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1º Ano
1.1.Objectivos ................................................................................................................... 3
4.CONCLUSÃO ............................................................................................................. 13
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1. INTRODUÇÃO
Com o advento da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), surgiu a necessidade de,
o estado moçambicano editar actos normativos para prevenir e controlar a doença.
Essas medidas invariavelmente determinam restrições a direitos fundamentais. Em que
pese a atuação do poder público conter respaldo legal, nota-se que o exercício do
poder de polícia não é ilimitado, vez que, pelo facto de atentar contra liberdades
garantidas no texto constitucional, deverá a intervenção obedecer ao equilíbrio
entre autoridade e liberdade, mais precisamente, atender ao princípio da
proporcionalidade.
Partindo do pressuposto, pretende se esgrimir conhecimentos relacionados com a
legitimidade do uso da força do poder estatal em tempos de pandemia.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Garantir a continuidade das actividades do estado na época da pandemia.
1.1.2. Objectivos específicos
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com o passar dos tempos, houve uma mudança no modo de interpretar as relações entre
indivíduo e poder, considerando que os direitos do homem são históricos, caracterizados
por lutas em defesa de novas liberdades em face de velhos poderes, e nascidos de modo
gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas.
2.3.A legitimidade do exercício de poder de polícia em tempos de pandemia
Os tópicos anteriores levam à constatação de que poder de polícia e direitos
fundamentais se relacionam intrinsecamente e atuam de forma que um limita o outro.
Ou seja, a atuação ordenadora do Estado pode restringir liberdades individuais, mas por
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elas também é limitado, na medida em que o poder público, durante sua atividade
regulatória, não poderá se afastar dos valores albergados na Constituição e provocar a
aniquilação das garantias alcançadas.
Portanto, verifica se o problema quando a intervenção estatal limitadora de direitos
fundamentais será legítima? Quando existir equilíbrio entre autoridade e liberdade.
Quando houver efectiva e real supremacia do interesse coletivo. Quando a coerção
mantiver fina sintonia entre as razões e os objetivos que a fundamentam. Em síntese,
quando a atuação do poder público for proporcional.
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2.5. Formação policial com base nos direitos fundamentais
Finalidade:
A presente actividade pretende alargar os conhecimentos dos participantes sobre os
conceitos básicos no domínio dos direitos humanos, nomeadamente os conceitos-chave
e o seu funcionamento.
Conhecimentos
Compreender a ideia básica e as funções dos direitos humanos;
Compreender os conceitos-chave dos direitos humanos e as obrigações deles
decorrentes;
Conhecer os aspetos principais da evolução dos direitos humanos ao longo do
tempo;
Familiarizar-se com os documentos internacionais e os tipos de mecanismos de
proteção mais importantes no domínio dos direitos humanos.
Atitude
Reconhecer o valor intrínseco dos direitos humanos, nomeadamente a sua
importância jurídica e política e enquanto base de uma sociedade pacífica, e o
seu contributo para uma vida justa para todas as pessoas.
Competências
Requisitos:
Tempo: 40-60 minutos
Material:
Ficha de trabalho com perguntas para debate;
Opcional: projetor e apresentações em PowerPoint;
Espaço: sala de plenário e duas salas para os grupos de trabalho;
Dimensão do grupo: máximo 20-25 pessoas.
2.6. Desafios que se colocam aos direitos humanos dos agentes de polícia
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se a dar ordens. Está sempre a dizer: Não gosta, pode ir embora. Enquanto estiver aqui,
está sob as minhas ordens. Noutra situação: Pediram-nos para apresentar amostras de
ADN. Isto é contra os nossos direitos humanos.
Os chefes de polícia são responsáveis pelos direitos humanos dos agentes sob o seu
comando. Os fatores estruturais e a cultura do serviço de polícia influem também nos
direitos civis, económicos e sociais dos agentes de polícia, ao nível, por exemplo, das
condições/horas de trabalho, da segurança social, da transparência e da participação em
processos de comunicação e de gestão, da gestão dos recursos humanos, da
responsabilidade da chefia ou da formação e educação. Um olhar atento sobre a
organização na perspetiva dos direitos humanos permite obter informações importantes
sobre se o ambiente da mesma promove ou não os direitos humanos dos agentes de
polícia.
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compreender, ainda que brevemente, a estruturação e função do Estado e do poder de
polícia.
Os elementos essenciais para existência do estado, é o povo, território, governo e
soberania. O Estado existe para prestar serviços à coletividade e é a soberania que
possibilita a edição de normas e regras de convivência social, bem como a adoção de
medidas que coíbam as práticas de atos que vão de encontro ao bem-estar comum.
Portanto, cabe ao estado o monopólio da violência legítima, elemento fundamental para
o controle social. Isso não significa brutalidade ou excessos, o uso da força é um meio
extremo que o Estado possui a sua disposição para fazer com que a ordem pública seja
preservada.
Inicialmente, temos uma distinção essencial a ser feita é entre o uso da força e a
violência policial. O uso da força se caracteriza por ser um acto discricionário, legal e
legítimo. É uma das características e pressupostos da actividade policial, sendo exercido
em consonância com os ditames legais e em observância aos princípios da legalidade,
necessidade e proporcionalidade.
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Uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra
outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer
possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação.
O uso da força pelos policiais militares, além de ser regulado pelo ordenamento
jurídico, deve ser estritamente fundamentado na missão de preservação da lei e da
ordem, da segurança, da vida e da integridade física das pessoas e, ainda, em alguns
princípios essenciais. Nesse sentido, a legalidade, necessidade e proporcionalidade
constituem os pilares principiológicos essenciais sobre o qual devem ser pautadas todas
as decisões de ações policiais.
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O princípio da legalidade não está presente se o policial militar usa de violência
para extrair a confissão de uma pessoa. A tortura é vedada em qualquer situação
e não justifica o objetivo a ser alcançado
O policial militar não cumpre o princípio da legalidade se, durante o seu serviço,
usar arma e munições ao autorizadas pela Instituição, tais como armas sem
registro, com numeração raspada, calibre proibido, munições particulares, dentre
outras.
Por fim, o princípio da proporcionalidade determina que a força utilizada pelo policial
deve ser compatível com a gravidade da ameaça oferecida pelo infrator. Assim, se em
determinada situação, for possível o emprego de instrumentos de menor potencial
ofensivo para neutralizar uma ameaça, não se justifica, por ausência de
proporcionalidade, o uso de força potencialmente letal.
O policial não precisa percorrer todos os níveis de força para neutralizar uma situação
crítica, pois não se trata de uso progressivo da força e sim do seu uso de forma
diferenciada, selecionada. Assim, se uma ocorrência simples evoluir rapidamente para
uma complexa com reféns, por exemplo, nada impede que o militar saia da verbalização
e faça uso de força potencialmente letal, pois esta medida se mostrará necessária e
proporcional à ameaça vivenciada, além de encontrar respaldo legal.
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os princípios norteadores do uso da força, tem-se que estabelecer diretrizes a serem
seguidas pelos agentes de segurança pública e, além de determinar a observância dos
princípios essenciais acima mencionados (legalidade, necessidade e proporcionalidade),
acrescenta ainda os princípios da conveniência e moderação:
O uso da força por agentes de segurança pública deverá obedecer aos princípios da
legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência.
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poder de polícia vai de encontro à dignidade da pessoa humana, princípio fundamental
que norteia os Direitos Humanos.
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4. CONCLUSÃO
De início, veio a lume a análise sobre o poder de polícia. Foram abordados seus
principais aspectos como origem, conceituação, fundamento, objeto, discricionariedade
e limites. Pode-se extrair dali que essa prerrogativa da administração púbica tem
assento no princípio da supremacia do interesse público e, por conta disso, tem seu
leque de atuação aumentado. Por outras palavras, com estofo no bem maior, pode o
ente estatal quase tudo, só não pode dispor dos desejos da coletividade. O poder de
limitar é limitado.
Num segundo momento, abordou-se os direitos fundamentais. Para melhor
contextualização, destacou-se aspectos da teoria geral que guarda relação com o
tema investigado como evolução, concepções, características, finalidades, dimensões
subjetivas e objetivas. Vislumbrou-se a relevância das liberdades fundamentais como
proteção do indivíduo e elemento direcionador da conduta positiva do poder
público. Em arremate, demonstrou-se a possibilidade de afastamento excepcional das
garantias, mas a impossibilidade de sua aniquilação.
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5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito administrativo. 31. ed. rev. atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2018.
2. SANTOS, Gilmar Luciano. Prática Forense para o Juiz Militar. Belo
Horizonte: Editora Inbrandim, 2016.
3. SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos Direitos Fundamentais: uma teoria
Geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto
Alegre: Livraria do advogado, 2012.
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