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Cadeira:
Direito Reais
Trabalho em grupo
Discente:
Alberto Pedro
Sílvia Siaca Biza Saide
Licenciatura em Direito
Discente:
Alberto Pedro
Docente:
1.1.0. Objectivos:.........................................................................................................................4
1.1.3. Metodologia.......................................................................................................................4
Conclusão...................................................................................................................................10
Bibliografia................................................................................................................................11
1. Introdução
Em Moçambique, o direito à propriedade foi desde a Constituição da República de 1975, inserida
na ordem jurídica moçambicana. Com efeito, o artigo 12º desta Carta Magna preconizava o
direito à propriedade pessoal. Nos textos legais seguintes (1990, 2018) sua abordagem e
interpretação foi melhorada e ampliada. Assim, o nº 02 do artigo 82º da Constituição da
República de Moçambique (CRM) de 2018, revista em 2018 é clara em relação à propriedade
privada. O artigo 56º da CRM reforça a sua importância ao prescrever que os direitos e
liberdades individuais são diretamente aplicáveis, vinculam as entidades públicas e privadas, são
garantidos pelo Estado e devem ser exercidos no quadro da Constituição e das leis. Nosso
entendimento é de que a previsão constitucional deste direito, não só é para ajustar-se á
legislação internacional sobre a matéria, mas, principalmente, impedir os abusos de poder que
muitas vezes são perpetrados por alguns agentes desonestos do Estado, aos detentores de
propriedade, desviando assim o próprio sentido da lei, que é de conferir a justiça. No entanto,
não obstante, a estas garantias normativas, tem se reportado alguns conflitos, sobre a apropriação
indevida da propriedade. Isto acontece porque de acordo com a nossa análise, há fraca
divulgação das leis ordinárias que regulam sobre as matérias que envolvem a propriedade
privada, pois a maioria da população moçambicana vive no meio rural, onde há pouca presença
de meios de comunicação de massas e instituições de justiça.
1.1.0. Objectivos:
1.1.1. Objectivo geral: saber o que é direito de propriedade.
1.1.3. Metodologia
Quanto a metodologia usada para a pesquisa, de referir que foi bibliográfica e documental na
medida em que nos recorremos a doutrinas e artigos publicados na internet, tendo utilizado o
método técnico na análise e interpretação de dados.
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2. Breve historial do direito de propriedade
O direito como um conjunto de leis ou preceitos que regulam as relações sociais, é segundo
SCHONPENHAUER ( 2001.p.23-24) uma instituição humana que repousa no arbítrio humano.
Conforme nos ensina a BIBLIA (I Tm.1, 8-10) a lei é considerada boa, quando expressa a
vontade da maioria e uma desvantagem, quando não é capaz de conferir a justiça. Assim, o
direito de propriedade foi desde os tempos antigos considerado como um direito natural do
homem ligado a aquilo que ele possui, suas posses, fruto do seu trabalho. Portanto o objeto do
direito de propriedade, assenta-se nos bens materiais e imateriais, adquiridos ou a serem
adquiridos de forma honesta pelo individuo (pessoa física) ou instituição (pessoa jurídica). Esta
noção defendida primeiro, por povos primitivos foi sustentada, em seguida, pelas teorias
filosóficas, que posteriormente contribuíram para o alicerce jurídico de sua definição e
enquadramento, até a sua elevação como um direito humano fundamental e, constante no artigo
17º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que preconiza o seguinte:
“Toda pessoa tem direito à propriedade, ninguém será arbitrariamente privado de sua
propriedade”. Formulada desta forma, a interpretação do artigo gera, em nossa análise,
controvérsias pelo facto de não especificar se a pessoa aqui citada deve se entender como física
ou jurídica ou ambas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, embora tenha humanizado
esse direito, em nossa análise não é clara em relação aos beneficiários reais desse direito (pessoas
física ou jurídica) e não especifica o tipo de propriedade que é ou deve ser protegida, se é
propriedade usada para fins de consumo ou produção, assim como as razões pelas quais a
propriedade pode ser restringida (por exemplo, para regulamentação, tributação ou
nacionalização de interesse público). Para além da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
outros instrumentos internacionais, e regionais tais como: o Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos (PIDCP) e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(PIDESC), ambos de 1966, e a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos fazem apelo à
proteção desse direito. Com efeito, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos garante o
direito à propriedade, no geral, ao estipular no parágrafo 1 do artigo 1º o desenvolvimento
econômico, social e cultural dos povos. O parágrafo 2 do mesmo artigo, estipula que todos os
povos podem dispor livremente das suas riquezas e dos seus recursos. Por sua vez, o nº 1 do
artigo 11º do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC),
preconiza de entre outros direitos, o direito à uma habitação condigna. O artigo 15º do mesmo
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instrumento reforça esse direito, principalmente, para os bens incorpóreos. Ao nível regional
africano, a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP) protege o direito à
propriedade de maneira bem clara. No artigo 14º a Carta estabelece que:
Todas as pessoas têm o direito de possuir propriedade. Este direito só pode ser restringido em
benefício da comunidade e de acordo com a lei; usurpada no interesse da necessidade pública ou
no interesse geral da comunidade e de acordo com as disposições das leis apropriadas.
O artigo 13º e 21º da Carta também, em nossa análise faz apelo ao direito à propriedade coletiva,
ao preconizar: “a igualdade de acesso aos serviços e “bens” públicos (artigo13º); o direito de
todas as pessoas dispor e usar das riquezas naturais existentes no solo e subsolo, em benefício
coletivo (artigo 21) ”. Assim, o direito à propriedade que durante séculos era visto apenas sob
ponto de vista econômico, com a sua inclusão nesses instrumentos jurídicos internacionais e
regionais, deixou de ser um privilégio da minoria e passou a ser reconhecido como um direito
fundamental indispensável ao homem independentemente da sua condição social, origem raça e
nacionalidade. Portanto, onde quer que seja, o direito à propriedade passou a ser garantido ao
homem, No entanto, o gozo do direito à propriedade foi desde os tempos antigos condicionada à
compensação de utilidade pública como, por exemplo, o pagamento de impostos, uma vez que a
propriedade como um bem, não deve apenas beneficiar ao proprietário, mas também garantir o
seu usufruto aos outros através da sua justa exploração, como é o caso dos bens imóveis, móveis
e incorpóreos. O detentor da riqueza deve cumprir a função social que essa propriedade
desempenha, significa gerir o bem em sua posse, tendo em conta não apenas o seu rendimento
individual, mas também o interesse da coletividade. Neste sentido, ao pagar imposto o
proprietário de um determinado bem, contribui para a solução de outros problemas da sociedade.
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contexto destes três textos legais, que será analisada a positivação do direito à propriedade e sua
evolução, em Moçambique.
2. A Expropriação só pode ter lugar por causa da necessidade. da utilidade ou interesse públicos,
definidos nos termos da lei e dá lugar a justa indemnização.
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A Carta Magna de 1990, não só melhorou a redacçāo do artigo 12º do texto constitucional
anterior, como também incluiu a indemnização em caso de expropriação pelo Estado e que deve
ser devidamente fundamentada. Ao explicar no paragrafo 2, as condições em que a expropriação
pode ser feita, cumpre assim o preceituado no nº 2 do paragrafo 17º da Declaração Universal dos
Direitos Humanos que preconiza que ninguém deve ser arbitrariamente privado da sua
propriedade e do artigo 14º da Carta Africana dos Direitos humanos e dos Povos de 1981, que
não só estabelece o direito à propriedade como também diz que a sua restrição só pode ser
admissível, por motivos de necessidade colectiva e de acordo com a lei.
Lei de Terras, Lei nº 19/97 de 01 de Outubro, estabelece no artigo 10º o direito de uso e
aproveitamento da terra.
O Código Civil Moçambicano (2004), enquadra o direito à propriedade no livro III referente ao
Direito das Coisas. O Titulo II deste livro dedica-se ao direito à propriedade, sendo na categoria
da propriedade em geral constante do capítulo I que se preconiza nos artigos 1302º a 1315º
O Código Penal, Lei nº35 (2014), de 31 de dezembro previa a punição por usurpação da
propriedade alheia, no artigo 293º. Este Código veio ser revogado com a Lei nº 24/2019, de 24
de Dezembro, Lei da Revisão do Código Penal. O Titulo II, que se refere aos crimes contra o
património, dedica no capitulo I os crimes contra a propriedade, especificando- os nos artigos
270º a 288º.
Assim,em termos de legislação interna, o direito à propriedade para além de constar nos
princípios gerais constitucionais, foi robustecida nas leis ordinárias, cumprindo desta forma um
dos requisitos fundamentais de um Estado Democrático que é a observância dos direitos
humanos, visto que o direito à propriedade é um direito humano universal. Há a salientar, no
entanto, que apesar do direito à propriedade estar bem clarificado no ordenamento jurídico
moçambicano, muitos dos cidadãos beneficiam da posse e não do direito, ou seja, a maioria da
população moçambicana, não tem o registo legal (direito) daquilo que possuem (posse). Nao
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basta enquadrar o direito costumeiro no ordenamento jurídico moçambicano, em particular para
as matérias ligadas a propriedade (bens imóveis), incentivar os cidadãos a regularizar esses bens
será sempre uma forma segura de prevenir conflitos e garantir-lhes o gozo pleno desse direito.
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Conclusão
O direito como uma norma jurídica é vista como uma garantia de defesa dos mais pobres que os
obtém, em particular nas sociedades democráticas, através do sufrágio universal que igualiza os
direitos, tendo em consideração que a eleição dos representantes do povo depende daqueles,
sendo por isso os verdadeiros detentores do poder.
No contexto moçambicano, da análise que se faz ao quadro jurídico legal vigente sobre a
positivação dos direitos à propriedade no geral, conclui-se ter havido desde a proclamação da
independência em 1975, a preocupação do Estado Moçambicano em proteger tais direitos. No
entanto, durante a vigência da primeira Constituição, Constituição da República Popular de
Moçambique de 1975, embora o artigo 12º garantisse esse direito, na prática não era observado
na sua íntegra, visto que o acento estava mais virado para a propriedade colectiva. Foi a partir da
Constituição da República de Moçambique de 1990, que a questão do direito à propriedade ficou
melhor clarificada, pela sua ampliação e inclusão nas leis ordinárias. Embora isso tenha sido um
avanço há, ainda, um grande desafio referente a divulgação das leis sobre este direito, por forma
a que as pessoas singulares/ jurídicas, em especial, que vivem nas zonas mais recônditas do país,
conheçam esse direito, pois tem sido reportadas situações anómalas de usurpação da propriedade,
principalmente, a terra, que constitui o recurso mais precioso da maioria da população
moçambicana, que predominantemente dedica-se a agricultura. Em nosso entender, divulgar as
leis sobre o direito à propriedade e incentivar os indivíduos a regularizar esse direito, constitui
numa pedra angular a ser enfrentada para garantir que a sociedade moçambicana conheça, goze
desses direitos e possa exerce-los eficazmente. Os Mídias, as instituições de justiça e outras
correlacionadas, são chamados a desempenhar mais o seu papel, na divulgação das leis sobre o
direito à propriedade.
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Bibliografia
ARANHA, Maria Lúcia de; et al. Introdução a Filosofia, 4ª edição, Editor Moderna, São Paulo,
2009.
CAXILE, Carlos Rafael Vieira; JÚNIOR Waldech Cesar Rocha, Historia Antiga, 2015,
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