Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Docente: Michelle Batista


Discente: Gabriel da Silva Lemos
Disciplina: Direito Civil II
Data: 13/11/2018
A Constitucionalização do Direito Civil
O direito civil é o ramo do ordenamento jurídico brasileiro que trata
das relações particulares entre as pessoas. Por muito tempo, a Constituição
não entrou no mérito dessas relações, priorizando o caráter discricionário das
partes e garantindo uma liberdade maior aos particulares. Consequentemente
foi atribuída ao código civil, que era o único dispositivo legal a abordar as
relações particulares, a ideia de Constituição do direito privado.
O direito civil surgiu muito antes do direito constitucional, por isso, é
possível afirmar que muitas nomenclaturas e até mesmo alguns princípios
constitucionais são derivados do civil. No entanto, mesmo sendo mais recente,
o direito público assumiu uma posição hierárquica superior ao direito particular,
atualmente nossa Constituição Federal é a lei fundamental e suprema do país.
A Constituição Federal de 1988, da validade a todos os outros
dispositivos normativos no ordenamento jurídico do Brasil, significa dizer que
estão todos subordinados à Constituição, logo, qualquer texto normativo que
não estiver de acordo a essa lei superior terá que ser declarada inconstitucional
e retirada do ordenamento.
Como o direito civil trata das relações particulares, o individualismo
nas relações se torna muito constante. A constitucionalização, vem justamente
para atribuir a essas relações alguns aspectos públicos e gerais aplicados a
todos, com isso, se torna mais fácil uma equalização das partes e se assegura
alguns princípios e direitos essenciais.
A constitucionalização trouxe uma mudança na maneira de se
interpretar o direito civil, antes, bastaria a observância do código civil, agora é
preciso fazer isso sob a luz da Constituição, ainda assim, é importante destacar
que o código civil permanece sendo o centro desse sistema.
Sobre o debate de como deve ser feita a interpretação desse
sistema, Lorenzetti afirma que:
se, por um lado, ainda se vê quem interprete a Constituição de
acordo com o Código Civil, por outro lado, a tendência
dominante é a de seguir o fluxo contrário. Por outros termos,
não se lê o Código Civil sob a ótica do Estado liberal, mas do
Estado democrático de direito.

Isto é, por mais que o código civil continue senso o centro da leitura
e interpretação das relações particulares, isso não a faz superior à
Constituição, esta é a lei suprema vigente e toda a interpretação deve ser feita
sob observância a ela.
De acordo José Camacho Santos, tudo isso implica em uma nova
forma de leitura do código civil, que agora passa a ser relevante, também, a
consideração dos princípios constitucionais para se encontrar uma solução
mais justa e ao mesmo tempo garantir a preservação do Estado democrático
de direito.
Portanto, cabe dizer que com o advento do Estado Democrático de
Direito, o Estado passou a versar e agir de maneira mais social, visando um
equilíbrio social. Isso consequentemente implicou na intervenção da
constituição no direito civil, no intuito de garantir que aqueles princípios
constitucionais também sejam aplicados às relações particulares.
A constitucionalização do Direito Civil renova a ideia que se tem
deste e do Direito Privado, além de trazer vantagens imensas ao cidadão. O
fato de a dignidade da pessoa humana ser elevada é importantíssimo, pois,
representa uma proteção dos cidadãos. Além disso, a constitucionalização do
direito civil, aproximou o direito público do privado, trazendo características
gerais e cidadãs ao âmbito privado que possuía uma grande margem de
liberdade discricionariedade, gerando, em alguns casos injustiças causadas
pela atuação de má-fé.

Você também pode gostar