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UNIFIPMOC – CENTRO UNIVERSITÁRIO FIPMOC

FACULDADE DE DIREITO

EDUARDO BARBOSA

RESENHA: ARTIGO 5º, INCISOS III, XLII E LXIV

MONTES CLAROS/MG
MARÇO/2023
EDUARDO BARBOSA

RESENHA: ARTIGO 5º, INCISOS III, XLII E LXIV

Trabalho apresentado no
Curso de graduação do
Centro Universitário UnifipMoc.

Orientador: Anne Caroline Veloso de


Almeida

MONTES CLAROS/MG
MARÇO/2023

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BREVE SÍNTESE

No que se concerne, o Artigo 5º da Constituição Federal do Brasil é um dos mais


importantes, pois estabelece os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Ele
assegura a igualdade de todos perante a lei, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade.

Ele é um dos pilares fundamentais para a garantia dos direitos e liberdades básicas
no país. Ele surgiu como resposta às demandas por uma sociedade mais justa e igualitária
após o período de ditadura militar, refletindo o anseio por um estado democrático de direito.

A elaboração deste artigo foi fruto de intensos debates e reflexões sobre como
proteger os cidadãos contra abusos e garantir a igualdade perante a lei. Sua aplicação se
dá através do poder judiciário, que interpreta e assegura os direitos ali consagrados em
casos concretos, e também pelo poder legislativo, que cria leis alinhadas aos princípios
estabelecidos.

Os muitos incisos do Artigo 5º existem para detalhar as diversas facetas dos direitos
humanos e fundamentais, abrangendo desde a liberdade de expressão até a proibição de
tratamento desumano ou degradante, assegurando assim uma proteção ampla e específica
para diferentes situações.

ARTIGO 5º, INCISO III DA CF/88

O Artigo 5º, Inciso III da Constituição Federal de 1988 do Brasil diz que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;

Este inciso é fundamental para a proteção dos direitos humanos e a dignidade da


pessoa humana, pois, ele proíbe explicitamente a prática de tortura e qualquer forma de
tratamento desumano ou degradante, independentemente da nacionalidade da pessoa, ou
seja, tanto os brasileiros quanto qualquer individuo não nacional que esteja dentro dos
limites territoriais do Brasil estão protegidos por esta cláusula.

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A proibição da tortura é tão fundamental que é considerada uma cláusula pétrea de
nossa Constituição, o que significa que nem mesmo uma reforma constitucional pode tornar
permitida a prática de tortura.

No Brasil, a aplicação deste inciso é reforçada pela Lei nº 9.455/97, que tipifica o crime
de tortura e estabelece que ele não se qualifica como delito de natureza castrense, estando
sob a competência penal da Justiça comum seja federal ou local. A importância dessa
Legislação é destacada pela sua contribuição histórica, já que o Brasil foi um dos últimos
países a formalizar a tipificação penal da tortura, seguindo movimentos e convenções
internacionais de Direitos Humanos.

Além disso, a Constituição de 1988 também considera a prática da tortura como um


crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, conforme estabelecido no inciso XLIII
do Artigo 5º.

Cesare Beccaria, filósofo e jurista italiano do séc. XVIII, em sua obra “Dos Delitos e
Das Penas”, argumenta que a tortura é uma prática inútil, ineficaz e desumana. Ele defende
que as punições devem ser proporcionais ao crime e que a pena de morte e a tortura não
têm lugar em uma sociedade civilizada, pois são contrárias aos princípios da razão e da
justiça.

A visão de Beccaria sobre a tortura reflete a importância da dignidade humana e da


justiça racional, princípios esses que são ecoados neste inciso III do artigo 5º da CF/88, à
guisa de exemplo, não faz sentido torturar um individuo de forma que ele confesse algo,
pois, devido ao sofrimento, mesmo ele não sendo culpado ele pode vir a confessar devido
as dores sofridas.

Portanto, o Inciso III do Artigo 5º da CF/88 é uma garantia essencial dos direitos
humanos no Brasil, reforçando o compromisso do país com a proteção da dignidade da
pessoa humana e a proibição de práticas cruéis e desumanas.

ARTIGO 5º, INCISO XLII DA CF/88

O Artigo 5º, Inciso XLII da Constituição Federal de 1988 do Brasil diz que:

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,


sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

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Este inciso supracitado, surgiu como uma resposta à necessidade de combater o
racismo de forma mais efetiva no país. Antes da Constituição de 1988, a punição para atos
de racismo já estava prevista na Constituição Federal de 1967 e na Emenda Constitucional
de Nº 1/1969, mas não como crime. A CF/88 foi a primeira a tratar expressamente o
racismo como crime, refletindo um compromisso mais forte com a proteção dos direitos
fundamentais da sociedade.

Na CF/67, o racismo era tratado de maneira menos específica, pois ela previa que o
preconceito de raça seria punido pela lei, o que indicava uma intenção de punir o racismo,
mas não o definia expressamente como crime, ou seja, poderia ser considerado um ilícito
civil ou penal dependendo da Legislação infraconstitucional que fosse criada
posteriormente.

A mudança no tratamento do racismo da CF/67 para a CF/68 reflete um avanço


significativo na proteção dos direitos humanos e na luta contra a discriminação racial no
Brasil. Durante o período entre as duas Constituições, houve um crescente reconhecimento
da necessidade de medidas mais rigorosas para combater o racismo e promover a
igualdade racial.

A CF/88 foi elaborada em um contexto de redemocratização do país, após um longo


período de regime militar. Esse novo contexto político e social favoreceu a inclusão de
direitos fundamentais mais abrangentes, além disso, a CF/88 foi influenciada por
movimentos sociais, incluindo o movimento negro, que lutavam por direitos civis e pela
superação das desigualdades raciais. Esses movimentos tiveram um papel importante na
inclusão do Inciso XLII no Artigo 5º, que estabelece o racismo como crime inafiançável e
imprescritível.

O movimento negro teve um impacto significativo no inciso XLII do Artigo 5º da


Constituição Federal de 88, que criminalizava o racismo, devido ao seu papel ativo na luta
pelos direitos civis e pela igualdade racial no Brasil. Durante o processo de
redemocratização do país e a elaboração da nova CF, o movimento negro foi fundamental
para trazer à tona as questões de discriminação racial e a necessidade de medidas legais
mais rigorosas para combatê-las.

O inciso XLII reflete a influência desses movimentos sociais, que pressionaram por
uma legislação que garantisse proteção efetiva contra o racismo. A criminalização do

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racismo como crime inafiançável e imprescritível foi uma conquista direta dessa
mobilização, visando assegurar que a prática racista fosse severamente punida e não
ficasse impune com o passar do tempo.

Além disso, o movimento negro contribuiu para a conscientização sobre a importância


da igualdade material e da tutela das diferenças, buscando a igualdade real através do
tratamento diferenciado de pessoas em situações distintas, com o objetivo de reduzir a
desigualdade racial.

Assim, o inciso está diretamente vinculado ao direito à igualdade material e representa


um marco na legislação brasileira, reforçando o compromisso do país com a justiça social
e dignidade humana.

Portanto, a mudança reflete um compromisso mais forte com a igualdade e a justiça


social, além de uma resposta às demandas da sociedade civil por um combate mais eficaz
ao racismo e à discriminação racial.

ARTIGO 5º, INCISO LXIV DA CF/88

O Artigo 5º, Inciso LXIV da Constituição Federal de 1988 do Brasil diz que:

LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial;

A origem do Inciso LXIV do Art. 5º da CF/88, que assegura ao preso o direito à


identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial, remonta à
primeira Constituição do Brasil, promulgada em 1824, durante o Império. Este direito foi
estabelecido para garantir a ampla defesa, a dignidade da pessoa humana e, se for o caso,
a liberdade. Ele serve como uma proteção contra abusos de autoridade, permitindo que o
preso possa questionar a competência e as ações da autoridade responsável pela prisão.

Além disso, essa garantia visa prevenir prisões arbitrárias e autoritárias, assegurando
que o interrogatório e a prisão respeitem os preceitos legais e os princípios fundamentais
dos direitos humanos. A identificação dos responsáveis é uma medida importante para a
transparência e o controle dos atos estatais que afetam a liberdade individual.

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Na prática, esse inciso é aplicado através da garantia de que, no momento da prisão,
o indivíduo seja imediatamente informado sobre as razões de sua detenção e sobre seus
direitos constitucionais.

Além disso, deve-se comunicar imediatamente a família do detido ou pessoa por ele
indicada. Este inciso é um dos pilares do direito à ampla defesa e ao contraditório,
assegurando que o acusado possa se defender adequadamente das acusações que lhe
são imputadas.

O princípio da ampla defesa assegura que ao acusado seja concedido o direito de


utilizar todos os meios legais disponíveis para sua defesa, incluindo o direito de ser assistido
por advogado, de produzir provas e de requerer a presença de testemunhas. Já o princípio
do contraditório estabelece que ambas as partes envolvidas em um processo devem ter a
oportunidade de se manifestar, contestar e oferecer elementos antes que seja tomada
qualquer decisão judicial.

Isso significa que nenhuma das partes pode ser surpreendida por uma decisão sem
antes ter a chance de se expressar e influenciar o resultado do processo. Esses princípios
são pilares para a justiça equitativa e para a preservação dos direitos individuais no âmbito
jurídico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://al.se.leg.br/artigo-5o-da-constituicao-federal-de-1988-rege-alguns-de-seus-direitos-
saiba-quais-

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sao/#:~:text=%E2%80%9CTodos%20s%C3%A3o%20iguais%20perante%20a,Federativa
%20do%20Brasil%20de%201988

https://constituicao.stf.jus.br/dispositivo/cf-88-parte-1-titulo-2-capitulo-1-artigo-5

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729169/inciso-xlii-do-artigo-5-da-constituicao-
federal-de-1988

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730955/inciso-iii-do-artigo-5-da-constituicao-
federal-de-1988

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