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Contextualização

Associação
A associação é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras
sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar dificuldades e gerar benefícios
para os seus associados. Ou seja, é uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno
de seus interesses.
Sindicato
Tem-se por sindicato, a pessoa jurídica que defende os interesses gerais e a melhoria das
condições de sua categoria. Isso não significa, porém, que todo profissional seja associado ao
seu sindicato: a associação representa uma opção, em um ato explícito de vontade,realizado
através do preenchimento e assinatura da Ficha de Associação. A partir de então, o médico passa
a se tornar membro efetivo do Quadro de Sócios do Simes.

Trabalhador
Na atualidade, geralmente o trabalhador é considerado legalmente (formalmente) como
todo aquele que realiza tarefas baseadas em contratos, com salário acordado e direitos previstos
em lei (caracterizando-se mais como empregado), muito embora formas de escravidão e servidão
persistam.
Ministério Público

O Ministério Público é um órgão de administração da justiça, integrado na função


judicial do Estado.

É uma magistratura paralela e independente da magistratura judicial. Os agentes do


Ministério Público são magistrados em termos equiparáveis aos juízes: devem agir sempre com
estrita obediência à lei, com objectividade e isenção. A carreira dos magistrados do Ministério
Público processa-se em três categorias: procurador-adjunto (base), procurador da
República e procurador-geral adjunto(topo).
O Ministério Público é uma instituição que tem por finalidade garantir o direito à
igualdade e a igualdade perante o Direito, bem como o rigoroso cumprimento das leis à luz dos
princípios democráticos.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

RECONSTRUÇÃO DO SISTEMA JUDICIÁRIO (1974 A 1978)

O governo saído da independência de Moçambique, ao perfilhar um modelo de


desenvolvimento socialista, propunha-se obviamente a uma ruptura total com o sistema colonial
português. Esta opção ficou inequívoca, desde logo, na Constituição de 1975, ao definir como
objetivos fundamentais, nomeadamente, a eliminação das estruturas de opressão e exploração
coloniais e tradicionais e da mentalidade que lhes está subjacente; e extensão e reforço do poder
popular democrático; a edificação de uma economia independente e a promoção do progresso
cultural e social; e edificação da democracia popular e a construção das bases material e
ideológica da sociedade 45 socialista. Procurando dar continuidade às experiências políticas das

zonas libertadas, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) pressupunha que o rumo ao


socialismo, a construção de uma sociedade sem classes, livre da “exploração do homem pelo
homem”, exigia um processo de transformação radical da sociedade, isto é, a destruição de todas
as formas de expressão do colonialismo. Neste contexto, o poder judiciário assumiria um papel
fundamental para a concretização dos objectivos a que o Estado se propunha, tendo sido
emitidas orientações políticas importantes. Por exemplo, o Comité Central da Frelimo (8a
Sessão, 1976) aprovou uma Resolução sobre Justiça que definiu como prioridade política do
Estado a destruição da estrutura judicial colonial, assumindo que o combate contra o “Estado
colonial- capitalista” seria igualmente travado através do poder judiciário. O novo sistema de
justiça orientar-se-ia, deste modo, com vista a construção de uma sociedade socialista. 1

A versão original da Constituição de 1975 tratava de forma muito vaga a organização


judiciária. Nas quatro normas dedicadas aos tribunais judiciais, consagrava os seguintes
princípios: da reserva da função judicial para os tribunais; da legalidade; da independência dos
juízes e obediência à lei no exercício das suas funções; e da supremacia do Tribunal Popular
Supremo. A única norma dedicada ao Ministério Publico determinava que competia a esta
magistratura a representação do Estado junto dos tribunais e que o Procurador-Geral da
República respondia perante a Assembleia da A primeira revisão constitucional (1978) não
introduziu alterações substanciais ao capítulo sobre organização judiciária. Para além de

1
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pag. 10.
preservar os princípios que vigoravam na versão originária, acrescentou os seguintes: da
supremacia da Assembleia Popular, passando também os tribunais a responder perante aquele
órgão (art. 69.o); e da prevenção e educação no cumprimento da lei. Quanto ao Ministério
Público, por umlado, estabeleceu o princípio da organização hierárquica subordinada ao
Procurador- Geral da República e, por outro lado, acrescentou que compete ao Ministério
Público a representação do Estado nos tribunais e a defesa da legalidade e a fiscalização no Este
constituiu o quadro constitucional que estabeleceu as bases mínimas para a posterior aprovação
das leis da organização judiciária e do Estatuto Orgânico da Procuradoria-Geral da República. 2

A revisão constitucional de 1978 surgiu em consequência das decisões do III Congresso


da Frelimo, no qual, como afirmámos, o Governo moçambicano assumiu expressamente uma
orientação marxista-leninista. Assim, a organização e o funcionamento das magistraturas foram
ajustados a outros princípios estruturantes do Estado moçambicano, nomeadamente da unidade
de poderes, do centralismo democrático e da dupla subordinação de poderes. Por isso, apesar de
haver uma separação funcional de poderes, o partido definia a linha ideológica e de actuação dos
órgãos do Estado, incluindo dos tribunais e das procuradorias. Esta realidade condicionou o
modelo de organização judiciária e, particularmente, a estrutura funcional que o Ministério
Público viria a adoptar.3

Nesta fase, havia uma relativa indefinição quanto às funções que se estenderiam para o
Ministério Público no quadro da nova legalidade (revolucionária) e num contexto de urgência
para assegurar e promover o acesso dos cidadãos à justiça. Por exemplo, com a proibição do
exercício privado da advocacia e dos serviços de consultoria, foi criado o Serviço Nacional de
Consulta e Assistência Jurídica (SNCAJ), que funcionaria na dependência da Procuradoria-Geral
da República, com o objectivo de prestar assistência Popular.

SISTEMA DE JUSTIÇA POPULAR (1978 A 1990)

Esta fase de evolução do sistema judiciário moçambicano foi sobretudo de concretização


das linhas políticas para a implementação de um sistema de justiça.

2
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 10-11.

3
Cardoso, Carlos (1998), “Soluções informais”. In Serra, Carlos. Estigmatizar e desqualificar: casos, análises,
encontros. Maputo: Livraria Universitária UEM.
O que conferia carácter “popular” ao sistema de justiça moçambicano era, não só a
preocupação de conformar a actividade judiciária (procedimentos, estrutura e conteúdos das
decisões) ao objectivo de construção de uma “democracia popular”, como também a previstos
para o SNCAJ. popular. Foi, assim, aprovada a primeira lei da organização judiciária, tribunais
populares, que estabelecia os princípios gerais de funcionamento dos órgãos de administração da
justiça, fixava as competências dos tribunais e determinava o âmbito de actuação do Ministério
Público.4

A mesma lei também reproduzia a regra constitucional sobre a organização hierárquica


do Ministério Público e a sua subordinação ao Procurador-Geral da República. prevendo a
participação de juízes sem formação técnico-jurídica (eleitos pelas própria composição dos
tribunais. Em todos os escalões os tribunais eram colegiais, Assembleias Populares). 5

Seguindo a Constituição, a lei da organização judiciária previa a existência de


representantes do Ministério Público junto de todos os tribunais, excepto, obviamente, na base
do sistema onde as exigências de construção de uma justiça de proximidade (baseada na
oralidade, desburocratizada, célere, permeável culturalmente, etc.) desaconselhavam a colocação
de magistrados profissionais e o recurso à dogmática e técnica jurídicas na resolução dos
conflitos. Assim, o Procurador-Geral da República e os adjuntos do Procurador-Geral da
República representavam o Ministério Público junto do plenário e das secções do Tribunal
Popular Supremo, respectivamente (art. 43.o, a) e b)). Por seu turno, os delegados do
Procurador-Geral da República funcionariam junto dos tribunais provinciais e distritais.6

ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE DIREITO (1990 A 2004)

Em 1987 foi formalmente introduzido em Moçambique o Programa de Reabilitação


Económica (PRE), em consequência da adesão aos programas de reajustamento estrutural
preconizados pelo Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. O PRE obedece ao mesmo
leque de medidas implementados noutros países “em desenvolvimento”, no âmbito do processo
de “transição democrática”. No plano económico, essas medidas podem ser agregadas em três
componentes, que constituem, aliás, os três pilares do chamado Consenso de Washington nos
anos 80 e 90: austeridade orçamental, privatizações e liberalização dos mercados. No plano
4
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 10-11.
5
Idem pag. 12
6
Ibdem pag.12-13
político, a adesão aos programas de reajustamento estrutural implicou a introdução da
democracia liberal e a reestruturação dos órgãos do Estado.

Estas reformas foram consagradas na Constituição de 1990 que alargou o regime dos
direitos e liberdades fundamentais individuais e colectivos, marcou a passagem de um regime
monopartidário e de orientação socialista para uma democracia multipartidária, institucionalizou
a economia de mercado e acolheu a separação de poderes. Estas transformações constitucionais
exigiram o redimensionamento do sistema de justiça.7

adequando os seus objectivos e a estrutura orgânica ao novo contexto político. Os


tribunais passaram a ser considerados instrumentos fundamentais para a manutenção da paz
social, para o fortalecimento da democracia e para acomodar um novo enquadramento jurídico
de desenvolvimento que incorpore as trocas comerciais, os movimentos financeiros e o
investimento.

Foram introduzidos os seguintes princípios e regras relativas aos tribunais judiciais pela
Constituição de 1990: os tribunais como órgãos de soberania; a autonomia dos tribunais em
relação aos poderes executivo e legislativo; a independência dos juízes no exercício das suas
funções, devendo obediência à lei e à Constituição; os tribunais como garante do reforço da
legalidade e dos direitos e liberdades dos cidadãos; os tribunais cumprem uma função educativa
dos cidadãos no cumprimento voluntário e consciente das leis, estabelecendo uma justa e
harmoniosa convivência social; as decisões dos tribunais são de cumprimento obrigatório e
prevalecem sobre as outras autoridades; os juízes gozam de garantias de imparcialidade,
irresponsabilidade e inamovibilidade; os tribunais, quando julgam em primeira instância, são
colegiais, envolvendo a participação de juízes eleitos nas decisões sobre matéria de facto. 8

A nova Constituição assumiu a independência do judiciário como um aprioridade


política. A direcção dos tribunais judiciais passou a ser da exclusiva responsabilidade do
Tribunal Supremo e do Conselho Judicial. Os tribunais judiciais passaram também a ter um
órgão próprio de disciplina, o Conselho Superior da Magistratura Judicial. Por seu turno, a
Procuradoria-Geral da República assumiu a direcção da magistratura do Ministério Público, não

7
Pedroso, João; José, André Cristiano, “A justiça criminal nos tribunais provinciais”. In Santos, Boaventura de
Sousa; Trindade, João Carlos (orgs.). Conflito e transformação social: uma paisagem das justiças em Moçambique.
Porto: Edições Afrontamento, 2003, pag. 34.

8
Idem pag. 35.
obstante o facto de continuar o regime de nomeação do Procuradoria-Geral da República e dos
Procuradores-Gerais Adjuntos por parte do Presidente da República. 9

A REVISÃO CONSTITUCIONAL DE 2004 E A PROPOSTA DE LEI ORGÂNICA DO


MINISTÉRIO PÚBLICO

A revisão constitucional de 2004 é fruto de pressões dos partidos da oposição, com vista
a um maior equilíbrio na distribuição do poder. A revisão ocorreu, basicamente, num duplo
sentido. Por um lado, atribui dignidade constitucional a determinados órgãos (Conselho Superior
da Comunicação Social, Conselho de Estado, Conselho Nacional de Defesa e Segurança,
Conselho Superior da Magistratura Judicial, Conselho Superior da Magistratura do Ministério
Público, Conselho Superior da Magistratura Judicial Administrativa e Provedor de Justiça) e
redefine as respectivas composições, de modo a salvaguardar nos mesmos uma representação
proporcional das forças políticas com assento da Assembleia da República. Por outro lado, cria
órgãos locais do Estado (assembleias provinciais e distritais), assegurando que em todas as
circunscrições administrativas haja órgãos representativos do povo. 10

Esta “concessão” do Governo da Frelimo foi feita em troca do compromisso político


(ainda que não apresentados publicamente como tal) de salvaguarda da soberania nacional, da
paz, da unidade e da integridade nacional. A Constituição passou, assim, a considerar a unidade
nacional, a promoção de uma sociedade plural, a tolerância e cultura de paz como objectivos
fundamentais do Estado, ao mesmo tempo que afirma expressamente que é “vedado aos
partidos políticos preconizar ou recorrer à violência armada para alterar a ordem política e
social do país” e que “todos os actos visando atentar contra a unidade nacional, prejudicar a
harmonia social, criar origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição
social, condição física ou mental, estado civil dos pais, profissão ou opção política, são punidos
nos termos da lei.11

BREVES NOTAS SOBRE O DESEMPENHO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O desempenho do Ministério Público moçambicano está, desde logo, condicionado à sua


capacidade de actuação em todo o país. Como veremos no ponto seguinte, o Ministério Público
está muito longe de assegurar uma completa implantação na rede judiciária, como, aliás, também
9
Ibdem pag. 3.
10
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pág. 16.
11
Idem pag.16-17.
acontece com os tribunais judiciais. De acordo com o informe do Procurador-Geral da República
apresentado à Assembleia da República, em 2006, não foram sequer criadas Procuradorias da
República em 58 dos 128 distritos rurais do país. Para além disso, em 10 distritos rurais não
foram ainda colocados procuradores nem funcionários, ainda que as procuradorias tivessem sido
criadas. 12

Na avaliação que normalmente se faz do desempenho do Ministério Público, raramente


se tem conta os meios de que dispõe. A PGR ficou prejudicada com a separação de poderes e
consequente autonomização dos tribunais judiciais, perdendo uma parte considerável das fontes
de receita e de recursos materiais (instalações, residências, equipamentos, etc.) que passaram
para os tribunais. Como assinalámos noutro lugar, essa situação faz com que as procuradorias
sejam uma espécie de “hóspedes” tolerados do sistema de justiça (Trindade e Pedroso, 2003:
286). Não obstante os esforços desenvolvidos no sentido de reforçar os recursos da PGR, esta
continua a enfrentar sérios constrangimentos que se reflectem no seu desempenho.

Entre as várias áreas de actuação, é na jurisdição criminal que o Ministério Público mais
se expõe à maior pressão da opinião pública porque é onde, tradicionalmente, se conforta com as
exigências de manutenção da ordem social. Neste caso, é importante, no entanto, distinguir a
intervenção no âmbito da delinquência dita comum da actuação contra o crime organizado. 13

Associação internacional dos procuradores

A IAP nasceu em 1995, nas instalações das Nações Unidas em Viena, constituindo uma
organização não governamental que tem o estatuto de consultora junto do Conselho Económico
e Social das Nações Unidas, e que mantém contactos regulares com variadas organizações
internacionais, como a OSCE, OCDE, INPROL, Conselho da Europa, AIB, UNODC, PNUD,
AIAMP e Eurojust, entre outras; actualmente agrupa cerca de 130 organizações e membros
ligados ao Ministério Público de mais de 90 países por todo o mundo, sendo para nós de destacar
a presença na IAP de elementos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau e
Moçambique.14

EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da Democracia.


12

Maputo, 1992.pag.71.
13
Idem pag.72.
14
BALEIRA, Sérgio; TANNER, Christopher, Relatório final da pesquisa sobre os conflitos de terra, ambiente e
florestas e fauna bravia. Matola: CFJJ. [relatório de investigação não publicado]. 2004. Pag. 19.
A IAP tem a sua sede na cidade de Haia, na Holanda, e para além de promover a
organização regular de encontros e conferências, edita um boletim trimestral e outras
publicações com matérias de interesse para todos os que exercem a sua actividade no Ministério
Público, assegura ainda o acesso à GPEN – Global Prosecutors E-Crime Network, que é uma
rede global de combate ao crime cibernético, mantém programas anuais de bolsas e de
intercâmbio e promove a publicação e divulgação de trabalhos académicos, científicos e
doutrinários relativos à actividade do Ministério Público.15

As crescentes necessidades de contactos internacionais sentidas por todos os que


desempenham a sua actividade no âmbito do Ministério Público têm também resposta através do
«Forum Internacional para a Justiça Criminal», acessível através do site da IAP.

A Associação Internacional de Procuradores (IAP) é a única organização de âmbito


mundial que integra associações, membros institucionais e individuais, do Ministério Público da
Europa, Ásia, África, Américas e Oceania, constituindo uma vasta comunidade internacional.16

Criada em 1995, impulsionada pelo rápido crescimento do crime grave de


dimensão transnacional, designadamente o tráfico de estupefacientes, branqueamento de
capitais, a fraude fiscal e a corrupção, reúne atualmente mais de 183 organizações
representativas dos magistrados do Ministério Público de 177 diferentes países.17

Moçambique também está representado na IAP pela única associação representativa dos
magistrados do Ministério Público – o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

Tem como objetivos fundamentais fomentar o estabelecimento de elevados padrões de


conduta profissional e ética comuns aos procuradores de todo o mundo, promover o Estado de
direito, justiça, imparcialidade e respeito pelos direitos humanos e melhorar a cooperação
internacional para combater o crime organizado.18

Associação Moçambicana dos magistrados do ministério publico

15
Idem pag.20.
16
Ibdem pag.2021.
17
EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da Democracia. Maputo, 1992.pag. 79.
18
EGERO, Bertil, Moçambique. Os Primeiros Dez Anos de Construção da Democracia. Maputo, 1992.pag.79.
Denominação

associação moçambicana dos magistrados do ministério publico, é uma organização


representativa dos magistrados do m, com o fim ultimo de defender as pretensões desta classe.19

Fundação

No dia 04 de Setembro de 2008 um grupo de cidadãos requereu à Ministra da Justiça o


reconhecimento da Associação Moçambicana dos Magistrados do Ministério Público –
AMMMP, como pessoa jurídica, juntando ao pedido os estatutos da constituição. Apreciados os
documentos entregues, verifica-se que se trata de uma associação que prossegue fins lícitos,
determinados e legalmente possíveis cujo acto de constituição e os estatutos da mesma cumprem
o escopo e os requisitos exigidos por lei nada obstando ao seu reconhecimento. Nestes termos e
no disposto no n.o 1 do artigo 5 da Lei n.o 8/91, de 18 de julho, e artigo 1 do Decreto n.o 21/91,
de 3 de Outubro, vai reconhecida como pessoa jurídica a Associação Moçambicana dos
Magistrados do Ministério Público – AMMMP. 20

Objetivos

SÃO objetivos da AMMMP:

 Representar os magistrados do MP e defender os seus interesses;


 Participar em todas as questões de interesse profissional, designadamente na definição da
politicas para o melhor desempenho das atividades.
 Promover a formação cívica, desportiva, recreativa, cultural e cientifica dos seus
membros;
 Aprofundar o diálogo com os órgãos estatais. 21

Direitos dos associados

19
osé Lebre de Freitas, Introdução ao Processo Civil - Conceito e Princípios Gerais à Luz do Novo Código, 4.a ed.,
Gestlegal, Coimbra, 2017. Pag. 31.

20
Idem pag. 32.

21
osé Lebre de Freitas, Introdução ao Processo Civil - Conceito e Princípios Gerais à Luz do Novo Código, 4.a ed.,
Gestlegal, Coimbra, 2017. Pag. 32-33.
São direitos dos associados:
a) Participar nas reuniões da assembleia-geral;
b) Eleger e ser eleito para os cargos sociais;
c) Requerer a convocação da assembleia geral extraordinária, nos termos do presente diploma;
d) Examinar os livros, relatórios e contas e demais documentos, desde que o requeiram por
escrito com a antecedência mínima de trinta dias e se verifique um interesse pessoal, direto e
legítimo.22
deveres dos associados

Os deveres dos associados são


a) Pagar pontualmente as suas quotas tratando-se de associados efetivos;
b) Comparecer às reuniões da assembleia geral;
c) Observar as disposições estatutárias e regulamentos e as deliberações dos corpos gerentes;
d) Desempenhar com zelo, dedicação e eficiência os cargos para que forem eleitos. 23

Estrutura Organizacional da AMMMP

A estrutura desta é composta por:

 Assembleia Geral: um órgão deliberativo que tome as decisões voltadas para a consecução dos
fins sociais previstos no estatuto.
 Diretoria: um órgão executivo que administre a instituição.
 Conselho Fiscal: um órgão de controle e fiscalização.

Assembleia-geral

Compete-lhe todas as deliberações sobre questões fundamentais da vida da associação,


como sejam a destituição dos titulares dos seus órgãos, a aprovação do balanço, a alteração dos
estatutos, a extinção da associação e a autorização para esta demandar os dirigentes por factos
praticados no exercício do cargo. 24

22
Idem pag. 33.
23
Ibdem pag.34.

24
josé Lebre de Freitas, A Ação Declarativa Comum - À Luz do Código de Processo Civil de 2013, 4.a ed.,
Gestlegal, Coimbra, 2017. Pag. 12.
Este órgão possui uma Mesa composta no mínimo por três elementos, dos quais um é o
presidente e os outros podem ser dois secretários ou um secretário e um vogal.

Os objetivos das reuniões da Assembleia-geral consistem em apreciar os relatórios das


atividades efetuadas no ano anterior, aprovar os relatórios de contas, apresentar o plano de
atividades e o orçamento para os anos futuros, eleger os órgãos sociais e aprovar sugestões
relativas à política da associação. 25

As convocatórias para as reuniões da Assembleia-geral (anexo1) dependem de fatores


que estão relacionados com a dimensão da associação, com a maior ou menor dispersão das
moradas dos sócios, com o meio ambiente onde está inserida, etc.

Deixamos alguns exemplos que podem ser considerados:

 Aviso aos associados, por correio (tradicional ou eletrónico), e por anúncio num órgão da
imprensa local e/ou nacional;
 Através de boletim próprio;
 Por aviso nas instalações da associação e por anúncio num órgão da imprensa local e/ou
nacional. 26

A antecedência mínima para os avisos deve ser de 8 dias, devendo a convocação indicar o
dia, hora, local da reunião e a respetiva ordem de trabalhos.

Só serão válidas as deliberações tomadas sobre matéria estranha à ordem do dia, se todos os
associados comparecerem à reunião e todos concordarem.

A assembleia não pode deliberar, em primeira convocação, sem a presença de pelo menos
metade dos seus associados.

Direção

A Direção é um órgão colegial composto por um número ímpar de titulares.

Trata-se de um órgão de caráter executivo, ao qual compete gerir a associação e tomar as


decisões relativas ao seu funcionamento, designadamente:

25
Idem pag. 13
26
Ibem
 Admitir os associados efetivos;
 Elaborar anualmente o relatório e as contas do exercício;
 Elaborar o plano de atividades e o orçamento para o ano seguinte;
 Assegurar a organização e o funcionamento dos serviços;
 Gerir os recursos humanos da associação;
 Zelar pelo cumprimento da lei, dos estatutos, dos regulamentos e das deliberações da
Assembleia Geral. 27

Se os estatutos o permitirem, a direção pode delegar em profissionais qualificados, alguns


dos seus poderes, incluindo os relativos à gestão corrente da associação.

Os estatutos ou os regulamentos internos determinarão a periodicidade das reuniões


ordinárias da Direcção e a forma de convocação das suas reuniões extraordinárias. 28

As funções a atribuir a cada elemento da direcção devem ser distribuídas de acordo com
a disponibilidade e capacidade de cada um. 29

O regulamento geral interno é um documento que define o regime de funcionamento da


associação, dele devendo constar:

Denominação, fins, sede, generalidades;


Associados (tipo, admissão, direitos, deveres, regime disciplinar, etc.); Órgãos Sociais (titulares,
competências, secções e comissões, etc.); Descrição do processo eleitoral;
Regime Patrimonial e Financeiro (património, receitas e despesas); Símbolos (bandeira,
emblema, equipamentos, farda, etc.). 30

Cada associação deve, ao elaborar o seu regulamento geral interno, adaptá-lo às suas
características específicas, objetivos, dimensão e até à comunidade onde se insere.

27
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa), pag. 345.

28
Idem pag. 345.
29
Ibdem 346.

30
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa), pag. 347.
Presidente da Direcção

O Presidente é responsável pela conduta e pelo cumprimento de um conjunto de


orientações que permitem atingir os objetivos traçados, assim como, pela condução das reuniões
de direção verificando o conveniente tratamento de todas as questões a discutir. 31

Secretário

O secretário ou diretor executivo de qualquer associação será responsável pelo


funcionamento das diferentes atividades da instituição. É seu dever organizar o trabalho rotineiro
da associação.

As decisões de gestão e o modo como as atividades vão ser geridas devem constituir uma
estratégia integrada e coordenada com o orçamento para alcançar os objetivos financeiros
estabelecidos. 32

Tesoureiro

O tesoureiro é responsável pelas transações financeiras da associação. Os seus deveres


consistem em:

 Fazer a gestão das quotas (quando não existe alguém responsável por esta tarefa);
 Pagar contas;
 Examinar gastos;
 Manter em dia os livros de contas (quando não existe alguém responsável pela
contabilidade);
 Dar informações sobre a posição financeira da organização;
 Preparar o relatório e contas a apresentar à Assembleia Geral Ordinária;
 Aconselhar quanto ao uso de fundos para fins especiais e sobre as finanças da
organização em geral. 33

31
Idem pag. 347-348.
32
Ibdem pag. 348.
Para fazer a contabilidade da organização, caso ela não tenha contabilidade organizada, não é
necessário dispor de muitos livros. Um livro de bancos, um livro de caixa e um ficheiro de
correspondência serão os essenciais. Hoje em dia, com as novas tecnologias ao nível da
informática, os livros em papel podem ser substituídos por programas simples que por vezes são
criados na própria associação.

No caso de a organização ter contabilidade organizada, esta deve ser da responsabilidade de


um especialista que pode ou não pertencer à associação.

Não existem regras definidas quanto à escrita do livro de caixa. Os títulos Receitas e
Despesas ou Débito e Crédito são igualmente corretos; as receitas devem ser escritas à esquerda
e as despesas à direita. 34

No livro de caixa é registado tudo o que é pago ou recebido por caixa. A informática facilita
bastante este procedimento porque em Excel pode ser criada uma folha para cada mês do ano,
onde se faz o registo das entradas e das saídas. Estes registos devem ser sempre acompanhados
por um recibo ou fatura/recibo que comprova a despesa.

O livro de caixa deve ser mantido em dia, a fim de permitir conhecer em qualquer momento
a posição financeira da organização. 35

Este registo deve sempre ser acompanhado por documento justificativo.

No caso de ser efetuado um depósito (entrada de dinheiro para a associação), toda a


informação referente ao mesmo deverá ser anexada na pasta adequada, o talão de depósito com o
número correspondente ao da folha de banco, a cópia de cheque (caso tenha sido pagamento por
cheque) e a cópia do documento emitido pela associação (recibo ou outro documento
comprovativo do recebimento).

33
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa); pag. 350.

34
Idem pag. 351.

35
Maria Miguel Carvalho - Sociedades Comerciais (Sumários desenvolvidos), Braga, AEDUM, 2015 (com
atualização legislativa)pag. 352.
O tesoureiro deve fazer periodicamente um resumo da situação financeira da associação para
apresentar nas reuniões.

Quando a associação dispõe de contabilidade organizada, periodicamente deve enviar os


documentos devidamente organizados numa pasta para o TOC (Técnico Oficial de Contas)
classificar e apurar os impostos.

Será prudente garantir que qualquer gasto elevado ou não habitual seja convenientemente
autorizado e registado em ata, para deste modo precaver problemas futuros. 36

Orçamentação

O orçamento é o instrumento de natureza económica elaborado com o objetivo de prever


determinadas quantias que serão utilizadas para as diversas atividades da associação. Ele
consiste num resumo sistemático, ordenado e classificado das despesas previstas e das receitas
projetadas para cobrir essas despesas.

As receitas podem classificar-se da seguinte forma:

 Quotização;
 Mensalidades;
 Subsídios recebidos;
 Donativos.

As despesas de forma simples compõe-se pelo montante de dinheiro que a associação gasta
no desenvolvimento das suas atividades e podem-se classificar da seguinte forma. 37

Processos Administrativos

A organização dos processos administrativos deve ser uma preocupação da Direção.

36
oaquim José Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, Almedina, 2018
(Reimpressão da 7.a Edição de 2003), pag. 24.

37
oaquim José Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, Almedina, 2018
(Reimpressão da 7.a Edição de 2003) pag. 25.
O sistema a adotar, deve ser simples e metódico. Devem ser organizadas pastas para dar
resposta aos seguintes assuntos:

 Assuntos pendentes;
 Assuntos tratados;
 Ficheiros de correspondência; Minutas;
 Folhas do fundo de maneio;
 Base de dados dos vários associados;
 Documentação da constituição da Associação;
 Contratos vários (títulos de propriedade, arrendamento (s), cartão de pessoa coletiva,
água/luz/telefones, seguros, etc.). 38

Conselho Fiscal

O conselho fiscal é um órgão colegial constituído por um número ímpar de titulares, em


que um dos quais presidirá. No mínimo, é composto por três elementos, dos quais um é o
presidente e os outros dois vogais ou um secretário e um relator. 39

Trata-se de um órgão fiscalizador, o qual está incumbido de zelar pelo cumprimento dos
estatutos e da lei em vigor, ao nível da atividade administrativa e financeira da associação,
particularmente:

 Examinar a escrituração e os documentos;


 Dar parecer sobre o Relatório e Contas do exercício, bem como sobre o Plano de
Atividades e Orçamento para o ano seguinte;
 Dar parecer sobre quaisquer assuntos que os outros órgãos associativos submetam à sua
apreciação;
 Verificar o cumprimento da lei, dos estatutos e dos regulamentos. 40

38
Idem pag. 26.

39
joaquim José Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, Almedina, 2018
(Reimpressão da 7.a Edição de 2003) pag.25.

40
Idem pag. 26.
Relacionamento dos órgãos

A relação que se estabelece entre os vários órgãos de uma associação é uma relação
democrática que se baseia na forma como estes cumprem as suas competências sem interferirem
no âmbito de intervenção uns dos outros.

Para além das disposições definidas nos estatutos que são específicas de cada associação
e da lei geral aplicável, as associações podem elaborar um regulamento interno que contribui
para uma melhor definição das funções de cada órgão. Estes documentos têm como objetivo
fixar regras de funcionamento interno dos órgãos para que assim exista harmonia e cooperação.

Podem ser ainda criados outros órgãos com funções consultivas ou executivas, que
deverão estar previstos nos estatutos ou regulamentos internos. 41

Conclusão

41
Ibdem pag. 27.

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