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UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOCAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO: Direito

Ano: 4º

Disciplina: Metodologia de Pesquisa Cientifica

Tema: Analise critica sobre a aceitação do exercício do direito a manifestação em


Moçambique face ao art. 51º CRM e da lei Ordinária-Lei 9/91 de 18 de Julho

Discente
Amade Rui Amade

Docente
Ms. Joel Elias

Chimoio, Abril, 2022

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Índice
CAPITULO I..............................................................................................................................3

1. Introdução.........................................................................................................................3

CAPITULO II............................................................................................................................4

2. Delimitação do objecto do estudo....................................................................................4

3. Contextualização..............................................................................................................4

4. Apresentação do Problema do tema de pesquisa.........................................................5 a 7

5. Ojectivos do estudo da pesquisa.......................................................................................8

5.1 Objetcivo geral...........................................................................................................8

5.2 Objectivo específico..................................................................................................8

6. Justificativo do tema.....................................................................................................8 a 9

7. Referência bibliográfica...................................................................................................10

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CAPITULO I

1. Introdução

O trabalho aqui apresentado faz, uma análise critica sobre a aceitação do exercício do
direito a manifestação em Moçambique face ao art. 51º CRM e da lei Ordinária-Lei
9/91 de 18 de Julho

Além do objecto é importante que analisar as normas existentes e as suas classificações


jurídicas, de modo que se possa aprofundar o estudo e delimitar quais as funções precípuas de
cada norma especifica relativamente ao tema (Direito a Manifestação em Moçambique).

Em que, o proponente fará uma tentativa de procurar soluções jurídicas no que tange a
diversos problemas relacionados com a falta de políticas comuns que satisfazem a sociedade
com que as camadas das zonas urbanas em particular se debatem, como é o caso da cidade de
Chimoio, são uma das grandes linhas de participação popular para mostrar a sua indignação
por um caso em concreto com as quais servirão de bases para nortear a reposição de uma ou
outra solução que possa merecer atenção por parte do estado (instituições 1) relativamente ao
tema.
Com isso, pretende em última analise, mostrar os desafios da aceitação de manifestação,
enquadramento juridico e sua eficácia, complexidade interpretativa das disposições
conjugadas no art. 51º da CRM e da lei 9/91 de 18 de Julho.

Portanto, o mesmo cinge-se em análisar a compatibilidade e adequação da aplicação do


consagrado no art. 51º CRM, face o modo da sua regulamentação no ordenamento jurídico
Moçambicano.

1
Ex: a exigir pela reabilitação de uma Estrada degradada ao CAC

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CAPITULO II

2. Delimitação do objecto do estudo

O trabalho aborda sobre o direito a reunião e manifestação em Moçambique, que origina


consequências jurídicas de interpretação de uma norma constitucional, quando
especificamente uma lei ordinária limita a sua prática e que, esta limitação é oriunda do
próprio legislador.

Desta forma, o estudo analisa casos de aceitação e/ou violação dos direitos fundamentais dos
cidadãos face as questões jurídicas interpretativas daquele direito específico, em que, o
Estado no âmbito do seu dever de garantir o direito de reunião e manifestação, optou em
limitar sem ter em conta que a norma consagrada na constituição, não poderia ser limitada de
forma severa a sua prática efectiva, ao menos que fosse facilitada.

Quanto ao espaço de estudo, foi concebido para a cidade de Chimoio, capital Provincial de
Manica, por via do art. 51º CRM e da Lei 9/91 de 18 de Julho- Lei de Direito a Reunião e
Manifestação. Pelo facto de se verificar que, a cidade de Chimoio, tem uma camada social
desenvolvida na recepção e compreensão de varias questões como os de direitos
fundamentais.

3. Contextualização

A Constituição da República, como a lei Mãe da República de Moçambique, garante e


reserva o princípio de igualdade (art. 35º), exercido pelos seus cidadãos em decorrência dos
vários direitos que a ela consagra e nas demais legislações aplicáveis.

Entretanto, dentre os vários direitos que a Constituição consagra, afigura-se importante, o


direito a reunião e manifestação, onde de acordo com o disposto no artigo 51º da Constituição
da República de Moçambique (CRM): “Todos os cidadãos têm direito à liberdade de
reunião e manifestação nos termos da lei”. O que significa que se trata de um direito
fundamental que é directamente aplicável,  vincula as entidades públicas e privadas, deve
ser garantido pelo Estado e deve ser exercido no quadro da Constituição e das leis, conforme
se depreende do n.º 1 do artigo 56º da CRM.

Todavia, o direito a reunião e manifestação está presente na sociedade moçambicana, refere-


se a liberdade de exprimir opiniões que por ventura sejam de indignação popular,
especialmente quando a mesma prática seja reconhecida pelo Estado como garantia

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Constitucional e, bem como, na possibilidade do direito violado ser de proveniência do
próprio Estado (Instituições).

Nesta perspectiva, analisa-se o dever do poder público (Estado) em garantir a ordem moral de
cidadania aos seus cidadãos, que concorre nas divergências de várias sensibilidades jurídicas
e sociais. O exercício do direito à manifestação está regulado na Lei 9/91, de 18 de Julho (Lei
das Manifestações).

A manifestação tem por finalidade a expressão pública de uma vontade sobre assuntos
políticos e sociais, de interesse público ou outros. É o que dispõe o nº 3 do artigo 2º da Lei
das Manifestações.

Trata-se, pois, de exercício de um direito que serve como um meio de supervisão da


Administração Pública ou da actividade do Estado pelo cidadão e é exercida nos processos de
planeamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação das acções de gestão pública e na
execução das políticas e programas públicos, visando o aperfeiçoamento da gestão pública à
legalidade e justiça e respeito pelos direitos humanos.

Assim, o trabalho tem em vista, analisar o peso de uma norma constitucional (art. 51º CRM)
e noutra relacionada, em lei ordinária (Lei 9/91 de 18 de Julho- que regula o exercício à liberdade
de reunião e de manifestação ) olhando as consequências jurídicas interpretativas do direito da
manifestação, quando esta tenha sido originada do legislador.

4. Apresentação do Problema do tema de pesquisa

Bem, sabe-se que, a Constituição da Republica de Moçambique (Lei Mãe), dispõe, do único,
no seu art. 51º, que, todos os cidadãos têm direito a liberdade de reunião e manifestação nos
termos da lei.

Ora, a ser assim, a liberdade do direito a reunião e manifestação consagrada na Constituição,


consubstancia um direito pleno e absoluto da vontade constitucional.

Entretanto, esta norma, apesar de existente e válida, não tem tido eficácia almejada pela
comunidade jurídica e não só, em virtude da limitação em lei ordinária sobre o direito em
questão, tornando assim um facto problemático real (que se resume no confronto entre
Autoridades Policiais/Governantes e Cidadãos) no País em geral, onde ocasiões em que
cidadãos são atingidos pela violação de seus direitos fundamentais (art. 56º da CRM).

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Porém, a lei ordinária (Lei 9/91 de 18 de Julho), veio limitar o direito a reunião e
manifestação ao estabelecer de forma expressa os critérios para o efeito, em que, esta norma
apesar de existir mas a sua validade é questionável, pois, não tem tido consenso pela
comunidade jurídica e não só. Nem se tivesse uma eficácia pura (nos termos da constituição)
tornaria um obstáculo por ser um facto problemático originado pela limitação e que, para
além de criar mecanismos de facilidade a sua implementação, revela impedimento taxativo ao
estabelecer a limitação temporal por exemplo, em que a reunião e manifestação só poderão
ter lugar aos sábados, domingos e feriados, e nos restastes dias depois das dezassete horas,
até às zero boras e trinta minutos. (art. 6º da Lei 9/91 de 18 de Julho).

Se se o art. 6º da lei de manifestação (in fine) considera aquele período expresso em lei
ordinária como requisito, colocam-se varias dúvidas contra a vontade e interesse do
legislador constitucional. Ainda, que fosse outro período devidamente justificado,
questionaria o interesse que leva a justificar e para que entidade. Com isso, mostra que, a lei
não está nos padrões desejados para a comunidade jurídica, pois, o confronto interpretativo
jurídico das normas específicas, continuarão a criar convulsões.

Por outro, a lei não estabelece a autorização, mas sim a comunicação (art. 10º da Lei de
manifestação) embora que não se observe ou mostre problema de abstratividade na sua
interpretação, ela em sim, também concorre a interpretação finalística e teológica e até
mesmo o seu elemento legal, no caso específico.

Dai que, a norma constitucional prevalece com a função positiva, porque atribui maior peso
face as duas interpretações. Ou seja, a diferença das duas normas, é o fim da lei (a
necessidade social a que ela pretende dar) que qualifica a qualidade indicada.

Segundo NHAMPOSSA (2021), no seu artigo publicado a respeito do tema, salienta que,
originam divergentes posições de análise ou entendimento do alcance da norma
constitucional, associada a criação da norma ordinária que limita o direito; onde de um lado
as autoridades vezes sem conta e sem fundamentos legais e até mesmo desnecessária,
acumulam justificações simples (põe o guizo no gato2) como sendo um direito que precisa ser
autorizado por uma entidade ou autoridade que a própria norma constitucional não especifica
quem é, empurrando para a lei ordinária o seu exercício ou regulamentação.

2
João Nhampossa, Advogado, Terça-Feira, 18 de Maio de 2021 06:44

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Neste entendimento, absorve-se a ideia de que, fora dela, considera-se ilegal, surgindo assim,
convulsões de interpretações jurídicas, quanto a sua eficácia, ou seja, se a reunião e
manifestação não for anuída por uma entidade que reclama ser legitima, será considerada
ilegal e consequentemente, concorrendo ao excesso de força por parte da policia dando a
suspensão e detenção dos responsáveis, sem indicar as disposições legais que lhes permitem a
tomar a aquela atitude contra aquele direito especifico (negação ao direito), que resultam na
violação dos Direitos Humanos.

Contudo, esquece-se que, uma norma consagrada na constituição prevalece e vinculativa para
todas autoridades, porque, em si só, já está autorizada. Ou seja, se nos termos do n.º 1 do
artigo 3º da Lei das Manifestações estabelece em: todos os cidadãos podem, pacífica e
livremente, exercer o seu direito de reunião e de manifestação sem dependência de qualquer
autorização nos termos da lei. Desta disposição resulta clara e expressamente da CRM, que a
manifestação não carece de qualquer autorização. O que significa que não há necessidade de
formular pedido para realização da manifestação à nenhuma autoridade pública ou privada.
(nº 1, do art. 56º da CRM). Porque, a interpretação constitucional, por vezes, não é necessário
ir para além da letra e do sentido evidente do seu texto.

Pois, esta tem caracter supremo e, a norma ordinária situa-se no espaço jurídico inferior
quanto a sua valorização.

Entretanto, actualmente o que esta a acontecer é de o Estado furtar a sua responsabilidade de


garantir aos cidadãos o exercício do direito efectivo a manifestação, além de garantir da
protecção e segurança, sem no entanto, posicionar-se como elemento central da divergência.
(art. 8 da Lei 9/91 de 18 de Julho).

Quanto a limitação (art. 4º e 5º da Lei da manifestação) estabelece os limites ou


restrições do exercício da liberdade de reunião e manifestação, que traz duas condicionantes
cumulativas e de aplicação imediata ao exercício do direito de reunião3.

Diante do exposto acima, surge um problema de acordo com o relatório temático de


Moçambique no âmbito da implementação do pacto sobre direitos civis e políticos-Joint,

3
a) Que não frustre outra reunião anteriormente marcada e não ofender (para o caso das públicas); e b) que a
autoridade competente seja previamente avisada da ocorrência da reunião; c) não ofender o bom nome do Chefe
de Estado e outros titulares dos órgãos de soberania; d) não aproximar edifícios do estado.

7
Liga das ONGs em Moçambique (2018, p.17) sustenta como um problema de uma questão
não resolvida e que, o objecto central da divergência dorme no medo ou desconhecimento da
lei. A pergunta que se levanta é a seguinte: que implicações jurídicas da interpretação
constitucional e como pode tal norma (ordinária) ser valorada segundo a perspectiva do
legislador constitucional?

5. Ojectivos do estudo da pesquisa

5.1 Objetcivo geral

- Analisar os impactos jurídicos (positivos e negativos) sobre a aceitação ao exercício do


direito a manifestação em Moçambique.

5.2 Objectivo específico

- Compreender o alcance e fundamentos de uma norma expressa na CRM

- Aferir o dever do estado em garantir o direito a reunião e manifestação

- Avaliar a eficácia jurídica a uma norma ordinária face a da CRM

6. Justificativo do tema

Um dos temas actuais que merece debates e que está presente no mundo jurídico interno, é o
direito a reunião e manifestação prevista na Constituição da Republica de Moçambique,
consubstanciada pela divergência da interpretação face a lei ordinária, e que, requere
exigências para a sua prática.

O direito à manifestação é a garantia constitucional- à livre manifestação do pensamento,


disposto no art. 51º da Constituição de 2004, este direito é um dos pilares da democracia.

O interesse por este tema parte do pressuposto de que, por um lado, ao longo de tempo, tem-
se verificado uma crescente insegurança jurídica na aceitação (contra-censo) relativa a
reunião e manifestação, ao ponto daquela norma ordinária a sua existência não refletir a
vontade ou a importância do legislador constitucional, em virtude da limitação da mesma,
sendo que, ser um tema considerado de várias analises no que concernente a sua abordagem

8
jurídica e quanto ao entendimento ou sensibilidade social (se a norma é compreendida, a
forma e a sua aceitação pelo Estado e Cidadão).
Por outro, justifica-se pela ausência de estudo a volta da questão pelas entidades apropriadas,
isto é, ser difundida a sua importância ou relevância da sua prática, como pressuposto da
participação democrática no desenvolvimento do País.

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7. Referência bibliográfica

RELATÓRIO TEMÁTICO DE MOÇAMBIQUE NO ÂMBITO DA IMPLEMENTAÇÃO


DO PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS-JOINT, LIGA
DAS ONGS EM MOÇAMBIQUE, 2018, Moçambique

NHAMPOSSA, João; Advogado; Terça-Feira;18 de Maio de 2021; 06:44

Legislação

Moçambique, Constituição da Republica de Moçambique, 2004

Moçambique, Lei 9/91 de 11 d. Julho, Lei de Direito a Reunião e Manifestação

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