Você está na página 1de 26

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

ARIOVALDA HAKY
ELIZETE JORGE
MUNIR ISSUFO RACHIDE
ONGA OBE TSHENDJE
RASSUL ANTÓNIO HABIB
SAMIRA ABDUL BRAZ ALMEIDA
SUZIA GUILHERME DE CLÁUDIO COMALA
STHEPHANIE LUÍS PEREIRA DA SILVA DÁRIO

ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO MINISTÉRIO PUBLICO

NAMPULA
2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

ARIOVALDA HAKY
ELIZETE JORGE
MUNIR ISSUFO RACHIDE
ONGA OBE TSHENDJE
RASSUL ANTÓNIO HABIB
SAMIRA ABDUL BRAZ ALMEIDA
SUZIA GUILHERME DE CLAUDIO COMALA
STHEPHANIE LUÍS PEREIRA DA SILVA DÁRIO

ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO MINISTÉRIO PUBLICO

Trabalho individual da cadeira de


Direito do trabalho, do 4º ano do
Curso de Direito na Faculdade de
Direito da Universidade Católica
de Moçambique, ministrada pela
Phd.Clara Macovela

NAMPULA
2023

ii
Lista de Abreviaturas

Al. – Alíneas
Art. – Artigo
Ed. – Edição
Idem – o mesmo que o anterior
No – Número
Pag. – página
MP – Ministério Público
Vol. – Volume

iii
Índice
Lista de Abreviaturas.....................................................................................................................iii

Introdução........................................................................................................................................1

1. Contextualização......................................................................................................................2

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO.....................................................3

2.1. Reconstrução do sistema judiciário (1974 a 1978)...........................................................3

2.1.1. Sistema de justiça popular (1978 a 1990).....................................................................5

2.1.2. Organização judiciária do estado de direito (1990 a 2004)..........................................5

2.1.3. A revisão constitucional de 2004 e a proposta de lei orgânica do ministério público..7

3. Breves notas sobre o desempenho do ministério público.........................................................8

4. Associação internacional dos procuradores..............................................................................8

5. Associação Moçambicana dos magistrados do ministério publico........................................10

5.1. Fundação.........................................................................................................................10

5.2. Objetivos.........................................................................................................................11

5.3. Estrutura Organizacional da AMMMP...........................................................................12

5.3.1. Assembleia-geral.........................................................................................................12

5.3.2. Direção........................................................................................................................13

Conclusão......................................................................................................................................19

Referencias bibliográficas.............................................................................................................21
Introdução

O magistrado do ministério público é um órgão de administração da justiça, integrado na


função judicial do estado, o Ministério Público é uma instituição que tem por finalidade garantir
o direito a igualdade perante o Direito, bem como o rigoroso cumprimento das leis a luz dos
princípios democráticos. E é na senda deste magnifico órgão que o presente trabalho cujo tema é
Associação dos Magistrados do Ministério público, irá procurar analisar a associação dos
Magistrados do Ministério público, tendo como objectivo geral analisar o papel da associação
dos magistrados do MP na sociedade moçambicana, e como objectivos específicos:

 Apresentar a evolução histórica do Ministério Público; e


 Analisar o diploma legal que cria a associação dos magistrados públicos;

Do ponto de vista metodológico, a pesquisa será básica (quanto a finalidade) visto que a
nossa pesquisa está orientada para o aprofundamento da Associação dos Magistrados do
Ministério público em Moçambique; também será usada a pesquisa explicativa (quantos aos
objectivos) uma vez que o principal objectivo é explicar e racionalizar o objecto de estudo e
tentar construir um conhecimento novo. Buscaremos construir categorias que possam dar
resposta mais precisas a volta do objecto do nosso estudo. E finalmente usaremos a pesquisa
bibliográfica e documental no que concerne aos procedimentos técnicos, com base neste tipo de
pesquisa, iremos recolher informações a partir de textos, livros, artigos e demais materiais de
caracter cientifico.

1
1. Contextualização

Associação
A associação é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras
sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar dificuldades e gerar benefícios
para os seus associados. Ou seja, é uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno
de seus interesses.1
Sindicato
Tem-se por sindicato, a pessoa jurídica que defende os interesses gerais e a melhoria das
condições de sua categoria. Isso não significa, porém, que todo profissional seja associado ao
seu sindicato: a associação representa uma opção, em um ato explícito de vontade, realizado
através do preenchimento e assinatura da Ficha de Associação. A partir de então, o médico passa
a se tornar membro efetivo do Quadro de Sócios do Simes.2

Trabalhador
Na atualidade, geralmente o trabalhador é considerado legalmente (formalmente) como
todo aquele que realiza tarefas baseadas em contratos, com salário acordado e direitos previstos
em lei (caracterizando-se mais como empregado), muito embora formas de escravidão e servidão
persistam.3
Ministério Público

O Ministério Público é um órgão de administração da justiça, integrado na função


judicial do Estado.4

1
Nunes, Renato Johusson (2012). Empregos verdes e Decentes na construção em Moçambique. M & M Graphics,
Lda. 2012. Pag.41.

2
José, André Cristiano (2006). Colectânea de legislação de trabalho. Centro de Formação Jurídica e Judiciária.
Maputo.pag.7.

3
Faria, José Eduardo (1995). Os novos desafios da Justiça do Trabalho. São Paulo. Editora S. Paulo. Pag. 16.

4
idem pág. 17.
2
É uma magistratura paralela e independente da magistratura judicial. Os agentes do Ministério
Público são magistrados em termos equiparáveis aos juízes: devem agir sempre com estrita
obediência à lei, com objectividade e isenção. A carreira dos magistrados do Ministério Público
processa-se em três categorias: procurador-adjunto (base), procurador da
República e procurador-geral adjunto(topo).
O Ministério Público é uma instituição que tem por finalidade garantir o direito à
igualdade e a igualdade perante o Direito, bem como o rigoroso cumprimento das leis à luz dos
princípios democráticos.5

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

2.1. Reconstrução do sistema judiciário (1974 a 1978)

O governo saído da independência de Moçambique, ao perfilhar um modelo de


desenvolvimento socialista, propunha-se obviamente a uma ruptura total com o sistema colonial
português. Esta opção ficou inequívoca, desde logo, na Constituição de 1975, ao definir como
objetivos fundamentais, nomeadamente, a eliminação das estruturas de opressão e exploração
coloniais e tradicionais e da mentalidade que lhes está subjacente; e extensão e reforço do poder
popular democrático; a edificação de uma economia independente e a promoção do progresso
cultural e social; e edificação da democracia popular e a construção das bases material e
ideológica da sociedade 45 socialista. 6

Procurando dar continuidade às experiências políticas das zonas libertadas, a Frente de

Libertação de Moçambique (Frelimo) pressupunha que o rumo ao socialismo, a construção de


uma sociedade sem classes, livre da “exploração do homem pelo homem”, exigia um processo
de transformação radical da sociedade, isto é, a destruição de todas as formas de expressão do
colonialismo. Neste contexto, o poder judiciário assumiria um papel fundamental para a
concretização dos objectivos a que o Estado se propunha, tendo sido emitidas orientações

5
Nunes, Renato Johusson (2012). Empregos verdes e Decentes na construção em Moçambique. M & M Graphics,
Lda. 2012. Pag.42-43.

6
Da Silva, Cristina Nogueira (2008). Liberalismo, Progresso e Civilização: Povos não europeus no Discurso
Liberal Oitocentista. Lisboa. Livraria Almedina, 2008. Pag. 193.

3
políticas importantes. Por exemplo, o Comité Central da Frelimo (8a Sessão, 1976) aprovou uma
Resolução sobre Justiça que definiu como prioridade política do Estado a destruição da estrutura
judicial colonial, assumindo que o combate contra o “Estado colonial- capitalista” seria
igualmente travado através do poder judiciário. O novo sistema de justiça orientar-se-ia, deste
modo, com vista a construção de uma sociedade socialista. 7

A versão original da Constituição de 1975 tratava de forma muito vaga a organização


judiciária. Nas quatro normas dedicadas aos tribunais judiciais, consagrava os seguintes
princípios: da reserva da função judicial para os tribunais; da legalidade; da independência dos
juízes e obediência à lei no exercício das suas funções; e da supremacia do Tribunal Popular
Supremo. A única norma dedicada ao Ministério Publico determinava que competia a esta
magistratura a representação do Estado junto dos tribunais e que o Procurador-Geral da
República respondia perante a Assembleia da A primeira revisão constitucional (1978) não
introduziu alterações substanciais ao capítulo sobre organização judiciária. 8

Para além de preservar os princípios que vigoravam na versão originária, acrescentou os


seguintes: da supremacia da Assembleia Popular, passando também os tribunais a responder
perante aquele órgão (art. 69.o); e da prevenção e educação no cumprimento da lei. Quanto ao
Ministério Público, por umlado, estabeleceu o princípio da organização hierárquica subordinada
ao Procurador- Geral da República e, por outro lado, acrescentou que compete ao Ministério
Público a representação do Estado nos tribunais e a defesa da legalidade e a fiscalização no Este
constituiu o quadro constitucional que estabeleceu as bases mínimas para a posterior aprovação
das leis da organização judiciária e do Estatuto Orgânico da Procuradoria-Geral da República. 9

A revisão constitucional de 1978 surgiu em consequência das decisões do III Congresso


da Frelimo, no qual, como afirmámos, o Governo moçambicano assumiu expressamente uma
orientação marxista-leninista. Assim, a organização e o funcionamento das magistraturas foram
ajustados a outros princípios estruturantes do Estado moçambicano, nomeadamente da unidade

7
BALEIRA, Sergio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pag. 10.

8
Da Silva, Cristina Nogueira (2008). Liberalismo, Progresso e Civilização: Povos não europeus no Discurso
Liberal Oitocentista. Lisboa. Livraria Almedina, 2008. Pag. 193.
9
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 10-11.
4
de poderes, do centralismo democrático e da dupla subordinação de poderes. Por isso, apesar de
haver uma separação funcional de poderes, o partido definia a linha ideológica e de actuação dos
órgãos do Estado, incluindo dos tribunais e das procuradorias. Esta realidade condicionou o
modelo de organização judiciária e, particularmente, a estrutura funcional que o Ministério
Público viria a adoptar.10

Nesta fase, havia uma relativa indefinição quanto às funções que se estenderiam para o
Ministério Público no quadro da nova legalidade (revolucionária) e num contexto de urgência
para assegurar e promover o acesso dos cidadãos à justiça. Por exemplo, com a proibição do
exercício privado da advocacia e dos serviços de consultoria, foi criado o Serviço Nacional de
Consulta e Assistência Jurídica (SNCAJ), que funcionaria na dependência da Procuradoria-Geral
da República, com o objectivo de prestar assistência Popular.

2.1.1. Sistema de justiça popular (1978 a 1990)

Esta fase de evolução do sistema judiciário moçambicano foi sobretudo de concretização


das linhas políticas para a implementação de um sistema de justiça.

O que conferia carácter “popular” ao sistema de justiça moçambicano era, não só a
preocupação de conformar a actividade judiciária (procedimentos, estrutura e conteúdos das
decisões) ao objectivo de construção de uma “democracia popular”, como também a previstos
para o SNCAJ. popular. Foi, assim, aprovada a primeira lei da organização judiciária, tribunais
populares, que estabelecia os princípios gerais de funcionamento dos órgãos de administração da
justiça, fixava as competências dos tribunais e determinava o âmbito de actuação do Ministério
Público.11

A mesma lei também reproduzia a regra constitucional sobre a organização hierárquica


do Ministério Público e a sua subordinação ao Procurador-Geral da República. prevendo a
participação de juízes sem formação técnico-jurídica (eleitos pelas própria composição dos
tribunais. Em todos os escalões os tribunais eram colegiais, Assembleias Populares). 12
10
Cardoso, Carlos, “Soluções informais”. In Serra, Carlos. Estigmatizar e desqualificar: casos, analises,
encontros. Maputo: Livraria Universitária UEM. 1998
11
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 10-11.
12
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág.12
5
Seguindo a Constituição, a lei da organização judiciária previa a existência de
representantes do Ministério Público junto de todos os tribunais, excepto, obviamente, na base
do sistema onde as exigências de construção de uma justiça de proximidade (baseada na
oralidade, desburocratizada, célere, permeável culturalmente, etc.) desaconselhavam a colocação
de magistrados profissionais e o recurso à dogmática e técnica jurídicas na resolução dos
conflitos. Assim, o Procurador-Geral da República e os adjuntos do Procurador-Geral da
República representavam o Ministério Público junto do plenário e das secções do Tribunal
Popular Supremo, respectivamente (art. 43.o, a) e b)). Por seu turno, os delegados do
Procurador-Geral da República funcionariam junto dos tribunais provinciais e distritais.13

2.1.2. Organização judiciária do estado de direito (1990 a 2004)

Em 1987 foi formalmente introduzido em Moçambique o Programa de Reabilitação


Económica (PRE), em consequência da adesão aos programas de reajustamento estrutural
preconizados pelo Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. O PRE obedece ao mesmo
leque de medidas implementados noutros países “em desenvolvimento”, no âmbito do processo
de “transição democrática”. No plano económico, essas medidas podem ser agregadas em três
componentes, que constituem, aliás, os três pilares do chamado Consenso de Washington nos
anos 80 e 90: austeridade orçamental, privatizações e liberalização dos mercados. No plano
político, a adesão aos programas de reajustamento estrutural implicou a introdução da
democracia liberal e a reestruturação dos órgãos do Estado.

Estas reformas foram consagradas na Constituição de 1990 que alargou o regime dos
direitos e liberdades fundamentais individuais e colectivos, marcou a passagem de um regime
monopartidário e de orientação socialista para uma democracia multipartidária, institucionalizou
a economia de mercado e acolheu a separação de poderes. Estas transformações constitucionais
exigiram o redimensionamento do sistema de justiça.14

adequando os seus objectivos e a estrutura orgânica ao novo contexto político. Os


tribunais passaram a ser considerados instrumentos fundamentais para a manutenção da paz

13
Idem pag.12-13

14
Pedroso, João; José, André Cristiano, “A justiça criminal nos tribunais provinciais”. In Santos, Boaventura de
Sousa; Trindade, João Carlos (orgs.). Conflito e transformação social: uma paisagem das justiças em
Moçambique. Porto: Edições Afrontamento, 2003, pag. 34.
6
social, para o fortalecimento da democracia e para acomodar um novo enquadramento jurídico
de desenvolvimento que incorpore as trocas comerciais, os movimentos financeiros e o
investimento. 15

Foram introduzidos os seguintes princípios e regras relativas aos tribunais judiciais pela
Constituição de 1990: os tribunais como órgãos de soberania; a autonomia dos tribunais em
relação aos poderes executivo e legislativo; a independência dos juízes no exercício das suas
funções, devendo obediência à lei e à Constituição; os tribunais como garante do reforço da
legalidade e dos direitos e liberdades dos cidadãos; os tribunais cumprem uma função educativa
dos cidadãos no cumprimento voluntário e consciente das leis, estabelecendo uma justa e
harmoniosa convivência social; as decisões dos tribunais são de cumprimento obrigatório e
prevalecem sobre as outras autoridades; os juízes gozam de garantias de imparcialidade,
irresponsabilidade e inamovibilidade; os tribunais, quando julgam em primeira instância, são
colegiais, envolvendo a participação de juízes eleitos nas decisões sobre matéria de facto. 16

A nova Constituição assumiu a independência do judiciário como um aprioridade


política. A direcção dos tribunais judiciais passou a ser da exclusiva responsabilidade do
Tribunal Supremo e do Conselho Judicial. Os tribunais judiciais passaram também a ter um
órgão próprio de disciplina, o Conselho Superior da Magistratura Judicial. Por seu turno, a
Procuradoria-Geral da República assumiu a direcção da magistratura do Ministério Público, não
obstante o facto de continuar o regime de nomeação do Procuradoria-Geral da República e dos
Procuradores-Gerais Adjuntos por parte do Presidente da República. 17

2.1.3. A revisão constitucional de 2004 e a proposta de lei orgânica do ministério


público

A revisão constitucional de 2004 é fruto de pressões dos partidos da oposição, com vista
a um maior equilíbrio na distribuição do poder. A revisão ocorreu, basicamente, num duplo
sentido. Por um lado, atribui dignidade constitucional a determinados órgãos (Conselho Superior
da Comunicação Social, Conselho de Estado, Conselho Nacional de Defesa e Segurança,
Conselho Superior da Magistratura Judicial, Conselho Superior da Magistratura do Ministério
15
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 15.
16
Idem pag. 35.
17
Ibdem pag. 3.
7
Público, Conselho Superior da Magistratura Judicial Administrativa e Provedor de Justiça) e
redefine as respectivas composições, de modo a salvaguardar nos mesmos uma representação
proporcional das forças políticas com assento da Assembleia da República. Por outro lado, cria
órgãos locais do Estado (assembleias provinciais e distritais), assegurando que em todas as
circunscrições administrativas haja órgãos representativos do povo. 18

Esta “concessão” do Governo da Frelimo foi feita em troca do compromisso político


(ainda que não apresentados publicamente como tal) de salvaguarda da soberania nacional, da
paz, da unidade e da integridade nacional. A Constituição passou, assim, a considerar a unidade
nacional, a promoção de uma sociedade plural, a tolerância e cultura de paz como objectivos
fundamentais do Estado, ao mesmo tempo que afirma expressamente que é “vedado aos
partidos políticos preconizar ou recorrer à violência armada para alterar a ordem política e
social do país” e que “todos os actos visando atentar contra a unidade nacional, prejudicar a
harmonia social, criar origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição
social, condição física ou mental, estado civil dos pais, profissão ou opção política, são punidos
nos termos da lei.19

3. Breves notas sobre o desempenho do ministério público

O desempenho do Ministério Público moçambicano está, desde logo, condicionado à sua


capacidade de actuação em todo o país. Como veremos no ponto seguinte, o Ministério Público
está muito longe de assegurar uma completa implantação na rede judiciária, como, aliás, também
acontece com os tribunais judiciais. De acordo com o informe do Procurador-Geral da República
apresentado à Assembleia da República, em 2006, não foram sequer criadas Procuradorias da
República em 58 dos 128 distritos rurais do país. Para além disso, em 10 distritos rurais não
foram ainda colocados procuradores nem funcionários, ainda que as procuradorias tivessem sido
criadas. 20

Na avaliação que normalmente se faz do desempenho do Ministério Público, raramente


se tem conta os meios de que dispõe. A PGR ficou prejudicada com a separação de poderes e
consequente autonomização dos tribunais judiciais, perdendo uma parte considerável das fontes
18
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 16.
19
Idem pag.16-17.
20
EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da Democracia. Maputo, 1992.pag.71.
8
de receita e de recursos materiais (instalações, residências, equipamentos, etc.) que passaram
para os tribunais. Como assinalámos noutro lugar, essa situação faz com que as procuradorias
sejam uma espécie de “hóspedes” tolerados do sistema de justiça (Trindade e Pedroso, 2003:
286). Não obstante os esforços desenvolvidos no sentido de reforçar os recursos da PGR, esta
continua a enfrentar sérios constrangimentos que se reflectem no seu desempenho. 21

Entre as várias áreas de actuação, é na jurisdição criminal que o Ministério Público mais
se expõe à maior pressão da opinião pública porque é onde, tradicionalmente, se conforta com as
exigências de manutenção da ordem social. Neste caso, é importante, no entanto, distinguir a
intervenção no âmbito da delinquência dita comum da actuação contra o crime organizado. 22

4. Associação internacional dos procuradores

A IAP nasceu em 1995, nas instalações das Nações Unidas em Viena, constituindo uma
organização não governamental que tem o estatuto de consultora junto do Conselho Económico
e Social das Nações Unidas, e que mantém contactos regulares com variadas organizações
internacionais, como a OSCE, OCDE, INPROL, Conselho da Europa, AIB, UNODC, PNUD,
AIAMP e Eurojust, entre outras; actualmente agrupa cerca de 130 organizações e membros
ligados ao Ministério Público de mais de 90 países por todo o mundo, sendo para nós de destacar
a presença na IAP de elementos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau e
Moçambique.23

A IAP tem a sua sede na cidade de Haia, na Holanda, e para além de promover a
organização regular de encontros e conferências, edita um boletim trimestral e outras
publicações com matérias de interesse para todos os que exercem a sua actividade no Ministério
Público, assegura ainda o acesso à GPEN – Global Prosecutors E-Crime Network, que é uma
rede global de combate ao crime cibernético, mantém programas anuais de bolsas e de
intercâmbio e promove a publicação e divulgação de trabalhos académicos, científicos e
doutrinários relativos à actividade do Ministério Público.24

21
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 17.
22
Idem pag.17-18.
23
Ibdem . 19.
24
EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da Democracia. Maputo, 1992.pag.76..
9
As crescentes necessidades de contactos internacionais sentidas por todos os que
desempenham a sua actividade no âmbito do Ministério Público têm também resposta através do
«Forum Internacional para a Justiça Criminal», acessível através do site da IAP.25

A Associação Internacional de Procuradores (IAP) é a única organização de âmbito


mundial que integra associações, membros institucionais e individuais, do Ministério Público da
Europa, Ásia, África, Américas e Oceania, constituindo uma vasta comunidade internacional.26

Criada em 1995, impulsionada pelo rápido crescimento do crime grave de


dimensão transnacional, designadamente o tráfico de estupefacientes, branqueamento de
capitais, a fraude fiscal e a corrupção, reúne atualmente mais de 183 organizações
representativas dos magistrados do Ministério Público de 177 diferentes países.27

Moçambique também está representado na IAP pela única associação representativa dos
magistrados do Ministério Público – o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

Tem como objetivos fundamentais fomentar o estabelecimento de elevados padrões de


conduta profissional e ética comuns aos procuradores de todo o mundo, promover o Estado de
direito, justiça, imparcialidade e respeito pelos direitos humanos e melhorar a cooperação
internacional para combater o crime organizado.28

5. Associação Moçambicana dos magistrados do ministério publico

Associação moçambicana dos magistrados do ministério publico, é uma organização


representativa dos magistrados do Ministério Público, com o fim ultimo de defender as
pretensões desta classe.29

25
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pag. 19.
26
Idem pag.2021.
27
EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da Democracia. Maputo, 1992.pag. 80.
28
EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da Democracia. Maputo, 1992.pag.79.
29
FREITAS, José Lebre de, Introdução ao Processo Civil - Conceito e Princípios Gerais à Luz do Novo Código,
4.a ed., Gestlegal, Coimbra, 2017. Pag. 31.

10
5.1. Fundação

No dia 04 de Setembro de 2008 um grupo de cidadãos requereu à Ministra da Justiça o


reconhecimento da Associação Moçambicana dos Magistrados do Ministério Público –
AMMMP, como pessoa jurídica, juntando ao pedido os estatutos da constituição. Apreciados os
documentos entregues, verifica-se que se trata de uma associação que prossegue fins lícitos,
determinados e legalmente possíveis cujo acto de constituição e os estatutos da mesma cumprem
o escopo e os requisitos exigidos por lei nada obstando ao seu reconhecimento. Nestes termos e
no disposto no nO 1 do artigo 5 da Lei n O 8/91, de 18 de julho, e artigo 1 do Decreto nO 21/91, de
3 de Outubro, vai reconhecida como pessoa jurídica a Associação Moçambicana dos
Magistrados do Ministério Público – AMMMP. 30

5.2. Objetivos

SÃO objetivos da AMMMP:

 Representar os magistrados do MP e defender os seus interesses;


 Participar em todas as questões de interesse profissional, designadamente na definição da
politicas para o melhor desempenho das atividades.
 Promover a formação cívica, desportiva, recreativa, cultural e cientifica dos seus
membros;
 Aprofundar o diálogo com os órgãos estatais. 31

5.2.1. Direitos e deveres dos associados

São direitos dos associados:

 Participar nas reuniões da assembleia-geral;


 Eleger e ser eleito para os cargos sociais;
 Requerer a convocação da assembleia geral extraordinária, nos termos do
presente diploma;

30
Idem pag. 32.
31
FREITAS, José Lebre de, Introdução ao Processo Civil - Conceito e Princípios Gerais à Luz do Novo Código,
4.a ed., Gestlegal, Coimbra, 2017. Pag. 32-33.
11
 Examinar os livros, relatórios e contas e demais documentos, desde que o
requeiram por escrito com a antecedência mínima de trinta dias e se verifique um
interesse pessoal, direto e legítimo.32

Os deveres dos associados são:

 Pagar pontualmente as suas quotas tratando-se de associados efetivos;


 Comparecer às reuniões da assembleia geral;
 Observar as disposições estatutárias e regulamentos e as deliberações dos corpos
gerentes;
 Desempenhar com zelo, dedicação e eficiência os cargos para que forem eleitos.
33

5.3. Estrutura Organizacional da AMMMP

A estrutura desta é composta por:

 Assembleia Geral: um órgão deliberativo que tome as decisões voltadas para a


consecução dos fins sociais previstos no estatuto.
 Diretoria: um órgão executivo que administre a instituição.
 Conselho Fiscal: um órgão de controle e fiscalização.

5.3.1. Assembleia-geral

Compete-lhe todas as deliberações sobre questões fundamentais da vida da associação,


como sejam a destituição dos titulares dos seus órgãos, a aprovação do balanço, a alteração dos
estatutos, a extinção da associação e a autorização para esta demandar os dirigentes por factos
praticados no exercício do cargo. 34

Este órgão possui uma Mesa composta no mínimo por três elementos, dos quais um é o
presidente e os outros podem ser dois secretários ou um secretário e um vogal.

32
Idem pag. 33.
33
Ibdem pag.34.
34
FREITAS, José Lebre de, A Acção Declarativa Comum - À Luz do Código de Processo Civil de 2013, 4.a ed.,
Gestlegal, Coimbra, 2017. Pag. 12.

12
Os objetivos das reuniões da Assembleia-geral consistem em apreciar os relatórios das
atividades efetuadas no ano anterior, aprovar os relatórios de contas, apresentar o plano de
atividades e o orçamento para os anos futuros, eleger os órgãos sociais e aprovar sugestões
relativas à política da associação. 35

As convocatórias para as reuniões da Assembleia-geral (anexo1) dependem de fatores


que estão relacionados com a dimensão da associação, com a maior ou menor dispersão das
moradas dos sócios, com o meio ambiente onde está inserida, etc.

Deixamos alguns exemplos que podem ser considerados:

 Aviso aos associados, por correio (tradicional ou eletrónico), e por anúncio num órgão da
imprensa local e/ou nacional;
 Através de boletim próprio;
 Por aviso nas instalações da associação e por anúncio num órgão da imprensa local e/ou
nacional. 36

A antecedência mínima para os avisos deve ser de 8 dias, devendo a convocação indicar
o dia, hora, local da reunião e a respetiva ordem de trabalhos.

Só serão válidas as deliberações tomadas sobre matéria estranha à ordem do dia, se todos
os associados comparecerem à reunião e todos concordarem.

A assembleia não pode deliberar, em primeira convocação, sem a presença de pelo


menos metade dos seus associados.

5.3.2. Direção

A Direção é um órgão colegial composto por um número ímpar de titulares.

Trata-se de um órgão de caráter executivo, ao qual compete gerir a associação e tomar as


decisões relativas ao seu funcionamento, designadamente:

 Admitir os associados efetivos;

35
Idem pag. 13
36
Ibem
13
 Elaborar anualmente o relatório e as contas do exercício;
 Elaborar o plano de atividades e o orçamento para o ano seguinte;
 Assegurar a organização e o funcionamento dos serviços;
 Gerir os recursos humanos da associação;
 Zelar pelo cumprimento da lei, dos estatutos, dos regulamentos e das deliberações da
Assembleia Geral. 37

Se os estatutos o permitirem, a direção pode delegar em profissionais qualificados,


alguns dos seus poderes, incluindo os relativos à gestão corrente da associação.

Os estatutos ou os regulamentos internos determinarão a periodicidade das reuniões


ordinárias da Direcção e a forma de convocação das suas reuniões extraordinárias. 38

As funções a atribuir a cada elemento da direcção devem ser distribuídas de acordo com
a disponibilidade e capacidade de cada um. 39

O regulamento geral interno é um documento que define o regime de funcionamento da


associação, dele devendo constar: a Denominação, fins, sede, generalidades; Associados (tipo,
admissão, direitos, deveres, regime disciplinar, etc.); Órgãos Sociais (titulares, competências,
secções e comissões, etc.); Descrição do processo eleitoral; Regime Patrimonial e Financeiro
(património, receitas e despesas); Símbolos (bandeira, emblema, equipamentos, farda, etc.). 40

Cada associação deve, ao elaborar o seu regulamento geral interno, adaptá-lo às suas
características específicas, objetivos, dimensão e até à comunidade onde se insere.

5.3.2.1.Presidente da Direcção

O Presidente é responsável pela conduta e pelo cumprimento de um conjunto de


orientações que permitem atingir os objetivos traçados, assim como, pela condução das reuniões
de direção verificando o conveniente tratamento de todas as questões a discutir. 41

37
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa), pag. 345.
38
Idem pag. 345.
39
Ibdem 346.
40
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa), pag. 347.
41
Idem pag. 347-348.
14
5.3.2.2. Secretário

O secretário ou diretor executivo de qualquer associação será responsável pelo


funcionamento das diferentes atividades da instituição. É seu dever organizar o trabalho rotineiro
da associação. As decisões de gestão e o modo como as atividades vão ser geridas devem
constituir uma estratégia integrada e coordenada com o orçamento para alcançar os objetivos
financeiros estabelecidos. 42

5.3.2.3. Tesoureiro

O tesoureiro é responsável pelas transações financeiras da associação. Os seus deveres


consistem em:

 Fazer a gestão das quotas (quando não existe alguém responsável por esta tarefa);
 Pagar contas;
 Examinar gastos;
 Manter em dia os livros de contas (quando não existe alguém responsável pela
contabilidade);
 Dar informações sobre a posição financeira da organização;
 Preparar o relatório e contas a apresentar à Assembleia Geral Ordinária;
 Aconselhar quanto ao uso de fundos para fins especiais e sobre as finanças da
organização em geral. 43

Para fazer a contabilidade da organização, caso ela não tenha contabilidade organizada,
não é necessário dispor de muitos livros. Um livro de bancos, um livro de caixa e um ficheiro de
correspondência serão os essenciais. Hoje em dia, com as novas tecnologias ao nível da
informática, os livros em papel podem ser substituídos por programas simples que por vezes são
criados na própria associação.

No caso de a organização ter contabilidade organizada, esta deve ser da responsabilidade


de um especialista que pode ou não pertencer à associação.

42
Ibdem pag. 348.
43
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa); pag. 350.

15
Não existem regras definidas quanto à escrita do livro de caixa. Os títulos Receitas e
Despesas ou Débito e Crédito são igualmente corretos; as receitas devem ser escritas à esquerda
e as despesas à direita. 44

No livro de caixa é registado tudo o que é pago ou recebido por caixa. A informática
facilita bastante este procedimento porque em Excel pode ser criada uma folha para cada mês do
ano, onde se faz o registo das entradas e das saídas. Estes registos devem ser sempre
acompanhados por um recibo ou fatura/recibo que comprova a despesa.

O livro de caixa deve ser mantido em dia, a fim de permitir conhecer em qualquer
momento a posição financeira da organização. 45

Este registo deve sempre ser acompanhado por documento justificativo.

No caso de ser efetuado um depósito (entrada de dinheiro para a associação), toda a


informação referente ao mesmo deverá ser anexada na pasta adequada, o talão de depósito com o
número correspondente ao da folha de banco, a cópia de cheque (caso tenha sido pagamento por
cheque) e a cópia do documento emitido pela associação (recibo ou outro documento
comprovativo do recebimento).

O tesoureiro deve fazer periodicamente um resumo da situação financeira da associação


para apresentar nas reuniões.

Quando a associação dispõe de contabilidade organizada, periodicamente deve enviar os


documentos devidamente organizados numa pasta para o TOC (Técnico Oficial de Contas)
classificar e apurar os impostos.

Será prudente garantir que qualquer gasto elevado ou não habitual seja convenientemente
autorizado e registado em ata, para deste modo precaver problemas futuros. 46

44
Idem pag. 351.
45
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa) pag. 352.
46
Joaquim José Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, Almedina, 2018
(Reimpressão da 7.a Edição de 2003), pag. 24.

16
5.3.2.4. Orçamentação

O orçamento é o instrumento de natureza económica elaborado com o objetivo de prever


determinadas quantias que serão utilizadas para as diversas atividades da associação. Ele
consiste num resumo sistemático, ordenado e classificado das despesas previstas e das receitas
projetadas para cobrir essas despesas.

As receitas podem classificar-se da seguinte forma:

 Quotização;
 Mensalidades;
 Subsídios recebidos;
 Donativos.

As despesas de forma simples compõe-se pelo montante de dinheiro que a associação


gasta no desenvolvimento das suas atividades e podem-se classificar da seguinte forma. 47

5.3.2.5. Processos Administrativos

A organização dos processos administrativos deve ser uma preocupação da Direção.

O sistema a adotar, deve ser simples e metódico. Devem ser organizadas pastas para dar
resposta aos seguintes assuntos:

 Assuntos pendentes;
 Assuntos tratados;
 Ficheiros de correspondência; Minutas;
 Folhas do fundo de maneio;
 Base de dados dos vários associados;
 Documentação da constituição da Associação;
 Contratos vários (títulos de propriedade, arrendamento (s), cartão de pessoa coletiva,
aguas/luz/telefones, seguros, etc.). 48

47
Idem pag. 25.
48
Joaquim José Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, Almedina, 2018
(Reimpressão da 7.a Edição de 2003) pag. 26.
17
5.3.2.6. Conselho Fiscal

O conselho fiscal é um órgão colegial constituído por um número ímpar de titulares, em


que um dos quais presidirá. No mínimo, é composto por três elementos, dos quais um é o
presidente e os outros dois vogais ou um secretário e um relator. 49

Trata-se de um órgão fiscalizador, o qual está incumbido de zelar pelo cumprimento dos
estatutos e da lei em vigor, ao nível da atividade administrativa e financeira da associação,
particularmente:

 Examinar a escrituração e os documentos;


 Dar parecer sobre o Relatório e Contas do exercício, bem como sobre o Plano de
Atividades e Orçamento para o ano seguinte;
 Dar parecer sobre quaisquer assuntos que os outros órgãos associativos submetam à sua
apreciação;
 Verificar o cumprimento da lei, dos estatutos e dos regulamentos. 50

5.3.2.7. Relacionamento dos órgãos

A relação que se estabelece entre os vários órgãos de uma associação é uma relação
democrática que se baseia na forma como estes cumprem as suas competências sem interferirem
no âmbito de intervenção uns dos outros.

Para além das disposições definidas nos estatutos que são específicas de cada associação
e da lei geral aplicável, as associações podem elaborar um regulamento interno que contribui
para uma melhor definição das funções de cada órgão. Estes documentos têm como objetivo
fixar regras de funcionamento interno dos órgãos para que assim exista harmonia e cooperação.

Podem ser ainda criados outros órgãos com funções consultivas ou executivas, que
deverão estar previstos nos estatutos ou regulamentos internos. 51

49
Idem pag. 27.
50
Joaquim José Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, Almedina, 2018
(Reimpressão da 7.a Edição de 2003) pag. 29
51
Iddem pag. 29-30.
18
Conclusão

Findo o trabalho podemos concluir que o Ministerio Publico ee uma magistratura


hierarquizada parelela e independente da magistratura judicial, e os seus agentes sao magistrados
equiparados aos juizes, devem sempre agir com estrita obediencia a lei, com objectividade e
isencao.

E como qualquer outro orgao este tambem pode exercer o direito a associacao previsto
no artigo 52 da CRM, direito este que foi inicial exercido pelos magistrados a 04 de setembro de
2008, que tem como objectivos: representar os magistrados do MP e defender os seus interesses;
Participar em todas as questões de interesse profissional, designadamente na definição da
politicas para o melhor desempenho das atividades; Promover a formação cívica, desportiva,
recreativa, cultural e cientifica dos seus membros e Aprofundar o diálogo com os órgãos estatais.

A associação dos magistrados do MP encontra-se estruturada da seguinte maneira:

 Assembleia Geral: este é um órgão deliberativo que toma as decisões voltadas


para a consecução dos fins sociais previstos no estatuto.
 Diretoria: um órgão executivo que administre a instituição.

19
 Conselho Fiscal: um órgão de controle e fiscalização.

E como qualquer outra associação, está também possui direitos e deveres dos membros,
sendo alguns dos direitos os seguintes: Participar nas reuniões da assembleia-geral; Eleger e ser
eleito para os cargos sociais; Requerer a convocação da assembleia geral extraordinária, nos
termos do presente diploma; Examinar os livros, relatórios e contas e demais documentos, desde
que o requeiram por escrito com a antecedência mínima de trinta dias e se verifique um interesse
pessoal, direto e legítimo.

E alguns dos deveres que os membros desta associação possuem são: Pagar pontualmente
as suas quotas tratando-se de associados efetivos; Comparecer às reuniões da assembleia geral;
Observar as disposições estatutárias e regulamentos e as deliberações dos corpos gerentes e
desempenhar com zelo, dedicação e eficiência os cargos para que forem eleitos.

20
Referencias bibliográficas

Legislação

 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei nº 1/2018, de 12 de junho, lei que aprova de


revisão pontual da constituição da república de Moçambique, in BR.
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei nº 23/2007, de 01 de Agosto , lei de, in BR.

Doutrina

 BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os


conflitos de terra, ambiente e florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de
investigação não publicado]. 2004.

 Cardoso, Carlos (1998), “Soluções informais”. In Serra, Carlos. Estigmatizar e


desqualificar: casos, analises, encontros. Maputo: Livraria Universitária UEM. 1998.

 EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da


Democracia. Maputo, 1992.

 FREITAS, José Lebre de A Acção Declarativa Comum - À Luz do Código de


Processo Civil de 2013, 4.a ed., Gestlegal, Coimbra, 2017. Pag. 12.

 FREITAS, José́ Lebre de Introdução ao Processo Civil - Conceito e Princípios Gerais à


Luz do Novo Código, 4.a ed., Gestlegal, Coimbra, 2017.

 Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga,


AEDUM, 2015 (com atualização legislativa).

21
 Pedroso, João; José, André Cristiano, “A justiça criminal nos tribunais provinciais”.
In Santos, Boaventura de Sousa; Trindade, João Carlos (orgs.). Conflito e
transformação social: uma paisagem das justiças em Moçambique. Porto: Edições
Afrontamento, 2003, pag. 34.

 Nunes, Renato Johusson (2012). Empregos verdes e Decentes na construção em


Moçambique. M & M Graphics, Lda. 2012.

 José, André Cristiano (2006). Colectânea de legislação de trabalho. Centro de Formação


Jurídica e Judiciária. Maputo.

 Faria, José Eduardo (1995). Os novos desafios da Justiça do Trabalho. São Paulo.
Editora S. Paulo.

22

Você também pode gostar