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FRUTAL – MG
2023
1. INTRODUÇÃO — Por Gabriel Teixeira Canduri
2. PRIMEIRA PARTE
Outro fator foi que esta lei ainda definiu o local competente para julgar os crimes de
estelionato cometidos por meio de cheque sem fundos, com pagamento frustrado, ou por
transferência de valores que passou a ser, nesses casos, o local da residência da vítima
(art. 70, § 4º, CP). No que trouxe um pouco de conforto para as vítimas, pois o desgaste
emocional equipara-se ou supera o prejuízo financeiro, praticado nesta modalidade de
crime.
Logo, conforme as interações digitais foram modificando-se com o passar das duas
últimas décadas, despontaram novas oportunidades para o cometimento de crimes no
meio eletrônico.
Insta salientar que a internet, diferente do imaginário popular, não constitui terra sem
lei, estando já amplamente regulada por notáveis leis, tais quais: Lei n. 12.965/2014
(Marco Civil da Internet); Lei n. 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais); bem como a presente Lei objeto deste estudo n. 14.155/2021 (a qual altera
diversos dispositivos do Código Penal Brasileiro e Código de Processo Penal).
Esta última, percebe-se o intuito do legislador em, prima facie, garantir a adequação da
legislação penal vigente, adequando-a aos meios virtuais, tipificando as atitudes antes
facilmente classificadas no mundo real para o uso da ferramenta eletrônica.
§ 2º.
Defraudação de penhor
Fraude eletrônica
(Revogado)
(Revogado)
Outrossim, verifica-se que o referido crime não necessita o uso de força ou grave
ameaça, consoante entendimento de Valéria Pereira (2022), dado que o agente
beneficia-se da boa-fé de suas vítimas.
Assim, assume-se uma distinção entre o crime de estelionato, de certa forma oportuniza-
se pela enganação ou indução ao erro, relativo ao crime de extrosão, art. 158, do Código
Penal. Neste quesito, pode-se extrair o pensamento de Felipe Diniz (et al), a seguir:
Ainda segundo Valéria Pereira (2022), uma sociedade ainda não imersa sobre o
conteúdo digital e, consequentemente, ignorante aos perigos que o mundo virtual
proporciona, se viram bombardeadas por promessas surreais de ganhos por trabalho
remoto, ganhos em sorteios e promoções sem ao menos um cadastro prévio.
Totalmente divergentes da realidade, não passavam de chamarizes de criminosos para
atrair suas vítimas, de modo que o legislador buscou o recrudescimento da legislação
vigente pelas razões supracitadas, culminando na lei objeto de análise deste estudo.
O destaque desta lei modificativa advém do parágrafo 2º-A, do artigo 171, traz
uma modalidade qualificada do delito, com pena de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa. Vale ressaltar que se o estelionato é cometido com a utilização de
informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzindo ao erro, por meio de redes
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer
outro meio fraudulento análogo.
● Por meio das redes sociais: o agente se utiliza, por exemplo, de uma conta no
Instagram, simulando sorteios para obter dados das vítimas.
● Por meio de contatos telefônicos: o agente telefona para a vítima para obter
vantagem por meio de fraude, como pela disseminada prática de falso relato de
sequestro de familiar;
Não restam exemplos de casos dos quais o legislador buscou amparar nesta Lei,
bastando uma breve busca em um buscador on-line para encontrar matérias de jornais
ligando os tópicos hoje tipificados no Código Penal Brasileiro.
Observa-se que, das qualificadoras supracitadas, se extrai os mais diversos meios com a
mesma finalidade, vantagem ilícita, seja para si ou para outrem, denotando-se patente
facilidade que se encontravam os agentes de tais delitos.
Não somente o quesito de agravamento das sanções dos crimes, outro aspecto também
merece um olhar atento. Tratando do combate aos mais diversos golpes digitais, a
instalação de delegacias especializadas na investigação de crimes virtuais possui papel
inerente para as vítimas, visto que, pela conjuntura da estrutura atual brasileira, estas
vítimas quedam-se inertes, não procurando registrar ocorrência dos fatos sob a
justificativa de dúvidas tocante a real existência de investigação ou punição dos agentes
(KUNRATH, 2017).
BIBLIOGRAFIA
¹ SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 10° edição. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2022.
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte especial (arts. 121 a 212) – vol. 2. 12ª ed. São
Paulo: MÉTODO, 2019, p. 295.
SILVA, Beatriz M. S. Direito Penal: Estelionato sob a ótica do dolo específico. São
Paulo/SP, 2022.
https://www.migalhas.com.br/depeso/367289/o-novo-crime-de-fraude-eletronica-e-
o-principio-da-legalidade
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-14-155-2021-a-fraude-eletronica-
e-outras-alteracoes-no-codigo-penal/#_ftn4