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ARBITRAGEM INTERNACIONAL

I - INTRODUÇÃO

A arbitragem, regulamentada pela Lei 9.307/96, é um meio alternativo de


solução de conflitos, onde as partes que possuem uma relação contratual entre si, sendo
capazes, nos termos do Código Civil, estabelecem mediante cláusula compromissória ou
compromisso arbitral que havendo conflito de interesses, este será solucionado por um
juízo arbitral,

Ademais, cabe ressaltar que a clausula compromissória é aquela estabelecida no


contrato ou outro documento ligado a ele a fim de dirimir eventuais conflitos que
venham a surgir entre as partes no futuro, já o compromisso arbitral é estabelecido após
o surgimento de um conflito, onde as partes optam por levar o caso à arbitragem, ou
seja, um conflito que já está acontecendo.

Por meio da lei 13.129/15, a arbitragem passou a ser utilizada tanto por pessoas
de Direito Privado (física ou jurídica) quanto aquelas pessoas jurídicas de direito
público, sejam elas direita ou indireta, desde que respeitado o princípio da publicidade.

II – ARBITRAGEM INTERNACIONAL

A arbitragem se assemelha ao processo judicial interno, porem, em vez de se


apresentar diante de um tribunal nacional, ocorre diante de juízes particulares
conhecidos como árbitros. Normalmente a arbitragem é mais rápida e menos onerosa
em comparação com os processos judiciais nacionais e ao contrario dos julgamentos dos
tribunais, laudos de arbitragem internacional podem ser aplicada em quase todos aos
países do mundo, fazendo da arbitragem internacional o principal mecanismo de
resolução de disputas internacionais.
O uso da arbitragem internacional evoluiu para que partes de diferentes origens
linguísticas e culturais possam resolver suas disputas de maneira final e vinculativa,
normalmente sem as mesmas formalidades das regras processuais de seus próprios
sistemas jurídicos.

A arbitragem internacional combina elementos do Direito civil e do Direito


Processual comum permitindo às partes uma oportunidade de planejar o procedimento
arbitral sob o qual sua disputa será resolvida. A arbitragem internacional pode ser usada
para resolver qualquer disputa que seja considerada como “arbitrável”, um termo que
pode variar de Estado para Estado, mas que inclui a maioria das disputas comerciais.

III – VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DA ARBITRAGEM

Apresentado o conceito da arbitragem internacional anteriormente, podemos


analisar as vantagens da mesma. A arbitragem internacional é muito importante para o
mundo globalizado que vivemos de decisões e informações que buscam ser concisas e
rápidas, sem sobrecarregar o sistema judiciário, porém esse fato não tira a sua qualidade
na decisão pois o árbitro que conduz essa decisão é uma pessoa especializada no tema,
com formação técnica para ter a responsabilidade de definir a melhor escolha para a
situação apresentada.

Além das questões técnicas e práticas do processo de arbitragem é importante


ressaltar que a atividade é imparcial, o árbitro em questão deve sempre buscar ser neutro
em suas ideologias para que a lide seja decidida de maneira justa, outra vantagem
importante da arbitragem é o fato dela ser feita de forma sigilosa entre as partes,
causando uma proteção e evitando expor os envolvidos na lide.

Ademais, uma das vantagens que se encontra na essência da arbitragem é a sua


simplicidade sem perder a eficácia, comparada aos procedimentos judiciais que são
mais complexos e burocráticos, a arbitragem tem uma simplicidade maior comparada ao
judiciário, mas que não prejudica sua eficiência. Para exemplificar melhor temos a
citação de Calmon (2004, p.13) sobre o tema: "Definida a arbitragem como a técnica
que visa solucionar controvérsias ou interesses, por uma ou mais pessoas que têm
poderes oriundos de acordo de vontade, fica claro tratar-se de uma forma de pacificação
social, sem a intermediação do Estado-Juiz."

Vale realçar a importância e o quanto é vantajoso a arbitragem para o âmbito


internacional na solução de conflitos, o fato de cada país ter sua soberania e autonomia
além de ter seu próprio ordenamento jurídico resultaria em uma dificuldade de
legitimidade para a resolução do impasse entre as partes internacionais, com isso a
arbitragem ganha força pois com ela temos uma neutralidade territorial para o tribunal
utilizado, sigilo da matéria tratada, além de possibilitar que as partes escolham os
árbitros para solução da lide sem a perda da imparcialidade.

Especificando mais o tema e dando luz ao comércio internacional, podemos ver


a importância da arbitragem internacional para a resolução dos conflitos, quem retrata
bem isso é Marx (2018):

"Dentre as vantagens da arbitragem quanto à resolução de conflitos


internacionais comerciais, podemos citar a flexibilidade, quanto ao seu
processo, que possibilita as partes terem autonomia quanto às suas vontades
na escolha do árbitro, do local e das regras, por exemplo. Além disso, as
partes gozam de celeridade e sigilo, o que se mostram outras duas grandes
vantagens, pois, quando se trata de comércio, o tempo é um grande fator de
lucro e o sigilo também, pois entende-se que a divulgação de certos assuntos
litigiosos pode causar prejuízos as empresas."

IV – UTILIZAÇÃO DA ARBITRAGEM NO ÂMBITO INTERNACIONAL

A arbitragem será internacional quando em decorrência de algum elemento de


conexão, desenvolver-se fora das fronteiras dos países, seja com base no objeto da lide,
nas partes, na pessoa dos árbitros ou na sede do juízo arbitral.

A lei de arbitragem brasileira não traz o conceito do que seria arbitragem


internacional, no entanto, o artigo 34 do referido diploma legal considera o caráter
geográfico para diferenciar a arbitragem nacional da internacional. No âmbito
internacional, as partes escolhem o arbitro ou o critério para sua designação, bem como
as regras a serem aplicadas, o idioma a ser utilizado, além do local em que o julgamento
será proferido.
No que se refere ao local de julgamento, as partes tem livre autonomia para
escolher o local onde será realizado. É comum que as optem por um local neutro por
receio de litigar no Estado da parte contraria. Diante disso podemos concluir que a
arbitragem internacional possui assento na autonomia da vontade das partes, pois ambas
as partes podem escolher livremente as regras para que o conflito existente seja dirimido
da melhor forma possível.

No entanto, a arbitragem internacional não esta totalmente desvinculada do


ordenamento jurídico nacional, logo, as normas adotadas pelas partes não devem se
chocar com as disposições da ordem publica internacional ou interna. No Brasil, por
exemplo, não terá eficácia a decisão que ofender a soberania interna, os bons costumes e
a ordem pública.

V – O LAUDO ARBITRAL ESTRANGEIRO E A SUA HOMOLOGAÇÃO NO


STJ

Para que o laudo arbitral estrangeiro surta efeito no Brasil é necessário que ele
passe por homologação pelo STJ que irá confirmar o laudo arbitral ou a sentença
estrangeira proferidos em outro pais, para que tenham efeito no território nacional. Não
se trata de homologar a existência ou a validade das decisões, mas a eficácia delas
dentro do território brasileiro.

Se eventualmente houver algum tipo de vicio de vicio no processo de


homologação é permitido resolver a irregularidade de forma a atingir o objetivo
almejado no STJ. O procedimento de homologação pode ser extinto caso o requerente
não resolva a irregularidade no prazo estipulado, sendo necessário que este realize um
novo pedido de homologação com a documentação exigida.

A Lei de Arbitragem resguarda o princípio da homologabilidade do laudo, uma


vez que somente nega a homologação quando as partes na convenção de arbitragem
forem incapazes; a convenção de arbitragem não for válida segunda a lei que as partes
se submeteram ou, na falta de indicação, em virtude da lei do País em que a sentença
arbitral fora proferida; não houver a notificação da designação do árbitro ou do
procedimento de arbitragem, ou violar o princípio do contraditório, impossibilitando a
ampla defesa; a instituição de arbitragem não ocorrer de acordo com o compromisso
arbitral ou cláusula compromissória; a sentença arbitral for proferida fora dos limites da
convenção de arbitragem, e não for possível separar a parte excedente daquela
submetida à arbitragem; a sentença arbitral não se tiver ainda tornado obrigatória para
as partes, tiver sido anulada, ou tiver ainda sido suspensa por órgão judicial do País em
que a sentença arbitral for prolatada; segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não for
suscetível de ser resolvido por arbitragem; a decisão arbitral ofender a ordem pública
nacional.

Vale lembrar que o Código de Processo Civil para sentenças estatais estrangeiras
também prevê a homologação da sentença estrangeira:

Art. 960. A homologação de decisão estrangeira será requerida por ação de


homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido
contrário prevista em tratado.

§ 1º A decisão interlocutória estrangeira poderá ser executada no Brasil por


meio de carta rogatória.

§ 2º A homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados em vigor no


Brasil e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

§ 3º A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em


tratado e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições deste
Capítulo.
VI - REFERÊNCIAS

CALMON, Eliana. Arbitragem Internacional. Informativo Jurídico da Biblioteca


Ministro Oscar Saraiva, v. 16, n. 1, p. 1-74, Jan./Jul. 2004.

MARX, Gabriel. Arbitragem internacional: uma alternativa para resolução de conflitos


em um mundo globalizado. Jus, 2018. Disponível em:
<https://jus.com.br/amp/artigos/63869/arbitragem-internacional-uma-alternativa-para-
resolucao-de-conflitos-em-um-mundo-globalizado>. Acesso em: 17 de fev. de 2022.

BAPTISTA,Luiz Olavo. Arbitragem Comercial e internacional, São Paulo, Lex Editora,


2011.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico, São Paulo, Saraiva.

https://www.migalhas.com.br/depeso/194367/arbitragem-internacional

https://www.migalhas.com.br/depeso/78279/o-laudo-arbitral-estrangeiro-e-sua-
homologacao-no-stj

Código de Processo Civil interpretado. 6ª edição rev. e atual. - Barueri, SP: Manole,
2007, p. 578.

Art. 219 do RISTF.

Art. 40 da Lei nº 9.307/1996

Arts.35, 36, 37, 38 e 39 da Lei nº 9.307/1996.

ZANDONAI, Carolina. A arbitragem no Direito Brasileiro Conteúdo jurídico, Brasília -


DF: 15 fev. 2022. Disponível em: <https://
conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/55270/a-arbitragem-direito-brasileiro>.
Acesso em 15 de fevereiro 2022.

Informações sobre arbitragem internacional por Escritório de arbitragem internacional


Aceris Law LLC. Disponível em: <https://www.internacional-arbitration-
attorney.com/pt/what-is-international-arbitration/> Acesso em 15 de fevereiro 2022.

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