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FACULDADE DE DIREITO

Curso de Licenciatura em Direito, 3.˚ Ano, 2023

Direito de Propriedade Intelectual

Tutela dos Direitos de Propriedade Intelectual

Discente:

Carolina Flávia Maibaze

Nampula, março de 2024


Indice
I. Introdução........................................................................................................2

II. Justificativa......................................................................................................2

III. Objectivos.....................................................................................................3

i. Geral:................................................................................................................3

ii. Específicos:......................................................................................................3

IV. Metodologia..................................................................................................3

1. TUTELA DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL...............4

1.1. Disposições Gerais.......................................................................................4

1.2. Tutela dos direitos de Propriedade Intelectual em Moçambique.................4

1.2.1. Tutela Civil...............................................................................................5

1.2.1.1. Providencias Cautelares...........................................................................6

1.2.2. Tutela Penal..............................................................................................7

VI. Referencias Bibliográficas............................................................................9

i. Doutrina e artigos científicos...........................................................................9

ii. Legislação........................................................................................................9

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I. Introdução

O presente trabalho propõe-se a analisar a tutela dos direitos de propriedade


intelectual, com foco para a legislação, procedimentos judicias e eficácia das medidas
adoptadas.
No intricado universo da propriedade intelectual dos direitos de autor e conexos
revela uma mescla singular entre elementos intangíveis, como conhecimento, arte e
cultura, e sua materialização em formas como patentes, marcas e obras artísticas.
Esses direitos, regidos por instrumentos jurídicos distintos, compartilham a
necessidade de tutela judicial para prevenir ou reparar violações.
Em Moçambique, a trajectória da protecção legal desses direitos reflecte a
evolução política, cultural e social do pais, embora ainda apresentes lacunas legislativas.
No entanto, a tutela civil e penal emergem como pilares fundamentais na defesa desses
direitos, com instrumentos como a responsabilidade civil e as providencias cautelares,
além da tipificação de crimes como usurpação e contracção,
Esses mecanismos reflectem não apenas a preocupação do Estado em garantir a
conformidade com os padrões internacionais, mas também a importância atribuída a
protecção da propriedade intelectual no contexto moçambicano.
Como superar tais desafios e fortalecer os mecanismos de protecção dos direitos
de autor e conexos em Moçambique?

II. Justificativa
A importância da propriedade intelectual na promoção da inovação, da
criatividade e desenvolvimento económico é indiscutível. Portanto, uma analise
aprofundada dos mecanismos de tutela dos direitos de propriedade intelectual em
Moçambique ~e essencial para identificar as lacunas na legislação e propor medidas para
aprimorar a protecção desses direitos.

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III. Objectivos
i. Geral:

Investigar os mecanismos de tutela dos direitos de ´propriedade intelectual em


Moçambique, identificando lacunas na legislação e nos precedentes judiciais.

ii. Específicos:
 Analisar a evolução da legislação sobre os direitos do autor e direitos.
conexos em Moçambique;
 Analisar os meios de tutela dos direitos de propriedade intelectual;
 Caracterizar os meios de tutela do direito de propriedade intelectual;
 Descrever as providências cautelares e tutela jurisdicional enquanto meios
de tutela da propriedade intelectual.

IV. Metodologia

O presente trabalho será feito com base numa abordagem qualitativa, baseada
numa revisão bibliográfica e analise documental da legislação moçambicana relacionada
aos direitos de propriedade intelectual.
Será também usado o método dedutivo, na medida em que, sera feito com base
numa revisão bibliográfica e analise documental da legislação moçambicana relacionada
aos direitos de propriedade intelectual.

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1. TUTELA DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL
1.1. Disposições Gerais

Conforme entende Geraldes (2009), a propriedade industrial e os direitos de autor


e direitos conexos abarcam realidades diversas, tendo em comum o facto de se referirem a
direitos com características específicas, em que factores intangíveis, ligados ao
conhecimento, à ciência à investigação, à arte ou à cultura, coexistem com a materialização
de tais direitos designadamente sob a forma de patentes, marcas, modelos, produtos ou
obras artísticas ou culturais.
A sua regulamentação é assegurada através de instrumentos jurídicos distintos.
Ainda assim, no que respeita aos mecanismos de tutela jurisdicional as soluções são
praticamente idênticas (p. 2).
Segundo o artigo 2º, nº 2, do Decreto-Lei nº44129, de 28 de Dezembro de 1961,
alterado pelo Decreto-Lei nº1⁄2013, de 4 de Julho, CPC, a todo o direito corresponde uma
acção adequada a fazê-lo reconhecer em juízo, a prevenir ou reparar a violação e a realizá-
lo coercivamente, bem como os procedimentos necessários a acautelar o efeito útil da
acção.
Ainda na ordem de ideias do António Geraldes (2009), os direitos de propriedade
intelectual não dispensam tais instrumentos de natureza jurisdicional. Aliás, atenta a sua
natureza específica, o facto de a sua violação poder ocorrer em diversos locais e sob
diversas formas e poder ser da responsabilidade de uma multiplicidade de agentes reclama,
mais do que ocorre noutras situações, a possibilidade de ser solicitada a intervenção dos
tribunais para prevenir ou fazer cessar a sua violação ou para reparar os prejuízos
causados.
De entre os mecanismos jurisdicionais capazes de exercer uma tutela útil e célere
e, por isso, eficaz, contam-se os procedimentos cautelares, como instrumentos de natureza
processual caracterizados pela simplicidade da tramitação e dos requisitos, pela
sumariedade das averiguações ou pela adopção de critérios de verosimilhança na decisão
(p.2,3).
O recurso a providências cautelares, da competência dos tribunais judiciais de
competência especializada ou de competência cível, não esgota os mecanismos de tutela
que podem servir os mesmos interesses.

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1.2. Tutela dos direitos de Propriedade Intelectual em Moçambique
Os meios de tutela são entendidos como instrumentos que o autor e titular do
direito de autor conexo tem para poder recorrer aos órgãos judiciais (tribunais), com a
finalidade de proteger e salvaguardar o seu direito que está a ser violado ou que foi violado
e possuem garantia constitucional.
Parafraseando Dos Santos (2017), a protecção legal no Estado moçambicano
obedeceu a várias etapas desde o tempo colonial até o tempo presente. Passou pelos
diferentes estágios de desenvolvimento político, cultural social e económico, tendo em
conta o regime político que se viveu.
O Estado moçambicano foi sempre a favor da protecção do direito de autor
conexo, devido à importância que os mesmos apresentam, uma vez que verificava-se no
direito de autor e direito conexo uma certa fragilidade por natureza. Neste sentido, o direito
de autor foi evoluindo, e prova disto é o facto de Dez anos após a independência, ter
havido a intenção de aderir o acordo de TRIPS à Convenção de Viena (p.45).
É verdade que o Estado sempre teve atenção na protecção do direito de autor, mas
também é verdade que no Estado moçambicano se verifica uma carência de diplomas
legais para regular e proteger o direito de autor e o direito conexo, existindo apenas a
constituição e a Lei n.º 4/2001, de 27 de Fevereiro. Como instrumentos fundamentais para
protecção do direito de autor que consideramos insuficientes. Assim, a Lei moçambicana é
clara quanto aos meios de tutela, considerando como meios mais importantes na protecção
do direito autor e direito conexo a tutela civil e penal.
Pode-se notar que as duas formas ou modalidade de tutela anteriormente
apresentadas são jurisdicionais, assim sendo, não debruçar-me-ei da tutela jurisdicional de
forma isolada.

1.2.1. Tutela Civil

Para Dos Santos (2017, p. 46), doutrina define o direito civil como ramo comum
ou geral do direito privado um ramo subsidiário aos outros ramos do direito privado, é o
ramo da ciência Direito que é visto e vivido nas relações entre particulares, que está ao
dispor dos mesmos para recorrerem quando sentirem-se lesados nos seus direitos.
Duma acentuada leitura da Lei n° 4/01 de 27 de Fevereiro que aprova os direitos
do autor e direitos conexos, pode-se extrair do seu artigo 60.˚ a ideia da possibilidade da

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responsabilidade civil e não estando essa detalhada ou mais explicita passo a analisar a
mesma.
Por sua vez, o Decreto n° 47/ 2015 de 31 de Dezembro que aprova o Código de
Propriedade Industrial, pois a Propriedade Intelectual não deve ser analisada de forma
isolada, no seu artigo 184.˚ as demais legislações a tutela definida por lei, deste modo
passo a analisar a responsabilidade civil.

1.2.1.1. Providencias Cautelares

No direito em geral e em especial no direito civil, mais concretamente no direito


autoral e conexo, existe um meio de tutela que se pode recorrer quando o titular receia que
o seu direito possa ser violado ou mesmo quando à um perigo eminente para evitar danos
maiores, futuros, ou até mesmo um dano difícil de ser reparado, estamos a falar da
providencia cautelar que o meio por excelência nestas situações
Para Leitão (2011, p. 296 e 297.) a providência cautelar vem defender, como
qualquer outro meio, quando há perigo eminente da violação de um direito.
No entanto, dissemos que o autor pode recorrer a este meio de tutela, fazendo
seguir-se das acções definitivas no sentido em que os violadores sejam acautelados e
condenados em violações futuras. O direito autoral e conexo tem esse lado positivo na
defesa dos seus direitos que não carece de forma ou previsão especial de protegê-los.
A Lei Moçambicana prevê as medidas judiciais provisórias, de forma específica,
que estão consagradas no artigo 69.º, da Lei n° 4/01 de 27 de Fevereiro que aprova os
direitos do autor e direitos conexos, desde que o titular do direito de autor e conexo solicite
ao Tribunal competente para reconhecer as da Lei n° 4/01 de 27 de Fevereiro que aprova
os direitos do autor e direitos conexos acções civis movidas em virtude da Lei, desde que o
faça em conformidade as disposições pertinentes do Código do Processo Civil
Moçambicano.
Quando o autor achar que o seu direito está a ser violado deverá instaurar uma
providência cautelar, nos termos do artigo 398.º do CPC. É nos termos deste artigo que o
lesado poderá recorrer para evitar prejuízos maiores no seu direito. A providência cautelar
é um meio de tutela do direito autoral e direito conexo que a Lei prevê antes de partir para
um outro meio.
É importante aqui fazer menção aos requisitos gerais das providencias cautelares
que devem verificar-se para a tutela dos direitos de propriedade intelectual.

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No entendimento do Timbane (2020, p.201) constituem de forma sucinta os
requisitos gerais das PC, o Fumus Bonus Iuris que traduz-se probabilidade seria de
existência do direito e o Periculum in Mora que traduz-se no prejuízo concreto que a
demora na satisfação traz para o titular do direito . Verificados esses requisitos o portador
do direito pode requerer nos termos do artigo 398.º do CPC uma providencia cautelar não
especificada.

1.2.2. Tutela Penal

A doutrina portuguesa assim como a moçambicana não colocou de fora a tutela


penal nos direitos de autor e conexo, para todos efeitos a tutela penal também faz parte do
elenco dos meios de tutela destes direitos. Este ponto tem, na sociedade actual, uma
relevância determinante na defesa e protecção dos direitos de autor e conexo.
É verdade que não existe em Moçambique uma análise comentada e mais
aprofundada sobre este tema e, em particular, sobre este ponto, o que face à sua atualidade
e relevância prática justifica um estudo sobre o meio de tutela penal do direito de autor e
direito conexo.
A Lei Moçambicana considera o direito de autor e conexo como objeto de tutela
penal, sendo que o objeto da tutela as criações intelectuais do domínio literários, científico
e artístico e por qualquer modo exteriorizadas
Dias (2009, p.11) alude que o conteúdo do direito de autor e conexo consiste nas
faculdades que são atribuídas ao autor no âmbito do seu direito. É, pois, fulcral sabermos
quais são estas faculdades protegidas, pois só assim conseguiremos identificar a conduta
típica a punir em termos penais. O conteúdo do direito de autor e conexo é composto por
faculdades de carácter patrimonial e por faculdades de carácter pessoal e morais. Estas
faculdades constituem o núcleo do conteúdo.
Regra geral está consagrada no artigo 60.º da Lei n° 4/01 de 27 de Fevereiro que
aprova os direitos do autor e direitos conexos. Esta mesma lei prevê os direitos de autor e
dos direitos conexos, tipos criminais de usurpação o nos termos do artigo 61.º e
contrafacções e plágio, nos termos do artigo 62.º

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V. Conclusão
Diante da complexidade da necessidade de protecção dos direitos da propriedade
intelectual, é evidente que tanto a propriedade industrial quanto os direitos de autor e
conexos requerem uma abordagem multifacetada e uma rede robusta de instrumentos
legais.
A natureza híbrida desses direitos, que abrange tanto aspectos tangíveis, exige
uma regulamentação cuidadosa e uma abordagem judicial eficaz. A utilização de
mecanismos jurisdicionais como providências cautelares, aliada à tutela civil e penal,
revela-se essencial para garantir a protecção adequada desses direitos em Moçambique e
em outros contextos legais.
Assim, é imperativo que o Estado continue a adaptar e aprimorar sua legislação
para acompanhar as evoluções no campo da propriedade intelectual e a garantir uma
protecção eficaz aos criadores e titulares de direitos.
Em suma, a protecção da propriedade intelectual requer uma abordagem
abrangente, utilizando tanto a tutela civil quanto a penal, e destacando a importância das
providências cautelares. É essencial que o Estado continue a desenvolver e aprimorar sua
legislação para garantir a protecção adequada dos direitos dos criadores e titulares.

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VI. Referencias Bibliográficas
i. Doutrina e artigos científicos

DIAS, V. E. M., A tutela Penal do Direito de Autor, Relatório de direito de autor, Curso de
mestrado científico em direito intelectual: Lisboa, 2009.

Dos Santos, A. E., Os meios de Tutela do direito de Autor direito Conexo no Direito
Angolano, Dissertação de mestrado em Ciências Jurídicas: Lisboa, 2017.

GERALDES, A. S. A., Violação de Direitos Industriais e Responsabilidade Civil (APDI),


Vol. III, 1ª edição, Coimbra, Almedina, 2012.

Leitão, L. M. T., Direito de Autor, Coimbra: Almedina, 2011.

ii. Legislação

Decreto-Lei nº44129, de 28 de Dezembro de 1961, alterado pelo Decreto-Lei nº1⁄2013, de


4 de Julho – Codigo do Processo Civil.

Lei n° 4/01 de 27 de Fevereiro, que aprova os direitos do autor e direitos conexos

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