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Nesta oportunidade, abordar-se-á outro aspecto relevante, qual seja, a jurisdição

constitucional. Desta feita, tem-se que a jurisdição constitucional consubstancia-se na


atividade jurisdicional exercida pelo Estado com a finalidade precípua de tutelar o princípio
da supremacia da Constituição e de proteger os direitos fundamentais dos indivíduos que
compõem a sociedade.

A respeito da jurisdição constitucional com a finalidade de proteger os direitos


humanos, é mister destacar que essa ideia foi posteriormente incorporada pela doutrina e
relaciona-se a um entendimento mais alargado do conteúdo de jurisdição constitucional. Na
medida em que, anteriormente, a expressão jurisdição constitucional limitava-se ao controle
de constitucionalidade das leis ordinárias e dos atos estatais em desconformidade com os
preceitos constitucionais.

No entanto, em virtude da derrocada dos regimes nazifascistas verificou-se a


iminente necessidade de criação de instrumentos efetivos de controle de
constitucionalidade, além de mecanismos para evitar que os direitos fundamentais se
convertessem em meras expressões formais, ou seja, destituídos de qualquer eficácia
prática.

Desta sorte, conforme lecionado pelo autor, esse sistema de proteção dos direitos
fundamentais definiu-se por intermédio das garantias procedimentais constitucionais que se
traduzem no que o autor chamou de tutela constitucional do processo. Logo, essa tutela
engloba tanto o princípio do devido processo legal e todas as garantias que advêm dele,
quais sejam, o contraditório, a ampla defesa e a necessidade de se fundamentar as
decisões estatais.

Além disso, compõe essa tutela o recurso constitucional, o recurso de amparo, o


recurso de proteção, a ação direta de inconstitucionalidade, a ação declaratória de
constitucionalidade, a arguição de descumprimento de preceito fundamental, o mandado de
segurança, o habeas corpus, habeas data, o mandado de injunção.

Desse modo, tem-se que a tutela constitucional do processo somada ao direito ao


processo configuram o que o autor denominou enquanto direito processual constitucional.

Somado a isso, é imperioso destacar, agora, o Estado Democrático de Direito,


tendo em vista que trata-se da realidade dos Estados modernos, além de estar intimamente
ligado com a evolução das instituições políticas ocidentais, conforme bem pontuado ao
longo da obra.

Nesse diapasão tem-se que a expressão Estado Democrático de Direito foi


cunhada pelos juristas alemães e cuida-se da justaposição das palavras Recht e Staat,
respectivamente direito e estado no idioma alemão. Quanto ao uso da expressão, Bretas
nos traz a crítica de Kelsen, uma vez que para o segundo a expressão resulta em um
manifesto pleonasmo.

Isso porque, na visão kelseniana, o Estado moderno é indissociável da ordem


jurídica, uma vez que em sua percepção é impossível conceber um Estado que não esteja
submetido ao direito.

A fim de prosseguir com a análise, Bretas pontua que a teoria do Estado de Direito
ruge em oposição à ideia de Estado de Polícia, que consubstancia-se na ideia de soberania
centrada no poder do monarca. Diante disso, tem-se que a ideia de Estado Democratico de
Direito refere-se a uma concepção do Estado enquanto uma comunidade a serviço do
interesse comum.

Portanto, nessa linha teórica resta clara certa limitação das atividades do Estado,
que deve ter os seus objetivos voltados à preservação das liberdades individuais dos
cidadãos de modo a assegurar-lhes o seu livre desenvolvimento. Somado a isso, a
organização do Estado também compõe a noção de Estado Democrático de Direito. Tal
organização é pautada em princípios racionais que reconheçam os direitos básicos dos
cidadãos e na noção independência dos juízes com o fito de se obter segurança na
administração da justiça

Além disso, também é elementar do termo, a distribuição das competências entre


as variadas forças políticas do Estado, assim como previa a doutrina de Montesquieu.
Contudo, alerta-se para o fato de ser uma distribuição de funções, uma vez que o poder do
Estado é único e indivisível, não se trata, então, de separação dos poderes.

Nessa conjuntura tem-se que essa racionalização do Estado foi, assim como bem
sublinhado por Bretas, preconizada por Kant, uma vez que para o pensador iluminista o
Estado seria a união dos homens debaixo das leis, ou seja, debaixo dos princípios da razão.
Vigora, portanto, o império das leis. Destarte, o Estado seria o realizador do bem comum,
haja vista que deveria existir uma identidade entre a finalidade do Estado e os fins múltiplos
dos cidadãos, na medida em que cada indivíduo pudesse alcançar livremente os seus
objetivos.

Outrossim, é válido pôr em relevo que na ideia de Estado Democrático de Direito


há a própria submissão do Estado a um regime de direito de forma que é inescusável aos
cidadãos a garantia do direito de ação em face do Estado. Logo, quando os cidadãos
desejarem impugnar atos estatais que estejam de alguma forma lesando os seus direitos
lhes é assegurada ação para provocar a jurisdição.

Em suma, os elementos configuradores do Estado Democrático de Direito, seriam:


o império da lei, a divisão das funções do Estado (legislativa, administrativa e jurisdicional, a
legalidade em que pauta-se a administração pública e a realização do direitos e liberdades
fundamentais dos indivíduos.

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