Você está na página 1de 28

 

 CURSO BACHARELADO EM DIREITO


FAHESP/IESVAP
UNIDADE PARNAÍBA - PI

DISCIPLINA: ANÁLISE ECONOMICA DO DIREITO


1º PERÍODO – 2020.1
TEMA:
ANÁLISE ECONÔMICA DA PROPRIEDADE
Prof. Espc.: Emmanuel Rocha Reis
(ID Lattes: 0173325731450357)

 Parnaíba - PI
2020
EMENTA

Análise econômica do Direito. Aplicação instrumental


microeconômico na análise do direito. Instituições do
direito de propriedade, contratos e responsabilidade civil
e políticas relacionadas. Fundamentos da Economia e seu
entrelaçamento com os princípios que regem o Direito
Positivo brasileiro. Fenômenos Econômicos impactantes
da ordem social e jurídica, tais como a inflação, deflação,
Lei da Oferta e da Procura, monopólio, oligopólio,
políticas públicas e etc.
INTRODUÇÃO

• As noções de eficiência:
•  Pressupõem um sistema bem definido de atribuição de direitos de
propriedade sobre bens específicos;
•  Estudo deste sistema, e de como a distribuição e troca de direitos
de propriedade pode levar ou não a uma alocação eficiente de recursos
através do mercado.
1. Conceito jurídico de propriedade

• Pode-se entendê-la como um conjunto de direitos que estabelecem o que


as pessoas podem fazer com os recursos que possuem. (ULEN, Thomas;
COOTER, Robert. Direito & Economia. Porto Alegre: Bookman, 5ª Ed.,
2010, p. 92.)
• No Dir. Brasileiro -- “a propriedade é o direito de usar, gozar e dispor da
coisa, e reivindicá-la de quem injustamente a detenha” (CAIO MARIO,
1997).
• Clóvis Beviláqua: conceituava a propriedade como sendo o poder
assegurado pelo grupo social à utilização dos bens da vida física e moral
• ART. 228 CC: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
A DOUTRINA CIVILISTA MODERNA

• Conferindo um conteúdo social ao direito de


propriedade

• No art. 5º da CF/88: trata o tema em sentido amplo,


englobando direito de sucessão, direito autoral e o
direito de propriedade imaterial, dentre outros
MENDES, GILMAR; COELHO, INOCÊNCIO
MÁRTIRES; BRANCO, PAULO GUSTAVO GONET.
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. SÃO
PAULO: SARAIVA, 2018.
• “o conceito constitucional de proteção ao direito de propriedade transcende
à concepção privatística estrita, abarcando outros valores de índole
patrimonial. (...). Essa orientação permite que se confira proteção
constitucional não só à propriedade privada em sentido estrito, mas
fundamentalmente às demais relações de índole patrimonial. Vê se que esse
conceito constitucional de propriedade contempla as hipotecas, penhores,
depósitos bancários, pretensões salariais, ações, participa societárias,
direitos de patente e de marcas etc.
A TEORIA ECONÔMICA DO DIREITO DE
PROPRIEDADE

• Não tenta explicar o que a propriedade significa,


• Busca prever os efeitos de formas alternativas de normas relacionadas ao direito
de propriedade, especialmente os efeitos destas normas do ponto de vista da
eficiência e, quando possível, da distribuição..
• Teoria econômica: CRIA sistema de direitos de propriedade que seja claro,
impulsionando as trocas voluntárias e assegurando que os direitos de propriedade
fiquem nas mãos daqueles que os valorizam mais. (BARZEL, p. 3, 1995)
OBS! SIGNIFICADOS DE “DIREITOS DE
PROPRIEDADE”

• A- pode designar a habilidade de usufruir a


propriedade: corresponde à função econômica da
propriedade,

• B - é aquilo que o Estado atribui a um indivíduo:


função jurídica da propriedade
CONSEQUÊNCIAS

• Quando não existe a função jurídica,


a função econômica é limitada.
Nesse sentido, é possível afirmar que
a função jurídica amplifica a função
econômica.
OBS! FUNÇÃO DE SUPORTE DOS
DIREITOS LEGAIS
• Os Direitos Econômicos de Propriedade constituem o fim almejado pelas
pessoas, enquanto que os Direitos Legais de Propriedade são os meio legais para
que se alcance aquele fim.
• Direitos Econômicos de Propriedade: direitos que um indivíduo tem sobre um
bem consistem na habilidade de um indivíduo, em termos de expectativa, de
consumir o bem diretamente ou por meio de trocas, ou seja, de efetivamente dar
uma função econômica, transacional ao direito de propriedade. (BARZEL,
Yoram. Economic analysis of property rights. New York: Cambridge University
Press, Second Edition, 1997).
OS DIREITOS LEGAIS DE
PROPRIEDADE

• são os direitos reconhecidos e assegurados, em parte, pelo Estado que


aumentam os Direitos Econômicos de Propriedade;
• função principal: fornecer meio para execução e para adjudicação por um
terceiro
• Na ausência dessas garantias, os direitos podem ter valor, mas os ativos e sua
troca devem ser autoexecutáveis.
• exemplo dos posseiros e dos proprietários; aqueles têm menos segurança
em seus direitos em razão de não receberem proteção policial, e não
devido a não terem uma escritura;
1.3 DIREITO DE PROPRIEDADE

 Conceito: é o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites
normativos , de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem
como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. (MHD).
 Elementos constitutivos
 direito de usar (jus utendi);
 direito de gozar ou usufruir (jus fruendi);
 direito de dispor da coisa (jus abutendi);
 direito de reaver a coisa (reivindicatio).
ART. 1.228

Poderes

USO GOZO LIVRE DISPOSIÇÃO REIVINDICAÇÃO


FRUIÇÃO
OBS! A SOMA DE TAIS PORDERES REMETE AO DIR DE PROPRIEDADE
1.4 CARACTERES

• O Direito de propriedade POSSUI:


• CARÁTER exclusivo (a mesma coisa só tem um)– Art. 1.231 CC;
• É ilimitado – ABSOLUTO
• Gera sequela;
• Gera oponibilidade erga omnes.
• Perpetuidade;
• caráter elástico – o domínio pode ser distendido ou contraído no seu exercício,
conforme lhe adicionem ou subtraiam poderes destacáveis. (Orlando Gomes).

PORTANTO:

• O CC/02 EXIGIU UMA CONJUGAÇAO, AO


ESTABELECER QUE A SOMA DOS PODERES GERA
UM DIREITO DE PROPRIEDADE QUANDO VIER
ACOMPANHADO DO TÍTULO.
ART. 1.228

Poderes

USO GOZO LIVRE DISPOSIÇÃO REIVINDICAÇÃO


FRUIÇÃO
OBS! A SOMA DE TAIS PORDERES REMETE AO DIR DE PROPRIEDADE QUANDO:

1 – 4 PODERES + TÍTULO = PROPRIEDADE


2 – 4 PODERES – TÍTULO = DOMÍNIO
3 – 1 SÓ DOS PODERES (USO/GOZO) = TEM POSSE.
TEOREMA DE COASE: PROCESSO DE
“INTERNALIZAÇÃO DE EXTERNALIDADES”,

• Teoria econômica da propriedade e do direito de propriedade


• The Problem of Social Cost de 1960: O autor abordou a divergência
entre agentes econômicos frente às chamadas externalidades, que
incorriam em danos de bem-estar aos indivíduos.
• Coase (1960) observou que as soluções para as externalidades não
precisam de um aparato público, norteado exclusivamente pelo Estado,
indo ao encontro a teoria de Pigou (1920), na qual a solução para as
externalidades estaria neste forte aparato estatal.
• Coase observou que a negociação entre indivíduos poderia
resolver parcela significativa dos problemas, bastando
apenas que algumas especificidades fossem mantidas: a
livre negociação, a clareza dos direitos de propriedade e
custos de transação baixos ou nulos.
• PILARES:
• os custos de transação: São os custos inerentes às externalidades numa relação
bilateral.
• e a noção de direitos de propriedade, que permitiriam um controle das
externalidades sem o uso de tributação.
• Para Coase (1960) a existência de ineficiência deve-se a externalidades que
ocorrem devido à inexistência de direitos de propriedade.
• Se as externalidades definem o direito de propriedade então não é
necessária a intervenção estatal para repor o ótimo, apenas há que definir os
direitos de propriedade com custos de transação bem definidos.
• ps! A negociação entre os agentes assegura o óptimo de Pareto.
PREMISSAS BÁSICAS:

• uma alocação eficiente de recursos, quais sejam:


• definição clara do direito de propriedade e

• ausência de custos de transação entre os agentes.


CUSTOS DE TRANSAÇÃO

• São custos de negociação e de garantia de cumprimento de um contrato,


• não ligados aos custos de produção,
• sendo os custos para barganhar, manutenção de segredos e busca por
informações,
• além de dispêndios para aplicação de regras e leis.
OBS! SUCESSO DE UMA FIRMA

• O valor de produção deve ser maior que o custo da transação, caso


contrário causaria o fim de sua atividade.

• O custo transação é somado aos custos administrativos para viabilizar


a barganha, podendo resultar em altos custos de transação.
PARA COASE: A SOLUÇÃO POR MEIO DE
UM PODER EXTERNO QUE DECIDE POR
UMA DAS PARTES ESTÁ EQUIVOCADA.

• O principal equívoco estaria em elencar um dos agentes como a causa


do problema, já que ambos os envolvidos causaram prejuízos e isso
deve ser levado em consideração no processo de resolução do
problema.
• O melhor resultado seria se ambas as partes envolvidas no “incidente”
negociassem, sem nenhum tipo de intervenção.
• No entanto, para que ocorra esta negociação e se determine tanto a
condição de uso de determinado recurso quanto dos termos de troca, é
preciso compreender os limites de cada parte envolvida.
• o conceito de direitos de propriedade ganha importância, pois permite
delimitar a atuação de cada agente e mostra quem se torna o causador e
quem é o receptor das externalidades.
• Douglas North (1981)
• a má definição dos direitos de propriedade incorre em
atrasos que podem gerar impactos no desenvolvimento
socioeconômico de toda uma região, dado que a clareza
destes seriam a garantia para as barganhas e funcionamento
de um sistema mercantil ótimo.
OBS! QUANDO APLICADO PARA RESOLVER DISPUTAS
SOBRE DIREITOS DE PROPRIEDADE, TEM A SEGUINTE
IMPLICAÇÃO

• A: quando os custos das transações são baixos –


• as partes que disputam os direitos de propriedade estão na melhor posição para resolver eficientemente
a questão.

• B: custos de transação elevados:


• quando os custos de transação forem sufi cientemente altos para impedir a
negociação, o uso eficiente dos recursos dependerá do modo de atribuição dos direitos
de propriedade. 4

• Nesse caso, quando os custos das transações são elevados, a intervenção do sistema
legal é recomendada para a alocação efi ciente do direito de propriedade.
VERSÕES DO TEOREMA DE
COASE
• REGRA GERAL
• “Quando os direitos de propriedade são bem definidos e o
custo de transação é igual a zero, a solução final do
processo de negociação entre as partes será eficiente,
independentemente da parte a que se atribuam os direitos
de propriedade.”
VARIAÇÕES

• “Se alguém assumir racionalidade, sem custos de transação e


barganha sem impedimento legal, todo desdobramento de recursos
no mercado seria completamente sanado pelas barganhas.

• “Se os custos de transação são zero, a estrutura das leis não


importará, porque eficiência resultará em todos os casos. (hipótese
da invariabilidade –
• a alocação final de recursos será invariável sob atribuições alternativas dos
direitos)

Você também pode gostar