Você está na página 1de 11

Tema:

PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA (PENAS ALTERNATIVAS)

1. Anselmo Chalanhane Manhisse


2. Carlos Francisco Come
3. Alcides Francisco Macucule

5ª Edição Mestrado Académico/ ACIPOL

Academia de Ciências Policias

Maputo

21/06/2021
Tema:

PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA (PENAS ALTERNATIVAS)

1. Anselmo Chalanhane Manhisse


2. Carlos Francisco Come
3. Alcides Francisco Macucule

Projecto apresentado pelo 4º Grupo da Turma


A1ºG ao módulo do Direito Penal e Direito
Processual Penal, como avaliação para obtenção
do grau de Mestrado Académico: realizado sob
orientação da Doutora Alicenia Pensar Abudo e
Msc Gizela Vicente Pires

Academia de Ciências Policias

Maputo

21/06/2021
Resumo

As penas e as medidas alternativas a prisão em Moçambique são o foco do presente estudo. Por meio
da análise da natureza das penas ou medida alternativa em Moçambique, fazendo um estudo do
contexto em que elas se encontram para entender como as penas alternativas ajudam nas medidas de
segurança. Trata-se de um estudo de natureza descritiva em diversos tipos de penas restritivas do
ordenamento jurídico moçambicano. Os dados foram colectados por meio da revisão bibliográfica. Os
resultados da investigação demonstraram que a execução das penas e medidas alternativas a pena de
prisão, visão ressocialização, readaptação, regeneração entre outros, dos infractores e condenados
bem como a redução da superlotação das cadeias, reduzir os elevados custos da manutenção dos
presos e detidos e a necessidade de evitar que a prisão por crimes menos graves transforme os
mesmos em grandes criminosos.

Palavras-chaves: Medidas alternativas a prisão, Penas alternativas a prisão, Medidas de segurança

Índice
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................5
1.1. Objectivos.....................................................................................................................................5
1.1.1. Geral.........................................................................................................................................5
1.1.2. Especificos................................................................................................................................5
1.2. Justificativa...................................................................................................................................6
1.3. Problema.......................................................................................................................................7
1.4. Hipóteses......................................................................................................................................7
2. REVISÃO DOS CONCEITOS........................................................................................................7
2.1. Pena..............................................................................................................................................7
2.1.1. Evolução histórica....................................................................................................................8
2.2. Penas alternativas.........................................................................................................................9
3. Metodologia.....................................................................................................................................9
3.1. Método.........................................................................................................................................9
3.2. Técnica.......................................................................................................................................10
4. Penas e Medidas de Segurança (Pena alternativa a prisão)...........................................................10
4.1. Quadro jurídico..........................................................................................................................10
4.1.1. Medidas alternativas...............................................................................................................11
4.1.2. Medidas educativas socialmente úteis....................................................................................11
4.1.3. Penas alternativas...................................................................................................................11
4.1.4. Trabalho Socialmente Útil......................................................................................................12
Considerações finais..............................................................................................................................13
Referências bibliográficas.....................................................................................................................14

1. INTRODUÇÃO

As penas e medidas alternativas a prisão surgem a partir da constatação de que a actividade


profissional de elaboração de decisões judiciais na esfera criminal, com o passar do tempo, ocasiona a
banalização da pena. Com isso, ao se impor uma sanção privativa de liberdade, não se reflecte acerca
do sofrimento familiar que envolve o afastamento do réu de seu lar, do mesmo modo que não mais se
mede as consequências da prisão no seu comportamento futuro. Esquece-se que os documentos
manuseados escondem vidas, que, muitas vezes, terão seus futuros determinados pelas decisões que
são tomadas no dia-a-dia dos tribunais. A partir desta constatação, se torna necessário afastar
conceitos pré-determinados, visualizando mais de perto os benefícios alcançados por aqueles que são
submetidos a penas e medidas alternativas a prisão.

O presente trabalho tem como tema “Penas alternativas a pena de prisão, medidas alternativas a pena
de prisão e medidas de segurança, repestinado pela lei 24/2019 de 24 de Dezembro que aprova o novo
código penal sobre tudo nos artigos 67, 68 e seguintes”cuja finalidade é subsidiar a justiça criminal e
incentivar a aceitação social em relação às penas e medidas alternativas a prisão. E para melhor
compressão, primeiro é necessário fazer uma abordagem histórica das penas restritivas de direitos,
buscando entender sua relevância ao longo do tempo. Passando pelas formas mais brutais até chegar
aos dias de hoje com o desenvolvimento da sociedade e das leis.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral

 Analisar as penas e medidas alternativas a prisão e as medidas de segurança.

1.1.2. Especificos

 Identificar o reflexo nos actos da Justiça, de que as penas e medidas alternativas a prisão são mero
benefício ao réu, e não sanções penais aplicadas em resposta a sua transgressão à lei, como de
facto o é.
 Descrever a importância do desenvolvimento das penas e medidas alternativas a prisão e medidas
alternativas de segurança para o sistema prisional, considerando os problemas actualmente
prevalecentes.
1.2. Justificativa

Verifica-se que desde os primeiros convívios do homem em grupo, tornou-se imprescindível a criação
de um regramento social com o fim de delimitar as liberdades individuais, para que essas não
prejudicassem o direito de outrem ou da comunidade.

Como era de se esperar, logo surgiram aqueles que não se adequavam ao sistema criado e burlavam
as regras impostas aos membros da sociedade, o que resultou na necessidade de imposição de
penalidades. A partir de então, vários foram os estágios de progresso da aplicação de sanção penal,
até que se chegasse a um sistema prisional próximo ao que vivenciamos actualmente.

1.3. Problema

As penas e medidas alternativas a prisão são tidas como complementares, a partir do ponto de vista de
que substituem o encarceramento dos arguidos ou infractores da violação da lei.

Neste caso, muitos são os questionamentos enfrentados, por exemplo: como tem sido discutida a
eficácia das penas e medidas alternativas a prisão? Ate que ponto essas penas e medidas alternativas
beneficiam a sociedade.

1.4. Hipótese

 O Código Penal moçambicano que introduz a aplicação das penas e medidas alternativas a prisão
reflectem uma importante mudança da política no pensamento do Governo em relação a
abordagens menos punitivas e mais restauradoras da justiça criminal.

2. REVISÃO DOS CONCEITOS

2.1. Pena

De acordo com o Código Penal Moçambicano, a pena é um instrumento de controlo social que tem o
significado de uma reprovação ou castigo público.
Para Dotti (2002), “a pena criminal é a sanção imposta pelo Estado e consistente na perda ou restrição
de bens jurídicos do autor da infracção, em retribuição à sua conduta e para prevenir novos ilícitos”.

Segundo Mirabete (2003, pag.246), “Devem existir na pena, várias características: legalidade,
personalidade, proporcionalidade e inderrogabilidade”

2.2. Penas alternativas a pena de prisão

Segundo o código penal Moçambicano (2014) as penas alternativas a pena de prisão são:

a) A prestação do trabalho socialmente útil,


b) A prestação pecuniária ou em espécie,
c) A perda de bens ou valores,
d) A multa,
e) A interdição temporária de direito.

Estas penas são obrigatoriamente impostas aos condenados nos casos em que a conduta criminosa
seja punível com a pena superior a dois anos e ate ao limite máximo de oito anos, verificado os
pressupostos gerais de aplicação estabelecidos no artigo 102 do mesmo código. O novo código penal
aprovado pela lei nº 24/2019 define a prevalência das penas e medidas não privativas de liberdade.

Para Nucci (2010) as penas alternativas a prisão constituem aquelas “expressamente previstas em lei,
tendo por fim evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infracções penais
consideradas leves, promovendo-lhes a recuperação através de restrições a certos direitos”.

Galvão (2009) defende que as penas restritivas de direitos têm o escopo de atingir “aqueles
delinquentes que possuindo sensibilidade moral, possam ser recuperados por meio de outra espécie de
coação que não a pena privativa de liberdade”.

Contudo, antes de se imaginar a possibilidade de se punir com menos rigor os pequenos


transgressores, o interesse de todos não é somente que se cometam poucos crimes, mais ainda que os
delitos mais funestos à sociedade sejam os mais raros. Os meios que a legislação emprega para
impedir os crimes, devem ser mais fortes à medida que o delito é mais contrário ao bem público e
pode tornar-se mais comum. Pois, deve haver uma proporção entre os delitos e as penas. BECCARIA
(2001, p. 123)

2.3. Medidas Alternativas a pena de prisão

Segundo artigo 88 do código penal aprovado pela lei 35/2014 de 31 de Dezembro São medidas
alternativas a penas de prisão:

a) A transacção penal
b) A suspensão provisória do processo

Essas medidas são obrigatoriamente aplicadas ás infracções puníveis com pena de prisão superior a
um ano e ate o limite máximo a dois anos. Mais ainda, as medidas alternativas à pena de prisão
prosseguem fins de consensualização entre o infractor e o lesado, sobre direcção do Ministério
Público, e obstam à prossecução do processo criminal para a instância formal do Julgamento.

3. Metodologia

3.1. Método

A nossa pesquisa utilizará o método dedutivo, partindo-se do geral para o particular, que segundo,
Bacon (2002) este método propõe que para análise racional dos elementos ‘simples’ (e por muitas
vezes menosprezados) da natureza, dos fenómenos naturais pode a partir dele, usando a razão,
construir um método que ele entende ser o mais adequado. Isto é toda interpretação da natureza
começa pelos sentidos e, das percepções dos sentidos e por uma via directa, firme e segura
alcançando as percepções do intelecto, que constituem as noções verdadeiras e axiomas” (BACON,
2002, p. 149).

3.2. Técnica

A técnica usada é basicamente a bibliográfica, com a análise do conteúdo de textos jurídicos


académicos relacionados às penas e medidas alternativas à prisão e sua evolução, dando-se atenção
especial àqueles que versem acerca da capacidade desse tipo de sanção penal em atingir a finalidade
precípua da pena. Como principais bases teóricas a serem adoptadas, são pesquisados desde autores
clássicos como Cesare Beccaria e Michel Foucault, até alguns mais actuais como Eduardo Correia,
Teresa Beleza e Elísio de Sousa.

4. Penas e Medidas de Segurança (PENAS E MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO)

4.1. Quadro jurídico

O Código Penal que aborda as penas de forma taxativa as penas e medidas alternativas à prisão, é o
código penal aprovado pela lei nº 35/2014 de 31 de Dezembro que adaptou o movimento da
descriminalização e a preferência por penas não privativas de liberdade à pena de prisão, passando
situar no homem a sua dimensão máxima.

4.1.1. Medidas alternativas a penas de prisão

As medidas alternativas são impostas para crimes puníveis com pena de prisão de um a dois anos.
Estas medidas recorrem ao Ministério Público e são a transacção penal, facilitada pelo procurador e a
suspensão provisória do processo. São aplicadas antes da fase do julgamento, durante a fase de
instrução criminal nos termos dos artigos 88 e 93 do antigo Código Penal (lei nº 35/2014 de 31 de
Dezembro conjugado com artigos 67 e seguintes do novo código penal aprovado pela lei nº 24/2019
de 24 de Dezembro).

Considerações finais

As penas e medidas alternativas à prisão e ou penas e medidas não privativas de liberdade estão cada
vez mais ganhando espaço na sociedade, pois além de ser uma forma de punição mais razoáveis para
o Estado, consegue-se obter os resultados de reabilitação para o condenado e benefícios para a
sociedade.

A superlotação das cadeias, os elevados custos da manutenção dos presos e detidos e a necessidade de
evitar que a prisão por crimes menos graves transforme os condenados em grandes criminosos são
dos argumentos que o trabalho efectuado justifica a sua melhor consideração.
Claro que as penas e medidas alternativas à prisão, devem ser aplicadas àquelas infracções e crimes
que permitam a sua conversão. Portanto, percebemos que a prisão é um mal necessário, mas que deve
ser aplicada somente aos casos que não permitem alternativas, aos criminosos que em liberdade só
causem malefícios á sociedade.

É preciso a consciência de que quando sustentamos e defendemos a necessidade e legitimidade das


penas e medidas alternativas a prisão, não estamos defendendo a impunidade, ao contrário, queremos
a efectividade da aplicação da pena, ou seja, a efectividade do Direito.

Referências bibliográficas
Moçambique, Lei nº 35/2014 de 31 de Dezembro
Moçambique, Lei nº 24/2019 de 24 de Dezembro
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e Das Penas, Tradução Lúcio Guidicini e Alessandro Berti
Contessa; São Paulo, 2005.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da Pena de Prisão: Causas e alternativas; São Paulo; 2004.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral; São Paulo; 2008.
DOTTY, René Ariel. Bases e Alternativas para o Sistema de Penas; São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1998.
Dullah Omar Institute e REFORMAR – Research for Mozambique, 2020.
GALVÃO, Fernando. Direito Penal. Parte Geral. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009.
GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas Alternativas à Prisão. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1999.
JESUS, Damásio Evangelista. Penas Alternativas. São Paulo, 2000.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
PETROVIC, Vanja; LORIZZO, Tina e MUNTINGH, Lukas. Alternativas à prisão em
Moçambique “A implementação do trabalho socialmente útil “, Pretoria, Março de 2020.
SOUSA, F. X. Elísio, Código Penal Moçambicana, Maputo, 2016.

Você também pode gostar