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Direito Processual Civil IV

(conforme o Novo CPC)


Professor: Marcio Pessoa
Aula 2:
Unidade II: Teoria dos Precedente Judiciais
1. Conceitos
2. Desenvolvimento
2.1 A família do civil law
2.2 A famíia do common law
2.3 Stare decisis
3. A classificação brasileira
3.1 Primeira análise sobre a situação das
súmulas vinculantes
Precedentes Judiciais:

Conceito: É a utilização da técnica de


precedentes no ambiente de produção da
decisão judicial.

 Karl Larenz: “resoluções em que a mesma


questão jurídica, sobre a qual há que decidir
novamente, já foi resolvida por um tribunal
noutro caso”.
 Mauro Viveiros: “uma decisão judicial que
servirá como parâmetro nos posteriores
julgamentos de casos análogos sempre que
tenha certa capacidade de adaptação ao futuro”
Desenvolvimento dos precedentes
judiciais:

- Os comparativistas aceitam, com relativo


consenso, que os precedentes judiciais são
utilizados - em ambas – das mais
importantes escolas de pensamento jurídico
contemporânea:

 civil law (escola romano-germânica)

 common law (escola anglo-saxã)


- A doutrina diverge, porém, quanto a forma
de utilização em cada corrente.
- A família do civil law:

- Retrospecto histórico: Revolução Francesa


(queda da monarquia absolutista, aristocracia
feudal e juízes a eles vinculados)
- Fundamento: retira o poder do soberano e
transfere ao parlamento, que cria a lei.
Cabe a um judiciário independente julgar
conforme a lei, interpretando-a
literalmente (modelo de Montesquieu de
separação dos poderes)
- Principal fonte do direito: a LEI
- Ideologia: liberal
- Outras Características: método dedutivo
(do abstrato para o caso concreto) /
pensamento teórico / dogmático (lei) /
direito codificado (público e privado) /
racionalismo / sistema fechado

- O juiz era tido como “boca da lei”, (juiz


não interpretava a lei). Se houvesse
dúvida, omissão ou contradição, socorria-
se ao Legislativo.
- A decisão desconforme seria levada a
Corte de Cassação Francesa (inicialmente,
não ligada ao Judiciário. Depois, sim.)
- Família do common law

- Retrospecto histórico: Inglaterra


- Fundamento: Não houve ruptura entre
judiciário e legislativo (lutavam juntos
contra o monarca). Houve uma evolução
gradativa
- Principal fonte do direito: jurisprudência
- Ideologia: Não há, é um direito técnico.
- Outras características: : método indutivo /
pensamento prático / anti-dogmático /
direito não sistematizado / empirista
(valoriza a experiência histórica) / sistema
aberto (recebe influência dos costumes).
Tem leis (statue law), porém em 2º plano.
- Há duas teorias sobre a natureza da
função jurisdicional no common law:

 Teoria Declaratória (Willian Blackstone):


acreditava que o juiz declarava um direito
preexistente (costumes gerais,
particulares, regras máximas estabelecidas
e precedentes anteriores=natural)

 Teoria Constitutiva (Jeremy Bentham e


John Austin): acreditavam que os juízes
tinha autoridade para criar o direito, logo,
este não era “descoberto” pelos juízes e
sim produzido pelos juízes.
OBS: Essa discussão perdeu valor no
passado, pois ambas curvaram-se ao
respeito aos precedentes e reconheceram
que se o caso anterior estiver errado, tem
que ser refeito. Recentemente, Herbert Hart
(constitutiva) e Ronald Dworkin
(declaratória) reacenderam o debate, este
último, como pós-positivista, com uma
visão interpretativista do common law.
- Stare decisis (stare decisis et non quieta
movere): Significa "ficar com as coisas
decididas“, em tradução literal. Ou seja, é a
doutrina que confere autoridade vinculante
(binding authority) aos precedentes do
cortes superiores em relação as cortes
inferiores. Atualmente, a teoria é mitigada,
aceitando-se a força persuasiva de tais
precedentes (persuasive authority).

OBS: É uma característica forte do common


law, porém recente e com ele não se confunde.
Ou seja: STARE DECISIS NÃO É SINÔNIMO DE
COMMON LAW.
OBS: Tradicionalmente, o Brasil é classificado
como integrante da família do “civil law”.
Porém, nas últimas décadas, alguns institutos
do common law passaram a ser introduzidos
no ordenamento brasileiro, levando muitos
autores a falar que o nosso sistema é misto.
Exemplos:
”i” controle difuso de constitucionalidade,
“ii” a tutela de direitos supra individuais,
“iii” a cláusula geral do devido processo legal
“iv” a evolução do direito jurisprudencial
(principal)
- O Brasil adotou um controle de
constitucionalidade misto: concentrado
(modelo do civil law) e difuso (modelo
common law).

- O STF vinha, paradoxalmente, conferindo


efeitos diferentes para suas decisões
proferidas em sede controle concentrado
(vinculantes) e difuso (nem sempre
vinculantes)

- Porém, as mudanças recentes da


legislação estão fazendo aproximando os
efeitos das decisões. Ver: Recl. 2986.
OBS: Nesse cenário, pode-se perguntar: as
súmulas vinculantes tornaram-se
desnecessárias?
R: Em tese sim. Mas como no Brasil ainda
não há consenso em aceitar o efeito
vinculante da decisão extraída do controle
difuso, bem como que muitas vezes as
decisões não tem “ratio decidendi” bem clara,
as súmulas vinculantes ainda tem
importância. E o NCPC ratificou isso. (pena
que no Brasil elas vem sendo mal utilizadas)

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