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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Curso de Licenciatura em Administração Pública

Ciência Política
A legitimidade do uso da força do poder estatal em tempos de pandemia

Rabia Joaquim: 91220107

Nangade, Julho de 2022/1º Ano


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Departamento de Ciências Sociais e Humanas
Curso de Licenciatura em Administração Pública

A legitimidade do uso da força do poder estatal em tempos de pandemia

Trabalho de Campo a ser Submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em Ensino
de Administração Pública da ISCED.
Tutor: Mestre Paulo Muerembe

Rabia Joaquim: 91220107

Nangade, Julho de 2022/1º Ano


Índice
Introdução...................................................................................................................................4
Objectivos...................................................................................................................................4
Metodologia................................................................................................................................5
Poder de Polícia no tempo de pandemia.....................................................................................6
Características essenciais do poder de polícia............................................................................7
Poder de Polícia e Direitos Fundamentais..................................................................................7
Poder de Polícia e Situações de Emergência..............................................................................9
Poder de Polícia como limite ao Direito de Locomoção durante a Covid-19..........................10
A organização da polícia da República de Moçambique nos assuntos de ordem Pública........11
O papel da PRM na manutenção e substituição da ordem pública em Moçambique...............12
Actuação da Polícia da República de Moçambique durante a Pandemia.................................12
Actuação da polícia da república de Moçambique depois da Pandemia..................................14
A limitação aos direitos fundamentais: fundamentos...............................................................14
As restrições aos direitos fundamentais....................................................................................15
Os Tipos de restrições...............................................................................................................16
Requisitos das Leis Restritivas (os “limites dos limites”)........................................................17
Suspensão do exercício dos direitos fundamentais...................................................................17
Considerações finais.................................................................................................................19
Referências bibliográficas.........................................................................................................20
Introdução

Este trabalho é da cadeira de Ciência Politica que pretende abordar sobre A legitimidade do
uso da força do poder estatal em tempos de pandemia. No desenvolvimento deste trabalho,
focaremos também o sentido da Legalidade e Legitimidade do Poder, que em certas ocasiões,
o nosso país pela forca da Constituição da Republica de Moçambique aplica pela protecção do
povo perante aos tempos de pandemias. Nesta senda, a força Policial de Moçambique tem
sido um dos órgãos vinculados nesses momentos para que a situação seja controlada e de certa
forma os mesmos têm vindo a falhar na aplicabilidade das normas ditas pelo estatuto de
direitos aprovados pela Constituição da República. Contudo, a legitimidade seria condições da
acção que possibilita o indivíduo a ingressar em juízo para postular ou defender algum direito,
quanto a legalidade é um atributo de qualquer acto humano ou pessoa jurídica que indica se é
ou não contrário as leis, se está ou não dentro do permitido pelo sistema jurídico, seja
expressamente ou implicitamente.

Objectivos
Objectivo significa um fim a atingir, uma meta de pesquisa, propósito de pesquisa, ou seja, é a
finalidade de um trabalho de pesquisa, que indica o que o pesquisador vai desenvolver. Para
Marconi & Lakatos (2002, P.24) “toda pesquisa deve ter um objectivo determinado para saber
o que se vai procurar e o que se pretende alcançar. ” Definir objectivos de pesquisa é um
requisito para desenvolver uma pesquisa científica.

Objectivo Geral
O objectivo geral “está ligado a uma visão global e abrangente do tema. ” Esta visão permite
ao pesquisador compreender o todo da pesquisa. Para Andrade (2009) o objectivo geral está
ligado ao tema de pesquisa.

 Decompor o impacto do uso da força policial no tempo de pandemia em Moçambique;

Objectivos Específicos
De acordo com Marconi & Lakatos (2003, P.219) os objectivos específicos “apresentam
carácter mais concreto. [...], permitindo, de um lado, atingir o objectivo geral e, de outro,
aplicá-lo a situações particulares. ” Portanto, os objectivos específicos são o desmembramento
do objectivo geral, facilitando o percurso da pesquisa

 Identificar as formas de legitimidade e legalidade em Moçambique;


 Mencionar as competências da polícia para a protecção a saúde pública;
 Descrever a importância do uso da forca do poder Estatal em tempos de pandemia em
Moçambique.

Metodologia
Gil (2008) diz que metodologia descreve os procedimentos a serem seguidos na realização da
pesquisa. Para a realização do presente trabalho foi a partir da consulta bibliográfica, que
consistiu na leitura e análise das informações de diversas obras que se debruçam acerca do
tema acima citado e também em consultas do mesmo.
Poder de Polícia no tempo de pandemia
Política significava viver na polis, submetendo-se a uma forma de governo entre membros
autónomos em grau de igualdade, na qual decisões acontecem mediante compromissos e sem
uso da violência. Já polícia designava a actuação fora da polis, a vida familiar, em que o
patriarca comandava seus subordinados despoticamente, os bens e as pessoas da casa eram
seus recursos, assim como o uso da violência (BINENBOJM, 2016, p. 27-28).
Essa ampliação do poder de polícia é intensificada durante o período absolutista europeu,
sistema político contraposto ao modelo feudal, no qual o rei, embora considerado primeiro
entre iguais, tinha poder bastante limitado ou até mesmo figurativo.
O poder político era, na verdade, fragmentado entre a igreja, o monarca e a nobreza (ASSIS,
2016, p. 3-4).
Assim, o poder de polícia actualmente é entendido como ordenação económica e social que
conforma liberdade e propriedade por prescrições estatais, objectivando protecção aos direitos
fundamentais e colectivos definidos democraticamente de acordo com a Constituição,
erigindo um sistema de incentivos a comportamentos sociais desejáveis e desestimulando
indesejáveis de acordo com finalidades político - jurídicas predeterminadas (BINENBOJM,
2016, p. 71). Esse sentido amplo abrange os poderes Legislativo e Executivo.
Numa interpretação mais restrita, poder de polícia se dá nas intervenções estatais gerais, como
regulamentos, ou específicas, como autorizações ou licenças, emanadas pelo Poder Executivo
para prevenir actividades particulares de encontro ao interesse social. Esse sentido é chamado
de polícia administrativa (MELLO, 2010, p. 822).
A polícia referida difere da polícia judiciária, vez que a primeira se predispõe unicamente a
impedir e paralisar actividades anti-sociais; já a última se preocupa com a responsabilização
dos violadores da ordem jurídica. Cabe ressaltar que, enquanto a judiciária observa as regras
da legislação processual penal, a administrativa é regida pelas normas administrativas
(MELLO, 2010, p. 835).

 Art. 78. Considera-se poder de polícia actividade da administração pública que,


limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
actividades económicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
colectivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com
observância do processo legal e, tratando-se de actividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder. (BRASIL, 1966).
 Actos normativos, onde se criam limitações administrativas ao exercício de direitos a
actividades individuais, estabelecendo normas gerais e abstractas, bem como
infracções, sanções e previsão de medidas preventivas e repressivas, relaciona-se ao
princípio da legalidade; e actos administrativos e procedimentos de aplicação da lei ao
caso concreto, compreendendo a execução de medidas preventivas e repressivas (DI
PIETRO, 2019, p. 154).

Características essenciais do poder de polícia


Os principais atributos relacionados ao poder de polícia são: a discricionariedade, a auto
executoriedade, a coercibilidade e a indelegabilidade do poder de polícia a pessoas jurídicas
de direito privado.
A discricionariedade, muito presente nas medidas do poder de polícia, não é regra absoluta.
Primeiramente, a lei dá a margem de liberdade quanto à apreciação de determinados
elementos, como o motivo ou o objecto.
Da mesma forma, em grande parte dos casos concretos, a Administração decide o melhor
meio e momento de agir ou a sanção aplicável diante das previstas legalmente. Nessas
circunstâncias, o poder de polícia é discricionário. Entretanto, em face de determinados
requisitos, a solução previamente estabelecida deve ser adoptada. Nesse momento, o poder é
vinculado (DI PIETRO, 2019, p. 154-155).

Poder de Polícia e Direitos Fundamentais


Existem três situações em que os direitos fundamentais actuam como um limite ao poder de
polícia, sendo seu exercício efectivamente inconstitucional.
I. A primeira hipótese: ocorre quando a medida adoptada contraria literalmente o
âmbito de protecção de um direito fundamental.
Dentro desse âmbito, estão os fatos, os actos, os estados ou as posições jurídicas pela
norma que o garante (BINENBOJM, 2016, p. 117).
Ou seja, quando a própria norma estabelece o campo de actuação do direito fundamental, não
pode o poder de polícia tentar limitá-lo, tanto por ato normativo quanto administrativo.
Ainda, no caso do Moçambique, onde grande parte dos direitos fundamentais encontra-se
prevista no texto constitucional (CF/88, arts. 5º a 17), pode-se dizer que medida policial que
busque diminuir o campo predeterminado é inconstitucional.
Dentro dessas situações, tem-se, por exemplo, suposta medida que pretenda estabelecer
regime de licença prévia para realização de reunião pacífica e desarmada em local público, em
afronta ao art. 5º, inciso XVI, da Constituição Federal. Embora os direitos fundamentais
sejam restringíreis, a restrição pelo uso do poder de polícia está excluída pelo conteúdo do
texto legal (BINENBOJM, 2016, p. 117-118).
O STF, inclusive, já decidiu sobre esse limite em relação ao Decreto distrital nº 20.098/99,
que vedava realização de manifestações públicas com uso de carros de som ou assemelhados
na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios e na Praça do Buriti. Contra o
Decreto, foi ajuizada a ADI nº 1.947. Do voto do Ministro Relator Ricardo Lewandowski se
extrai:
[...] a liberdade de reunião e de associação para fins lícitos constitui uma das mais importantes
conquistas da civilização, enquanto fundamento das modernas democracias políticas,
encontrando expressão, no plano jurídico, a partir do século XVIII, no bojo das nas lutas
empreendidas pela humanidade contra o absolutismo monárquico. [...] A chamada
Constituição cidadã, promulgada em 1988, [...] garantiu a liberdade de reunião, no art. 5º,
XVI, estabeleceu, no próprio texto magno, de forma parcimoniosa, os limites e condições para
o seu exercício, quais sejam, “reunir-se pacificamente”, “sem armas”, “que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local” e o “prévio aviso à autoridade
competente”. Não se ignora, é verdade, que liberdade de reunião não é um direito absoluto.
Nenhum direito, aliás, o é. Até mesmo os direitos havidos como fundamentais encontram
limites explícitos e implícitos no texto das constituições. O Decreto distrital
20.098/99 Simplesmente inviabiliza a liberdade de reunião e de manifestação, logo na Capital
Federal, em especial na emblemática Praça dos Três Poderes, “local aberto ao público” [...] a
legitimidade de eventual medida restritiva a direitos fundamentais há-de ser aferida no
contexto de uma relação meio-fim (Zweck-Mittel Zusammenhang), devendo ser pronunciada
a inconstitucionalidade que contenha limitações inadequadas, desnecessárias ou
desproporcionais.
[...] Isso posto, pelo meu voto, julgo procedente a presente acção directa para declarar a
inconstitucionalidade do Decreto distrital 20.098. (BRASIL, 2007).
Da decisão, conclui-se que os direitos fundamentais são restringíveis, porém essas limitações
estão previstas no texto constitucional, que estabelece o campo de restrição e o “espaço
inviolável”. Cabe destaque para a menção do Ministro Relator em relação ao esforço para
afastar-se de características absolutistas.
II. A segunda hipótese: ocorre quando a pretensão ordenadora não ultrapassa máximas
inerentes ao dever de proporcionalidade, a intervenção do poder de polícia situa-se na
área de protecção de direito fundamental, mas com a finalidade de garantir outro
direito fundamental ou princípio de interesse geral, também de valor constitucional. A
medida policial actua no sentido de harmonizar a convivência entre direitos
fundamentais que concorram entre si ou mesmo com interesses gerais (BINENBOJM,
2016, p. 119).
A legitimidade de tais medidas dependerá da observância da proporcionalidade em seus três
exames sucessivos:
De adequação, exige que a medida seja apta a promover razoavelmente o direito fundamental
ou interesse geral em oposição; de necessidade, a medida não pode ser substituída por outra
que atinja a mesma finalidade com menor prejuízo ao direito restringido; e de
proporcionalidade em sentido estrito, exige que o grau de importância da promoção do direito
fundamental ou interesse geral justifique a gravidade da limitação imposta ao direito
fundamental. Existe efeito recíproco, as normas que intervêm em direitos fundamentais
limitam e são limitadas pelos mesmos (BINENBOJM, 2016, p. 119-120).
III. A terceira hipótese: trata das situações em que os direitos fundamentais impõem uma
prestação negativa do Estado, em que a medida policial, efectiva ou potencialmente,
reduza o direito ao ponto de torná-lo inexistente. Trata-se de um núcleo irredutível
desses direitos, um conteúdo essencial de determinado direito, que será afectado
quando o poder de polícia produzir como efeito o tolhimento significativo de sua
finalidade, frustrando as expectativas legítimas do titular (BINENBOJM, 2016, p.
122-128).
Junto à eficácia bloqueadora, como visto, há também a habilitadora ao poder de polícia no
sentido de protecção do direito fundamental, que muitas vezes exige restrição desse mesmo
direito ou outros direitos fundamentais a terceiros. A eficácia horizontal de tais direitos
demanda actuação protetiva da polícia administrativa nas relações entre particulares
(BINENBOJM, 2016, p. 128-130).

Poder de Polícia e Situações de Emergência


O direito historicamente tem dificuldade em antecipar excepcionalidades, algo que coloca em
perigo o próprio Estado de Direito em situações de emergência. Também é colocado sob
pressão o direito administrativo e sua capacidade de submeter as acções estatais, nesse
período, a controle jurídico democrático (BINENBOJM, 2016, p. 144-145).
Nesse sentido, Adrian Vermule (apud LIMA, 2016, p. 261) cita Carl Schmidt sobre a
impossibilidade de as democracias liberais especificarem as condições materiais que
envolvam as situações de emergência e anteciparem os processos para a tomada de decisão
nesses contextos, visto que a característica essencial das emergências é a imprevisibilidade. O
máximo que o Direito poderia fazer é declarar a quem cabe a competência para decisões
nessas circunstâncias.
Vermeule (2009 apud LIMA, 2016, p. 262) afirma que o direito administrativo,
inevitavelmente, contém: buracos negros, quando a lei dispensa a administração de seguir
quaisquer requisitos legais; e buracos cinzentos, buracos negros disfarçados, em que os
requisitos legais são tão insignificantes que a administração praticamente pode agir como bem
entender, não havendo sentido em tentar tapá-los, usando destes o Judiciário para manter uma
fachada de juridicidade.
A abdicação de controlo às acções do Estado em situações de excepção implica em dois
problemas diferentes: a necessária arbitrariedade do exercício do poder na excepcionalidade,
não sujeita a limites jurídicos; e o risco de perpetuação da situação de excepcionalidade,
convertendo-se em “estado de exceção permanente” (BINENBOJM, 2016, p. 151).
Da mesma forma, as atitudes tomadas extraordinariamente pela Administração podem ser
legitimadas se devidamente seguidos os seguintes elementos estruturantes:
Excepcionalidade do perigo, actual ou iminente; seu carácter transitório; boa-fé das
autoridades administrativas, principalmente em relação aos motivos; proporcionalidade das
medidas adoptadas à essencialidade dos bens, direitos ou interesses a preservar; sujeição a
mecanismos de prestação de contas em relação às atitudes tomadas.
Esse regime excepcional é uma tentativa de preservar o elo entre o poder e o direito em
situações excepcionais, sendo sacrifício necessário para evitar mal maior (BINENBOJM,
2016, p. 149-151).

Poder de Polícia como limite ao Direito de Locomoção durante a Covid-19


A pandemia da Covid-19 fez com que diversos países adoptassem medidas rigorosas para
impedir a propagação da doença. Os Estados Unidos, por exemplo, suspenderam todas as
viagens internacionais provenientes de China, Irã e, posteriormente, toda a Europa, à exceção
do Reino Unido (TRUMP. 2020).
As medidas mais drásticas podem ser observadas na Itália.
No dia 9 de Março, controles policiais entraram em vigor em estradas, aeroportos, pedágios e
estações de trem do norte da Itália. Somente era permitida a movimentação entre cidades por
motivos de trabalho, saúde ou retorno ao domicílio. Autorizados precisavam preencher um
auto - declaração de saúde junto à polícia (MONTENEGRO, 2020).
Como visto anteriormente, as medidas do poder de polícia, em razão das revoluções
administrativas constitucional democrática e pragmática devem ser sempre analisadas sob a
óptica de sua legitimidade e eficiência.
A coibição desses transportes restringe o direito fundamental de locomoção. Dessa maneira,
necessário analisar se a Administração tinha legitimidade para adoptar a medida e se a
restrição imposta eficientemente protege outro direito fundamental ou o interesse colectivo.
O primeiro teste à legitimidade das medidas tomadas pelos governadores estaduais se dá em
relação à competência estadual sobre a matéria. Esse aspecto foi esclarecido pelo STF, que
reconheceu a competência concorrente para legislar sobre saúde pública entre os entes da
Administração directa, declarando que as medidas adoptadas pela União não afastam as pró
vidências normativas e administrativas estaduais, distritais e municipais (BRASIL, 2020b).
Entretanto, como visto anteriormente, a análise de legalidade de medida policial que envolve
direitos fundamentais vai além de critérios de competência.
Enfrentar crises, não é uma tarefa simples, pois exige a mobilização de todas as categorias da
sociedade e todas as instituições, pressupondo-se um engajamento para atingir o alvo comum
de tornar viável a convivência pacífica. A pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-
19) demonstra que uma questão sanitária pode repercutir nas mais variadas nuances do tecido
social. Quando observamos o impacto global da COVID-19, que desnuda não só a fragilidade
biológica do ser humano, mas também a sua falta de habilidade para compreender que
estamos em um lugar-comum na natureza – salvo a possibilidade de sermos capazes com a
própria natureza –, a crise se amplia, já que avança sobre sistemas políticos e económicos com
voracidade. O problema com o qual lidamos aqui é justamente esse: a falta de habilidade para
organizar a sociedade e a tendência à adopção dos regimes de exceção para tentar contornar a
crise. E sempre que surge um problema que demanda a solução do imprevisível ou do
incalculável, a humanidade parece adoptar uma conduta tangencial, instituindo medidas de
exceção.
A organização da polícia da República de Moçambique nos assuntos de ordem Pública
De acordo com o Decreto n. 85/2014, e a Lei n. 16/2013, a PRM inclui os seguintes
componentes orgânicos:
a) Ao “nível central, provincial, distrital, administrativo, local e de aldeia”, a PRM é
representada pela sede da sede geral, e a nível local pela sede provincial. Nos distritos,
cargos administrativos, localidades e aldeias, a PRM organiza-se como posto de
polícia;

b) O nível organizacional é consistente com o nível de comando e controle,


nomeadamente: estratégia, incluindo o comando – em - chefe, em termos tácticos, os
quartéis-generais provinciais e os quartéis-generais de combate são responsáveis pelos
quartéis-generais regionais e postos de polícia. Nas “cidades, a PRM está organizada
em esquadras, esquadras e departamentos de polícia” (MOÇAMBIQUE, 2013, Art.
12; 2014, Art. 85).
O papel da PRM na manutenção e substituição da ordem pública em Moçambique
Como assinalou Sousa (2004, p. 61-62), “a principal função da polícia é prevenir riscos gerais
ou específicos para a ordem pública e a segurança. [...] A prevenção inclui crimes preventivos
e preparação para perigos futuros”. No entanto, Clemente (2000, p. XI) acredita que “a função
policial tem sido claramente social desde sua origem”.
Segundo Clemente (2000), as características da polícia actual são socialmente compatíveis
com a prevenção do crime, como é o caso da polícia local.
Na realização de actividades de manutenção e restauração da ordem pública em assembleias e
manifestações, a Administração de Assuntos Públicos tem as seguintes funções: "assegurar o
cumprimento das leis e regulamentos relativos à realização de assembleias, manifestações e
espectáculos públicos" (MOÇAMBIQUE, 2013, Art. 14). Para o cumprimento das tarefas
operacionais que a lei lhe confere, o Conselho Operacional, “órgão de controlo das
actividades operacionais, adopta a forma de recolher, tratar, analisar, distribuir, arquivar
informação e criar métodos de trabalho” (MOÇAMBIQUE, 2013, Art. 14).

Actuação da Polícia da República de Moçambique durante a Pandemia


Ao enfrentar um estágio crítico em uma reunião ou demonstração, se a auxílio de outras
forças combinadas não for eficaz na mediação de obstáculos, é accionada a UIR. A polícia
poderá tomar as medidas adequadas imediatamente para evitar o perigo para as pessoas. No
caso de ser determinado o organizador de uma reunião ou manifestação, podem ser tomadas
medidas policiais em relação ao responsável pela organização (SOUSA, 2004).
De acordo com a lei, nas operações de multidão devem ser utilizadas forças conjuntas ou
coordenadas, a saber: DPP, UIR, unidade canina, DII, autorizadas pelo governo provincial
(MOÇAMBIQUE, 2014). O comandante (nível táctico) pode fornecer orientação táctica no
âmbito de sua autoridade.
Embora a lei atribua ao PRM autoridade funcional para manter a ordem e segurança públicas
no âmbito das assembleias e manifestações, a aplicabilidade dos meios de persuasão deve
obedecer às medidas policiais, ou seja, às medidas previstas na lei, desde que essas medidas
se mostrem facilitadoras a manutenção da ordem e segurança públicas (MOÇAMBIQUE,
2013, Art. 7, n. 2, g). Entre os poderes gerais da polícia, a PRM e a Polícia de Segurança
Pública (PSP) gozam de autonomia táctica porque a polícia pode e deve tomar as medidas
necessárias para prevenir perigos específicos para a ordem e segurança públicas, desde que
não violem (SOUSA, 2004).

O Art. 7 da Lei n. 7/2001 Também estipula que quando as manifestações públicas ou públicas
se desviem do seu propósito e objectivo de manutenção da ordem e tranquilidade públicas, as
autoridades policiais podem intervir e persuadir pelos meios legais previstos na lei.
Obviamente, a polícia tem o poder de usar métodos coercitivos, mas nunca deve violar a lei.
A Constituição de Moçambique e a PRM recomendam que a força policial seja legalmente
utilizada das seguintes formas:

[...] repelir agressão ilegal enquanto perturba a ordem


pública e a tranquilidade Defesa de si ou de terceiros por
interesses naturais ou importantes protegidos por lei; após
expedir a intimação formal de obediência e esgotar os demais
meios para conseguir, vencer as resistências encontradas no
exercício do serviço; prisões de acordo com o direito penal, o
princípio da necessidade e da proporcionalidade [...]
Quanto ao uso de armas, quer membros do PRM desempenhem ou não as suas funções, existe
um NEP específico que pode prever o seu uso e restrições. Todas as tarefas operacionais em
operações policiais dependem do comportamento dos manifestantes, a força policial deve
compreender a situação de violência por meio da compreensão da dinâmica da multidão,
sabendo que a violência é uma função de avaliar a legitimidade dos interesses do grupo
(WALLEN SPECIAL, 2009).
Quanto à ordem de evacuação de porto seguro, a polícia detém o poder, mas deve exercê-lo
com antecedência para fazer as pessoas saírem do local, ou proibir a entrada de manifestações
(desfiles) no local, após esgotar todos os meios de negociação, e ou na vida dos cidadãos,
quando a segurança pessoal é ameaçada. Como Valente (2009, p. 158) reiterou, para cumprir
com sucesso essas tarefas nas democracias, a formação é essencial: “o importante é dar
formação profissional aos policiais”.
A tarefa da PRM é aplicar de fato as medidas a serem tomadas, entendendo a identidade
social, a formação e a interacção com outros grupos. Por outro lado, Miranda e Lima (2008)
acreditam que não basta usar o conhecimento para combater o crime antes que os crimes
existam. Para evitar sua multiplicação, é necessário recorrer a inovações tecnológicas
integradas à sociedade moderna, ou seja, o conhecimento profissional é importante, e também
os meios técnicos, a polícia deve acompanhar o desenvolvimento da tecnologia, porque o
modus operandi dos criminosos se desenvolve com novos produtos no mundo digital.
Actuação da polícia da república de Moçambique depois da Pandemia
Com a aprovação da Lei n. 2/2017, do estabelecimento da Lei da Agência Nacional de
Investigação Criminal (SERNIC), a PRM passa a exercer todas as funções no âmbito da
Investigação Criminal (IC) de acordo com a Lei n. 16/2013.
Infelizmente a PRM não tem recursos de IC porque tem ajudado a Assistência Judiciária na
orientação processual desde o estabelecimento da primeira polícia em 1975. O princípio é
diferente de Portugal, porque mesmo existindo a Polícia Judiciária (PJ), a Guarda Nacional
Republicana e a PSP também têm o atributo de IC, sendo o poder de investigação instituído
na Lei n. 49/2008, e a Lei Orgânica de Investigação Criminal (LOIC).
Resumindo, os crimes menores são da responsabilidade da GNR e da PSP e os crimes graves
são da responsabilidade da PJ. Porém, como nosso trabalho está mais voltado para a
prevenção, não aprofundaremos a IC. No entanto, deve-se ressaltar que a IC é importante nos
casos em que há indivíduos suspeitos/réus participando de manifestações ou reuniões no
âmbito do procedimento, neste caso, a actuação conjunta com o SERNIC para a colecta de
provas é relevante.
Oliveira (2015) considera que, com o auxílio da Assistência Judiciária, devem-se dar
garantias de trabalho aos servidores da justiça. Portanto, “as forças modernas devem respeitar
a dignidade humana e seus direitos, aliados ao culto da liberdade e da legitimidade” (SILVA,
2001, p. 111).

A limitação aos direitos fundamentais: fundamentos


Os direitos fundamentais não são direitos ilimitados ou ilimitáveis.
Vivendo os indivíduos numa sociedade, é normal que o Direito seja chamado a limitar os
direitos fundamentais de modo a proteger os direitos fundamentais de outras pessoas ou ainda
a garantir bens jurídicos de relevo específico, como a segurança ou a ordem pública. Apesar
de os direitos fundamentais serem universais e inalienáveis, a sua interdependência e a vida
em sociedade trazem, na prática do dia-a-dia, a necessidade de determinar os limites aos
direitos fundamentais.
A primeira questão a considerar, neste âmbito, será a da restrição aos direitos fundamentais.
Esta matéria remete-nos, por exemplo, para a problemática de saber se, e como, pode o direito
à inviolabilidade do domicílio e da correspondência ser limitado de forma a facilitar uma
investigação criminal (pense-se, por exemplo, nas escutas telefónicas ou buscas em
domicílios). Ou, ainda, por exemplo, de saber se e em que medida a liberdade de imprensa e
dos meios de comunicação social pode justificar a publicação de informação pessoal ou sobre
a vida privada de um indivíduo — quer dizer, questiona-se até aonde vai a liberdade de
imprensa e dos meios de comunicação social, quando se considera o direito à privacidade das
pessoas e o direito de acesso à informação por parte do público. Como deve o Direito “gerir”
estes direitos e identificar uma barreira ou fronteira, de modo a que se possa atingir a esperada
coexistência pacífica? Por conseguinte, a restrição aos direitos fundamentais assume uma
importância especial no regime jurídico dos direitos fundamentais.
No entanto, há que distinguir entre as restrições e as intervenções restritivas aos direitos
fundamentais, estas últimas objecto da nossa atenção mais abaixo.

As restrições aos direitos fundamentais


Tendo em consideração a sua importância no âmbito da actividade jurisdicional, o seu
impacto no dia-a-dia da vida em sociedade e no funcionamento das instituições públicas, a
questão das restrições aos direitos fundamentais é amplamente discutida pela doutrina. Apesar
das várias definições de restrição apresentadas, poderá, nesta sede, entender-se por restrição
uma compressão operada por via legislativa do âmbito de protecção de um direito
fundamental.
Referimo-nos, por exemplo, à lei penal que determina a pena de prisão ou outras penas para
aqueles que cometam crimes, ao regime jurídico da manifestação que contenha limitações
relativas à sua realização, e ainda ao regime jurídico sobre a expropriação e aquele que regula
o uso da força pela polícia.
Os Tipos de restrições
A doutrina distingue, normalmente, a propósito da autorização de restrição a um direito pelo
texto constitucional, as restrições constitucionais imediatas (directas ou expressas), as
restrições mediatas e as restrições implícitas.

 As restrições constitucionais imediatas


Existem casos em que a Constituição prevê, ela mesma, a restrição como parte da
redacção da norma constitucional respeitante a um direito fundamental. Nestas
situações, o âmbito de protecção do direito fundamental encontra-se restringido já
no próprio texto da Constituição. Constitui exemplo o artigo 42.º da Constituição, o
qual consagra a “liberdade de reunião pacífica e sem armas”, proibindo as reuniões
que não tenham estas características. À previsão expressa da restrição no texto
constitucional, a doutrina portuguesa chama de “restrições constitucionais
imediatas”

 As restrições constitucionais mediatas


Em alguns casos, a Constituição prevê apenas a possibilidade da restrição, cabendo
ao legislador ordinário determinar a restrição. O título exemplificativo, considere-
se o artigo 30.º-2 (“ninguém pode ser detido ou preso senão nos termos
expressamente previstos na lei vigente”) ou o artigo 37.º-1 (“o domicílio, a
correspondência e quaisquer meios de comunicação privados são invioláveis,
salvos os casos previstos na lei em matéria de processo criminal”). À mera
previsão constitucional da possibilidade de restringir, dando-se ao legislador o
poder de determinar a restrição, a doutrina portuguesa chama de “restrições
estabelecidas por lei mediante autorização expressa da constituição (reserva da lei
restritiva) ”.
 As restrições implícitas ou imanentes
Na maioria das vezes, a Constituição não restringe, ela própria, o direito fundamental, nem
autoriza o legislador ordinário a fazê-lo. Veja-se, como exemplo, o artigo 29.º da
Constituição, o qual consagra o direito à vida. Resta saber se uma restrição a direitos
fundamentais nestes casos é admissível no caso timorense, ou seja, se estas restrições,
denominadas pela doutrina portuguesa de restrições implícitas ou imanentes, são permitidas.
Trata-se de uma questão que abordamos com mais detalhe quando incidirmos a nossa atenção
sobre os requisitos da autorização constitucional expressa, um dos requisitos a observar pelas
restrições aos direitos fundamentais.

Requisitos das Leis Restritivas (os “limites dos limites”)


A restrição aos direitos fundamentais por via legislativa encontra-se regulada na própria
Constituição. Entendeu o legislador constituinte ser necessário determinar a nível
constitucional os requisitos ou pressupostos a que a restrição aos direitos fundamentais deve
obedecer. Por constituírem limites impostos pelo legislador constitucional à determinação das
restrições aos direitos fundamentais, a doutrina designa os mesmos por “limites dos limites”.
Estes requisitos consistem uma importante garantia contra possíveis violações dos direitos
fundamentais, prevenindo a determinação de uma restrição inconstitucional por parte do
legislador ordinário. De resto, também é à luz destes critérios que o Supremo Tribunal de
Justiça, em sede de fiscalização da constitucionalidade, deverá averiguar a constitucionalidade
das leis restritivas, e que os tribunais distritais poderão desaplicar normas com fundamento na
sua desconformidade com a Constituição.
Neste âmbito, importa distinguir entre os requisitos formais e materiais, todos previstos
expressamente no artigo 24.º da CRDTL. Os requisitos formais “actuam como uma «zona de
protecção formal» ”, enquanto os materiais dizem respeito à conformidade das restrições com
os princípios e regras da Constituição.
 São requisitos formais:
a) O requisito da lei formal;
b) A previsão constitucional expressa da restrição. São requisitos materiais:
a) A salvaguarda de outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos;
b) O carácter geral e abstracto da lei restritiva; c) a proibição de retroactividade; e
c) A proibição da diminuição da extensão e do alcance do conteúdo essencial dos direitos
fundamentais.

Suspensão do exercício dos direitos fundamentais


Em circunstâncias excepcionais, poderá justificar-se a suspensão do exercício de direitos,
liberdades e garantias. A suspensão de direitos, liberdades e garantias está prevista no artigo
25.º da CRDTL, que estabelece um conjunto de requisitos constitucionais para a suspensão do
exercício de direitos, sendo esta admitida apenas em situações de necessidade constitucional
(estado de sítio e estado de emergência).
As figuras do estado de sítio e do estado de emergência fazem parte da História recente de
Timor-Leste. Embora constitucionalmente permitidas por representarem um instrumento
específico que permite ao Estado tomar medidas excepcionais que vão para além daquelas
utilizadas regularmente, na base da sua declaração encontra-se, no fundo, a ideia de que as
medidas utilizadas regularmente não são suficientes para dar resposta à situação excepcional
na qual o Estado se encontra e que, portanto, o Estado se vê na necessidade de recorrer a
medidas especiais. A garantia do gozo dos direitos fundamentais pelo Estado impõe-lhe
acções que comportam, muito frequentemente, elevados recursos humanos e financeiros e um
eficaz funcionamento do aparelho estatal.
Considerações finais
A polícia actualmente é entendido como ordenação económica e social que conforma
liberdade e propriedade por prescrições estatais, objectivando protecção aos direitos
fundamentais e colectivos definidos democraticamente de acordo com a Constituição da
Republica de Moçambique, exigindo um sistema de incentivos a comportamentos sociais
desejáveis e desestimulando indesejáveis de acordo com finalidades político - jurídicas
predeterminadas. Os principais atributos relacionados ao poder de polícia são: a
discricionariedade, a auto executoriedade, a coercibilidade e a indelegabilidade do poder de
polícia a pessoas jurídicas de direito privado. Portanto, existem três situações em que os
direitos fundamentais actuam como um limite ao poder de polícia, sendo seu exercício
efectivamente inconstitucional. Na realização de actividades de manutenção e restauração da
ordem pública em assembleias e manifestações, a Administração de Assuntos Públicos tem as
seguintes funções: "assegurar o cumprimento das leis e regulamentos relativos à realização de
assembleias, manifestações e espectáculos públicos" (MOÇAMBIQUE, 2013, Art. 14).
Referências bibliográficas
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do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC).
MOÇAMBIQUE. MMAS. Protecção social em Moçambique: enquadramento, políticas e
programa em Moçambique, 2014.
MOÇAMBIQUE. Regulamento da Lei do Ordenamento do Território, aprovado pelo
Decreto n. 23/2008, de 1 de Julho de 2008.
OLIVEIRA, J. F. A manutenção da ordem pública em democracia. Lisboa: ISCPSI-
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PELEMBE, A. A. Contributos para a segurança e ordem pública em Moçambique (o
papel das comunidades no policiamento comunitário). Lisboa: Instituto de Ciências
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BACELAR GOUVEIA, Jorge, Os direitos fundamentais atípicos, Lisboa, 1995
BINENBOJM, Gustavo. Poder de polícia, ordenação, regulação: transformações político-
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Fórum, 2016.
CASALTA NABAIS, J., Algumas reflexões críticas sobre os direitos fundamentais, in Ab
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2019.
MOÇAMBIQUE. Instituto de Estudos Sociais e Económicos. IESE. Relatório da Liga
Moçambicana dos Direitos Humanos. Maputo, 2004. Disponível em:
http://www.iese.ac.mz/lib/PPI/IESEPPI/pastas/governacao/justica/artigos_cientificos_imprens
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MOÇAMBIQUE. Lei n. 20/2014. Lei de Minas. BR n. 66, I Série de 18 Ago. 2014.

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