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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO


CURSO DE DIREITO

Medidas de Assimetria e Curtose


Licenciatura em Direito 1º ano

Alexandrina João Momade Banguira:71210553

Quelimane, Abril de 2021

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
CURSO DE DIREITO

Medidas de Assimetria e Curtose

Trabalho de campo a ser submetido na coordenação do curso de lic


do ISCED

Tutor:

Alexandrina João Momade Banguira:71210553

Quelimane, Abril de 2021


introducao
o presente trabalho da cadeira de Direito Constitucional visa de forma clara, objectiva e
resumaida abordar sobre as Garantias da Constituicao, tema este de bastante importancia para
a sociedade pois A Constituição é a norma das normas, a lei fundamental do Estado, o estalão
normativo superior de um ordenamento jurídico. Daí resulta uma pretensão de validade e de
observância como norma superior directamente vinculante em relação a todos os poderes
públicos.
portanto Não se trata de defender, através deste mecanismos, o sentido e características
fundamentais da Constituição contra adaptações e mudanças necessárias, mas contra a
aniquilação, ruptura e eliminação do próprio ordenamento constitucional, substancialmente
caracterizado. A ideia de garantia da Constituição contra os próprios órgãos do Estado justifica a
constitucionalização quer do procedimento e limites de revisão quer das situações de necessidade
constitucional.

objectivos
objectivo geral
objectivos especificos
Conhecer os meios e institutos de defesa da Constituição
Conhecer e saber diferenciar diversos tipos de fiscalização de
inconstitucionalidade
Conhecer a composição do Conselho Constitucional, assim como sobre a revisao da
constituicao.

Jorge Jeremias Chamussola. Direito Constitucional


A fiscalização da constitucionalidade surgiu nos Estados Unidos, sob uma Constituição que não
o previa expressamente

Garantias da Constituição
DOS ESTADOS DE SÍTIO E DE EMERGÊNCIA
segundo a lei no 1/2018 (constituicao da Republica de Mocambique) em relacao ao Estado de
sítio e de emergência, aborda nos artigos sitados abaixos:
Artigo 290
(Estado de sítio ou de emergência)
1. O estado de sítio ou o estado de emergência só podem ser declarados, no todo ou em parte do
território, nos casos de agressão efectiva ou eminente, de grave ameaça ou de perturbação da
ordem constitucional ou de calamidade pública.
2. A declaração do estado do sítio ou de emergência é fundamentada e especifica as liberdades e
garantias cujo exercício é suspenso ou limitado.

Artigo 291
(Pressupostos da opção de declaração)
A menor gravidade dos pressupostos da declaração determina a opção pelo estado de
emergência, devendo, em todo o caso, respeitar-se o princípio da proporcionalidade e limitar-se,
nomeadamente, quanto à extensão dos meios utilizados e quanto à duração, ao estritamente
necessário ao pronto restabelecimento da normalidade constitucional.

Artigo 292
(Duração)
O tempo de duração do estado de sítio ou de emergência não pode ultrapassar os trinta dias,
sendo prorrogável por iguais períodos até três, se persistirem as razões que determinaram a sua
declaração.

Artigo 293
(Processo de declaração)
1. Tendo declarado o estado de sítio ou de emergência, o Presidente da República submete à
Assembleia da República, no prazo de vinte e quatro horas, a declaração com a respectiva
fundamentação, para efeitos de ratificação.
2. Se a Assembleia da República não estiver em sessão é convocada em reunião extraordinária,
devendo reunir-se no prazo máximo de cinco dias.
3. A Assembleia da República delibera sobre a declaração no prazo máximo de quarenta e oito
horas, podendo continuar em sessão enquanto vigorar o estado de sítio ou de emergência.

Artigo 295
(Restrições das liberdades individuais)
Ao abrigo do estado de sítio ou de emergência podem ser tomadas as seguintes medidas
restritivas da liberdade das pessoas:
a) obrigação de permanência em local determinado;
b) detenção;
c) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
d) restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à
prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão.
e) busca e apreensão em domicílio;
f) suspensão de liberdade de reunião e manifestação;
g) requisição de bens e serviços.

Artigo 296
(Detenções)
As detenções que se efectuam ao abrigo do estado de sítio ou de emergência observam os
seguintes princípios:
a) deve ser notificado imediatamente um parente ou pessoa de confiança do detido por este
indicado, a quem se dá conhecimento do enquadramento legal, no prazo de cinco dias;
b) o nome do detido e o enquadramento legal da detenção são tornados públicos, no prazo de
cinco dias;
c) o detido é apresentado a juízo, no prazo máximo de dez dias.

Artigo 297
(Funcionamento dos órgãos de soberania)
A declaração do estado de sítio ou de emergência não pode afectar a aplicação da Constituição
quanto à competência, ao funcionamento dos órgãos de soberania e quanto aos direitos e
imunidades dos respectivos titulares ou membros.

Artigo 298
(Termo)
1. No termo do estado de sítio ou de emergência, o Presidente da República faz uma
comunicação à Assembleia da República com uma informação detalhada sobre as medidas
tomadas ao seu abrigo e a relação nominal dos cidadãos atingidos.
2. A cessação do estado de sítio ou de emergência faz cessar os seus efeitos, sem prejuízo da
responsabilidade por actos ilícitos cometidos pelos seus executores ou agentes.

Meios e institutos de defesa da Constituição


segundo Chamussola (ISCED,p.81) especifica como meios de defesa da Constituição os
seguintes:
I - A vinculação constitucional dos poderes públicos
A Constituição é a norma das normas, a lei fundamental do Estado, o estalão normativo superior
de um ordenamento jurídico. Daí resulta uma pretensão de validade e de observância como
norma superior directamente vinculante em relação a todos os poderes públicos.
II - Os limites da revisão constitucional
A Constituição garante a sua estabilidade e conservação contra alterações aniquiladoras do seu
núcleo essencial através de cláusula de irrevisibilidade e de um processo «agravado» das leis de
revisão.
Não se trata de defender, através deste mecanismos, o sentido e características fundamentais da
Constituição contra adaptações e mudanças necessárias, mas contra a aniquilação, ruptura e
eliminação do próprio ordenamento constitucional, substancialmente caracterizado. A ideia de
garantia da Constituição contra os próprios órgãos do Estado justifica a constitucionalização quer
do procedimento e limites de revisão quer das situações de necessidade constitucional.
III - A fiscalização judicial da Constituição
A instituição da fiscalização judicial da constitucionalidade das leis e demais actos normativos
do Estado constitui, nos modernos estados constitucionais democrático, um dos mais relevantes
instrumentos decontrolo do cumprimento e observância das normas constitucionais.
IV - A separação e interdependência dos órgãos de soberania
Embora não sejam tradicionalmente incluídos nos mecanismos de defesa da Constituição, têm
também carácter garantístico a ordenação constitucional de funções e o esquema de controlos
enterorgânicos e intra-orgânicos dos órgãos de soberania. O princípio da separação e
interdependência dos órgãos de soberania tem, assim, uma função de garantia da Constituição,
pois os esquemas de responsabilidade e controlo entre os vários órgãos transformam-se em
relevantes factores de observância da Constituição.

Chamussola (ISCED, p.81) sustentas ainda que, Em Moçambique A separação e interdependência


dos órgãos de soberania está consagrado no artigo 134 da CRM nos seguintes termos:
Artigo 134
(Separação e interdependência)
Os órgãos de soberania assentam nos princípios de separação e interdependência de poderes
consagrados na Constituição e devem obediência a Constituição e às leis.

A fiscalização da constitucionalidade e da legalidade


I - Sentido e Natureza
segundo Chamussola (ISCED, p.85) A fiscalização da constitucionalidade significa
essencialmente uma coisa: que a Constituição é a lei básica do país e que toda a ordem jurídica
deve ser conforme à ela. Ela é corolário da consideração da Constituição como realidade
normativa, isto é, como lei fundamental da ordem jurídica.
A fiscalização da constitucionalidade traduz-se, assim, na garantia do respeito pela hierarquia
superior da Constituição. Ora, se a Constituição é a norma suprema do país, logo, todas as
demais normas a devem respeitar.
Inconstitucionalidade é a desconformidade de normas infraconstitucionais com normas
constitucionais que lhes servem de fundamento, sendo a ilegalidade a desconformidade de
normas infralegais com normas legais.
II - Origem
A fiscalização da constitucionalidade surgiu nos Estados Unidos, sob uma Constituição que não
o previa expressamente. Todavia, pôde Marshall, em decisão célebre, deduzir de seu sistema esse
controlo e reconhecer pertencer ele ao judiciário, incumbido de aplicar a lei contenciosamente.
No caso Marbury versus Madison, esse Juiz demonstrou que, se a Constituição americana era a
base do Direito e imutável por meios ordinários, as leis comuns que a contradissessem não eram
verdadeiramente leis, não eram Direitos. Assim essas leis seriam nulas, não obrigando os
particulares.
III - Tipos de Fiscalização
A fiscalização dos actos normativos violadores das normas e princípios constitucionais reconduz-
se à fiscalização da inconstitucionalidade por acção que é a fiscalização típica exercida pelos
órgãos de fiscalização.
Ao lado desta, existe a inconstitucionalidade por omissão, não muito frequente no plano
comparativo constitucional.
Fiscalização por Acção – pode ser fiscalização abstracta ou fiscalização concreta.
Fiscalização Abstracta – significa que a impugnação da constitucionalidade da norma é feita
independentemente de qualquer litígio concreto. Visa sobretudo a defesa da Constituição e do
princípio da constitucionalidade através da eliminação de actos normativos contrários à
Constituição.
A fiscalização abstracta pode fazer-se antes de as normas entrarem em vigor – Fiscalização
Preventiva -, ou depois de as normas serem plenamente válidas e eficazes – Fiscalização
Sucessiva.
Fiscalização Preventiva - como o nome indica é uma fiscalização anterior a própria introdução
das normas na ordem jurídica, ou seja, tem por objecto normas imperfeitas. É por natureza um
controlo abstracto e, no caso de juízo de inconstitucionalidade, as respectivas normas não podem
entrar na ordem jurídica.
A fiscalização Sucessiva - Tem por objecto normas já pertencentes à ordem jurídica e a sua
função é eliminá-las, ou pelo menos, afastar a sua aplicação.
A fiscalização Concreta Difusa - traduz a consagração do Direito (e dever) de fiscalização dos
juízes relativamente a normas a aplicar a um caso concreto.
Fiscalização por Omissão – destina-se a verificar a inexistência de medidas legislativas
necessárias para tornar exequíveis certos preceitos constitucionais. Trata-se, pois, de uma
pretensão que assenta não na existência de normas jurídicas inconstitucionais, mas na violação
da lei constitucional pelo silêncio legislativo.

IV - Os Vícios Geradores de Inconstitucionalidade


A desconformidade dos actos normativos com o parâmetro constitucional dá origem a
inconstitucionalidade. A inconstitucionalidade não é um vício do acto normativo: o que há são
vários vícios que dão lugar à inconstitucionalidade. A doutrina costuma distinguir entre vícios
formais, vícios materiais e vícios procedimentais;
Vícios formais - incidem sobre o acto normativo como tal, independentemente do seu conteúdo
e tendo em conta apenas à forma da sua exteriorização; na hipótese de inconstitucionalidade
formal, viciado é o acto, nos seus pressupostos, no seu procedimento de formação, na sua forma
final;
Vícios materiais - respeitam ao conteúdo do acto, derivado do contraste existente entre os
princípios incorporados no acto e as normas ou princípios da Constituição, no caso de
inconstitucionalidade material, substancial ou doutrinária (como também se chama) viciadas são
as disposições ou normas singularmente consideradas;
Vícios de procedimento - autonomizados pela doutrina mais recente (mas englobados nos vícios
formais pela doutrina clássica) são os que dizem respeito ao procedimento de formação,
juridicamente regulado, dos actos normativos.
Os vícios formais são, consequentemente vícios do acto, os vícios materiais são vícios das
disposições ou das normas constantes do acto;
os vícios de procedimento são vícios relativos ao complexo de actos necessários para a produção
final do acto normativo. Daqui se conclui que, havendo um vício formal em regra fica afectado o
texto constitucional na sua integralidade, pois o acto é considerado formalmente como uma
unidade; nas hipóteses de vícios materiais, só se consideram viciadas as normas, podendo
continuar válidas as restantes normas constantes do acto que não se considerem afectadas de
irregularidade constitucional.

V - A Inconstitucionalidade Parcial
Nem sempre a contradição entre o acto normativo e o parâmetro constitucional é uma
contradição total. Poderá acontecer que só uma norma ou algumas normas constantes dos actos
normativos estejam em desconformidade com as normas superiores da Constituição.
Nestes casos, a semelhança do que acontece com a nulidade parcial dos negócios jurídicos em
Direito privado e com a nulidade parcial dos administrativos, a inconstitucionalidade de uma
norma não conduz automaticamente à declaração da nulidade das restantes normas
(incomunicação da nulidade). Fala-se aqui de nulidade parcial dos actos normativos. Haverá
casos, porém, em que a nulidade parcial implicará a nulidade total. A nulidade parcial implicará a
nulidade total quando, em consequência da declaração de inconstitucionalidade de
uma norma, se reconheça que as normas restantes, conformes a Constituição, deixam de ter
qualquer significado autónomo (critério da dependência). Além disso, haverá uma nulidade total
quando opreceito inconstitucional fazia parte de uma regulamentação global à
qual emprestava sentido e justificação. Não são de afastar as hipóteses de inconstitucionalidade
limitada a um determinado lapso de tempo.
VI - Objecto de Fiscalização de Constitucionalidade e da legalidade:
actos normativos
O artigo 241 da Constituição define o Conselho Constitucional como órgão de soberania, ao qual
compete especialmente administrar a justiça em matérias de natureza jurídico constitucional.
Pareceria, em princípio, caber ao Conselho Constitucional o conhecimento de todas matérias
ligadas a violação da Constituição.
Contudo, o artigo 241 limita-se a definir a natureza deste órgão de soberania, e, em termos
genéricos, a sua área de competência em razão da matéria, não sendo legítimo, ainda que a sua
letra pudesse, erradamente, induzir a tal, dele derivar directamente atribuições ou competências
específicas.
Com efeito, é no artigo, 244 que se definem especificamente as competências do Conselho
Constitucional, estabelecendo na alínea
a) do seu n. º 1, a de apreciar e declarar a inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade dos
actos normativos dos órgãos do Estado.

Esta disposição delimita, no que diz respeito à fiscalização de constitucionalidade, o poder de


cognição do Conselho Constitucional , referindo expressamente as leis e aos actos normativos
dos órgãos do Estado.
Os actos normativos estão consagrados constitucionalmente noartigo143 da CRM-2004 nos
termos que passamos a citar:
Artigo 143
Actos normativos
1. são actos legislativos as leis e os decretos leis.
2. os actos da Assembleia da República revestem a forma de leis, moções e resoluções.
3. os decretos leis são actos legislativos, aprovados pelo Conselho de Ministros, mediante
autorização da AR.
4. os actos regulamentares do Governo revestem a forma de decreto, quer quando determinados
por lei regulamentar, quer no caso de regulamentos autónomos.
5. os actos do Governador do Banco de Moçambique, no exercício das suas competências,
revestem a forma de aviso.

VII - Actos Administrativos e Decisões Jurisdicionais


Das considerações antecedentes verifica-se a exclusão da fiscalização da constitucionalidade, de
actos jurídicos públicos não reentrantes no conceito de acto normativo. Referimo-nos, sobretudo
à categoria de actos administrativos e a categoria das decisões jurisdicionais. A não
inclusão destes actos no leque dos candidatos positivos enquadráveis na categoria jurídico
constitucional de norma ou acto normativo não significa a impossibilidade de tais actos violarem
directamente aConstituição.
Pelo contrário, são frequentes os casos de inconstitucionalidade provocados por actos individuais
e concretos da administração e, embora menos vulgares, podem também ocorrer infracções de
normas constitucionais produzidas directamente por actos jurisdicionais. No entanto a teoria
clássica da garantia da Constituição preocupava-se apenas com os atentados à Constituição
emergentes de actos legislativos criadores de Direito mas parecia deixar em relativa
tranquilidade, sob o ponto de vista de fiscalização da constitucionalidade, quer os actos de
publicação do Direito praticados pelo executivo quer os actos de realização praticados pelo
judiciário.
As eventuais agressões a Constituição produzidas pelos actos administrativos – actos
administrativos inconstitucionais – ou eram remediadas através de instrumentos de controlo não
jurisdicionais (tutela administrativa, controlo parlamentar, responsabilidade da administração) ou
eram atacadas perante as jurisdições ordinárias ou administrativas de acordo com as regras
processuais e a doutrina dos vícios dos actos administrativos. Esta relativa “tolerância” em
relação a actos administrativos inconstitucionais radicava na ideia de os actos aplicativos do
Direito deixarem imperturbada a unidade da ordem jurídica em virtude de não transportarem
qualquer conteúdo normativo. O acto administrativo afirmava-se como um “acto - referente”
sujeito a um controlo judicial autónomo, diverso do controlo da constitucionalidade dos actos
normativos. Esta doutrina permanece válida nas suas dimensões principais e encontra amplo
apoio no critério da normatividade presente em muitas decisões do tribunal constitucional.
Todavia, o radical divórcio entre acto administrativo e inconstitucionalidade não deixa de
suscitar algumas questões.
Em primeiro lugar, são pouco claras as relações entre uma lei inconstitucional e um acto
administrativo aplicador da mesma, e, por conseguinte ilegal. A lei inconstitucional, é uma lei
ferida de nulidade ou invalidade absoluta enquanto o acto administrativo ilegal aplicativo dessa
lei pode ser meramente anulável (anulabilidade). Daí as relações de tensão entre a declaração de
inconstitucionalidade de uma lei com, susceptíveis, inclusive, de se transformarem em actos
administrativos feridos de mera invalidade relativa (anulabilidade), susceptíveis inclusive, de se
transformarem em actos contenciosamente inimpugnáveis. Em segundo lugar, a propósito dos
Direitos, liberdades e garantias, a aplicabilidade directa destes Direitos fundamentais confere-
lhes operatividade prática perante os órgãos da administração. A administração, através dos actos
administrativos, pode agredir os Direitos fundamentais e restringir até ao núcleo essencial dos
Direitos, liberdades e garantias. Nestes casos justificarse-ia a criação de uma acção
constitucional de defesa, para de uma forma segura e célere, o particular reagir contra actos
administrativos inconstitucionais lesivos do núcleo essencial de Direitos, liberdades e garantia e
Direitos de natureza análoga.

VIII - Órgãos de Fiscalização da Constitucionalidade das Leis


A fiscalização da constitucionalidade das leis pode ser feita por órgão político ou por um órgão
jurisdicional. Em qualquer dos casos pode a fiscalização ser confiada a um órgão comum ou a
um especial.
Órgão político comum é o próprio órgão legislativo: segundo a doutrina francesa clássica só o
parlamento, como representante da nação soberana, pode pronunciar-se sobre a validade de uma
lei visto esta ser a da vontade geral
O órgão político especial é aquele que, embora pela sua composição e funções seja político,
todavia recebe a missão especial de examinar a constitucionalidade das leis e de anular as que
considerem inconstitucionais como sucedia com o senado Conservador instituído pela
Constituição francesa do ano VIII e com o senado do 2.º Império
A criação de um órgão político funda-se principalmente na alegação de que a interpretação da
Constituição deve ser reservada a órgãos com sensibilidade política, porque a Constituição, mais
do que uma simples lei, é um plano de vida cujo sentido não permanece estático e nem pode ser
hieraticamente considerado. Ademais o controlo judiciário atentaria contra o princípio da
separação de poderes, já que daria aos juízes o poder de anular as decisões do legislativo e do
executivo. Na verdade a experiência tem mostrado que esse controlo é ineficaz. De facto, esses
órgãos, onde previstos, têm apreciado as questões a eles submetidos pelo critério de conveniência
do que pela sua concordância com a Constituição. Assim estes órgãos vêm a ser
redundantes, pois se tornam outro legislativo, ou outro órgão governamental.

Órgão jurisdicional especial é um tribunal criado com o propósito de conhecer das decisões
relativas à constitucionalidade das leis (tribunal constitucional na Áustria, na República Italiana e
na Alemanha);
Órgão jurisdicional comum é qualquer tribunal ordinário da ordem judicial (sistema norte
americano e português)
O Conselho Constitucional
I - Natureza
O órgão fiscalizador da constitucionalidade e da legalidade em Moçambique é o Conselho
Constitucional (CC). Constitucionalmente consagrado no título XI artigos 241 e seguintes da
Constituição da República (CRM) de 2004 e nas leis n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do
Conselho Constitucional) e n.º 5/2008 de 09 de Julho (lei que faz uma alteração pontual da lei
6/2006, de 02 de Agosto).
Apesar da designação analisadas as competências (art. 241/1 e 244 CRM e o estatuto dos juízes
conselheiros (art. 242/2 CRM), O Conselho Constitucional é um órgão jurisdicional especial. É
um tribunal
constitucional.
Iniciou o seu funcionamento efectivo em finais de 2003, após a aprovação da sua Lei Orgânica, a
lei n.º 9/2003 de 22 de Outubro, facto que ocorreu treze anos depois da sua consagração
constitucional como órgão de soberania.
Actualmente, com o alargamento pelo n.º 02 do artigo 245 da Constituição de 2004 do elenco
das entidades com legitimidade para solicitar a declaração de inconstitucionalidade das leis ou de
ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado quando em confronto com o artigo 183 da
Constituição de 1990, e da criação de um órgão especializado para administrar a justiça em
matérias de natureza jurídico –constitucional, e o processo de desenvolvimento e
aprofundamento da cultura democrática em Moçambique há um incremento de pedidos de
fiscalização de apreciação e declaração de inconstitucionalidade e de legalidade.

II - Composição
Nos termos do artigo 242 da Constituição da República, o Conselho Constitucional é composto
por sete Juízes Conselheiros, designados nos seguintes termos:
a) Um Juíz Conselheiro nomeado pelo PR que é o Presidente do Conselho Constitucional ;
b) Cinco juízes designados pela AR segundo o critério de representação proporcional;
c) Um Juíz Conselheiro designado pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial.

Os juízes do Conselho Constitucional são designados por um mandato de cinco anos, renovável
e gozam de garantia de independência, inamovibilidade, imparcialidade e irresponsabilidade.
Estão impedidos de desempenhar quaisquer outras funções públicas ou privadas, excepto a
actividade de docente ou de investigação jurídica ou outra de divulgação e publicação científica,
literária, artística e técnica, mediante autorização do respectivo órgão. Igualmente durante o
período de desempenho do cargo, fica suspenso o estatuto decorrente da filiação em partidos ou
associações políticas.
O Conselho Constitucional é composto por sete Juízes Conselheiros, designados nos seguintes
termos: (1) Um Juíz Conselheiro nomeado pelo PR que é o Presidente do Conselho
Constitucional ;
(2) Cinco juízes designados pela AR segundo o critério de representação proporcional; e (d) Um
Juíz Conselheiro designado pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial.

REVISÃO DA CONSTITUIÇÃO
Artigo 299
(Iniciativa)
1. As propostas de alteração da Constituição são da iniciativa do Presidente
da República ou de um terço, pelo menos, dos deputados da Assembleia da
República.
2. As propostas de alteração devem ser depositadas na Assembleia da
República até noventa dias antes do início do debate.
Artigo 300
(Limites materiais)
1. As leis de revisão constitucional têm de respeitar:
a) a independência, a soberania e a unidade do Estado;
b) a forma republicana de Governo;
c) a separação entre as confissões religiosas e o Estado;
d) os direitos, liberdades e garantias fundamentais;
e) o sufrágio universal, directo, secreto, pessoal, igual e periódico na
designação dos titulares electivos dos órgãos de soberania, das províncias e
do poder local;
f) o pluralismo de expressão e de organização política, incluindo partidos
políticos e o direito de oposição democrática;
g) a separação e interdependência dos órgãos de soberania;
h) a fiscalização da constitucionalidade;
i) a independência dos juízes;
j) a autonomia das autarquias locais;
k) os direitos dos trabalhadores e das associações sindicais;
l) as normas que regem a nacionalidade, não podendo ser alteradas para
restringir ou retirar direitos de cidadania.
2. As alterações das matérias constantes do número anterior são
obrigatoriamente sujeitas a referendo.
Artigo 301
(Tempo)
A Constituição só pode ser revista cinco anos depois da entrada em vigor da
última lei de revisão, salvo deliberação de assunção de poderes
extraordinários de revisão, aprovada por maioria de três quartos dos
deputados da Assembleia da República.
Artigo 302
(Limites circunstanciais)
Na vigência do estado de sítio ou do estado de emergência não pode ser
aprovada qualquer alteração da Constituição.
Artigo 303
(Votação e forma)
1. As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços
dos deputados da Assembleia da República.
2. As alterações da Constituição que forem aprovadas são reunidas numa
única lei de revisão.
3. O Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de
revisão.
Artigo 304
(Alterações constitucionais)
1. As alterações da Constituição são inseridas no lugar próprio, mediante as
substituições, as supressões e os aditamentos necessários.
2. A Constituição, no seu novo texto, é publicada conjuntamente com a lei
de revisão.

Conclusao
chegado ao fim do presente trabalaho de opesquisa, dou a concluir que, Embora não sejam
tradicionalmente incluídos nos mecanismos de defesa da Constituição, têm também carácter
garantístico a ordenação constitucional de funções e o esquema de controlos enterorgânicos e
intra-orgânicos dos órgãos de soberania. O princípio da separação e interdependência dos órgãos
de soberania tem, assim, uma função de garantia da Constituição, pois os esquemas de
responsabilidade e controlo entre os vários órgãos transformam-se em relevantes factores de
observância da Constituição.
portanto A fiscalização da constitucionalidade, significa essencialmente uma coisa que a
Constituição é a lei básica do país e que toda a ordem jurídica deve ser conforme à ela. Ela é
corolário da consideração da Constituição como realidade normativa, isto é, como lei
fundamental da ordem jurídica.
A fiscalização da constitucionalidade traduz-se, assim, na garantia do respeito pela hierarquia
superior da Constituição. Ora, se a Constituição é a norma suprema do país, logo, todas as
demais normas a devem respeitar.
introducao
o presente trabalho do MÓDULO DE CIÊNCIA POLÍTICA, visa abordar de forma clara,
objectiva e detalhada, sobre"A HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO
UNIVERSAL: EM PARTICULAR O PENSAMENTO POLÍTICO AFRICANO. Trazendo
assim aquilo que foi a contribuicao de grandes teóricos clássicos da Ciência Política como ee
o caso dos autores: Maquiavel; Hobbes; Locke; Rousseau; bem como o pensamento politico de
Severino Nguenha e o Pan-Africanismo e as suas influências para a evolução dessa ciência. tema
este de bastante importancia pois. conhecer o progresso dos pensadores clássicos da política se
impõe como uma forma de abranger as bases nas quais se consolidou o pensamento moderno,
tocando em temas e questões que vigoram até os dias actuais.
objectivos
Objectivos Gerais
comopreender sobre A HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO UNIVERSAL

objectivos Especificos
Descreve as ideias dos principais teóricos clássicos da Ciência Política;
compreender sobre O PENSAMENTO POLÍTICO AFRICANO.
verificar a influênciasdesses pensadores para a evolução dessa ciência

• Metodologia

Segundo Prodanov (2006,p.63), metodologia é o caminho percorrido para alcançar determinado


fim. Ou seja, metodologia é o conjunto de métodos e técnicas aplicadas para atingir o objectivo.
Portanto para a realização deste trabalho usou-se a consulta bibliográfica, artigos e sites que
continham um pouco da informação referente ao conceito da Negritude que o autor pretendia
adquirir. Segundo LAKATOS & MARCONI (2003. p 174), a pesquisa bibliográfica é elaborada
a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e
actualmente com material disponibilizado na Internet.
A HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO UNIVERSAL:
EM PARTICULAR O PENSAMENTO POLÍTICO AFRICANO.

Segundo Bonavides (2010: 38) apud Rafael (ISCED, p.13) afirma que: a Ciência Política possui
algumas dificuldades terminológicas que precisam ser visualizadas para construirmos mais
certezas em torno da sua constituição e aplicação. Destas dificuldades destacam-se:
• O carácter móvel e variável do vocabulário político;
• As variações semânticas dos termos de que se serve o cientista social de um país para
outro;
• Os casos distintos, por exemplo, os vários sentidos de democracia, que gera um caos aos
esforços de fixação conceitual.
Parece que lhe falta uma nomenclatura que permita às pessoas de um modo geral inteirar-se,
mesmo com dificuldades, em relação a certas definições conceituais inerentes, como quando se
fala de governo, nação, liberdade, democracia, que não se fixam numa única terminologia. Facto
que agrava uma compreensão mais usual para que as questões não recaiam apenas no meio
académico.

Maquiavel: A Política Moderna

Nicolau Maquiavel (1469 - 1527) é um dos principais escritores do pensamento moderno.


Nasceu em Florença, na Itália. Desde pequeno conviveu com os livros e, aos treze anos, dizem os
biógrafos, já redigia em latim. Na idade adulta exerceu funções ligadas à diplomacia durante
sua carreira pública, manifestando verdadeira vocação. Mas foi também preso e torturado
quando seus opositores estiveram no poder. Por muito tempo ficou num exílio, esquecido por
todos que leram suas obras.
Elaborou uma nova compreensão da questão política, tornando-se um divisor de águas entre o
pensamento medieval e este, inaugurado a partir das suas considerações. Desvincula
completamente as acções políticas das imposições religiosas, reinterpretando o verdadeiro
significado do “bem” e do “mal” em vista da especificidade desta área.

Contexto Histórico: Encontra-se no período renascentista num momento de transição em que


um governo de carácter medieval não consegue dar conta das expectativas da população em
geral. No início do século XVI a Itália estava dividida em pequenos principados, que
tentam superar a fragmentação do poder. Os governantes eram na sua maioria déspotas que
não advinham de uma tradição, mas da usurpação do poder pela força e pelas armas. Grupos de
mercenários se articulavam, sendo imprescindíveis para aqueles em ascensão.
Dessa forma, tanto a conquista quanto a manutenção do poder são reflexos de uma condição
instável.
Maquiavel constata que o vazio que se instalava e crescia era fruto da ausência de um poder
central. O caminho mais ajustado para resolução desta condição era a reunificação do Estado.
Mas, as articulações políticas implementadas para reaver a unificação não estavam repercutindo.
O renascimento é caracterizado por um movimento cultural, mas também um período da história
europeia. E enquanto limite da transição do período medieval para o moderno, desbrava
percepções e posturas que não eram assumidas como
costume. Atinge seu ponto alto na Itália, estimulando pensadores, poetas, pessoas que almejavam
a liberdade de pensamento. Há uma gama de transformações que apontam para rupturas.
Teoria Geral: Maquiavel inaugura uma espécie de realismo político, pelo qual justiça e moral
não constituem factores de restrição à acção política. Suas teses são acompanhadas de uma
compreensão de verdade efectiva, que se distingue da verdade metafísica. Através da verdade
efectiva é que a busca do pesquisador se orienta pelo que está posto e não pelo que deveria ser.
Nela encontra-se um certo pragmatismo que sempre acompanha as análises do autor. Há uma
percepção muito bem marcada de que a bondade pode levar um governante à ruína, do mesmo
modo que a maldade e a crueldade podem ser factores definitivos para se ascender ao poder.
Deste modo, as conquistas na esfera política devem ser determinadas numa dimensão muito
específica.

Principal Obra: O Príncipe, destacado na literatura política porque inova quanto ao olhar
acerca da realidade política. Esboça diversas situações que nos levam a entender como “os fins
justificam os meios”.
Destaca queo objectivo do governo é perpetuar-se no poder, não restringindo os meios
necessários para tal feito. O livro traz conselhos, reflexões e ponderações acerca de situações e
acções que envolvem as teias do poder.
Segundo estudiosos do pensamento de Maquiavel, o interesse maior da sua obra é a reunificação
da Itália. Por isso analisa os principados com aprofundamento e tenacidade, identificando suas
características, destacando aqueles que são mais ou menos passíveis de dominação.
Propõe formas de controlo e enfatiza as possibilidades de fortalecimento das leis. Embora a obra
não tenha gozado de grande reconhecimento durante o período de vida do autor, torna-se
posteriormente fonte de elogios ou controvérsias. No decorrer da história os nomes que
estiveram ligados a regimes absolutistas e totalitários sempre foram associados às ideias e
previsões já lançadas nas suas páginas.
Principais Conceitos: O príncipe deve ser o sujeito principal no encaminhamento da acção
política, porque é aquele que possui avirtude. E, por isso, conhece as situações, podendo
transferi-las ao seu benefício, ao favor dos seus interesses. Ele não espera que a sorte, a fortuna,
lhe agracie. Não se prende ao acaso, mas se este ocorre deve saber usar seu intento. Ser virtuoso
significa direccionar a vontade para um objectivo definido e não se dispersar em possibilidades
vagas.
Todavia a virtude é mais do que simples interesse, é uma espécie de energia que impulsiona
e motiva, o líder e os seus subordinados.
A fortuna, que é sinónimo de sorte e acaso, termina sendo o verdadeiro momento em que a
virtude se revela, pela sua aplicação, a direcção, ou melhor, o andamento para a obtenção dos
objectivos. O governante, ainda que não se confie na sorte, usa-a em favor da suacausa.
Maquiavel afirma que, dentre as qualidades inerentes a um governante, uma delas deve ser a
generosidade. Mas com certa ponderação, porque sempre se calcula o prejuízo ou o benefício
que certa reputação pode causar. Entre o amor e o medo dos súbditos.

Hobbes: O Leviatã
Thomas Hobbes (1588 - 1679), nasceu em Westport, Inglaterra. Filho de um vigário anglicano,
formou-se na Universidade de Oxford. Embora tenha tido uma educação presa aos princípios
Escolar: metafísica e lógica, interessou-se sempre por questões de ordem social, o que
reflectiu na publicação de suas obras políticas. Esteve sob o olhar severo das autoridades que o
acompanhavam ao longe por suspeitas dos seus ataques sobre o poder do papado. Manteve
politicamente convicções de cunho monarquistas e as imprimiu na elaboração das suas
obras. É um dos pensadores do século XVII ligado ao jus-naturalismo, dedicando-se, entre
outros conhecimentos, ao estudo do direito e à inserção deste na vida social do cidadão.
Enfrentou as críticas da Universidade de Oxford ao seu pensamento, que consideravam
ultrapassado.
Contexto Histórico: No século XVII consolidam-se algumas percepções e posturas em relação à
ciência e sua permanência na vida das pessoas de um modo geral. Mas ainda repercutem fortes
exigências religiosas, resistindo considerações em torno da submissão do Estado à autoridade da
Igreja. Hobbes pensa o contrário e não mede esforços para demonstrar a verdade na qual
amparava seu pensamento. Para ele o Estado não é criação da vontade de Deus, é um
artifício e deve ser tratado como tal.
Teoria Geral: Sua teoria procura centrar-se numa visão realista da vida, insistindo em pensar o
ser humano sem as ilusões habituais que lhe agregam. Buscando compreender a realidade social
e política através da natureza humana e das possibilidades de construção de um direito que possa
dar conta das verdadeiras necessidades sociais. Daí o carácter do seu racionalismo, que
pretende perceber a sociedade através do mecanicismo, ou seja, através das leis mecânicas da
natureza, que também são reveladoras das particularidades da natureza do ser humano. Sendo
adepto do Empirismo, Hobbes elabora uma filosofia materialista e mecanicista. Detém-se por
diversas vezes em considerações acerca da fisiologia e da acção de certos órgãos para explicar a
origem do conhecimento, dos sentimentos.
Partindo do pressuposto de que os seres humanos não possuem um instinto de sociabilidade, de
que não somos sociáveis por natureza, senão por acidente, por artifício, é que se reivindica a
necessidade de um contrato entre todos os indivíduos, em função do surgimento do Estado. O seu
realismo lhe rende a fama de ateu e diversas interpretações distorcidas dos seus verdadeiros
interesses.

Principal Obra: Sua obra principal é o Leviatã, na qual lança as bases de compreensão da
formação da sociedade civil, estabelecendo a melhor forma com a qual o Estado pode se manter
absoluto e firme diante das adversidades. Hobbes é o teórico que através de suas considerações
engendra a teoria segundo a qual o Estado originou-se do contrato, influenciando posteriormente
diversos autores. A metáfora do corpo serve-lhe de auxílio para identificar funções e
características inerentes aos órgãos, às instituições que compõem a estrutura do Estado. A
soberania é a alma, os magistrados são os nervos, os indivíduos prósperos são a força, os
conselheiros são a memória, as leis e a concórdia são a saúde, a sedição é a doença e a guerra
civil, a morte.
Principais Conceitos: A constatação mais definitiva que este autor possui é a de que em Estado
de Natureza todos os seres humanos são inimigos, pois as pessoas conviveriam sem a
autoridade, onde tudo seria de todos e por isso não existiria a propriedade. De um modo geral
as pessoas estariam procurando a sujeição do outro e em última instância, sua morte. Essa
condição tem como consequência a infelicidade generalizada. Assim, “o homem é o lobo do
próprio homem”. Frase célebre que nos impulsiona para sua teoria imediatamente. A guerra de
todos contra todos. Os seres humanos em estado natural são iguais, o que pareceria positivo,
repercute de outro modo a partir dessa compreensão de natureza humana. Somos iguais na nossa
capacidade de ultrapassar o outro, nas predisposições egoístas que mantemos em função da nossa
própria preservação.

A igualdade é que faz a nossa infelicidade porque repercute como igualdade para a guerra.
A força é saudada como necessária à auto conservação de cada um dentro das suas necessidades.
Mas nesta esfera não vale apenas ter maior força física, pois a astúcia tem grande
valia para as situações de risco. No caso da política, as alianças e os conchavos fazem com que
um indivíduo fraco fisicamente possa tornar-se muito forte. Por isso o direito também implica na
força para exercício do ordenamento.

Diante destas constatações cabe a renúncia mútua da sua condição natural e o encaminhamento
para o contrato que se inicia com a promessa do cumprimento por parte de todos. Há um
desdobramento em que a análise do Estado de Natureza nos conduz à compreensão da Natureza
do Estado. Para Hobbes, o pacto de renúncia às liberdades individuais é o anúncio da acção
que irá compor o contrato social. O pacto é a alienação de poderes, pelo qual o indivíduo
delega ao Estado suas predisposições, cada qual deixando de ser um obstáculo para o outro para
que todos possam manter intacta a sua auto preservação.
O que obriga as pessoas a compactuarem e a legitimar a autoridade política do contrato social é,
senão, o medo. A segurança e a paz só são estabelecidas diante da renúncia do direito que todos
possuem sobre todas as coisas.
Tal renúncia é em favor da constituição de um Estado e da liderança soberana de um governo.
Hobbes pensa a soberania como um elemento primordial para a construção do Estado. Neste
sentido, condena a divisão dos poderes, pois apenas um poder soberano seria necessário para
evitar a guerra, o conflito e até as dissonâncias.
O Estado é o Leviatã, um monstro bíblico que pela importância e força, submeteria todos ao
seu controle. Ele é um artifício e nesta artificialidade se concentra o grau da sua monstruosidade.
É a concretização de algo que excede a vontade e o poder dos homens de um modo geral e, por
isso, encaminha todos para a paz, obrigando-os a tal condição. O Estado surge para afastar o
medo e assegurar a auto preservação, estando acima dos interesses de cada cidadão e por isso
podendo garantir a paz.

Locke: A Propriedade
Aspectos Biográficos: John Locke (1632-1704) é outro pensador do século XVII. Aliás um
século bem expressivo em número de pensadores e teorias, que lança as bases para o empirismo
inglês e procura compreender o problema do surgimento do Estado. Nasceu na cidade de
Wrington, Inglaterra em uma família de comerciantes.
Dedicou-se não apenas à filosofia, mas às ciências naturais, à teologia, à medicina e à
anatomia. Embora não tenha expressado interesse pelas matemáticas e pela ciência de Galileu,
foi premiado com o título de Master of Arts. Membro da Royal Society de Londres, tornou-se
médico de um nobre chamado Ashley Cooper, conde de Shaffesbury, com quem dividiu muitas
das suas ideias políticas.

Contexto Histórico: A modernidade se auto afirma no século XVII. Os autores, de um modo


geral, dizem que é lá que se inicia propriamente a filosofia moderna. Algumas descobertas
científicas e o predomínio da racionalidade educando as esferas sociais marcam este período.
Embates entre empiristas e racionalistas fazem inaugurar o método e sua aplicabilidade nas
esferas comuns do quotidiano. Abandona-se a figura excêntrica do sábio medieval e instaura-se o
cientista e suas metodologias de aproximação da realidade.

Tais transformações são acompanhadas de revoluções, como a revolução puritana, pela qual as
atitudes do monarca são postas em cheque pelo parlamento, anunciando uma mudança definitiva
na esfera política da Inglaterra. Outro grande facto presente neste período diz respeito à
revolução gloriosa em 1688, que procurou a derrubada do governo absolutista que havia sido
implantado, colocando em ascensão a política parlamentar. Foi a tomada de poder por
Guilherme de Orange, que fez com que o parlamento promulgasse a Carta de Direitos,
tornando este o órgão máximo da administração do Estado. A burguesia em ascensão liderava as
campanhas pela mudança do regime, assumindo o partidarismo liberal. O liberalismo
predominante implantava, assim, uma defesa explícita da liberdade individual em diversos
sectores da vida humana. É o advento da livre iniciativa que se estenderá até os
nossos dias desdobrando-se através da lógica do capital.

Teoria Geral: Locke é um pesquisador atento, interessando-se pela condição humana, por
desbravar os mistérios da natureza e do mundo, e desvendar o tipo de compreensão que se
estende a Deus. Seus pensamentos vão ter permanência nos ideais iluministas do século
posterior. Desenvolve uma teoria para melhorar o uso do intelecto, o entendimento do
mundo e sua interpretação. Afirma que todo conhecimento deriva da prática e que a
experiência constitui fonte e limite para o intelecto. Assim, aquilo que o espírito alcança é
objecto imediato da percepção e nesta se pauta o pensamento. Diz os pensadores, que antes da
experiência somos como uma folha em branco, uma tábua rasa, pois ela imprime nossas
percepções da realidade.
Há experiências que são internas e externas. As primeiras dizem respeito à reflexão e às
articulações do entendimento. As segundas dirigem-se à identificação de elementos: cores, sons,
sabores, o movimento, etc. A partir dessas experiências formulamos ideias e percepções distintas
da realidade, as representações são obtidas via percepção, mas vinculadas em última instância à
experiência. No fundo, nossas ideias originam-se daquilo que nos oferece os sentidos.
As ideias advindas da experiência podem ser simples, complexas e algumas que são
combinações destas duas. O que se diferencia é a postura do engenho. Ele é passivo diante das
ideias simples, ou activo com as complexas, produzindo sínteses, inspirando relações,
desenvolvendo análises.
Locke não admite que a origem das ideias seja algo inato ao ser humano, ou seja, que as ideias
permaneçam nos indivíduos desde o seu nascimento. Para ele tudo advém da experiência. Assim,
não nascemos com certas orientações, elas se constituem no contacto com
o mundo. A capacidade inata é fonte de preconceito conduzindo ao dogma individual.
Argumenta que é impossível existir algo inato sem que o indivíduo seja consciente disso. O
conhecimento diz respeito a uma aplicabilidade prática que nos remete à experiência. Mesmo as
ideias mais abstractas possuem uma validade no sentido de orientar as pessoas a se conduzirem
na sua vida. Percebe a filosofia com um fim prático, num sentido moral oferecendo as regras
racionais para a vida e a condução das acções. O autor destaca que nem mesmo a moral tem uma
origem permanente nas pessoas. Ela advém do conhecimento, da lida racional que os indivíduos
mantêm entre eles mesmos.
Locke aborda a questão do surgimento do Estado por uma via bem específica, que é o direito
natural. Para este autor o Estado nasce de um acordo no seio da sociedade civil. É uma tomada
de decisão que advém da experiência, do contacto e da consciência constituída pelos seres
humanos no decorrer do tempo. Através do seu empirismo a teoria do conhecimento e teoria
política desfrutam do mesmo princípio. Suas ideias expressam a teoria do constitucionalismo
liberal inglês.

Principal Obra: Destacam-se entre seus escritos os dois Tratados sobre o Governo, nos quais
critica a relação entre política e religião. Para este autor a política é verdadeiramente uma
invenção humana e não possui relação com elementos divinos. Há neste sentido uma crítica à
tradição dos reis e à condição na qual se preservava a política medieval. Ao situar a religião no
seu devido lugar estabelece, em sua perspectiva racionalista, a tolerância como o limite entre as
particularidades inerentes à dimensão da fé e o tipo de intervenção que estas devem exercer
sobre os indivíduos na sua vida social. Ao mesmo tempo distingue e delimita o que lhes cabe e o
que cabe ao Estado, dissociando-os profundamente.
Os ideais de Locke incidem na fundamentação da teoria do Estado liberal e na necessidade
da propriedade privada. Tais ideais fazem rejeitar qualquer forma de monarquia ou qualquer
estabelecimento de um poder absoluto. Toda sua teoria política visa a conciliação da liberdade
com a manutenção da ordem, fazendo com que o indivíduo se situe verdadeiramente enquanto
cidadão. E tal obra só é possível através do direito, das leis bem regidas e fundamentadas no
direito natural. Desse modo busca configurar as leis e os Estados em função de garantir o
respeito aos direitos naturais, pensando assim estar garantindo a própria vida e a possibilidade
da própria vida social, tornando-se este facto um único motivo de ser de um governo. Caso não
se assuma tal meta, o povo pode derrubar o governo para substituí-lo por outro mais competente.
Este carácter dos seus escritos sempre foi motivo e inspiração para os líderes revolucionários no
decorrer da história.
Principais Conceitos: O Estado natural é caracterizado antes de tudo pela abundância revelada
na natureza. A terra, os frutos e tudo o mais supre e garante a sobrevivência de todos os seres
humanos. A nossa relação directa com estes bens não apenas garante a auto preservação, mas
também a liberdade, a igualdade e a independência, tão necessárias à vida, sendo a propriedade
muito mais que a simples posse de algo. Mas bens tanto materiais como imateriais: a vida, a
saúde, a riqueza, a felicidade são alguns dos exemplos da propriedade.
A relação do indivíduo para com esta é mediada pelo trabalho. A dedicação ao trabalho repercute
na propriedade. E o direito ao fruto do trabalho é algo que nos deve ser assegurado. Tal condição
está até hoje como princípio básico do capitalismo liberal. Em estado de natureza somos bons e
vivemos em paz, diz Locke, porque estamos em posse da nossa propriedade.
A natureza é sempre exemplar, demonstra leis que possuem virtude e sentido. Apresenta uma
lógica calcada em causas e consequências e que podem ser apreendidas através da experiência do
indivíduo.
Desse modo, ela apresenta o sentido privilegiado para ilustrar o que deve ser a sociedade.
Ou melhor, Locke percebe que as leis da natureza apresentam o modelo para elaboração e
estabelecimento de preceitos para a vida social. O autor constata que as leis da razão condizem
com as leis da natureza. Observando a própria racionalidade percebemos que na natureza já se
encontra a experiência da qual necessitamos para a construção da vida social.

Contudo, neste estado natural não possuímos a garantia de que todos os indivíduos vão se pautar
por tais princípios. Se tivéssemos a garantia de que todos apenas se moveriam guiados pela
recta razão, nossos direitos não sofreriam qualquer risco. Mas, a partir do
momento que alguém se desvia deste sentido, de imediato temos o conflito. Embora seja
extremamente optimista com o estado de natureza, Locke, identifica um aspecto que reivindica a
presença da acção política. No estado natural não existe a certeza do compromisso, ou ao
menos o estabelecimento de regularidades das acções. Não há a punição como consequência
da infracção. Daí, a necessidade de institucionalização da defesa em prol do direito mútuo.
Rousseau: A Igualdade
Aspectos Biográficos: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasceu em genebra, na Suíça. Desde
então a inconstância passou a prevalecer por toda sua juventude e boa parte da vida adulta.
Mantém em suas obras uma forte crítica à propriedade privada, considerando esta a fonte das
misérias na qual se prende a sociedade. Propõe uma vida simples em detrimento da
complexidade da vida social. Foge das rodas sociais e da hipocrisia característica dos recintos de
festa da sua época.
Contexto Histórico: Encontra-se num período da história marcado pelo optimismo intelectual, o
iluminismo, que proferia a razão como fonte de todos os benefícios da humanidade. O Século
XVIII é um período de entusiasmo, de grandes intelectuais, de uma vida pautada na elegância da
corte, consequentemente de vaidade e interesse pela posição social. A França é um dos
principais centros no qual tais ideais ajustam-se a uma condição revolucionária que pretendia
desfazer-se do antigo regime para implantar uma nova ordem. Tais inovações configuram a visão
de mundo da sociedade burguesa com seus lemas de Liberdade, igualdade e fraternidade.

Teoria Geral: Em alguns momentos a obra de Rousseau pode ser identificada como um diálogo
com os pensadores contratualistas do século XVII, em especial Hobbes. A constatação de
Rousseau é que o homem nasce bom e é corrompido pelos enlaces sociais. Através do contrato
social procura um Estado social legítimo que favoreça as potencialidades humanas. Porque deve
existir um ajuste bem delineado ao transformar os direitos naturais em direitos civis.

O diagnóstico de Rousseau é que os homens teriam chegado a um ponto em que os obstáculos à


sua conservação excedem as forças que cada indivíduo dispõe para manter-se em estado de
preservação. A degeneração da sociedade fez com que a segurança de cada um seja ameaçada
pela do outro, gerando muito mais o ataque como forma de defesa do que a possibilidade de
convivência. A saída que esboça diz respeito à união como possibilidade de juntar forças, visto
ser a força e a liberdade os instrumentos primordiais para valorização de cada indivíduo. Nesta
nova ordem instauram-se as vias para recuperar aquela liberdade natural, ajustada à vida feliz e
harmónica.

Principal Obra: A obra fundamental que traduz o seu pensamento é o Discurso sobre a Origem
e o Fundamento da Desigualdade entre os homens. Nela se apresenta a definição da natureza
humana, uma compreensão acerca dos desejos e das diversas nuances da imaginação, agindo
sobre nossa condição. Rousseau é um iluminista que se mantém na contracorrente e anuncia a
prepotência da razão, sobrecarregando nossas verdadeiras funções. Ele privilegia a importância e
o carácter fundamental que o homem simples conserva. Pois a felicidade se apresenta quando a
natureza interior corresponde ao exterior.
Através da preponderância da razão sobre os sentimentos o ser humano é colocado
inevitavelmente em situação de desconforto. Mas é ela que adapta o indivíduo na condição
humana vigente e no meio social e jurídico. Como o ser humano, ainda que não seja inclinável à
sociedade, desenvolveu seus germens submetendo-se às suas exigência e formalizações, esse
processo se constitui com as perdas das condições fundamentais, com a perda da igualdade. E a
adequação ao artifício, à complexidade, à vida degenerada. Rousseau foi leitor dos antigos
gregos e quando apura a ideia de contrato social imprime nas suas observações certas conquistas
que foram operadas por esta cultura e que degeneraram-se no decorrer da história, como é o caso
da democracia. Ele propõe uma democracia directa e não uma democracia representativa como a
que vivenciamos hoje em dia.

Principais Conceitos: Para Rousseau o estado de natureza constituíase por uma condição de
liberdade que motivava o indivíduo a uma existência natural e equilibrada. A natureza é uma de
suas paixões, tanto no que diz respeito ao interesse pela vida simples deste selvagem, regida pelo
contacto directo com as coisas e com o mundo, quanto pelo contacto mesmo com a vida rural e
os benefícios que esta oferece às pessoas em seus diversos momentos da vida. Associa esta
condição às experiências infantis, ingénuas e felizes. Experiências que possuem outra lógica,
outro modo de conhecer diferente daquele que é colocado como padrão e métrica. Há uma
bondade inerente à vida natural que é destruída com a sociedade. Ao homem natural falta a
abstracção, mas a ausência desta não constitui algo negativo, pelo contrário, lhe permite lidar
com as coisas na sua espontaneidade.
A humanidade se resume àqueles que lhe rodeiam. Convive bem com a solidão, sem lamentar
seu estado. Está inteiro e completo nas suas predisposições. O instinto o adapta à natureza. Em
alguns momentos o autor chega a afirmar que neste estado nos basta a alimentação, um par, e o
descanso, para a verdadeira vida. Como consequência dessa condição de plenitude, temos a
bondade, característica peculiar que o define. O “bom selvagem” é aquele que, por possuir a
bondade como inerente à sua condição, não sente qualquer disposição ou interesse em atacar o
outro. Há uma compaixão natural que o acompanha.
A análise de Rousseau recai sobre o estabelecimento da vida social que degenerou toda essa
ordem primeva. Para este autor a sociedade surge com o estabelecimento da propriedade privada.
É a propriedade a origem das desigualdades e da decomposição moral inerente aos dias
actuais. Os indivíduos tornam-se traiçoeiros, sórdidos, desonestos e transgressores em vista
deste modelo de sociedade. Tal desigualdade, pergunta o pensador, é autorizada pela lei natural?
A constatação a que chega revela que o homem nasce livre, e pelas
condições que se constituem no âmbito social passa a ser aprisionado.

O ponto nodal de sua crítica à sociedade é revelado pela sua repugnância à hipocrisia, muito
característica do seu tempo, presente nos salões e lugares de sociabilidade. O modo como as
pessoas se revestem de artifícios para estar neste ou naquele lugar, o que também revela uma
deficiência que se inicia desde o processo inicial de educação. O contrato social é saudado
como a forma com a qual se pode contrapor essa lógica instituída pela sociedade civil. A partir
dele a convenção do pacto é a saída possível para barrar o mal.
A ideia de contrato social implica num consenso que deve ser articulado entre os diversos
sectores, estendendo soberania ao governante e às directrizes do novo Estado.
Prevalece, a partir do contrato social, um Estado social legítimo que se aproxima cada vez mais
da vontade geral e também se afasta, consequentemente, da corrupção em vista desta condição.
O governante é visto como um funcionário a serviço do povo, um empregado que executa e
desempenha sua função sob os olhos daqueles que o empregam. Ele reconhece que a soberania
do povo é indivisível. O governo constituído é caracterizado como um corpo intermediário que
possui como função a vinculação entre súbditos e soberano. Deve dar conta da execução das leis,
fiscalizar a conservação da liberdade e implementar a igualdade entre os grupos da sociedade.
Tal governo deve resguardar a soberania que lhe foi entregue pela vontade do povo. Este é
o corpo político dos cidadãos e deve ser o núcleo central para o qual se voltam todas as atenções.

Soberano é o povo, sua vontade possui um carácter primordial para o ordenamento do Estado.
Dessa forma, devem-se escolher representantes e a melhor forma de governo. De início a tarefa
primordial à qual o governante precisa, se dedicar diz respeito à transição em que as pessoas
passam a adquirir a liberdade moral, reivindicada para que os indivíduos possam tornar-se
autónomos. Com o predomínio da vontade geral sobre as acções do Estado demarca-se o limite
entre o poder que é legítimo ao governante no exercício do seu cargo e aquele que emana do
povo. Assim, vontade geral sempre beneficia a sociedade. O povo elege, mas também pode
retirar do poder daquele que não corresponde a ela que, por exemplo, seja corrupto. Se a
vontade geral é o limite, também o povo é submisso às leis que expressam o geral e não os
condicionantes de grupos ou partidos. Rousseau reforça que, sendo o povo quem cria,
submete-se à vontade geral. A lei tornasse o fundamento essencial para a
associação civil. A liberdade concretiza-se como uma aquisição para a
vida feliz e verdadeiramente ajustada sem os grilhões que antes
açoitavam as pessoas.

Severino Elias Ngoenha

Severino Elias Ngoenha teve o seu ponto de reflexão filosófica sobre a África a partir dos anos
90, altura em que o filósofo e teólogo camaronês Meinrad Hebga falava da necessidade de
ultrapassar a querela “filosofia-etnofilosofia”, que até então tinha dominado todo o debate em
torno da filosofia africana moderna e contemporânea. O primeiro a reagir a essa situação foi
Marcien Towa e, posteriormente, de forma decisiva, Paulin Hountondji, Eboussi Boulaga e
Odera Oruka. Mas sobretudo Hountondji que, no início dos anos 1970, apelou, aos intelectuais
africanos em geral e aos filósofos africanos de modo particular, ao sentido da responsabilidade
perante o continente nos seguintes termos: “Não podemos continuar a representar a comédia o
tempo inteiro. É chegado o tempo da responsabilidade teórica em África. (LOPES, 2018, p. 25).
A reflexão filosófica de Ngoenha nasce, contudo, num âmbito posterior a todo o debate que
existia em volta da existência ou não da filosofia africana. Ele se posiciona, por isso, acima das
questões do ubi (o lugar) e do unde (proveniência) da filosofia africana e se insere numa
perspectiva entre o quo (o objectivo) ou qua (o rumo, a orientação). A filosofia de Ngoenha
nasce, neste sentido, como uma “traversée” (Bidima), uma ponte na busca de respostas e de
alternativas para o futuro do nosso continente, uma vez traçadas as bases desta mesma reflexão
filosófica africana (Idem, 2018, p. 26).
Para Lopes (2018, p. 26), “a filosofia de Ngoenha nasce já como uma resposta concreta ou,
melhor ainda, como uma forma concreta de assumir a própria responsabilidade em relação ao
continente”. Foi esta exigência que constituiu sempre a sua preocupação filosófica fundamental,
“fazer da filosofia um horizonte prático concreto para questionar o futuro, dialogando com a
história universal em geral, com a história do continente africano e com a história dos PALOP de
modo particular”.
O trabalho filosófico proposto por Ngoenha, foi primeiro o de definir a filosofia africana, antes
de mais, como ética e como política. Estes constituem os dois horizontes práticos prioritários
que, a seu ver, bem explorados, são capazes de ajudar a trazer respostas concretas e saudáveis ao
drama da reconstrução da história e historicidade nos nossos países, hoje em dia, e de modo
particular em Moçambique.
Severino Ngoenha inicia o seu diálogo com a história da filosofia africana a partir da sua magna
obra Filosofia Africana: das Independências às Liberdades, obra que constitui o pano de fundo a
nossa reflexão no presente trabalho. Entretanto, é na obra Mukhatchanadas que ele apresenta, de
forma mais lúcida, global e madura, os seus temas prioritários, a sua posição m relação ao
pensamento africano em geral, e a filosofia africana em especial.
povo estava somente para alimentar e realizar a vontade dos outros, nós eramos apenas
instrumentos nas mãos dos que tinham o direito de programar e escolher o seu próprio futuro, o
nosso futuro definia-se em função do futuro deles” (NGOENHA, 1993, p.10).
Para Ngoenha, a filosofia africana começa naquilo que a Hountondji chamou, um trabalho de
etnologia com pretensão filosófica. É portanto legitimo que nos interroguemos sobre o estatuto
epistemológico e moral da etnologia. Para uma crítica exaustiva do uso etnológico da filosofia,
através de exame analítico da relação entre a história e a não-história. Para Europa “civilizada” o
chamado novo mundo é outro mundo: costumes selvagens, sem religião, espírito degradado. Os
povos sem escrita, sem arquivos e nem Estado. A história não diz respeito a todas as Nações, mas
simplesmente algumas: os que produzem, que trocam, em resumo, as nações que contam. “O
resto da humanidade é abandonado a não ser histórico. A etnologia desenvolveu-se como um
saber residual, definido negativamente em relação à história da Europa e da América do norte”
(Ngoenha, 1993, pp. 8).
Pan-africanismo

O Pan-africanismo nasceu da luta de ativistas negros na África e, sobretudo, na diáspora


americana, em prol da valorização de sua coletividade. Sua marca inicial, entre fins do século
XVIII e meados do século XX, foi a construção de visões positivas e internacionalistas acerca de
sua identidade étnico-racial, entendida como comunidade negra: africana e afrodescendente.
pan-africanismo é um complexo movimento de idéias, teorias, arranjos e visões de mundo
surgido na primeira metade do século XIX, a partir dos contatos entre negros da Grã-Bretanha,
Antilhas, EUA e lideranças do continente africano. Trata-se uma resposta às teorias raciais
desenvolvidas ao longo do século XIX.
O pan-africanismo tem como uma de suas principais questões a idéia de que a África deveria ser
transformada nos Estados Unidos da África, preferencialmente usando a língua inglesa e
professando o cristianismo. Os teóricos do pan-africanismo inventaram a África una, homogênea
e indistinta, que ainda hoje está presente nos textos de vários autores africanistas, que tratam o
continente no singular, esquecendo de suas diversidades e realidades distintas. Esta África, nessa
perspectiva, é tida como a origem de todas as práticas, costumes, culturas e religiões dos negros
e negras da diáspora. Nesse sentido, o pan-africanismo pode ser apresentado como questão para
entender parte dos movimentos negros da atualidade, além de ser fundamental para perceber sua
persistência em diversas obras recentemente publicadas, que ainda apresentam o continente
africano como uma realidade una, homogênea e dotada de um
único ponto de vista, religião, costume e práticas.
Ou seja, em outras palavras, o pan-africanismo inventa uma África para os africanos e propicia a
idéia de que este continente é sinônimo de negro, formada só por um povo, os africanos, além de
dispor dos negros da diáspora como parte deste continente, daí, o fato de terem sido os pan-
africanistas um dos responsáveis pelos movimentos de “retorno” dos negros recém emancipados,
ou já livres e vivendo há algumas gerações nas Américas para o continente africano (HARRIS;
ZEGHIDOUR, 2010; SOUZA, 2008; M´BOKOLO, 2007).

Conclusao

chegado ao fim do presente trabalho de pesquisa, dou a concluir que a construcao das ideias dos
principais teóricos clássicos da Ciência Política teve o seu inicio com o pensamento renascentista
de Maquiavel, que procurou configurar um realismo político, pelo qual justiça e moral não
constituem factores de restrição à acção política.
Hobbes centra-se numa visão realista da vida, insistindo em pensar o ser humano sem as ilusões
habituais que lhe agregam. Assume o surgimento do Estado pela necessidade que os seres
humanos possuem de sair do estado de natureza no qual a guerra é generalizada entre todos. A
construção do Estado é um recurso racional que liberta o homem de si mesmo. Locke é um
pesquisador atento interessando-se pela condição humana, por desbravar os mistérios da
natureza e do mundo. Ao dedicar-se em questões políticas assume a teoria contratualista como
aquela que pode explicar o surgimento da sociedade civil e atenta principalmente para a
importância das leis na efectivação do Estado.
Para Rousseau o contrato social procura um Estado social legítimo que favoreça as
potencialidades humanas. O diagnóstico deste pensador é que os homens teriam chegado a um
ponto em que os obstáculos à sua conservação excedem as forças que cada indivíduo dispõe
para manter-se em estado de preservação.

finalmente O Pan-africanismo nasceu da luta de ativistas negros na África e, sobretudo, na


diáspora americana, em prol da valorização de sua coletividade. pan-africanismo é um complexo
movimento de idéias, teorias, arranjos e visões de mundo surgido na primeira metade do século
XIX, a partir dos contatos entre negros da Grã-Bretanha, Antilhas, EUA e lideranças do
continente africano.

Referencias Bibliograficas
CHINGORE, Tiago Tendai (2020) “O Contributo de Severino Elias Ngoenha ao
Desenvolvimento da Filosofia Africana ”. In: O Curandeiro: Revista
Moçambicana de Filosofia
LOPES, Filomeno .(2018). Filodramática: Os PALOP, entre a filosofia e a crise de consciência
histórica.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. (2003). Fundamentos de
Metodologia Científica. 5a Edição, editora ATLAS. São Paulo.

PRODANOV, Cleber Cristiano. (2006). Manual de metodologia científica. 3. ed. Novo


Hamburgo, RS: Feevale.

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