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Direito Processual Civil IV

(conforme o Novo CPC)


Professor: Marcio Pessoa
Aula 4:
Unidade III – O Processo nos Tribunais

1. O duplo grau de jurisdição


2. Dinâmica dos Tribunais
2.1 Rito
2.2 Processamento
3. Diretrizes do CPC
O Processo no Tribunal
O duplo grau de jurisdição:

- Por razões de política judiciária, os


processos são submetidos a uma segunda
apreciação (por juízes mais experientes)

 voluntária (ex: apelação e agravo de inst.)


 necessária (ex: reexame necessário)

- Existem causas que não são submetidas aos


juízes de primeiro grau, pois são de
competência originária dos Tribunal.
OBS: Nesse caso, não há duplo grau de
jurisdição, mas podem desafiar o
extraordinário e o especial

OBS: Há previsão excepcional de recurso


ordinário para o STF, quando ocorrer
denegação de MS, HD, e MI (art. 102, II, a
da CF/88).

O funcionamento dos Tribunais:

- Os juízes são órgãos singulares


- Os Tribunais são órgãos colegiados (nem
sempre decidem na totalidade de membros)
OBS: Na prática, divide-se o trabalho em
Câmaras Cíveis ou Criminais, que por sua vez
subdividem-se em isoladas ou reunidas.

- O pleno é a reunião completa dos


membros do Tribunal
- A competência desses órgãos está no R.I
- Algumas decisões são delegadas ao
Relator (art. 932 NCPC), porém sempre
passível de agravo interno (art. 1.021)
- Tanto o pleno quanto as Câmaras tem seu
Presidente, que conduzirá os trabalhos da
sessão de julgamento
- Durante o trâmite, elege-se um Relator
para direção do feito. (art. 931 NCPC)
OBS: O Presidente coordena a sessão de
julgamento. O Relator coordena a condução
do processo (são funções distintas)

- O relator tem função de gestão e de decisão


(art. 932 NCPC). Entre as funções mais
importantes:
a) Apreciar o pedido de tutela provisória (II)
b) Não conhecer do recurso inadmissível,
prejudicado ou mal fundamentado (III)
c) Negar seguimento a recurso contrário a
jurisprudência, súmula ou precedente (iv)
d) Dar provimento a recurso, quando a
decisão estiver contrária a jurisprudência,
súmula ou precedente
e) Decidir o incidente de desconsideração de
personalidade jurídica em casos de
competência originária do Tribunal

f) Intimar as partes no caso de ocorrência de


fato superveniente ou questão de ofício (art.
933)

g) Intimar as partes para sanarem vícios


sanáveis (par. único do art.932) (NOVIDADE
EXCELENTE)

h) Produzir provas (938, §3º  nas instâncias


ordinárias). (já existia no antigo CPC)
Rito do processamento e julgamento de
causas no Tribunal

1.Distribuído (pode ser descent. em primeiro


grau. Não precisa ir na sede do Tribunal)

2.Prevenção: O relator sorteado p/ o primeiro


recurso fica prevento p/ os demais por
conexão.

OBS: O relator que conceder o efeito


suspensivo a apelação no período entre a
interposição em 1º grau e a distribuição em
2º grau (art. 1.012, §3º).
3. Relatório e voto (do relator): volta p secretaria

4. Designação de dia p/ julgamento: mínimo de


cinco dias entre a publicação da pauta e a sessão
de julgamento.

5. Ordem de julgamento: NCPC trouxe uma


ordem de preferência no art. 936.

OBS: o Agravo de Instrumento será julgado


sempre antes da apelação interposta no mesmo
processo (art. 946)

6. Sustentação Oral: 15 min. Pode haver


antecipação de pauta do orador
OBS: Agora cabe no Agravo de Instrumento
contra decisão de tutela provisória ou evidência
(incisivo VIII)

OBSII: Não haverá E.D, Agravo Interno e Agravo


de instrumento, salvo as exceções legais, por
exemplo a do 937,§3º.

OBSIII: Não há direito a adiamento p/


julgamento com preferência na sessão seguinte
(como uns alegavam no CPC antigo), mas na
mesma sessão.

OBSIV: É possível a sustentação oral por vídeo-


conferência (937,§4º)
7. Julgamento do colegiado

- Voto dos desembargadores da Turma


- Apelação e Agravo de Inst. são tomados
apenas por 3 juízes, ainda que a Câmara ou
a Turma tenha mais juízes (art. 941 §2º)
- Primeiro se decide as causas preliminares
(questões prévias e formais) ou prejudiciais
(prévias ao mérito) e depois o mérito

FLUXOGRAMA:
LEITURA DO RELATÓRIO  SUSTENTAÇÃO
ORAL  VOTO DO RELATOR  JULGAMENTO
8. Pedido de vistas: Juiz que quiser se
aprofundar mais sobre o tema pode pedir
vistas por até dez dias (art. 940 §1º)

OBS: Apenas quem tem direito a voto!!


OBS: Se o juiz demorar muito, convoca-se
um substituto (art. 940, §2º)

9. Retratação do voto: O juiz pode alterar o


voto a qualquer momento antes de findo o
julgamento (941§1º)

OBS: Não poderá votar o substituto de juiz


afastado (e/ou aposentado) ou substituído
9. Resultado do julgamento

- Proferidos os votos, o presidente anuncia o


julgamento, devendo o acórdão ser
redigido pelo RELATOR.
- Se o voto do relator for vencido, designa o
autor do primeiro voto vencedor para
redigir o acórdão (REDATOR).
- Normalmente, o voto da maioria relativa no
mesmo sentido define a questão (no caso
de inconstitucionalidade, a CF/88 exige
maioria absoluta).
- O desembargador vencido nas preliminares
não fica isento de julgar o mérito.
10. Relevância do voto vencido (art. 941§3º)

- O voto vencido passou a ser parte


integrante do acórdão, inclusive para
prequestionamento (NOVIDADE DO CPC)

11. Julgamento não unânime de apelação e


outros casos (Ação rescisória e Agravo de
Instrumento) (antigos embargos infringentes)

- O CPC/73 previa os embargos infringentes p/


reformar certas decisões não unânimes,
endereçado a órgão fracionário maior do
próprio Tribunal. (o NCPC acabou com isso!)
- Agora, em caso de julgamento não unânime,
o julgamento não se encerrará com os votos
dos 3 julgadores iniciais. Deverá ter outra
sessão p/ ser colhido votos de outros
julgadores em número suficiente para a
inversão do resultado inicial (art. 942)
- Sendo possível, ocorrerá na mesma sessão
(art. 942, §1º)

OBS: Não se aplica esse procedimento: “i” em


julgamentos proferidos pelo plenário nem pelos
órgãos especiais; “ii” remessa necessária; “iii”
julgamento de IRDR e incidente de assunção
de competência.
12. Acórdão e publicação

- Todo acórdão terá que ter ementa (943


§1º), que será redigida com cuidado
técnico, sendo fator importante para a
técnica de valorização do precedente.

- Haverá publicação (art. 943§2º), onde as


partes considerarão intimadas da
publicação e delas contará o prazo p
eventual recurso.

- O NCPC prevê a publicação e assinatura de


atos eletronicamente (art. 943)
OBS: Não publicado em 30 dias, publicar-
se-á as notas taquigráficas (art. 944),
mesmo que não revistas

13. Possibilidade de julgamento eletrônico:


para causas onde não há sustentação oral
(art. 945) (REVOGADO PELA Lei 13.256)

- Fica a critério do órgão julgador


- As partes podem discordar do julgamento,
ainda que sem motivo por meio eletrônico,
caso que seguirá presencialmente
- Se houver divergência entre os julgadores,
também será presencialmente
Diretrizes do NCPC:

- Antes do NCPC, a jurisprudência dos


Tribunais era extremamente divergente.
Ex: Turmas do STJ.
- Ocorria também frequentes mudanças de
entendimentos repentinamente,
causando insegurança jurídica aos
jurisdicionados.
- O legislador do NCPC firmou diretrizes
(ordens) para os Tribunais uniformizar
sua jurisprudência, visando deixá-la
estável, íntegra e coerente (art. 926).
OBS: Apesar de óbvio, era necessário!
- Há várias técnicas novas visando tal
finalidade (IRDR) e o aprimoramento de
técnicas antigas (sistema de recursos
repetitivos)
- Tais mudanças são fundamentais para o
funcionamento do sistema de
precedentes

OBS: Isso não significa que a jurisprudência


seja IMUTÁVEL, mas se deve ter critérios
para alterá-la (grave erro, obsolência, etc.)

OBS: Integridade e coerência partem das


ideias de Dworkin, mas são coisas distintas.

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