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EM DIREITO
CASSYANE G. ANDRADE
VIVIANE TAYSSA PEREIRA DA SILVA
MANACAPURU/AM
2023
CASSYANE G. ANDRADE
VIVIANE TAYSSA PEREIRA DA SILVA
MANACAPURU/AM
2023
A IMPORTÂNCIA DO TÍTULO VI DO CÓDIGO PENAL (DOS CRIMES CONTRA
A DIGNIDADE SEXUAL) PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA.
Cassyane G. Andrade
Viviane Tayssa P. da Silva
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O antigo título VI do código penal “ Dos crimes contra os costumes”, tinha como foco
de proteção o comportamento sexual das pessoas perante a sociedade no século XX,
atualmente, já não traduzia a realidade dos bens juridicamente protegidos pelo mesmo, o qual,
tinham como características tópicos que pairavam concepções de autoritarismo e poder e de
padrão insuficiente de repressão aos crimes sexuais, seja por estigmas sociais, pelos valores
preconceituosos as pessoas da época, ou pela desatualização de seus termos e enfoques, o
qual, não atendia as situações reais de violação da liberdade sexual do indivíduo e do
desenvolvimento de sua sexualidade, em especial quando tais crimes são dirigidos contra
crianças e adolescentes, resultando, nesse caso, no descumprimento do mandamento
constitucional contido no art. 227, § 4º, de que " a lei punirá severamente o abuso, a violência
e a exploração sexual da criança e do adolescente". A mesma também não servia para
sancionar o crime contra o estupro, e nem alavancava questões coletivas, com a denominação
de hoje, é abrangido todas as pessoas. Agora, pode-se dizer que o novo título chega mais perto
de estar em consonância com a Constituição Federal de 1988 que traz no seu artigo 1º,
inciso III, a dignidade humana como princípio fundamental da pessoa humana.
Antes, a lei penal não interferia nas relações sexuais normais dos indivíduos, mas
reprimia as condutas anormais consideradas graves que afetassem a moral média da
sociedade. O foco da proteção jurídica foi mudado. Não se tem em vista a moral
média da sociedade, o resguardo dos bons costumes, isto é, o interesse de terceiros,
como bem jurídico mais relevante a ser protegido, mas a tutela da dignidade do
indivíduo, sob o ponto de vista sexual, em consonância com o perfil do Estado
Democrático de Direito. O objeto jurídico recebeu uma nova concepção com a
evolução da sociedade (CAPEZ, 2010, apud JUSBRSIL).
A Lei 12.015/09 trouxe mudanças profundas nas leis relacionadas aos crimes sexuais
no Brasil. Uma das alterações mais significativas foi a integração do crime de atentado
violento ao pudor ao crime de estupro. Anteriormente, o estupro estava restrito ao
constrangimento à prática de relação sexual mediante violência ou ameaça grave, enquanto o
atentado violento ao pudor abrangia outros atos de natureza sexual.
Essa revisão legal buscou simplificar e fortalecer a proteção da dignidade sexual das
vítimas, eliminando a distinção entre esses dois tipos de crimes e removendo a presunção
automática de violência. Além disso, a lei introduziu circunstâncias agravantes, como lesões
graves ou morte da vítima, para impor penas mais severas.
Essas mudanças refletem a harmonização do Código Penal com os princípios da
Constituição Federal de 1988, que enfatiza a importância de proteger a dignidade da pessoa
humana. A reforma também foi uma resposta à triste realidade da exploração sexual de
crianças e adolescentes no Brasil, resultando em uma legislação mais eficaz e em uma
abordagem mais consciente por parte dos legisladores.
Apesar dos debates em torno da lei, é evidente que a sociedade está deixando para trás
a hipocrisia moral e está se tornando mais sensível aos direitos das vítimas, especialmente das
crianças, que frequentemente têm sua infância e inocência roubadas por crimes sexuais. A
dignidade sexual, associada a princípios de decência e respeito, é um valor fundamental, e a
legislação brasileira busca proteger essa dignidade e garantir a justiça para todas as vítimas de
crimes sexuais, independentemente de idade ou gênero.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Título VI do Código Penal Brasileiro, que trata dos Crimes Contra a Dignidade
Sexual, desempenha um papel fundamental na proteção dos direitos fundamentais, na
promoção da igualdade de gênero e na construção de uma sociedade mais justa e respeitosa
em relação à liberdade sexual e à integridade pessoal de todos os cidadãos. Ele não apenas
identifica e pune condutas que ameaçam a dignidade sexual, como estupro, assédio sexual e
exploração sexual, mas também busca prevenir esses crimes.
O Título VI reflete o compromisso do sistema legal em proteger a autonomia,
integridade e liberdade sexual das pessoas, independentemente de características como
gênero, idade ou orientação sexual. Além disso, atua como um meio de conscientização e
educação, estimulando debates e diálogos que contribuem para a transformação cultural e
social em direção a uma sociedade mais respeitosa e igualitária.
Em resumo, o Título VI vai além das leis e regulamentos; ele representa o
compromisso do Brasil em proteger e promover os direitos humanos e a dignidade de todos os
seus cidadãos, contribuindo para a construção de um país mais seguro, justo e respeitoso para
todos.
6. REFERÊNCIAS