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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIA JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS


COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

FÁBIO TORCHI ESTEVES

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “DOS DELITOS E DAS PENAS”, DE CESARE


BECCARIA

RIO BRANCO, ACRE


2020
FÁBIO TORCHI ESTEVES

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “DOS DELITOS E DAS PENAS”, DE CESARE


BECCARIA

Trabalho apresentado à Universidade Federal do


Acre, como parte dos requisitos à obtenção de nota
na matéria de Direito Penal II.

Docente: Prof. Me. Simone Jaques de Azambuja


Santiago

RIO BRANCO, ACRE


2020
Para bem entender a obra Dos Delitos e das Penas, é necessário,
primeiramente, compreender o autor e o contexto histórico em que ele se encontra.
Cesare Beccaria nasceu em meados do século XVIII, em meio ao crescimento do
iluminismo francês, que cumularia mais tarde na Revolução Francesa, cujos
princípios são a igualdade, a liberdade e a fraternidade, que estarão presentes em
toda a obra do aristocrata milanês.
Por conta de suas ideias, que em muito iam contra os pensamentos da
época, especialmente na região de Milão, cidade onde viveu grande parte de sua
vida, sofreu perseguições e represálias de seus adversários; levando-o, inclusive, a
renunciar às suas dissertações filosóficas. Estudioso de criminologia, submeteu-a ao
pensamento filosófico francês, tornando-se um grande iluminista penal, até hoje
lembrado por suas contribuições ao Direito Penal.
Inserem-se, dentre as principais teses, o fim da tortura, da arbitrariedade
interpretiva dos magistrados, das acusações secretas, da pena de morte, da
vingança privada, das penas infamantes, dos julgamentos secretos, dos suplícios,
da obscuridade das leis; bem como a defesa do direito de punir do Estado, do porte
de armas civil, da simplicidade das leis, da gradação da pena conforme à gravidade
do delito, da separação dos poderes, da separação da religião do Estado, da
preservação do pacto social e da preferência à prevenção do crime.
Conforme o próprio livro,

“O tratado Dos Delitos e das Penas é a filosofia francesa aplicada à


legislação penal: contra a tradição jurídica, invoca a razão e o
sentimento; faz-se porta-voz dos protestos da consciência pública
contra os julgamentos secretos, o juramento imposto aos acusados,
a tortura, a confiscação, as penas infamantes, a desigualdade ante o
castigo, a atrocidade dos suplícios; estabelece limites entre a justiça
divina e a justiça humana, entre os pecados e os delitos; condena o
direito de vingança e toma por base do direito de punir a utilidade
social; declara a pena de morte inútil e reclama a proporcionalidade
das penas aos delitos, assim como a separação do poder judiciário e
do poder legislativo” (n. p.)

Via a pena, antes de tudo, como uma maneira de reabilitar o criminoso à


sociedade, enfatizando-lhe o aspecto educacional, não simplesmente um meio do
Estado causar-lhe um mal desproporcional ao delito. Percebe-se, logo, que se trata
de autor que interpreta a criminalidade de forma inovadora e a ​contrario sensu ​da
sua época; inclusive, foi elogiado por autores franceses, que estavam à frente de
seu tempo, como Morellet, Diderot​1​, Voltaire, Hume, entre outros iluministas
renomados.
Além disso, muito contribuiu para o Direito Penal Moderno, sobre o qual se
assentam a doutrina criminalista e o ordenamento jurídico pátrios, como se nota no
princípio da anterioridade da lei (art. 1°, CP); nos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade e publicidade (art. 37, CF); nos direitos dos presos (art.
38, CP); na fixação da pena (art. 59, CP); entre outros, pois apesar da obra ter sido
escrita há mais de três séculos, em um contexto muito diverso do atual, permanece,
devido às ideias vanguardistas e garantidoras de direitos nela presentes, como uma
das grandes influências para o Direito brasileiro.

1
Junto a ​d'Alembert, foi o fundador da Enciclopédia. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Denis_Diderot Acesso em: 16 de novembro de 2020.
BIBLIOGRAFIA

BECCARIA, Cesare. ​Dos Delitos e das Penas. BRASIL: Ridendo Castigat Mores,
n.p.

WIKIPEDIA. ​Denis Diderot. Wikipedia, 2020. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Denis_Diderot Acesso em: 16 de novembro de 2020.

BRASIL. ​Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário


Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940.

BRASIL. Constituição (1988). ​Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília: Senado Federal. Centro Gráfico, 1988.

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