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A MULHER AUTORA DO CRIME DE ESTUPRO: AS


CONSEQUÊNCIAS NAS ESFERAS CÍVEIS E PENAIS

THE AUTHOR WOMAN OF THE RAPE CRIME: THE CONSEQUENCES IN


THE CIVIL LAW AND CRIMINAL LAWS

Letícia Zaché de Araújo Silva 1


Raquel Luppi Batista 2
Rodrigo de Carvalho Nippes 3

Resumo: O estupro é uma agressão sexual corriqueira que, consiste no fato de o agente constranger
alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
ele se pratique outro ato libidinoso4. O artigo pretende abordar especificamente a alteração promovida
pela Lei 12.015/2009, referente a autoria feminina no crime de estupro. Com as modificações no
Título VI da parte especial do Código Penal, observa-se que houve uma crescente preocupação com a
dignidade da pessoa humana e com o combate às diversas espécies de violência sexual, incluindo
aqueles cometidos por mulheres, assim, analisaremos a possibilidade ou não do aborto sentimental
fruto da situação violenta, e os direitos e obrigações da vítima masculina em relação a gravidez
indesejada na esfera cível. Por óbvio, a intenção do artigo não é a de esgotar o tema, mas de refletir de
forma mais humana esse assunto delicado, que ainda não é tratado com tanta clareza pelo Direito.
Palavras-chave: Estupro. Lei n. 12.015/09. Penal. Autoria feminina no crime de estupro. Aborto
sentimental. Vítima masculina.

Abstract: Rape is a common sexual aggression that consists in the fact that the agent constrains
someone, through violence or serious threat, to have a carnal conjunction or to practice or allow
another libidinous act to be performed with him. The article intends to specifically address the change
promoted by Law 12.015/2009, referring to female authorship in the crime of rape. With the changes
in Title VI of the special part of the Penal Code, it is observed that there was a growing concern with
the dignity of the human person and with the fight against different types of sexual violence, including
those committed by women, so we will analyze the possibility or not the sentimental abortion resulting
from the violent situation, and the rights and obligations of the male victim in relation to unwanted
pregnancies in the civil sphere. Obviously, the intention of the article is not to exhaust the topic, but to
reflect in a more human way this delicate issue, which is still not dealt with so clearly by the Law.
Keywords: Rape. Law n. 12.015/09. Criminal. Female authorship in the crime of rape. Sentimental
abortion. Male victim.

1
Graduanda em Direito pela Faculdade Castelo Branco. E-mail: leticiazache@hotmail.com
2
Graduanda em Direito pela Faculdade Castelo Branco. E-mail: raquelluppi04@hotmail.com
3
Orientador: Professor da Faculdade Castelo Branco. E-mail: rodrigonippes@id.uff.br
4
Artigo 213, caput, Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio
de Janeiro, 31 dez. 1940.
2

1. INTRODUÇÃO

O Código Penal Brasileiro 5 define o estupro como a conduta praticada pelo agressor
com emprego de violência ou grave ameaça, constrangendo a vítima ou terceiro, sem a
permissão desses, a praticar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, para satisfazer
a sua lascívia, ou a de outrem. Na lição de Cesar Roberto Bitencourt (2012, p. 51) diante da
violência ou grave ameaça, não é necessário que se esgote por completo a capacidade de
resistência da vítima, para reconhecer a violência ou grave ameaça, e assim o tipo penal
caracterizador do estupro6.

Conforme ressalta Noronha (1994), o estupro mundialmente é caracterizado como


crime e foi legislado por todos os povos civilizados, sendo que em quase todas as normas
jurídicas, os elementos do delito são os mesmos: as relações carnais e a violência física ou
moral. Logo o delito está previsto nos Códigos da Suíça (art. 187), Itália (art. 519 caput),
Polônia (art. 204), Uruguai (art. 272), Argentina (art. 119), Peru (art.196), Espanha (art. 431),
Portugal (art. 393), Alemanha (§ 177), China (art. 221), Rússia (art. 153), dentre outros7.

A situação é ainda mais espantosa quando se trata de menores de dezoito anos,


segundo dados de dezembro de 2020 do Fundo das Nações Unidas para a Infância,
da UNICEF, do Instituto Sou da Paz e do Ministério Público do Estado de São Paulo 8, 75%
(setenta e cinco por cento) do número de violência doméstica e sexual contra menores
correspondiam a estupro.

Visando enfrentar o problema, o Estado brasileiro atualmente ao exercer a tutela de


proteção, legisla a conduta do estupro e ampara todas as vítimas, sejam elas do sexo feminino
ou masculino. E é nesse diapasão, que se concentra a nossa pesquisa.

O crime de estupro já era tipificado no artigo 213 do Código Penal brasileiro, mas no
ano de 2009, foi reformulado e ganhou nova redação com a Lei 12.015, haja vista, que a
proteção alcançada pelo dispositivo legal anterior a alteração, era obsoleta e estreita.

5
Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez.
1940.
6
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direto Penal – Parte Especial - Volume 4. São Paulo: Saraiva, 6ª
ed., 2012, p. 51.
7
NORONHA, E. Magalhães. Dos crimes contra a propriedade imaterial a crimes contra a segurança dos
meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
8
DELBONI, Carolina. Adolescentes Na Pandemia. Estadão, 2021. Disponível em:
https://emais.estadao.com.br/blogs/kids/75-dos-crimes-cometidos-contra-criancas-na-pandemia-correspondem-a-
estupro/. Acesso em: 17/06/2021.
3

Historicamente a mulher é vítima do crime de estupro, porém com as alterações


promovidas no artigo 213 do Código Penal, a mesma, agora pode ser enquadrada na condição
de autora do crime no Brasil. Vejamos o caput do respectivo artigo:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)9.

No entanto, antes do texto da Lei n. 12.015/09 pairavam algumas dúvidas em relação à


tipificação da conduta direta da mulher que causasse constrangimento ao homem e o
obrigasse a ter conjunção carnal. Ressalta-se que, mesmo antes dessa alteração, a mulher
poderia atuar na condição de partícipe ou coautora.

Nesse cenário de dúvidas, com muitos questionamentos sobre o tema ainda sendo
levantados, e por ser pouco discutido pelos doutrinadores e tribunais, justificamos a proposta
do artigo, para então promovermos uma análise mais cuidadosa em relação as consequências
que poderão sofrer as autoras do crime e do possível resultado gravidez. Na mesma linha,
iremos tratar também os direitos da vítima masculina, com destaque na seara da lei civil,
principalmente no que concerne ao Direitos de Família e Sucessões e o Direito da Criança e
do Adolescente, ou seja, a possibilidade ou não da vítima masculina negar a paternidade da
criança nascida de estupro, ou a hipótese de permissão de aborto sentimental à genitora.

Para desenvolver melhor o assunto, o presente artigo foi construído com base em
artigos, livros, teses e sítios eletrônicos que auxiliaram na pesquisa. A escolha do tema
justifica-se por se tratar de período de relevante mudança na legislação penal, a saber: Lei nº
12.015, de 7 de agosto de 2009. O método de abordagem selecionado foi a técnica de pesquisa
bibliográfica.

A pesquisa está organizada em três capítulos: traçaremos primeiramente um resgate


histórico e conceitual da violência sexual no ordenamento jurídico brasileiro e as formas
ensejadoras do delito até a Lei n. 12.015/09; o segundo capítulo mostrará a possibilidade de
majoração de pena e a interrupção da gravidez quando resultantes de estupro, tendo como
sujeito ativo a mulher; no terceiro e último capítulo será tratada a paternidade indesejada
resultante de estupro e a tutela da vítima masculina na esfera cível.

9
Artigo 213, caput, Decreto-Lei 2.848/1940. Op. Cit.
4

A partir desse raciocínio, o artigo propõe gerar debates pouco inexplorados, em virtude
da polêmica que é dada ao tema estupro. Ante o exposto, passa-se à exposição dos dados
pesquisados mais detalhadamente.

2. ETIMOLOGIA E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CRIME DE ESTUPRO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ATÉ A LEI Nº 12.015/09

Com relação à origem etimológica da palavra estupro, observa-se que o termo vem de
stuprum, que no direito romano equivalia a qualquer ato sexual indevido, compreendendo
inclusive a pederastia e o adultério. Não deixa de ser uma forma especial de constrangimento
ilegal, em que a tutela recai, primacialmente, sobre os costumes. Tradicionalmente,
caracterizava-se o estupro, o mais grave dos atentados contra a liberdade sexual, pela prática
da conjunção carnal mediante violência. Conjunção carnal é a cópula sexual normal,
secundumnaturam10.

Partindo-se de um viés histórico, nos primórdios da humanidade o estupro já podia ser


notado de diversas formas, na Idade Média era comum a prática do crime para dominação de
povos e reprodução da espécie, outro motivo que ainda é bastante vivo nos dias atuais é a
prática do estupro para a satisfação sexual. No entanto, o prazer sexual deve respeitar os
limites da vontade alheia, ou seja, o direito individual de liberdade de escolha, haja vista que
na ausência de consentimento para a prática do ato sexual, fica evidentemente caracterizado o
crime de estupro.

Os primeiros sinais na história do estupro tipificado como crime podem ser notados no
ordenamento jurídico brasileiro a partir do ano de 1830, através do Código Criminal do
Império, que qualificava como crime de estupro variadas condutas distintas perpetradas contra
a mulher. Apesar de comandar um conceito amplo do crime em questão, a tutela na época
apenas alcançava mulheres virgens e “honestas”, as vítimas tratadas como prostitutas por sua
vez eram consideradas causas de diminuição de pena, e o casamento, causa extintiva de
punibilidade11.

10
COSTA JR., Paulo José. Curso de Direito Penal Parte Especial (Dos Crimes contra os costumes a Dos
crimes contra a Administração Pública). 2ed. São Paulo: Saraiva, 1992.
11
LIMA, Daniel. Estupro e gênero: evolução histórica e perspectivas futuras do tipo penal no Brasil. Canal
Ciências Criminais, 2018. Disponível em: https://canalcienciascriminais.com.br/estupro-genero-brasil/. Acesso
em: 19/06/2021.
5

Sessenta anos mais tarde, a República Federativa do Brasil introduziu em seu Código
Penal a proteção da honra e da família, característica norteadora para a qualificação do ato
ilícito que permitiu o reconhecimento da possibilidade de estupro da mulher casada pelo seu
próprio marido. Agora o estupro estaria estritamente vinculado ao conceito de honra e o
estuprador, ao praticar o crime, feria, antes de qualquer coisa, a honra da família. No entanto,
o código manteve a causa de diminuição de pena para o estupro praticado contra a mulher que
praticava prostituição.

Com as mudanças sociais ocorridas a partir da década de 40, como as conquistas


salariais femininas e taxas maiores de alfabetização desse mesmo grupo, somadas a força da
revolução feminina e suas lutas diárias por igualdade, o ordenamento jurídico precisou e ainda
precisa se reinventar. Contudo, à medida que as mulheres alcançam espaços na sociedade e
conquistam direitos, surge também o ônus das responsabilidades. Nessa linha, o então Código
Penal, Decreto-Lei n. 2848 de 1940, em vigor, de forma justa e necessária estendeu a cautela
do livre arbítrio sexual a figura masculina, agora, homem e mulher podem escolher quanto a
sua vida sexual. Nesse sentido preceitua Bitencourt:

O bem jurídico protegido, a partir da redação determinada pela Lei n.


12.015/2009, é a liberdade sexual da mulher e do homem, ou seja, a
faculdade que ambos têm de escolher livremente seus parceiros sexuais,
podendo recusar inclusive o próprio cônjuge, se assim o desejarem. Na
realidade, também nos crimes sexuais, especialmente naqueles praticados
sem o consenso da vítima, o bem jurídico protegido continua sendo a
liberdade individual, na sua expressão mais elementar: a intimidade e a
privacidade, que são aspectos da liberdade individual; estas últimas assumem
dimensão superior quando se trata da liberdade sexual, atingindo sua
plenitude quando se trata da inviolabilidade carnal, que deve ser respeitada
inclusive pelo próprio cônjuge que, a nosso juízo, também pode ser sujeito
ativo do crime de estupro12.

Cita-se também a harmonia entre princípio e lei com essa alteração normativa. O Código
Penal ao amparar a dignidade sexual como um bem jurídico torna-se harmônico com o
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, nos moldes do art. 1º, inciso III, da
Constituição da República Federativa do Brasil. Assim, toda e qualquer pessoa possui o
direito de exigir por respeito quanto a sua vida sexual, bem como, tem o dever de honrar as

12
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: Parte Especial: dos crimes contra a dignidade
sexual até dos crimes contra a fé pública. 6. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 4.
6

opções sexuais alheias e, de tal maneira o Estado tem por obrigação asseverar os devidos
meios13.

Resumidamente, temos que com a entrada em vigor da Lei n. 12.015/2009, a conduta


da mulher que pratica o crime de estupro passou a ser tipificada, ocupando um espaço antes
tomado apenas por homens; com isso o texto do Código Penal alterou a expressão
“constranger mulher” pela expressão “constranger alguém”. Vejamos o comparativo abaixo.

Antes da alteração legislativa de 2009:

Art. 213. Constranger mulher a conjunção carnal mediante violência ou grave


ameaça.

Após a redação dada pela Lei n. 12.015, de 2009:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso14.

Em contrapartida a essa alteração da primeira parte do dispositivo, que recebeu


grandes elogios da doutrina, a parte final do artigo que acrescenta os atos libidinosos em sua
redação, não foi muito bem aceita pelos críticos.

Com o advento da nova lei, o artigo 214 do Código Penal foi revogado e a nova
redação do artigo 213 acrescentou os atos libidinosos em sua redação, assim, as condutas
caracterizadoras do atentado violento ao pudor no tipo penal relativo ao estupro e a conjunção
carnal propriamente dita, passaram a compor um único crime de ação múltipla. Tal mudança
é vista pela doutrina que se opôs, como uma maneira de incentivar o crime de estupro, uma
vez que a prática de um ou vários núcleos do tipo ensejará em apenas um crime.

Em outras palavras, com a junção do estupro ao crime de atentado violento ao pudor,


que era previsto no revogado artigo 214 do Código Penal, o delito de estupro passou a ser um
crime único, no qual a prática de um ou mais núcleos do tipo configura apenas um único
delito. Assim, não importa se o indivíduo pratica apenas a conjunção carnal propriamente dita
ou a conjunção carnal junto com o coito anal e o sexo oral, pois, em quaisquer das situações, o

13
MATOS, Rayanne Kesley Bueno. O homem como vítima no crime de estupro e sua responsabilização
frente a uma gravidez indesejada. Âmbito Jurídico, 2017. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-165/o-homem-como-vitima-no-crime-de-estupro-e-sua-
responsabilizacao-frente-a-uma-gravidez-indesejada/. Acesso em: 31/07/2021.
14
Artigo 213, caput, Decreto-Lei 2.848/1940. Op. Cit.
7

agente delituoso estará incorrendo em crime único, desde que as práticas se deem em um
mesmo contexto, não havendo o que se falar, portanto, em concurso material de crimes 15.

Conforme Nucci (2015), a referida alteração promovida pela Lei n.12.015/2009 é


considerada positiva, tendo em vista que não fazia sentido algum distinguir a conjunção
carnal dos outros atos libidinosos configuradores do antigo atentado violento ao pudor, pois
servia apenas para impedir a possibilidade de reconhecimento da continuidade delitiva nos
casos em que o sujeito ativo, em um mesmo contexto, praticasse mais de um ato sexual contra
a vítima16.

Nesse ínterim, a alteração promovida no Código Penal, tornou quaisquer atos


libidinosos perpetrados contra “alguém” mediante violência ou grave ameaça, configuradores
do crime de estupro. Ou seja, o agente que pratica um ato libidinoso diverso da conjunção
carnal, incorre no crime de estupro, independentemente da gravidade do ato praticado,
bastando apenas que estejam presentes os requisitos da violência ou grave ameaça.

Não é difícil notar que a questão da idade da vítima nesses casos apresenta grande
influência quando mulher é a estupradora, afinal na maioria das vezes a oportunidade para
essas criminosas é maior quando a vítima a vítima é menor e incapaz, alienada ou débil
mental, ou seja, frágil o suficiente para oferecer resistência o ato criminoso. A título de
exemplo, cenários perfeitos para a prática de atos libidinosos podem ser vistos em escolas de
ensino infantil, ou até mesmo dentro do próprio lar da vítima, seja por parentes ou por alguma
babá.

É interessante destacar que notamos que a nova redação dada ao dispositivo do crime
de estupro não caracteriza propriamente uma novidade no meio jurídico, mas uma nova
interpretação da palavra estupro, que antigamente era aplicada de forma indistinta e ampla.
No mesmo raciocínio, Vigarello (1998, p. 95), nos mostra que em relação à evolução histórica
do crime de estupro, a criminalização dos atentados à liberdade sexual iniciou-se reduzida ao
ato libidinoso específico da “conjunção carnal”, havendo uma lacuna quanto a outras
condutas, deixando em aberto a tipicidade de “um número indefinido de sevícias sexuais”17.

15
LIMA, Daniel. Op. Cit.
16
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 15. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense,
2015.
17
VIGARELLO, Georges. História do Estupro. Trad. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, p. 95.
8

E à frente da nova interpretação legislativa brasileira, estavam os franceses, que no


início do século XIX retomaram a definição ampla de “estupro”, abrangendo outros atos
libidinosos diversos da “conjunção carnal”, em seu Código Penal de 1810.

Percebe-se, portanto, que a unificação das condutas de conjunção carnal e ato


libidinoso não constitui “novidade” no mundo jurídico, mas sim uma nova interpretação de
acordo com a opção legislativa e até mesmo com o momento político e os costumes de cada
país.

3. ABORTO SENTIMENTAL E A GRAVIDEZ COMO CAUSA DE AUMENTO


DE PENA E A HIPÓTESE DE SUA APLICAÇÃO À INFRATORA

Partindo-se do que já foi apresentado neste artigo, pretende-se abordar


especificamente duas circunstâncias relevantes do estupro praticado pela mulher que tem
como resultado a gravidez indesejada; a primeira é a possibilidade ou não da interrupção da
gravidez, de acordo com o disposto no artigo 128, II, do Código Penal e, a segunda, a
consequente aplicabilidade das causas de aumento de pena ensejadas por esse resultado, nos
termos do artigo 234 -A, III, do Código Penal.

É válido explicar para uma melhor compreensão do tema, partindo-se de um


posicionamento científico, como que o homem vítima do estupro, contra a própria vontade,
pode engravidar a autora do crime.

Muitos pensam que os desejos carnais ditam as regras da fisiologia do corpo humano.
Por esse pensamento, é que a maioria ainda acha que não é possível que um homem ejacule,
sem estar com desejo, de tal forma, desacreditam na figura da vítima de estupro masculina.

Nesse sentido, a medicina legal explica:

A ereção e ejaculação não permanecem, essencialmente, vinculadas ao


deleite. Ainda em ocasiões de tensão, com alta carga de temor, é plausível ao
homem atingi-las, sendo admissível a hipótese de o homem coagido atingir
uma ereção, bem como, ejaculação18.

Existem ainda os casos comprovados de determinados tipos de parafilias ou


transtornos sexuais que comprovam maneiras de o homem apresentar uma ereção originária

18
MATOS, Rayanne Kesley Bueno. Op. Cit.
9

desses distúrbios, contra a sua real vontade. Atos de enforcamento também, por exemplo,
quando aplicados são capazes de provocar a ereção do pênis e até mesmo a ejaculação. É
nesse sentido a fala do autor Hélio Gomes (1997), “Alguns enforcados ejaculam ou
manifestam um pênis ereto, não sendo de grande valia alegar que tenha acontecido o orgasmo,
sendo esse fenômeno um reflexo”19.

Pelo breve exposto, temos que não é uma regra fiel de que a ereção abrange desejo,
anseio pelo ato sexual ou vontade de tê-la. A função erétil é um conjunto de fatores, os quais
são arteriais, psicológicos, hormonais, neurológicos e venosos, logo, torna-se viável a ereção
do homem, mesmo quando agredido ou constrangido, e por seguinte, acuado a concretizar a
conjunção carnal, assim, consumando o crime de estupro tendo como vítima o sujeito do sexo
masculino.

Assim, por exemplo, uma mulher pode obrigar um homem a ingerir um medicamento
capaz de provocar uma ereção involuntária e, dessa forma, manter relações sexuais com ele
satisfazendo a sua lascívia, aumentando a possibilidade de uma gravidez fruto do ato
praticado.

Ainda que não tenhamos ciência de muitas ocorrências conhecidas de estupros contra
o homem, é perfeitamente possível de ocorrer o crime em face dele. No entanto, o Código
Penal não avançou no sentido de dar ao homem o direito de escolha de reconhecimento da
criança fruto do crime, o aborto sentimental é escolha única e exclusiva da mulher, se a
gravidez suceder de um estupro, com a prévia aquiescência da gestante ou de seu
representante legal, se incapaz.

Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;


II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal20. (grifo nosso)

O aborto sentimental, também conhecido como humanitário ou ético, considera-se a


não exigência de que a mulher prossiga com uma gravidez e dê à luz a uma criança, fruto de

19
GOMES, Hélio. Medicina legal. 32. ed., rev. e ampl. por equipe coordenada pelo Prof. Huggino de C.
Hercules. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1997.
20
Artigo 128, caput, Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio
de Janeiro, 31 dez. 1940.
10

um abuso sexual extremo, o qual lhe origina imensuráveis detrimentos emocionais e


psíquicos, em sua maioria irreparáveis, bem mais do que as oportunas sequelas anatômicas
concernentes ao episódio.

O legislador, ao editar a Lei nº 12.015/09 que consigo trouxe a possibilidade de o


homem ser vítima no crime de estupro, não tutelou os direitos do mesmo no caso de resultado
gravidez, o que de fato nos impossibilita de interpretar a problemática de forma igualitária ao
homem vitimado. A lei é clara ao dispor que há a necessidade de consentimento da gestante,
ou de seu representante legal para que o aborto possa ser realizado, ou seja, a vítima
masculina não pode solicitar a realização do aborto sentimental, uma vez que até o momento
nenhuma lei lhe resguarda esse direito.

A Constituição Federal, sob essa ótica também garante a proteção à vida do feto, e
retira o direito da mulher que cometeu o estupro de realizar o aborto sentimental, já que não
houve a violação da sua dignidade, não podendo assim ocorrer a inversão de valores.

Explica, Eduardo Luiz Santos Cabette (2010, p. 139):

Não se pode compreender como um capricho criminoso que ensejou um coito


desejado pela mulher poderia dar lugar a outro capricho, agora abrigado pela
lei, em eliminar a vida intrauterina. Isso seria o cúmulo da banalização do
desprezo pela vida humana em sua fase inicial21.

No que diz respeito a majoração da pena em caso de gravidez, as perturbações à vida


da vítima, com prejuízos financeiros e patrimoniais relacionados a pensão alimentícia,
alimentos gravídicos, além dos danos psicológicos da própria criança fruto do abuso, caso
tome conhecimento da circunstância que desencadeou seu nascimento, são fatores que devem
ser considerados no momento de se avaliar a aplicação da causa de aumento do art. 234-A, III,
do Código Penal, na hipótese da autora do crime engravidar no momento da prática ilícita.

Nessa linha, Renato Marcão e Plínio Gentil explanam (2015, p. 447):

O percentual de aumento é adequado e proporcional à ofensa ao bem jurídico


tutelado e às consequências do crime, não sendo demais salientar que
também a pessoa que nascer do estupro carregará consigo, e com profundo

21
CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Crimes contra a dignidade sexual: temas relevantes. Curitiba: Juruá,
2010. p. 139.
11

sofrimento, as razões e circunstâncias de sua concepção e nascimento, o que,


sem sombra de dúvida, constitui fardo consideravelmente pesado22.

Embora não reste dúvidas quanto à aplicação deste dispositivo ao sujeito ativo homem
quando a gestante é a vítima do crime, surgem questões a se discutir quanto à aplicação desta
causa de aumento quando a autora do crime é a própria gestante.

Para que se tenha uma solução dessa problemática, deve o “desvalor do


resultado” ser aferido não com relação às consequências oriundas da gravidez
da mulher estupradora, mas sim com referência ao homem vitimado pela
conduta delitiva23.

Se a majoração da pena se justifica, pelo fato da vítima ter que suportar o ônus do
resultado da agressão, o cenário oposto, em que figura o homem como vítima do estupro, não
poderá haver pensamento contrário, pois como qualquer outra vítima ele enfrenta os prejuízos
da agressão, citados acima.

Deve-se salientar que, mesmo que a gravidez constitua em algo não desejado pela
autora do delito, isso não irá eximir sua responsabilidade pela conduta delitiva e seus
resultados na medida em que atingem mais intensamente a vítima, a qual deverá arcar com o
ônus paternal24.

Portanto, temos que a intenção do legislador ao instituir uma circunstância objetiva,


nesse caso gravidez, como majorante sem fazer distinção quanto à aplicação, é de possibilitar
que a norma alcance todos os sujeitos ativos e passivos do crime, consequentemente evitando
desigualdades de gênero.

Como conclusão, a norma do artigo 234-A, III, do Código Penal, independentemente


do gênero do sujeito ativo do crime de estupro, deve incidir sem qualquer distinção quanto ao
sexo.

22
MARCÃO, Renato; GENTIL, Plínio. Crimes contra a dignidade sexual: Comentários ao título VI do
Código Penal. São Paulo: Saraiva, 2ª ed., 2015. p. 447.
23
COSTA, Anderson Pinheiro da. A mulher como sujeito ativo do crime de estupro e as consequências na
esfera cível e penal. Conteúdo Jurídico. 2014. Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.49995&seo=1. Acesso em: 23/08/2021.
24
FERREIRA, André Girão. O delito de estupro (art.213 do código penal): Aspectos relativos à mulher
como sujeito ativo. Disponível em:
https://www.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/monografias/graduacao/3-direito/730-o-delito-deestupro-art-
213-do-codigo-penal-aspectos-relativos-a-mulher-como-sujeito-ativo. Acesso em: 23/08/2021.
12

4. A TUTELA CÍVEL DA PATERNIDADE INDESEJADA DA VÍTIMA

Nesse caminhar, após verificarmos que a mulher pode figurar como sujeito ativo do
crime de estupro, e em razão da sua própria conduta delituosa, pode engravidar da vítima, faz-
se necessário tratar das consequências desse resultado nas esferas jurídicas e analisar dois
importantes princípios: o princípio da dignidade da vida do infante, envolvendo o direito aos
alimentos, sucessões, registro, sobrenome dos genitores, guarda, visita, dentre outros e, em
contrapartida, o princípio da proteção da integridade física e psíquica da vítima.

Nesse sentido, Humberto Bergmann Ávila (2004, p. 30) explica que deve ocorrer à
ponderação aos princípios fundamentais conflitantes, para ver quais os quesitos devam
prevalecer sob o outro25. Ressalta-se que, esta ocorrência não afirma a retirada do direito
fundamental de uma pessoa, para acrescentar ao outro, e sim, ponderar o mais relevante para a
garantia da dignidade da pessoa humana.

Tal linha de raciocínio dividiu a doutrina; diante da obrigação civil de reconhecimento


de paternidade e a impossibilidade da vítima exigir o aborto, a maioria doutrinária defende
que o direito a vida da criança, direitos sucessórios e alimentícios, devem sobrepor o direito
de proteção da integridade física e psíquica da vítima.

Para ilustrar, Aline Marques Marino e Cabette (2012), in verbis:

A prestação alimentícia é essencial porque objetiva o sustento e,


consequentemente, garante a vida, direito preponderante, em detrimento da
integridade física e psíquica do homem-vitima, pois, o direito aos alimentos
advém da filiação (art.1.696 do Código Civil)26.

De outra banda, alguns autores entendem que apoiar o direito do homem de assumir
ou não a paternidade, não caracteriza o menosprezo dos interesses da prole, mas evita que
uma relação de paternidade forçada produza prejuízos aos envolvidos, pois o vínculo entre
pais e filhos diz respeito a fatores como amor, afeto, atenção e educação.

Sendo assim, cabe colacionar a colaboração de Paulo Lôbo (2011, p. 228), ao defender
que o homem estuprado não deve ser responsabilizado pela vida da criança fruto do crime,
haja vista que a certeza absoluta da genética não é suficiente para fundamentar uma filiação,

25
ÁVILA, Humberto Bergmann. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 3
ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 30.
26
MARINO, Aline Marques; CABETTE, Eduardo Luiz Santos. A mulher como sujeito ativo do crime de
estupro: Aspectos doutrinários, possíveis hipóteses médico-legais e consequências nas esferas civil e penal.
Revista Jurídica da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. v. 2. 2012. Disponível em:
http://www.esmp.sp.gov.br/revista_esmp/index.php/RJESMPSP/article/viewFile/51/32. Acesso em: 22/08/2021.
13

já que valores afetivos por exemplo, atualmente geram vínculos paternais, como no caso da
filiação socioafetiva que não necessita de vínculo sanguíneo, ou até mesmo a adoção 27.

Sob a mesma linha de raciocínio, Ferreira, discorre no sentido de que deverá haver
uma relativização do direito à paternidade, eximindo a responsabilidade do pai-vítima para
com aquela determinada criança, por ter ocorrido indução à relação sexual 28.

É importante destacar que, conforme contemplado por Maria Berenice Dias (2011, p.
66-67), “[...] em se tratando de crianças e de adolescentes, é atribuído primeiro à família,
depois à sociedade e finalmente ao Estado o dever de garantir com absoluta prioridade os
direitos inerentes aos cidadãos em formação”29. Portanto, não restará desamparado o filho da
estupradora, já que existem outras maneiras de se tutelar seus interesses através do
ordenamento jurídico brasileiro.

Uma solução que pode ser apontada, é o pedido de alimentos a outros parentes
maternos, ou pessoa a ele ligada por elo civil, que possuem o dever de proporcionar-lhe as
condições mínimas de sobrevivência. Quando ausentes condições financeiras dos parentes
maternos para prover com o sustento do menor, deve ser reconhecida a obrigação do Estado
em arcar com a subsistência do menor, a título de benefício social, não devendo ser lesionado
o patrimônio da vítima do crime.

De todo modo, diante da impossibilidade de escusa da responsabilidade civil para com


a criança fruto do estupro, a vítima masculina pode tutelar alguns de seus direitos através do
instrumento processual conhecido como ação civil “Ex Delicto”. De antemão, faz-se por
oportuno trazer à tona o seu conceito, segundo Edilson Mougenot Bonfim (2009, p. 200):

Ação civil Ex Delicto é aquela “proposta no juízo cível pelo ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros para obter a reparação do dano
provocado pela infração penal. Abrange tanto o ressarcimento do dano
patrimonial (dano emergente e lucro cessante) como a reparação do dano
moral30.

Logo, dada a possibilidade de se tutelar os direitos da vítima masculina do estupro por


meio da Ação Civil Ex Delicto, atinge-se um ponto de equilíbrio que, embora não resolva o

27
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: famílias. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 228.
28
FERREIRA, André Girão. Op. Cit.
29
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011. p. 66-67.
30
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 4. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2009. p. 200.
14

problema, serve para reparar danos subsequentes da infração, além de que, evita o sentimento
de desamparo ao indivíduo que sofreu o abuso.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de toda a pesquisa e resultados aqui expostos, constatamos que existe a


possibilidade jurídica da mulher configurar como autora no crime de estupro em decorrência
da Lei 12.015/2009 que modificou o referido delito, tornando-o crime comum.

Após a análise dos aspectos históricos do tipo penal do estupro, elucidadas as suas
consequências no mundo jurídico, expusemos também o caso de gravidez da autora do crime,
com a possibilidade de aplicação da causa de aumento do art. 234-A, III, do Código Penal à
infratora.

Nessas circunstâncias, o nosso artigo abordou a possibilidade do pleito pela prática do


aborto sentimental, e caso este não seja o desejo da autora do crime, faz-se necessário
balancear os interesses da criança gerada e os da vítima. Logo, destacamos também a
possibilidade de ocorrer uma relativização do direito à paternidade, sendo o genitor eximindo
de responsabilidade para com a criança, bem como, a tutela dos direitos da vítima de estupro
por meio da Ação Civil Ex Delicto.

Conforme demonstrado, o tema não é tão popular, haja vista que é muito comum casos
de estupro com vítimas femininas, todavia, encontramos uma oportunidade de apresentar o
assunto sob a ótica da igualdade de gênero nesse tipo penal, bem como, de pontuar os direitos
da vítima masculina, uma vez que há poucos casos denunciados ou até mesmo a vítima não
compreende a gravidade da situação e, por vezes, nem mesmo consegue entender que foi
estuprada.
15

REFERÊNCIAS

ÁVILA, Humberto Bergmann. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos


princípios jurídicos. 3 ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 30.

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Paulo: Saraiva, 2012. v. 4.

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200.

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16

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