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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas


Licenciatura em Administração Pública

DIREITO A LIBERDADE DE REUNIÃO E MANIFESTAÇÃO: O CASO


DE MOÇAMBIQUE

Aguinália Abristo Armando: 71231751

Quelimane, Maio de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Licenciatura em Administração Pública

DIREITO A LIBERDADE DE REUNIÃO E MANIFESTAÇÃO: O CASO


DE MOÇAMBIQUE
Trabalho de Campo,
apresentado à cadeira de
Introdução ao Direito, na
coordenação do curso de
Administração Pública, como
requisito para a avalição. 1º
Ano.

Tutor: PhD. Guirrino Nhatave

Aguinália Abristo Armando: 71231751

Quelimane, Maio de 2023


Índice

1. Introdução............................................................................................................................ 4

1.1 Objectivos ......................................................................................................................... 5

1.1.1 Objectivo Geral: ............................................................................................................. 5

1.1.2 Objectivos Específicos:.................................................................................................. 5

1.2 Metodologia do trabalho ................................................................................................... 5

2. O direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso de Moçambique .......................... 6

3. Considerações finais ............................................................................................................ 8

Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 9


1. Introdução
O presente trabalho centra-se na abordagem sobre o direito a liberdade de reunião e
manifestação: o caso de Moçambique.

Há vários anos que é recorrente o governo de Moçambique, através da sua força policial,
limitar ilegalmente o exercício do direito à manifestação pacífica pelos cidadãos ou diferentes
grupos sociais, por violação dos seus direitos e interesses legalmente reconhecidos ou contra a
má gestão da coisa pública. A manifestação do tipo marcha na via pública é praticamente a
mais temida pela Administração Pública.

A intervenção da Polícia da República de Moçambique (PRM) para impedir o exercício do


direito a manifestação pacífica e livre tem sido caracterizado por deteções arbitrárias, agressão
física, baleamentos, tortura e outros maus tratos que consubstanciam violação dos direitos
humanos, para além de argumentos falaciosos de que a manifestação não foi autorizada.

Perante esta situação, é curioso e notório a injustificada inércia das instituições de justiça
relevantes nesta matéria, o que é problemático, preocupante, na medida em que perpetua a
impunidade das autoridades policiais e civis que violam o direito à liberdade de reunião e
manifestação e outros direitos humanos neste contexto.

Para a melhor compreensão desta pesquisa, a redacção apresenta a seguinte estrutura:


Capítulo I: Introdução, que engloba a contextualização, objectivos e a metodologia do
trabalho; Capítulo II: Revisão de literatura, em que se definem os conceitos operatórios;
Capítulo III: Considerações finais e referências bibliográficas.

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1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo Geral:


 Analisar o direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso de Moçambique.

1.1.2 Objectivos Específicos:


 Identificar o direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso de Moçambique;
 Descrever a falta do direito e liberdade de manifestação;

 Caracterizar o direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso de Moçambique.

1.2 Metodologia do trabalho


O presente trabalho utilizou a pesquisa bibliográfica como suporte de realização da pesquisa.
Para Gil (1991) a pesquisa bibliográfica tem como objectivo conhecer e analisar as principais
contribuições teóricas existentes a partir de um determinado tema ou problema, procurando
expôr a realidade estudada, suas características e princípios vinculados.

Esta metodologia consiste na busca de conteúdos já existentes em livros, artigos, dissertações,


teses e outros que abordam o objecto em pesquisa. Trata-se de livros, revistas e artigos
científicos, que tenham por conteúdo o objecto pesquisado.

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2. O direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso de Moçambique
De acordo com o disposto no artigo 51 da Constituição da República de Moçambique
(CRM): “Todos os cidadãos têm direito à liberdade de reunião e manifestação nos termos da
lei.” O que significa que se trata de um direito fundamental que é directamente aplicável,
vincula as entidades públicas e privadas, deve ser garantido pelo Estado e deve ser exercido
no quadro da Constituição e das leis, conforme se depreende do n.º 1 do artigo 56 da CRM.

No entanto, na interpretação do n.º 2 do artigo 56 da CRM, é fácil perceber que o direito à


manifestação pode ser limitado em razão da salvaguarda de outros direitos ou interesse
protegidos pela Constituição, como é o caso da salvaguarda da ordem e tranquilidade
públicas, da saúde pública e da vida. A manifestação do tipo marcha pode ser limitada em
virtude da luta contra a Pandemia da Covid-19, tendo sempre em conta que pelo imperativo
constitucional, essa limitação só por ter lugar nos casos expressamente previstos na
Constituição. (n.º 3 do artigo 56 da CRM).

O exercício do direito à manifestação está regulado na Lei n.º 9/91, de 18 de Julho (Lei das
Manifestações) e na Lei n.º 2/2001, de 7 de Julho que altera alguns artigos da Lei das
Manifestações.

A manifestação tem por finalidade a expressão pública de uma vontade sobre assuntos
políticos e sociais, de interesse público ou outros.” É o que dispõe o n.º 3 do artigo 2 da Lei
das Manifestações. Trata-se, pois, de exercício de um direito que serve como um meio de
supervisão da Administração Pública ou da actividade do Estado pelo cidadão e é exercida
nos processos de planeamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação das acções de
gestão pública e na execução das políticas e programas públicos, visando o aperfeiçoamento
da gestão pública à legalidade e justiça e respeito pelos direitos humanos. A manifestação é,
indubitavelmente, pressuposto do princípio constitucional da participação democrática dos
cidadãos na vida pública.

Nos termos do n.º 1 do artigo 3 da Lei das Manifestações; “Todos os cidadãos podem,
pacífica e livremente, exercer o seu direito de reunião e de manifestação sem dependência de
qualquer autorização nos termos da lei.” Desta disposição resulta clara e expressamente que a
manifestação não carece de qualquer autorização. O que significa que não há necessidade de
formular pedido para realização da manifestação à nenhuma autoridade pública ou privada.

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Todavia, aqueles que pretendem realizar manifestação do tipo marcha, desfile ou cortejo em
lugares públicos ou abertos ao público devem informar nesse sentido, avisando ou
comunicando, por escrito, essa pretensão com antecedência mínima de quatro dias úteis, as
autoridades civis e policiais da área em questão. É o que determina o n.º 1 do artigo 10 da Lei
das Manifestações. Cumpridas essas formalidades, que também são questionáveis à luz das
garantias constitucionais dos direitos e liberdades fundamentais, as autoridades civis e
policiais devem garantir o livre exercício da manifestação pacífica e não procurar artimanhas
sem cobertura legal para impedir, a todo o custo, a realização da manifestação. (artigo 8 da
Lei das Manifestações).

Aliás, qualquer decisão de proibição ou restrição da manifestação compete a autoridade civil


da área em causa e não à autoridade policial, para além de que essa proibição deve ser
fundamentada e notificada por escrito aos promotores da manifestação, no prazo de dois dias
a contar da data da recepção da comunicação pelas autoridades, sob pena de ineficácia da
proibição caso não sejam respeitados estes requisitos consagrados no artigo 11 da Lei das
Manifestações e sobretudo os critérios de limitação dos direitos e liberdades fundamentais
constitucionalmente estabelecidos.

As normas do direito internacional sobre os direitos humanos de que o Estado moçambicano é


parte, cujos princípios orientadores inspiraram a elaboração da CRM, também protegem os
direitos e liberdades fundamentais, incluindo o direito à liberdade de reunião e de
manifestação, de restrições ou limitações arbitrárias como se pode aferir da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos,
do Pacto internacional dos Direitos Civis e Políticos, da Carta Africana sobre os Valores e
Princípios da Função, Administração Pública, etc. Aliás, determina o artigo 43 da CRM que:
“Os preceitos constitucionais relativos aos direitos fundamentais são interpretados e
integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Carta Africana
sobre os Direitos Humanos e dos Povos.”

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3. Considerações finais
O objectivo desta pequisa foi analisar o direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso
de Moçambique. De acordo com o disposto no artigo 51 da Constituição da República de
Moçambique (CRM): “Todos os cidadãos têm direito à liberdade de reunião e manifestação
nos termos da lei.” O que significa que se trata de um direito fundamental que é directamente
aplicável, vincula as entidades públicas e privadas, deve ser garantido pelo Estado e deve ser
exercido no quadro da Constituição e das leis, conforme se depreende do n.º 1 do artigo 56 da
CRM.

A manifestação tem por finalidade a expressão pública de uma vontade sobre assuntos
políticos e sociais, de interesse público ou outros.” É o que dispõe o n.º 3 do artigo 2 da Lei
das Manifestações.

Trata-se, pois, de exercício de um direito que serve como um meio de supervisão da


Administração Pública ou da actividade do Estado pelo cidadão e é exercida nos processos de
planeamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação das acções de gestão pública e na
execução das políticas e programas públicos, visando o aperfeiçoamento da gestão pública à
legalidade e justiça e respeito pelos direitos humanos. A manifestação é, indubitavelmente,
pressuposto do princípio constitucional da participação democrática dos cidadãos na vida
pública.

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Referências Bibliográficas

Constituição da República de Moçambique de 1990.

Lei n.º 9/91, de 18 de Julho (Lei das Manifestações).

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