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Crimes Contra a Fé

Direito Penal

Pública
Enquadramento
- Cap. I: Moeda Falsa (art. 289 a 292);
- Cap. II: Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis
Públicos (art. 293 a 295);
- Cap. III: Da Falsidade Documental (art. 296 a
305);
- Cap. IV: De Outras Falsidades (art. 306 a 311);
- Cap. V: Das Fraudes em Certames de Interesse
Público (art. 311-A).
Conceito
Fé pública = confiança depositada pela
sociedade nos atos documentais, crendo na
sua veracidade e autenticidade.
Requisitos da Falsificação
alteração da verdade (“immutatio veri”):
deturpação da verdade sobre fato
juridicamente relevante.
imitação da verdade (“imitatio veritatis”):
deturpação semelhante ao real com aptidão
para iludir terceiros; idoneidade da
falsificação.
Requisitos da Falsificação
Súmula n. 73 do STJ - “A utilização de papel
moeda grosseiramente falsificado configura,
em tese, o crime de estelionato, da
competência da Justiça Estadual”.
Requisitos da Falsificação
dano real ou potencial: prejuízo efetivo ou
potencial (probabilidade concreta) de cunho
não necessariamente econômico (ex.: social,
moral etc).
dolo: direito e eventual.
Modalidades de Falsificação
a) material: ou externa ou formal ou
caligráfica = cria documento falso ou altera
documento verdadeiro. Ex.: confecção de
diploma falso ou inclui uma cláusula falsa em
contrato verdadeiro;
Modalidades de Falsificação
b) ideológica: ou ideal ou expressional =
documento formalmente perfeito, porém
materialmente inverídico (conteúdo falso).
Ex.: oficial de justiça que certifica falsamente a
citação do réu;
Modalidades de Falsificação
c) pessoal = atribuir a si ou a terceiro falsa
identidade. Ex.: Leonardo Di Caprio em “prenda-
me se for capaz”.
Distinção conforme o objeto da falsidade: a) coisa
(material); b) conteúdo do documento
(ideológica); c) identificação pessoal (pessoal).
Falsidade Material X Ideológica
a) material: emana de autoridade incompetente.
Comprovação: perícia grafotécnica. Ex.:
comerciante que elabora certidão de óbito falsa;
b) ideológica: emana de autoridade competente,
porém conteúdo falso. Comprovação: outros
meios de prova. Ex.: oficial de registro que elabora
certidão de óbito falsa (altera o nome do de cujus);
Documento
• Documento (em sentido amplo) = qualquer
objeto capaz de comprovar um fato. Ex.: pedra,
disco, fotografia, gravação em áudio e vídeo
etc.
• Documento (em sentido estrito) = “papel
escrito com valor probatório”. Ex.: contrato,
escritura pública, identidade, certidão de
nascimento etc.
Documento
Conceito Adotado pelo CP. Noção Restrita
(majoritário) (art. 304 do CP).
CP. Art. 304 – “Fazer uso de qualquer dos papéis
falsificados ou alterados, a que se referem os arts.
297 a 302”.
Não são considerados documentos, pois não são
peças escritas: fotografias isoladas e mídias digitais
(fita de vídeo, disquete, cd, pendrive etc).
Documento
Cartão Financeiro: O cartão de crédito ou débito
passou a ser considerado documento, para fins
penais, após a entrada em vigor da Lei n.
12.737/2012.
Art. 298: parágrafo único: Falsificação de cartão.
Para fins do disposto no caput, equipara-se a
documento particular o cartão de crédito ou
débito.
Requisitos do Documento
a) forma escrita;
b) existência de autor determinado;
c) conteúdo com relevância jurídica.
Documento Público X Particular
Documento público:
a) elaborado por funcionário público, no exercício
das suas atribuições, mediante a observância das
formalidades legais (ou seja: funcionário público +
competência administrativa + forma legal);
b) Documento particular: todos os demais
documentos que não sejam públicos;
Documento Público X Particular
b.1) documento particular por equiparação. A Lei
n. 12.737/2012 previu expressamente o cartão de
crédito ou débito como documento particular.
Art. 298, parágrafo único: Falsificação de cartão.
Para fins do disposto no caput, equipara-se a
documento particular o cartão de crédito ou
débito.
Documento Público X Particular
c) Documento público por equiparação (art.
297, § 2º, do CP): documentos particulares,
mas que, dada a relevância, a lei os trata como
se fossem público.
Documento Público X Particular
Art. 297: § 2º “Para os efeitos penais,
equiparam-se a documento público o
emanado de entidade paraestatal, o título ao
portador ou transmissível por endosso, as
ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular”.
Moeda Falsa (Art. 289)
“Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
moeda metálica ou papel-moeda de curso
legal no país ou no estrangeiro: Pena –
reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.”
- falsificação (total ou parcial) por
contrafação (fabricar) ou alteração
(modificar/adulterar);
Título do Slide
- objeto material = moeda metálica ou papel
moeda de curso legal no país;
- falsificação grosseira, isto é, perceptível a olho
nu = crime impossível;
- não aplicação do princípio da insignificância
(STJ) (majoritário);
- competência = justiça federal.
Falsificação de Doc Público (Art. 297)
“Falsificar, no todo ou em parte, documento
público, ou alterar documento público
verdadeiro: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6
(seis) anos, e multa.”
- Súmula n. 17 do STJ: “Quando o falso se
exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por esse absorvido”;
Falsificação de Doc Público (Art. 297)
- competência = justiça estadual (regra) /
federal (exceção – art. 109, IV, da CF);
- crime eleitoral = falsificação de documento
público com fins eleitorais (art. 348 do
Código Eleitoral/Lei 4.737/65).
Falsificação de Doc Particular (Art. 298)
“Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular
verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco
anos, e multa”.
- crime eleitoral = falsificação de documento
particular com fins eleitorais (art. 349 do
Código Eleitoral/Lei 4.737/65).
Falsificação de Doc Particular (Art. 298)
- crime contra a ordem tributária =
falsificação de documento particular com
fins de sonegação fiscal (art. 1, III e IV, da Lei
n. 8.137/90).
Falsidade Ideológica (art. 299)
“Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante:
[...]
Falsidade Ideológica (art. 299)
[...] Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se
o documento é público, e reclusão de um a três
anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário
público, e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, ou se a falsificação ou alteração é de
assentamento de registro civil, aumenta-se a pena
de sexta parte”.
Falsidade Ideológica (art. 299)
- objeto material = documento público ou
particular (distinção quanto à pena cominada);
- omitir declaração que deveria constar = conduta
omissiva própria ligada ao dever de agir. Ex.:
omitir situação de casado em contrato de venda
e compra de bem que necessite de autorização
de ambos os nubentes.
Falsidade Ideológica (art. 299)
- fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
deveria constar = conduta comissiva (por ação)
e indireta (fazer com que terceiro insira) /
falsidade ideológica indireta.
- inserir declaração falsa ou diversa da que
deveria constar = conduta comissiva (por ação)
e direta (realizada pelo próprio agente) /
falsidade ideológica direta.
Falsidade Ideológica (art. 299)
- crime eleitoral = falsidade ideológica com
fins eleitorais (art. 350 do Código
Eleitoral/Lei 4.737/65).
- crime contra a ordem tributária = falsidade
ideológica com fins de sonegação fiscal (art.
1, I e II, da Lei n. 8.137/90).
Falsidade Ideológica (art. 299)
- crime contra a família = registro de
nascimento inexistente (art. 241 do CP).
- crime contra a família = registro de filho
alheio como próprio (“adoção à brasileira”)
(art. 242 do CP).
Uso De Documento Falso (art. 304)
“Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
alterados a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração”.
- crime remetido (conduta típica remete aos
arts. 297 a 302) e acessório (de fusão ou
parasitário, uma vez que não tem existência
autônoma, dependendo de crime anterior);
Uso De Documento Falso (art. 304)
- norma penal em branco ao avesso
(complementação no preceito secundário, e
não primário).
- a conduta exige uso efetivo; não basta
mencionar que possui o documento
falsificado.
Uso De Documento Falso (art. 304)
- crime contra o sistema financeiro nacional (art.
14 da Lei n. 7.492/86).
- crime falimentar = habilitação ilegal de crédito
mediante uso de documento falso (art. 175 da
Lei n. 11.101/05)
- crime contra a ordem tributária = uso de
documento falso com fins de sonegação fiscal
(art. 1, IV, da Lei n. 8.137/90).
Falsa Identidade (Art. 307)
“Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
identidade para obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio, ou para causar dano a
outrem: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1
(um) ano, ou multa, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave”.
Falsa Identidade (Art. 307)
- atribuir-se = imputação própria = o autor
(criminoso) se faz passar por outra pessoa;
- atribuir a terceiro = imputação de terceiro = o
autor (criminoso) faz terceira pessoa se passar
por outra.
- se a vantagem (pretendida) for de cunho sexual
= violação sexual mediante fraude (art. 215 do
CP).
Falsa Identidade (Art. 307)
- se a vantagem for devida = exercício
arbitrário das próprias razões (art. 345 do
CP).
- subsidiariedade expressa = “se não constitui
elemento de crime mais grave” (ex.:
estelionato ou uso de documento falso).
Falsa Identidade (Art. 307)
- contravenção penal = aquele que se identifica
falsamente como (simula ser) funcionário
público (art. 45 da LCP – simulação da
qualidade de funcionário público);
- crime contra a administração pública =
aquele que se identifica falsamente como
(simula ser) funcionário público e [...]
Falsa Identidade (Art. 307)
[...] realmente exerce atos privativos
(simulação da qualidade + exercício da função
pública) (art. 328 do CP - usurpação de função
pública);
Falsa Identidade (Art. 307)
- crime contra a incolumidade pública = aquele
que se identifica falsamente como (simula ser)
médico, dentista ou farmacêutico e realmente
exerce atos privativos (simulação da qualidade
+ exercício da função médica, odontológica ou
farmacêutica) (art. 282 do CP – exercício ilegal
da medicina, arte dentária ou farmacêutica).
Art. 311
Adulteração de Sinal de Identificador de
Veículo Automotor:
“Adulterar ou remarcar número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo
automotor, de seu componente ou
equipamento: Pena - reclusão, de três a seis
anos, e multa”.
Art. 311
- núcleos = adulterar (mudar, alterar) e
remarcar (marcar de novo) / suprimir não
foi previsto expressamente (polêmica);
- objeto material = número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo
automotor (número do motor, vidros,
colunas interiores, placas etc).
Crimes Contra a Fé
Direito Penal

Pública

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