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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos


Licenciatura em Direito 2º Ano

Trabalho do o Grupo
Cadeira: Direito Penal I

Tema: Fins da Penas

Estudantes:
Barreto Agostinho Muleva
Juliana Sadique Orlando
Lucineide Amelia Luciano
Sharon Ricardo Retxua
Valente Emilia Minicua

Docente:
Msc.Soares Nicachapa

Lichinga, Março de 2024


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos

Licenciatura em Direito 2º Ano

Cadeira: Direito Penal I


Trabalho do o Grupo

Tema: Fins da Penas

Estudantes:
Barreto Agostinho Muleva
Juliana Sadique Orlando
Lucineide Amelia Luciano
Sharon Ricardo Retxua
Valente Emilia Minicua

Nome do Docente:
Msc. Soares Nicachapa

Lichinga, Março 2024


INDICE
INTRODUCÃO
1.1 Objetivos Gerais
MARCONI e LAKATOS (2002) referem que os objectivos gerais "estão ligados a uma visão
global e abrangente do tema, relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenómenos e
eventos.

Assim, o trabalho em alusão tem como objectivo geral:

 Analisar os fins das penas.

1.1.1 Objetivos Específico

 Assim o trabalho tem como objectivos específicos:


 Apresentar a finalidade e as características da pena;
 Falar da evolução histórica das penas e seus fins;
 Descrever as teorias dos fins da pena.

1.1.2 Metodologia

O presente trabalho de pesquisa, envolveu inicialmente a obtenção de informações teóricas


através de estudo exploratório, seguido do estudo formal descritivo, calcado numa pesquisa
bibliográfica junto a autores consagrados na abordagem do tema tratado, além da leitura de
artigos específicos sobre o assunto abordado através da internet.

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Conceito de pena

A pena é sanção penal, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença ao culpado pela
prática de infracção penal, consistente na restrição ou na privação de um bem jurídico, com
finalidade de retribuir o mal injusto causado à vítima e à sociedade bem como a readaptação
social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à colectividade.

Conceito Finalidade da pena

Segundo o numero 1 do Artigo 59 do Codigo Penal 1``As finalidades das penas e medidas de
segurança no contexto jurídico abrangem diferentes objetivos, como a punição proporcional
ao delito, a ressocialização do infrator, a prevenção de crimes futuros e a proteção da
sociedade. As penas visam promover a justiça restaurativa, enquanto as medidas de segurança
têm como foco principal a proteção da sociedade contra indivíduos considerados perigosos.
Ambas são ferramentas essenciais para manter a ordem social e garantir a segurança jurídica.
´´

Finalidade da pena

Existem três teorias para definir a finalidade da pena:

1. Teoria absoluta ou da retribuição – a finalidade da pena é punir o autor de uma


infracção penal. A pena nada mais consiste que na retribuição do mal injusto,
praticado pelo criminoso, pelo mal justo previsto em nosso ordenamento jurídico.
2. Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção – a pena possui fim prático de
prevenção geral e prevenção especial. Fala-se em prevenção especial, na medida em
que é aplicada para promover a readaptação do criminoso à sociedade e evitar que
volte a delinquir. Fala-se em prevenção geral, na medida em que intimida o ambiente
social (as pessoas não delinqúem porque tem medo de receber punição).
3. Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória – A pena possui dupla função,
quais sejam, punir o criminoso e prevenir a prática do crime seja por sua readaptação
seja pela intimidação colectiva.

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Código Penal
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Teoria absoluta ou da retribuição

Fundamentam a existência da pena unicamente no delito praticado ( punitur quia peccatum


est). A pena é retribuição, ou seja, compensação do mal causado pelo crime.

É decorrente de uma exigência de justiça, seja como compensação da culpabilidade, punição


pela transgressão do direito (teoria da retribuição), seja como expiação do agente (teoria da
expiação).

As concepções absolutas têm origem no idealismo alemão, sobretudo com a teoria da


retribuição ética ou moral de Kant - a aplicação da pena decorre de uma necessidade ética, de
uma exigência absoluta de justiça, sendo eventuais efeitos preventivos alheios à sua essência.
Manifesta-se dizendo que "a pena judicial (poena forensis), distinta da natural (poena
naturalis), pela que o vício pune-se a si mesmo e que o legislador não leva absolutamente em
conta, não pode nunca servir simplesmente para fomentar outro bem, seja para o próprio
delinqüente, seja para a sociedade civil, mas deve ser-lhe imposta tão-somente porque
delinqüiu; porque o homem nunca pode ser utilizado como meio senão para si mesmo, nem
confundido com os objetos de direito real (Sachenrecht); diante disso, protege-se sua
personalidade inata, ainda que possa ser condenado a perder a personalidade civil. Antes de se
pensar em tirar dessa pena algum proveito para si mesmo ou para seus concidadãos deve ter
sido julgado como merecedor de punição. A lei penal é um imperativo categórico e (...)". E
com a teoria da retribuição lógico-jurídica de Hegel, a pena é negação do delito e, de
conseguinte, afirmação do direito que havia sido negado pelo delito. Essa construção é
jurídica, portanto, racional. Nas palavras do citado autor: "Como evento que é, a violação do
direito.

Teorias relativas - Prevenção geral e prevenção especial

Encontram o fundamento da pena na necessidade de evitar a prática futura de delitos ( punitur


ut ne peccetur) - concepções utilitárias da pena. Não se trata de uma necessidade em si
mesma, de servir à realização da justiça, mas de instrumento preventivo de garantia social
para evitar a prática de delitos futuros (poena relata ad effectum). Isso quer dizer que a pena
se fundamenta por seus fins preventivos, gerais ou especiais. Justifica-se por razões de
utilidade social.

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A prevenção geral, tradicionalmente identificada como intimidação - temor infundido aos
possíveis delinqüentes, capaz de afastá-los da prática delitiva -, é modernamente vislumbrada
como exemplaridade (conformidade espontânea à lei) - função pedagógica ou formativa
desempenhada pelo direito penal ao editar as leis penais.

De outro modo, a concepção preventiva geral da pena busca sua justificação na produção de
efeitos inibitórios à realização de condutas delituosas, nos cidadãos em geral, de maneira que
deixarão de praticar atos ilícitos em razão do temor de sofrer a aplicação de uma sanção penal.
Em resumo, a prevenção geral tem como destinatária a totalidade dos indivíduos que integram
a sociedade, e se orienta para o futuro, com o escopo de evitar a prática de delitos por
qualquer integrante do corpo social. É a denominada prevenção geral intimidatória, que teve
clara formulação em Feuerbach (teoria da coação psicológica), segundo a qual a pena previne
a prática de delitos porque intimida ou coage psicologicamente seus destinatários. Como
doutrina utilitarista, refuta as bases metafísicas da teoria retributiva, e, nesse sentido,
representa um avanço.

A doutrina moderna, de linha funcionalista, defende a chamada teoria da prevenção geral


positiva ou integradora.

Teorias unitárias ou ecléticas

Predominantes, na atualidade, 41buscam conciliar a exigência de retribuição jurídica da pena


– mais ou menos acentuada - com os fins de prevenção geral e de prevenção especial.

O que se observa é que a idéia de retribuição jurídica, reafirmação da ordem jurídica - num
sentido moderno e secular da palavra -, não desaparece, inclusive se firma como relevante
para a fixação da pena justa que tem na culpabilidade seu fundamento e limite. De certa
maneira, conjugam-seexpiação (compensação da culpabilidade) e retribuição (pelo injusto
penal).

Na verdade, o termo técnico apropriado, mais consentâneo para exprimi-la, vem a ser neo-
retribuição ou neo-retribucionismo, e não propriamente retribuição, já que tem fundamento
próprio, diverso da noção clássica, e relativizado.

De acordo com esse direcionamento, assevera-se que a pena justa é provavelmente aquela qu
eassegura melhores condições de prevenção geral e especial, enquanto potencialmente
compreendida e aceita pelos cidadãos e pelo autor do delito, que só encontra nela (pena justa)
a possibilidade de sua expiação e de reconciliação com a sociedade.
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Dessa forma, a retribuição jurídica torna-se um instrumento de prevenção, e a prevenção
encontra na retribuição uma barreira que impede sua degeneração.

A pena - espécie do gênero sanção penal - encontra sua justificação no delito praticado e na
necessidade de evitar a realização de novos delitos. Para tanto, é indispensável que seja justa,
proporcional à gravidade do injusto e à culpabilidade de seu autor, além de necessária à
manutenção da ordem social. Não se pode admitir a imposição de um único paradigma para a
matéria; muito ao contrário, exige-se uma espécie de solução de compromisso teórico.

De certo modo, em sintonia com o texto, alude-se à existência de uma evidente conexão entre
a natureza retributiva da pena e sua função de prevenção geral. Retribuição é também
prevenção, mas a recíproca não é exatamente a mesma, visto que se pode prevenir sem
retribuir, sendo que a finalidade preventiva pode se satisfazer também "pela punição terrorista
do inocente". "A garantia do caráter retributivo da pena - em razão da qual ninguém pode ser
punido por mais do que fez (e não pelo que é) - serve precisamente para excluir, à margem de
qualquer possível finalidade preventiva ou de qualquer outro modo utilitarista, a punição do
inocente (...)"

A aplicação da pena importa reafirmação do ordenamento jurídico e, nesse sentido, é de certo


modo retribuição (ou melhor, neo-retribuição).

Evolução Histórica das penas

A origem da pena se confunde a origem da humanidade, tendo a mesma a função de coibir e


punir as violações as regras que são instituídas pela sociedade através do tempo. Desde o
homem primitivo, as punições eram aplicadas contra quem não obedecia às regras.

Os governantes, como forma de controle, usavam penas violentas e assim mantinha o povo
controlado pelo medo. Segundo registros históricos, a pena de vingança privada era a mais
antiga da história e logo a mesma passou a ser de interesse público, estatal e centralizado.

A vingança de sangue tinha como objetivo desfazer o a ação do malfeitor através de uma
outra ação tão violenta quanto, com o fim de vingar os clãs atingidos, o que ocasionava
guerras que geralmente acabava por atingir inocentes.

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A vingança se tornou pena pública, inserida no contexto social. Um exemplo é o Código de
Hamurabi, cujo o principio é o “olho por olho, dente por dente”. Embora seja reconhecido
como um código, persiste a essência vingativa e sangrenta (a chamada vingança de sangue)
em seus artigos, tais como: II - CRIMES DE FURTO E DE ROUBO, REIVINDICAÇÃO DE
MÓVEIS 6º - Se alguém furta bens do Deus ou da Corte deverá ser morto; e mais quem
recebeu dele a coisa furtada também deverá ser morto.2

Como o tempo, a pena passou a ter caráter teológico, com finalidade de satisfazer supostas
divindades, como forma de adquirir benesses dos deuses. Assim, surgiu os chamados
sacrifícios, com o objetivo de impedir a cólera dos deuses.

Países como China e Egito utilizavam penas que envolviam mutilações, amputações,
açoitamentos e trabalho escravo. Entre os séculos VII e VI a.C. a ideia teocrática perde espaço
para o pensamento político, e surge leis escritas, tais como o código de Dracon, em Atenas,
que trás equilíbrio entre o poder estatal e a liberdade do indivíduo. Para Platão a pena tinha
como função mudar o indivíduo, e o penalizado seria exemplo para os demais. Aristóteles,
discípulo deste, via a pena como meio de atingir o fim moral pretendido.

Com o início da idade média, o direito germânico dos povos bárbaros exerce grande
influência. A pena era marcada pela pouca chance dada aos penalizados, que tinham que
provar sua inocência mergulhando em água fervente por exemplo.

O direito penal canônico tinha muita influência, devido ao poderio da igreja católica, e era
executado em tribunais civis. Tinha um caráter retributivo, porem com alguma preocupação
com a correção dos infratores. Para o homem medieval, tudo era derivado de Deus, portanto a
pena, além de ser um castigo pelo pecado, tinha o objetivo de salvar a alma.

2
http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/hamurabi.htm
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Importância dos Fins das Penas

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Os fins das penas desempenham um papel crucial no sistema jurídico, pois ajudam a garantir
que a punição imposta seja justa, proporcional e eficaz. Além disso, orientam as políticas
públicas e as práticas judiciais na busca pela prevenção de crimes, ressocialização dos
infratores e proteção da sociedade. Compreender e aplicar adequadamente os fins das penas
contribui para a promoção da justiça, segurança e harmonia social.

3
https://finsdaspenas.blogspot.com/2009/07/importancia-dos-fins-das-penas.html
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14
CONCLUSAO

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMARAL, D. de F. (2016). Curso de Direito Administrativo.(3 ed). Porto, Portugal: Edições
Almedina.

CARVALHO FILHO, J. dos S. (2016). Manual de direito administrativo.(30 ed). São Paulo:
Atlas.

MADEIRA, J.P. (2010). Administração Publica.(11 ed). Rio de Janeiro: Elsevier

CONSTANTINO, M (2001) Respublicae Civilis ob Damna Datum. responsabilidade civil do


Estado, 3. Recuperado em
https://respublicaecivilisobdamnadatum2001.blogspot.com/2001/01/Respublicae%20civilis
%20ob%20damna%20datum2001trad.html

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