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Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG – Unidade Frutal/MG

Curso Bacharelado em Direito – 6º Período Noturno


Direito Penal IV – Profa. Dra. Renata Follone

Danilo Franco Silva – RA: 10-00683


Douglas Marini Dias Coelho – RA: 10-93635
Gabriel Teixeira Canduri – RA: 10-94237
Ismar Trindade Reis – RA: 10-94474
Rodrigo Inácio Souza de Menezes – RA: 10-94482

Trabalho – Direito Penal IV

FRUTAL – MG
2023
1. INTRODUÇÃO — Por Gabriel Teixeira Canduri

1.1. PALAVRAS INICIAIS

Presentes em Inquéritos de todas as Delegacias de Polícia ao longo do extenso, e


continental, território brasileiro, as fraudes e estelionatos marcaram presença na vida e
no cotidiano de milhões de brasileiros e brasileiras. Afirmar que determinada conduta
marcou presença na vida de milhões de pessoas implica e subentende-se,
consequentemente, que tal conduta representa um comportamento crônico e de
incidência massiva na população, se não ad aeternum, ao menos tempo suficiente para
ser considerado crônico.
Em meio às Ciências Criminais — quais sejam: Direito Penal, Criminologia e
Política Criminal — encontramos forte elo entre Direito Penal e Criminologia, que,
quando juntos, engendram premissas que auxiliam na formulação, estudo e prática da
Política Criminal. Esta conexão é, certamente, o que permitiu que se identificasse, em
meio aos assíduos e já consolidados delitos existentes na sociedade, a necessidade de se
estudar, classificar e codificar um novo tipo criminal: a fraude eletrônica, através da Lei
n° 14.155/21, que altera o Decreto-Lei n° 2.848/40 (Código Penal) e traz algumas
modificações no Decreto-Lei n° 3.689/41.
Nos polos acadêmicos e nas doutrinas, é comum o entendimento de que a
Criminologia analisa o fato (justamente por isso ela é tida como ciência empírica) e,
após esta análise, o Direito Penal entra em cena com suas funções preventivas ou
paliativas, convertendo o fato em direito, o caso concreto em abstração. Neste ponto,
torna-se fulcral, e até mesmo necessário, que se contemple Direito Penal e Criminologia
em sua ação conjunta.

1.2. FRAUDE ELETRÔNICA SOB A ÓTICA DAS CIÊNCIAS


CRIMINAIS

Enquanto o Direito Penal enxerga como crime o fato típico, a Criminologia


desenvolveu alguns requisitos a serem cumpridos para determinar uma conduta como
criminosa. Conforme preconiza Sérgio Salomão Shecaira em seu livro intitulado
“Criminologia”¹, esta ciência estipula que um crime precisa demonstrar incidência
massiva na população. Com o advento da internet, a facilidade de acesso geral a
aparelhos eletrônicos e (se a geopolítica me permite tomar emprestado um de seus
termos) o recrudescimento da globalização, responsável pelo encurtamento do tempo e
do espaço, a fraude eletrônica se tornou uma realidade tão mais frequente quanto
quaisquer outros delitos fraudulentos.
Se antes o receio de se aceitar um cheque era predominante, hoje, o medo de
fechar um contrato ou contemplar outro negócio jurídico (e estes são muitos!) por meio
de um celular, por exemplo, transformou-se em temor muito maior. Afinal, crianças,
adolescentes e idosos são usuários muitas vezes diários de aparelhos celulares,
computadores e outras plataformas com acesso à internet, o que gera uma incidência
muito mais massiva na população.
Além disso, a Criminologia também estipula a incidência aflitiva como um dos
requisitos do comportamento criminoso. A fraude eletrônica, ao ludibriar indivíduos,
subtrair e ferir o patrimônio alheio e causar receio geral na sociedade, demonstra
claramente possuir uma incidência aflitiva nas pessoas. Se o cidadão comum — aquilo
que algumas doutrinas denominam de “homem médio” — receia ter seus bens atingidos
pela má-fé de golpistas, quais não são os temores e, se concretizada a conduta, as
consequências para os mais vulneráveis? A criança ou o idoso vítima de fraude
eletrônica, por disposição psicológica vulnerável ou mesmo por ignorância e
ingenuidade, sem dúvida é um sujeito em potencial para engatilhar traumas e
complicações devido à experiência sofrida.
Adiante, espera-se de um crime que possua persistência espaço-temporal. O
século XXI indubitavelmente aproximou a tecnologia do cidadão comum. Outrora
considerado remoto, o meio eletrônico agora integra o dia a dia da população. É
possível afirmar: a tecnologia tornou-se doméstica. Após o ano de 2019, esse quadro
salientou-se com uma velocidade sem precedentes, com toda a vivência humana
rumando para um patamar em que o simples e extremamente rotineiro ato de se
trabalhar necessitava assumir uma dimensão eletrônica para sustentar-se.
Com isso, escuso dizer que os crimes, condutas em constante transformação,
formularam novas maneiras de se concretizarem, encontrando um caminho até suas
vítimas potenciais. Em outras palavras, foram transferidos do meio fático e material
para a realidade tecnológica e virtual. A fraude adaptou-se para as plataformas digitais.
E isso tem ocorrido com tanta contumácia e em tantos lugares distintos que a
persistência espaço-temporal do crime de fraude eletrônica constatou-se inquestionável.
Impossível não ter sido, pelo menos, abordado falsamente ou não conhecer alguém que
já tenha sofrido com ações de golpistas virtuais.
Por fim, requer-se de um crime que o mesmo suscite inequívoco consenso
quanto a suas qualificações, aspectos e consequências. As pessoas vítimas de fraude
dificilmente irão defender esta ação. Há aquelas que, por inércia do cotidiano, preferem
não denunciar, fortalecendo a cifra negra deste tipo penal, mas nenhuma delas aceitarão
tal conduta como natural, moral ou agradável em sociedade. Isso porque os atos
fraudulentos infringem não apenas a legalidade, mas a ideia que se tem de cidadania,
afetando os planos jurídicos, sociais e econômicos. Com relação à fraude eletrônica,
averigua-se a mesma situação: as perdas sofridas e a dor ou dano causado permanecem,
enquanto somente o ambiente de realização da conduta modificou-se.
Portanto, a necessidade de dispositivos como a Lei n° 14.155/21, que atualiza o
modo como o Direito Penal enxerga, aborda e intervém na realidade fática atual, é certa
e fundamental. Em contato com a Política Criminal, que sistematiza estratégias,
instrumentos e meios de combate à criminalidade, espera-se da legislação efetividade e
eficácia. Espera-se, sobretudo, que não se restrinja ao papel, à letra da lei, mas — assim
como o crime encontra o caminho para efetuar-se nas mais diversas modalidades —,
que o legislado se torne o cumprido; e o injustiçado, o reparado.

2. PRIMEIRA PARTE

Ao compreender a redação da lei 14.155/21 na qual altera o crime de invasão de


dispositivo informático, sendo melhorada sua redação e aumentando significativamente
as suas penas (art. 154-A do CP fora inserido pela Lei n. 12.737, de 30 de novembro de
2012, e que na época ganhou força e ficou conhecida popularmente como Lei Carolina
Dieckmann, culminando em criminalização o ato de invasão de dispositivo
informático. Posteriormente, a lei 14.155, de 27 de maio de 2021). Ademais, foram
criados os crimes específicos de furto mediante fraude eletrônica (art. 155, § 4º-B do
CP) e de fraude eletrônica (art. 171, § 2º-A do CP).
Esta nova modalidade de crime com a finalidade do núcleo invadir, que significa
ingressar, penetrar ou apoderar-se. Sendo o objeto material dispositivo informático de
uso alheio, conectado ou não à rede de computadores. Importante ressaltar que o
dispositivo informático é qualquer equipamento com capacidade de armazenamento e
processamento de informações, envolvendo de computadores pessoais, tablete, Iphone,
a  smartphones.
O Doutor Fernando Capez traz o ensinamento, de que devido à redação dúbia, era
possível extrair duas interpretações quanto aos núcleos do tipo:

A nova redação da Lei 14.155/2021 resolveu o problema de interpretação que trouxe


outras alterações:

No entendimento adotado pelo Doutor Rogério Sanches Cunha, “O crime é formal,


pois a obtenção de qualquer dos resultados almejados pelo sujeito ativo é
desnecessária para a sua consumação (obtenção, adulteração ou destruição de dados
ou informações ou obtenção de vantagem ilícita). É indiferente estar ou não o
dispositivo conectado à rede de computadores”.

Pois o crime é comum, doloso, formal e plurissubsistente, admitindo


o conatus (tentativa).
3. DO ESTELIONATO

Outro fator foi que esta lei ainda definiu o local competente para julgar os crimes de
estelionato cometidos por meio de cheque sem fundos, com pagamento frustrado, ou por
transferência de valores que passou a ser, nesses casos, o local da residência da vítima
(art. 70, § 4º, CP). No que trouxe um pouco de conforto para as vítimas, pois o desgaste
emocional equipara-se ou supera o prejuízo financeiro, praticado nesta modalidade de
crime.

Nesse ínterim, necessário compreender que, assim como a sociedade encontra-se em


constante evolução, o direito também possui o dever de desenvolver-se, acompanhando
tais modificações do mundo ao seu redor, quase sempre com certo atraso, visto que
representa mero produto resultante das relações humanas.

Logo, conforme as interações digitais foram modificando-se com o passar das duas
últimas décadas, despontaram novas oportunidades para o cometimento de crimes no
meio eletrônico.

Insta salientar que a internet, diferente do imaginário popular, não constitui terra sem
lei, estando já amplamente regulada por notáveis leis, tais quais: Lei n. 12.965/2014
(Marco Civil da Internet); Lei n. 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais); bem como a presente Lei objeto deste estudo n. 14.155/2021 (a qual altera
diversos dispositivos do Código Penal Brasileiro e Código de Processo Penal).

Esta última, percebe-se o intuito do legislador em, prima facie, garantir a adequação da
legislação penal vigente, adequando-a aos meios virtuais, tipificando as atitudes antes
facilmente classificadas no mundo real para o uso da ferramenta eletrônica.

Já em segundo plano, exprime-se a necessidade do legislador em agravar as penas em


caso de constatação de meios eletrônicos para, além de agradar a sociedade amplamente
ciente dessas práticas até então não-tipificadas, mas também desencorajar novas atitudes
similares.

Já ressaltamos anteriormente o acréscimo no art. 171 do Código Penal, definindo o


crime de estelionato, o § 2º-A, uma modalidade de estelionato qualificado,1 a qual
recebeu o nomen iuris de "fraude eletrônica", segue:

§ Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em


prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil


réis a dez contos de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º  - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo,
o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art.
155,

§ 2º.

§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia


coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa


própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer
dessas circunstâncias;

Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou


por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a
posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa

IV  - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que


deve entregar a alguém;

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V  - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou


lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque

VI  - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do


sacado, ou lhe frustra o pagamento.

Fraude eletrônica

§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e


multa, se a fraude é cometida com a utilização de
informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento,
ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a


relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um
terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante
a utilização de servidor mantido fora do território
nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 3º  - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em


detrimento de entidade de direito público ou de instituto
de economia popular, assistência social ou beneficência.

Estelionato contra idoso

(Revogado)

§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra


idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)

(Revogado)

Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº


14.155, de 2021)

§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é


cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a
relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei
nº 14.155, de 2021)

§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a


vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela


Lei nº 13.964, de 2019)

II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de


2019)

III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº


13.964, de 2019)

IV  - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído


pela Lei nº 13.964, de 2019)
Como bem retrata Beatriz Silva (2022), o divisor de águas do crime de estelionato
advém de sua complexidade para sua consumação, a qual podemos separar em quatro
etapas sendo a obtenção de vantage ilícita; causar prejuízo a outra pessoa; uso de meio
ardil, ou artimanha; enganar alguém ou leva-lo a erro.

Outrossim, verifica-se que o referido crime não necessita o uso de força ou grave
ameaça, consoante entendimento de Valéria Pereira (2022), dado que o agente
beneficia-se da boa-fé de suas vítimas.

Assim, assume-se uma distinção entre o crime de estelionato, de certa forma oportuniza-
se pela enganação ou indução ao erro, relativo ao crime de extrosão, art. 158, do Código
Penal. Neste quesito, pode-se extrair o pensamento de Felipe Diniz (et al), a seguir:

Vale destacar que no crime de estelionato não existe violência ou


grave ameaça por parte do autor. Com isso, a diferença entre o crime
de estelionato e o crime de extorsão (Art. 158 CP), por exemplo, está,
entre outros aspectos, no raciocínio de que no estelionato a vítima
deseja, após ser convencida, entregar o objeto, pois foi induzida ou
mantida em erro pelo autor, seja pelo emprego de fraude ou qualquer
outro meio ardiloso, já no crime de extorsão, a vítima desfalca seu
patrimônio contra a sua própria vontade, assim agindo por ter sofrido
violência ou grave ameaça. Ou seja, na extorsão, há a entrega da coisa,
mesmo que o ofendido não a queira entregar, e no estelionato, por
estar iludida, a vítima faz a entrega de forma consciente. (DINIZ, et
al, 2022, p. 5).

Destarte, bastando para a prática ilícita um equipamento eletrônico capaz de comunicar-


se com a internet ou números de contato de suas vítimas, por certo que a pandemia, que
sucedeu-se simultaneamente à apresentação e aprovação da Lei n. 14.155/2021, resultou
em ambiente ideal para que esta prática, antes inexistente de quaisquer tipificações, se
proliferasse pelo território nacional, visto a notória facilidade de meios para seu fim.

Em uma análise supérflua de Valéria Pereira (2022), exprime-se que a sociedade


brasileira, forçada ao isolamento social e também à utilização de ferramentas
eletrônicas, tais como celulares e computadores, para tarefas de trabalho ou escola,
cresceu exponencialmente o alcance de cibercriminosos à suas vítimas, resultando em
um aumento na taxa de crimes virtuais, popularmente caracterizados como “golpes do
whatsapp” e afins.

Ainda segundo Valéria Pereira (2022), uma sociedade ainda não imersa sobre o
conteúdo digital e, consequentemente, ignorante aos perigos que o mundo virtual
proporciona, se viram bombardeadas por promessas surreais de ganhos por trabalho
remoto, ganhos em sorteios e promoções sem ao menos um cadastro prévio.
Totalmente divergentes da realidade, não passavam de chamarizes de criminosos para
atrair suas vítimas, de modo que o legislador buscou o recrudescimento da legislação
vigente pelas razões supracitadas, culminando na lei objeto de análise deste estudo.

O destaque desta lei modificativa advém do parágrafo 2º-A, do artigo 171, traz
uma modalidade qualificada do delito, com pena de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa. Vale ressaltar que se o estelionato é cometido com a utilização de
informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzindo ao erro, por meio de redes
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer
outro meio fraudulento análogo.

Neste caso, a qualificadora se vincula à forma não presencial de prática do delito, em


que a utilização de informações envolve a fraude, induzindo alguém a erro que podem
ser :

● Por meio das redes sociais: o agente se utiliza, por exemplo, de uma conta no
Instagram, simulando sorteios para obter dados das vítimas.

● Por meio de contatos telefônicos: o agente telefona para a vítima para obter
vantagem por meio de fraude, como pela disseminada prática de falso relato de
sequestro de familiar;

● Por meio de envio de correio eletrônico fraudulento: cuida-se, aqui, do envio


dos e-mails, como os que simulam ser enviados por instituição bancária, para
obtenção de dados da vítima, como a senha do cartão;

● Por qualquer outro meio fraudulento análogo: pode-se imaginar o uso de


Whatapp, com emblema de uma loja, o que pode ser considerado análogo a um
contato telefônico e/ou correio eletrônico.

Não restam exemplos de casos dos quais o legislador buscou amparar nesta Lei,
bastando uma breve busca em um buscador on-line para encontrar matérias de jornais
ligando os tópicos hoje tipificados no Código Penal Brasileiro.

Observa-se que, das qualificadoras supracitadas, se extrai os mais diversos meios com a
mesma finalidade, vantagem ilícita, seja para si ou para outrem, denotando-se patente
facilidade que se encontravam os agentes de tais delitos.

Nesse sentido, estando o direito meramente reagindo às transformações presentes na


sociedade brasileira, os aspectos desta Lei visam adequar-se às mudanças decorrentes
dos avanços tecnológicos.

Não somente o quesito de agravamento das sanções dos crimes, outro aspecto também
merece um olhar atento. Tratando do combate aos mais diversos golpes digitais, a
instalação de delegacias especializadas na investigação de crimes virtuais possui papel
inerente para as vítimas, visto que, pela conjuntura da estrutura atual brasileira, estas
vítimas quedam-se inertes, não procurando registrar ocorrência dos fatos sob a
justificativa de dúvidas tocante a real existência de investigação ou punição dos agentes
(KUNRATH, 2017).

BIBLIOGRAFIA

¹ SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 10° edição. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2022.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 2, parte especial. 13 ed. São


Paulo: Saraiva, 2013, p. 424.

MASSON, Cleber. Direito Penal: parte especial (arts. 121 a 212) – vol. 2. 12ª ed. São
Paulo: MÉTODO, 2019, p. 295.

CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial. 12ª Ed.


Salvador: Juspodivm, 2020, p. 278/279 Luiz Régis Prado, que destaca de tratar de tipo
misto cumulativo em relação às condutas de invadir dispositivo e instalar
vulnerabilidades. (Curso de direito penal brasileiro: parte geral e parte especial. 18
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 586)

SILVA, Beatriz M. S. Direito Penal: Estelionato sob a ótica do dolo específico. São
Paulo/SP, 2022.

PEREIRA, Valéria de Oliveira Machado. Estelionato virtual: o click do crime. São


Paulo/SP, 2022.

DINIZ, F. F.; CARDOSO, J. R.; PUGLIA, E. H. P. O Crime de estelionato e suas


implicações na era contemporânea: o constante crescimento dos golpes via
internet. Libertas Direito, Belo Horizonte/MG, 2022.

KUNRATH, Cristina. A expansão da criminalidade no cyberespaço. 2014. 158f.


Dissertação (Mestre em Direito) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Direito,
Universidade Estadual de Feira de Santana, 2015. Disponível em:
http://www.progesp.ufba.br/sites/progesp.ufba.br/files/dissertacao-final-josefa-cristina-
tomaz-martins-kunrath-2014.pdf. Acesso em: 17 maio 2022.

https://www.migalhas.com.br/depeso/367289/o-novo-crime-de-fraude-eletronica-e-
o-principio-da-legalidade

https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-14-155-2021-a-fraude-eletronica-
e-outras-alteracoes-no-codigo-penal/#_ftn4

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