(LIMA; BENJAMIN; SANTOS, 2017).
Embora insuficientemente encontram-se estudos específicos relacionados a essa te-
rapêutica, outro aspecto farmacológico encontrado na literatura sobre o mel das abelhas
sem ferrão, é como agente cicatrizante de feridas (JALIL; KASMURI; HADI, 2017), estudos
de Domingos et al (2021) demostra que o mel da espécie M. flavolineata detém potencial
medicinal para a cicatrização de feridas, assim como a geoprópolis produzida pelas abelhas
nativas em feridas cutâneas (GUEDES et al., 2018). Ademais, outra característica do mel das
ASF está correlacionada com as propriedades anti-inflamatórias (RAO et al., 2016), Segundo
Biluca et al (2020), o mel das ASF detém efeito anti-inflamatório em macrófagos RAW264.7,
com efeito redutor de NOx, TNF-α, IL-6, MCP-1, IL-12p70, INF-γ e IL-10, e ainda de acordo
com o trabalho, os efeitos podem estar relacionados aos compostos fenólicos presentes no
mel das abelhas nativas. Outra propriedade medicinal é o efeito antioxidante, sendo essa,
a atividade farmacológica mais encontrada na literatura, devido aos compostos fenólicos
que constituem o mel, como o ácido gálico, rutina, ácido ascórbico, quercetina e kaempferol
(NISAL et al., 2019), que podem ser responsáveis pela minimização dos efeitos dos radi-
cais livres no organismo humano (DE FREITAS et al., 2020). De acordo com Al-Hatamleh
et al (2020): “as propriedades antioxidantes potenciais desses produtos (...), desempenham
um papel vital na prevenção e tratamento de doenças associadas ao estresse oxidativo, in-
fecções microbianas e distúrbios inflamatórios.”, além também de conter outros componentes
bioativos que evidenciam potencial nutracêuticos (MONTENEGRO, 2018). Assim, os méis
das ASF apresentam aspectos que abrangem potenciais para os âmbitos farmacêuticos e
nutricionais, convertendo-se em um aliado para a área da saúde (ÁVILA, 2019).
Sabe-se que a existência das abelhas é essencial para a manutenção do planeta terra
e para o ecossistema. As abelhas são responsáveis pela polinização de vários grãos, frutas
e legumes, sendo essenciais por quase 80% da reprodução das plantas (LIMA; DESIDERIO,
2020). Com o avanço da agricultura, do desflorestamento, do desenvolvimento urbano e de
outras inúmeras atividades antrópicas, a diversidade biológica encontra-se ameaçada. Os po-
linizadores naturais também são ameaçados com essas intervenções, pois os recursos para
a sobrevivência se tornam mais escassos (BARBOSA et al., 2017, p. 694).
De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO, 2004 apud BARBOSA et al.,
2017, p. 694), a polinização é fundamental no sucesso reprodutivo das plantas que, como
produtores primários, são responsáveis pelo sequestro de carbono, fixação de nitrogênio,
591
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
prevenção da erosão dos solos, manutenção dos lençóis freáticos, absorção dos gases de
efeito estufa e, ainda por cima, são fornecedores de alimento para a maioria das formas de
vida. A presença das abelhas no ambiente pode indicar qualidade ambiental.
Metade dos animais que polinizam plantas tropicais são abelhas, e as abelhas sem
ferrão são responsáveis por quase 90% da polinização da flora nativa do Brasil. Como exem-
plo, um estudo demonstrou que a abelha sem ferrão Iraí (Nannotrigona testaceicornis) pode
proporcionar uma melhoria na qualidade e valor agregado dos frutos quanto à ausência de
deformações, sendo ela um efetivo polinizador especialmente do morango (BARBOSA et al.,
2017, p. 694; SILVA et al., 2020).
Existem ainda muitas evidências que provam que as abelhas sem ferrão são bons
polinizadores de plantios em estufa, como pimentão, abacate, coqueiros e tomate, assim
como são bons polinizadores em plantios a céu aberto. Além disso, a produção de carne
está ligada diretamente com esses insetos polinizadores, pois as pastagens precisam de
uma polinização entomófila. Esse processo torna a meliponicultura não só importante na
preservação ambiental, como também na área de segurança alimentar. As ASF são suporte
para a cadeia alimentar, pois representam saúde ambiental e equilíbrio para os ecossiste-
mas onde milhares de seres vivos habitam. É destacado que sem a polinização das ASF,
não haveriam frutos ou safras que dependem exclusivamente dessa espécie, resultando em
comida insuficiente para animais e seres humanos, o que quebraria a cadeia trófica. Muitas
espécies de plantas desapareceriam, o ciclo da água seria afetado, a fome e a desertificação
de biomas tomariam conta (ALQUISIRA-RAMÍREZ, 2019, p. 103).
Percebe-se que o conhecimento sobre as ASF reflete diretamente na interação des-
ses insetos com os seus habitats, uma vez que se torna uma ferramenta de valorização e
empoderamento do patrimônio natural e cultural das comunidades tradicionais. Isso resulta
em uma maior conservação ambiental e no desdobramento de atividades produtivas sus-
tentáveis (BATISTA et al., 2020).
A bioeconomia, segundo Rodríguez, Mondaini e Hitschfeld (2017), pode ser considerada
como uma economia fundamentada na produção de bens, no consumo e do uso direto ou
transformação sustentável dos recursos e resíduos biológicos gerados nos processos de
produção e consumo. É importante ressaltar que a bioeconomia pode fortalecer a relação
entre a indústria e atividades economicamente sustentáveis, conduzindo um desenvolvi-
mento econômico do país e do meio ambiente (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA
APLICADA, 2017).
A importância da bioeconomia para o desenvolvimento econômico de um país, pode ser
expressa por suas contribuições nos Estados Unidos. Foi estimado que, em 2016, a bioeco-
nomia contribuiu com US$50 bilhões de dólares ao PIB além de ter gerado aproximadamente
592
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
200 mil empregos (MARCIAL, 2017). No Brasil, a bioeconomia pode ser destacada por meio
da expansão da apicultura. A criação de abelhas está presente em todo o país, e pode ser
utilizada para uma finalidade comercial. Destaca-se que grande parte da produção do mel
é realizada por pequenos agricultores, apresentando-se como uma alternativa de renda, e
pode chegar a representar 17% do mel produzido no país. O restante da produção é realizado
por apicultores (CANO; DA LUZ; GOMES, 2020). É possível observar que a meliponicultura
pode proporcionar serviços de geração de renda aos agricultores familiares e se constituir
como uma fonte de alimento.
Com uma abordagem bioeconômica, foi calculado que a contribuição das abelhas para
a alimentação humana representa 153 bilhões de euros, o que configura quase 9,5% da
produção agrícola mundial (GEMIM; SILVA, 2017).
METODOLOGIA
Este trabalho foi uma revisão de literatura, realizada a partir de uma abordagem qualita-
tiva e descritiva, tendo como tema principal o mel de abelhas sem ferrão. Foram pesquisados
artigos nas seguintes bases de dados: PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific
Electronic Library Online (SciELO), ScienceDirect e Google Acadêmico, selecionando artigos,
monografias, dissertações e teses, datados entre 2016 a 2021, nos idiomas inglês, espanhol
e português. Os artigos foram analisados qualitativamente, buscando interpretar os sentidos
das ideias centrais dos artigos.
A busca foi realizada por meio dos termos: abelhas sem ferrão, uso medicinal, proprie-
dades farmacológicas e bioeconomia. Artigos duplicados, incompletos, inacessíveis ou que
não estavam dentro da margem temporal estabelecida são excluídos da pesquisa.
A partir da leitura exaustiva e identificação das ideias centrais dos artigos, chegou-se
aos tópicos que sintetizam a produção estudada para o projeto de pesquisa: propriedades
físico-químicos do mel; potencialidades farmacológicas; meliponicultura na preservação
ambiental e importância bioeconômica. Tais temas devem ser entendidos como prismas
que estruturam a discussão do tema principal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As propriedades físico-químicas dos méis das abelhas sem ferrão manifestam poten-
cialidades farmacológicas antibacteriana, anti-inflamatória, nutracêuticas, cicatrizante e an-
tioxidantes. No entanto, os escassos estudos encontrados dos seus méis abrangem poucas
espécies, enfatizando a clara necessidade de desenvolvimento em pesquisas que estudem
as variadas composições químicas de cada espécie dessas abelhas nativas, assim como
593
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
comprovar os mecanismos de ação farmacológico desse produto natural, para contribuir em
inovações para o mercado fitoterápico, onde o Brasil apresenta um enorme potencial natural
e mercado consumidor. A difusão do conhecimento sobre o mel das abelhas sem ferrão
pode propiciar uma fonte de alimento e alternativa de renda para pequenos agricultores das
diversas regiões do Brasil. Além disso, o mel das ASF pode contribuir com a preservação am-
biental de forma a utilizar a meliponicultura como instrumento. Com isso, quanto mais estudos
forem realizados sobre o potencial bioeconômico da meliponicultura, a agricultura familiar
se fortalecerá e mais atividades sustentáveis surgirão. De modo geral, esta revisão enfatiza
que essa é uma área que abrange vários campos, sendo a meliponicultura o maior instru-
mento para a preservação dessas espécies de abelhas, e que a expansão dessa atividade
proporciona resultados positivos para os campos farmacológicos, econômicos e ecológicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
594
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
REFERÊNCIAS
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em: https://doi.org/10.1016/j.lwt.2015.08.058Get. Acesso em: 9 abr. 2021.
598
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
43
Parâmetros importantes para a
fabricação de queijos
10.37885/210805636
RESUMO
600
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Ainda de acordo com essa Portaria (BRASIL, 1996), os queijos podem ser classificados
de acordo com o conteúdo de matéria gorda no extrato seco, podendo ser do tipo:
602
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
o crescimento das culturas bacterianas adicionadas, prejudicando o processo de fabricação
de queijos (FOX et al., 2000; FOX; MCSWEENEY, 2004).
O leite deve passar pelo processo de pasteurização visando torná-lo seguro para a
saúde do consumidor e, também, para reduzir a presença de microrganismos indesejáveis,
que poderiam causar defeitos no sabor e textura do produto. Outras opções ao tratamento
térmico são o tratamento com peróxido de hidrogênio, bactofugação e a microfiltração (FOX
et al., 2000). Embora a pasteurização seja uma etapa comum na produção de queijos, em
alguns casos, é utilizado leite cru, especialmente em países europeus. É o caso de queijos
como o parmigiano reggiano (Itália), roquefort (França) e gruyèry (Suíça) (FURTADO, 2019).
Em alguns casos, pode haver a adição de nitrato ao leite, visando impedir o crescimento
de Clostridium tyrobutyricum, um microrganismo responsável pelo estufamento tardio de
alguns queijos (MCSWEENEY, 2007).
As cores características de alguns tipos de queijo podem ser conferidas pela adição
de corantes, como o urucum (FOX et al., 2000). Os corantes costumam ser empregados
em queijos de massa semicozida, não sendo verificada sua aplicação em queijos, como
minas. A adição do corante é realizada antes da adição do coalho e deve-se ter o cuidado
de homogeneizá-lo para que a cor fique uniformemente distribuída (ABREU; GAJO, 2014).
603
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A cultura de microrganismos adicionada (cultura starter) ao leite pode ser do tipo me-
sofílica, cuja temperatura ideal de crescimento está em torno de 30 °C, ou termofílica, que
tem temperatura ótima em torno de 42 °C. Para as variedades de queijo que são cozidas
a não mais que 40 °C, é comum a adição de uma cultura iniciadora contendo Lactococcus
lactis subsp. lactis ou Lactococcus lactis subsp, cremoris. As culturas termofílicas quase
sempre consistem em Streptococcus thermophilus, Lactobacillus helveticus, Lactobacillus
delbrueckii subsp. lactis, ou Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus e são utilizados em
queijos cuja temperatura de cozimento é maior (FOX; MCSWEENEY, 2004, 2017). Em mui-
tos casos, culturas termofílicas e mesofílicas são usadas em conjunto (PARENTE; COGAN,
2004). Essas culturas têm como principal função produzir ácido lático e reduzir o pH do
meio, mas, também, são as principais responsáveis pelas mudanças bioquímicas e físicas
ocorridas durante a fase de maturação (BENNETT; JOHNSTON, 2004).
A adição da cultura lática ao leite, cerca de 40 a 60 minutos antes da adição do coalho,
garante aos microrganismos uma adaptação ao meio, antes que o processo de coagulação
ocorra. O abaixamento de pH devido à adição prévia do fermento auxilia na ação da quimo-
sina, tornando o processo de coagulação mais rápido e, em alguns casos, a quantidade de
coalho pode até ser reduzida (FURTADO, 2019).
A redução do pH auxilia o processo de sinérese, ou seja, na expulsão do soro da coa-
lhada. Além disso, essas culturas suprimem o crescimento de outros microrganismos que
permaneceram da pasteurização ou mesmo microrganismos contaminantes. Alguns micror-
ganismos adicionados podem produzir além de ácido lático, gás, sendo desejável em alguns
tipos de queijo que apresentam uma textura com orifícios arredondados (BYLUND, 1995).
O pH ideal da coalhada para a maioria dos tipos de queijo duro está entre 5 e 5,3. Já para
queijos moles, queijo de coagulação ácida e alguns queijos coagulados com coalho, esse
valor é de 4,6 (FOX et al., 2000). Ocorre uma grande variação nos tempos de queda do pH,
dependendo do tipo de queijo. Por exemplo, o tempo para se chegar ao pH final pode ser
de 5 horas para o queijo cheddar, e de 6 a 12 horas para os queijos das variedades azul,
holandesa e suíça. Isto pode ser relacionado aos aspectos relativos à produção de cada tipo
de queijo, como a quantidade de cultura iniciadora adicionada, temperatura e tipo de cozi-
mento, quantidade de sal e a forma com que a salga é realizada (FOX; MCSWEENEY, 2017).
O processo de coagulação está relacionado à agregação das micelas de caseína pela
adição do coagulante. O agente coagulante mais utilizado é o coalho, obtido do abomaso
de bezerros, e que possui a quimosina como principal ingrediente ativo. Fontes alternativas
de agente coagulante também são possíveis, como a de origem fúngica, produzida pelo
Rhizomucor meihei (BENNETT; JOHNSTON, 2004). Além disso, o gene da quimosina de
604
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
bezerro foi clonado em Kbryveromyces lactis, Escherichia coli e Aspergillus niger e a qui-
mosina desses organismos também pode ser utilizada (FOX; MCSWEENEY, 2004).
O tratamento térmico do leite, quando realizado acima de 70 °C, afeta de maneira ne-
gativa o processo de coagulação, uma vez que ocorre uma interação entre β-lactoglobulinas
e α-lactoalbuminas com a k-caseína, dificultando a ação do coalho (FOX; MCSWEENEY,
1998). Desta forma, o tempo de coagulação é aumentado. Além disso, como consequência
dessa interação, ocorre um aumento do teor de proteínas solúveis na coalhada, o que pode
aumentar o rendimento, mas, aumenta também, a quantidade de água retida no queijo e
a dificuldade em dessorar a massa. Quanto mais severo o tratamento térmico, mais esses
efeitos serão percebidos. Outros efeitos do aquecimento do leite, a depender de sua inten-
sidade, incluem a maior probabilidade de ocorrência de sabor amargo, devido a retenção de
proteínas do soro e coalho na coalhada e a perda da atividade da enzima xantina oxidase,
que tem ação importante em queijos com adição de nitrato (FURTADO, 2019).
A quantidade de coalho adicionado depende da sua atividade coagulante. A força do
coalho é medida em relação a quantidade necessária para coagular o leite, em 40 minu-
tos, a 35 °C. Além da força do coalho, alguns fatores relacionados ao leite também podem
influenciar na quantidade de coalho a ser utilizada. Por exemplo, leite com maior acidez,
bem como leites concentrados demandam menor quantidade de coalho a ser adicionado
(FURTADO, 2019).
Após a coagulação do leite, a coalhada apresenta-se estável quando mantida em repou-
so. Contudo, após o corte, ocorre o processo denominado de sinérese. A taxa e a extensão
da sinérese são influenciadas pela composição do leite, como as concentrações de Ca2+ e
caseína, pH do soro, temperatura de cozimento, velocidade de agitação da mistura coalhada/
soro e tempo (FOX et al., 2000; FOX; MCSWEENEY, 2004). Quanto menor o tamanho do
grão da coalhada, menor a umidade do queijo (BYLUND, 1995).
A grande maioria dos queijos é colocada em formas, com exceção dos queijos parti-
culados, como cottage. Nesta etapa, ocorre a conversão da coalhada granulada em blocos
firmes e cada tipo de queijo necessita de um grau de compressão distinto. Alguns queijos,
como o cheddar, que apresentam textura mais dura e compacta, necessitam de alta com-
pressão. Por outro lado, o queijo azul demanda pouca compressão, pois é desejável que
este tipo de queijo tenha uma textura menos compacta, visando maior penetração de ar e
crescimento fúngico. Por sua vez, os queijos edam e gouda, requerem formação preliminar
de blocos, enquanto ainda estão submersos no soro, antes da compressão. Contudo, inde-
pendentemente do tipo de queijo, existe um risco na aplicação de uma pressão muito alta no
início do processo, o que resultaria no fechamento da superfície e má remoção subsequente
de soro (BENNETT; JOHNSTON, 2004).
605
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
No caso de queijos coagulados por ácido, o coágulo pode ou não ser cortado ou co-
zido durante a fabricação, mas a coalhada não é prensada. Uma pequena quantidade de
coalho pode ser adicionada, por exemplo, para os queijos cottage e quark visando auxiliar
na firmeza do produto (FOX et al., 2000).
Salga
A quantidade de sal e o tempo de salga exercem efeito direto sobre o pH final do quei-
jo. A salga pode ser realizada diretamente na coalhada, sobre a superfície do queijo ou por
imersão em salmoura. Nos dois últimos casos, há a necessidade de um maior tempo para
que o sal se distribua por todo o queijo, possibilitando assim, uma maior queda de pH, visto
que o sal inibe o crescimento bacteriano (FOX et al., 2000).
Maturação
Presença de bacteriófagos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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608
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
44
Physical chemical and microbiological
quality and antibiotic residue survey
in pasteurized milk traded in the city
of Umuarama, Paraná, Brazil
Gilneia da Rosa
UFSM
10.37885/210805862
ABSTRACT
Objective:to evaluate the physicochemical and microbiological profile and the presence
of antibiotics in pasteurized milk sold in the city of Umuarama / Paraná. Methods: 100
samples of pasteurized milk, from five different brands, sold in supermarkets in the city of
Umuarama, Paraná, were analyzed. Physical-chemical and microbiological analyzes were
carried out, in addition to a survey of antimicrobial residues. Results: 18% of the samples
showed alterations in at least one of the physicochemical analyzes performed. In the
microbiological evaluation, 22% of the samples had levels of total coliforms above the
tolerated limit, 2% were contaminated by Escherichia coli and 12% had a mesophilic ae-
robic count above the maximum limit allowed by legislation, in addition to the presence of
antimicrobial residues in 18% of the total samples. Conclusion: the results of this study
indicate that there are failures in the quality control of pasteurized milk sold in the city
of Umuarama - PR and may pose risks to the health of consumers, especially children,
elderly and immunocompromised.
610
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUCTION
According to data from Food and Agriculture Organization (FAO) (2020), Brazil is the third
in the global ranking of largest milk producers, after the United States and India. According to
data from the same organization, in 2020, Brazil had an annual production of 33.6 billion liters
of milk, an increase of only 2,1% compared to the previous year. According to IBGE (2020),
the state of Paraná is second in the national ranking of milk-producing states in the country.
Milk is considered one of the most complete foods from a biological point of view, since it
presents a high content of proteins and minerals essential to human feeding habits (BORGES
et al., 1989). However, since it is rich in nutrients and presents a high water activity, milk is
an excellent culture medium for the development and multiplication of pathogenic and dete-
riorating microorganisms (JAY, 2005).
In 1998, the National Plan for Improving the Quality of Milk (Plano Nacional de Melhoria
da Qualidade do Leite - PNMQL) was created through ordinance n. 166 from the Ministry of
Agriculture (BRASIL, 1998). In 2002, with the Normative Instruction n. 51 from September 18,
issued by the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), the program had
an increase in its importance, bringing very important changes to the dairy production in the
country. In December 2011, Normative Instruction n. 62 was issued, substituting Normative
Instruction n. 51, which extended the period for adequacy in five more years (BRASIL, 2011).
According to current legislation, the quality control of milk must be daily performed by the
industries through the evaluation of a few physical-chemical and microbiological parameters,
as well as the daily survey of antibiotic residues, acidity neutralizers and density restorative
substances (BRASIL, 2011).
The physical-chemical analyses that must be performed in the routine of dairy industries
are: titratable acidity, 72% v/v alizarol test, cryoscopy index, temperature, density at 15ºC,
fat content, alkaline phosphatase and peroxidase test, total solid and total non-fatty solid
content (BRASIL, 2011).
The microbiological analyses demanded are the survey of coliforms at 30ºC and at 45ºC,
since these microorganisms are indicators of the product hygiene. The legislation also states
that Total Bacterial Count (TBC) be performed on the milk. This is the count of mesophilic
aerobic microorganisms, that is, all microorganisms able to multiply themselves at 37ºC in
48 hours (JAY, 2005).
The presence of high levels of microbial contamination in milk results in quality loss,
since these microorganisms cause changes that decrease the durability of the product through
the deterioration of its components, such as proteins, sugars and fats (CHAMBERS, 2002).
Milk components, including proteins, sugars and fats, are elements that can be used and
deteriorated by several microorganism species. Changes to the product cause an elevated
611
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
decrease of important protein sources and other elements that constitute the milk. The loss
of its qualitative potential is irreversible (TRONCO, 2008).
One way to control mastitis, especially sub-clinical mastitis, is through the counting of
somatic cells (SCC) present in milk. These cells are essentially leucocytes that are deposited
in the milk due to the inflammatory reaction in the animal’s mammary tissue. MAPA, through
its normative instruction n. 62/2011, establishes the limits for somatic cells present in milk.
The current tolerable amount is 500,000 cells/mL (BRASIL, 2011).
Another issue in dairy production is the uncontrolled use of antibiotics, mainly for treating
mastitis, which has been the main responsible factor for residual antibiotics in milk (NERO
et al., 2007). Such substances have withdrawal periods that must be respected after being
applied to the animal and the production of these withdrawal periods must be discarded.
However, many times, due to lack of information or to avoid product losses, the produ-
cers do not respect this withdrawal time. Therefore, there is the need to raise awareness
of the producers with a tool that is fundamental to prevent residues of such drugs in milk
(HILLERTON et al., 1999).
The consumption of milk with residual antibiotics can cause several undesirable effects,
such as the selection of resistant bacterial strains, both in the environment and in the con-
sumer, hypersensitivity and possible anaphylactic shock in people who are allergic to such
substances, as well as teratogenic effects (NASCIMENTO et al., 2001).
The purpose of the study was to evaluate the physical-chemical and microbiological profi-
le and the presence of antibiotics in pasteurized milk traded in the city of Umuarama - Paraná.
METHOD
A total of 100 samples of pasteurized milk traded in the city of Umuarama - PR was
acquired. Samples from five different pasteurized milk brands traded in the supermarkets
in the city were obtained. The samples were stored in isothermal boxes and transported to
the Laboratory of Veterinary Preventive Medicine and Public Health at the Master Course in
Animal Health at Paraná University (UNIPAR).
In the laboratory, the sample temperature was measured with the aid of an ST-600
infrared digital thermometer from Incoterm® to check if the samples had their temperatures
below 10ºC, according to the legislation (BRASIL, 2011). The external package of the samples
was rinsed with water and detergent, and dried with paper towel. After such procedures, the
samples went through physical-chemical and microbiological analyses, as well as antibio-
tic residue survey.
612
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Microbiological analyses
The method used for this analysis was depth plating (BRASIL, 2003). Decimal dilutions
of samples up to 10–3 were used, where 1mL from each sample was inoculated in disposa-
ble sterile Petri dishes with 10 mL Standard Count Agar (SCA). After agar solidification, the
plates were inverted and incubated at 37ºC for 48 hours. Plates with counts between 25 and
250 colonies were selected for reading. The result was expressed in colony forming units
per mL (CFU/mL) (BRASIL, 2003).
For the survey and counting of total coliforms (TC) and Escherichia coli (EC), 3M™
Petrifilm™ plates were used, where 1 mL of the sample was inoculated on the plate and
incubated at 37°C for 24 hours. The plates were read at 24 hours for the counting of TC and
at 48 hours for EC. The result was expressed in colony forming units per mL (CFU/mL).
Lacto-fermentation
In order to perform this test, 10 mL of the milk sample were poured into a capped sterile
tube, which was incubated for 24h in a microbiological incubator at 37°C. After this period,
the tubes were read, and the type of coagulum formed was analyzed (BEHMER, 1984).
Physical-Chemical Analyses
The test was performed according to the technique described by Tronco (2008), where
2 mL of the milk sample were added to a test tube together with 2 mL of alizarol solution. The
tubes are then homogenized for the perfect mixing of the solution with the milk. The reading
of the sample result was performed according to the formation of lumps on the tube walls
and the color of the samples, where the formation of lumps indicates the sample is unstable
and a yellow shade indicates acid milk, pink shade alkali milk and brown, normal milk.
The acidity tittering of the milk samples was performed with the aid of a Dornic acido-
meter, where 0.1 mL of Dornic solution (sodium hydroxide - NaOH) was added to the sample
until its color changes to a pinkish tone. Each 0.1 mL of the solution corresponds to 1°D
(Dornic degree). The usual standard must be between 14 to 18ºD (BRASIL, 2002).
In order to measure the hydrogenionic power (pH) of milk, part of the sample was pla-
ced in a 500-mL test tube, where pH was measured with a Hanna® HI-99163 electronic pH
measuring device. Normal pH for milk is between 6.6 to 6.8. In order to establish the density,
613
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
a thermal lacto-density-meter was used, with a scale from 15 to 45ºC and density of 1.015
to 1.045 (g/cm³ or g/mL). In order to measure the density, a 250-mL test tube was filled with
milk and the thermal lacto-density-meter was placed into it. After stabilization, the density
scale and milk temperature were read. The usual standard is between 1.028 to 1.034 g/
mL (BRASIL, 2002).
The samples were sent to the Holstein Cattle Raiser Association of Paraná (Associação
Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa - APCBRH) to determine fat, lac-
tose and protein content. For the peroxidase test, 2 ml of the milk sample were added to a test
tube and 2 mL of guaiacol were carefully deposited down the tube wall, forming a layer over
the milk. The peroxidase catalyzes the degradation of hydrogen peroxide, releasing O2, which
reacts with guaiacol. If there is little peroxidase activity, the hydrogen peroxide is not degraded
and the solution continues being colorless, with negative reaction. If there is a high activity
leading to a positive reaction, a salmon-color ring is formed in the solution (TRONCO, 2008).
The test for alkaline phosphatase was performed using the Alkaline Phosphatase com-
mercial kit from Bioclin® Brazil according to the manufacturer instructions. The result was
considered positive if the sample turned blue and negative if the color presented was yellow.
The Somatic Cell Count analyses were performed at the Holstein Cattle Raiser
Association of Paraná (Associação Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça
Holandesa - APCBRH) in the city of Curitiba/PR. The milk samples were stored in contai-
ners with bronopol and sent to the APCBRH laboratory, where they were analyzed using the
flow cytometry method.
The Charm CowSide II Test Kit from Charm Science INC (USA) was used for the sur-
vey of antibiotic residues in milk. The manufacturer instructions were followed, where 100
microliter of the sample were inoculated in the medium contained in the kit and incubated for
three hours in Bain marrie at 64.5°C. After this period, the samples were read. Those pre-
senting purple coloring were considered positive for the presence of microbial inhibitors. The
antibiotic classes detected by the Kit, as well as the minimum and maximum limits allowed
by the legislation for these classes, are presented in Table 1.
RESULTS
Table 1.presents the percentages of samples that were out of specification in at least one
of the parameters analyzed in the different brands evaluated. The brand presenting the highest
index of samples out of specification was brand “D”, where 40% of the samples analyzed
614
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
presented changes in at least one of the tests performed. The sample presenting the lowest
percentage of changed samples was brand “C”, with 21.73% samples out of specification.
Table 1. Percentage of pasteurized milk samples out of specification by brand analyzed, sold in the city of Umuarama - PR.
Table 2.presents the number of samples with changed parameters according to the
analysis performed. The physical-chemical parameter presenting the highest number of
samples out of specification was fat content, with 46% of the samples presenting indexes
lower than the minimum 3% demanded by law (BRASIL, 2011).
Table 2. Percentage of samples out of specification for physical-chemical parameters from pasteurized milk traded in
the city of Umuarama - PR.
Table 3. Microbiological results from pasteurized milk traded in the city of Umuarama - PR.
In the antibiotic residue survey, 18% of the samples analyzed were considered posi-
tive for these substances. However, the test performed was not specific, that is, it did not
determine which antimicrobial classes are present in the milk, but if there were any drug
residues in the milk.
DISCUSSION
As per table 1, the results show that 18% of the samples present change in at least
one of the physical-chemical analyses performed and that 9% present changes in two pa-
rameter or more. These results are much lower than the ones found by Sassahara (2008),
615
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
when analyzing 246 pasteurized milk samples in the state of Paraná, who found 190 (77.2%)
samples presenting changes in at least one physical-chemical parameter.
According to table 2 the results are well above those found by Silva (2013) when analy-
zing 100 pasteurized milk samples in the region of Londrina, which resulted in only 8% having
their fat content below the recommended by the current legislation.
In the peroxidase enzyme survey, changes were found in 14% of the samples analyzed.
This is similar to the result found by Sassahara (2008), when analyzing 246 pasteurized
milk samples in the state of Paraná, with changes in 15.85% samples for this parameter. Lima
et al. (2001), analyzing pasteurized milk samples, found changes in 42.1% samples. These
results suggest that the milk was overheated during the pasteurization process, causing the
inactivation of the peroxidase enzyme, which only happens when the enzyme is heated above
80°C. Zocche et al. (2002), suggest that some dairy industries intentionally overheat the milk
in an attempt to disguise a high microbial load in the initial raw material. However, in some
cases, it can be an accidental failure due to lack of regulation in the pasteurizer.
Coliforms and acid-lactic bacteria cause an increase in the acidity of the milk since they
ferment the lactose present in this food. Therefore, milk with high acidity can be related to
low hygiene-sanitary conditions in the milk production chain. In this study, 6% of the sam-
ples presented high acidity in the titratable acidity test by Dornic method. Sassahara (2008),
found that 21.54% samples analyzed presented changes in acidity. However, Beloti et al.
(1996), found that 15% pasteurized milk samples traded in the city of Londrina had changes
in its acidity level.
The alizarol test mainly indicates the stability of casein in milk, allowing knowing if the
milk will resist the pasteurization process without changes in its constitution (TRONCO,
2008). In this study, 4% of the samples were unstable, and from these, one of them also
presented acidity associated to instability. Silva, (2013), analyzing the thermal stability of
85 pasteurized milk samples in the city of Londrina, found that 53 (43.53%) samples were
considered unstable.
Table 3.presents the number of samples out of specification for microbiological analy-
ses, divided by group of microorganisms surveyed. The results of microbiological analyses
indicate a high number of samples out of the specifications allowed in current legislation.
Microbiological contamination above the allowed level was found in 30% of the samples, for
at least one of the analyses performed.
In the survey for total coliforms, 22% of the samples presented results that were higher
than the standards established in the Normative Instruction n. 62 from 2011 by MAPA, which
establishes a maximum of 4 CFU/mL for pasteurized milk (BRASIL, 2011). Sassahara (2008)
found, in the study performed in the state of Paraná with 246 pasteurized milk samples,
616
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
that 50% of the samples had values higher than the ones tolerated by law. However, Silva
(2013), found that 12% of the 100 milk samples analyzed in the city of Londrina/PR were not
compliant with the standards.
Regarding Escherichia coli, 2% of the samples analyzed in the present study presented
high values, one sample presenting 20 CFU/mL and another with 4 CFU/mL. The values
found are below those found by Sassahara (2008), who found 10% of the pasteurized milk
samples non-compliant to the legislation. However, they are very similar to the values found
by Silva (2013), with 3% of samples changed. The samples that were not compliant to the
standards required in the legislation raise concern, since this group of microorganisms is
very sensitive to pasteurizing temperature. Thus, it can be considered that there are failures
during the pasteurization process or that there is product recontamination after undergoing
thermal treatment.-
The results for mesophilic aerobic microorganisms indicate that 12% of the samples
had more microorganisms that the amount tolerated in the legislation. The reference value
for this group of microorganisms in pasteurized milk is 80,000 CFU/mL, according to IN n.
62/2011 (BRASIL, 2011). High counts of these microorganisms indicate the milk has gone
through an inappropriate production process from the hygiene-sanitary point of view, from
its collection to packaging and storage. From the 246 pasteurized milk samples analyzed
by Sassahara (2008), in the state of Paraná, 16% had elevated mesophilic aerobic count;
however, in the study by Silva (2013), only 1% of the 100 pasteurized milk samples analyzed
presented such elevated count.
The Somatic Cell Count (SCC) presented an average 268,150 cells per mL, where 11%
of the samples presented values above the recommended level in legislation.
Silva (2013), using the same kit for antimicrobial detection, found that 14% of the 100
pasteurized milk samples analyzed in the city of Londrina/PR had the presence of antibio-
tic residues. Nero et al. (2007), observed an occurrence of 11.5% antimicrobial residues
in the samples of raw milk originated from four different states in Brazil (Minas Gerais,
Paraná, Rio Grande do Sul and São Paulo) when analyzing samples using the CowSide II Kit
from Charm Sciences.
The Brazilian legislation does not demand that antibiotic residues be surveyed in pas-
teurized milk. Such survey is only mandatory for raw milk (BRASIL, 2011). Therefore, if there
is failure in controlling raw milk, the pasteurized milk may contain residues of these drugs,
poising a risk to the consumer (SILVA, 2013).
The detection of antimicrobial agents in pasteurized milk restates the thermal resistan-
ce of these substances, even when exposed to pasteurization temperatures, continuing its
activity until the moment it is consumed (UNUSAN, 2009).
617
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
The presence of antibiotic residues in milk is a great problem for public health, since
these substances might cause several adverse effects when ingested by the consumer.
The main problems are related to hypersensitivity and a possible anaphylactic shock in
people allergic to the drug present in the milk. Approximately 5 to 10% of the population is
hypersensitive to penicillin and might present allergic reactions when ingesting 1 ppb of this
substance (NERO et al, 2007).
CONCLUSION
ACKNOWLEDGMENTS
The authors would like to thank CAPES for the PROSUP scholarship and Universidade
Paranaense (UNIPAR) for the financial support.
REFERENCES
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tivo de leites e derivados no Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, 6 maio, 1998.
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15. NERO, L. A. et al. Resíduos de antibióticos em leite cru de quatro regiões leiteiras do Brasil.
Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 2, p. 391-393, 2007.
17. SILVA, Livia Cavaletti Corrêa. Capacidade de detecção de adulterações e suficiência das
provas oficiais para assegurar a qualidade do leite pasteurizado. Tese (Doutorado em
Ciência Animal) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 83 p, 2013.
18. TRONCO, V. M. Manual para inspeção da qualidade do leite. 3. ed. Santa Maria: UFSM,
2008.
619
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
45
Potencialidades das cactáceas
brasileiras na tecnologia de alimentos:
uma revisão integrativa
10.37885/210805720
RESUMO
As plantas da família Cactaceae são características de regiões com clima seco, quente
e vegetação adaptada à falta de água, fazendo da cultura cactácea uma das mais im-
portantes do século XXI. Atualmente no Brasil, sua utilização se destina principalmente à
alimentação animal, ocorrendo o desperdício dos cactos e de suas frutas para o consumo
humano e aplicação em processos biotecnológicos. Esta revisão tem por objetivo relatar
o aproveitamento das cactáceas na tecnologia de alimentos, com ênfase nas espécies
Pilosocereus pachycladus, Pilosocereus gounellei, Cereus jamacaru, Hylocereus spp. e
Opuntia ficus-indica, visando a disseminação do conhecimento sobre suas potencialida-
des. Foram encontrados relatos sobre a produção de sucos, doces, sorvetes, farinhas,
extração de pigmentos, produtos de panificação e massas, lácteos, bebidas fermentadas
alcoólicas, probióticas, entre outros. O número de possibilidades de uso relatadas para as
espécies nativas do Brasil (facheiro, xiquexique, mandacaru) são inferiores às espécies
exóticas (pitaia e palma), que possuem seus cultivos e usos consolidados mundialmente.
621
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Segundo o International Center for Agricultural Research in the Dry Areas (ICARDA),
a pressão projetada sobre os recursos hídricos no mundo faz da cultura cactácea uma das
mais importantes do século XXI. A capacidade dos cactos de prosperar em climas secos e
áridos torna-se fundamental para segurança alimentar, o que permite classificá-los como
alimento do futuro (FAO, 2017).
A família Cactaceae possui mais de 1300 espécies distribuídas principalmente nas
regiões secas e tropicais das Américas (SILVA et al., 2013). Entre os maiores centros de
diversidade, o Brasil destaca-se como o terceiro mais importante em concentração de gêne-
ros e espécies de cactáceas, mais especificamente no bioma caatinga da região Nordeste
(SALES et al., 2014).
Apesar da grande diversidade, Nascimento et al. (2018) em estudo sobre o uso e co-
nhecimento das plantas da caatinga, mostrou que apenas 30% dos entrevistados utilizavam
as partes comestíveis dessas plantas como alimento. Há evidências de abandono desses
recursos e o desmatamento desses ecossistemas põe em risco a conservação de espécies
nativas, o que sugere a necessidade da promoção do consumo e do cultivo dessas plantas
pelas comunidades locais (CRUZ et al., 2013).
Em contrapartida, diversos estudos vêm demonstrando que partes comestíveis dos
cactos, principalmente frutas, têm potencial para o consumo in natura e aplicação em pro-
cessos tecnológicos visando à diversidade de produtos como doces, geleias, bebidas e
farinhas (SANTOS et al., 2019).
O Brasil possui mais 500000 hectares de plantações de cactos destinadas à forragem
para alimentação animal (FAO, 2017), havendo um desperdício com relação ao seu potencial
para consumo humano. Por ser um dos países que mais desperdiçam alimentos no mundo,
é urgente o incentivo a não geração de resíduos e a produção local em pequena escala
para descentralizar a distribuição de alimentos, apoiar a produção sustentável, garantir a
segurança alimentar da população (SANTOS et al., 2020) e disseminar o conhecimento
sobre o gerenciamento de plantações de cactáceas.
Dessa forma, a presente revisão de literatura teve como objetivo relatar os principais
usos das cactáceas brasileiras facheiro (Pilosocereus pachycladus), xiquexique (Pilosocereus
gounellei), mandacaru (Cereus jamacaru) e cultivadas pitaia (Hylocereus spp.) e palma
forrageira (Opuntia ficus-indica) na tecnologia de alimentos.
622
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
DESENVOLVIMENTO
Facheiro
O facheiro (Pilosocereus pachycladus Ritter) é caracterizado por ser uma cactácea xeró-
fila de cor verde-escura, arbustiva, robusta, armada de espinhos agudos, com flores grandes
isoladas e altas (DEODATO et al., 2015). Seu fruto possui muitas sementes e polpa carnuda
de cor violácea chamativa, decorrente da presença de betalaínas, a qual tende a escurecer
após o corte do tecido (RODRIGUES et al., 2019) como ocorre com outros frutos de cactos.
Na região nordeste brasileira, o facheiro é utilizado pelas comunidades locais na prepa-
ração de doces e produtos de panificação, representando uma alternativa de significância eco-
lógica, socioeconômica e um atrativo para a gastronomia exótica (MEDEIROS et al., 2016).
Lima et al. (2007) avaliou a cinética de secagem de polpa do caule de facheiro e
determinou o modelo matemático de Midilli et al. (2002) como o mais eficiente. O caule e
casca desidratados do facheiro foram empregados para processamento de barras de cereis
(DEODATO et al., 2015), cookies (DEODATO, 2012) e biscoitos (FRANCISCO et al., 2008),
apresentando-se como substitutos à utilização de farinhas tradicionais, e com excelente
fonte de fibras.
Nascimento (2014) estudou a cinética de secagem por liofilização da polpa do fruto
do facheiro, determinando o modelo matemático de Cavalcanti Mata como mais apropriado
para o processo. O produto pode ser diluído na forma de suco, numa proporção de 1:0,5
v/m (água: produto liofilizado) com adição de 10% de sacarose.
O facheiro pode ser aplicado na fabricação de doce em calda e geleia (MEDEIROS
et al., 2016), os quais apresentaram bons teores de sólidos solúveis e pH ácido, que auxilia
na conservação do produto.
Xiquexique
623
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
de farinhas e a segunda para produtos com alto teor de água. Silva (2019) produziu uma
farinha da massa da polpa de xiquexique, através de secagem convectiva a 70 ºC, a qual foi
aplicada em formulação de bolo em substituição parcial da farinha de trigo. As formulações
com 20, 40 e 60% de farinha de xiquexique obtiveram maior aceitabilidade e intenção de
compra pelos provadores (SILVA, 2019).
A polpa do xiquexique pode ser utilizada como ingrediente na formulação de bolo em
substituição parcial ou total à farinha de trigo, mesmo sem passar pelo processo de secagem
(REIS et al., 2018). Os autores avaliaram a utilização da polpa em conjunto com farinha
de arroz, como alternativa alimentar aos portadores de doença celíaca. Outros autores
avaliaram o enriquecimento de produtos com farinha de xiquexique, como hambúrguer de
carne caprina adicionado de soro de queijo (BILA et al., 2019), bolo (SOUZA et al., 2019) e
elaboração de massa fresca (SILVA, OLIVEIRA, 2019).
Na área de gelados comestíveis, a polpa da fruta do xiquexique foi utilizada como
matéria-prima para sorvetes (PINTO, 2017; SOUSA, 2017), os quais obtiveram aceitação
sensorial superior a 6, referente a “gostei ligeiramente” na escala utilizada nos testes, de-
monstrando intenção de compra e potencial para comercialização.
Mandacaru
O mandacaru (Cereus jamacaru DC.) é uma das espécies de cactáceas mais relevan-
tes para biodiversidade da caatinga e junto a outros cactos formam a paisagem típica do
bioma (ALENCAR et al., 2012; SANTOS et al., 2019). É uma planta colunar, espinhosa, de
tronco lenhoso com hastes eretas que formam topo compacto e podem ser encontradas em
vegetações adversas (ZARA et al., 2012).
O fruto do mandacaru é uma baga oval de casca avermelhada quando maduro e pol-
pa branca com pequenas sementes pretas (SILVA; ALVES, 2009; OLIVEIRA et al., 2015;
SANTOS et al., 2019), a qual se destaca pelos baixos níveis de sódio e calorias; e pelo
potencial antioxidante (SANTOS et al., 2021).
A polpa do fruto do mandacaru foi utilizada na produção de sorvetes (SOUSA, 2017;
PINTO, 2017; FIDELIS et al., 2015) e iogurte (FIDELIS et al., 2015), os quais apresentaram
elevados índices de aceitabilidade e intenção de compra.
Os autores Martins et al. (2020) utilizaram o fruto integral do mandacaru no processa-
mento de geleia tipo extra com maracujazeiro amarelo. Um produto semelhante elaborado com
polpa de fruto do mandacaru e maracujá foi incorporado ao processamento de iogurte caprino
prebiótico, sendo caracterizado quanto às suas características físico-químicas (NÓBREGA
et al., 2020) e sensoriais (RAMOS et al., 2020) durante armazenamento refrigerado por 28
dias, apresentando características adequadas e índice de aceitabilidade acima de 80%.
624
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Polpa e casca do fruto do mandacaru foram utilizadas em diferentes processos de se-
cagem. O método de secagem em camada de espuma foi avaliado para obtenção da polpa
em pó (MELO et al., 2013), sendo o modelo matemático de Calvacanti Mata, o que melhor
se ajustou às curvas de cinética de secagem. Oliveira et al. (2015) avaliaram a estabilidade
da polpa em pó obtida por secagem em aspersão, no qual foi determinada atividade de água
considerada microbiologicamente segura, após cinquenta dias. Os autores Moreira et al.
(2018) utilizaram secador com circulação de ar e definiram o modelo de Midilli como o que
melhor se ajustou aos dados experimentais.
A bioconversão do Cereus jamacaru DC. foi utilizada para produção de enriquecido
proteico do cladódio, bebida fermentada e vinagre do fruto (ALMEIDA, 2007; ALMEIDA et al.,
2011). O enriquecido apresentou 23% de proteína bruta e pode ser usado como suplementa-
ção animal em épocas de escassez. A produtividade do vinagre e bebida fermentada obtida
por fermentação em biorreator foi de 67,4% e 82% respectivamente. Almeida et al. (2006)
e Oliveira et al. (2011) obtiveram uma produtividade de 90,2% e 80,8% respectivamente na
produção de vinho do mandacaru.
Biopolímeros extraídos do mandacaru mostraram-se viáveis para floculação e
coagulação em suco de frutas, com eficiência acima de 80% na remoção de turbidez
(LAYANE et al., 2019).
Pitaia
A Hylocereus sp., conhecida como pitaia ou pitaya, é uma subfamília dentro da família
das Cactaceae (NUNES et al., 2014), originaria de regiões tropicais do México, América
Central e do Sul (FREITAS & MITCHAM, 2013), contendo plantas rústicas caracterizadas
como epífitas, rupícolas ou terrestres ramificadas (DONADIO, 2009). São conhecidas 16
espécies dessa família, com destaque para as disponíveis comercialmente no Brasil: H. unda-
tus, fruto vermelho-rosa externamente, polpa branca com sementes pretas, bastante similiar
ao Cereus jamacaru; H. polyrhizus, fruto vermelho-rosa externamente e de polpa púrpura
brilhante, similar ao Pilosocereus pachycladus Ritter; e Selenicereus megalanthus, fruto de
casca amarela com espinhos e polpa branca (NUNES et al., 2014).
Diferentemente dos frutos dos cactos mandacaru, xiquexique e facheiro, o fruto da
pitaia é bastante apreciado comercialmente no mercado de frutas exóticas, popularmente
conhecido como fruta do dragão (dragon fruit). No Censo Agropecuário, a produção brasileira
atingiu cerca de 1460 toneladas, gerando uma receita de 9,1 milhões de reais (IBGE, 2017),
valor bem abaixo do produzido pelos maiores produtores da fruta, China e Vietnã, com 200 e
600 mil toneladas respectivamente (MERCADO-SILVA, 2018; FRÓES JÚNIOR et al., 2019).
625
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A coloração avermelhada da casca da pitaia decorrente das betacianinas desperta inte-
resse para utilização como corante natural (CERVANTES-SÁNCHEZ et al., 2017). Extratos
de casca de pitaia foram utilizados para dar cor e aumentar o valor nutricional de macarrão
seco (SILATURAHMI et al., 2020); como corante, antioxidante e antimicrobiano em salsicha
bovina (MANIHURUK et al., 2017); corante, melhorador de textura e estabilidade oxidativa
em carne de porco pressurizada (CUNHA et al., 2018); e na produção de revestimento na-
tural (RAZAK et al., 2017).
Os autores Mahayothee et al. (2018) determinaram as condições ideias de secagem,
para preservar as betacianinas da pitaia de polpa vermelha, com temperatura de 80 ºC e
velocidade do ar 1,5 m.s–1. Propriedades higroscópicas foram avaliadas pelos autores Sousa
et al. (2019), os quais recomendaram valores inferiores a 60% de umidade relativa para
armazenamento de corante de pitaia em pó.
A farinha de casca de pitaia foi utilizada como substituto de gordura em sorvetes
(UTPOTT et al., 2020), comprovando ser uma fonte de fibra solúvel, melhorador da reologia
do produto com redução de 73,5% da gordura, além da aceitabilidade geral alta. Como fibra
alimentar antioxidante, diminuiu a peroxidação lipídica, odor e carga microbiana de nuggets
de frango armazenados por 20 dias sem afetar a qualidade e aceitabilidade dos produtos
(MADANE et al., 2020).
Na produção de biscoitos, a substituição de farinha de trigo em 15% por farinha de
casca de pitaia aumentou o teor de cinzas, fibras e carboidratos do produto (LEE & ADBUL
LATIF, 2016). Os autores Triwulandari et al. (2017) produziram biscoitos com farinha de tofu
e de casca de pitaia, cujo teor de proteína foi de 6% e atividade antioxidante com inibição
de 78% frente radical DPPH.
Bebidas fermentadas preparadas com suco de pitaia (HUAN et al., 2020) obtiveram
aceitação sensorial alta pelos consumidores e retenção de 80% de betanina após 8 semanas
de armazenamento a 4 ºC (CHOO et al., 2018), sugerindo seu potencial como bebida funcio-
nal. O uso da pitaia foi viável para obtenção de vinagre (FERNANDES et al., 2018), com ati-
vidade antimicrobiana frente a E. coli, L. monocytogenes, S. aureus e Salmonella enteritidis.
Na formulação de iogurte, o uso de 7% de polpa de pitaia resultou em produto de menor
valor de pH, maior teor de ácido lático e inibição ao crescimento de E. coli (FITRATULLAH
et al., 2018). Os autores Zainoldin & Baba (2009) indicaram que adição de pitaia de polpa
branca e vermelha em iogurte aumentou a taxa de fermentação do leite, o teor de ácido
lático, a porcentagem de sinerese, a atividade antioxidante e o teor total de fenólicos no
iogurte, enquanto para Mardiana et al. (2020), iogurtes de cultura comercial e isolada, pro-
duzidos com casca de pitaia vermelha, tem potencial como alimento funcional. Os autores
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Dianasari et al. (2020) sugeriram a concentração de 60% (m/v) de extrato da casca de pitaia
para produção de leite fermentado.
Outras alternativas de produtos com pitaia foram suco concentrado (SIOW & WONG,
2016), néctar (MINH et al., 2019) e geleia (PANCHAL et al., 2018).
Palma
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda que haja o abandono dos recursos oferecidos pelas cactáceas por parte das
comunidades locais, essas plantas e seus frutos mostram-se com grande potencial para
628
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
utilização nas diversas áreas da tecnologia de alimentos. O número de possibilidades de
uso relatadas para as espécies nativas do Brasil (facheiro, xiquexique, mandacaru) são
inferiores às espécies exóticas (pitaia e palma), que possuem seus cultivos e usos conso-
lidados no mundo.
É necessário que se continue pesquisando as potencialidades dessas plantas para que
o cultivo de espécies nativas seja incentivado e ganhe notoriedade comercial no mercado
de frutas exóticas, gerando aproveitamento agroindustrial e uma alternativa de renda para
população em regiões e épocas de seca.
AGRADECIMENTOS
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638
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
46
Processo de separação por membranas
aplicado na filtração de kombuchas
Júlia Daneluz
UCS
Camila Baldasso
UCS
Jocelei Duarte
UCS
10.37885/210805829
RESUMO
640
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Uma vida saudável, aliando saúde física, bem estar mental e estética, é um estado de
equilíbrio muito buscado por grande parte da população. A opção por um estilo de vida mais
saudável tem levado muitas pessoas a buscarem benefícios e funcionalidades em alimen-
tos e bebidas. Os alimentos funcionais são aqueles que possuem o diferencial de oferecer
benefícios a saúde física e mental.
Entre as bebidas funcionais, existe a kombucha. Essa bebida é preparada a partir da
fermentação de infusões de chá e apresenta inúmeros benefícios ao corpo humano. A kom-
bucha é uma bebida que está em ascensão no mercado. Há alguns anos atrás não era tão
popular, mas seu consumo e produção vêm apresentando uma tedência de crescimento
devido à mudanças na alimentação da sociedade. Seu potencial de pesquisa e inovação
engloba uma gama de processos.
Após a fermentação, é comum um excesso de microrganismos ficar retido na bebi-
da. O mesmo ocorre com outros sólidos suspensos residuais. Isso resulta em uma bebida
com aspecto turvo, o que não é muito agradável visualmente. Além disso, uma grande
quantidade de microrganismos acarreta em uma maior instabilidade, o que reduz a validade
do produto. A maioria das kombuchas comercializadas atualmente, no entanto, não utiliza
tecnologias para retirar essas partículas.
A indústria de bebidas é um ramo que tem grande participação no mercado mundial.
Diante do panorama do setor, há a constante necessidade de busca por inovações, em
que processos otimizados são sempre bem-vindos. Existe constantemente a demanda
por tecnologias que visam maior simplicidade de execução, redução de tempo e, principal-
mente, de custos.
Como alternativa para desenvolver um processo e produto otimizados, existe o pro-
cesso de separação por membranas (PSM), um método de separação já empregado em
diversos ramos da indústria. Nessa técnica, a membrana funciona como uma espécie de
filtro que remove componentes de interesse de uma mistura. A utilização de membranas é
uma opção que se destaca pela simplicidade, rapidez e baixo custo.
Diante deste contexto, a pesquisa visa explorar a respeito de kombucha e de proces-
sos de separação por membranas, a fim de aprofundar os temas para futuras abordagens
de PSM aplicados na filtração de kombuchas como alternativa para reduzir a turbidez e o
excesso de microrganismos presentes.
641
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
DESENVOLVIMENTO
Kombucha
Matérias primas
642
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Apesar de ser tradicionalmente preparada com chá preto ou chá verde, a kombucha
pode ser produzida com qualquer outro tipo de chá, bem como com ervas, plantas medicinais
e frutas (EBERSOLE et al., 2017; SOTO et al., 2018). Dependendo da localidade e da vegeta-
ção, diferentes tipos de matérias-primas podem estar disponíveis (WATAWANA et al., 2016).
Processo de produção
Fonte: a autora.
643
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
O chá no meio de cultivo fornece as fontes de nitrogênio necessárias para as bactérias
(WATAWANA; JAYAWARDENA; WAISUNDARA, 2015), e também é a fonte de polifenóis
(VITAS et al., 2018).
A mistura é então armazenada em local protegido da luz para que ocorra a fermen-
tação. O recipiente não deve ser completamente fechado. Deve ser apenas coberto com
material que permita a entrada de oxigênio, ao mesmo tempo em que evita contaminações
(ANSARI; POURJAFAR; ESMAILPOUR, 2017). A temperatura ideal de fermentação é de 22
a 28 °C (NEFFE-SKOCIŃSKA et al., 2017). O período de fermentação pode ser de 7 a 10
dias (WATAWANA et al., 2015). A fermentação prolongada não é recomendada devido ao
acúmulo de ácidos orgânicos, que podem atingir níveis prejudiciais para o consumo direto
(SOTO et al., 2018).
Durante a fermentação, a sacarose (fonte de carbono) é hidrolisada em glicose e fruto-
se, conforme Equação 1 (MARTINI, 2018; NEFFE-SKOCIŃSKA et al., 2017; WATAWANA;
JAYAWARDENA; WAISUNDARA, 2015).
Depois, as leveduras produzem etanol por meio da glicólise, gerando também dióxi-
do de carbono, conforme Equação 2 (MARTINI, 2018; NEFFE-SKOCIŃSKA et al., 2017;
WATAWANA; JAYAWARDENA; WAISUNDARA, 2015). A presença do gás carbônico é
observada pelas bolhas presentes na bebida (ISMAIEL et al., 2016).
644
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A medição do pH é um fator que controla o curso da fermentação e é usado para de-
terminar o final do processo, pois os valores de pH diminuem durante a fermentação. Isso
ocorre devido a produção de ácidos (PURE; PURE, 2016). Além disso, a concentração
de íons hidrogênio é um fator que pode ativar ou inibir o desenvolvimento de microrganis-
mos. As bactérias presentes na kombucha se desenvolvem em pHs na faixa de 3,6 a 6,3,
enquanto que para as leveduras o pH ótimo é em torno de 4,5 a 6,5 (NEFFE-SKOCIŃSKA
et al., 2017; SHAHBAZI et al., 2018). Outras várias propriedades bioquímicas sofrem mu-
danças durante a fermentação, juntamente com mudanças nas comunidades microbianas
(CHAKRAVORTY et al., 2016). A fermentação pode ser controlada também em termos de
sua acidez titulável. Para obtenção de uma bebida agradavelmente ácida, a fermentação é
encerrada quando a acidez titulável atingir entre 4,0 e 4,5 g·L–1, um nível aceitável para o
consumo (WATAWANA et al., 2016).
A medida em que a fermentação ocorre, a cor do líquido vai ficando mais clara em re-
lação a cor original, devido as alterações resultantes da ação de enzimas microbianas sobre
os polifenóis. Ao final do processo, as leveduras se encontram depositadas no fundo dos
tanques ou recipientes de fermentação (VITAS et al., 2018). Para melhoria da qualidade do
produto final, a legislação permite a utilização de tecnologias como filtração, pasteurização
e centrifugação (BRASIL, 2019).
A segunda etapa do processo é realizada para saborizar e aumentar a carbonatação
da kombucha. Para isso, são utilizados diferentes tipos de frutas, ervas ou chás como fonte
de açúcar, que são adicionados na kombucha e a mistura é mantida por alguns dias, prefe-
rencialmente já dentro das garrafas. Essa parte do processo é considerada uma segunda
fermentação, pois nessa etapa as bactérias consomem o açúcar presente, produzindo gás
carbônico (ANSARI; POURJAFAR; ESMAILPOUR, 2017).
A kombucha possui uma carbonatação natural devido ao processo de fermentação.
Porém, se o produto não for refrigerado adequadamente após o engarrafamento, é prová-
vel que ocorra uma nova fermentação, o que gera uma grande quantidade de dióxido de
carbono que aumenta a pressão da garrafa e pode gerar o rompimento da mesma (KIM;
ADHIKARI, 2020).
Composição e propriedades
645
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
(GAGGIA et al., 2019; LEAL et al., 2018). O Quadro 1 apresenta os principais componentes
presentes na kombucha.
646
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
A vitamina C possui forte atividade antioxidante (VITAS et al., 2018). Os minerais
auxiliam no metabolismo e no equilíbrio do pH do corpo e da pressão sanguínea. O etanol,
presente em baixas concentrações, auxilia na prevenção de doenças cardiovasculares, além
de possuir também atividade antibacteriana contra patógenos (LEAL et al., 2018).
De forma geral, a kombucha ainda fortalece o sistema imunológico do corpo e previne
alguns distúrbios. Entre os efeitos mais benéficos pode-se destacar a regulagem da ativida-
de fisiológica do sistema gastrointestinal e das glândulas. Apresenta também propriedades
antibióticas, harmoniza o metabolismo, diminui o colesterol sanguíneo, reduzindo os riscos
de doenças cardiovasculares, e purifica o sangue (ANSARI; POURJAFAR; ESMAILPOUR,
2017). Além disso, seu consumo regular melhora a digestão (GAGGIA et al., 2019).
A kombucha é uma bebida simbiótica, que é uma combinação de probiótico com pre-
biótico. Probióticos são microrganismos que quando consumidos em quantidades adequadas
resultam em benefícios para a saúde, auxiliando no equilíbrio da flora intestinal e agindo
contra o crescimento excessivo de bactérias nocivas. Prebióticos são ingredientes nutricionais
não digeríveis que ajudam seletivamente o crescimento e atividade dos microrganismos be-
néficos presentes no corpo humano. No caso da kombucha, as bactérias e leveduras atuam
como probióticos e a celulose formada atua como prebiótico (WATAWANA et al., 2015).
Parâmetros analíticos
647
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Processo de separação por membranas (PSM)
Processo de separação por membranas é uma operação unitária que pode ser utilizada
em substituição a uma sequência de processos. A membrana age como uma espécie de filtro,
formando uma barreira permeável ou semipermeável. O fluido escoa através da membrana
movido por uma força motriz, a diferença de pressão. Nesse processo, conforme ilustrado
na Figura 2, a solução é dividida em permeado, que é o fluido que atravessa a membrana,
e concentrado, que são as partículas de soluto que ficam retidas. O PSM tem como objeti-
vo separar misturas, purificar soluções ou concentrar componentes de uma solução. Suas
principais aplicações estão nas áreas de tratamento de água e efluentes, na medicina e nas
indústrias alimentícia, de bebidas, farmacêutica e de biotecnologia (COSTER; FARAHANI;
CHILCOTT, 2018).
Classificação e propriedades
648
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Quadro 2. Classificação das membranas de acordo com a porosidade.
Fonte: a autora.
Materiais de Membranas
Polissulfona (PSf)
Polietileno (PE)
Polietersulfona (PES)
Orgânicos Poliamida (PA)
(poliméricos) Fluoreto de polivinilideno (PVDF)
Poliacrilonitrila (PAN)
Celulose (C6H10O5)
Acetato de celulose (AC)
Alumina (Al2O3)
Inorgânicos Dióxido de silício (SiO2)
(cerâmicos ou metálicos) Dióxido de zircônia (ZrO2)
Dióxido de titânio (TiO2)
Organominerais ZrO2/PSf
Fonte: Wen-Qiong et al. (2019).
Com o tempo de uso a membrana pode ficar mais resistente à filtração, diminuindo o
fluxo de permeação. Isso ocorre devido ao acúmulo de partículas dos componentes con-
centrados, que formam uma camada sobre a membrana e causam entupimento dos poros.
Essa incrustação pode ocorrer por adsorção ou por deposição de material e é chamada
de fouling. Além da redução de fluxo, o fouling também ocasiona uma maior demanda de
energia, maior custo operacional, maior necessidade de manutenção e menor vida útil da
membrana (WEN-QIONG et al., 2019; ZOU et al., 2020).
As incrustações podem ser reversíveis ou irreversíveis. A incrustação reversível é con-
siderada não adesiva, pois há apenas acúmulo de partículas na superfície da membrana, e
pode ser removida por métodos hidrodinâmicos. A incrustação irreversível é causada por inte-
rações hidrofóbicas, interações macromoleculares extracelulares entre as partículas e a mem-
brana, ligações de hidrogênio ou outras ligações de Van der Waals (KUMAR; ISMAIL, 2015).
A resistência à incrustação de uma membrana depende de suas propriedades. Quanto
maior a porosidade maior o fluxo de permeação e quanto menor a porosidade maior a
650
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
tendência a incrustação. Além disso, uma maior hidrofobicidade da membrana aumenta a
adesão de substâncias na sua superfície, devido as interações que ocorrem entre as par-
tículas e a superfície da membrana (JANG et al., 2015; WEN-QIONG et al., 2019). Quanto
mais hidrofílica for a membrana, melhor será sua capacidade anti-incrustante (ZHAO et al.,
2020; ZOU et al., 2020). Existem métodos para modificar a superfície da membrana para
aumentar sua hidrofilicidade, reduzindo assim a incrustação e melhorando a seletividade e
a pureza do permeado (WEN-QIONG et al., 2019).
A lavagem intermediária do equipamento entre processos é necessária para reduzir os
efeitos de incrustações. Existem também métodos específicos de limpeza para restauração
de fluxo: físico, químico, físico-químico e bioquímico. As três primeiras são as técnicas mais
usadas. A limpeza física depende de forças mecânicas para remover sujeiras da superfície
da membrana, e pode ser feita através de limpeza hidráulica, lavagem a ar e permeação de
retorno de CO2 (WEN-QIONG et al., 2019).
651
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudos relacionados a kombucha são muito promissores por essa bebida apresentar
crescimento no consumo. É importante conhecer seu processo de fabricação, bem como
os inúmeros benefícios que seu consumo propicia.
Processos de separação por membranas têm grande potencial de aplicabilidade na
filtração de kombuchas. Para isso, deve-se selecionar o material adequado da membrana,
a porosidade ideal de acordo com as partículas que se deseja remover e os parâmetros de
processo. É importante também verificar se o processo provoca alterações nos parâmetros
da kombucha e se componentes de interesse benéficos não são removidos.
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655
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
47
Produção de cerveja e análise
sensorial: um referencial teórico
10.37885/210805711
RESUMO
A cerveja é uma bebida antiga, a qual é obtida a partir de processo fermentativo. Ao longo
do tempo, a cerveja ganhou relevância no âmbito cientifico acerca dos efeitos dos tipos
de matérias-primas, assim como das condições operacionais na composição química do
produto final. Ademais, há um número crescente de consumidores exigentes quanto à
qualidade da cerveja, o que tem resultado no aumento da demanda por produtos inova-
dores e de qualidade superior. Neste sentido, o presente capítulo discute as etapas do
processo de produção de cerveja e a influência das mesmas nas características físico-
-químicas e organolépticas do produto final. Além disto, o capítulo descreve os principais
métodos de análise sensorial, os quais incluem o afetivo, o discriminativo e o descritivo,
assim como um método específico para a análise sensorial da cerveja. Tal método visa a
avaliação do produto final no âmbito da análise do aroma e sabor da cerveja, com intuito
de elucidar a importância que distintos parâmetros sensoriais apresentam na obtenção
de produtos com elevada qualidade e características diferenciadas.
657
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
PRODUÇÃO DE CERVEJA
Moagem
Mosturação
Filtração
Fervura
Fermentação
O metabolismo da levedura cervejeira, bem como de qualquer ser vivo, pode ser dividido
didaticamente em anabolismo e catabolismo. O processo anabólico refere-se à reação de
síntese de material celular, tais como proteínas, lipídeos e polissacarídeos, a partir do uso
de energia celular armazenada na molécula de ATP. No catabolismo, o processo se inverte,
as moléculas são hidrolisadas e oxidadas, sendo que a energia química produzida nessas
reações é acumulada nas moléculas de ATP. As leveduras cervejeiras catabolizam açúca-
res seguindo duas vias metabólicas distintas, dependendo da disponibilidade de oxigênio e
da concentração de carboidratos. Primeiramente, sob condições de aerobiose, a levedura 661
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
recupera-se e multiplica-se. Posteriormente, sob condições de anaerobiose, as leveduras
fermentam uma molécula simples de açúcar, como a glicose, por exemplo, produzindo
duas moléculas de etanol, duas de gás carbônico e energia (BOKULICH; BAMFORTH,
2013; MAICAS, 2020).
As reações bioquímicas que ocorrem durante a fermentação refletem ao genótipo da
levedura utilizada e a sua expressão fenotípica é influenciada pela composição do mosto
e dos parâmetros de controle da fermentação. Neste sentido, com intuito de se obter uma
fermentação satisfatória, gerando assim uma cerveja de qualidade, torna-se necessário es-
colher uma cepa de levedura com o genótipo apropriado e manipular as condições a fim de
se obter o comportamento metabólico apropriado. Sendo que além do etanol e do dióxido
de carbono, outros subprodutos são formados através do metabolismo da levedura. Estes
subprodutos contribuem para o aroma e sabor da cerveja (BRIGGS, 2004).
Alguns compostos podem ser requeridos e considerados desejáveis em alguns esti-
los, enquanto em outros estilos os mesmos compostos podem ser considerados indesejá-
veis. Em cervejas de trigo, como o estilo “Weissbier”, compostos fenólicos são essências para
fornecer sabor e aroma de cravo, enquanto que ésteres tem o objetivo de fornecer sabor e
aroma frutado, como banana. No entanto, em estilos de baixa fermentação, como os estilos
“Munich Helles”, “Dortmunder Export”, e “German Pilsner”, estes mesmos compostos são
indesejáveis e considerados como defeitos. Um outro subproduto do metabolito da levedura
é o diacetil, o qual resulta em sabor e aroma amanteigado para a cerveja. Este composto é
indesejável para a grande maioria dos estilos, porém aceito no estilo “Bohemian Pilsener”.
Ademais, a contaminação da cerveja por bactérias também pode resultar na formação de
compostos indesejáveis, como os ácidos butírico, propiônico, acético, láctico, succínico,
sulfídrico, entre outros (BETTENHAUSEN et al., 2018; RODRÍGUEZ-SAAVEDRA et al.,
2020; STRONG; ENGLAND, 2015).
Vale ressaltar que as leveduras utilizadas no processo cervejeiro ainda possuem diver-
sas limitações. Entre estas, destacam-se a ineficiente fermentação do mosto e a conversão
dos carboidratos em etanol, a qual é limitada tanto pelo crescimento excessivo das leveduras,
como pela inabilidade de fermentar todos os açúcares do mosto. Além disso, os produtores de
cerveja possuem apenas um controle limitado sobre os sabores e aromas produzidos pelas
leveduras. Dentro desse contexto, torna-se relevante estudos direcionados na elucidação
e aprimoramento das leveduras já usualmente utilizadas no processo cervejeiro, além da
utilização de novas espécies, as quais podem ter propriedades adequadas para o processo
de produção de cerveja (HAMMOND, 1995; MICHEL et al., 2016).
662
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Maturação
Clarificação
663
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Carbonatação
Acondicionamento
Pasteurização
ANÁLISE SENSORIAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cerveja é uma bebida fermentada, a qual evoluiu ao longo dos anos até atingir o
produto comercializado nos dias atuais. Esta evolução decorre do avanço da literatura, a
qual tem continuamente elucidado questões acerca da composição química das matérias-
-primas, da bioquímica envolvida na fermentação e na maturação, assim como da influência
das condições operacionais do processo de produção de cerveja nos atributos sensoriais da
bebida. Neste sentido, o presente capítulo descreveu todas as etapas de produção de cerveja
e, explorou o efeito das matérias-primas e do processo de produção, nas características
físico-químicas e organolépticas do produto final. O capítulo também reportou a diferença
667
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
entre os três seguimentos de análise sensorial, os quais comprem os testes discriminativos,
descritivos e afetivos. Ademais, foi relatado todos os requisitos necessários para avaliação
dos diferentes atributos relacionados com o aroma e sabor da cerveja.
Em relação às perspectivas futuras, estudos devem ser direcionados à descoberta e
aplicação de novas leveduras no processo fermentativo, a fim de possibilitar a formação de
novos compostos e proporcionar uma complexidade singular ao produto final. Ademais, há
um aumento na demanda por cervejas destinadas às pessoas intolerantes ao glúten. Há tam-
bém demanda de produtos considerados mais saudáveis, como cervejas com os teores de
carboidratos e alcoólico reduzidos e, consequentemente, menor valor energético; cervejas
sem álcool; além de cervejas funcionais, as quais podem conter probióticos ou outros com-
postos bioativos, a fim de prover efeitos benéficos à saúde. Vale ressaltar que todas estas
tendências apresentam o desafio de produzir produtos com características organolépticas
desejáveis, o que torna relevante a utilização das metodologias de análise sensorial.
AGRADECIMENTOS
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670
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
48
Produção de iogurte de leite de
cabra adoçado com estévia (Stevia
rebaudiana)
10.37885/210805909
RESUMO
Este estudo teve como objetivo desenvolver e avaliar a qualidade do iogurte de leite de
cabra batido com estévia em pó adicionada. Foram utilizadas concentrações de estévia
em pó de 0,25%, 0,50% e 1,00%. Foram realizados ensaios microbiológicos de coliformes
totais e termotolerantes, juntamente com ensaios de formações de fungos e leveduras
e de bactérias viáveis do ácido lático em todas as formulações produzidas. O produto
foi submetido à análise sensorial por meio de dois experimentos: aceitabilidade global e
testes de escala de atitude. A amostra com o maior índice de aceitabilidade foi submeti-
da a análises físico-químicas (pH, acidez, gordura, umidade, açúcares totais, proteínas)
para fins de caracterização. As análises estatísticas foram aplicadas aos dados não
paramétricos. A qualidade microbiológica foi satisfatória e as amostras foram seguras
para consumo conforme os padrões atualmente em vigor. No que diz respeito à análise
sensorial, ambos os testes apresentaram resultados satisfatórios e indicaram a formula-
ção com uma concentração de estévia em pó de 1,00% como a melhor avaliada pelos
provadores participantes. As amostras não divergiram estatisticamente entre si em relação
aos parâmetros físico-químicos e, portanto, a adição de estévia não foi verificada para
alterar significativamente as formulações. O iogurte de leite de cabra batido com estévia
em pó adicionada apresentou-se, portanto, como um substituto viável do açúcar.
672
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
A atividade caprina leiteira se apresenta como a que melhor pode responder à explora-
ção econômica no semiárido nordestino (FELISBERTO; EGITO, 2018). Na região semiárida
do Rio Grande do Norte, a caprinocultura se destaca como atividade econômica de forte
identificação social e cultural, adquirida e consolidada por sua população através da explo-
ração e da valorização de seus produtos (ALMEIDA et al., 2011).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), em 2017
o Brasil produziu 25.353.000 litros de leite caprino, e destes 1.494.000 foram produzidos no
RN, sendo o município de Mossoró-RN responsável pela produção de 370.000 litros. O leite
e seus derivados, como o iogurte, representam uma das principais fontes de proteína na
alimentação da população brasileira (RAMOS et al., 2019), assim, incentivar a produção
de iogurte de leite de cabra é uma alternativa para valorizar e explorar racionalmente os
recursos das áreas semi-áridas.
O iogurte é um produto obtido por coagulação e diminuição do pH do leite, por fer-
mentação lática mediante a ação de cultivos de micro-organismos específicos (BRASIL,
2007). É um derivado lático de grande importância e se constitui uma fonte de proteínas,
cálcio e fósforo. O consumo deste alimento traz benefícios ao organismo facilitando a ação
das proteínas e enzimas digestivas, melhorando a absorção do cálcio, fósforo e ferro, além
de ser fonte de galactose, importante na síntese de tecidos nervosos cerebrosídeos em crian-
ças (FERREIRA et al., 2001; RAMOS et al. 2019). Pode ser acrescido de açúcares naturais,
edulcorantes artificiais, frutas ou a polpa a fim de melhorar a aceitabilidade do consumidor,
devido ao sabor ácido que o iogurte natural apresenta (MACEDO et al., 2014). A sacarose,
por sua vez, constitui a substância mais utilizada como adoçante de bebidas, inclusive do
iogurte, devido às suas características únicas de sabor (FERNANDES et al., 2009). Porém, a
nível global, recomenda-se uma redução na ingestão de açúcar adicionado devido à crescente
prevalência de sobrepeso, obesidade e diabetes em torno de o mundo (SAMUEL et al., 2018).
Stevia rebaudiana, popularmente conhecida como estévia, é uma planta nativa da
América do Sul, estando presente também no Brasil e cultivada em vários países como
Canadá, China, Japão, Paraguai e Sudeste Ásia. (OSMAN et al., 2013). É um arbusto pe-
rene pertencente à família da Astereceae, contendo glicosídeos chamados esteviosídeo,
composto de glicose, e rebaudiosídeo. Estes são responsáveis pela doçura da planta e
utilizados comercialmente na substituição de açúcar em alimentos, bebidas e medicamen-
tos (GANDHI et al.,2018). Os glicósidos sabor doce não são metabolizáveis e não contêm
calorias (GONZALES-MORALEJO, 2011), consistindo em uma opção mais saudável para
o consumidor. Além disso, pode ser consumido por pessoas que apresentam diabetes,
obesidade e hipertensão (REIS et al., 2011).
673
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Diante do exposto, este estudo propôs desenvolver um iogurte de leite de cabra com
adição de estévia em pó (Stevia rebaudiana) como substituto natural do açúcar, avaliando
sua aceitação sensorial a fim de apresentar uma opção viável, mais saudável e inovadora
para as indústrias de laticínios.
MÉTODO
Área de Estudo
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Fluxograma da elaboração de iogurte de leite de cabra adoçado com estévia.
O leite de cabra foi obtido em um volume total de oito litros, transportado sob refrige-
ração (± 10 ºC) até o laboratório de Tecnologia de Alimentos da UFERSA onde foi pasteu-
rizado a 90 ºC (± 1 ºC) durante 15 segundos. Em seguida, resfriado até 43°C (± 1 ºC) para
inoculação de 1,5% de cultura lática termofílica composta por Streptococcus thermophilus e
Lactobacillus bulgaricus, diluídas em leite caprino, previamente pasteurizado, de acordo com
as recomendações do fabricante. A incubação do leite aconteceu em estufa à temperatura
controlada de 43°C por 4 horas para sua devida coagulação.
Posteriormente à incubação das bactérias produtoras, o produto foi armazenado sob
refrigeração (4ºC) para maturação durante 18hs. Após esse período, o produto foi batido
para a quebra do coágulo a uma temperatura de 35ºC, reservou-se um litro desse produto
para o controle (sem edulcorante) e em seguida procedeu-se a adição da estévia em pó nas
concentrações de 0,25%, 0,50% e 1,00%, correspondendo aos tratamentos (T1), (T2) e (T3),
respectivamente. Os produtos foram acondicionados em garrafas plásticas de polietileno e
estocados sob refrigeração a 4°C, até a realização das análises.
675
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Análise microbiológica
Análise sensorial
A análise sensorial foi realizada em duas etapas, ambas, em uma sala cedida pela uni-
versidade, em dias diferentes, sendo servidas amostras de 30 mL (10 ± 1 ºC) devidamente
codificadas em copos plásticos, acompanhadas de ficha de avaliação sensorial, um copo com
água mineral e bolacha água e sal. Os provadores foram orientados a fazer o uso de água e
de bolacha entre uma amostra e outra, como forma de buscar minimizar a influência de uma
amostra sobre outra. Para o Teste de Aceitação Global foram recrutados 55 provadores e
para o Teste de Intenção de Compra foram recrutados 61 provadores, todos adultos, entre
18 e 65 anos, de ambos os sexos, cujo perfil incluiu alunos de graduação e pós-graduação,
professores e funcionários da universidade.
As amostras dos iogurtes foram submetidas, primeiramente, à análise sensorial realiza-
da pelo Teste de Aceitação Global, que consiste em avaliar o grau de aceitabilidade do pro-
duto, onde foram oferecidas uma amostra de cada produto formulado, inclusive do controle,
sendo atribuído pelo provador a cada amostra valores de um a nove com escala hedônica
estruturada em nove pontos (1 = desgostei muitíssimo a 9 = gostei muitíssimo). O índice de
aceitabilidade (IA) foi calculado considerando como 100% o máximo de pontuação alcançada
676
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
pela formulação testada na pesquisa, tendo como critério de decisão para o índice ser de
boa aceitação de no mínimo 70% (STONE; SIDEL, 2004).
Em uma sessão seguinte foi realizado o Teste de Atitude, que visa avaliar a intenção
de compra do consumidor com relação ao produto formulado. Para avaliar a intenção de
compra do produto foram oferecidas amostras do iogurte mais aceito pelo teste de acei-
tabilidade, bem como do controle, sendo atribuído valor de um a sete a partir do Teste de
Escala de Atitude estruturada em sete pontos (1 = nunca compraria e 7 = compraria sempre)
(STONE; SIDEL, 2004).
Análise físico-química
677
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados
Análise microbiológica
Tabela 1. Resultado das análises microbiológicas para coliformes, bolores e leveduras em iogurte de leite caprino adoçado
com estévia em pó (Stevia rebaudiana).
Concentração de estévia no Coliformes Totais Coliformes Termotoleran- Bolores e Leveduras
Tratamentos
iogurte de leite caprino (%) (NMP/ml)1 tes (NMP/ml) (UFC/ml)2
0,00 Controle <3,0 <3,0 -
0,25 T1 <3,0 <3,0 -
0,50 T2 2,3x10 1
<3,0 1,8x101
1,00 T3 3,6 <3,0 -
Padrões Legislação* Máx. 1x10 2
Máx. 1x10 1
Máx. 2x102
*BRASIL, 2007
1
NMP/ml=Número Mais Provável por mililitro
2
UFC/ml= Unidade Formadora de Colônia por mililitro
Análise sensorial
As médias obtidas nos Testes de Aceitação Global e Intenção de Compra, estão apre-
sentadas nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. O teste de aceitabilidade indicou que o T1 não
diferiu estatisticamente do controle, mas foi estatisticamente inferior aos demais tratamentos
(P<0,05). Já os tratamentos T2 e T3 além de superiores ao T1, não diferiram estatisticamente
entre si (Tabela 2).
Como os produtos T2 e T3 foram bem aceitos e não diferenciaram estatisticamente
entre si, o teste de intenção de compra foi realizado com os dois produtos. O teste apontou
que os produtos T2 e T3 diferenciaram estatisticamente entre si. Esse resultado indica que
o produto T3, o que possui a maior concentração de estévia (1%), apresentou uma maior
intenção de compra obtendo mediana 5,00 equivalente ao termo hedônico “compraria fre-
quentemente” (Tabela 3).
678
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 2. Índice de aceitabilidade (IA), mediana, média e desvios obtidos pelo Teste de Aceitação Global de iogurte de
leite caprino adoçado com estévia em pó (Stevia rebaudiana).
Concentração de estévia no iogur-
Tratamentos IA (%) Mediana Média± Desvio
te de leite caprino (%)
0,00 Controle 56,25 5,00 4,5± 1,93 a
0,25 T1 64,84 6,00 5,8± 1,90 a
0,50 T2 71,71 7,00 6,45± 1,92 b
1,00 T3 72,12 7,00 6,49± 1,67 b
a,b
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem estatisticamente (P<0,05).
Tabela 3. Mediana, média e desvios obtidos pelo Teste de Intenção de Compra de iogurte de leite caprino adoçado com
estévia em pó (Stevia rebaudiana).
Concentração de estévia no
Tratamentos Mediana Média± Desvio
iogurte de leite caprino (%)
0,50 T2 4,00 4,26± 1,28
1,00 T3 5,00 4,68± 1,48*
*
Representa significância estatística para o teste (P<0,05).
Análise físico-química
Tabela 4. Médias e desvios padrões das características físico-químicas de iogurte de leite caprino adoçado com estévia
em pó (Stevia rebaudiana).
DISCUSSÃO
Análise microbiológica
680
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
níveis elevados de vitaminas do complexo B e alguns aminoácidos, níveis reduzidos de
lactose e maior disponibilidade de lactase (PEREZ et.al., 2007).
Análise sensorial
Análise físico-química
683
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Adoçantes de extrato de folhas de estévia são uma ferramenta benéfica redução de açúcar
e calorias, diabetes, controle de peso e estilos de vida saudáveis (SAMUEL, et al., 2018).
Santos e colaboradores (2017) desenvolveram iogurte de leite de cabra sabor mangaba
e observaram valores de proteína entre 2,22 e 2,52%, resultados abaixo dos encontrados
nesse estudo. Segundo Rasic e Kurmann (1978), leites fermentados com maior teor de
proteínas apresentam um maior tempo de vida útil. Valores proteicos semelhantes aos ob-
servados no presente estudo foram encontrados em iogurte elaborado com leite de vaca na
faixa entre 3,80 e 3,90% (REVERS et al., 2016). A classificação geral de proteínas do leite
de cabra é semelhante a do leite de vaca, no entanto, as primeiras diferem em polimorfis-
mos, que são responsáveis por diferenças na digestibilidade e sabores de produtos lácteos
caprinos (RUSS et al., 2010).
O presente estudo demonstra a utilização da estévia como adoçante natural em iogurte
de leite caprino em detrimento da sacarose, cujos malefícios são reconhecidos. Além disso,
reforça a utilização deste como adoçante não calórico na produção de alimentos para obesos
e diabéticos a fim de promover o equilíbrio calórico e ser benéfico para um estilo de vida
saudável (KHATTAB et al., 2015).
CONCLUSÃO
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688
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
49
Propriedades bioativas do mel - uso
alimentício e potencial terapêutico:
uma revisão narrativa
Marcelo Maraschin
UFSC
10.37885/210805941
RESUMO
O mel e seus produtos são substâncias naturais valorizadas pelas suas propriedades
biológicas. Neste capítulo apresentamos a importância do consumo de mel e sua rela-
ção com o potencial antioxidante e terapêutico. As propriedades do mel são diretamente
relacionadas com a qualidade, a qual é afetada por diversos fatores, incluindo espécies
de abelhas, fonte botânica, sazonalidade e a área geográfica, entre outros. Todos esses
fatores influenciam na atividade antioxidante e antimicrobiana, as quais dependentes
do nível de compostos bioativos, como os compostos fenólicos, amina bioativas e seus
precursores. Entretanto, devido à processos de adulteração desse alimento e à diversi-
dade dos tipos de méis no mercado, apresentamos também alguns métodos analíticos
precisos e robustos que podem ser usados para padronização de procedimentos e cri-
térios que garantam a autenticidade e a origem dos méis, aspectos de interesse mútuo
de produtores idôneos e consumidores.
690
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
Os produtos apícolas são bastante reconhecidos por seus atributos à saúde, particu-
larmente por suas propriedades curativas potenciais (Bobis et al., 2020; Geana e Ciucure,
2020). Dentre eles, o mel é o principal produto e é bastante raro na natureza, pois os únicos
produtores são certas abelhas, vespas e formigas da ordem Hymenoptera (Vit et al, 2013,
Chuttong et al., 2016). As abelhas produtoras do mel comercial são a Apis (tribo Apini), com
11 espécies descritas, sendo a Apis mellifera a mais conhecida e distribuída pelo homem
ao redor do mundo e as abelhas sem ferrão (tribo Meliponini) com 58 gêneros (cerca de
550 espécies) (Grüter, 2020).
O mel é um produto natural vastamente disponível e muito consumido devido ao valor
nutricional, com muitos benefícios à saúde. Diversos estudos relatam que o mel contém,
além de carboidratos, diversos compostos bioativos com propriedades antioxidantes, como
vitaminas, minerais e fitoquímicos, como compostos fenólicos (Wieczorek et al., 2014), ter-
penos (Jerković e Kuś, 2014), aminas biogênicas como serotonina e melatonina (Kim et al.,
2021), entre outros. Por esse motivo, o desejo de usar esses produtos naturais contribui
para o crescimento do interesse em avaliar suas propriedades. Além desses compostos,
o mel pode apresentar outros constituintes como o pólen, resultando em um alimento com
matriz quimicamente complexa.
O consumo de mel é associado aos seus efeitos antimicrobianos, anti-inflamatórios,
anticancerígenos, antiaterogênicos, antitrombóticos e antioxidantes, além de atividades
analgésicas no organismo humano (Siddiqui et al., 2017). Além disso, estudos in vivo e in
vitro o indicam como um agente promissor no tratamento de diferentes doenças dérmicas,
incluindo cicatrização de feridas (Oryan, Alemzadeh e Moshiri, 2016) e úlceras que não
cicatrizam (Mayer et al., 2014).
Neste capítulo apresentamos dados na forma de revisão sobre as propriedades de
alguns compostos bioativos presentes no mel, bem como seu uso como alimento, agente
antimicrobiano e medicinal.
DESENVOLVIMENTO
Histórico e produção
Carboidratos
A alta quantidade de carboidratos faz do mel boa fonte de energia, além de ser muito
usado na culinária como adoçante natural. Os carboidratos do mel constituem 95% do peso
seco e são principalmente glicose e frutose. Além desses monossacarídeos, encontramos
sacarose, maltose, trealose e turanose, entre outros. O consumo diário de 20 g de mel for-
nece 3% da energia diária necessária (Jogdande & Nitave, 2019).
De acordo com a Instrução Normativa no. 11 de 2000 (Brasil, 2000), a quantidade
de açúcares redutores presentes não deve estar abaixo de 65g/100g em méis florais e
60g/100g em mel de melato. O nível de sacarose aparente em méis florais deve apresentar
níveis acima de 6g/100g e em mel de melato, o conteúdo desse dissacarídeo deve ser no
mínimo de 15g/100. Teores abaixo de 65 g/100g pode ser indicativo da falta de amadureci-
mento para a colheita. No Brasil, diversos estudos têm mostrado a diferenciação que ocorre
quanto ao teor de carboidratos em méis colhidos nas diversas regiões. Barros et al. (2014)
detectaram teores de açúcares redutores entre 53,52 a 88,67 g/100 em méis produzidos por
Apis mellifera no Estado do Rio de Janeiro. A partir da análise em méis de 4 espécies de
abelha sem ferrão (três espécies de Melipona e uma de Scaptotrigona), Ávila et al., (2019)
observaram valores próximos a 55% de açúcares redutores. Esses estudos, entre outros,
693
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
demonstram a variação no conteúdo desses açúcares em função da espécie produtora,
bem como, da flora botânica.
A ingestão de carboidratos pode influenciar o conteúdo de glicose no sangue.
Carboidratos com baixo índice glicêmico não induzem grandes variações de glicose no
sangue. Alimentos com baixos índices glicêmicos apresentam liberação lenta de glucose
no sangue, importante fator para o controle de diabetes (Katare & Rana, 2013). De acordo
com Curutiu et al. (2020), apesar do mel conter grande conteúdo de açúcares, estudos
demonstram que o consumo de mel reduz a resposta glicêmica pós-prandial, promovendo
diminuição dos níveis séricos de glicose em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2. Alguns
estudos sugerem também que a capacidade higlicemiante e antidiabética do mel é devido à
sua capacidade antioxidante. O diabetes mellitus tipo 2 tem sido relacionado com o estresse
oxidativo e a formação de espécies reativas de oxigênio (ROS) e o mel, devido sua atividade
antioxidante pode ser um coadjuvante na eliminação dessas ROS (Folli et al., 2012).
Compostos fenólicos
O consumo consciente e a busca por alimentos com boa qualidade nutricional, visando
a prevenção de doenças tem sido prioridade na dieta humana. Além disso, há também o
interesse da ingestão de alimentos que proporcionem bem-estar, tanto físico quanto emo-
cional (Strasser, Gostner e Fuchs, 2016). As aminas biogênicas são compostos bioativos
presentes em todos os alimentos e possuem ação direta no organismo, também devido a
sua função antioxidante, atuam diretamente sob os radicais livres. Estas substâncias estão
695
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
relacionadas ainda com a regulação do ciclo celular e desempenham papel fundamental
na rota de síntese de importantes neurotransmissores (Gomez- Gomez et al., 2018), como
serotonina e melatonina.
De fato, aminas bioativas têm sido objeto de muitos estudos, devido ao grande interes-
se com relação ao paradoxo nutricional e a sua possível ação como antioxidante (Borges
et al., 2019; Diamante et al., 2020; Gomez-Gomez et al., 2019). Estas substâncias são
bases orgânicas alifáticas pertencentes às aminas bioativas ou biologicamente ativas que
desempenham importantes funções metabólicas e fisiológicas em animais, vegetais e micror-
ganismos. A ação antioxidante destes metabólitos está correlacionada com a quantidade de
aminogrupos em suas estruturas. As mais comuns são a espermidina e a espermina, sendo
assim classificadas por possuírem mais de dois grupamentos amino. Ambas são derivadas
da putrescina e da ação de S-adenosilmetionina descarboxilase (SAMdc) (Moinard, Cynober
e Bandt, de, 2005). Monoaminas como a dopamina apresentam maior capacidade antio-
xidante in vitro (ensaio DPPH), comparativamente a outros antioxidantes naturais, como o
ácido ascórbico, a glutationa reduzida e vários compostos fenólicos como a galocatequina,
por exemplo (González- Montelongo et al., 2010). A dopamina é uma catecolamina encon-
trada em diversos alimentos e responsável pela coordenação e tensão muscular, além do
controle do apetite, entre outros efeitos fisiológicos relevantes (Plonka e Michalski, 2017).
Aminas bioativas são encontradas nos alimentos e, dependendo de suas concentrações,
podem ser relevantes não somente para o shelf life e qualidade final do produto, mas tam-
bém à saúde humana (Doeun, Davaatseren e Chung, 2017). Contudo, os dados na literatura
sobre a formação e conteúdo de aminas em alimentos, incluindo o mel, são relativamente
escassos e difusos (Doeun, Davaatseren e Chung, 2017).
A presença de triptofano no mel parece ser fundamental para a saúde. O triptofano é
o aminoácido precursor da serotonina nos neurônios serotoninérgicos (Arzoo, 2017). A in-
gestão de triptofano e de seu derivado hidroxilado - 5-hidroxitriptofano, é essencial à for-
mação de serotonina no cérebro, pois esse neutrotransmissor não atravessa a barreira
hematoencefálica (Goihl, 2006) e a síntese e o turnover de serotonina depende da ingestão
tanto de triptofano, como 5-hidroxitriptofano (Höglund, Øverli e Winberg, 2019). Além disso,
serotonina é precursora da melatonina, um neurotransmissor importante para o bem-estar
e com ação antioxidante.
O conteúdo de triptofano pode variar em função de diversos fatores, incluindo fonte
do néctar, pólen e espécie da abelha. Em méis de abelhas sem ferrão, a composição e a
quantidade de aminoácidos presentes pode ser influenciada também pelos microrganismos
presentes na colmeia (Barbosa et al., 2017). Num estudo com méis de abelhas sem ferrão
(Meliponinae) e de diferentes regiões de Santa Catarina, (Biluca et al., 2020) verificaram
696
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
que algumas amostras apresentaram níveis de triptofano abaixo do limite de quantificação,
enquanto outras atingiram valores de até 9,77 mg/kg.
Em humanos, devido a sua essencialidade, as recomendações diárias de ingestão de
triptofano para adultos e crianças são de 4 mg/kg peso corporal e 12 mg/kg peso corporal,
respectivamente (Palego et al., 2016). Assim, alimentos que contenham maiores teores de
triptofano e 5-hidroxitriptofano podem auxiliar no equilíbrio dos níveis de serotonina cerebral.
Em estudo conduzido pelo nosso grupo de pesquisa, com financiamento da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP - 2019/27227-1) e Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (FAPESC -. 2020TR1452), nós analisamos
mais de 150 amostras de méis coletadas em São Paulo e Santa Catarina e observamos que
o conteúdo de triptofano varia entre 0,04 a 9,53 mg/100g e 0,03 a 0,92 mg/100g de 5- hi-
droxitriptofano (dados ainda não publicados). Esses méis também apresentaram conteúdos
interessantes de serotonina (0,01 a 0,75 mg/100g) e melatonina (0,01 a 0,23 mg/100g). Kim
et al., (2021) detectaram conteúdos significativos de triptofano, serotonina, N-acetilserotonina,
melatonina e 2-hidroximelatonina em méis de diferentes países e fontes florais. Em mel
oriundo da Austrália, foram detectados melatonina (0,91 ηg/g) e 2-hidroximelatonina (0,68
ηg/g), valores diferentes dos encontrados em méis comerciais dos Estados Unidos, os quais,
dependendo da marca, podem conter 0,48 ηg/g de melatonina e 88,2 ηg/g de serotonina.
Muitos pesquisadores consideram que a melatonina pode ser usada como um suple-
mento de saúde devido às suas muitas funções biológicas, como seus efeitos antioxidantes
(Kim et al., 2021), anticâncer (Ma et al., 2016) e antienvelhecimento (Bocheva, Slominski e
Slominski, 2019). Estudos realizados com mel para a investigação do potencial anti- trans-
torno obsessivo-compulsivo (TOC) em camundongos, constataram que a administração do
produto por 21 dias, reduziu significativamente o comportamento marble-burying, no qual
um teste é aplicado e se observa em camundongos, a ação de enterrar objetos e o resul-
tado pode estar relacionado com algum tipo de TOC. A administração de mel influencia os
sistemas serotonérgicos e dopaminérgicos, induzindo aumento nos níveis de serotonina, em
resposta ao aumento do triptofano. Nestes estudos, também foram observados aumento do
conteúdo de ácido gama-aminobutírico (GABA) (Arzoo, 2017), relacionado com a diminui-
ção da hiperatividade e o comportamento obsessivo-compulsivo em animais de laboratório
(Fava et al., 2014).
Embora os benefícios do mel para a saúde possam não ser totalmente compreendi-
dos, muitos estudos indicam que o mel contém vários antioxidantes naturais (Seraglio et al.,
2019). Esses compostos antioxidantes diminuem a possibilidade de desenvolver algumas
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
doenças geradas pelo excesso de radicais livres. Alguns autores que avaliaram a atividade
antioxidante de méis de diferentes origens, relataram que os méis de melato são os mais
ricos em compostos fenólicos e, consequentemente, apresentam maior atividade antioxi-
dante (Kowalski, 2013; Seraglio et al., 2019). Além desses compostos com capacidade de
eliminar radicais livres, o mel de melato também apresenta elevados teores de minerais,
proteínas, ácidos orgânicos, enzimas e aminoácidos. Esses constituintes também são res-
ponsáveis pela atividade antioxidante do mel, os quais também são afetados pela origem
botânica. As atividades antimicrobianas dos méis de melato ainda não foram amplamente
estudadas e é necessário destacar esse potencial, pois esses méis costumam apresentar
maior teor de compostos fenólicos e acidez, além de maior eficiência contra bactérias quan-
do comparados aos méis florais (Seraglio et al., 2019). Ávila et al., (2018) com base nos
dados literatura de análises da constituintes bioativos e propriedades biológicas de méis de
66 espécies de abelhas sem ferrão ao redor do mundo, verificou correlação positiva entre
o teor de compostos fenólicos (220 a 708 mg de equivalente de ácido gálico (EAG)/kg) e
a capacidade antioxidante. Os méis de abelhas sem ferrão apresentaram maior atividade
antioxidante e biológica do que o mel de Apis mellifera.
Estudos interessantes têm sido realizados com méis e o efeito antimicrobiano. O mel
de Manuka é um tipo de mel usado para fins medicinais, principalmente como antibiótico.
Alguns estudos demonstram que o mel pode ser usado para tratamentos de danos no
tecido epitelial causados por queimaduras (Moore et al., 2001), devido a sua alta osmolari-
dade, uma potente ferramenta para tratar infeções, prevenindo o crescimento de bactérias
e estimulando a cicatrização (Archer et al., 1990). Uma pasta elaborada com mel pode ser
importante coadjuvante na cicatrização de feridas, pois além da alta osmolaridade, também
possui propriedades antimicrobianas.
As propriedades antimicrobianas do mel resultam de sua alta viscosidade, baixo pH,
acidez, H2O2 e ácido glucônico, que é produzido pela conversão de glicose na presença da
enzima glicose oxidase e certos fitoquímicos (fenóis e flavonoides) (Al-Ghamdi e Ansari,
2021). Além de todos esses dados interessantes, estudos relatam que os antioxidantes
presentes no mel podem inibir o efeito dos radicais livres no sistema cardiovascular humano
(Olas, 2020) e podem inibir a adesão das bactérias à membrana mucosa do trato urinário
(Irish et al., 2006).
A cor do mel está diretamente relacionada com o potencial antioxidante. Quanto mais
escuro, maior capacidade de eliminar radicas livres, devido principalmente, ao alto conteúdo
de compostos fenólicos, incluindo flavonoides, além de ácido ascórbico e β-caroteno (Ferreira
et al., 2009). Vale ressaltar que as condições de processamento e armazenamento também
698
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
podem resultar em diferentes propriedades antioxidantes do produto, além de afetar os be-
nefícios nutricionais do mel (Šarić et al., 2020; Zarei, Fazlara e Tulabifard, 2019).
Mel x COVID-19
700
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
mel pode ser usado como uma alternativa eficiente ao aciclovir para o tratamento do HSV-1
(Semprini et al., 2019).
Os esforços direcionados ao desenvolvimento de drogas anti-COVID-19 estão focados
em impedir a entrada viral nas células hospedeiras, interromper a replicação viral e inibir as
interações proteína-hospedeiro viral, com o objetivo de abortar as respostas inflamatórias
induzidas pela invasão viral (Kumar et al., 2020), Como tal, estudos in silico investigaram
o uso de flavonoides de compostos apícolas como candidatos terapêuticos eficazes con-
tra COVID-19, visando a clivagem da proteína S por proteases da célula hospedeira, por
exemplo, TMPRSS2 (Kumar et al., 2020), ligação da proteína S a receptores de superfície
celular, como ACE -II (Guler et al., 2021), inibindo a proteína S (Jain et al., 2021), bem como
interferindo com NSPs de SARS-CoV-2, a fim de dificultar a replicação viral (Hashem, 2020).
Além disso, própolis e as combinações de mel de abelha com plantas fitoterápicas foram
associadas à melhora da eliminação viral e recuperação dos sintomas em pacientes com
COVID-19, juntamente com a alta precoce de hospitais e diminuição da mortalidade (Ali e
Kunugi, 2021). No entanto, apesar de alguns compostos bioativos no mel mostrem efeitos
antivirais potenciais (ou seja, metilglioxal, crisina, ácido caféico, galangina e hesperidinina)
ou aumento das respostas imunes antivirais (ou seja, levana e ácido ascórbico), os meca-
nismos de ação desses compostos ainda são ambíguos (Al-Hatamleh et al., 2020).
CONCLUSÕES
O mel é um produto natural muito consumido pelo seu alto valor nutricional e, principal-
mente, pelos seus benefícios à saúde. A ingestão de mel elaborado por abelhas com ou sem
ferrão ou mel de melato pode ser uma boa fonte de compostos importantes para a saúde,
principalmente na prevenção de doenças ocasionadas pelo excesso de espécies reativas
de oxigênio ou de nitrogênio (radicais livres). Esses agentes oxidantes podem ocasionar
vários danos ao organismo e o desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares.
O aumento da função antioxidante no organismo após a ingestão de mel deve-se à
presença de substâncias com propriedades biológicas importantes, sendo os compostos
fenólicos os mais estudados e altamente correlacionados com a atividade antioxidante do
produto. As aminas biogênicas são substâncias encontradas no mel que também possuem
alta potencial de eliminação de radicais livres, atuando como compostos importantes frente
a processos oxidativos. Além dos efeitos antioxidantes das aminas, vários estudos sugerem
a ação dessas substâncias no sistema neurológico atuando como moduladores do humor,
do bem-estar e, consequentemente, diminuindo sintomas da depressão, ansiedade e outras
doenças neurológicas importantes (e.g., Transtorno Obsessivo Compulsivo).
701
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Estudos recentes sugerem que o mel de abelha associado com plantas fitoterápicas
pode ser uma alternativa natural para o tratamento de pacientes acometidos pela COVID-19,
ocasionando a probabilidade de diminuição da alta precoce hospital e, consequentemente, a
mortalidade causada pela doença. Apesar dos benefícios à saúde relacionados ao mel, alguns
problemas são ocasionados na sua comercialização, como a adulteração do produto. O de-
senvolvimento de técnicas avançadas que permitem o reconhecimento de adulterações, à
identificação de padrões de identidade associados a suas origens botânica e geográfica é
de suma importância e vem sendo estudadas para a validação e o controle de qualidade do
alimento e ou do produto final.
AGRADECIMENTOS
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707
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
50
Suco de caju adicionado do xarope de
yacon e do extrato concentrado de
carotenoides para melhoria das suas
características sensoriais e funcionais
10.37885/210805926
RESUMO
O xarope de yacon (XY) e o extrato concentrado de caju (ECC) são produtos que apre-
sentam elevadas concentrações de compostos bioativos, como fruto-oligossacarídeos
e carotenoides, que exibem propriedades prebióticas e antioxidantes. O objetivo deste
trabalho foi avaliar o impacto de XY e ECC nas características físico-químicas e senso-
riais, quando estes produtos foram incorporados em um suco de caju. As formulações
desenvolvidas foram: formulação A (sem adição de XY e ECC), formulação B (suco com
adição de 20% de XY), formulação C (suco com adição de 20% de XY e 10% de ECC) e
formulação D (suco com adição de 20% de XY e 20% de ECC). As amostras foram então
avaliadas sensorialmente com relação a aceitação (global, aparência e textura), além
de serem caracterizadas através de análises físico-químicas. Os resultados indicaram
que todas as formulações apresentam um aumento da aceitação sensorial após adição
do XY e ECC, indicando que o suco de caju pode ser considerado como um veículo
interessante para esses ingredientes funcionais.
709
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
O yacon é uma raiz que tem sido bastante estudada devido suas propriedades funcio-
nais (ALMEIDA et al., 2015). Essa raiz tuberosa apresenta elevados teores de fruto-oligos-
sacarídeos (FOS), que apresentam a capacidade de modular seletivamente a composição
da microbiota intestinal, promovendo um papel regulador no cólon, sendo benéfico para o
hospedeiro (ROLIM, 2015; RAMAN et al., 2013). Recentemente, um produto concentrado
(denominado de xarope de yacon) mostrou ser uma excelente fonte de FOS (MENDES
et al., 2019; SILVA et al., 2018), com cerca de 27.9 g FOS/100 g. Esse produto apresentou
efeitos benéficos na diminuição da glicose e da insulina pós-prandial quando consumida por
mulheres obesas (DIONISIO et al., 2020; ADRIANO et al., 2019), bem como efeitos positivos
na saciedade em humanos (SILVA et al., 2017).
Outro alimento rico em sua composição no aspecto funcional é o pedúnculo do caju.
Após o processamento do suco de caju, a fibra (considerada como resíduo na indústria),
ainda apresenta uma elevada concentração de carotenoides e componentes fenólicos (cerca
de 14,04 mg/100g de carotenoides totais e 78,46 mg ácido gálico equivalente/100g, segundo
Mendes et al., 2018). Abreu et al. (2013), com o intuito de aproveitar esse material e agregar
valor ao produto, desenvolveu um processo em que se obtém um extrato concentrado de
carotenoides, que apresenta interessante função biológica (SOUSA et al., 2020; SILVA et al.,
2020), com efeito antimicrobiano e antiproliferativo avaliada in vitro, além de apresentar uma
cor atrativa (ABREU et al., 2013), podendo ser utilizado como corante alimentar.
Assim, o presente trabalho tem o objetivo principal avaliar o efeito da adição do xarope
de yacon e do extrato concentrado de carotenoides nos aspectos sensoriais e nas caracte-
rísticas físico-químicas de sucos de caju, demonstrando que a adição destes componentes
nas bebidas podem ser uma interessante estratégia para a indústria de alimentos para
incorporação de ingredientes funcionais em suas linhas de produtos.
METODOLOGIA
Os pedúnculos de caju (Anacardium occidentale L.) utilizados (CCP 76) foram obtidos
no campo experimental da Embrapa em Pacajus – CE (s 04°10’22’’, o 38°27’39’’). Os clones
foram recebidos no Laboratório de Processos Agroindustriais da Embrapa Agroindústria
Tropical e após serem descastanhados, os pedúnculos foram lavados para remoção da
710
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
sujeira superficial, higienizados com solução de cloro ativo (100 ppm) durante 20 minutos,
e lavados em água corrente para retirar o excesso de cloro.
Após a sanitização, os pedúnculos foram prensados (prensa tipo “expeller”) para ob-
tenção do suco, que foi armazenado a temperatura de -18 ºC até o dia de elaboração das
diferentes formulações. Por sua vez, o xarope de yacon (XY) e o extrato concentrado de
caju (ECC), foram obtidos conforme descrito em Silva et al. (2018) e Abreu et al. (2013),
respectivamente.
Inicialmente, foram formulados quatro sucos, sendo: a ‘Formulação A’ composta apenas
de suco de caju; ‘Formulação B’, composta por suco de caju e xarope de yacon (20%), a
‘Formulação C’ e ‘Formulação D’ foram compostas por suco de caju adicionado de xarope de
yacon (20%), variando a concentração do extrato de carotenoides entre 10% e 20%, respecti-
vamente. As formulações de suco foram submetidas ao tratamento térmico, onde foi utilizado
o trocador tubular Armfield FT74X. O binômio tempo x temperatura utilizado correspondeu
a 60 segundos na temperatura de 90 ºC, em seguida, transferiu-se a bebida para garrafas
de vidro de 200 mL, previamente higienizadas, sendo mantidas sob refrigeração (5 ± 2 °C).
711
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Análise sensorial
A análise sensorial foi realizada com 52 provadores, não treinados, com idades variando
entre 18 e 55 anos. O protocolo sensorial foi aplicado de acordo com Meilgaard, Civille e
Carb (2016) e previamente aprovado Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza, CE, Brasil, sob o parecer nº 1.634.748 de 12 de julho
de 2016. Antes dos testes sensoriais, foi solicitado que os provadores assinassem um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A degustação das amostras foi realizada em cabines individuais climatizadas (24 °C),
sob iluminação controlada (luz branca, fluorescente). As amostras foram servidas a 10 ± 2
°C, em copos descartáveis codificados com números aleatórios de três dígitos (WALKELING
e MACFIE, 1990) e apresentados em ordem balanceada, de forma a evitar vícios nos re-
sultados (MACFIE et al., 1989). Água mineral foi servida entre a provas das amostras para
limpeza do paladar.
As amostras dos sucos formulados compostos de suco de caju e produto funcional de
yacon e caju (Formulações A, B, C e D) foram submetidos a testes de aceitação global e
aceitação dos atributos aparência e textura utilizando escalas hedônicas de 9 pontos (1 =
‘desgostei muitíssimo, 5 = ‘nem gostei, nem desgostei’ e 9 = ‘gostei muitíssimo’) (PERYAM e
PILGRIM, 1957). Os provadores também foram questionados sobre sua intenção de compra,
caso encontrassem as formulações à venda, usando uma escala estruturada de 5 pontos,
variando de 1 (certamente não compraria) a 5 (certamente compraria).
Análise estatística
RESULTADOS E DISCUSSÃO
712
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 1. Caracterização físico-química das formulações de suco de caju adicionado do xarope de yacon e do extrato
concentrado de carotenoides.
Formulações1,2
Parâmetros
A B C D
Sólidos solúveis (ºBrix) 14,33 ± 0,05
d
23,23 ± 0,05
a
22,93 ± 0,05
b
22,76 ± 0,05
c
Tabela 2. Médias de aceitação sensorial de Formulações de sucos de caju adicionado do xarope de yacon e do extrato
concentrado de carotenoides.
Formulações 1,2
Aceitação Sensorial
A B C D
Aceitação global 5,66b 6,00ab 6,72a 6,50ab
Aceitação de aparência 4,23 c
5,70 b
7,11 a
7,35a
Aceitação de textura 5,37b 6,13ab 6,72a 6,88a
1
Formulação A = suco de caju; Formulação B = suco de caju adicionado de 20% de xarope de yacon; Formulação C =
suco de caju adicionado de 20% de xarope de yacon e 10% de extrato concentrado de carotenoides; Formulação D =
suco de caju adicionado de 20% de xarope de yacon e 20% de extrato concentrado de carotenoides.
2
Médias com letras iguais, em mesma linha, não diferem entre si ao nível de 5% de significância para o teste de Tukey.
CONCLUSÃO
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716
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
23. SOUSA, J. M. S.; ABREU, F. A. P.; RUIZ, A. L. T. G.; SILVA, G. G.; LIRA, S. M.; GARCIA, C. P.
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717
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
51
Técnicas de preservação pós-colheita
de frutas e hortaliças: uma revisão
narrativa
10.37885/210805750
RESUMO
Com a crescente demanda por frutas e hortaliças de qualidade, existem várias técnicas de
preservação que estendem a sua vida útil, chegando ao consumidor com alta qualidade.
Esta revisão teve como objetivo apresentar diversas técnicas de preservação de frutas
e hortaliças na pós-colheita. Após serem colhidos, produtos agrícolas apresentam uma
alta taxa de respiração, sendo necessária diminuir essa taxa para garantir que os frutos
tenham sucesso no processo de conservação até o consumidor final. Podem ser utiliza-
das técnicas de preservação como armazenamento refrigerado, atmosfera modificada e
controlada, uso de revestimentos e embalagens com atmosfera modifica. Conclui-se que,
é importante salientar que não existe uma técnica de preservação única para todos os
tipos de frutas e hortaliças. Tais técnicas dependem de vários fatores para sua aplicação
como: tempo de armazenamento, transporte, destino do alimento, da disponibilidade
financeira e das características físico-químicas do alimento.
719
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
720
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
respiração e produção de etileno dos frutos e mantê-los em ótimas temperaturas para sua
conservação (WATSON et al., 2016).
Os frutos são classificados em duas categorias: climatéricos e não climatéricos. Essa
classificação é atribuída através de suas diferenças na taxa de respiração e produção de
etileno, que podem alterar as práticas de preservação pós-colheita dependendo do fruto
(OETIKER; YANG, 1995; REES; HAMMOND, 2002).
Nos frutos climatéricos, em certo momento de seu ciclo vital, há um aumento acentuado
na sua atividade respiratória e seguido pelo rápido amadurecimento do fruto. Os padrões
de respiração de frutos climatéricos e não climatéricos podem ser observados da Figura 1.
Nos frutos climatéricos, observam-se mudanças bioquímicas que são desencadeadas pela
produção autocatalítica de etileno. O aumento da taxa respiratória nos frutos é dependente
do etileno disponível e é um evento secundário (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
Os frutos não-climatéricos, não apresentam aumento da produção de etileno e elevação
da taxa respiratória durante seu amadurecimento, pelo contrário, sua taxa de respiração cai
durante o amadurecimento (REES; FARREL; ORCHARD, 2012).
721
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Segundo GOMES (1996), os frutos climatéricos são colhidos antes do pico climatérico,
tradicionalmente ainda “verdes” de acordo com a Figura 2. Esses frutos devem ser arma-
zenados com técnicas que permitem um período de maior conservação do mesmo. Já os
frutos não climatéricos, quando colhidos imaturos, não tem capacidade de completar seu
processo de amadurecimento, então devem permanecer na planta-mãe até o final da sua
maturação (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Dessa maneira, a taxa de respiração dos frutos
está relacionada com a perecibilidade. Os frutos colhidos totalmente maduros são mais pere-
cíveis que aqueles colhidos imaturos e lento desenvolvimento. As altas temperaturas, stress
e lesões físicas podem também elevar a taxa respiratória dos frutos (WATSON et al. 2016).
Fonte: Adaptado de ROBINSON (1975); VAN DER BERG (1978); SALUNKHE E DESAY (1984), USDA (2016).
Cada fruto tem sua temperatura mínima limite, temperaturas abaixo das toleradas,
prejudicam os frutos. Essa alteração fisiológica é denominada chilling, causando amadure-
cimento deficiente, alterações sensoriais e escurecimento da epiderme e da polpa. Fatores
como estádio de maturação, cultivar e tempo de exposição do fruto a temperatura são variá-
veis que interferem na intensidade do dando para cada fruta e hortaliça. Os frutos imaturos
são mais susceptíveis às injúrias pelo frio do que aqueles parcialmente ou total maduros
(ROSA et al. 2018).
723
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Na Tabela 3 estão representadas algumas temperaturas nas quais foram observados
danos pelo frio (chilling) para diferentes frutas e hortaliças.
725
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 4. Filmes plásticos mais utilizados e suas principais características.
Figura 4. Esquema de processos de trocas gasosas no modelo de embalagem sob atmosfera modificada.
Revestimentos
Revestimentos comestíveis
728
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 5. Representação de uma fruta revestida com revestimento comestível em um dos lados.
O lado não revestido possui uma lenticela aberta e passagem livre para gás e água
(a), enquanto o lado revestido possui uma lenticela coberta e uma barreira completa
para gás e água (b). Fonte: Adaptado de KUMAR et al. 2017; THAKUR et al. 2018.
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
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733
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
52
Tendências de pesquisa na internet
relacionadas à manipulação e higiene
de alimentos durante a pandemia de
Covid-19
10.37885/210805716
RESUMO
735
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
MÉTODOS
A metodologia utilizada baseou-se no método realizado por Laguna et al. (2020). A in-
ternet foi o instrumento de aquisição de dados, utilizando o YouTube como plataforma de
busca, cujo endereço virtual é www.youtube.com.
Utilizando a plataforma do YouTube, foram assistidos 52 vídeos (postados entre 1º
de março e 30 de setembro de 2020) quando pesquisado pelas combinações dos termos
“alimentos”, “boas práticas”, “coronavírus” e “covid” em português. A pesquisa foi realizada
de acordo com o fluxograma apresentado na Figura 1.
737
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figure 1. Fluxograma de pesquisa no Youtube.
“Alimentos” “Coronavirus”
e
“Boas Práticas” “Covid”
Critério de inclusão
Vídeo em português
Vídeo que se ajusta ao
tema
N = 52 vídeos
Classificações
Critérios de classificação
Critérios de classificação
II: Informante
I: Tipo de informação
Jornalista (n= 11)
Conselhos/dicas (n= 30)
Youtubers (n= 6)
Noticia (n= 6)
Especialistas em
Documentário (n= 2)
saúde/ciências (n=29)
Outros (n= 14)
Outros (n=6)
Fonte: Elaborado pelos autores.
RESULTADOS
Os 52 vídeos analisados em
língua portuguesa mostraram que os vídeos mais assisti-
dos (96,92%) estavam relacionados aos termos “Alimentos” e “Coronavírus”/” Covid”, sendo
a maioria classificada como Conselhos / Dicas de Saúde (51,92%) e os informantes foram
Especialistas em saúde / ciências, seguidos por jornalistas. As palavras mais frequentes nos
títulos dos vídeos foram relacionadas com termos para higiene e segurança alimentar (Tabela
1). Os vídeos estão relacionados à transmissão do vírus (se é possível ou não contrair o
vírus pela alimentação); a higiene alimentar e manuseio correto; cuidado ao fazer compras;
qualidade e segurança nutricional; alimentos relacionados à imunidade; e os impactos do
coronavírus no setor de alimentos.
740
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Tabela 1. Características dos vídeos mais assistidos no YouTube quando incluídos na pesquisa o termo português
“alimentos” e “coronavirus” ou covid “e” Boas praticas “e“ coronavirus ”ou“ covid ‘’.
Número de visuali-
Max-Min 230335 - 18 1143 - 31
zações
Número de visualiza-
ções adicioais (Max) Max 24396 493
até Março de 2021
Conselhos/dicas de
27 (51.92%) 3 (5.77%)
saúde
Documentário 1 (1.92%) 0
You-tubers 6 (11.54%) 0
Informant
Especialistas em saúde/
19 (36.54%) 8 (15.38%)
ciências
Outros 4 (7.69%) 4 (7.69%)
Higienização/Higienizar (14); Boas Higienização/Higienizar (0); Boas
Palavras frequentes Práticas (0); Seguro/Segurança (5); Práticas (8); Seguro/Segurança (1);
nos títulos dos vídeos Transmissão/Contaminação (2); Transmissão/Contaminação (0);
Cuidados (2); Manipulação (1) Cuidados (0); Manipulação (1)
742
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
DISCUSSÃO
743
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Além disso, a frequência das buscas no Google sugere que a população vem acom-
panhando as novas informações a respeito da relação entre coronavírus e alimenta-
ção. Na prática, a ferramenta Google é uma forma de fornecer esses dados ao usuário
quase imediatamente.
Em relação à popularidade dos termos “alimentos” e “coronavírus” e “alimentos” e
“covid” de dezembro de 2020 a março de 2021, presume-se que devido às festividades de
final de ano, as pesquisas aumentaram.
Segundo o site AAA Inovação (2020), o primeiro caso da Covid-19 no Brasil ocorreu
em São Paulo no final de fevereiro. Posteriormente, se espalhou para outros estados da
região Sudeste, e estados do Nordeste, como Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraná e Rio
Grande do Sul, além do Distrito Federal. Na segunda metade do ano, especificamente entre
julho e setembro, os estados do Centro-Oeste mostraram um crescimento nos novos casos
Covid-19. Segundo o site Sanar Medicina (2020), enquanto no país o índice era de 24,65%,
Goiás registrou um crescimento de 65,33%; em Mato Grosso, o índice apontou um valor de
60%; e Mato Grosso do Sul teve um crescimento de 51,82% do total de casos. Essas informa-
ções estão de acordo com as tendências de pesquisa na Internet observadas neste estudo.
A maior procura pelos termos “alimentos” e “coronavírus” nas regiões Sudeste, Nordeste
e Sul durante os primeiros meses do período pandêmico provavelmente se deve ao fato de
a doença ter se estabelecido inicialmente nessas regiões e, posteriormente, migrado para
o centro do país.
Porém, conforme observado, os estados de Mato Grosso e Rondônia tiveram um au-
mento no número de casos em dezembro de 2020 com aumento nos meses seguintes, o
que pode ter influenciado a popularidade da busca de termos.
Dos resultados de “boas práticas” e “coronavírus”, notou-se menos interesse por esta
temática. No entanto, isso pode ter ocorrido devido a “boas práticas” referir-se a um termo
técnico e a população realizar investigações para termos mais simples, como higiene, álcool
gel e semelhantes.
Uma hipótese adicional diz respeito ao fato de esse tema estar em ascensão e, conse-
quentemente, ser relatado em diversos veículos de informação. Por isso, a população pode
se considerar com informações suficientes sobre o tema.
A maioria dos entrevistados indicaram concordar que os alimentos são fonte de con-
taminação do coronavírus e que buscam mais informações sobre o assunto. Este resultado
está de acordo com os vídeos mais assistidos do YouTube relacionados à preocupação da
744
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
população em entender se o alimento era fonte de contaminação pelo coronavírus; bem
como higienizar adequadamente os alimentos. Porém, ao avaliar o termo “Boas Práticas”,
os resultados foram menos expressivos e focaram principalmente em informações mais
técnicas direcionadas aos profissionais da área de alimentos por meio de aulas e webinars.
O tema que envolvia quais alimentos deveriam ser consumidos para aumentar a imu-
nidade estava entre os vídeos mais assistidos. Estudos indicam que os consumidores estão
muito mais interessados em alimentos e bebidas que os ajudem a manter uma boa saúde
física e mental, bem como o bem-estar emocional. Além disso, há uma maior demanda por
produtos saudáveis para melhorar o sistema imunológico, além de itens com outras carac-
terísticas e benefícios (DUAS RODAS, 2020). Esses resultados reforçam as oportunidades
de mercado de produtos benéficos para a saúde.
De acordo com Laguna et al. (2019), a maioria dos vídeos do YouTube relacionados
ao contexto da pandemia e alimentos tem motivações um pouco diferentes das pesquisas
do Google. Os vídeos normalmente pretendem satisfazer a necessidade de orientação e
informação didática, o que justifica que os grandes vídeos portugueses tenham sido classi-
ficados como Conselhos e dicas de saúde. As buscas no Google ofereceram informações
mais espontâneas e imediatas.
Madathil e Rivera-Rodriguez (2014) descobriram que é importante filtrar as informações
do YouTube, uma vez que alguns vídeos continham informações enganosas, que contra-
diziam os padrões de referência. Diante disso, também é importante avaliar a credibilidade
do informante do vídeo. A maioria dos vídeos foi postado no início do período de pandemia.
Portanto, materiais educacionais mais atualizados devem ser divulgados no YouTube, consi-
derando a nova onda de pandemia no país e que a internet é a principal fonte de informação
citada pelos entrevistados.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Organização Mundial da Saúde
(OMS) e autoridades estrangeiras relacionadas ao controle sanitário de alimentos, como nos
Estados Unidos e na Europa, indicam que não há evidências de contaminação pelo novo
coronavírus através dos alimentos (BRASIL, 2020).
Porém, mesmo que o alimento seja considerado improvável como veículo de trans-
missão do COVID-19, o fiel cumprimento das Boas Práticas de Fabricação e Manuseio de
Alimentos neste momento é considerado essencial, a fim de continuar a garantir a entrega
de alimentos seguros à população brasileira. Essas práticas reduzem o risco de diversas
doenças transmitidas pelos alimentos, pois priorizam a higiene e a qualidade em toda a
cadeia de processamento. Além disso, o fortalecimento das boas práticas pode contribuir
adicionalmente para a redução da transmissão direta do COVID-19 de pessoa para pessoa no
ambiente de produção, devido ao rigor com as práticas de higiene adotadas (BRASIL, 2020).
745
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Além disso, há evidências de que a sobrevivência do coronavírus em superfícies inani-
madas pode durar até 9 dias, mas que por meio de procedimentos de desinfecção eles podem
ser efetivamente inativados, desde que sejam utilizadas as concentrações recomendadas,
métodos de aplicação e tempo de contato (KAMPF et al., 2020).
Nesse sentido, uma maior conscientização sobre as boas práticas de fabricação e
manipulação de alimentos é muito importante tanto para os profissionais da área quanto
para a população em geral.
CONCLUSÕES
Este estudo fornece tendências de pesquisas feitas pela internet (em português) du-
rante diferentes períodos pandêmicos de coronavírus no que diz respeito a alimentos e boas
práticas de manipulação de alimentos. Esses resultados contribuem para compreender as
mudanças de comportamento da população brasileira durante o quadro pandêmico, em um
período em que a internet é a principal fonte de informação. Assim, podem ser reveladas
tendências no setor de alimentos e direcionamentos para ações de conscientização pública.
Os brasileiros indicaram que intensificaram suas práticas de higiene pessoal e alimentar,
sendo está mais pronunciada por mulheres, idosos e pessoas de formação superior. Os re-
sultados mostraram tendências de buscas e a maioria dos vídeos assistidos no YouTube
sobre a preocupação da população em entender se o alimento era fonte de contaminação
pelo coronavírus; como higienizar adequadamente os alimentos; e quais alimentos devem
ser consumidos para aumentar a imunidade. Diferenças entre os diferentes períodos endê-
micos e regiões brasileiras foram observadas.
Diante dos resultados, destaca-se a importância de disponibilizar informações de qua-
lidade por cientistas e profissionais de saúde sobre essas plataformas, bem como promover
a conscientização sobre as boas práticas de manipulação e fabricação de alimentos.
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747
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
53
Ultrasound-assisted extraction
of polyphenols from isabel grape
processing residues
10.37885/210805747
ABSTRACT
Objective: This work aimed to study the effect of ultrasound amplitude and application
time on the extraction of polyphenols from Isabel grape processing residues. Methods:
Phenolic compounds were extracted by a conventional method (mecanical agitation) and
ultrasound-assisted extraction (UAE). For UAE, the influence of amplitude levels (75-373
W/cm2) and application time (2-10 min) on total phenolic compounds (TPC), total antho-
cyanins content (TAC), total tannin content (TTC), antioxidant capacity (AC), and total
energy consumption (TEC) was studied using the response surface methodology (RSM).
Results: RSM demonstrated to be an effective technique for investigating the effects of
ultrasound intensity and processing time on TPC, TAC, TTC, and AC. Greater extrac-
tion of phenolic compounds, anthocyanins, and tannins was obtained with an increase
in the amplitude level and time of ultrasound application. The results of the antioxidant
capacity were proportional to the concentrations of polyphenols. In relation to energy
consumption of UAE, it was larger than conventional extraction. Conclusion: Although
the energy consumption was higher, UAE proved to be an efficient technique for grape
residue polyphenols extraction.
749
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUCTION
Brazil is the third fruit producer in the world, behind China and India. The country to-
tal production of 19 fruit species, including grape, amounted to a total of 37.28 million tons
in 2018. The harvest of 1,591 million tons makes the grape the fifth in production. About
51.39% of the crop national production is destined for the wine, juice, and derivatives industry
(CARVALHO et al., 2019), and high amounts of by-products are generated.
The waste from industrialization is generally discarded, being a problem to the envi-
ronment. However, if adequately worked, it can be transformed into newly added products,
decreasing the risks to the environment and also resulting in economic and social benefits
(CODERONI; PERITO, 2020). Fruit residues are potential sources of bioactive compounds
that can be added to food formulations (SAGAR et al., 2018), using cleaner methods and
contributing to sustainable industrial development (KALLI et al., 2018).
The residue of red grape, composed of bagasse, stem, and seed, is characterized
by its high content of bioactive compounds, such as anthocyanins, catechins, proanthoc-
yanidins (tannins), flavonols glycosides, phenolic acids, and stilbenes (ZHU et al., 2019).
Phenolic compounds are the most abundant secondary metabolites found in the bagasse.
Anthocyanins are pigments characteristic of red color and are produced during the ripening
of the grape (BERES et al., 2017). Recently, evidence has demonstrated the antioxidant
action of phenolic compounds that may contribute to positive effects on human health (ZHU
et al., 2019). Therefore, techniques for a feasible and safe recovery of these components
from food by-products are important and could address the increased demand in the use of
these materials as functional ingredients (MARINELLI et al., 2015).
The most widely reported extraction technique for polyphenols from grape bagasse is
solid-liquid extraction by mechanical agitation. However, other methods that are more sensiti-
ve, selective, fast, and environmentally safe have been used as a substitute for the traditional
one (FU et al., 2020). Ultrasound-assisted extraction (UAE) has been reported as a green
and clean technique for the extraction of bioactive compounds from fruit residues (CALDAS
et al., 2018; MAZZA et al., 2019; ZHU et al., 2019; TARONE et al., 2021). The main benefits
of using ultrasound in solid-liquid extraction include faster kinetics and increased extraction
yield, and mainly due to the cavitation forces, which involve the implosion of bubbles formed
in the liquid medium during their application. This implosion generates rapid adiabatic com-
pression of the gases and vapors within the bubbles or cavities and, resulting in the rupture
of the cell walls, allowing easier access to the cellular content and greater penetration of the
solvent in the food matrix (MAZZA et al., 2019).
The study of the main factors that influence UAE is important to the bioactive compound
extraction efficiency. Although UAE has been applied for phenolic compounds recovery in
750
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
different grapes cultivars, as for Tempranillo (CARRERA et al., 2012), Syrah (GONZÁLEZ-
CENTENO et al., 2015), Agiorgitiko (GOULA; THYMIATIS; KADERIDES, 2016), Cabernet
(NAYAK et al., 2018), Plavac mali (PANIĆ et al., 2019), Tannat (GONZÁLEZ et al., 2020),
BRS Violet (ROMANINI et al., 2021), only one research reported the extraction of phenolics
using this technique, but from the non-residue fraction (solid suspended particles) from the
Isabel and Bordô grape cultivars mix (HAAS et al., 2018). Thus, there is no evidence in the
literature on the use of UAE in ‘Isabel’ grape residue. This work aimed to study the effect of
ultrasound amplitude and application time on the extraction of polyphenols from Isabel grape
processing residues. This variety of grape is greatly used in the processing of the fruit to ob-
tain pulp and juice, and the implementation of a greener extraction method for the bioactive
compounds will be important for further industrial applications.
METHOD
Grape residue
Red grapes (Vitis labrusca) of the Isabel variety by-products were obtained at a local
pulp processing industry (Recife, Brazil). The obtained residue (peels, seeds, and stem)
was supplied in vacuum packages and stored under refrigeration temperature (4 ºC) until
the moment of use.
The grape residue was transformed into flour to facilitate the extraction process. The
samples were dehydrated in an air circulation oven (Tecnal, model TE-395, Brazil) at 50 ºC
up to less than 10% moisture content. The residue was spread on plates and the formed
layer had a uniform thickness of about 10 mm. The moisture of the samples was determined
according to AOAC (2002). The residue was ground in a multi-purpose knife mill (Tecnal,
model TE-631/2, Brazil) and the flour obtained was standardized with a 20 mesh (841 μm)
granulometry. The samples were stored under vacuum in 100 g packs and frozen at -5 °C
until the extraction step.
Polyphenols extraction
Extraction of polyphenols was performed through conventional extraction and UAE. The
solvent used was a 50% ethanolic solution (TARONE et al., 2021) at the dilution of 1:18 (g/
mL) (grape residue flour:solvent) (GOULA; THYMIATIS; KADERIDES, 2016).
Conventional extraction (control) was performed in a shaker (Marconi, model MA140/
CFT, Brazil) at 200 rpm for 15 min at room temperature (mecanical agitation). Ultrasonic-
assisted extraction was performed in an acoustic cabin (Unique, DES500, Brazil) with a
751
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
1.3 cm ultrasonic probe (19 kHz). The residue flour and the solvent were placed in a 250
mL glass beaker inside the acoustic cabinet and the probe was submerged to a 25 mm
depth of the samples.
The ultrasound input energy was controlled by adjusting the amplitude of the sonicator
probe. Extrinsic parameters of amplitude and time were varied according to an experimental
design. The power levels were adjusted to 20%, 30%, 60%, 90%, and 100% of the total input
power (500 W), which corresponded to intensities of 75, 118, 224, 330, and 373 W/cm², res-
pectively (DIAS et al., 2015). Due to the heat generated by the ultrasound equipment, short
processing times (2 to 10 min) were applied (GOULA; THYMIATIS; KADERIDES, 2016).
These factors were optimized using the response surface methodology. A central composite
design was used to determine the effects of ultrasound intensity and time of application (in-
dependent variables) on total phenolic compounds, total anthocyanins, condensed tannins,
antioxidant capacity, and energy consumption. Five levels of each variable were chosen for
study, including the central point and two axial points. A total of 11 combinations were per-
formed, including three replicates of the central point (Table 1). A mathematical function of
the correlation between dependent and independent variables was obtained (Equation 1):
Y = j ( I , t ) = b o + b 1 i + b 2 t + b 1
1 i 2
+ b 2
2 t 2
+ b 1
2 i
t
(1)
Table 1. Experimental design for the ultrasound-assisted extraction of ‘Isabel’ grape processing residues.
Control - -
1 118 (-1) 3 (-1)
2 330 (+1) 3 (-1)
3 118 (-1) 9 (+1)
4 330 (+1) 9 (+1)
5 224 (0) 6 (0)
6 224 (0) 6 (0)
7 224 (0) 6 (0)
8 75 (-1,41) 6 (0)
9 373 (+1,41) 6 (0)
10 224 (0) 2 (-1,41)
11 224 (0) 10 (+1,41)
Analysis of statistical data and response surface plots were performed using Statistica
7.0. Experimental values were adjusted to a second-order polynomial model, and the model
that presented a significant regression at the 95% confidence level and high value of regres-
sion coefficient (R2) were considered predictive.
After extraction, the extracts were centrifuged at 6000 rpm for 15 min, stored in amber
glasses at refrigeration temperature, and then submitted to physicochemical analysis.
752
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Physicochemical analysis
The total phenolic compounds (TPC) of the extracts were measured using the Folin-
Ciocalteu reagent, as described by Singleton, Orthofer e Lamuela (1999). The results were
expressed, based on the analytical curve, in mg of gallic acid equivalents (GAE) per g of
grape residue flour.
The determination of total tannins content (TTC) content was performed based on
Makkar and Becker (1993). The results of condensed tannin were expressed, based on the
analytical curve, in mg of catechin equivalents per g of grape residue flour.
The determination of total anthocyanins content (TAC) was performed by the differen-
tial pH method (GIUSTI; WROLSTAD, 2003), and expressed in mg of anthocyanins per g of
grape residue flour.
The antioxidant capacity (AC) was determined by the free radical ∙DPPH (2,2-Diphenyl-
1-picrylhydrazyl) sequestration method, as suggested by Brand-Williams, Cuvelier e Berset
(1995) and Büyüktuncel, Porgali e Çolak (2014). The results were expressed in μg of Trolox
equivalent (TE) per g of grape residue flour. All experiments were carried out in triplicates
and dry matter (DM).
The initial and final (flour) moisture content of the grape residue was 73.15% ± 0.34
and 9.07% ± 0.15, respectively. The time required to reach final moisture (450 min) was
determined by the preliminary drying kinetics of the residue. Higher moisture content (range
of 76.75% to 81.70%) was found by Drevelegka and Goula (2020) in grape residue from
the variety Isabel and Agiorgitiko. The results of TPC, TAC, TTC, AC, and TEC of the grape
residue extract are presented in Table 2.
753
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Table 2. Response values of variables for the ultrasound-assisted extraction of ‘Isabel’ grape processing residues.
TPC TAC TTC AC TEC
Treatment
(mg GAE/g DM) (mg/g DM) (mg CE/g DM) (µmol Trolox/g DM) (kWh)
Control 29,36 ± 0,06 1,47 ± 0,08 32,47 ± 0,79 401,62 ± 2,45 0,02 ± 0,00
1 37,69 ± 0,29 1,63 ± 0,02 30,43 ± 2,20 400,92 ± 3,43 0,08 ± 0,00
2 34,40 ± 0,00 1,76 ± 0,01 27,76 ± 3,30 395,37 ± 9,32 0,09 ± 0,00
3 38,61 ± 1,12 1,79 ± 0,02 42,69 ± 0,63 389,13 ± 2,45 0,17 ± 0,01
4 51,73 ± 1,06 2,05 ± 0,24 62,65 ± 9,59 401,62 ± 5,40 0,19 ± 0,00
5 40,98 ± 0,35 1,83 ± 0,01 45,99 ± 2,67 410,29 ± 2,94 0,15 ± 0,00
6 40,82 ± 0,35 1,88 ± 0,03 46,89 ± 5,31 410,29 ± 1,96 0,15 ± 0,00
7 40,65 ± 0,47 1,87 ± 0,05 45,36 ± 1,41 410,98 ± 1,96 0,15 ± 0,00
8 39,07 ± 0,64 1,64 ± 0,04 35,77 ± 8,49 389,48 ± 1,96 0,14 ± 0,00
9 45,48 ± 1.97 1,89 ± 0,02 27,13 ± 4,56 396,35 ± 3,04 0,16 ± 0,00
10 39,65 ± 0.71 1,71 ± 0,02 14,19 ± 5,80 398,84 ± 9,32 0,08 ± 0,00
11 54,28 ± 0.65 1,79 ± 0,04 53,69 ± 1,26 408,11 ± 1,82 0,23 ± 0,00
The fresh grape residue had a TPC of 88.39 mg GAE/g DM. After drying at 50 ºC to
reduce its moisture content from 73.15% to 9.07%, TPC dropped to 29.36 mg GAE/g (re-
duction of 66.78%), similar to that reported by Rockenbach et al. (2011) for Isabel grapes.
UAE has been evidenced as a very efficient alternative for the extraction of phenoli-
cs. In the trials with ultrasonic treatment, the highest result was 54.28 mg GAE/g DM (Table
2), 84.88% higher than the obtained by the conventional extraction technique (control).
Natolino and Porto (2020) reported an increase of 50.31% (from 3.20 to 6.36 mg GAE/g) in
TPC in white grape marc after UAE. Caldas et al. (2018) found an increment of 64.61% (an
increase from 48.6 to 80 mg GAE/g) of TPC in red grape peel after UAE when compared to
conventional extraction and microwave-assisted extraction. Poveda et al. (2018) also found
an increase from 43.08 to 89.15 mg GAE/g (wet basis) in TPC of Tempranillo grape variety
residue after UAE.
The regression coefficients for the coded model proposed to represent TPC for the
ultrasound-assisted extraction of Isabel grape processing residues within the limits of power
intensity and time are shown in Table 3. Only the quadratic term of intensity was non-significant
(p > 0.05) and eliminated from the model. The significance of the regression (p ≤ 0.05) was
verified through the analysis of variance (ANOVA). The obtained model presented significant
regression and explained 91% of the variability in TPC.
754
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Table 3. Regression coefficients of the response surface coded models for dependent variables for the ultrasound-assisted
extraction of ‘Isabel’ grape processing residues.
The generated surface is presented in Figure 1. The ultrasound intensity and the treat-
ment duration resulted in changes in TPCs after extraction. Higher duration and ultrasound
intensity applied resulted in greater TPC extraction. The intensity of 373 W/cm² (100% am-
plitude) and the ultrasound application for 10 min showed a higher yield in the extraction
of the phenolics.
Drevelegka and Goula (2020) found a maximum yield of phenolic compounds from
grape marc Agiorgitiko by applying ultrasound for 10 min with 50% v/v ethanol. Pan et al.
(2011) obtained higher TPC yield in pomegranate peel as the ultrasound intensity (2.4-59.2
W/cm2) and treatment time (2-90 min) increased (p <0.05). The authors suggested that this
increase was mainly due to increased cavitation and mechanical ultrasound effect which
increases the contact surface area between the liquid and solid phase and caused greater
solvent penetration in the shell matrix.
Kazemi et al. (2016) studied the effect of UAE at different ultrasound intensities (53, 79,
and 105 W/cm2) and treatment times (2, 6, and 10 min) in pomegranate peel. The authors
showed that the phenolic content in the extract of pomegranate peel increased with the pro-
longation of extraction time. The numerical optimization also showed that the total phenolic
755
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
content was increased by increasing the level of intensity. Tarone et al. (2021) found that
the higher ultrasound intensity used in the extraction of polyphenols from jabuticaba (13.0
W/cm2) provided the maximum values for the total phenolic content, which increased with
higher values of ultrasound intensity.
Espada-Bellido et al. (2017) found similar behavior concerning the ultrasound amplitude
used in the yield of TPC extraction in Mulberry pulp (Morus nigra), obtaining better UAE con-
ditions with greater ultrasound amplitude. In this study, the maximum phenolic content was
obtained at 10 min of extraction. Similarly, Bindes et al. (2019) found higher TPC extraction
in green tea leaves with greater ultrasound amplitude, and the results were attributed to the
greater amplitude of ultrasound that passes through the solvent, which results in intense col-
lapse. Thus, there is an increase in physical effects such as cracked or damaged cell walls,
increased solute diffusion, interfacial turbulence, and local energy dissipation.
The increase in the efficiency of the extraction of phenolic compounds through the ultra-
sonic treatment may be related to the phenomenon of acoustic cavitation and the development
of strong microcurrents due to the implosion to the ultrasound waves (SORIA; VILLAMIEL,
2010). The implosion of cavitation bubbles formed in the sample: solvent solution can induce
different impacts, like the removal of small particles or structures on the surface (erosion)
to the creation of pores (sonoporation) or even deep fractures within the raw material (frag-
mentation). Thus, it allows greater penetration of solvents leading to the increase of diffusion
rate and, therefore, accelerating mass transfer (CHEMAT et al., 2017).
Total anthocyanins content (TAC) of the grape residue flour presented 1.47 mg/g DM,
similar to that found by Rockenbach et al. (2011) for Isabel grapes. Pascariu et al. (2014)
found a reduction of TAC from 0.42 to 0.31 mg/g of red wine grapes (Black Maiden) when
drying at 50 ºC. Taşeri et al. (2018) found TAC from 0.39 to 0.26 mg/g in Muscat of Hamburg
variety grape residue.
With ultrasonic-assisted extraction, the yield of TAC extraction increased by 39.45%
compared to conventional extraction. Mazza et al. (2019) reported a 51.21% increase in
TAC of Syrah grape after ultrasonic treatment with variations in potency (1000-3000 W/L).
Poveda et al. (2018) found an increase in extraction from 33.07 to 187.57 mg anthocyanin/g
(wet basis) in Tempranillo grape residue with ultrasound treatment (20 kHz, 500 W) at 50 ºC.
Ultrasound intensity and treatment time resulted in changes in TAC after extraction
(Table 2). The significant regression coefficients (p ≤ 0.05) for TAC as a function of ultrasound
intensity and duration are shown in Table 3. The analysis of variance of the model showed
756
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
significant regression and explained 86% of the observed data variation. The generated
surface is presented in Figure 2.
It can be observed an increase in TAC extraction with higher power intensities and ul-
trasound application times. The intensity of 373 W/cm² (100% amplitude) and the application
of ultrasound for 10 min showed a higher yield in the extraction of anthocyanins, whereas
the smaller extractions values were obtained at ultrasound intensities between 20% (75 W/
cm²) and 30% (118 W/cm²), similar to that found by Mane et al. (2015), where higher TAC
values were obtained in the range of more than 70% amplitude at 20 kHz in the potato of
Magesty variety.
Espada-Bellido et al. (2017) suggested that TAC recovery reaches a maximum peak
in 10 min, enough for quantitative extraction of anthocyanins. Longer extraction times led to
lower extractions, probably due to the degradation of anthocyanins and phenolic compou-
nds. Ferarsa et al. (2018) studied the effect of TAC extraction with an ultrasound probe at
different application times (10, 20, and 30 min). The results demonstrated that the content
of anthocyanins increased with longer times of ultrasonic treatment (time-dependent). The
same authors also state that, after evaluation with scanning electron microscopy, there was
clear evidence of cell damage on the outer side of the grape skin after the ultrasound at 30
min, which would explain the increase in anthocyanin content.
The grape residue flour total tannin content (TTC) was similar to that found by Taşeri
et al. (2018), which found 36.1 to 45.1 mg of tannic acid/DM after Muscat of Hamburg grape
residue heat pump drying at 45 °C of at different air velocities (1.5, 2.0 and 2.5 m/s). Pascariu
757
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
et al. (2014) found a TTC reduction from 15.34 to 11.04 m/g of red wine grapes (Black Maiden
variety) dried at 50 °C.
Ultrasound-assisted extraction of tannins from grape residue obtained maximum values
of 62.65 mg CE/g DM (92.95% increase when compared to control extraction) (Table 2).
Poveda et al. (2018) found an increase from 40.36 to 86.67 mg CE/g (wet basis) in grape
residue from the Tempranillo variety at the frequency of 20 kHz, power of 500 W, and a tem-
perature of 50 ºC. Muñoz-Labrador et al. (2019) showed that sonication using an ultrasound
bath at 45 kHz was more effective, resulting in a considerable increase of up to 35% in TTC
in grape seeds. Natolino and Porto (2020) also achieved a 55.9% increase in TTC (from 6.63
to 11.66 mg CE/g) with 200 W of ultrasound and a frequency of 26 kHz in white grape marc.
Ultrasound intensity and treatment time resulted in changes in TTC after extraction.
The significant regression coefficients for the TTC are presented in Table 3. The significance
of the regression (p ≤ 0.05) was verified through the analysis of variance (ANOVA) and the
model presented a significant regression and explained 86% of the observed data variation
for Isabel grape processing residues. Thus, Figure 3 shows the obtained response surfa-
ce. It can be observed that ultrasound the greater intensity and time of application were able
to extract more TTC, similar to the extraction of TAC.
Chavan et al. (2013) found that maximum TTC extraction was obtained after 43 min of
extraction, ultrasound power of 50 W, and amplitude of 100%. This may be due to the heat
generation with the higher sonicating power which increases the solvent temperature and
increases the extraction efficiency. However, prolonged extraction time may increase the
chemical decomposition of bioactive compounds and thus decrease yield. Muñoz-Labrador
et al. (2019) have suggested that the higher tannin extraction can be attributed to a certain
disintegration of tannins bound to other biopolymers, such as proteins and/or polysaccharides,
758
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
indicating that ultrasound is an efficient technology to modify the chemical structure and,
consequently, the bioactivity of the tannins.
Concerning the extraction time, Hoyos-Martínez et al. (2019) reported that high values
are not necessary to reach good yields of TTC extraction (less than 1 h). However, when
the extraction time is increased above relatively high values, the extraction efficiency tends
to decrease. In the study by Annegowda et al. (2012), longer ultrasound application times
(from 30 minutes) were associated with decreased tannin extraction. That is, the increase
of this parameter gives greater amounts of tannins extracted to a certain extent and then
begins to decrease.
Antioxidant capacity
The antioxidant capacity (AC) of the grape residue flour was 401.62 μmol TE/g DM in
DPPH (Table 2). Melo et al. (2015) reported AC in DPPH of 191, 540, and 310 μmol TE/g DM in
the residue of lyophilized grapes of the varieties Chenin Blanc, Petit Verdot, Syrah, respectively.
After UAE, AC varied between 389.13 to 410.98 µmol TE/g (DPPH). Ultrasound intensity
and treatment time resulted in changes in the AC after extraction. All regression coefficients
were significant (p ≤ 0.05) and the obtained codified equation was tested for adequacy and
fitness by analysis of variance (ANOVA) (Table 3). The model presented significant regression
and explained 92% of the observed data variation. The response surface (Figure 4) shows
that increased AC of grape residue extracts was observed when intermediate UAE processing
conditions were used, as for ultrasound intensity of 224 W/cm2 and application time of 6 min.
Romero-Díez et al. (2019) found higher AC values, with an increase from 195 to 312
μmol TE/g in ORAC when 55% of the ultrasound amplitude (range of 10-100%) was used
for 5 min as a pretreatment for the extraction of polyphenols from wine sludge. The authors
759
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
reported a direct relationship between polyphenolic concentrations and AC values, similar
to that observed by Tarone et al. (2021). Similarly, Muñoz-Labrador et al. (2019) reported
an increase in AC for most trials after ultrasound application, probably due to the increase
of antioxidant compounds, attributed basically to the polyphenols, since the sonication pro-
cess could have produced a breakdown of the molecular complexes of polyphenols with
other biomolecules.
The total energy consumption (TEC) was evaluated to verify the energy expenditure
of ultrasonic-assisted extraction compared to conventional extraction. However, results re-
garding the effects of ultrasound intensity and processing time on TEC were not statistically
significant (Table 3). Thus, the response surface methodology was not applied to evaluate
the experimental data.
As expected, from the results obtained for UAE (Table 2), longer extraction times and
higher intensities increased TEC. Compared with conventional extraction (0.02 kWh), the ul-
trasonic treatment presented higher energy expenditure (0.08 to 0.23 kWh). Although conven-
tional extraction was performed for 15 minutes on a shaker and ultrasound assisted extraction
was performed for 2-10 minutes, the energy consumption of the ultrasound equipment was
higher. Kroehnke et al. (2018) observed that the highest TEC values were found in samples
submitted to ultrasonically assisted drying with three power levels of 75 W, 125 W, and
200 W. The energy consumption of ultrasound equipment depends on the amplitude and
frequency of vibration of the ultrasonic waves. When the ultrasonic frequency is high, the
energy consumption increases (YUAN et al., 2018).
CONCLUSION
The effect of ultrasound amplitude and application time on the extraction of polyphenols
from Isabel grape processing residues was studied. Response surface methodology (RSM)
demonstrated to be an effective technique for investigating the effects of ultrasound intensity
and processing time on total phenolics compounds (TPC), total anthocyanins content (TAC),
total tannin content (TTC), and antioxidant capacity (AC). The coefficient of determination (R2)
for predicted models showed a good correlation with the experimental data at a 95% confi-
dence level. Higher ultrasound amplitudes and treatment times resulted in higher extractions
of phenolic compounds, anthocyanins, and tannins. The higher antioxidant capacity was rela-
ted to higher extractions of polyphenols. Although the energy consumption was higher, UAE
proved to be an efficient technique for the recovery of polyphenols in Isabel grape residue.
760
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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764
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
54
Uma simulação de atuação no setor
de P&D de uma indústria alimentícia
por alunos de curso superior de
tecnologia em alimentos: um relato
de experiência
Cristiano Demozzi
IFSC - Câmpus Urupema
10.37885/210905986
RESUMO
766
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
RELATO DE CASO
768
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 1. Etapas planejadas e executadas pelos alunos durante o processo de desenvolvimentos dos produtos.
DISCUSSÃO
Pesquisa de mercado
769
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
• Classificação do público por localização: 86,95% residiam no estado de SC e
13,05% residiam em outros estados do Brasil.
• Classificação do público por idade: 16-20 anos: 21,7%; 21-30 anos: 29,6%; 31-
40 anos: 23,9%; 41-50 anos: 10,9%; 51-60 anos: 9,6%; Acima de 60 anos: 4,3%.
• Classificação do público por gênero: 67,4% do gênero feminino.
• Classificação por frequência de consumo de pinhão: uma vez por semana:
34,1%; de duas a quatro vezes por semana: 30,9%; menos de uma vez por sema-
na: 22,3%; de quatro a sete vezes por semana: 12,7%.
• Opções de produtos com pinhão na formulação: dentre as opções apresenta-
das, os três produtos com maior interesse foram farofa de paçoca de pinhão pronta
para o consumo (60,9%), hambúrguer de carne com pinhão (30,9%) e almôndega
com pinhão sem recheio ou recheada com queijo (30,5%).
Criação da marca
O nome definido para a empresa fictícia do projeto foi DaPinha Alimentos. Sugeriu-se
que a semente da pinha, o pinhão, seria oferecida diretamente na mesa do consumidor, não
necessariamente só nas formas de consumo tradicionais (assado e cozido), mas também
em produtos com esse ingrediente na sua formulação. A criação da marca foi diretamen-
te relacionada com aspectos que remetem especialmente a Serra Catarinense, com uma
valorização do pinhão na identidade visual (ingrediente que traz o diferencial dos produtos
cárneos desenvolvidos pela empresa). A logomarca da empresa (Figura 2) traz elementos
que são característicos da Serra Catarinense (araucária, pinhão e papagaio charão).
770
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Figura 2. Logomarca da empresa fictícia DaPinha Alimentos.
Formulação
Observa-se que em ambos os produtos, foi adicionada a farinha de feijoa, a qual foi
obtida a partir dos resíduos do despolpamento da fruta, sendo caracterizada por agregar
aroma e sabor ao produto, semelhante a condimentos e temperos, buscando valorizar ainda o
uso de resíduos de uma fruta nativa do Sul do Brasil, considerando seus aspectos sensoriais
e nutricionais; além de outras potencialidades já reportadas para essa farinha em estudos
(ALMEIDA et al., 2020; OLIVEIRA; ROSA; AQUINO, 2021).
771
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Demais etapas
A partir das etapas anteriores, a equipe de P&D conseguiu caracterizar e detalhar todas
as etapas previstas no desenvolvimento dos produtos, incluindo:
• Shelf life: definida como o tempo no qual os produtos se mantêm seguros, cum-
772
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
prem a informação nutricional contida nos rótulos e retêm suas características sen-
soriais, químicas, físicas e microbiológicas quando armazenados dentro de deter-
minadas condições. A partir de um estudo de vida de prateleira foram definidos os
prazos de validade dos produtos.
• Medidas de segurança: para garantir alimentos seguros e adequados para o con-
sumo, a empresa desenvolveu e implantou algumas medidas de segurança, entre
diversas ferramentas utilizadas na gestão da qualidade, como a implantação do
APPCC, sendo ainda elaborada uma tabela com o detalhamento da análise de
risco das matérias-primas.
• Regulamentação: foi realizado um levantamento de todos os aspectos regulató-
rios a serem considerados com base nos produtos desenvolvidos pela equipe.
• Estratégias de mercado: considerando que a empresa busca atender uma de-
manda de mercado, de consumidores que buscam produtos à base de pinhão no
período entre safras, atendendo a todos os gêneros, idades e abrangendo todo ter-
ritório nacional, porém inicialmente com foco na região Sul do Brasil. As estratégias
elaboradas foram: lançamento 360°; vendas (representantes comerciais); marke-
ting, divulgação e eventos; valorização da marca e do produto; e mídias sociais.
• Financeiro: foram elaboradas planilhas de controle financeiro da empresa a partir
de valores fictícios, considerando custos, gastos, despesas, investimentos e gastos
não operacionais. Além da definição da margem de lucro dos produtos.
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774
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
55
Uso de conservantes naturais em
alimentos: um referencial teórico
10.37885/210805600
RESUMO
A busca por cuidados com a saúde, visa a busca por alimentos saudáveis e a forma
como são conservados. O cuidado na seleção de produtos que possam beneficiar quem
os consomem vem apresentando destaque na produção de alimentos. Os conservantes
naturais que mantem os alimentos por mais tempo, apresentando aos consumidores
uma qualidade de vida e benefícios para quem os consomem, estão ganhando mais
destaques atualmente, pois alguns aditivos utilizados na alimentação acabam trazendo
malefícios para a saúde de alguns dos consumidores, principalmente para os que são
hipersensíveis. Alguns métodos que eram utilizados a muito tempo estão retomando
como conservantes alimentares e a depender deles, podem apresentar a função de
antioxidante, antimicrobiano ou ambos, dentre os que ganham destaques como o sal,
açúcar, ácidos naturais e algumas especiarias.
776
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
O ser humano ao logo da sua existência necessita de alimento, pois são ricos em
nutrientes e considerado algo de extrema necessidade, desse modo compreendeu que em
tempo de escassez o alimento que ele tinha em abundância deveria ser mantido por um longo
período. Observou-se a necessidade de conservar, evitando que o mesmo sofresse dete-
rioração, quer seja por agentes químicos, físicos e microbiológicos. Foi dessa maneira que
descobriram que seria necessário métodos de conservação e isso vem sendo utilizado desde
a pré-história até os dias mais atuais (MORALES, 2012; VASCONCELOS; MELO, 2010).
A busca pela conservação dos alimentos é, de certo modo, uma forma de manter o
alimento fresco e de boa qualidade para o consumo, quer seja de origem vegetal ou animal.
Para que possamos obter um alimento por um maior período de tempo, preservando suas
qualidades, deverá ser aplicado os métodos de conservação e um deles são os conservan-
tes ou aditivos. Esse método favorece a proteção dos alimentos, o surgimento de sabor e
textura, e com o auxílio de outras técnicas de conservação, aumentam a vida útil do produto
(MORALES, 2012; VACLAVIK; CHRISTIAN, 2014)
Os aditivos alimentares são definidos como substâncias que são adicionadas ao alimen-
to com a finalidade de auxiliar no processamento, preservação, formação do flavor, textura e
aparência, podendo ser reativo ou inativo, nutritivo ou não e desejavelmente atóxico. O uso
de aditivos ou conservantes que são adicionados aos alimentos, podem trazer transtornos
para algumas pessoas, se tornando um perigo químico. Em geral, conservantes químicos
ou aditivos apresentam algum dano para quem os consomem, como: alergias, reações
gastrointestinais entre outras patologias de origem alimentar que afetam e prejudicam os
consumidores (ABULMUMEEN; RISIKAT; SURURAH, 2012; DESHPANDE; DESHPANDE,
2017; VIEIRA, 1996).
A principal função dos conservantes são evitar a deterioração natural do produto durante
a fabricação, armazenamento, comercialização e período de consumo; dessa forma, ajuda
a tal alimento à garantir seu tempo de vida, evitando as perdas econômicas, garantindo a
segurança alimentar, inibindo o crescimento de qualquer microrganismo infeccioso ou tóxico
(RUSSELL; GOULD, 2003; VACLAVIK; CHRISTIAN, 2014). Desse modo, o presente artigo
tem como objetivo demonstrar os tipos de conservantes naturais mais utilizados e seus
benefícios nos alimentos.
DESENVOLVIMENTO
SAL E AÇÚCAR
O uso de sal e açúcar são métodos de conservação muito antigos para preservar os
alimentos, sua função é reduzir a atividade da água (Aw). Em concentrações altas como no
caso de xaropes e o processo em salmoura ou salga, impedem o crescimento de micror-
ganismos por competir com eles por água. Ocorre nesse caso, um processo chamado de
osmose, fazendo com que a água presente em células bacterianas saia igualando os níveis
baixos de água no meio, no entanto existem alguns microrganismos que crescem em am-
bientes com um alto teor de açúcar ou sal como algumas espécies de fungos, leveduras e
bolores (VACLAVIK; CHRISTIAN, 2014).
O sal quando em altas concentrações apresenta uma ação de desidratação no alimento
e devido a diminuição da atividade da água acaba resultando na diminuição dos microrga-
nismos, no qual também acaba apresentando uma ação anti enzimática, resultando em uma
779
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
diminuição da degradação do alimento. É utilizado como conservante em picles, molhos,
enlatados, peixes e outras carnes (KHUNTIA, 2020).
Segundo Paramasivam, Thangaradjou e Kannan (2007) indicaram que em algumas
concentrações de sal (NaCl) alguns microrganismos não conseguem se desenvolver, porém
em outros casos existe um desenvolvimento de microrganismos em concentrações de 2%
de NaCl , indicando que para ocorrer tal desenvolvimento, é necessário que exista alguma
percentagem de sal para o desenvolvimento dessas cepas bacterianas, que por se tratar
de espécies de bactérias halotolerantes, foi indicado que em concentrações de 10% de sal
(Figura 2) pode agir como conservante, preservando por um exemplo o peixe, diminuindo
as populações bacterianas que são produtoras de histamina que provoca envenenamento
quando ingerido.
O uso do sal em carne suína segundo um estudo feito por Vencato et al (2020) mostrou
que o acréscimo de sal pode auxiliar na validade do produto; destacando que esse sal não
apresente contaminação e que esteja em concentrações altas o que resulta no aumento do
tempo de vida do produto que foi analisado.
O açúcar auxilia na preservação contra microrganismos que possam se desenvolver
no alimento, porém somente ocorre em altas concentrações de açúcar, ou seja, deve ser
adicionado seis vezes a mais de açúcar quando comparamos com o sal. A ação do açúcar é
de inibir a atividade da água, semelhantemente como ocorre com o sal e desse modo resulta
em um menor crescimento de microrganismos. Sua utilização pode ser vista em geléias,
doces e leite condensado (KHUNTIA, 2020).
Em relação a aceitação de alimentos com teores de açúcar, se tornam preferencialmente
aceitos pelos consumidores, pois melhoram as características sensoriais como sabor, porém
se atentar com o excesso de consumo de açúcar, já que auxilia negativamente a doenças
relacionada com a dieta como é o caso do diabetes (DIAS; SAJIWANI; RATHNAYAKA, 2020).
780
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
ÁCIDOS NATURAIS
781
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
ESPECIARIAS
As especiarias eram utilizadas desde os tempos mais remotos; antes eram vistas
como medicamento e somente depois foram utilizadas como temperos nos alimentos, al-
gumas das mais conhecidas e consumidas eram muito valorizadas e viraram moeda de
troca como a pimenta-do-reino, cravo, canela e a noz-moscada. As especiarias na época
medieval apresentavam a função de tornar o alimento mais palatável e facilitar a digestão
(RODRIGUES; SILVA, 2010).
O uso de especiarias para a conservação de alimentos em geral, se apresenta como
uma ótima forma de conservante natural com ação antioxidante. A atividade antioxidante
que as especiarias apresentam é devido a presença de compostos como flavonóides e ter-
penóides (timol, carvacrol e eugenol). Pode ser usado especiarias das mais diversas, pois
acabam resultando em um ação contra a deterioração do alimento e ainda podem se tornar
um suplemento alimentar, a exemplo temos o alecrim, manjericão, orégano, sálvia e tomilho
(DELRÉ; JORGE, 2012).
A pimenta-do-reino possui propriedades que estimulam a digestão, o apetite, a cir-
culação, nela existe a presença de uma substância chamada piperina que é responsável
pelo seu sabor picante O cravo-da-índia combate bactérias, fungos e parasitas e ainda é
considerado um anestésico, nele existe a presença de uma substância denominada eugenol
que caracteriza o aroma dessa especiaria. A canela apresenta propriedades que resultam
na melhora da digestão, nela existe a presença do aldeído cinânimo que atribui a canela
seu aroma característico, a noz-moscada fornece sabor e aroma nos alimentos e ainda
combate bactérias e fungos, nela é encontrada uma substância denominada de miristicina
que caracteriza o sabor e aroma (RODRIGUES; SILVA, 2010).
O alho apresenta compostos como: saponinas, carboidrato, tanino e glicosídeo, que
apresentam atividade antibacteriana, utilizado como uma especiaria. Porém em relação ao
alho, ele apresenta uma baixa atividade antioxidante quando comparada com a pimenta,
pois a piperina auxilia nessa atividade. Destacamos que a forma como são utilizadas as
especiarias irá influenciar na ação antioxidante e foi mostrado que extratos etanólicos a 50%
apresentam alta atividade antioxidante. O alho quando associado com a pimenta inibe o
desenvolvimento de bactérias de origem alimentar como Escherichia coli e Staphylococcus
aureus em embutidos cárneos (KITTISAKULNAM; SAETAE; SUNTORNSUK, 2017).
Em um estudo feito para identificar os efeitos do alho em um molho de pimenta, foram
observados que quando adicionado entre 3% - 5% do extrato do alho, aumentou a contagem
de leveduras e bolores. Porém, só ocorreu uma redução no crescimento desses microrganis-
mos quando se obteve acréscimo de 10% do extrato de alho no molho de pimenta. A ação
do alho na conservação se dar pelo fato de que naturalmente ocorre a presença de enxofre,
782
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
que nesse caso inibiu o crescimento de leveduras, bolores e também da bactéria Bacillus
cereus (MAHMOOD; T.C.; ANUAR, 2019).
ÓLEOS
Os óleos podem ser utilizados como agente que combate a oxidação e a atividade de
bactérias, obtendo uma mistura bioativo que pode ser uma alternativa para o uso de conser-
vantes químicos, pois são seguros para os consumidores (FALLEH et al., 2020). Os óleos
como conservantes formam uma película de proteção ao redor do alimento, no qual impede
o contato do ar e dos microrganismos, sua eficácia e substâncias irão depender da compo-
sição do mesmo (KHUNTIA, 2020).
O uso dos óleos essenciais auxilia nas ações antimicrobiana e antioxidante pois ocorre
que a utilização de uma quantidade baixa que não promova alterações relacionado com as
características sensoriais, o recomendado seria de 0,1%. A mistura de óleos com especiarias
como cravo e canela, conseguiram obter um efeito bactericida e fungicida. O ranço é uma
das causas relacionadas com a deterioração lipídica, mas a mistura de óleos essenciais
auxilia na inibição dos microrganismos e no potencial de antioxidante (PURKAIT et al., 2020).
As bactérias gram-positivas são mais sensíveis do que as gram- negativas, os seus
efeitos indesejáveis referentes à característica sensoriais pode ser solucionada fazendo uma
maior seleção do óleo e do alimento que será preservado (BURT, 2004).
MEL E PRÓPOLIS
O mel pode variar muito conforme sua origem, porém o mesmo se trata de um alimento
funcional que apresenta água, glicídio, protéinas, enzimas e algumas vitaminas como a do
complexo B e as vitaminas C,D,E entre outras substâncias, mas além disso ele apresenta
quantidades consideráveis de antioxidantes se tornando um alimento de valor benéfico para
os consumidores (GOMES, S. J. da S.; SANTOS, 2013).
Segundo GOMES et al. (2017) a atividade antioxidante em méis com uma coloração
naturalmente mais escura apresenta uma ação superior em relação a ação antioxidante dos
méis mais claros, isso é devido a presença de compostos fenólicos presente no mel com
uma coloração mais escura. Destacando que quando ocorre algumas alterações, isso resulta
em perda de propriedades benéficas. A utilização de mel em um tipo de peixe, denominado
de Milkfish apresentou a capacidade de conservar em até 72 horas desde que utilizado até
30% de mel (HAKIM; TJAHJANINGSIH; SUDARNO, 2019).
No suco de laranja ocorre uma ação antioxidante devido a presença de vitamina C, po-
rém com a adição do própolis ocorre o aumento na ação antioxidante e isso ocorre devido
783
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
a presença dos polifenóis e compostos flavonóides como a cafeína fenetílica que está pre-
sente no própolis, dessa forma segundo YANG et al. (2017) pode se tornar um conservante
natural para suco de laranja e outras frutas (YANG et al., 2017).
Os conservantes naturais visam manter o alimento por um maior período sem que ocorra
a deterioração, podendo ser tanto antimicrobiano como antioxidante ou apresentar as duas
funções, resultando em um alimento seguro sem a utilização de produtos químicos (Tabela 1).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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786
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
56
Variação do perfil fitoquímico e da
atividade antioxidante de Lycium
barbarum L. desidratado
10.37885/210805786
RESUMO
Objetivo: Este trabalho teve como objetivo otimizar a extração de compostos fenólicos
e avaliação da atividade de Lycium barbarum L. desidratado, através de técnica estatís-
tica simplex lattice design. Métodos: No modelo de misturas, a água, etanol e acetona
foram utilizados para avaliar o efeito do solvente sobre os compostos fenólicos totais
(CFT), atividade antioxidante (AA) por eliminação do radical DPPH• (DPPH) e poder de
redução do ferro (FRAP), perfil de fenólicos e minerais. Resultados: O tipo de solvente
e sua polaridade, isolado ou em misturas, influenciou no rendimento que variou de 0,3
a 7,3 g de extrato seco, na extração de CFT de 8,27 a 22,59 mg GAE/g de extrato, e
também na AA apresentando uma variação de 44,42 a 60,42 µmol TE/g em relação ao
DPPH e 7,61 a 23,67 µmol TE/g de extrato pelo FRAP. O perfil fenólico identificou 15
compostos, principalmente o ácido 2,5-dihidroxibenzoico, ácido 3,4-dihroxibenzoico, ácido
cafeico e rutina. Enquanto o perfil mineral revelou 15 elementos, sendo potássio, sódio,
magnésio e cálcio presentes em maiores concentrações. Conclusão: Através das curvas
de contornos, a otimização demonstrou que a água é o solvente que mais influência na
extração de CFT a AAT, isoladamente é mais eficiente que os demais solventes, já em
misturas binárias ou ternárias potencializa a extração, atingindo as melhores condições
com extratos hidroalcóolicos. Assim, a otimização possibilitará a economia e a utilização
de solventes que não oferecem riscos para a saúde, baratos e facilmente empregados
na obtenção de antioxidantes naturais.
788
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
O Lycium barbarum L., fruto também conhecido como goji berry, wolfberries, wolfber-
ry, lycii fructus, gouqi, ningxiagouqi, ou popularmente como goji, pertence à família das
Solanaceae (ZHONG; SHAHIDI; NACZK, 2012). Seu local de origem ainda não está total-
mente definido (POTTERAT, 2010), entretanto, é utilizado na medicina popular há 2.500 anos
(AMAGASE; FARNSWORTH, 2011), principalmente na China e países asiáticos, tornando-se
cada vez mais popular na Europa e na América do Norte (POTTERAT, 2010).
Habitualmente os frutos in natura ou desidratados são utilizados como alimento fun-
cional (BRYAN et al., 2008), além disso é utilizado no preparo de sucos concentrados,
molhos, chás (POTTERAT, 2010), caldos, bebidas e licor (LE; CHIU; NG, 2007). Sua po-
pularidade deve-se ao seu valor nutricional, pois além de seu conteúdo de carboidratos,
proteínas, cinzas e minerais, as bagas são promissoras fontes bioativos fenólicos e flavo-
noides (RODRIGUES SÁ et al., 2019). Em virtude de sua composição, vários estudos vêm
associando-o a diversas atividade biológicas importantes para a saúde, tais como atividade
antioxidante (FENG et al., 2021), diminuição do estresse oxidativo (DONNO et al., 2015),
potencial neuroprotetor (KHAN et al., 2021), prebiótico (GAO et al., 2021), anti-inflamatório,
antidiabético e anticâncer, efeitos que podem estar relacionados ao alto conteúdo de com-
postos fenólicos dos frutos (JIANG et al., 2021).
Fenólicos e polifenóis são considerando compostos bioativos e apresentam ativida-
de antioxidante, entretanto para sua determinação é necessário a extração. Ensaios que
consigam extrair totalmente todos os fenólicos podem ser difíceis e complexos, pois eles
podem associados a outras substâncias da matriz vegetal, podendo ocasionar baixa ex-
tração e rendimento (NACZK; SHAHIDI, 2006), pois a solubilidade de compostos fenólicos
é afetada pelo tipo de solvente, interações com outros componentes (REZAI et al., 2015).
Logo, a seleção do solvente na extração torna-se um dos fatores importantes, pois o tipo e
sua polaridade podem influenciar na extração dos componentes responsáveis pela atividade
antioxidante (PÉREZ-JIMÉNEZ; SAURA-CALIXTO, 2006). Provavelmente quanto mais forte
a polaridade de um solvente menor será a capacidade antioxidante de extratos (SIELICKA;
SAMOTYJA, 2013).
Deste modo, modelos estatísticos podem ser eficientes na otimização da extração de
compostos fenólicos de goji berry, uma vez que a otimização do processo pode reduzir o
tempo e aumentar o rendimento da extração. Além disso, a utilização de solventes verdes
pode ser tão eficiente quanto a utilização de solventes orgânicos o que pode contribuir no
desenvolvimento de produtos alimentícios (HANDA et al., 2016). Assim, este trabalho tem
como objetivo otimizar o sistema ideal de solventes na extração de compostos fenólicos e
sua atividade antioxidante, utilizando um design de mistura simplex lattice e água, etanol
e acetona como solventes, além de quantificar os bioativos e minerais em Lycium barba-
rum L desidratado.
789
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
MÉTODO
Para a preparação dos extratos, o goji berry desidratado homogeneizado com solvente
na proporção de 1:10 (p/v, material:solvente) em incubadora agitadora (Incubadora TE-420)
a 200 rpm, em temperatura de 30 °C por 4h. Posteriormente, os extratos foram centrifugados
(5.000 rpm por 15 min.), o sobrenadante filtrado a vácuo e concentrados em estufa de ar
circulante até a evaporação dos solventes. Após, os extratos foram diluídos (5:1, p/v extrato:e-
tanol) e armazenados sob refrigeração a 8 °C em vidros âmbar até o momento das análises.
Os solventes utilizados na otimização da extração foram água, etanol e acetona. O mo-
delo experimental escolhido foi simplex-lattice design para avaliar o efeito das variáveis
independentes e suas repostas para fenólicos e atividade antioxidante, o planejamento foi
composto por 14 experimentos (Tabela 1). A fração de cada solvente na mistura varia de 0 a
1. Em que, os vértices correspondem aos solventes isolados (1, 2, e 3), os lados do triângulo
(4 ao 9) são misturas binárias e os pontos dentro do triângulo (10 ao 13) correspondem às
misturas ternárias com uma repetição do ponto central (14).
Variáveis independentes
790
11 0.6667 0.1667 0.1667 66,67 16,67 16,67
O CTF foi determinado através da reação de redução dos compostos fenólicos com
o reagente Folin-Ciocalteu (SLINKARD; SINGLETON, 1977). Em tubos de ensaio, 300 µL
do extrato e 60 µL do reagente Folin-Ciocalteau foram submetidos à agitados por 30 se-
gundos. Em seguida, adicionou-se 180 µL de uma solução de Na2CO3 (15%) e 2460 µL de
água destilada. Após nova agitação, foi mantido à temperatura ambiente, em repouso, sob
proteção da luz reagindo por duas horas. A leitura da absorbância foi realizada a 760 nm em
espectrofotômetro UV-vis 2550 (Brea, CA, USA). Sob as mesmas condições, construiu-se
uma curva padrão com ácido gálico (1-20 μg/ml). Para o branco foi utilizado água destila-
da. Os resultados foram expressos em mg/g de extrato seco equivalente ao ácido gálico
(mg EAG/g extrato).
Atividade Antioxidante
O poder de redução do ferro (FRAP) foi medido, com adaptações, pelo método de Rufino
et al. (2006). Para a análise utilizou-se o reagente FRAP, obtido a partir da combinação de
uma solução tampão acetato (3 M/L), uma solução de TPTZ A 10 mmol/L e uma solução
aquosa de cloreto férrico a 20 mmol/L, sendo o reagente preparado e utilizado apenas no
momento da análise. Em que, 90 μL de extrato, 270 μL de água destilada e 2,7 mL do rea-
gente FRAP, em tubos de ensaio, foram mantidos em ausência de luz e sob agitação a 37 ±
1 °C por 30 min. A absorbância foi lida a 595 nm. Construiu-se uma curva padrão com Trolox
791
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
(100-2000 μmol/L em etanol). O reagente FRAP foi utilizado como o branco. Os resultados
foram expressos em μmol TE (equivalente Trolox) por g extrato.
Composição mineral
Os frutos (250 mg) foram colocados em cápsula de teflon, em seguida foi adicionada
uma mistura de 6 mL de ácido nítrico (a 65%) e 1 mL de peróxido de hidrogênio (a 35%),
após 10 minutos em repouso, a cápsula foi fechada e submetida à digestão em sistema
digestão por micro-ondas Berghof - Speedwave 4, por 10 minutos a temperatura de 170 °C
(especificações do fabricante). Após, as amostras digeridas foram filtradas e armazenadas
para análise dos minerais. Os elementos foram identificados por espectrômetro de emissão
óptica com plasma acoplado indutivamente ICP-MS, conforme a norma EPA (1998).
Análises estatísticas
792
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Otimização e respostas previstas pelo modelo para cada solvente e suas misturas dos extratos.
Solventes
Exp.* RES** TPC*** DPPH*** FRAP***
Água Etanol Acetona
1 100 0 0 4,7 22,21±0,04 55,87±0,77 21,63±0,06
2 0 100 0 1,3 13,22±0,07 53,31±1,11 9,80±0,17
3 0 0 100 0,3 8,27±0,01 44,42±0,11 7,67±0,01
4 33,3 66,67 0 7,3 19,19±0,05 55,76±1,11 20,89±0,65
5 33,33 0 66,67 6,2 21,39±0,56 59,61±0,33 16,13±0,01
6 0 33,33 66,67 0,5 10,59±0,11 47,98±0,22 11,63±0,51
7 66,67 33,33 0 7,0 20,31±0,82 51,20±1,11 17,47±0,04
8 66,67 0 33,33 7,0 19,92±0,41 53,39±1,66 20,07±0,31
9 0 66,67 33,33 1,4 14,41±0,03 49,31±1,08 13,38±0,14
10 33,33 33,33 33,33 7,0 20,85±0,03 51,16±0,34 22,10±0,06
11 66,67 16,67 16,67 7,0 21,19±0,21 53,20±0,55 17,67±0,35
12 16,67 66,67 16,67 5,0 20,33±0,21 60,42±0,66 23,67±0,04
13 16,67 16,67 66,67 3,8 20,60±0,08 59,09±0,66 20,60±0,93
14 33,33 33,33 33,33 7,0 22,59±0,28 56,31±0,35 22,27±0,04
*Número do experimento. **Rendimento dos extratos secos expresso em g. ***Os resultados são expressos em mg GAE/g extrato
para o conteúdo fenólico total (TPC) e μmol TE/g extrato seco para as atividades antioxidantes (DPPH, FRAP).
Os resultados obtidos demonstram que houve uma variação de 8,27 a 22,59 mg GAE/g
extrato de compostos fenólicos totais extraídos de Lycium barbarum L. por diferentes sis-
temas de solventes (Tabela 2). Nos sistemas puros, a água destaca-se com o maior CFT
(Exp. 1), assim como também apresentou maiores rendimentos em peso seco. Indicando que
o referido rendimento está relacionado com o conteúdo de compostos fenólicos extraídos,
já que, em sistemas binários, misturas com água (Exp. 4, 5, 7 e 8) também apresentaram
maiores conteúdo de fenólicos totais, comparados com misturas de solventes com sua au-
sência (Exp. 6 e 9).
No tocante a sistemas ternários, os resultados de CFT são semelhantes aos obtidos
através de duas misturas de solventes que contém a água, assim, por questões de economia
e segurança alimentar, o ideal seria a utilização de solventes de baixo custo e seguro como
nos extratos obtidos apenas com água (Exp. 1) ou hidroalcóolicos (Exp. 4 ou 7).
LIU et al. (2008) encontraram valores de compostos fenólicos semelhantes ao desta
pesquisa para extratos etanólicos. Entretanto, estudos de genótipos de espécies nativas de
outros pasíses demostraram maiores quantidades de compostos fenólicos em extratos pre-
parados com metanol à 80%, no qual variou de 26,9 a 73,4 mg GAE / g (ZANG et al., 2016).
Atribui-se que a eficiência de extração de compostos fenólicos é dependente da po-
laridade e viscosidade do solvente empregado, pois os de baixa viscosidade difundem-se
melhor entre os componentes de plantas (WIJEKOON; BHAT; KARIM, 2011). A água parece
contribuir para extraír compostos fenólicos, pois de acordo com Rezai et al. (2015) sua com-
biação com outros solventes pode criar um meio propício para extrair estes componentes,
assim como demostrou este estudo. E que dependendo da técnica de extração a utilização
da água mostra ter um melhor desempenho comparado com etanol no rendimento e teor
de polifenóis (RODRÍGUEZ-ROJO et al., 2012).
794
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Efeito do solvente na atividade antioxidante (AA)
SS df F-value
Modelo P-value R2 R2
CFT
Linear 137,37 2 5,45 0,02 0,49 0,40
Quadrático 85,18 3 4,26 0,04 0,80 0,68
Cúbico especial 10,50 1 1,71 0,23 0,84 0,71
Cúbico 36,07 3 7,11 0,04 0,97 0,92
Total ajustado 257,85 13
DPPH
Linear 30,64 2 0,68 0,52 0,11 0,00
Quadrático 72,21 3 1,11 0,39 0,37 0,00
Cúbico especial 3,04 1 0,12 0,73 0,38 0,00
Cúbico 112,00 3 2,56 0,19 0,78 0,31
Total ajustado 276,17 13
FRAP
Linear 110,87 2 2,70 0,11 0,33 0,20
Quadrático 110,69 3 2,57 0,12 0,66 0,45
Cúbico especial 21,93 1 1,65 0,23 0,72 0,49
Cúbico 72,52 3 4,84 0,08 0,94 0,81
Total ajustado 336,00 13
Figura 1. Gráfico de contorno em função das condições e misturas dos solventes utilizados na otimização da extração
dos compostos fenólicos e atividade antioxidante.
*(a) Compostos fenólicos totais; (b) atividade antioxidante por captura do radical DPPH e (c) ensaio pelo poder redutor do ferro (FRAP).
Tabela 4. Perfil de compostos fenólicos identificados em Lycium barbarum L através da otimização com diferentes
solventes e suas combinações.
Compostos fenólicos 1 2 3 5 12 13 14
Ácido 3,4-dihroxibenzoico 6,2 3,8 0,6 nd nd nd nd
Ácido 2,5-dihidroxibenzoico 63,4 nd nd 85,8 122,2 114,2 88,0
Ácido 4-hidroxibenzoico 1,6 5,4 2,0 3,0 3,2 2,8 3,0
Ácido salicílico 1,8 0,2 0,4 0,2 0,2 nd 0,2
Ácido Vanílico 2,8 2,6 2,2 2,6 3,4 2,8 3,0
Ácido Elagico 1,4 1,0 nd 1,2 1,4 1,2 1,0
Ácido p-cumárico 0,4 0,8 1,6 0,8 1,0 1,0 0,8
Ácido sinápico 1,8 2,4 2,4 2,8 4,4 3,8 2,8
Ácido trans-cinâomico nd 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
Ácido Cafeico 4,8 nd nd 2,8 nd nd 2,8
Ácido ferúlico nd nd 0,6 nd nd nd 0,4
Rutina 3,4 2,2 nd 4,0 3,6 3,6 2,2
Crisina 1,8 nd 1,0 1,0 1,0 nd 1,0
Miricitina 1,2 nd nd nd 0,6 nd 0,6
Campeferol 1,0 nd nd 0,4 nd nd nd
Total (mg/g de extrato) 91,6 18,6 11,2 104,8 141,2 129,6 106,0
*nd: não identificado
Figura 2. Cromatogramas dos compostos fenólicos extraídos com mistura ternária de Lycium barbarum L identificados
por HPLC.
Perfil de minerais
Foram detectados 15 elementos minerais nos frutos de goji berry, em que potássio, sódio,
magnésio e cálcio foram os que estavam em maiores quantidades, a sua concentração seguiu a
seguinte ordem: K > Na > Mg > Ca > Al > Fe > Mn > Pb > Zn > Cu > Cr > Se > Ni > Co > Cd (Tabela 5).
Jeszka-Skowron et al. (2017) identificaram em frutos secos 6 elemen-
tos minerais, manganês e cobre estavam presentes em maiores quantida-
des que os demais, sendo Mn > Cu > Ni > Pb > Cd > Ge. Endes et al. (2015) quan-
tificaram 16 nutrientes minerais em goji berry, potássio, fósforo, cálcio e manganês
foram os elementos em maior quantidade, sendo que apresentavam na seguinte or-
dem: K > P > Ca > Mg > S > Fe > B > Na > Cu > Zn > Mn > Se > Pb > N i> Mo > Cr. Llorent-
Martínez et al. (2013), ao pesquisar o conteúdo de minerais presentes em bagas de goji berry,
sucos, cápsulas e misturas a base de goji, identificaram cerca de 12 elementos, dos quais eram
potássio e sódio foram os mais representativos seguidos do fósforo, magnésio e cálcio, as con-
centrações decresciam na seguinte ordem K > Na > P > Mg > Ca > Fe > Zn > Mn > Cu > Ni > Mo >
Co, neste caso os resultados estão relativamente equivalentes os desta pesquisa.
Elemento mg/100 g
Ca 42.4800
Mg 54.0000
Fe 1.0800
Na 210.2400
K 810.3600
Al 3.1111
Mn 0.4395
Cu 0.0108
Zn 0.0108
Pb 0.0540
Ni 0.0007
Co 0.0007
Se 0.0007
Cd 0.0007
Cr 0.0022
O teor de minerais de potássio, cálcio, magnésio, ferro, zinco, cobre, manganês, se-
lênio e cromo estão abaixo da dose diária recomendada (DDR). O nível de cádmio esta-
va ligeiramente do teor máximo de contaminantes em bagas e frutos pequenos que é de
0,050 mg/kg, já o teor de chumbo encontra-se abaixo do limite estimulado de 0,20 mg/kg,
ambos definidos pela legislação (Comissão das Comunidades Europeias, 2008), porém é
800
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
aconselhável a incorporação de outros alimentos para suprir as necessidades diárias com
base em uma dieta equilibra.
Com base nos resultados de estudos anteriores discutidos acima, o Lycium barba-
rum L. é fonte vários minerais, principalmente de K, Na, P, Mg, Ca, Fe e Mn, ao que parece
sua composição oscila muito pouco de um estudo para outro, entretanto sua concentração
pode variar. Segundo Endes et al. (2015) composição do goji pode variar com a de acordo
com sua origem, tais diferenças podem ser devido à variabilidade de cultivares estudadas,
condições climáticas, local, condições e tempo de colheita e pós-colheita, tratamentos e uso
de fertilizantes.
Devido os diferentes solventes utilizados na extração dos compostos fenólicos, variáveis
nos preparos das análises e diferentes fórmulas de cálculos, a discussão dos resultados
torna-se dificultosa (JESZKA-SKOWRON et al., 2017). Além disso, o local de procedência
pode dos frutos pode indicar uma composição diferenciada das bagas (DONG et al., 2012).
Logo, a otimização possibilita a compreensão de resultados e futuramente padronização
ajudando no controle de qualidade para as bagas e economia de tempo e solventes.
CONCLUSÃO
801
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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804
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
57
Vida útil do palmito de babaçu
(Orbygnia speciosa ) minimamente
processado armazenado sob
refrigeração
10.37885/210805735
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi estudar a vida útil do palmito de babaçu (Orbygnia
speciosa) minimamente processado armazenado sob refrigeração. O palmito de pupunha
foi cortado em rodelas e submetido aos seguintes tratamentos: Tratamento1-controle
(T1) (imersão em água), tratamento 2 (T2) - solução de cisteína 0,5%, tratamento 3 (T3)
- solução de ácido cítrico 0,5% e tratamento 4 (T4) - solução de cisteína 0,5% + ácido
cítrico 0,5% e tratamento 5 (T5) – Solução de metabissulfito de sódio na concentração
de 200 ppm durante 10 minutos. As rodelas de palmito babaçu foram acondicionadas em
embalagens de polipropileno (15 x 11,5 x 4,5 cm), contendo cerca de 100 g de palmitos
minimamente processados e armazenados sob refrigeração em câmara fria (5º C ± 1º C e
98% ± 5% UR). Os resultados nos indicam que apenas o palmito minimamente proces-
sado T4, tratado com (T4) - solução de cisteína 0,5% + ácido cítrico 0,5%, se manteve
estável físico-química e microbiologicamente durante todo o período de armazenamento.
806
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
INTRODUÇÃO
807
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
acidificada e pasteurizada, apresentando características sensoriais semelhantes às das
outras variedades.
O palmito fresco ou minimamente processado é definido como o palmito comestível,
após a extração das bainhas frescas de proteção; sempre haverá porções de estipe tenro
e folhas tenras, ambos frescos (KAPP et al., 2003). Os três estilos ou cortes (estipe tenro,
palmito e folhas tenras) poderão ser oferecidos ao consumidor em bandejas diferentes, apli-
cando estes produtos a receitas culinárias também diferentes. Sugestões de receitas simples
devem acompanhar o produto. Os toletes podem ser cortados em comprimento de 9 a 10
cm ou mais ou menos compridos. Estes toletes poderão ser tratados em soluções salinas
(RAUPP, 2004; SOARES, 1997) ou cloradas (BELEGARD et al., 2005) para garantir sua
assepsia antes de serem embalados. Os toletes poderão ser acondicionados em sacos plás-
ticos ou em bandejas de isopor cobertos com filme plástico transparente. O palmito poderá
ser conservado por 10 a 14 dias sob refrigeração (10 °C) e no escuro (CLEMENT; MORA
URPI, 1987), o que é suficiente para comercialização perto do local de produção. O obje-
tivo do presente trabalho foi estudar a vida útil do palmito de babaçu (Orbygnia speciosa)
minimamente processado armazenado sob refrigeração.
MATERIAIS E MÉTODOS
Matéria-prima
Para avaliar a vida útil do palmito, com os diferentes tratamentos, a cada 2 dias foram
realizadas análises físico-químicas de pH, acidez total titulável e atividade de água; análises
microbiológicas de presença de bolores e leveduras, coliformes totais e de colorimetria (L*,
a* e b*). Os resultados foram avaliados por análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey
quando adequado, ao nível de significância de 5 % de probabilidade (p<0,05), utilizando o
programa Statistica 5.0 for Windows. As análises serão realizadas em triplicata mensalmente,
por um período de 180 dias.
809
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Composição Valor
Umidade 86,74
Proteína -
Gorduras 0,59
Cinzas 0,79
pH 5,90
Acidez 2,49
Tabela 2. Valores médios de pH de palmito de babaçu minimamente processado armazenado sob refrigeração.
Armazenamento Tratamentos
(dias) T1 T2 T3 T4 T5
0 5,90 5,84 5,94 5,93 6,51
4 5,91 5,82 6,19 6,39 6,38
8 5,86 5,91 6,18 5,86 5,94
12 7,0 6,07 6,22 6,04 6,71
Tabela 3. Valores médios de acidez (%) de palmito de babaçu minimamente processado armazenado sob refrigeração.
Armazenamento Tratamentos
(dias) T1 T2 T3 T4 T5
0 2,49 2,73 2,00 4,61 1,48
4 2,33 2,16 2,20 2,68 1,37
8 3,12 3,05 2,01 3,83 2,15
12 2,66 2,54 1,96 4,42 1,72
Tabela 4. Valores médios de umidade de palmito de babaçu minimamente processado armazenado sob refrigeração.
Armazenamento Tratamentos
(dias) T1 T2 T3 T4 T5
0 86,74 86,77 88,19 85,44 87,73
4 87,60 84,68 87,01 85,50 86,11
8 85,37 85,71 88,74 84,35 87,25
12 85,61 84,59 86,85 87,12 89,07
Tabela 5. Valores médios de bolores e leveduras (UFC/g) de palmito de babaçu minimamente processado armazenado
sob refrigeração.
Armazenamento Tratamentos
(dias) T1 T2 T3 T4 T5
0 2,8 x 10 2
9,9 x 10 3
1,0 x 10 0,5 x 10 1,5 x 10
4 7,3 x 10 2
1,4 x 10 4
4,5 x 10 1
8,1 x 10 2
1,7 x 103
8 9,6 x 10 2
1,1 x 10 3
3,1 x 10 3
2,3 x 10 3
3,2 x 103
12 2,1 x 105 2,0 x 105 1,2 x 103 1,9 x 103 1,4 x 103
Tabela 6. Valores médios de coliformes totais (NMP/g) de palmito de babaçu minimamente processado armazenado
sob refrigeração.
Armazenamento Tratamentos
(dias) T1 T2 T3 T4 T5
0 >3 >3 >3 >3 >3
4 >3 15 23 43 43
8 23 23 93 93 93
12 460 240 240 93 460
812
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
Para os valores de a* (a* negativo = verde, positivo = vermelho) observa-se que du-
rante o armazenamento houve perda da coloração leve cor vermelha do palmito, indicando
escurecimento das amostras. O parâmetro b* (positivo = amarelo, negativo = azul) apre-
senta valores positivos indicando coloração levemente amarelada do palmito e perda desta
coloração ao longo do armazenamento. Estas mudanças de cor nos parâmetros L*, a* e b*
foram observados por Berbari et al. (2008) em palmito de palmeira real, açaí e pupunha,
observando perda do valor L durante o armazenamento.
Tabela 7. Valores médios de colorimetria (L*, a* e b*) do palmito de babaçu minimamente processado armazenado sob
refrigeração.
Armazenamento Valores de L*
(dias) T1 T2 T3 T4 T5
0 80,15 NR 77,53 NR 80,73
4 80,20 NR 77,27 NR 81,38
8 59,60 NR 57,12 NR 69,87
Valores de a*
0 0,33 NR 1,12 NR 0,84
4 0,46 NR 0,68 NR 0,46
8 0,11 NR 0,58 NR 1,04
Valores de b*
0 13,27 NR 12,41 NR 11,65
4 13,52 NR 12,25 NR 11,82
8 9,71 NR 7,13 NR 15,06
NR: não realizado.
CONCLUSÕES
• As caracterização do palmito de babaçu nos indica que está matéria-prima tem alta
umidade (86,74 %) e baixo pH (5,90) que o caracteriza como um produto de baixa
acidez propenso ao crescimento microbiano precisando de tecnologias apropriadas
para a sua conservação, como a utilização de antioxidantes e refrigeração como os
utilizados na presente pesquisa.
• A utilização do palmito de babaçu em produtos minimamente processados é bas-
tante viável como mostram os resultados obtidos durante o armazenamento.
• Físico-quimicamente se observou que houve maior variação no pH havendo au-
mento significativo no 12º dia de armazenamento. Microbiologicamente os palmitos
se mantiveram aptos para o consumo até o 8º dia de armazenamento.
813
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
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815
Ciência e Tecnologia de Alimentos: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 2
SOBRE OS ORGANIZADORES
Ácidos: 23, 34, 41, 54, 55, 56, 57, 58, 76, 81, Aquecimento: 312
194, 195, 196, 200, 201, 204, 213, 215, 216,
217, 223, 224, 229, 231, 271, 277, 286, 289, Atividade Antimicrobiana: 30, 112, 113
309, 320, 327, 342, 386, 388, 394, 435, 447,
455, 465, 466, 467, 469, 471, 472, 500, 542, Atividade Antioxidante: 198, 208, 367, 393
543, 547, 601, 603, 606, 627, 644, 645, 646,
Atmosfera: 263, 724
659, 661, 662, 694, 695, 698, 729, 776, 779,
781, 799, 811 B
Açúcares: 45, 308, 309, 324, 328, 365, 368, Bactérias: 49, 115, 192, 220, 225, 228, 231,
500, 543, 590, 646, 679, 711, 713 233, 236, 271, 482, 491, 686, 687
Alimentação: 43, 59, 60, 66, 83, 175, 176, 178, Bioeconomia: 585
180, 181, 266, 267, 279, 280, 281, 282, 418,
552, 786 Biscoitos: 240, 241, 251
Alimentos: 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 40, 42, 43, C
45, 46, 58, 61, 72, 80, 81, 85, 92, 93, 108, 109,
110, 111, 137, 138, 139, 151, 160, 161, 165, 173, Cachaça: 405, 459, 463, 464
177, 178, 179, 181, 184, 186, 218, 219, 232, 238,
250, 251, 263, 264, 269, 270, 290, 293, 300, 301, Capacidad Antioxidante: 398
302, 333, 334, 349, 350, 351, 365, 371, 381,
Capacidade Antioxidante: 209, 393, 547
382, 405, 417, 418, 426, 427, 431, 434, 440,
441, 443, 448, 450, 454, 455, 456, 463, 492, Capacitação: 265, 266
499, 501, 502, 512, 513, 514, 515, 516, 561,
569, 581, 582, 595, 597, 619, 631, 636, 637, Características Físico: 172, 300, 308
669, 674, 675, 685, 686, 687, 694, 715, 735,
736, 739, 740, 741, 742, 745, 746, 766, 767, Carnes: 39, 45, 105, 154, 768
768, 770, 771, 773, 774, 776, 781, 785, 786, 814
Cerrado: 446, 447, 548, 551, 586, 588
Amazonian Fruit: 255
Cerveja: 45, 336, 337, 338, 339, 340, 341, 342,
Análise Sensorial: 30, 292, 302, 346, 350, 668, 343, 344, 345, 346, 347, 348, 349, 350, 351,
670, 676, 678, 681, 712, 715 494, 495, 496, 497, 498, 499, 500, 501, 555,
556, 557, 558, 559, 560, 561, 656, 657, 658,
Antimicrobial: 123, 124, 126, 233, 493, 732 659, 660, 661, 662, 663, 664, 667, 668
Antimicrobiano: 776
Cervejeiro: 336, 337, 339, 340, 343, 345, 495,
Antioxidantes: 195, 219, 788 496, 555, 561, 658, 661, 662
Antocianinas: 304, 308, 322, 324, 327, 330, Chemical Composition: 92, 125, 126, 127, 381,
Coliforms: 563, 613, 615, 616 Gordura: 25, 89, 167, 171, 184, 186, 187, 483,
679
Composição Nutricional: 34, 58, 139, 309, 687
H
Composição Química: 307, 373, 381, 382, 451,
452 Higiene: 67, 110, 139, 161, 171, 172, 181, 182,
192, 251, 464, 492, 569, 570, 582, 686, 687,
Compostos Bioativos: 237, 369, 383, 545 735, 739
Compostos Fenólicos: 201, 304, 320, 327, I
330, 331, 332, 333, 372, 394, 398, 512, 694,
797, 798 Índice de Acidez: 212, 214, 215, 216
Condições Higiênico: 67 J
Condimentos: 39, 113, 114, 115 Jenipapo: 537, 540, 550, 551
F M
Fenólicos: 369, 393, 395, 638, 789, 791 Manipuladoras de Alimentos: 266
Fibras: 74, 78, 452, 544 Microbiologia: 85, 161, 270, 343, 492, 569,
570, 619, 686
Filtração: 315, 351, 640, 651, 660
Microencapsulação: 505, 506, 508, 512, 514,
Fitosteróis: 203 516
Genipa Americana: 537, 539, 540, 544, 545, Nutrição: 31, 32, 59, 60, 66, 67, 80, 81, 93, 138,
139, 160, 175, 176, 180, 181, 209, 219, 238, 440, 772
250, 264, 302, 381, 382, 416, 418, 448, 455,
513, 514, 515, 552, 619, 637, 669, 686 Rótulos de Alimentos: 129
O S
Óleos: 43, 50, 56, 113, 114, 193, 194, 195, 196, Segurança Alimentar: 129, 181
199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208,
209, 213, 214, 216, 217, 218, 219, 231, 286, 301, Semiárido: 186, 191, 581, 582, 674
341, 452, 454, 660, 663, 729, 730, 778, 779, 783
Sensorial: 22, 25, 30, 31, 32, 36, 44, 45, 52, 54,
Oxidação: 49 81, 90, 93, 118, 172, 228, 255, 262, 282, 283,
285, 292, 293, 297, 299, 301, 302, 319, 333,
P 338, 346, 347, 349, 350, 354, 363, 375, 401,
458, 460, 462, 463, 471, 500, 514, 561, 580,
Panificação: 129
624, 626, 628, 632, 634, 635, 636, 637, 654,
Passiflora Edulis: 285, 288, 300, 301 656, 657, 658, 659, 663, 664, 665, 666, 667,
668, 670, 672, 674, 676, 677, 678, 681, 682, 685,
Pasteurização: 163, 316, 422, 619, 664 686, 687, 709, 712, 714, 715, 773, 774, 807, 814
Preservação: 585, 591, 596 Suco: 275, 304, 307, 333, 545, 708
Processamento: 45, 72, 81, 263, 291, 309, 332, Suplementação: 446, 456
344, 353, 420, 448, 497, 569, 600, 806, 814
T
Produção: 32, 48, 58, 92, 109, 191, 192, 264,
300, 302, 332, 333, 351, 405, 462, 464, 501, Tecnologia: 24, 30, 31, 32, 43, 57, 58, 81, 85,
502, 582, 618, 631, 635, 637, 656, 671 92, 108, 109, 110, 111, 134, 161, 173, 182, 184,
186, 218, 251, 263, 264, 270, 300, 301, 302,
Produtos: 45, 96, 97, 106, 107, 129, 133, 155, 332, 333, 334, 349, 350, 351, 365, 371, 382,
173, 251, 275, 283, 301, 382, 416, 492, 618, 405, 426, 427, 443, 455, 456, 463, 464, 499,
629, 633, 635, 685, 686, 766, 768 501, 514, 516, 561, 582, 583, 595, 607, 618,
Proteína: 25, 76, 89, 96, 108, 138, 163, 186, 619, 629, 631, 635, 636, 670, 674, 675, 685,
187, 446, 453, 810 687, 715, 766, 767, 768, 773, 774, 814
Q Teor: 75, 79, 95, 110, 291, 295, 404, 433, 461
Qualidade: 32, 34, 43, 52, 90, 91, 95, 131, 138, Tocoferóis: 205
152, 161, 172, 173, 191, 192, 272, 273, 278,
426, 463, 570, 571, 582, 583, 600, 611, 618, Toxicologia: 429
619, 685, 814
U
Quality: 126, 152, 219, 396, 476, 611, 630, 632,
634, 636, 669, 703, 717, 746, 784, 785 Ultrasound: 748, 750, 756, 758, 759, 761, 762,
764
Químicas: 588
Ultrassom: 163, 166
R
Refrigeration: 254
Resfriamento: 661
editora
científica digital