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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
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Índice
CAPITULO I: NOTAS INTRODUTÓRIAS ...............................................................................4
1.1. Introdução .........................................................................................................................4
2.5. Alguns exemplos invulgares da actuação da força policial no tempo de Covid ...............11
Conclusão ...............................................................................................................................13
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CAPITULO I: NOTAS INTRODUTÓRIAS
1.1. Introdução
O presente trabalho tem como tema a legitimidade do uso da força do poder estatal em
tempos de pandemia, com base nisso procuramos destacar como a protecção da saúde
pública autoriza o Estado a adoptar medidas restritivas de direitos individuais.
Direitos fundamentais referem-se àqueles direitos do ser humano que são reconhecidos
e positivados na esfera do direito constitucional positivo de um determinado Estado
(carácter nacional). Diferem dos direitos humanos com os quais são frequentemente
confundidos na medida em que os direitos humanos aspiram à validade universal, ou
seja, são inerentes a todo ser humano como tal e a todos os povos em todos os tempos,
sendo reconhecidos pelo Direito Internacional por meio de tratados e tendo, portanto,
validade independentemente de sua positivação em uma determinada ordem
constitucional.
Direitos fundamentais podem ser limitados ou até mesmo restringidos quando entram
em conflito com outro direito. Assim analisa-se a colisão de direitos diante do cenário
actual, o recente surto da Covid-19 que gerou uma pandemia mundial.
1.2. Objectivos
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1.3. Metodologia
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CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Legalidade e Legitimidade do Poder
O princípio da legalidade
O princípio da legitimidade
Já a legitimidade tem exigências mais delicadas, visto que levanta o problema de fundo,
questionando acerca da justificação e dos valores do poder legal. A legitimidade é a
legalidade acrescida de sua valoração. É o critério que se busca menos para
compreender e aplicar do que para aceitar ou negar a adequação do poder às situações
da vida social que ele é chamado a disciplinar. No conceito de legitimidade entram as
crenças de determinada época, que presidem à manifestação do consentimento e da
obediência. A legalidade de um regime democrático, por exemplo, é o seu
enquadramento nos moldes de uma constituição observada e praticada; sua legitimidade
será sempre o poder contido naquela constituição, exercendo-se de conformidade com
as crenças, os valores e os princípios da ideologia dominante, no caso a ideologia
democrática.
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Para Uadi Lâmmego Bulos (2012), direitos fundamentais consistem em um conjunto de
normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos, inerentes à soberania popular,
que garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independente de credo,
raça, origem, cor, condição económica ou status social.
Primeira dimensão
São conhecidos como direitos de liberdade, possuem carácter negativo, tendo em vista
que o Estado deve proteger a esfera da autonomia individual, assim como, são também
chamados de direitos de defesa, posto que “protegem o indivíduo contra intervenções
indevidas do Estado, possuindo carácter de distribuição de competências (limitação)
entre o Estado e o ser humano, (Ramos, 2019).
Segunda dimensão
Quanto aos direitos de segunda dimensão, Bonavides (2004) ilustra que “nasceram
abraçados ao princípio da igualdade”, acrescenta estes direitos requerem prestações
positivas por parte do Estado e dizem respeito aos chamados direitos sociais, culturais e
económicos, com a titularidade expressa nas colectividades e grupos sociais. Assim
como, conferem a paridade de armas aos indivíduos e grupos singularizados, se ligando
assim a reivindicações de justiça social.
Terceira dimensão
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em algum momento, os direitos fundamentais podem ser confrontados por outros
direitos, assim como não podem ser invocados para a prática de actos considerados
ilícitos. Logo, os “direitos fundamentais são de regra direitos submetidos a limites e
susceptíveis de serem restringidos.1
2.2.3.Tipos de restrições
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Sarlet, Ingo Wolfgang. (2012). Eficácia dos Direitos Fundamentais: uma teoria Geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto Alegre.
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Restrições não expressamente autorizadas pela constituição
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2.4. Análise e discussão
Em Moçambique para conter a propagação da Covid-19 as autoridades impuseram
severas restrições às pessoas físicas e jurídicas, com único o objetivo de frear o avanço
da Covid-19. Foram adoptadas medidas rígidas como o fechamento de fronteiras, a
proibição de aglomerações públicas, restrições para o comércio, adopção de home office
e até a aplicação de multas ou abertura de investigação criminal e de processo contra
pessoas que transitam nas ruas descumprindo as normas, tendo em vista que a principal
forma de transmissão do vírus é através de aglomerações, onde há intenso contacto
físico entre as pessoas, mantendo-se apenas os serviços públicos e actividades
essenciais para a sociedade.
Todavia, sabe-se que, embora fundamentais, tais direitos não são permanentemente
absolutos. Dessa forma, diante de determinadas circunstâncias, os Direitos
Fundamentais podem ser mitigados sem, contudo, violar a Constituição.
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A princípio, o direito de locomoção é garantido no art. 5º, XV, que prevê: é livre a
locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Porém, nenhum
direito é absoluto.
A própria Constituição da República prevê situações em que ele pode ser limitado,
como:
A polícia devia, por isso, encarar todas as medidas em vigor da mesma forma e atribui-
las o mesmo peso quando se trata de fiscalizar o seu cumprimento. A higienização das
mãos com água, sabão ou cinza, o distanciamento social e o uso da máscara em lugares
públicos são inegociáveis.. Na hora de fazer cumprir com estes protocolos do Ministério
da Saúde, a polícia estava mais preocupada com algumas áreas em detrimento das
outras.
Ela é mais vista a fiscalizar os chapeiros, o que não seria nenhum problema se o
objectivo fosse o de combater os atropelos que se verificam neste sector de actividade
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em que alguns operadores transportam para além do número autorizado de passageiros.
Estão mais preocupados em ganhar dinheiro do que proteger os seus utentes.
No calar da noite, a polícia azia rusgas à caça dos que teimam em vender bebidas
alcoólicas para o consumo no local. Desde que começou o Estado de Emergência,
centenas de pessoas foram detidas nestas operações, um pouco por todo o país, acusadas
de violação do Decreto presidencial e os seus produtos, apreendidos.
No lugar de responsabilizar os prevaricadores de acordo com a lei, são, eram mais tarde,
soltos e tudo fica como se nada tivesse acontecido.
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Conclusão
Com base nas abordagens destacadas no trabalho foi possível concluir que para evitar o
colapso do sistema de saúde pública moçambicana, o Estado adoptou medidas de
restrição aos seus cidadãos, através da implementação de quarentena restringindo o
direito de locomoção da população em geral, inclusive com aplicação de multa nos
casos de descumprimento. Sendo o direito de locomoção um dos direitos fundamentais
alicerçados na Constituição da República de Moçambique, houveram questionamentos
tanto em mídias sociais e jornalísticas, como no judiciário quanto a legalidade e
consequente cumprimento de medidas que afrontam direitos constitucionalmente
garantidos. Desta forma, o presente estudo buscou clarear a situação do ponto de vista
teórico onde conclui-se que os direitos fundamentais são assim compreendidos por
encerrarem direitos que buscam resguardar a dignidade da pessoa humana, sendo então
indispensáveis em um Estado Democrático de Direito.
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Referências bibliográficas
Bobbio, Norberto. (2004). A Era dos Direitos. 18. ed. Rio de Janeiro: Elsevier.
Sarlet, Ingo Wolfgang. (2012). Eficácia dos Direitos Fundamentais: uma teoria Geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto Alegre.
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