Você está na página 1de 24

1

UNIVERSIDADE POTIGUAR

PEDRO VITOR SOUZA LIMA MATHEUS LUCAS PINTO SOARES

CRIMES CIBERNÉTICOS: A DEFICIÊNCIA DA


LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA E OS PROJETOS
DE LEIS GOVERNAMENTAIS
2

NATAL/RN
2022
PEDRO VITOR SOUZA LIMA MATHEUS LUCAS PINTO SOARES

CRIMES CIBERNÉTICOS: A DEFICIÊNCIA DA LEGISLAÇÃO PENAL


BRASILEIRA E OS PROJETOS DE LEIS GOVERNAMENTAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação da universidade
Potiguar como requisito parcial para obtenção
do título de bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Me. Danielle Freitas De Lima Oliveira

NATAL/RN
2022

PEDRO VITOR SOUZA LIMA MATHEUS LUCAS PINTO SOARES


3

CRIMES CIBERNÉTICOS: A DEFICIÊNCIA DA LEGISLAÇÃO PENAL


BRASILEIRA E OS PROJETOS DE LEIS GOVERNAMENTAIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel e aprovado em sua forma final pelo
Curso de Graduação em Direito, da
Universidade Potiguar.

Natal/RN, de de 2022.
(letra 12, centralizado)

BANCA EXAMINADORA
(letra 12, negrito, centralizado)

Prof. (titulação: Esp., Me. ou Dr.) Fulano de Tal (Orientador)


Universidade Potiguar

Prof. (titulação: Esp., Me. ou Dr.) Fulano de Tal


Universidade Potiguar

Prof. (titulação: Esp., Msc. ou Dr.) Fulano de Tal


Instituição de Ensino
(letra 12, centralizado)
RESUMO
4

Os crimes cibernéticos são cada vez mais populares. No Brasil, esses crimes visam
principalmente o ganho financeiro através do acesso indevido a contas bancárias pela Internet,
furtos e principalmente da clonagem de cartões de crédito. Observa-se que esse tipo de atividade
atrai principalmente indivíduos jovens, alguns ainda no início da adolescência.
Esses indivíduos são popularmente conhecidos como “hackers”, utilizam-se de ambientes
virtuais para se comunicar e comercializar produtos oriundos do crime. Ademais, na Internet há
várias salas e grupos criados exclusivamente para o cometimento de tais atos ilícitos. Contudo,
o presente trabalho foi elaborado através de observações do respectivo aumento de casos, da
deficiência legislativa e das elaborações de novas leis, gerando assim danos o individuo e ao
seu patrimônio. Todavia, quais são os fatores mais utilizados para o cometimento do crime
cibernético, como pode ser identificado os aspectos do perfil do criminoso. Durante a análise
destacaram-se alguns aspectos recorrentes na comunicação desses jovens, dentre os quais: o uso
de linguagem específica, suas vontades e realizações fora do mundo virtual, também como
encaram as medidas punitivas impostas pelo Estado, além disso, como as classes sociais e
configurações familiares estão sendo inseridas. Nota-se que a prática dos crimes virtuais pode
se mostrar como uma alternativa tentadora e um caminho mais rápido para a inserção do jovem
no mundo dos adultos, também como para a conquista de sua independência financeira. Desse
modo, os jovens tem acesso a produtos, bens e lugares que desejam frequentar nessa faixa etária.
Infelizmente, as condições socioeconômicas do país, a falta de oportunidades profissionais,
educacionais e a ineficiência das medidas punitivas promovidas pelo Estado acabam servindo
de estímulos para esses jovens se inserirem no mundo dos popularmente conhecido como
“hackers”.

Palavras-chaves: Crimes Cibernéticos. Perfil do Criminoso. Legislação Brasileira.


ABSTRACT

Cyber crimes are increasingly popular. In Brazil, these crimes are mainly aimed
at financial gain through improper access to bank accounts over the Internet, theft
and especially the cloning of credit cards. It is observed that this type of activity
attracts mainly young individuals, some still in their early teens. These individuals
are popularly known as "hackers", they use virtual environments to communicate
and sell products from crime. Furthermore, on the Internet there are several rooms
and groups created exclusively for the commission of such illicit acts. However,
the present work was elaborated through observations of the respective increase
5

of cases, the legislative deficiency and the elaboration of new laws, thus
generating damages to the individual and his patrimony. However, what are the
most used factors for the commission of cyber crime, how can the aspects of the
criminal profile be identified. During the analysis, some recurring aspects in the
communication of these young people were highlighted, among which: the use of
specific language, their desires and achievements outside the virtual world, as well
as how they face the punitive measures imposed by the State, in addition, as the
social classes and family settings are being entered. It is noted that the practice of
virtual crimes can prove to be a tempting alternative and a faster way for the
insertion of young people in the world of adults, as well as for the conquest of
their financial independence. In

Keyword: Cyber Crimes. Criminal Profile. Brazilian lagislatio.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................07
1 CRIMES CIBERNÉTICOS ................................................................................................08
1.1 PERFIL DO CRIMINOSO .................................................................................................10
1.2 DA LEGISLÇÃO BRASILEIRA E ATUAÇÃO DA POLÍCIA INVESTIGATIVA .......11
2 LEI CAROLINA DIECKMANN .......................................................................................13
2.1 A INEFICÁCIA DA LEI CAROLINA DIECKMANN .....................................................15
3 PROJETO DE LEI LUCAS SANTOS ..............................................................................17
CONCLUSÃO .........................................................................................................................22
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................23
6

INTRODUÇÃO

O objetivo do presente estudo consiste em analisar e identificar as principais


causas de cometimento de crimes cibernéticos no contexto do isolamento social, apesar
das muitas facilidades e comodidades que a internet proporciona, ela também facilita
o cometimento de muitos crimes, chamados de cibercrimes, além disso, o presente
estudo irá apresentar quais fatores são utilizados para o cometimento do crime
cibernético e como pode ser identificado o perfil do criminoso.
Ademais, o ordenamento jurídico possui uma grande deficiência para poder
identificar o criminoso, por não portar na maioria da vezes equipamento adequado ou
agilidade no procedimento, no qual, o aparato policial e as políticas de incentivo e
proteção do Estado deixam muito a desejar. Contudo, houve um avanço bastante
considerável com A Lei Federal no 12.737/2012, conhecida como lei “Carolina
Dieckmann”, apresentou demanda de aperfeiçoamento para o combate aos crimes
cibernéticos no Brasil.
Todavia, os Crimes cibernéticos utilizam de computadores, redes de
computadores ou dispositivos eletrônicos conectados para praticar ações criminosas,
no qual geram danos a indivíduos ou patrimônios, por meio de extorsão de recursos
financeiros, estresse emocional ou danos à reputação de vítimas expostas na Internet.
Dessa maneira, qualquer pessoa está vulnerável para cair em tal golpe, onde a
segurança, a liberdade de expressão e inviolabilidade de dados que são assegurados
como direitos fundamentais pela Constituição Federal de 1988, sendo dever do estado
garanti-lo, porém, a Segurança Pública é um dos segmentos que a população mais
carece informações quanto aos investimentos por parte do governo, onde há uma falta
de investimento para a ampliação, capacitação e desenvolvimento tecnológico para as
investigações desse tipo de crime.
Em virtude, do aumento de crime virtual pela internet na pandemia, segundo
os dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, foi criada a Lei n°
14.155/2021, que altera o CP para tornar mais graves os crimes de violação de
dispositivo informático, furto e estelionato cometidos de forma eletrônica ou pela
internet, de acordo com o texto legal, além de outras modificações, foram incluídos no
CP dispositivos tipificando o crime de fraude eletrônica (art. 171, § 2a-A) e alterando
o art. 171, § 4o no caso de estelionato contra idoso ou vulnerável, além de alterar,
7

também, o CPP para definir a competência em modalidades de estelionato. Além disso,


houve a criação da Lei 14.132/21, que altera o CP para incluir o art.147A, tipificando
o crime de perseguição (stalking), no qual, ainda que inove o ordenamento jurídico
com um tipo penal especifico.
Lei Lucas Santos tem como objetivo, a inclusão de medidas de conscientização,
prevenção e combate à depressão, automutilação e ao suicídio, nos projetos
pedagógicos elaboradas pelas escolas públicas e privadas, no qual determina que as
escolas da rede municipal pública e privada de Natal realizem projetos com palestras,
seminários e/ou outros meios de exposição e ensino com objetivo da conscientização
dos alunos.

1 CRIMES CIBERNÉTICOS

Crime de informática propriamente dito é aquele praticado contra o sistema de


informática ou através deste, compreendendo os crimes praticados contra o
computador e seus acessórios e os perpetrados através de computador.
Incluem-se nesse conceito os delitos praticados através da Internet, pois o pressuposto
para acessar a rede é a utilização de um computador. (CASTRO, 2003, p.
14).
Desse modo, o avanço tecnológico proporcionou diversas vantagens e
comodidade à comunidade, no qual a internet foi um dos marcos mais importante dessa
evolução. Nele as pessoas navegam, se comunicam e de um mundo virtual praticam
consequentemente condutas em um mundo real, porém, com o passar do tempo as
modalidades de crimes foram se aperfeiçoando com a modernidade, no qual o ato
ilícito estava sendo cometido virtualmente e gerando na maioria das vezes danos
irreparáveis.
Todavia, dando enfoque à terminologia utilizada para intitular o presente artigo,
tem-se que o termo cibercrime originou-se na cidade de Lyon, na França,
posteriormente a reunião de um subgrupo das nações do G8, o qual debateu, no fim da
década de 1990, crimes promovidos por dispositivos eletrônicos conectados à internet,
o qual utilizou o termo para informar, amplamente, as formas de crimes cometidos por
meio da internet, e para estipular as maneiras e os métodos utilizados para combater
tais práticas ilícitas.
8

O delito do Crime Cibernético tem como bem jurídico a ser tutelado a


liberdade individual, onde o tipo penal está expresso no capítulo que regula os
crimes contra a liberdade individual, previsto nos artigos 146 ao 154 do Decreto-Lei
nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940 CP, em sua Seção IV –Dos Crimes contra
a inviolabilidade dos Segredos, crimes estes previstos nos artigos 153 a 154 –B
do referido código e também podemos afirmar que é tutelada a privacidade das
pessoas como a intimidade e vida privada, bem jurídico este albergado pelo texto
constitucional em seu artigo 5º, inciso X.
Os cibercrimes são praticados por meio da rede mundial de computadores, no
qual propagaram-se com o advento da internet, em razão das diversificadas maneiras
de interação entre os indivíduos que surgiram ao longo do tempo. Ademais, é a
atividade criminosa ligada diretamente a qualquer ação ou prática ilícita na Internet,
onde esse tipo de crime consiste em fraudar a segurança de computadores, sistema de
comunicação e redes corporativas. Da mesma maneira que novas modalidades de
interação entre os usuários surgiram, em proporção semelhante nasceram novos meios
de praticar crimes.
Por isso, perante o cenário atual, com a expansão acelerada da Internet, fica
cada vez mais ocultos na sociedade os crimes ocorridos por meios de dispositivos
eletrônicos, em virtude do fácil acesso a informações diversas dos usuários que fazem
uso da rede mundial de computadores para as mais variadas finalidades, desde o
uso de informações de registros financeiros, em se tratando de trâmites
comerciais via rede, até dados pessoais, em se tratando de informações
vinculadas a administração pública e ao particular.
Em contraste com outras formas de bullying, o cyberbullying, apoiado nas
tecnologias da informação, transcende as fronteiras do tempo na medida em que a
ofensa se pode manter infinitamente presente no espaço virtual, mas também as
fronteiras do espaço físico (SILVA; MASCARENHAS, 2010, p. 51).
O bem jurídico passa necessariamente pela analise do delito no tempo, tendo
em vista a consideração de que o crime é uma ameaça de lesão a tal, no
entendimento de Prado (2005, p. 274), de que este é um ente dado ou valor
social material ou imaterial haurido do contexto social, de titularidade individual ou
meta individual reputado com essencial à coexistência e desenvolvimento do homem
e, por isso, jurídico penalmente protegido.Com relação aos crimes cibernéticos,
9

pode-se dizer que a prática delitiva que se utilizada na internet como meio para
atingir a finalidade ilícita, viola bens jurídicos garantidos por nossa Carta
Magna como a intimidade, a liberdade de expressão, a privacidade, dentre outros
de suma importância.
Esse conceito acompanha a definição por Alexandre de Moraes (2016, p. 122)
“Assim, intimidade relaciona-se às relações subjetivas e de trato íntimo da pessoa,
suas relações familiares e de amizade, enquanto vida privada envolve todos
os demais relacionamentos”.

1.1 PERFIL DO CRIMINOSO

Apesar de que a evolução tecnológica está possibilitando facilidade para


identificar algo ou pessoa em determinadas circunstâncias, existem ainda barreiras
persistentes para encontrar o agente que comete tal ato ilícito pelas redes sociais, o qual
na maioria das vezes não são encontrados, em virtude de não deixarem rastro e por não
apresentar uma personalidade física nesse mundo virtual.
A denominação para tal criminoso pode ser visualizada como hacker que é
usada para a pessoa que possui um grande conhecimento e habilidade em computação
e crack, no qual é observado no perfil do criminoso, considerando o seu objetivo
principal, o qual é causar prejuízos para outras pessoas ou obter vantagens ilícitas. Os
crimes cometidos neste ambiente se caracterizam pela ausência física do agente ativo.
Diante do cenário atual, percebe-se que identificar o criminoso digital não é
tarefa fácil, ele não possui as mesmas características do criminoso tradicional, no qual
o autor Brito, relatar que a aparência física não identifica o criminoso:

Tatuagem, cor da pele, tamanho da cabeça, classe econô


mico-social já́́́ foram as características buscadas para
identificar um criminoso. Hoje nem sequer podemos vê-lo,
é uma ameaça invisível que vem atormentando os usuários
da rede mundial de computadores. (BRITO, 2013, p. 83)

Esses jovens, popularmente conhecidos como “hackers”, utilizam ambientes


virtuais para se comunicarem e comercializarem os produtos oriundos do crime. Na
Internet há várias salas e grupos criados exclusivamente para esses fins.
10

Durante as observações destacaram-se aspectos recorrentes na comunicação


desses jovens, dentre os quais: o uso de linguagem específica, como, por exemplo,
gírias e códigos; suas aspirações profissionais e perspectivas de futuro fora das
atividades criminosas; seus interesses e como utilizam o dinheiro obtido através do
crime cibernético; como encaram as medidas punitivas impostas pelo Estado e ainda
em quais classes sociais e configurações familiares estão inseridas. A literatura sobre
o desenvolvimento na adolescência mostra que esse período é um momento de busca
de identidade, onde o indivíduo está em transformação, procurando referências para
enfrentar os desafios de se inserir no mundo dos adultos.
Assim, alguns dos comportamentos observados demonstraram a vivência
desses conflitos. Concluiu-se que a prática dos crimes cibernéticos pode se mostrar
como uma alternativa sedutora e um atalho para a inserção do jovem no mundo dos
adultos, assim como para a conquista da independência financeira. Dessa forma, esses
jovens têm acesso a bens, produtos e lugares que habitam o desejo dessa faixa etária.
Ainda, as condições socioeconômicas do país, a falta de oportunidades educacionais e
profissionais e a ineficiência das medidas punitivas promovidas pelo Estado acabam
servindo de estímulos para esses jovens se inserirem no mundo dos “ hackers”.

1.2 DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E ATUAÇÃO DE POLÍCIA


INVESTIGATIVA

Com o aumento dos crimes cibernéticos no período da pandemia e a proteção


jurídica dispensada as vítimas, em relação aos golpes, violação de dados, desrespeito
a dignidade humana e aos danos causados por tal ferramenta usada pelos criminosos.
Ademais, outro aspecto seria a irresponsabilidade do Estado perante as vítimas, onde
deveria ser assegurado os direitos e garantias pela Constituição Federal, CPP, CP e
pelas Leis de n° 12.737/2012, 12.695/2014, 13.709/2018, 14.155/2021, 14.132/2021.
Isso porque, conforme já dito anteriormente, o modelo de provisão de operação de
serviços de investigação e equipamentos tecnológicos, bem como seus limites na
construção de políticas administrativas nas delegacias do RN são ineficazes, decorrente
desses fatores houve um aumento significante nos números de crimes cibernéticos, por
falta de investimento para ampliar e desenvolver técnicas e procedimentos
informáticos apropriados.
11

Contudo, o Estado pouco injeta recursos que priorizem políticas públicas que
possam evitar ou informar a população de como proteger seus dados pessoais e até
mesmo de evitar extorsões, onde poderia ser utilizado maneiras de identificar o
criminoso ou o local que está sendo realizado o ato ilícito, no qual seria uma forma
para proporcionar condições melhores a população e as vítimas que sofreram algum
tipo de dano ao indivíduo e seu patrimônio.
Segundo Silva, as leis tiveram que se modernizar com o avanço tecnológico:

O aparecimento da Informática no meio social ocorreu de


forma tão rápida e passou a exigir, com a mesma rapidez,
soluções que o Direito não estava preparado para resolver.
Com isso, a necessidade social aparenta estar desprovida da
tutela do Direito e a busca ansiosa por regular a matéria pode
provocar a criação de leis excessivas e desnecessárias
(SILVA, 2003,p. 28).

Desta maneira, com a utilização inapropriada das técnicas e procedimentos


informáticos, presenciamos um relevante impacto da tecnologia nas relações jurídicas,
especificamente no âmbito do Direito Penal (DAOUN e LIMA, 2010, p.3). Todavia,
percebesse que tais mudanças geradas pela informatização generalizada, acabaram não
sendo acompanhadas pela legislação, portando, obrigou de certa forma a aplicação da
lei, na medida do possível para se enquadrar ao caso concreto e aos novos tipos de
condutas lesivas nos tipos penais já existentes.
Todavia, garantir a eficiência das leis e proporcionar a paz aos indivíduos, têm
se tornado, cada vez mais, uma tarefa difícil e custosa aos cofres públicos, por causa
do aumento significante dos crimes virtuais, como evidenciado através dos dados no
ano de 2020 que apresentava o registro de denúncias anônimas contabilizando 156.692
casos, segundo os dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos.
A pesquisa realizada no ano de 2010 pela empresa Clearsale, que avaliou na
época os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, mostrou que o Ceará é o estado
que desponta negativamente nos crimes cibernéticos relacionados ao comércio
eletrônico apresentando 15%. Depois do Ceará, aparecem os estados da Bahia com
12%, Alagoas com 8% e Rio Grande do Norte com 8%. Ou seja, todos situados na
12

região nordeste do país, onde aparentemente estes crimes são cometidos em maior
número (ASSI, 2011).
A empresa Clearsale, gerenciava na época 80% dos dados do e- commerce
(comércio eletrônico) brasileiro (ASSI, 2011). Na avaliação realizada, dentre as
115.612 operações do Estado avaliadas, aproximadamente 15% apresentaram clientes
com informações pessoais utilizadas de forma indevida por terceiros em mais compras.
Em alguns casos, a transação foi efetivada. Em outros, não foi concluída (ASSI, 2011).
Com base nas pesquisas pode ser destacado o aumento de tais crimes em situação
crítica no estado do Rio Grande do Norte, no qual as vitimais ficaram frangeis em
virtude da pandemia, no qual a locomoção e procedimentos se dificultaram gerando
assim, o aumento do uso de dispositivos eletrônicos conectados a internet, onde poderia
resolver tudo pelo simples aparelho tornando algo mais cômodo.
De acordo com ROSA, os crimes virtuais são difíceis de ser identificado:

(...) Podemos constatar, portanto, que é imprescindível que


o legislador penal elabore normas próprias para coibir tais
práticas delitivas, no caso, os chamados “crimes de
informática”. Para isso, é necessário, entretanto, identificá-
los, diferenciá-los e conceituá-los, propiciando assim leis
maisclaras e específicas, de forma a alcançarem seu objetivo
primordial, que é o de regulamentar o comportamento do ser
humano em sua vida cotidiana.
(ROSA, T., 2007, p.5).

2 LEI CAROLINA DIECKMANN

A lei Carolina Dieckmann é a lei N° 12.737/2012, que tem como objetivo


provocar uma alteração no Código Penal Brasileiro voltada em relação aos crimes
virtuais e práticas de delitos de informática. Com os avanços e a modernização da
tecnologia, o judiciário observou a necessidade de tipificar os crimes cometidos no
âmbito virtual.

O projeto de Lei de Carolina Dieckmann, foi apresentado no dia 29 de


novembro de 2011 e sua sanção se deu em 2 de dezembro de 2012 pela presidente
Dilma Rousseff. Contudo, pode se observar que este projeto apresentado, foi o
primeiro texto que tipificou os crimes cibernéticos, porém, percebe-se que tem como
13

o foco a punição em casos de invasões a dispositivos que acontecem sem a permissão


do proprietário.
A lei recebe este nome devido ao caso ocorrido com a atriz Carolina
Dieckmann, no qual ela sofreu uma invasão de privacidade e sofreu extorsões do
hacker, para que pagasse a quantia de 10.000 mil reais para não ter suas fotos
divulgadas nos meios tecnológicos.
Cabe ressaltar, que se apropriar de dados de outra pessoa é crime, porém não
existia nenhuma regulamentação que tratasse sobre este tipo de crime. Por isso, esta lei
é de grande relevância e teve um marco histórico, devido ser o primeiro projeto de lei,
relacionado a este tipo de crime virtual.
Requer-se ainda, elemento subjetivo específico, consistente na finalidade de
obter, adulterar ou destruir dado ou informação, ou, ainda de instalar vulnerabilidades,
ou seja, fatores que fragilizem o dispositivo informático, seja tornando-o mais
propenso a ataques indesejados ou facilitando o acesso a seu conteúdo. (JESUS, 2013,
p. 344)
A lei Carolina Dieckmann, encontra-se previsto no Código Penal Brasileiro,
tipificando-o algumas situações, como:
Invasão de dispositivo informático – artigo 154-A do Código Penal. Esse delito
inclui as seguintes condutas:
• Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede
de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de
segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem
ilícita;
• Produzir, oferecer, distribuir, vender ou difundir dispositivo ou
programa de computador com o intuito de permitir a prática da
conduta definida acima;

Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático


ou de informação de utilidade pública – artigo 266 do CP;
Falsificação de documento particular – ao qual equipara-se o cartão de crédito ou débito
– artigo 298 do CP.
Vale salientar, que o caso de Carolina Dieckmann deu origem a Lei, mas antes
disso, desde a criação da internet criminosos exploraram a prática de ataques cibernéticos,
14

com pessoas comuns, inúmeros casos de invasão de informações e conteúdos privados


que não foram julgados, pois não existia tipificação no código penal, ou seja, não seria
possível ajuizar este tipo de ação. Tornando uma prática recorrente de criminosos, pelo
motivo de não existir punições na lei.
Para maior proteção na privacidade do usuário, foi criado também a Lei marco
civil da internet Nº 12965, em 23 de abril de 2014, ela regulamenta o uso e estabelece
alguns parâmetros em relação ao ambiente virtual. É importante o surgimento de leis que
garantam sanções que regulamentem os crimes virtuais.
Após a criação da lei de Carolina Dieckmann, surgiram outras leis que tem como
o intuito proteger os dados pessoais dos usuários, um exemplo disto é a Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD), Nº 13.709, surgiu no ano de 2018 e entrou em vigor no ano
de 2020, visando proteger os direitos e os seus dados pessoais.
Com a criação da lei N° 12.737/2012, houve uma maior inibição nestes tipos de
práticas delituosas, porém, como a lei trazia punições brandas surgiu a necessidade de
realizar ajustes para aumentar a eficácia.
Portanto, em 2021 com o intuito de aprimorar a lei, foi realizado uma atualização
para aumentar a punição do criminoso, aumentando a confiança do usuário no sistema
jurídico brasileiro.

2.1 A INEFICÁCIA DA LEI CAROLINA DIECKANN

A Lei 12.737 de 30 de novembro de 2012, também conhecida como Lei


Carolina Dieckmann, representa avanços, aplicando penas para pessoas que cometem
crimes no âmbito virtual, porém, ainda é ineficaz em muitos aspectos. Um dos pontos
negativos desta Lei é a punição estabelecida para ressocialização do criminoso.
A maior pena que foi estabelecida referente ao crime virtual é de dois anos com
a possibilidade de auferir aumento de um sexto a dois terços apenas. Ou seja, é uma
pena muito abaixo do esperado para quem pratica um crime dessa gravidade.
Pois, os danos causados na vida das vítimas são, na maioria das vezes, irreparáveis,
por este motivo as penas deveriam ser mais severas e aplicadas de acordo com o grau
de violação dos direitos da vítima.
Outra fragilidade observada na Lei é que a qualificação do crime está
relacionada com a violação dos mecanismos de segurança, ou seja, se o ambiente
15

virtual não possui mecanismos de proteção deixaria uma brecha para não ser
considerado como crime.
Com o passar do tempo, é possível perceber que a Lei Carolina Dieckmann se
faz necessário uma atualização, pois deixou de atender diversas necessidades da
sociedade, verifica-se uma enorme quantidade de lacunas existentes nesta lei.
Portanto, apesar dos aspectos negativos expostos, já é um avanço significativo
para que haja maiores reflexões e evolução da referida Lei. Pois, a lei precisa de
algumas atualizações, já que o ambiente virtual está em constante evolução e sendo
assim os hackers também estão encontrando novas maneiras de prejudicar possíveis
vítimas.
Sobre a ineficácia Ferreira discorre:

A ineficácia na normatização nos crimes virtuais,


ainda não foi suprida para um combate efetivo
contra estes delitos, por isso diante dessa
dificuldade encontrada, ou até mesmo pela
natureza taxativa do Código Penal, á uma grande
impossibilidade da aplicação da analogia nos
crimes virtuais. (FERREIRA, 2015, p.44).

Diante do exposto, a lei 14.155/2021, de 27 de maio de 2021, atualiza a lei


Carolina Dieckmann. Modificando o tipo penal do delito e incluiu formas qualificada
e majorada ao furto mediante fraude e ao estelionato.
Sobre a atualização da lei: segue um dos pontos alterados

Código Penal, Art. 154-A – Invadir dispositivo informático


de uso alheio, conectado ou não à rede de computadores,
com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do usuário
do dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para obter
vantagem ilícita.
Alterou a redação criada pela Lei Carolina Dieckmann

Retirou o requisito anterior de ser “mediante violação indevida de dispositivo


de segurança”
Aumento a pena estabelecida pela Lei Carolina
16

Dieckmann, que era de “de detenção, de 3 meses a


1 ano” para “reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”
No § 3º, aumentou a pena para “reclusão, de 2 (um)
a 5 (quatro) anos” – se houver acesso a
comunicações eletrônicas privadas, segredos
comerciais ou industriais, informações sigilosas ou
o controle remoto do dispositivo invadido.

Essa atualização da lei, tornou as punições mais rígidas, já que a primeira lei
apresentava algumas lacunas. Com a nova lei alterou-se as penas que antes eram
somente detenção e passou a ser reclusão. O regime inicial de pena pode ser fechado e
antes podia ser semiaberto ou aberto. Anteriormente qualquer falta de controle podia
ser usado para tentar desqualificar o crime, como por exemplo a simples falta de senha
no celular da vítima.
Com a modificação desta lei, as penas podem chegar até 8 anos de prisão e
multas, podendo ser agravadas em casos em que os crimes forem praticados com o uso
de servidor fora do Brasil ou se a vítima for idosa ou vulnerável.

3 PROJETO DE LEI LUCAS SANTOS

Com o advento da internet, é notório que as novas tecnologias de informação e


comunicação (TICs) vêm ganhando bastante espaço no cotidiano da sociedade em
geral. Com isso, é possível observar que essas novas TICs, além de oferecer agilidade,
rapidez e oportunidade de estar em lugares de forma remota, também trazem alguns
transtornos indesejáveis que podem causar sérios problemas as pessoas que utilizam
este meio de comunicação.
Alguns problemas sociais que já são conhecidos por sua crueldade, como é o
caso do bullying praticado contra pessoas que são consideradas mais “fracas” em
relação a outras. Esta prática consiste em menosprezar o indivíduo, xingar, apelidar,
apontar “defeitos”, encontrar formas de diminuir a qualidade do outro, com intuito de
fazer maldade com o ser em questão. O bullying não é uma simples brincadeira e causa
danos na vida de algumas pessoas que sofrem com estas brincadeiras de mau gosto.
17

Esta prática é comum em muitos ambientes, seja na escola, trabalho,


associações. Ocasionando momentos de pertubação física e psicológica deixando a
vítima em situação constrangedora.
Na contemporaneidade, o bullying ganhou um espaço mais abrangente, a
internet tornou essa prática ainda mais avassaladora, pois o bullying que era praticado
apenas em pequenos ambientes, passou a ser praticado nas redes sociais, apps, como
tik tok, facebook, e outras plataformas que em poucos instantes se espalham
provocando proporções irreparáveis. Passando a ser conhecido como cyberbullying,
com tudo isso, aumentou significativamente não só o nível de alcançe de visualizações,
como também as consequências causadas pelo
Bullyng/Cyberbullying.
Nos dias atuais, as consequências são tão drásticas que algumas pessoas
chegam a cometer suicídio. Temos como exemplo de grande repercussão, o caso de
Lucas Santos. Lucas postou um vídeo no tik tok brincando com o seu amigo, onde esse
vídeo recebeu uma enxurrada de comentários preconceituosos, o mesmo cometeu
suicídio, pelo fato de não ter suportado esses tipos de comentários maldosos. Por isso,
a Câmara de Vereadores de Natal, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do
Norte/RN e a Câmara dos Deputados Federais criaram o Projeto de Lei Lucas Santos.
Tendo como objetivo, a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate
à depressão, automutilação e ao suicídio, nos projetos pedagógicos elaboradas pelas
escolas públicas e privadas.
Sobre o sancionamento da lei Lucas Santos, na Prefeitura de Natal/RN:
A Lei Lucas Santos determina que as escolas da
rede municipal pública e privada de Natal realizem
projetos com palestras, seminários e/ou outros
meios de exposição e ensino com objetivo da
conscientização dos alunos.

Os alunos com faixa etária entre 12 (doze) e 14 (catorze) anos serão orientados
na produção de apresentações próprias, após estudo, de temas relacionados à
conscientização do uso saudável das redes sociais e combate ao cyberbullying.
As emissoras de rádio e televisão, que gozarem de isenções, patrocínios ou
benefícios, também farão parte do processo de educação.
18

Portanto, os projetos de lei visam à conscientização sobre o uso saudável das


redes sociais e o combate ao cyberbullying. Evitando que novas vidas sejam ceifadas
em virtude de agressões virtuais. Proporcionando maiores responsabilidades com
comentários indevidos.
Com o advento da internet e suas tecnologias é notório que há muitos avanços
e benefícios para a sociedade em geral, porém há também alguns malefícios
ocasionados pela sua rapidez e alcance no que diz respeito aos usuários mau
intencionados. Principalmente, aqueles que usam as redes com intuito de prejudicar
seus desafetos. Um dos principais exemplos de malefícios das redes sociais é a prática
do bullying/cyberbullying.
De acordo com FANTE(2005, p. 23)

O bullying é um conceito específico e muito bem definido,


uma vez que se não se deixa confundir com outras formas
de violência. Isso se justifica pelo fato de apresentar
características próprias, dentro elas, talvez a mais grave seja
a propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas
vítimas e envolvidos.

De acordo com SILVA(2010, p.24)

Os avanços tecnológicos também influenciaram esse


fenômeno típico das interações humanas. Com isso novas
formas de bullying surgiram através da utilização de
aparelhos e equipamentos de comunicação (celular e
internet), que são capazes de difundir, de maneira
avassaladora, calunias e maledicências. Essa forma de
bullying é conhecida como cyberbullying.

Diante dos últimos acontecimentos em consequência da prática do


bullying/cyberbullying, alguns adolescentes que sofreram com esse tipo de
comportamento acabaram cometendo o suicídio. O caso de maior repercussão nacional
foi o de Lucas Santos, onde o mesmo se tornou referência para a criação de um projeto
de lei 2699/2021, com o intuito de punir e evitar o surgimento de novos casos.

O Congresso nacional decreta:


19

Art. 1º. Comete o crime de halters, aquele que usa


a rede mundial de computadores, seja em redes
sociais ou quaisquer meios de facilite sua
propagação, para disseminar ódio ou proferir
comentários discriminatórios de qualquer natureza,
que cause dano à integridade psíquica da criança
e do adolescente.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (anos), e multa.
Art. 2º. Serão responsabilizados, civil e
criminalmente, aqueles que por ação ou omissão,
praticarem o crime de halters na rede mundial de
computadores, seja em redes sociais ou quaisquer
meios que facilite a sua propagação.
Art. 3º. Serão responsabilizadas civilmente, as
redes sociais que permitirem o permanecimento
de contas administradas por menores de idade que
pratiquem o crime de
halters.
Art. 4º. A rede social utilizada para a
disseminação do crime descrito no art. 1º desta lei
deverá, imediatamente, por meio de algoritmo ou
qualquer inteligência artificial disponível, excluir
comentários que causem dano à imagem ou saúde
mental da criança e do adolescente.
Art. 5 º. O diretor operacional da rede social
que, por reiteradas vezes, se omitir a excluir
comentários racistas, xenófobos, misógino ou
qualquer outro que cause dano a integridade
psíquica da criança e do adolescente, será punido,
criminalmente
Pena-reclusão, de 1 (um) a 4
(quatro) anos, e multa. Parágrafo
Único. Dar-se a lei o nome de LUCAS SANTOS.

Portanto, o projeto de lei Lucas Santos traz algumas reflexões , e sugestões de


como trabalhar o cyberbullying na escola para evitar que ocorra situações
desagradáveis para a sociedade.
20

A luta de Walkyria Santos, mãe de Lucas, para a criação desta lei, tem tido um
papel fundamental para auxiliar as mães e familiares que passam pelo mesmo
problema, a cantora tem uma enorme quantidade de seguidores em suas redes sociais,
que ela divulga o projeto de lei, com a seguinte hashtag #Leilucassantosja, diversos
famosos e seguidores aderiram a hashtag. Com isso, visa conscientizar que o
bullying/cyberbullying é crime.
Contudo, Walkiria recebeu diversos tipos de apoios das mídias sociais, e
psicológicos, o caso foi de repercussão nacional e logo em seguida recebeu apoio da
Câmara dos Deputados e dos Vereadores, que propuseram apresentar o projeto de lei,
respectivamente nas suas casas legislativas, aguardando a devida aprovação deste
projeto.
Vale lembrar, que a cantora se empenha até hoje em apoiar pessoas que
enfrentam este problema que ela enfrentou. A cantora empenhada em ajudar, pessoas
que sofrem ataques de haters, sejam famosos ou anônimos. O importante é prestar
solidariedade e lutar por leis que punam severamente os infratores.
O Instituto Lucas Santos, foi criado para ajudar adolescentes vítimas de
cyberbullying em Natal/RN, o projeto é encabeçado pela cantora Walkyria Santos e o
empresário César Soanata, pais de Lucas, a intenção é prestar assistência a adolescentes
que enfrentam esses ataques, que podem ocasionar ou desencadear depressão, baixa
autoestima, ansiedade ou até mesmo o caso de suicídio.
O instituto, visa ajudar as pessoas mais carentes, que não tem condições de
receber esses auxílios psicológicos, psiquiátricos e medicações. Lembrando que é
apenas um centro de acompanhamento e acolhimento ao jovem. Evitando que os
jovens que sofrem ataque de haters, não cometam suicídio.
Vale ressaltar, que são atitudes assim, que fazem a diferença quando a vítima
está com o psicológico abalado, portanto é de fundamental importância do acolhimento
de maneira eficaz que fazem reduzir a quantidade de jovens e adolescentes que
cometem o suicídio.
Com a criação desta lei e o apoio da sociedade, o instituto terá a possibilidade
de salvar muitas vítimas, conseguindo alcançar o seu objetivo principal. Se a cada ação,
conseguir ajudar a pelo menos 1 adolescente já será considerado uma grande satisfação
ter ajudado uma vítima. Pois, só o fato de acolher e ter a assistência, já é considerado
suficiente para evitar um suicídio.
21

É de fundamental importância, evitar compartilhar conteúdos que depreciem,


menosprezem, diminuam qualquer pessoa. Cabe ressaltar, que o compartilhamento
deste conteúdo pode ser considerado crime: calúnia, difamação ou injúria, dependendo
de onde se enquadrar o conteúdo compartilhado. Pois, não sabemos como está o
psicológico da vítima.

CONCLUSÕES

Atualmente, a maioria das pessoas utilizam aparelhos digitais/virtuais para


armazenar dados pessoais, profissionais e até mesmo, conteúdos íntimos. Esse material
armazenado, vem sendo, constantemente, alvo de interesse de criminosos, pois no meio
desses dados e informações podem-se verificar contas virtuais, bancárias, número de
cartão de crédito, senhas de acesso à conta de e-mails, redes sociais que
intencionalmente são usados de forma criminosa.
Sendo assim, mesmo com a instalação de programas de proteção em seus
aparelhos, não conseguem combater as ações criminosas e muitas vezes nem detectam
que seus dados foram receptados. Por isso, tornou-se necessário a criação de leis de
proteção à privacidade e segurança dos indivíduos no campo cibernético. Em posse
desse material, os hackers utilizam o conteúdo para a extorsão, divulgação e utilizam
os dados pessoais da vítima para obter vantagens ilícitas. Daí a necessidade da criação
de leis para proteção dos indivíduos, no âmbito virtual.
Para evitar esses tipos de crimes, fez-se necessário a criação da lei Carolina
Dieckmann, N° 12.737/2012 com o objetivo de inibir essas ações criminosas, a prática
dos delitos informáticos e penalizar aqueles que a infringirem. Inicialmente, a lei
deixava algumas lacunas que futuramente recebeu atualizações.
O ambiente virtual é muito vasto, acontecem também crimes como o bullying
virtual/cyberbullying, fazendo com que algumas vítimas cometessem suicídio como
foi o caso do adolescente Lucas Santos, um caso de muita repercussão, inclusive em
mídias nacionais. Trazendo reflexões para os limites que devem ser impostos nas redes.
A partir deste caso, foi criado o projeto de lei Lucas Santos, com o intuito de
evitar novos casos, para isto, as escolas da rede municipal pública e privada realizem
projetos, palestras e seminários. Para a conscientização e reflexão dos adolescentes,
evitando que surjam novos casos.
22

Portanto, a criação dessas leis, mesmo que com algumas lacunas, apresentam
um grande avanço na defesa do indivíduo no âmbito virtual. Por isso, já houve
atualizações na lei Carolina Dieckmann, que torna mais rígida a punição para os
infratores, trazendo maior segurança para os usuários dos ambientes virtuais.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Código Penal.Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.


Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decretolei/Del2848compilado.htm>.
Acesso em 12 jun. 2016. BRASIL. Prefeitura do Natal. Disponível em <
https://www.natal.rn.gov.br/news/post/35452#:~:text=A%20%E2%80%9CLei%20
Lucas%20Santos%E2%80%9D%20determina%20que%20as%20escolas,e%20ensi
no%20com%20objetivo%20da%20conscientiza%C3%A7%C3%A3o%20dos%20a
lunos.
BRASIL. Projeto-lei 2699/2021. Disponível em< https://infoleg-autenticidade-
assinatura.camara.leg.br/CD213683730000>. Acesso em: 01, 11. 2021. BRASIL.
Projeto-lei Prefeitura de Natal. Disponível em <
https://www.natal.rn.gov.br/news/post/35452 > . Acesso em: 02, 11. 2021.
BRASIL. G1 notícias. Disponível em < https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-
norte/noticia/2021/08/12/projeto-de-lei-lucas-santos-contra-cyberbullying-
ehttps://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2021/08/12/projeto-de-lei-
lucas-santos-contra-cyberbullying-e-aprovado-pela-camara-municipal-de-
natal.ghtmlaprovado- pela-camara-municipal-de-natal.ghtml > . Acesso em: 02, 11.
2021. BRASIL. Tribuna do norte. Disponível em <
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/rn-sanciona- lei-lucas-santos-
parahttp://www.tribunadonorte.com.br/noticia/rn-sanciona-lei-lucas-santos-para-
prevena-a-o-ao-suica-dio/519634prevena-a-o-ao-suica-dio/519634 > . Acesso em
03, 11. 2021.
BRASIL. Lei 13853, de 8 de julho de 2019. Altera a Lei de Proteção de Dados; e dá
outras providências. Presidência da República. Secretaria Geral. Subchefia para
Assuntos Jurídicos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/lei/l13853.htm. Acesso em: 08 out. 2019.
CASTRO, Carla Rodrigues Araújo de.Crimesde Informática e seus Aspectos
Processuais. 2.ed.Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2003, p. 14.
FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para
a paz. Editora Verus, 2005.
FERREIRA, Guto. Segurança cibernética: ameaças e desafios.
www.abdi.com.br, 19/07/2019. Disponível em:
https://www.abdi.com.br/postagem/seguranca-ciberneticaameacas-e-desafios.
Acesso em 10/05/2022.
23

JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal, volume 2. 33 ed. São Paulo: Saraiva,
201
LIMA, Ronaldo Pinheiro de; LIMA, Vera Helena Barbosa. O perfil do jovem na
prática do crime cibernético no Brasil. Relatório de Estágio Básico
Supervisionado, de Curso de Graduação em Psicologia. Centro de Ensino Superior de
Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2017.
PRADO, Luiz Regis. Bem jurídico-penal e constituição. 3. ed. São Paulo: RT,
2003.
ROSA, Fabrízio. Crimes de Informática. 2.ed. Campinas: BookSeller, 2006
SILVA. Ana Beatriz Barbosa, Bullying: mentes perigosas nas escolas. -Rio de
Janeiro: Objetiva, 2010
VIANNA, Túlio; MACHADO, Felipe. Crimes Informáticos. Belo Horizonte: Fórum,
2013.
WENDT, Emerson. JORGE, Higor Vinicius Nogueira. Crimes Cibernéticos –
Ameaças e Procedimentos Investigativos. Editora Brasport: Rio de Janeiro. 2012.
25

Você também pode gostar