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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
A doutrina especifica que o direito administrativo, surgiu quando ocorreu uma mudança de
pensamento por parte de uma classe crescente na Europa. Esta nova classe era detentora do
Este novo seguimento foi nominado de burguesia, fração da sociedade que não aceitava
mais os excessos cometidos pelo Monarca Luiz XVI, que mesmo tendo na primeira parte de
seu reinado ideias iluministas, acabou sucumbindo frente às necessidades das mudanças
sociais requeridas pelo povo e pela nova classe detentora do capital.
Diante deste fato, deu-se início a reconhecida Revolução Francesa, um ciclo virtuoso que
Conforme o exposto, a revolução teve a participação inicial e à frente a burguesia, mas não
seria possível se não tivesse a participação popular, já que não seria suficiente para modificar
as bases de um Estado, a manifestação política apenas de uma das classes sociais. A crise
política e social era enorme, o que fez com que a revolução obtivesse um alto grau de
radicalismo, tendo em vista que a sociedade francesa passava por sérias dificuldades naquele
momento.
civilizatório, posto que fez surgir diversos mecanismos jurídicos, levando a universalização
dos direitos sociais e liberdades individuais, advindas da Declaração do Homem e do
Cidadão. Página | 2
Diante destas premissas, o direito administrativo surgiu na França como consectário de todos
os instrumentos jurídicos criados durante a revolução no fim do século XVIII e início do século
XIX, tendo seu reconhecimento como ramo autônomo do direito no início do processo de
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Assim, o direito administrativo originou-se na França, no período pós-revolucionário, com o
Estado de Direito, em uma época tomada pela revolta existente em relação às ideias políticas
que eram juridicamente aceitas.
Nesta época, buscava-se um critério ou uma ocasião específica para determinar quando seria
Todavia, referido entendimento foi seguido por uma crescente discussão que entendia que
não somente o poder era a base do Direito Administrativo, mas também os deveres, já que
estes correspondiam às funções do Estado de Direito, ou seja, garantir a proteção dos direitos
coletivos e individuais. Atualmente, entende-se que o poder é o ato de cumprir um dever, e
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Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Ed. Malheiros, 22ª ed, 2007, p. 43
Nesse sentido, Rousseau reverberava em seu pensamento que todos os homens eram iguais Página | 4
em sua convivência em sociedade, introduzindo, assim, o princípio da igualdade entre todos
que para haver um Poder organizacional era necessário que todos renunciassem uma parcela
de liberdade.
Isso porque, para Rousseau, todos os homens eram igualmente competentes para estarem
no poder, todavia, considerando que não era possível uma detenção simultânea do poder,
elegiam um representante para o exercício desta função. Deste modo, o Poder era visto
como uma divindade ou resultado de determinado fato.
que:
Todo aquele que detém Poder tende a abusar dele e que o Poder vai até onde encontra
limites (...). Deveras, se o Poder vai até onde encontra limites, se o Poder é que se impõe, o
único que pode deter o Poder é o próprio Poder. Logo, cumpre fracioná-lo para que suas
parcelas se contenham reciprocamente. Daí sua conclusão: cumpre que aquele que faz as
leis, não as execute nem julgue; cumpre que aquele que julga não faça as leis nem as execute;
cumpre que aquele que executa, nem faça as leis nem julgue. E assim se afirma a ideia de
2
Montesquieu, Charles Louis de Secondat, baron de la Brède et de. L'Esprit des Lois. Paris: Garnier Frères, Libraires Éditeurs,
1869, p. 142. Apud MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Op. cit., p. 47
Assim, considerando que o poder e o dever cumprem as funções de Estado de Direito, é Página | 5
importante expor seu significado, que para Hans Kelsen3, em sua obra "Teoria Pura do
Direito" é:
"Estado de Direito" neste sentido específico é uma ordem jurídica relativamente centralizada
segunda a qual a jurisdição e a administração estão vinculadas às leis - isto é, às normas
gerais que são estabelecidas por um parlamento eleito pelo povo, com ou sem a intervenção
falar em Direito, considerando que referido Estado é marcado pela submissão à ordem
jurídica - do Poder ao Direito, originando o ramo que disciplina e regula a organização e a
Assim, os pensamentos que formaram o Direito Administrativo são exatamente aqueles que
originaram o Estado Democrático de Direito, ou seja, os pensamentos de Rousseau e
Montesquieu.
3
Kelsen, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 6ª ed, 2003, p. 346
Prof. Dr. Roque Hudson Ursulino Pontes
Direito Administrativo
Portanto, o direito administrativo surgiu com a instauração dos governos subordinados a
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O conhecido Estado de Polícia precedeu o direito administrativo. A afirmação do princípio
O órgão que foi responsável inicialmente pela formação dos institutos jurídicos do Direito
Administrativo, foi o Conselho de Estado Francês. Este era um órgão administrativo no qual
Trata-se de um caso de uma garota de 5 (cinco) anos, chamada Agnès Blanco, que, em
1871, ao passar em frente a uma fábrica de tabaco de Bourdeax (Companhia Nacional da
Manufatura do Tabaco – empresa pública), foi atropelada por um vagão, conduzido por 4
Assim, diante do acontecimento, o genitor da menina, representante legal da mesma, ora Página | 7
inconformado, ajuizou, em 1872, ação indenizatória contra o Estado, asseverando a
responsabilidade civil (patrimonial) deste frente a falta cometida pelos seus quatro
empregados (faut du service ).
comum (os particulares) sendo decidido pelo Tribunal de Conflitos, através do voto de
minerva proferido pelo Ministro da Justiça, que a competência para o processamento e
julgamento da ação seria da jurisdição administrativa, ou seja, pela adoção das normas de
direito público já que tratava-se de relação jurídica envolvendo o Estado e o dano
Assim sendo, depreende-se que a competência administrativa é definida por seu objeto, Página | 8
leia-se, o serviço público, estabelecendo, assim, o princípio da ligação, isto é, suas regras
Um destes Estados foi o Império do Brasil, visto que a Constituição de 1824 foi influenciada
Além destes fatos, temos a divisão dos poderes estatais em Poder Executivo, Poder
Após essa inclusão do direito no país, Veiga Cabral, por volta de 1857, inclui a cátedra de
direito administrativo nas escolas de direito de Recife e São Paulo.
A FORMAÇÃO DO DIREITO
O Direito é o conjunto de normas de conduta, com força coativa, impostas pelo Estado,
Consoante a sua destinação, pode ser interno, internacional, público ou privado. Essa ordem
jurídica pode ser dividida em duas facetas: ordem jurídica interna, quando estabelece os
princípios jurídicos vigentes em cada Estado, respeitados os limites de sua soberania, e ordem Página | 9
jurídica internacional, quando se constitui em regras superiores aceitas reciprocamente pelos
Estados, visando à harmonia entre as diversas Nações, bem como dos indivíduos que as
compõem nas suas relações externas.
RAMOS DO DIREITO
Esse ramo do Direito compõe-se, notadamente, de normas supletivas que podem ser
modificadas por acordo das partes. São ramos do Direito Privado: o Direito Civil e o Direito
Comercial ou Direito de Empresa, como preferem denominar, após o novo Código Civil, os
autores mais modernos.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:
https://leticiadantasduarte.jusbrasil.com.br/artigos/1114506178/o-caso-de-agnes-blanco-e- Página | 10
a-responsabilidade-civil-do-estado <acessado em 17.10.2022>.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33ª. ed. rev., atual. e
CRETELLA JR. José. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1989.
Kelsen, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 6ª ed, 2003.
MARINELA, Fernanda. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva Jur, 12ª Ed., 2018.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 36ª. Ed., 2009.
Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Ed. Malheiros,
Montesquieu, Charles Louis de Secondat, baron de la Brède et de. L'Esprit des Lois. Paris:
Garnier Frères, Libraires Éditeurs, 1869, p. 142. Apud MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Op.
cit., p. 47.