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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Direito

Curso de Licenciatura em Direito

Cadeira: Direito De Propriedade Intelectual

A tutela dos direitos de propriedade intelectual

Cristina Mutambo Mapege

Código do estudante:

Chimoio, Março, 2024

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Direito

Curso de Licenciatura em Direito

Cadeira: Direito De Propriedade Intelectual

A tutela dos direitos de propriedade intelectual

Trabalho de Campo a ser

submetido na Coordenação do
Curso de Direito
da UnISCED.

Tutor:

Cristina Mutambo Mapege

Código do estudante:

Chimoio, Março, 2024

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Índice
1. Introdução ...........................................................................................................................
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2. Tutela dos direitos de propriedade intelectual ....................................................................


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2.1. DIREITO DE PROPRIEDADE ............................................................................................


5
2.2. CONCEITO DE PROPRIEDADE .........................................................................................
5
2.3. A PROPRIEDADE INTELECTUAL .....................................................................................
6
2.4. NECESSIDADE DA PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL ........................................
7
2.5. PROVIDÊNCIAS CAUTELARES ........................................................................................
8
2.6. TUTELA JURISDICIONAL ...............................................................................................
8

3. Conclusão .........................................................................................................................
10

4. Referências bibliográficas ................................................................................................


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1. Introdução
A propriedade intelectual é um conceito fundamental no contexto da economia globalizada,
onde a inovação e a criatividade desempenham papéis essenciais no desenvolvimento
socioeconômico. Nesse cenário, a proteção dos direitos de propriedade intelectual torna-se
uma preocupação central para garantir um ambiente propício à inovação, ao investimento e ao
crescimento econômico sustentável.

Este trabalho abordará dois aspectos essenciais da tutela dos direitos de propriedade
intelectual: as providências cautelares e a tutela jurisdicional. As providências cautelares são
medidas de caráter urgente e provisório que visam evitar danos iminentes ou em curso,
enquanto a tutela jurisdicional refere-se ao conjunto de medidas e procedimentos disponíveis
perante o Poder Judiciário para a proteção e reparação desses direitos.

Exploraremos a importância desses dois elementos no contexto da proteção dos direitos de


propriedade intelectual, destacando suas características, aplicabilidade e relevância para
garantir a eficácia do sistema de proteção intelectual. Por meio de uma análise aprofundada
desses aspectos, buscamos contribuir para uma compreensão mais abrangente e aprofundada
das questões relacionadas à tutela dos direitos de propriedade intelectual e seu impacto no
desenvolvimento econômico e social.

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2. Tutela dos direitos de propriedade intelectual
2.1. Direito de propriedade

O estudo dos direitos de propriedade compreende uma ampla gama de normas que regem as
relações legais entre indivíduos e os bens tangíveis ou intangíveis passíveis de posse.
Conforme esclarece Maria Helena Diniz (2002, p. 3), essa categoria de direitos estabelece
diretrizes "para a aquisição, exercício, manutenção e perda do controle humano sobre esses
bens, bem como para os meios de sua exploração econômica".

Assim, engloba o poder legal das pessoas sobre recursos materiais e imateriais susceptíveis de
apropriação. Conforme observado por Orlando Gomes (1998, p. 1), este ramo do direito
privado focaliza-se na definição do domínio do ser humano, no contexto jurídico, sobre a
natureza física em suas diversas manifestações, e na regulação da aquisição, exercício,
preservação, reivindicação e perda desse poder, de acordo com os princípios estabelecidos na
legislação vigente.

2.2. Conceito de Propriedade

O conceito de propriedade é multifacetado, permitindo a utilização de diversos critérios para


sua definição. Atualmente, o próprio Código Civil estipula, em seu artigo 1.228, o conteúdo
da propriedade como sendo o direito pelo qual o proprietário possui a faculdade de utilizar,
desfrutar e dispor da coisa, além do direito de reaver a posse da mesma daquele que a detenha
injustamente.

Os elementos do direito romano, jus utendi, fruendi e abutendi, assim como a rei vindicatio,
estão compreendidos nessa definição, demonstrando o poder do titular sobre o bem. O direito
de usar implica na disponibilidade da coisa pelo titular sem que sua essência seja modificada.
Desfrutar permite que se usufrua dos benefícios proporcionados pela coisa. Dispor de um
bem, seja consumindo-o, alterando sua essência ou separando-o, constitui a prerrogativa do
proprietário. E o direito de sequela, mencionado anteriormente, confere ao proprietário o
direito de reaver a coisa.

2.3. A propriedade intelectual

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A salvaguarda das criações do intelecto humano, denominada propriedade intelectual,
constitui um campo jurídico crucial que visa preservar as realizações do esforço criativo,
reconhecendoas como expressões do progresso e desenvolvimento da humanidade. Essa
proteção é vital para estimular o avanço social e representa um aspecto essencial do livre
desenvolvimento da personalidade humana.

Inicialmente, o escopo do direito de propriedade intelectual estava circunscrito aos bens


tangíveis, com incertezas doutrinárias sobre sua extensão aos bens intangíveis. Orlando
Gomes (1998, p. 99) ressalta que a propriedade intangível emerge como resultado do valor
psicológico atribuído à ideia de propriedade, embora seja distinta da propriedade material,
apresentandose mais como uma forma de "quase-propriedade".

Essa concepção não é unânime, havendo uma tendência crescente em reconhecer a


propriedade sobre bens imateriais. Maria Helena Diniz (2002, p. 112) argumenta que tanto
bens tangíveis quanto intangíveis podem ser objeto de domínio, contanto que sejam passíveis
de apropriação pelo ser humano, que, como agente jurídico, exerce sobre eles todos os
poderes estabelecidos pela ordem jurídica.

Diez-Picazo (1995, p. 60) classifica os bens intangíveis em três categorias principais. A


primeira abarca criações intelectuais que enriquecem o patrimônio cultural, como obras
literárias e musicais. A segunda categoria engloba invenções industriais e ideias relacionadas
ao progresso tecnológico, como as patentes. Por fim, a terceira compreende inventos
destinados a criar identidades e diferenciações, como marcas e sinais distintivos de empresas
e produtos. O conjunto dessas categorias constitui o que conhecemos como propriedade
intelectual, englobando desde obras científicas, artísticas e literárias até invenções e
distintivos empresariais.

2.4. Necessidade da Proteção à Propriedade Intelectual


A criação intelectual não é fruto do acaso; demanda investimento significativo de tempo e
esforço. O labor humano é crucial para impulsionar o avanço do conhecimento. Ao longo da
história, os pensadores dedicaram-se arduamente, promovendo a evolução da sociedade, o

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progresso da humanidade e a ampliação das fronteiras do saber, especialmente nas ciências.
Assim como qualquer outra forma de trabalho, o trabalho intelectual merece remuneração e
proteção.

Atualmente, há um crescente reconhecimento da necessidade de proteção das criações


intelectuais. Como observado por Bittar Filho (2002, p. 109), no mundo empresarial
contemporâneo, ocorre a incorporação de criações intelectuais em produtos industriais como
estratégia para atrair consumidores, valorizando a estética refinada ao longo da prática
artesanal, conquistando a preferência do público.

A propriedade intelectual emerge como componente fundamental do sistema capitalista,


permitindo que trabalhadores criativos protejam suas realizações como recompensa e
estímulo pelo esforço criativo que impulsiona o avanço científico e o progresso social.
Scudeler (2008, p. 38) destaca sua importância em uma época em que as criações intelectuais
não recebiam proteção legal, levando inventores geniais a empregar diversas técnicas para
proteger suas obras.

Um exemplo notório é Leonardo Da Vinci, que escrevia seus registros de forma invertida,
dificultando a compreensão por estranhos. Durante a transição da antiga União Soviética nas
décadas de 1980 e 1990, seus principais pensadores migraram para o mundo capitalista em
busca de melhores condições de reconhecimento para suas contribuições criativas.

Sob uma perspectiva de mercado, Gandelman (2004, p. 117) argumenta que a ausência de
direitos de propriedade limita o controle sobre a produção e o acesso ao conhecimento,
resultando na escassez de produção e circulação desse conhecimento. A proteção da
propriedade intelectual não apenas defende o capitalismo, mas também garante o incentivo à
pesquisa, promovendo desenvolvimento e progresso social.

Se as grandes empresas não obtivessem retorno econômico com pesquisas, o único benefício
seria o social. Assim, a proteção da propriedade intelectual é crucial não apenas para o
funcionamento eficaz do capitalismo, mas também para garantir que o incentivo à pesquisa
seja eficaz, promovendo o desenvolvimento e o progresso social.

2.5. Providências Cautelares


As providências cautelares são medidas de caráter urgente e provisório que visam evitar
danos irreparáveis ou de difícil reparação enquanto o mérito da questão é discutido. No
âmbito da propriedade intelectual, essas medidas desempenham um papel crucial na proteção
dos direitos do titular contra violações iminentes ou em curso. Exemplos de providências

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cautelares incluem a apreensão de bens, a suspensão da comercialização de produtos
infratores e a interrupção de atividades que violem direitos de propriedade intelectual.

Segundo Soares (2018), "as providências cautelares são essenciais para garantir a eficácia da
proteção dos direitos de propriedade intelectual, uma vez que permitem a adoção de medidas
imediatas para evitar danos irreparáveis".

A eficácia das providências cautelares está intrinsecamente ligada à celeridade e à capacidade


de garantir a preservação dos direitos em questão. No entanto, sua concessão deve ser
equilibrada com a necessidade de evitar abusos e proteger os direitos legítimos das partes
envolvidas.

No Brasil, as providências cautelares são reguladas pelo Código de Processo Civil,


especialmente nos artigos 300 e seguintes. Além disso, a Lei de Propriedade Industrial (Lei nº
9.279/96) e a Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) estabelecem disposições específicas
sobre medidas cautelares no contexto da propriedade intelectual.

2.6. Tutela Jurisdicional


A tutela jurisdicional refere-se ao conjunto de medidas e procedimentos disponíveis perante o
Poder Judiciário para a proteção e reparação dos direitos de propriedade intelectual. Ao
contrário das providências cautelares, a tutela jurisdicional envolve um processo mais
abrangente, no qual as partes têm a oportunidade de apresentar argumentos, produzir provas e
contestar as alegações adversárias.

Conforme ressaltado por Machado (2020), "a tutela jurisdicional é fundamental para garantir
a aplicação eficaz da lei de propriedade intelectual, oferecendo um processo justo e equitativo
para resolver disputas e proteger os direitos das partes envolvidas".

No contexto da propriedade intelectual, a tutela jurisdicional pode incluir ações de natureza


civil, penal e administrativa, dependendo da gravidade e da natureza da violação. Entre os
tipos de ações mais comuns estão as ações de nulidade, as ações de infração e as ações
indenizatórias.

A eficácia da tutela jurisdicional na proteção dos direitos de propriedade intelectual depende


da adequação e da eficiência do sistema judiciário em lidar com questões complexas e
especializadas. Além disso, a cooperação internacional e a harmonização das leis e
procedimentos são fundamentais para garantir a proteção dos direitos de propriedade
intelectual em um contexto globalizado.

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3. Conclusão
A tutela dos direitos de propriedade intelectual requer uma abordagem abrangente que inclua
tanto medidas cautelares quanto a tutela jurisdicional. Providências cautelares são essenciais
para evitar danos imediatos e irreparáveis, enquanto a tutela jurisdicional oferece um
processo mais amplo para resolver disputas e garantir a aplicação eficaz da lei. A integração
eficaz desses dois elementos é fundamental para promover a inovação, proteger a criatividade

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e estimular o desenvolvimento econômico em um mundo cada vez mais orientado pelo
conhecimento.

4. Referências bibliográficas
BASSO, Maristela. O Direito Internacional da Propriedade Intelectual. Porto Alegre: Editora
Livraria do Advogado, 2000.

BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Tutela dos Direitos da Personalidade e dos Direitos Autorais
nas Atividades Empresariais. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002.

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DIEZ-PICAZO, Luis. Fundamentos Del Derecho Civil Patrimonial: Las relaciones
jurídicoreales- El registro de la propriedad- La posesion. Madrid: Civitas, 1995.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das coisas. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.

GOMES, Orlando. Direitos Reais. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.

MORAES, José Diniz. A Função Social da Propriedade e a Constituição Federal de 1988. São
Paulo: Malheiros, 1999.

Machado, A. B. Direito da Propriedade Intelectual. São Paulo: Atlas. 2020

Soares, P. F. Medidas Cautelares no Direito de Propriedade Intelectual. Revista Brasileira de


Direito Intelectual, 2018

SERPA, Miguel Maria. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2001.

SCUDELER, Marcelo Augusto. Do Direito das Marcas e da Propriedade Industrial.


Campinas:
Editora Servanda, 2008.

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