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Universidade Federal de Minas Gerais – Faculdade de Direito

Direito Eleitoral

Aluno: Pedro Henrique de Lacerda

Atividade: Questionário.

1. Como, de que forma e que requisitos, de acordo o crime previsto no art. 323,
caput, do Código Eleitoral, podem configurar a divulgação de informações
referentes a crimes de difamação e divulgação de fatos inverídicos na propaganda
eleitoral e alteração de documentos da administração pública?

O crime previsto no art. 323, caput, do Código Eleitoral configura-se quando


alguém divulga, durante a propaganda eleitoral ou período de campanha, informações
sabidamente inverídicas sobre partidos ou candidatos, com potencial de influenciar o
eleitorado. Os sujeitos passivos imediatos desse crime são os partidos políticos e os
candidatos que foram alvos das informações falsas.

A divulgação dessas informações falsas, seja por meio de meios tradicionais ou


digitais, constitui crime eleitoral, não sendo necessário que tais informações definam o
resultado da eleição, sendo suficiente a mera capacidade de influenciar os eleitores.
Além disso, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelece que a
configuração do delito não exige que as informações inverídicas sejam provenientes de
matérias pagas.

2. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro,


dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita, configura crime eleitoral e,
portanto, sanção?

Sim, é inclusive o disposto no art. 299 do Código Eleitoral, no âmbito do Capítulo II –


Dos Crimes Eleitorais:

“Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para


outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar
voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja
aceita:
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.”
A conduta típica é caracterizada como corrupção eleitoral, abrangendo vários
núcleos, como dar, oferecer, prometer, solicitar e receber, podendo ambos os lados,
corruptor e corrupto, serem incriminados em um mesmo contexto, dada a bilateralidade
do crime. O dispositivo visa proteger o livre exercício do voto e a lisura do processo
eleitoral. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo, sendo amplo em relação à Lei
9.504/97, não exigindo a condição de candidato, ao passo que o sujeito passivo é
qualquer pessoa, e secundariamente o Estado.

3. Quais são os pressupostos devidos para caracterização dos requisitos essenciais


para a distinção entre falsidade ideológica eleitoral e injúria, difamação e
calúnia eleitoral?

A distinção entre esses crimes eleitorais repousa na natureza das condutas:


falsidade ideológica eleitoral concentra-se na manipulação documental, enquanto
injúria, difamação e calúnia eleitoral referem-se a ofensas à honra com nuances
específicas de falsidade e imputação criminosa.

No caso da falsidade ideológica eleitoral, prevista no artigo 350 do Código


Eleitoral, o delito ocorre quando alguém omite ou insere declaração falsa em documento
público ou particular com o objetivo de prejudicar as atividades-fim da Justiça Eleitoral.
Essa infração é formal, não exigindo um resultado naturalístico, mas sim a
potencialidade lesiva à fé pública.

Já os crimes de injúria, difamação e calúnia eleitoral, dispostos nos artigos 326,


325 e 324 do Código Eleitoral, respectivamente, se diferenciam pela natureza das
ofensas. A injúria visa proteger a honra subjetiva, exigindo apenas a ofensa à dignidade
ou decoro, enquanto a difamação exige que os fatos sejam falsos ou falsamente
atribuídos. Por fim, a calúnia eleitoral ocorre quando há uma imputação falsa de crime a
outrem.

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