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Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância

CENTRO DE RECURSO DE CHIMOIO


2º ano 2020

1. O estudante:
Nome: Francisco Manuel Zeca
Curso: Direito Código do Estudante: 51190270
Ano de Frequência: 2º /2019

2. O trabalho
Trabalho de: Direito Penal Código da Disciplina:
Nº de Páginas: (16)
Tutores: dr. Ilda Chiveca João António

Registo Data da Entrega:


Recepção por: 26/03/2020

3. A correcção:
Corrigido por:
Cotação (0 –20):
4. Feedback do Tutor:

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Direito Penal, Março 2020.
Instituto Superior de Ciências de Educação à Distância

Nome do Estudante: Francisco Manuel Zeca

Curso de Direito IIº Ano

Chimoio

Cadeira: DIREITO PENAL

2020

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Direito Penal, Março 2020.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4
TEMA ....................................................................................................................................... 5
JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 5
OBJETIVOS ............................................................................................................................. 5
METODOLOGIA ..................................................................................................................... 6
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO .............................................................................. 7
AS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA ......................................................... 9
DIFERENÇA ENTRE LEGÍTIMA DEFESA E ESTADO DE NECESSIDADE ................. 12
ELEMENTOS DA LEGITIMA DEFESA .............................................................................. 13
ERRO ...................................................................................................................................... 14
CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 15
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 16

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Direito Penal, Março 2020.
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema “LEGÍTIMA DEFESA E OS EFEITOS


JURÍDICOS NA LEGISLAÇÃO PENAL MOÇAMBICANA” e foi desenvolvido
no âmbito do módulo DIREITO PENAL e tem como objetivo Fazer estudo e a
sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das
expressões legitima defesa e os efeitos jurídicos na legislação penal moçambicana e
também a sua integração e a sua aplicação.

A legítima defesa, isto é, o direito de defesa (artigo 21.º, 2.ª parte, da Constituição) é
uma das causas de justificação do facto (art. 44.º, n.º 5 do Código Penal). Comprovada a
sua plena verificação, a ilicitude do facto tem-se por excluída. Isto significa que o
agente que praticou um facto típico não deve ser punido por tal, concluindo-se pela
inexistência de ilicitude e, como tal, de responsabilidade criminal.

A legítima defesa fundamenta-se, em termos objetivos, na consideração de que o


Direito não deve ter de ceder perante o ilícito e subjetivamente, no reconhecimento aos
cidadãos de um direito de autodefesa dos seus interesses. O agressor viola a paz jurídica
e ameaça bens determinados. O defendente protege o direito objetivo e os seus
interesses.

A legítima defesa é hoje tida pela quase generalidade da doutrina como uma causa de
exclusão da ilicitude, constituindo o exercício de um direito – o direito de defesa.
Com efeito, e conforme é também entendimento unânime, a protecção dos indivíduos
dentro de um Estado de Direito Democrático deve, em linha de princípio, ser garantida
pela autoridade pública. O Estado detém o monopólio de uso da força, sendo apenas a
ele que, em princípio, é lícito usar essa força para garantir a protecção dos seus cidadãos
e garantir, igualmente, o império do Direito sobre a ilicitude. Não raras vezes ocorre que
os cidadãos são vítimas de agressões ilícitas em situação em que não é possível, em
tempo útil, recorrerem à força pública para prevenir ou suspender a agressão
A Legítima defesa é uma causa de exclusão da ilicitude que se caracteriza pela
existência de agressão ilícita, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, que pode ser
repelida usando-se moderadamente dos meios necessários. Esta situação justificante
encontra-se positivada no Art. 23, II, e no Art. 25, ambos do Código Penal.
Agindo nos termos que justificam a legítima defesa o agente não pratica crime, devido à
exclusão da antijuridicidade, que é elemento integrante e essencial do fato punível. No
entanto, o agente pode responder pelo excesso a título de dolo ou culpa.

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Direito Penal, Março 2020.
TEMA

Pretende-se com este trabalho realizar uma pesquisa tendo como estudo de caso
“LEGÍTIMA DEFESA E OS EFEITOS JURÍDICOS NA LEGISLAÇÃO PENAL
MOÇAMBICANA” como o modelo que o intérprete que vai seguir para extrair o
verdadeiro sentido da norma observando os preceitos jurídicos, de acordo com uma
sociedade justa, sem conflituar com o direito positivo e com o meio social.

JUSTIFICATIVA

A Legítima defesa é uma causa de exclusão da ilicitude que se caracteriza pela


existência de agressão ilícita, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, que pode ser
repelida usando-se moderadamente dos meios necessários Esta situação justificante
encontra-se positivada no Art. 23, II, e no Art. 25, ambos do Código Penal.

OBJETIVOS

 Pretente-se com este trabalho entender quanndo a legítima defesa é considerada


um Excludente de Ilicitude, ou seja, uma exceção em que um cidadão não é
responsabilizado legalmente por um ato.

 Quais elementos caracterizam a legítima defesa;

 Diferença entre legítima defesa e estado de necessidade;

 Erros;

 As principais espécies de legítima defesa

 Qual è o limite da ligitima defesa.

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Direito Penal, Março 2020.
METODOLOGIA

Para podermos avançar com a definição dos métodos a serem adotados no presente
trabalho de campo (pesquisa), quero antes fazer uma breve distinção entre método e
metodologia.

Segundo Richardson (2007, p.22) “Método, vem do grego méthodos (meta = além de,
após de + ódos = caminho). Portanto, seguindo a sua origem, método é o caminho ou
maneira para chegar a determinado fim ou objectivo, distinguindo-se assim, do conceito
de metodologia, que deriva do grego methodos (caminho para chegar a um objectivo) +
logos (conhecimento). Assim, a metodologia são os procedimentos e regras utilizadas
por determinado método.” Richardson (2007, p.22).
O método a ser adotado será pesquisa

Pesquisa e ou investiga o é um processo sistem tico para constru o de conhecimento


humano, gerando novos conhecimentos, podendo também desenvolver, colaborar,
reproduzir, refutar, ampliar, detalhar, atualizar, algum conhecimento pré-existente
servindo basicamente tanto para individuo ou grupo de individuo que a realiza quanto
para a sociedade na qual esta se desenvolve.

Do ponto de vista de procedimentos técnicos, far-se-a uma pesquisa bibliográfica a


partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura a tenta
e sistemática que faz acompanhar de anotações e fechamento que, eventualmente,
poderão servir a fundamentação da teoria.
Etapas

 A primeira etapa consiste na recolha e revisão da literatura pertinente ao estudo,


com o objetivo de encontrar as melhores orientações metodológicas para
elaboração do ptrabalho bem como informações e trabalhos anteriores
realizados sobre o tema em pesquisa.
 Segundo etapa consistiram no tratamento e análise dos dados colhidos através
dos questionários aplicados e posteriormente faz-se a interpretação dos
resultados obtidos.

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Direito Penal, Março 2020.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

O artigo tem por finalidade de estudo o sobre legítima defesa, que é uma das causas de
exclusão da ilicitude que se caracteriza pela existência de agressão injusta, atual ou
iminente, a direito próprio ou alheio, que pode ser repelida usando-se moderadamente
dos meios necessários que codigo penal Moçambicano estão sustentando no (artigo
21.º, 2.ª parte, da Constituição) é uma das causas de justificação do facto (art. 44.º, n.º 5
do Código Penal). A legítima defesa surgiu com o Direito Penal, uma vez que
representa uma reação natural do homem, refletindo o seu instinto de autoconservação.
Apesar do amplo reconhecimento na maior parte das legislações internacionais, a
legítima defesa é um dos grandes temas controversos do Direito Penal O crime
pode ser definido como uma conduta típica, antijurídica e punível. O primeiro elemento,
a tipicidade, diz respeito à adequação entre a conduta do agente e uma previsão
normativa, o tipo penal abstrato. Assim, é típica a conduta (comissiva ou omissiva; ação
ou omissão) anteriormente prevista em um dispositivo legal incriminador. Toda ação
típica, prima facie, é também antijurídica ou ilícita, contrária ao direito.

A antijuridicidade ou ilicitude da ação está relacionada com a contrariedade do agir


humano em face do ordenamento jurídico, das normas jurídicas como um todo. É um
juízo negativo que se faz sobre a conduta do agente, qualificando-o como contrário ao
direito. A tipicidade e a antijuridicidade são juízos sobre a ação.

Por sua vez, a culpabilidade é um juízo de reprovação pessoal que se estende sobre o
autor do fato tido como típico (definido numa norma penal) e antijurídico (contrário ao
direito). Aquele que podendo e devendo comportar-se conforme o direito agiu em
sentido contrário de maneira livre e consciente.

Esses três elementos acima mencionados compõem o conceito tripartido de delito, cujas
origens se observam na dogmática alemã. Ao nosso estudo interessa com maior ênfase a
análise da antijuridicidade.

Como visto, é típica a conduta prevista em uma norma penal incriminadora. Fala-se em
tipicidade como sendo a adequação entre ação e tipo penal abstrato. Como regra geral,
sendo típica a conduta será também antijurídica ou ilícita, de modo que a tipicidade
configura um indício da antijuridicidade. A conduta típica não será antijurídica quando
praticada sob a é gide de uma causa excludente de ilicitude, conhecida como “tipo
permissivo”. Mas antes de aprofundarmos sobre o tema de trabalho precisamos recorer
alguns autores pra entender oque é realmente legitima defesa significa e qual é a sua
aplicabilidade do direito penal

Segundo Carlos e Friede (2013) lecionam que a legítima defesa se trata de uma das
causas de excludente de ilicitude através da qual o Estado permite, em caso excepcional,
e desde que presentes os requisitos necessários, o exercício da autodefesa, sustentado
por Nucci (2012) na legítima defesa existe um conflito entre o titular de um bem ou

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Direito Penal, Março 2020.
interesse juridicamente protegido e um agressor, agindo ilicitamente, ou seja, trata-se de
um confronto entre o justo e o injusto. E ainda podemos ainda obersevamos corelacao
nas difinicoes se ainda recoremos na difinicao do doutrinador Fernando Capez (2011)
ensina que a legítima defesa é uma causa de exclusão da ilicitude que consiste em
repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando de forma
moderada dos meios necessários. Em suma A legitimidade da defesa se configura com a
utilização de alguns pressupostos, quais sejam: obstar a ação danosa na mesma
intensidade e medida, bem como, com os mesmos recursos se possível, preservando o
bem da vida, e no local e no tempo de onde a agressão esteja ocorrendo. Estes
pressupostas podem ser agressão injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio;
reação com os meios necessários; uso moderado dos meios necessários. Mas antens de
sitarmos agressao como pressuposto da legitima defesa precisamos buscar entender
por alguns autores oqui seria agressao.

Segundo (BITENCOURT, 2012). A segura que agressão configura-se como a conduta


humana que lesa ou põe em perigo um bem ou interesse juridicamente tutelado. A
agressão não pode ser confundida com a mera provocação do agente ainda diz que A
agressão parte de uma ação ou omissão do ser humano, portanto, só haverá a conduta
agressiva se está for iniciada por uma pessoa humana, não existindo conduta agressiva
por um ser irracional, ou seja, um animal, um cachorro ou por qualquer outra coisa
inanimada. Também conforme diz O (CAROLINO, 2016) A agressão pode estar
vinculada também a uma omissão, a qual, há o dever jurídico de agir e o agente não age
causando danos a terceiros, devido a sua conduta omissiva. Por isso somos levados a
entender as diferenças da agressão, conforme esclarece O (MASSON, 2015). A
agressão deve ser injusta, isto é, de natureza ilícita contrária ao direito. A agressão pode
ser dolosa ou culposa. E ainda diz que agressão pode ser atual ou eminente, passada ou
futura.

Agressão atual é a que está acontecendo efetivamente naquele momento. Agressão


iminente é a que está prestes a ocorrer, que acontecerá logo em seguida.

A reação da vítima agredida é sempre preventiva, pois impede o início da ofensa ou sua
continuidade, evitando maior lesão.

Não caracteriza legítima defesa contra agressão passada ou futura. Caso a agressão já
tenha ocorrido no passado, a conduta do agredido não é preventiva, é uma conduta
vingativa ou pode ainda ser classificada como comportamento doentio. Portanto, a
vítima da agressão atual ou iminente quando for se defender, precisa fazer uso
moderado do meio utilizado, para afastar a agressão injusta que está sofrendo. Somente
através da sua ponderação e proporção de defesa, o órgão competente analisará no caso
concreto da sua conduta defensiva e os meios empregados por ela.

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AS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA

Neste capítulo serão analisadas as principais espécies de legítima defesa,


quais sejam: legítima defesa real, própria ou autêntica; legítima defesa
putativa; legítima defesa recíproca; legítima defesa de terceiro; legítima
defesa sucessiva e legítima defesa da honra.

LEGÍTIMA DEFESA REAL, PRÓPRIA OU AUTÊNTICA.

A legitima defesa própria é aquela exercida em seu próprio favor, ou


seja, é a aquela em que a pessoa se defende de alguma reação ilegal que
a outra pessoa tem para com si.

Para que seja este tipo de legítima defesa, a pessoa tem que usar de
mecanismos que tenham a mesma proporção daquele ataque previsto
pelo agressor. Exemplificando: quando acontecer de existirem duas
pessoas no mesmo local, e uma delas se aproximar com um punhal na
mão, com a finalidade de matar/agredir a outra, a vítima pode usar de
outros recursos para se defender gerando os mesmos efeitos que iria
acontecer, caso fosse agredida. Portanto, se o agressor tinha o intuito de
matar, a vítima pode se defender com a mesma razoabilidade que o
agressor, ou seja, também tendo a liberdade de ferir, ou até mesmo
matar.

A legítima defesa autêntica é aquela em que a situação de agressão


injusta está efetivamente acontecendo.

LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA

A legítima defesa putativa ocorre quando alguém por um erro


justificável pelas circunstâncias repele aquilo que ele acredita ser uma
agressão injusta e atual.

Capez (2011) conceitua legítima defesa putativa como sendo a errônea


suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo ou erro de
proibição. A vítima imagina que irá sofrer uma injusta agressão, que na
verdade não existe.

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LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA

Este tipo de legítima defesa ocorre quando há agressão entre ambas as


partes, ou seja, ataque e defesa ao mesmo tempo. Nessa modalidade, é
difícil de identificar quem deu início a agressão, e, como não tem como
saber quem iniciou a agressão, o juiz aplica que ocorreu a legítima
defesa recíprocos.

Entretanto, quando duas pessoas iniciais começam uma briga, mas não
se sabe quem iniciou esta briga, o juiz, poderá reconhecer a absolvição
por ausência de provas, e não a própria legítima defesa recíproca em si.

A legítima defesa recíproca, que ocorre quando não há injusta agressão a


ser repelida, uma vez que a conduta inicial do agente é ilícita.

A hipótese de legítima defesa contra legítima defesa não é admitida no


ordenamento jurídico. Se o agente atua em legítima defesa, é porque há
injustiça na agressão. O agressor não pode, em seu favor, alegar legítima
defesa se repelir o ataque lícito do agente.

LEGÍTIMA DEFESA DE TERCEIRO

Na legítima defesa há possibilidade da pessoa, além de defender seu


direito, defender direito de terceiros, mesmo que esse terceiro não tenha
nenhum vínculo de proximidade com o repelente da agressão.

Qualquer bem jurídico pode ser protegido pelo instituto da legítima


defesa, sendo irrelevante a distinção entre os bens. (CAROLINO, 2016)

A titularidade do bem jurídico protegido, pode ser classificado em:


próprio ou de terceiro, que autorizam legítima defesa própria, quando o
repelente da agressão é o próprio titular do bem ameaçado ou atacado,
e legítima defesa de terceiro, quando objetiva proteger interesse de
outrem (GRECO, 2016).

Flávio Augusto Monteiro de Barros ensina que:

Admite-se a legítima defesa para a proteção de direito próprio ou de


outrem. A legítima defesa de terceiro consagra o sentimento de
solidariedade humana. Não é necessário relação de parentesco ou
amizade com o terceiro em favor de quem se exercita a legitima defesa.

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O terceiro pode ser uma pessoa jurídica, o nascituro, a coletividade, o
Estado. Afinal, a legítima defesa é uma forma de autotutela, que auxilia
o Estado na luta pela preservação do direito (BARROS, 2006, p. 333).

A legítima defesa é um instituto que preza pela proteção dos bens


jurídicos tutelados pelo direito, quando estão diante de uma agressão
atual ou iminente considerada injusta. Encontrando-se em situação de
risco, o bem tutelado juridicamente, tanto o do titular do próprio direito,
quanto o do terceiro, podem assim repelirem a injusta agressão.

LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA

Este tipo de defesa acontece quando o agressor realiza uma atitude ilícita
perante a vítima, e esta reage praticando atos que ultrapassam os limites
da legítima defesa, ação esta que acaba provocando prejuízo ao primeiro
agressor e, com isso, acaba realizando um ato para moderar os efeitos
daquela ação.

A legítima defesa sucessiva é aquela defesa que parte do agressor em


direção a vítima, sendo assim a vítima a prejudicada neste conflito.

Conforme ensina Rogério Greco (2016), quando o agente alcança seu


objetivo, qual seja fazer cessar a agressão injusta, já não poderá ir além.

A legítima defesa sucessiva ocorre na repulsa contra o excesso. É a


reação contra o excesso injusto. A ação de defesa inicial é legítima até
que cesse a agressão injusta, configurando-se o excesso a partir daí. No
excesso, o agente atua ilegalmente, ensejando ao agressor inicial, agora
vítima da exacerbação, repeli-la em legítima defesa.

LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA


ARTIGO 2.- (Direito de legítima defesa)
A República de Moçambique prossegue uma apolítica de paz, só recorrendo à força em
caso de legítima defesa, não identifica qual bem jurídico deverá ser objeto de proteção,
bastando que exista uma injusta agressão, e que a pessoa se utilize dos meios
necessários e de forma moderada, visando repelir a injusta agressão. Portanto, admitia-
se a legitima defesa da honra.

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A emoção, que trata de sentimento de menos intensidade, passageiro,
que submete a pessoa a perturbações temporárias do equilíbrio psíquico
(MASSON, Cleber, 2014) e paixão, sentimento mais intenso, que se
prolonga no tempo e perturba o equilíbrio psíquico do sujeito de forma
duradoura, (inveja, avareza) não é por si só, capazes de afastar a
culpabilidade do assassino, possuindo o indivíduo a capacidade de
compreender o caráter ilícito da ação ou de se autodeterminar com este
entendimento, ainda que tais sentimentos sejam elevados e de alta
intensidade.

DIFERENÇA ENTRE LEGÍTIMA DEFESA E ESTADO DE NECESSIDADE

A legitima defesa e o estado de necessidade são causas de exclusão de ilicitude previstas


no artigo 23 do Código Penal.

A ilicitude encontra-se na contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, onde


uma ação ou omissão são ilícitas, ou seja, é tudo o que se opõe as leis.

O artigo 23 do Código Penal dispõe sobre as causas excludentes de ilicitude, que


consistem em afastar a contrariedade da conduta com direito, não havendo que se falar
em crime.

O conceito de legitima defesa foi definido no capítulo anterior.

O estado de necessidade presume um conflito entre titulares de interesses lícitos e


legítimos, em que um deles pode perecer licitamente para que o outro sobreviva, ou
seja, é o estado de necessidade que exclui a ilicitude da conduta de quem não tem o
dever legal de enfrentar o perigo e que foi provocado, e acaba sacrificando um bem
jurídico para salvar outro bem, próprio ou alheio.

No estado de necessidade existe um conflito entre diversos bens jurídicos que estão
diante de uma situação de perigo, situação está que não poderia ter sido prevista, em que
o perigo é originado pelo comportamento humano, animal ou por evento da natureza. O
estado de necessidade exclui o caráter antijurídico de uma conduta criminosa. Neste
caso, os interesses do agressor são ilegítimos e a agressão não possui destinatário certo.

De acordo com Capez (2008), ataque de animal não configura a legitima defesa. No
caso, se a pessoa se defende do ataque do animal, está agindo em estado de necessidade.
Mas, se o dono do animal incentiva e ordena para que o animal ataque uma pessoa, e a
pessoa se defende, ela estará agindo em legitima defesa, tendo em vista que o animal é
um ser irracional, mas que está sendo utilizado para prática de crime. O animal por si só
não pratica agressão.

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A principal diferença é que na legítima defesa o autor defende um bem jurídico seu ou
de terceiro, de uma agressão injusta; enquanto que no estado de necessidade, devido as
circunstâncias, o autor lesará um bem jurídico para afastar a situação de perigo. No
estado de necessidade existe ação e na legítima defesa reação.

Portanto, na legítima defesa tem-se uma agressão injusta e um bem jurídico a ser
defendido, já no estado de necessidade haverá dois bens jurídicos tutelados pelo
ordenamento e em virtude da situação, um predominará sobre o outro.

Há conflitos entre bens juridicamente tutelados no estado de necessidade, já na legítima


defesa há repulsa a agressão sofrida. Na legítima defesa à conduta só pode ser dirigida a
figura do agressor, enquanto no estado de necessidade poderá ser dirigida contra
terceiro inocente.

ELEMENTOS DA LEGITIMA DEFESA

Nas causas de justificação há elementos objetivos e subjetivos.


A este propósito, discute-se se é de exigir do defendente um particular conteúdo de
vontade ou uma intenção caracterizada de certo modo (animus defendendi) e se é de
exigir o conhecimento da agressão atual e ilícita.
A resposta a ambas as questões é, a nosso ver, negativa. Os sentimentos do defendente
(quaisquer que sejam o que pode incluir o desejo de vingança) não são relevantes. Nada
mais se exige para além da existência de uma agressão atual e ilícita.
Também não é de exigir o conhecimento da agressão. Uma defesa casual, por
coincidência, beneficia da legítima defesa.
A necessidade de proceder à investigação do conteúdo psíquico do agente
desequilibraria o instituto, pois é muitas vezes difícil provar o animus defendendi. A
legítima defesa é um direito básico; a ordem jurídica tem de assistir ao defendente que
deve ser tratado benevolentemente. Se se impusesse um requisito subjetivo positivo
estar-se-ia a sobrecarregar o agente com um ónus difícil de provar.
A ordem jurídica deve assistir ao agredido, pois, de facto, num primeiro momento há
uma agressão e o ilícito triunfa o facto consumado funciona sempre.
Perguntar-se-á: como se distingue o agressor do agredido numa situação de legítima
defesa casual? A resposta tem de ser, a nosso ver, a de que a legítima defesa beneficia
ambos: é esta a consequência que se deve aceitar, para não desequilibrar o instituto. No
entanto, as situações de legítima defesa casual são raríssimas.

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ERRO

Seja qual for o tratamento que se der ao problema do animus defendendi, o erro releva
negativamente.
A suposição de um estado de coisas que, a existir, excluiria a ilicitude do facto, é causa
de exclusão de dolo, por aplicação das regras sobre o erro. O erro pode incidir sobre os
pressupostos ou sobre os requisitos de legítima defesa.
Havendo erro sobre os pressupostos, o dolo é excluído.
Havendo erro sobre os requisitos, por maioria de razão, o dolo é também excluído: se
existe uma situação real de legítima defesa e o defendente erra apenas quanto à
existência de um meio menos gravoso, faz sentido que o dolo seja excluído. O erro
sobre os requisitos exige maior benevolência.
Discute-se o tratamento a dar aos casos de excesso de legítima defesa putativa, em que
alguém, supondo a existência de uma agressão atual e ilícita, reage de uma forma que, a
existir a agressão, seria excessiva. A nosso ver, não se pode aplicar o regime do excesso
de legítima defesa porque este pressupõe a existência de uma agressão real. Por outro
lado, a exclusão do dolo só é de aplicar quando a ação, a existir a agressão, fosse
plenamente justificada, mas não já quando há excesso. Isto porque aquele que atua em
excesso de legítima defesa em reação a uma agressão real é punido com a pena
aplicável ao crime doloso correspondente, eventualmente atenuado. Não faria sentido
que aquele que age em excesso de legítima defesa putativa viesse a ser punido de forma
mais benévola.

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CONCLUSÃO

O Estado monopoliza o jus puniendi, ou seja, o direito de punir. Igualmente, tem o


dever inescusável de exercer a tutela dos bens jurídicos e a proteção do ordenamento.
No entanto, em determinadas e excepcionais circunstâncias, é permitido ao particular
que por ato seu exerça a proteção do bem jurídico contra a violação por terceiro. Age,
assim, por autorização estatal.

É a partir de tais situações que se fala em exclusão da antijuridicidade, a falta de valor


que qualifica a ação como contrária ao direito. Noutras palavras, um fato que
isoladamente considerado seria contrário ao ordenamento jurídico, passa a ser
autorizado, esperado, aceito e lícito.

A legítima defesa representa um direito indiscutível, inalienável e irreversível do


indivíduo que visa à proteção pessoal e de terceiros em face do ataque não justificado de
outrem, repelindo a força com a força, a agressão com a contra agressão.

A legítima defesa, conforme se depreende da leitura do dispositivo acima mencionado,


exige a presença simultânea de alguns requisitos objetivos (agressão injusta, atual ou
iminente; uso moderado dos meios necessários; direito próprio ou de terceiro), além do
requisito subjetivo (animus defendendi ou ânimo de defesa).

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REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BARROS, Flavio Augusto Monteiro de. Direito penal: parte geral. Saraiva: 2006.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 17ª. Ed. Rev.
Ampl e atual. São Paulo: Saraiva 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva 2011.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 16ª. Ed. São Paulo: Saraiva
2012, v.1.

CARLOS, André; FRIEDE, Reis. Teoria Geral do Delito. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 2013.

CAROLINO, Anderson Zeferino dos Santos. A legítima defesa como causa


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<https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/459668535/afinal-o-que-e-a-
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GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 18ª ed., Rio de Janeiro:
Impetus, 2016, v.1.

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<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/excesso-na-legitima-defesa-a-
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MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. Parte geral. V. 1. 9ª. Ed. Rev. Atual
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NUCCI, Guilherme de Souza. Direito Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

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BIBLIOGRAFIA: Eduardo Correia, Direito Criminal, II,

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Direito Penal, Março 2020.

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