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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências Socais e Políticas

Curso: Direito I ano/ laboral


Cadeira: Direito Constitucional I
Tema: Estado de excepção constitucional

Discente: Docente:
Angloma Antonio Miguel Rosol Aldo de robrto Covane

Quelimane, Outubro de 2017


Índice
Capitulo I...........................................................................................................................2
1. Introdução..................................................................................................................2
1.2. Justificativa e relevância.....................................................................................2
1.4. Metodologia....................................................................................................3
Capitulo II..........................................................................................................................4
2. Marco teórico.............................................................................................................4
2.1. Noção de estado de excepção constitucional..........................................................4
2.2. Espécies de estado de excepção constitucional......................................................4
2.2.1. Estado de Defesa ou de Emergência...................................................................5
2.3. Contestações ao Estado Constitucional..................................................................5
2.3.1. O estado de excepção..........................................................................................5
2.4. Situação dos direitos fundamentais em nações constitucionalizadas.....................6
2.5. Posição de alguns autores em relação ao estado de excepção................................8
2.6. Reacção Contemporânea ao Estado de Excepção................................................10
3. Conclusão.................................................................................................................11
4. Bibliografia..............................................................................................................12

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Capitulo I

1. Introdução
O presente trabalho da Cadeira de Direito Constitucional I foi recomendado pelo
conceituado docente Aldo Covane, referente ao I ano do curso de Direito, ministrado
pela Faculdade de Ciências Sociais e Politicas – Quelimane, tem como tema Estado de
Excepção Constitucional, esta dividido em três partes, introdução, marco teórico e por
fim, a conclusão e a referência bibliográfica.

1.1. Problematização

Segundo Lakatos & Marconi. (2009:126), Define problema como uma dificuldade
teórica ou prática no conhecimento de alguma coisa de real importância para a qual se
encontra uma solução Delfim.

Na senda do Direito, vêm sendo propostas e implementadas medidas que, em nome da


protecção da integridade territorial, do combate a inimigos visíveis ou invisíveis, da
prevenção a novos ataques terroristas ou – utilizando-se de um termo genérico e de
sentido cada vez mais amplo – da segurança, acabam por privar os cidadãos de direitos
e garantias fundamentais. Em outros termos, valores básicos, plasmados nas
constituições da contemporaneidade, vêm sendo convenientemente esquecidos, abrindo
espaço para que medidas excepcionais possam ser implantadas.

Deste modo, a pergunta que não quer calar é: qual é o alcance jurídico do nº 2 do art.
56 da CRM, relativamente a restrição dos direitos fundamentais, ou seja, a limitação
ou restrição dos direitos fundamentais ao quando da declaração do estado de
excepção constitucional plasmado no art. 282 da CRM?

1.2. Justificativa e relevância


Segundo (Lakatos e Marconi:1999), a justificativa baseia-se numa exploração precisa
que completa as ordens teóricas e praticas que é relevante na realização da pesquisa e
responde basicamente o porque da escolha do tema.

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Os Direitos Fundamentais são o reflexo positivado dos direitos humanos, os quais são
derivados do direito naturalmente existente para cada ser humano. Portanto, há uma
necessidade de protecção desses direitos com vista a garantir uma plena usufruição dos
mesmos, assim os Estados garantem esses direitos através da implementação deles na
Constituição, contudo há situações em que os mesmos direitos que são protegidos por
esses órgão soberano e paradoxalmente violado pelos mesmos na justificativa de
estarem a salvaguardar interessem maiores. Deste modo paira uma grande dificuldade
em perceber-se se a aplicação ou usufruição desses direitos fundamentais é ou não
absoluta.

Para o efeito, a realização do trabalho permitiu uma melhor compreensão da protecção


dos direitos fundamentais nos estados democraticos. Ademais, contribui no
aprimoramento de novas pesquisas sobre a matéria em alusão.

1.3. Objectivos
1.3.1. Geral: Falar do Estado de Excepção Constitucional
1.3.2. Específicos:
 Apresentar as formas de excepção constitucional;
 Diferenciar o estado de sítio do estado de emergência;
 Identificar as consequências jurídicas da declaração do estado de
excepção constitucional;
 Trazer o posicionamento de alguns autores relativamente ao tema;
 Fazer o estudo comparado.

1.4. Metodologia

Para a realização deste trabalho, foi priorizada a pesquisa bibliográfica por ser eleita
como aquela que se afigurava a única capaz de produzir os resultados imediatos e
esperados. Porém, outros métodos como a observação foram também usados para o
enriquecimento do mesmo.

A observação consistiu na recolha de dados usando os sentidos, no que diz respeito


determinados aspectos da realidade, visto que a observação não consiste apenas em ver
e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se pretendem estudar.

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Capitulo II

2. Marco teórico
De acordo com Gil (2008:28), a referência teórica é dedicada a contextualização teórica
do problema e o seu relacionamento com o que tem sido investigado a seu respeito.

2.1. Noção de estado de excepção constitucional


Entende se como Estado de excepção a situação oposta ao Estado de direito, decretada
pelas autoridades em situações de emergência nacional, como agressão efectiva por
forças estrangeiras, grave ameaça à ordem constitucional democrática ou calamidade
pública. Caracteriza-se pela suspensão temporária de direitos e garantias
constitucionais, que proporcionam a necessária eficiência na tomada de decisões para
casos de protecção do Estado, já que a rapidez no processo de decidir as medidas a
serem tomadas é essencial em situações emergenciais e, nesse sentido, nos regimes de
governo democráticos - nos quais o poder é dividido e as decisões dependem da
aprovação de uma pluralidade de agentes - a agilidade decisória fica comprometida.

O Estado de Excepção nada mais é do que uma situação temporária de restrição de


direitos e concentração de poderes que, durante sua vigência, aproxima um Estado sob
regime democrático do autoritarismo.

Nos Estados totalitários, a decretação do Estado de Excepção é menos importante e


pode ser dispensada, pela própria concentração natural de poderes que lhes é inerente.

Em situações de excepção, o Poder Executivo pode, desde que dentro dos limites
constitucionais, tomar atitudes que limitem a liberdade dos cidadãos, como a obrigação
de residência em localidade determinada, a busca e apreensão em domicílio, a
suspensão de liberdade de reunião e associação e a censura de correspondência.

2.2. Espécies de estado de excepção constitucional


No ordenamento jurídico moçambicano o estado de sítio e de emergência encontram-se
consagrados em um único artigo, neste caso o artigo 282 (estado de sitio ou de
emergência), na constituição da república de Moçambique. Conjugado com o artigo 72
n° 1 da constituição da republica de Moçambique. Neste sentido podemos encontrar
duas espécies de estado de excepção, a saber:

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 Estado de Defesa ou de Emergência
 Estado de sítio

2.2.1. Estado de Defesa ou de Emergência


Para o caso de Moçambique verifica se quando:

 Verificam se situações de menor gravidade, nomeadamente quando se


verifiquem ou ameacem verificar se casos de calamidades publica ou natural;
 Também a uma resposta a invasão estrangeira;
 Em estado de guerra.

2.2.2. Estado de sítio

Declarado quando se verifiquem ou estejam iminentes actos de força ou insurreição que


ponham em causa a soberania, a independência, a integridade territorial ou a ordem
constitucional democrática e não possam ser eliminados pelos meios normais previstos
na constituição e na lei.

2.3. Contestações ao Estado Constitucional

2.3.1. O estado de excepção

O modelo estatal contemporâneo, denominado por Ernst Forsthoff como Estado


Constitucional, representa importante passo adiante no aperfeiçoamento da regulação
das relações sociais, visto que pensado de modo a atender a necessidade de forjar um
Direito promovedor, voltado à transformação da realidade social, irradiando os valores
ínsitos à democracia sobre todos os seus elementos constitutivos.

Estruturado a partir de um modelo constitucional que ganha corpo no correr da segunda


metade do Século XX, o Estado contemporâneo – e suas instituições políticas – assume
por imperativo lógico apontar suas directrizes, em todos os planos, à implementação das
condições imprescindíveis a que se assegure a exaltação e a inteireza do valor
dignidade, que a todos os seres humanos, indistintamente, afecta. Consequentemente,
ganha realce a tarefa de conferir efectividade à pauta de direitos fundamentais, alargada

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e intimamente agregada ao elemento prioritário do sistema jurídico, configurando-se
como o círculo primeiro que o envolve e dá vida.

Assim é que viabilizar a máxima realização destes valores, reputados essenciais para a
satisfação das necessidades humanas mínimas, passa a ser o norte e fundamento de
validade das políticas públicas. Firma-se, desta forma, a preservação do ser humano
como o principal escopo da actuação estatal – do qual derivariam os demais, como a
protecção da integridade territorial ou dos indicadores económicos – e horizonte
norteador dos Poderes instituídos. Neste turno, o respeito aos ditames constitucionais –
e especialmente sua pauta de direitos fundamentais – reveste-se de enorme relevância,
afinal, como observa Konrad Hesse:

Embora a Constituição não possa, por si só, realizar nada, ela pode impor tarefas. A
Constituição transforma-se em força activa se essas tarefas forem efectivamente
realizadas, se existir a disposição de orientar a própria conduta segundo a ordem nela
estabelecida, se, a despeito de todos os questionamentos e reservas provenientes dos
juízos de conveniência, se puder identificar a vontade de concretizar essa ordem.

Especialmente na porção oeste da Europa continental, em países como França,


Alemanha ou Itália – a que se soma, em certa medida, a experiência norte-americana – é
possível encontrar os alicerces conceituais e práticos que sustentam as breves
observações acima feitas. Não se deve esquecer, contudo, que a ideia de um Estado
alicerçado na protecção e promoção dos direitos fundamentais nem sempre (ou poucas
vezes) encontra-se perfeitamente coadunada com a realidade vivida em outras terras,
especialmente países de modernidade tardia como Moçambique.

2.4. Situação dos direitos fundamentais em nações constitucionalizadas

Há que se destacar, também, que mesmo as nações cujas histórias oferecem os


paradigmas do constitucionalismo já se depararam – e, não raro, voltam a enfrentar –
com momentos em que o sistema de protecção constitucional aos direitos fundamentais
é contestado. Seja em razão de calamidades externas, como guerras de variadas
proporções, seja por força de problemas internos, normalmente de ordem económica, ou
ainda diante de ameaças não muito nítidas, a trama formada pela ordem jurídica
constitucional é cindida, emergindo de seus rasgos medidas excepcionais que, em nome

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de necessidades contingentes (reais ou fictícias), frustram a plena expressão das
garantias fundamentais da sociedade.

Situações semelhantes colocam em cena o estado de excepção (ou, na expressão em


língua inglesa, estado de emergência), o qual se afigura como um momento em que
parcelas da ordem jurídica, especialmente aquelas destinadas à protecção de direitos
fundamentais, são suspensas em razão de medidas, emanadas do Estado, com o fim de
atender a necessidades específicas. É importante frisar que tais medidas são revestidas
de força normativa – apresentadas, portanto, como Direito – em que pese representarem
um momento de suspensão da própria ordem jurídica.

A realidade vigente neste início de Século XXI indica uma forte vivificação da doutrina
do estado de excepção. Impulsionados pelas ameaças do terrorismo, do narcotráfico, de
ideologias religiosas, de questões étnicas até hoje não resolvidas ou de eternos
problemas económicos, vários países vêm, de forma crescente, apelando para medidas
excepcionais, francamente restritivas de direitos fundamentais. Sempre empunhando o
discurso da necessidade de fazer frente a algum mal iminente, buscam os governos e os
parlamentos justificar a adoçam de actos normativos claramente contrários à ordem
constitucional, especialmente na parcela que pertence às garantias fundamentais.

No instante em que principiou a assumir tarefas antes indiferentes, reduzindo-se a


distinção até então nítida entre Estado e sociedade civil, a República de Weimar
assumiu, também, a tarefa de organizar a sociedade. Assim, os problemas sociais
acabaram por se converter em problemas estatais, políticos, consequentemente. Todas
as esferas da vida social passaram a compor campos de interesse do Estado,
desaparecendo os amplos espaços de liberdade que caracterizavam o modelo liberal: é o
que Schmitt denomina Estado Total, onde se faz presente a nítida tendência a submeter
ao Direito todo o conjunto da vida colectiva. Esta expressão também é utilizada por
outro autor da época, Heinz Ziegler, para quem o Estado Total representa o contraponto
ao liberalismo, afigurando-se como um momento de politização e estatização completa,
especialmente do campo económico. Uma das consequências inerentes a esta realidade
é que as crises sociais – sejam da burguesia ou da classe operária – se transformam em
crises estatais, demandando dos poderes públicos imediatas soluções.

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Este aspecto da teoria Schmittiana, que procura revestir com uma roupagem de
legitimidade as medidas excepcionais, é fortemente combatido por Giorgio Agamben,
que se recusa a aceitar a sua juridicidade, afirmando que seu escopo, em verdade, é a
própria negação do Direito. Para este pensador italiano, o estado de excepção traz em si
uma ordem, ainda que não jurídica, tratando-se, em verdade, de medidas que acarretam
a suspensão do Direito. As tentativas de Schmitt de inserir o estado de excepção no
Direito, tratando-o como uma forma de expressão deste, na visão de Agamben,
constituem tese que não se sustenta.

2.5. Posição de alguns autores em relação ao estado de excepção

Afinal em sua análise crítica, Giorgio Agamben dialoga com outros autores, além de
Carl Schmitt, como Walter Benjamim e Santi Romano, e busca alicerces para suas
conclusões não apenas na literatura europeia de fins do Século XIX e início do XX, mas
também em situações assemelhadas colhidas na experiência do Império Romano. Tudo
isto lhe permite defender que a realidade constituída em momentos onde predominam as
medidas excepcionais, negadoras do sistema de garantias plasmado nas Constituições,
não pode ser reconhecida como parte da ordem jurídica. Ao contrário, mesmo revestidas
de normatividade e emanadas de autoridades legitimamente constituídas (e, não raro,
legalmente autorizadas a adoptar tais medidas), actos com semelhante conteúdo não
podem ser reconhecidos como pertencentes ao Direito.

Referindo-se ao período de dominação nazista, Agamben afirma ter surgido, naquele


momento, uma situação de guerra civil legal que permite a eliminação física não só dos
adversários políticos, mas também de categorias inteiras de cidadãos que, por qualquer
razão, pareçam não integráveis ao sistema político. Quando se volta os olhos para os
primeiros anos deste novo Século, nota-se o como a nação mais poderosa do mundo
vem trilhando o mesmo caminho.

O vasto conjunto de normas elaboradas em resposta aos ataques terroristas sofridos em


11 de Setembro de 2001 é reflexo desta realidade. Nele se destaca os USA Patriot Act,
lei promulgada pelo Senado norte-americano ainda no ano de 2001, que criou uma nova
categoria na qual as mais variadas pessoas podem ser classificadas: os detainees.
Detainees não são prisioneiros de guerra nem acusados, na definição do Direito Penal.

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Logo, não merecem quaisquer dos protecções conferidas a uns e a outros por normas
constitucionais e de Direito Internacional. Assim sendo, a classificação de um indivíduo
como detainees autoriza o governo norte-americano a submetê-lo a toda sorte de
sanções, inclusive corporais, o que de fato vem sendo feito há alguns anos na prisão de
Guantánamo, por exemplo.

Chega a ser irónico como a História se repete: no processo de aniquilação do povo


judeu, perpetrado no período de dominação nazista, semelhante procedimento foi
adoptado. Uma das primeiras medidas adoptadas pelo governo de Hitler foi a negação
da cidadania alemã a todos que, pertencendo àquele grupo, deixassem o território
germânico (o que, dada a sistemática deportação forçada dos judeus, acabava por atingi-
los sem restrições). Tornados apátridas por força de lei, deixaram de poder contar com a
protecção do sistema jurídico nacional, pelo que não mais tiveram a seu favor qualquer
dos limites oponíveis ao Estado.

Outro exemplo relevante da realidade contemporânea norte-americana é o Militar


Commissions Act of 2006, lei promulgada em Outubro de 2006 com a finalidade de
regulamentar a custódia e o julgamento de pessoas detidas sob a classificação de aliem
unlawful enemy combatant (combatentes irregulares inimigos estrangeiros). Dentre suas
variadas disposições, este diploma institui algumas bastante interessantes, concernentes
à utilização de provas nos julgamentos destes inimigos perante tribunais militares ad
hoc, como a possibilidade de a prova ser aceita mesmo quando obtida ilicitamente ou o
reconhecimento da validade de declarações obtidas mediante coerção.

Medidas como estas, às quais se juntam várias outras, usualmente têm sido apresentadas
às populações como alternativas inevitáveis ante as concretas ameaças vigentes.
Revestidas com vistosa capa de legalidade, se mostram como males necessários à
superação de problemas não só de segurança interna ou externa, mas também de ordem
social e económica. É certo que as várias nações padecem diante de promessas
constitucionais não cumpridas, drama que se avulta em países de modernidade tardia e
baixa constitucionalidade. Oferecer a todos seguranças – e, consequentemente, vida,
liberdade e integridade física – é uma tarefa dificultosa, que o sistema de prestações
estatais sociais nem sempre tem sido suficiente para assegurar. A conjugação deste
factor com o fantasma de insegurança global acaba por abrir espaço para a consolidação
de alternativas autoritárias, colocando em xeque as conquistas do constitucionalismo e a

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própria validade do sistema de garantias fundamentais construído ao longo dos últimos
cinquenta anos, de tal sorte que parece inevitável o reconhecimento de ser a vida em
uma sociedade de risco algo inevitável.

2.6. Reacção Contemporânea ao Estado de Excepção

O quadro delineado pela realidade política contemporânea, traçada sob a luz dos
acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos da América, e também
dos atentados de Madrid e Londres, que àquele sucederam, parece indicar que a
instauração de um estado de excepção permanente, inclusive em países onde o nível de
protecção a direitos reside em elevados patamares, é algo inevitável, restando aos
estudiosos do fenómeno nada mais do que tentar adivinhar sua extensão e
consequências. Contudo, como o título deste tópico já indica, no palco político e
jurídico actual têm sido ouvidas vozes em oposição a esta clara tentativa, de governos e
parlamentos em todos os cantos do globo, de adoptar cada vez mais vasto rol de
medidas restritivas a direitos fundamentais sob o argumento do combate ao terrorismo,
utilizando a segurança interna como base de legitimidade para actos que, não raro,
adentram na seara do arbítrio.

Dada a limitação deste estudo, é necessário restringir o campo de análise aos


movimentos verificados na esfera da jurisdição constitucional, afinal, o cumprimento
das exigências comuns ao constitucionalismo contemporâneo faz com que largos
poderes sejam depositados nas suas mãos. Algumas manifestações bastante recentes
permitem assinalar a existência, principalmente dentro do mundo europeu, de bastiões
de resistência nas Cortes Constitucionais. Três decisões, em especial, proferidas em dois
dos principais Tribunais daquele continente, mostram claramente que ainda é possível, a
partir das bases essenciais do constitucionalismo, colocar por terra medidas claramente
contrárias à ideia de que ao Estado incumbe proteger a sociedade, preservando a
integridade e assegurando a máxima.

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3. Conclusão

Deu para constatar que não há uma violação absoluta dos direitos fundamentais,
contudo por força da protecção dos interesse soberanos em algum momento o presidente
da republica tem a prerrogativa de declarar o estado de sitio ou de emergência para
poder salvaguardar os interesses do Estado acabando contudo, atingido
excepcionalmente os direitos fundamentais que são aqui restringidos.

O constitucionalismo contemporâneo, estruturado sobre um vasto sistema protectivo


cujo referencial central é o ser humano, vem buscando contribuir na definição de um
modelo estatal capacitado a atender aos anseios sociais, oferecendo as condições
mínimas imprescindíveis à sobrevivência e algo mais.

Em alguns países económicos e socialmente desenvolvidos, várias das principais


promessas do constitucionalismo já foram implantadas, realidade, contudo que não se
encontra presente na maior parte das nações de modernidade tardia. Entretanto, os
diferentes graus de efectividade alcançados pelos direitos fundamentais parecem não
influenciar nas tentativas de implementação de medidas excepcionais, que se têm
mostrado presentes com igual intensidade em países centrais e periféricos.

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4. Bibliografia
BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio
Mártires. Curso de Direito Constitucional (4ª ed.). São Paulo: Saraiva, 2009.

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional (23ª ed.). São Paulo: Atlas, 2008.

Marconi, M. de A. Lakatos, E. M..Fundamentos de Metodologia Científica. 6ª Ed. São


Paulo: Atlas, 2002.
SELIGMANN-SILVA, M. Walter Benjamin: o Estado de Excepção entre o político e o
estético in: Cadernos Benjaminianos, Volume 1 - Número 1 - Junho/2009.

Legislações

 Constituição da Republica de Moçambique, 2004

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