Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEÓFILO OTONI
2022
2
A DESCONFORMIDADE DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS NOS CRIMES CIBERNÉTICOS
Teófilo Otoni
2022
3
A DESCONFORMIDADE DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS NOS CRIMES CIBERNÉTICOS
Banca Examinadora
________________________________________
________________________________________
Professor Examinador
IESI/FENORD
________________________________________
Professor Examinador
IESI/FENORD
4
RESUMO
Com a evolução dos meios informáticos de comunicação, tem se tornado cada vez mais comum
a ocorrência de crimes como difamação, injúria, calunia, racismo e homofobia nos meios
digitais. Com isso, direitos fundamentais constitucionais como a liberdade, igualdade,
segurança e privacidade são, por muitas vezes, violados nos chamados crimes cibernéticos. E,
apesar do advento do Marco Civil da Internet (Lei 12.737 de 2012), tais infrações penais não
são devidamente punidas, visto que se falta parâmetros relacionados a publicidade para que a
punição ocorra e uma legislação que se atualize e discorra sobre condutas de maneira específica
e eficaz. Mostra-se, assim, necessária a inclusão do Direito Eletrônico como legislação própria
a fim de elencar crimes específicos da área de crimes contra a honra, para que ocorra a aplicação
das penas, de modo mais efetivo. Ademais, isso permitiria a atenuação dos crimes cometidos
virtualmente que reverberam em toda a sociedade brasileira e mundial.
ABSTRACT
With the evolution of computerized means of communication, the occurrence of crimes such as
defamation, slander, slander, racism, and homophobia in digital media has become increasingly
common. As a result, fundamental constitutional rights such as freedom, equality, security, and
privacy are often violated in so-called cyber crimes. And, despite the advent of the Internet
Civil Law (Law 12.737 of 2012), such criminal offenses are not properly punished, since there
is a lack of parameters related to publicity for the punishment to occur and legislation that is
updated and discusses conducts in a specific and effective. Thus, it is necessary to include
Electronic Law as its own legislation to list specific crimes in the area of crimes against honor,
so that penalties can be applied more effectively. Furthermore, this would allow the mitigation
of crimes committed virtually that reverberate throughout Brazilian and world society.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 6
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO
Apesar da existência do Marco Civil da Internet (Lei 12.737 de 2012), que tem como
principal objetivo o controle do trafego e das ações na rede, grande parte das condutas nesses
ambientes permanecem não criminalizadas e consequentemente impunes, pois a legislação tem
dificuldade em se atualizar e compilar devidamente os comportamentos para assim definir os
crimes cibernéticos e punir de maneira justa e equilibrada os autores, tal dificuldade existe
devido à grande volatilidade dos meios cibernéticos e dos avanços imediatos.
Tendo em vista tal divisão, na dimensão formal temos que se conecta à proposição de
tratar os iguais de maneira similar e os desiguais de maneira desigual, pois de acordo com Rui
Barbosa (2003) se tratarmos os iguais de maneira desigual ou os desiguais de maneira igual
estaríamos promovendo a desigualdade e não o contrário.
No que tange a igualdade material, deve-se entender que a igualdade deve subordinar-
se às diferenças existentes entre os diferentes destinatários da norma, o que nos leva a conclusão
de uma igualdade absoluta. Esse entendimento confirma que ao princípio da igualdade deve ser
incluída o conceito de proporcionalidade.
Crimes virtuais, são aqueles cometidos através de qualquer ferramenta com acesso à
internet os quais as condutas podem ser encaixadas nas diversas normas do ordenamento
jurídico brasileiro, seja de maneira direta, pois há previsão ou de maneira análoga.
Tratando-se sobre a calúnia, Nucci (2019) define o crime como uma acusação falsa,
tirando credibilidade de uma pessoa no meio social, atribuindo a ela um crime, previsto em lei,
9
o qual ela não cometeu. Seu momento consumativo é quando a imputação falsa chega a
conhecimento de terceiros.
Quando falamos de difamação, há também uma imputação falsa, que deve ser de fato
ofensiva a um indivíduo, não necessariamente um crime, como na calúnia, o momento
consumativo se dá quando a informação chega a terceiros.
Por fim, a injúria e trata de ofensa feita quanto a dignidade ou decoro de alguém se
consuma com o conhecimento do ofendido. Os três crimes têm em comum as causas de aumento
de pena, exclusão do crime e a possibilidade de retratação.
Wermann (2007) aponta que por serem feitos de um composto de dados pessoais, os
algoritmos se utilizados de maneira indevida e sem o consentimento da pessoa os quais estão
relacionados, ferem bruscamente os direitos de personalidade, no que tange a exposição da
imagem e a manipulação de dados, fato que enseja na violação da privacidade, outro direito
fundamental.
No que se refere à apropriação de dados na internet, pode-se afirmar que são os diversos
meios de coleta que auxiliam e facilitam a manipulação desses, geralmente acontece sem o
10
Outra lei vigente que dispõe sobre o assunto é a Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014,
conhecida como Marco Civil da Internet. Trata-se de uma lei que é voltada em estabelecer
garantias, princípios, direitos e deveres referentes ao uso a rede no Brasil. E o objetivo maior
da norma, de acordo como o Sítio Pensando o Direito (2014)1 é a proteção de dados pessoais e
da privacidade.
Isso significa, por exemplo, que as empresas de Internet que trabalham com os
dados dos usuários para fins de publicidade – como aqueles anúncios dirigidos
que aparecem no seu perfil nas redes sociais – não poderão mais repassar suas
informações para terceiros sem o seu consentimento expresso e livre. A
proteção aos dados dos internautas é garantida e só pode ser quebrada mediante
ordem judicial. Isso quer dizer também que se você encerrar sua conta em uma
rede social ou serviço na Internet pode solicitar que seus dados pessoais sejam
excluídos de forma definitiva. Afinal, o Marco Civil da Internet estabelece que
os dados são seus, não de terceiros. (SECRETARIA DE ASSUNTOS
LEGISLATIVOS DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014).
Ademais, foi sancionada a Lei 13.709 de 14 de agosto de 2018, denominada Lei Geral
de Proteção de Dados Pessoais, que em seu artigo 2º expõe os fundamentos, como por exemplo
o direito à tutela da privacidade, à intimidade, à honra, à imagem e aos direitos da personalidade:
6 DA DIFICULDADE PUNITIVA
1
Disponível em: http://pensando.mj.gov.br/2014/06/23/marco-civil-da-internet-entra-em-vigor/.
12
agentes delituosos, propiciando que se possa não somente combater, mas prever certos tipos
penais. Considerando os ensinamentos de Rossini (2004, p.110):
social Twitter em um prazo de 10 dias.2 Tal decisão tomada pela turma recursal foi feita com a
análise dos parâmetros dos direitos fundamentais constitucionais, demonstrando a importância
de tê-los como princípios quando tratamos dos crimes cibernéticos.
CONCLUSÃO
Porém, nota-se ainda uma carência de legislação eficaz, fazendo-se necessária a inclusão
do Direito Eletrônico como uma legislação a parte, a fim de melhor classificar os crimes
cibernéticos e os parâmetros a serem utilizados e assim facilitar o trabalho da polícia e do Poder
Judiciário quando agirem.
Por fim, vale destacar a importância na produção de novos estudos no ramo do direito
eletrônico, levando em consideração que a evolução dos meios eletrônicos ocorre de maneira
rápida e o direito deve evoluir conjuntamente com todos os meios sociais, adequando seu
ordenamento jurídico da melhor maneira às novas modalidade delitivas que são criados por
causas do avanço tecnológico e social.
2
https://www.conjur.com.br/2021-mai-24/felipe-neto-condenado-indenizar-presidente-funai
14
REFERÊNCIAS BLIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 12.737, de 30 de novembro de 2012. Diário Oficial da União. Brasília, DF,
30 nov. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12737.htm. Acesso em: 17 dez. 2021.
BRASIL, Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 23 abr.
2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-
2014/2014/Lei/L12965.htm. Acesso em: 31 out. 2021.
BRASIL, Lei nº 13.709 de 14 de agosto de 2018. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14
ago. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/Lei/L13709.htm. Acesso em: 17 dez. 2021.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 4. ed.
Salvador: Editora Juspodivm, 2021.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
ROSSINI, Augusto Eduardo de Souza. Informática, telemática e direito penal. São Paulo:
Memória Jurídica, 2004.