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PROCESSO CIVIL II

NOTA DE AULA 02 – AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

1. Conceito e Generalidades

- Objetivo: conciliar as partes; produzir prova oral; debater e decidir a causa.

- Não é ato essencial. Pode ser dispensada e ocorrer o julgamento antecipado do mérito.

- Juiz: diretor, investigador, conciliador/mediador;

- Partes: tentam conciliar; prestam depoimento; têm direito a comunicar-se com seu
advogado;

- Advogados: apresentam requerimentos ou alegações (contradita de testemunha);


formulam perguntas para partes, testemunhas, peritos e assistentes técnicos.

- Auxiliares da justiça: oficiais de justiça, escrivão ou chefe de secretaria, peritos,


intérpretes, tradutores.

- É uma sessão pública – exceções, art. 189, CPC.

2. Conteúdo e estrutura

- A audiência, segundo Liebman, “é o palco da oralidade”.

- Ato processual complexo: integrado por uma sucessão de atos coordenados;

- Estrutura:

a) A proclamação judicial (abertura) - o pregão inicial feito pelo servidor (art. 358,
CPC);
* A ausência do pregão pode conduzir à invalidade do ato, se trouxer prejuízo.

b) A tentativa de conciliação (art. 359);


*Havendo conciliação, deverá se documentar por escrito e haverá a homologação pelo
juiz.
c) A prestação de esclarecimentos pelo perito e pelos assistentes técnicos (art. 361, I,
CPC);
* Esses esclarecimentos são necessários se tiver inexatidões e omissões em laudos;
* Aqui pode ser feita a perícia simplificada – inquirição destes apenas em audiência
para resposta de quesitos (art. 464, §§ 3º e 4º, CPC);
d) A coleta de depoimentos pessoal – primeiro do autor, depois do réu (art. 361, I,
CPC);

e) A inquirição das testemunhas – primeira as arroladas pelo autor, depois as


arroladas pelo réu (art. 361, III, CPC);

f) As alegações finais – primeiro pelo advogado do autor, depois pelo advogado do


réu (art. 364, CPC);
* Prazo de 20 min, prorrogável por mais 10 min;
* Dependendo da complexidade, podem ser transformados em memoriais – escritos,
com prazo sucessivo, a começar pelo autor.
* Litisconsórcio – prazo deve ser dividido para cada um dos advogados.
g) A prolação da sentença.
* Em regra, oralmente.
* Pode ser produzida por escrito em momento posterior, até 30 dias (art. 366, CPC) –
esse prazo é impróprio1.

- Obs 1: A ordem da produção de prova pode ser alterada (art. 139, VI, CPC);

- Obs 2: Conversão do julgamento em diligência;

*Não há previsão expressa, mas é compatível com o sistema processual e é aceita pela
doutrina.

- Obs 3: Lavratura do termo de audiência (art. 367);

* Recebe a designação de ata de audiência;

* Pode haver gravação pelas partes independente de autorização judicial. Mesmo sem
necessidade de autorização, a parte deve avisar que irá gravar. Isso decorre do princípio
da boa-fé e do princípio da cooperação (art. 5º e 6º do CPC);

* Meio eletrônico e assinatura digital;

- Obs 4: Designação, antecipação e adiamento da audiência de instrução e julgamento

* Na decisão de saneamento o juiz deve designar a audiência;

* Adiamento -> art. 362, CPC

* Se a testemunha faltar: 1) Se tiver sido intimada, a audiência é adiada (art. 455, § 5º); 2)
se a testemunha foi independente de intimação, somente é adiada se houver justificativa.

* Outras situações para adiamento: b) determinação judicial, de ofício ou a requerimento;


c) para oitiva de testemunha referida; d) greve dos serventuários da justiça; e) audiência
anterior se estendeu etc.

* Advogados devem ser intimados da nova data (art. 363, CPC).

- Obs 4: A unidade e a continuidade da audiência. Casos excepcionais de suspensão


(art. 365).

* Privilegia-se o princípio da concentração dos atos processuais, corolário do princípio


da oralidade.

* Há casos excepcionais de suspensão (os presentes na audiência já saem intimados da


nova data, porém, os ausentes devem ser devidamente intimados).

3. Audiência Pública

1
São prazos a serem observados pelo juiz, serventuários, escrivão, assim como muitos dos
concedidos ao Ministério Público, quando atua como fiscal da lei, onde a sua inobservância,
apesar de não acarretar o que chamamos de desvalia em matéria processual e, tampouco,
preclusão, acarreta aos responsáveis por sua não observância possíveis sanções administrativas,
conforme a análise do caso concreto e justificativa aplicável.
- Exigidas por lei: 1. Licitações (art. 39, L. 8.666/93); 2. Para elaboração de plano diretor
de município ou projeto de significativo impacto para município (art. 40, § 4º, I e art. 2º,
L. 20.257/2001).

- A lei faculta: 1. Nos processos administrativos federais (art. 32, L. 9.784/99); 2. Ações
de controle concentrado de constitucionalidade (L. 9.868/99); 3. Em qq ação que tramite
no STF que tenha repercussão geral e relevância social;

- O CPC fala em Audiências Púbicas em 3 artigos: 1. IRDR2 (art. 983. § 1º); 2. RE e Resp
repetitivos (art. 1.038, II); 3. Alteração de tese jurídica estabelecida em súmula pelo
tribunal em julgamento de casos repetitivos (art. 927, § 2º). É uma faculdade a realização
dessas audiências.

- Ex: Nos dias 3 e 6 de agosto, nos períodos da manhã e da tarde, o Supremo Tribunal
Federal (STF) promoveu audiência pública sobre a descriminalização do aborto até a 12ª
semana de gestação (ADPF 442).

2
Existindo processos repetitivos, sobre uma mesma matéria de direito, em um determinado
Estado ou Região, o aludido incidente será suscitado perante o Presidente do Tribunal local. No
caso de ser admitido o incidente, todos os processos com a mesma matéria, no Estado ou Região,
serão suspensos pelo prazo máximo de 01 (um) ano. Nesse período o Tribunal irá julga-lo.
Julgado o incidente, a tese jurídica fixada será aplicada em todos os processos, presentes e futuros.
Logo, todos os juízes deverão aplicar a tese, uma vez que há uma vinculação.

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