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A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL E A FUNCIONALIZAÇÃO DA


PROPRIEDADE

Mariana de Jesus Santos, Raminne Moreira Oliveira, Nara Maria dos Santos Silva, Cassiane
Souza Nascimento, Lorrane Santos Andrade, Joana Alves Santos, Eduarda Oliveira de Morais
Portela

Emily Kaís Souza de Oliveira Nepomuceno – Professor Orientador– Faculdade Anhanguera


de Itabuna/BA

RESUMO

Este resumo expandido tem como finalidade mostrar de forma clara ao leitor sobre a
constitucionalização do direito civil e a funcionalização da propriedade. Busca analisar a
mudança do Código Civil em 1975 para ser fundamentada com os princípios constitucionais e
a principal função social na propriedade em geral, trazendo limites para os proprietários
sempre com base no princípio fundamental: a dignidade humana. Sendo utilizado como
recursos: artigos publicados, trabalhos acadêmicos, o Código Civil e a Constituição Federal de
1988.

Palavras-chave: Constitucionalização. Direito Civil. Propriedade.

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Constituição Federal de 1988, referindo-se como um grande marco


para a sociedade brasileira, efetivando assim um estado democrático de direito, torna-se uma
lei suprema que se encontra no topo da hierarquia jurídica, percebe-se a necessidade do
Código Civil de 1916 passar por um adequamento à Constituição de 1988 ao qual está
predominada a dignidade humana. Posteriormente, com esta significativa mudança, houve-
se a redefinição do direito privado, trazendo um vasto impacto para a sociedade tradicional
presente no antigo código, como família, empresa, contratos e posse, sucedeu-se então a
funcionalização da propriedade que se encontra no artigo 5º da CF/88 no inciso XXIII, onde
diz que a função social está integrando o conceito jurídico, impondo limites, como princípio
de ordem econômica e o quão importante ela é importante e suas funcionalidades, mas não é
descritivo, havendo outros artigos falando sobre, mas que muda de acordo com o tipo de
propriedade. O resumo se utiliza como método de pesquisa a bibliográfica, sendo feita
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coletas de dois diferentes autores para a confirmação da tese apresentada sobre a


constitucionalização do direito civil e a pesquisa documental, utilizando-se de sites, artigos,
CF/88 e o CC.

2 A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

A Constituição Federal é uma lei suprema desde sua criação, estando no topo do
ordenamento jurídico brasileiro, sendo assim, não pode ser questionada por outros ramos do
direito. O Código Civil foi criado em 1916 resultado do direito liberal, em que se prestigiava
o individualismo, o patrimonialismo, o positivismo. portanto, antes da Constituição, o que
significa dizer que ele nasceu em desalinho com a realidade social do país e com a nossa carta
magna, necessitando assim de uma modificação em sua estrutura. Nesse sentido, a partir da
última década do século XX iniciou a chamada constitucionalização do direito civil, visando
melhor adequação do direito civil aos princípios da Constituição.

Na atualidade, se entende que o direito civil não se trata mais de um direito autônomo, pois
ele passou a ser interpretado a partir da constituição, ou seja, o fundamento jurídico básico
tem que ser extraído da constituição, caso contrário ele não poderá continuar em vigor, por
esse motivo, quando encontrado contrariedade com o texto constitucional sofre alterações,
garantindo assim, a dignidade da pessoa humana a todos, protegendo-os inclusive de
arbitrariedades e opressões dos particulares.

César Fiuza e Emanuel Adilson Marques apresentam o seguinte conceito acerca desse
fenômeno:

Por constitucionalização do Direito Civil deve-se entender que as normas de Direito


Civil têm que ser lidas à luz dos princípios e valores consagrados na constituição. A
bem da verdade, não só as normas de Direito Civil devem receber leitura
constitucionalizada, mas todas as normas do ordenamento jurídico sejam elas de
Direito Privado, sejam de Direito Público.
Com a constitucionalização do Direito civil, tem inúmeras vantagens, tais como,
elevar os direitos fundamentais da pessoa, a dignidade da pessoa humana passa a
ocupar um primeiro plano. (Fiuza; Marques,2006,p 87-108)

Gustavo Tepedino, confirma:

Trata-se, em uma palavra, de estabelecer novos parâmetros para a definição de


ordem pública, relendo o Direito Civil à luz da Constituição, de maneira a
privilegiar, insista-se ainda uma vez, os valores não-patrimoniais e, em particular, a
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dignidade da pessoa humana, o desenvolvimento de sua personalidade, os direitos


sociais e a justiça distributiva, para cujo atendimento deve se voltar a iniciativa
econômica privada e as situações jurídicas patrimoniais. (Tepedino,2012, p 19)

Outrossim, é a observância dos direitos fundamentais que assegura o respeito à dignidade da


pessoa humana, de forma que tal proteção se estende além da relação Estado-indivíduo,
atingindo também as relações de direito privado. Tal observância é necessária se o que se
deseja é a realização da dignidade da pessoa humana enquanto valor soberano, no plano
fático. Assim, cumpre expor o quanto a constitucionalização do direito civil beneficia a
proteção desses direitos, tão importante ao respeito à dignidade da pessoa humana.

3 A FUNCIONALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE

O Artigo 5º da Constituição Federal da 1988, logo após a garantia da propriedade no


inciso XXIII diz que “a propriedade atenderá a sua função social”, que corresponde a
utilização da propriedade em acordo com os objetivos sociais de uma determinada localidade,
estabelece apenas que a propriedade deve atender a sua função social, mas não descreve
critérios para que isto ocorra, sendo descritos em outros trechos da CF/88 e diferencia em
cada categoria de propriedade.

A função social impõe limites ao direito de propriedade, para garantir que a execução deste
direito não prejudique a todos. Portanto, uma edificação rural ou urbana não deve apenas
atender aos interesses de seu proprietário, mas também ao proveito da sociedade em que
pertence. Sendo assim, a propriedade urbana está em anuência com sua função social quando
respeita os critérios estabelecidos por cada município, por outro lado a rural é descrita no
Artigo 186, que estabelece os critérios para este cumprimento.

Ainda na Constituição, a função social aparece como princípio de ordem econômica, com
objetivo de garantir a justiça social e a existência digna de todos. No Brasil a distribuição de
terras é exageradamente desigual, portanto, a função social visa evitar essa desigualdade, no
entendimento de que não é benéfico ter uma propriedade sem nenhuma utilidade.

O direito deve sempre estar em equilíbrio, não admitindo a estreita divisão entre o público e o
privado. A divisão de propriedades, era por conquistas, caráter privado e absoluto, como os
nobres, uma forma de recompensa e quando adquiridas tinha função administrativa e
judiciaria.
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Atualmente existe um interesse de conflitos entre encontrar um denominador em comum para


funcionalização particulares e a coletividades.

A função-social integra o conceito jurídico positivo de propriedade, uma forma de ser


cumprida, a finalidade dá interação entre o trabalho e os meios econômicos, ou seja, não
tendo uma doutrina de uniformidade como objeto. Porém, uma relação entre ser o proprietário
e o não-proprietário, em que irão entrar em um acordo com limites legais para ambos.

4 CONCLUSÃO

Desde então, conclui-se que a lei suprema não pode ser questionada por outros ramos
do direito, como vinha sendo o Direito Civil. Entende-se que o direito civil não se trata mais
de um direito autônomo, ou seja, passou a ser o fundamento básico que tem que ser extraído
da constituição.
O direito civil sofreu algumas alterações, essa alteração foi feita pela CF/88 para
assim trazer a garantia da dignidade da pessoa humana, com o intuito de proteção podendo
assegurar os direitos, a dignidade humana, os direitos sociais e os direitos fundamentais
passam a ocupar o primeiro plano dentro das vantagens da constitucionalização.
Para simplificação, a constitucionalização do direito civil é a imposição de uma leitura
dos institutos de direito civil conforme a Constituição Federal. A norma não deixou de ser de
direito privado, mas se tornou o direito privado com interpretação com base na constituição.
A propriedade atende a função social de uma certa localidade, apesar que no art 5° no
incisivo XXIII da CF, não se descreve os critérios para que isso ocorra, acharemos esses
outros critérios em diferentes trechos da constituição. A função social é usada como critério
para que o direito não prejudique a sociedade e que não só os anseios e desejos do proprietário
sejam atendidos. Também visando a questão econômica da área para se obter justiça social e
existência de todos, evitando desigualdades de terras.
Observando- se a não divisão do direito público ou privado, buscando o fluxo certo
para a funcionalização da propriedade tanto do indivíduo quanto o do coletivo, sem que haja
um interesse de conflitos, passou por mudanças juntamente com a constitucionalização do
direito civil.
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REFERÊNCIAS

Baptista, Patrícia. “A FUNCIONALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE PÚBLICA


PROBLEMAS DA PERSPECTIVA CIVILISTA SOBRE O REGIME
JURÍDICO DOS BENS PÚBLICOS.” RFD- Revista Da Faculdade de Direito Da
UERJ, vol. 0, no. 31, 21 Jun 2017, 10.12957/rfd.2017.29251. Acesso em: 26. Out.
2022.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.

CERA, Denise Cristina. No que consiste a chamada constitucionalização do direito


civil, Rede de Ensino Luiz Flavio Gomes, 2010.Disponível em:
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2526086/no-que-consiste-a-chamadaconstitucionalizacao-
do-direito-civil-denise-cristina-mantovani-cera . Acesso em: 24.out.2022

FIUZA, Cézar; MARQUES, Emanuel Adilson. Constitucionalização do direito das


obrigações. Revista brasileira de direito constitucional, São Paulo, v. 4, n. 8, p. 87-108,
jul./dez. 2006. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/26600. Acesso em:
23.out. 2022.

FILHO, Odilon. A função social da posse e da propriedade nos direitos reais. Mestrado
(Direito), UFRGS. Disponível em: 7fsdaposse.pdf (direito.mppr.mp.br). Acesso
em:25/10/2022.

TEPEDINO, Gustavo. Marchas e Contramarchas da Constitucionalização do Direito


Civil: a Interpretação do Direito Privado à Luz da Constituição da República. [Syn]
Thesis, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 15-21, 2012. P. 19.

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