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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO
LICENCIATURA EM DIREITO

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

TEMA: ARBITRAGEM INTERNACIONAL

Discente:
Manuel Émerson Elias Simango

Docente: Msc. Armindo Nhanombe

Maputo, agosto de 2023


INTRODUÇÃO
O presente trabalho académico tem por objectivo apresentar o Instituto da Arbitragem como
um caminho alternativo na solução de controvérsias, tudo sob o ponto de vista internacional,
demonstrando sua viabilidade e eficiência no âmbito internacional, através de uma
abordagem geral acerca da arbitragem.
ARBITRAGEM INTERNACIONAL
Conceito
A arbitragem, derivada da palavra latina “arbiter”, pode ser definida como o procedimento
extrajudicial utilizado para a solução de controvérsias, através da intervenção de um terceiro,
de confiança de ambas as partes.
Segundo José Cretella Júnior, a arbitragem é o sistema especial de julgamento, com
procedimento, técnica e princípios informativos próprios e com força executória reconhecida
pelo direito comum, mas a este subtraído, mediante o qual duas ou mais pessoas físicas ou
jurídicas, de direito privado ou de direito público, em conflito de interesses, escolhem de
comum acordo, contratualmente uma terceira pessoa, o árbitro, a quem confiam o papel de
resolver-lhes as pendências, anuindo os litigantes em aceitar a decisão proferida.
Outrossim, para Carlos Alberto Carmona, arbitragem é uma técnica para a solução de
controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de
uma convenção privada, decidindo com base nesta convenção sem intervenção do Estado,
sendo a decisão destinada a assumir eficácia de sentença judicial.
Apresentado o conceito de arbitragem, do qual são extraídas suas principais características,
bem como os princípios que a regem, cumpre esclarecer o que faz com que tal procedimento
se caracterize como internacional.
A arbitragem internacional pode ser definida como o procedimento que busca solucionar os
conflitos existentes entre partes domiciliadas em países diversos ou que envolve elementos
internacionais.
Segundo José Francisco Rezeck, trata-se de “uma via jurisdicional, porém não-judiciária, de
solução pacífica de litígios internacionais”.
Nádia Araújo salienta que para a arbitragem ser classificada como internacional deverá
envolver relação jurídica subjectivamente internacional, isto é, ter partes domiciliadas em
países diversos, ou conter algum elemento objectivo internacional, relacionado ao local da
constituição ou do cumprimento da obrigação, por exemplo.
Segundo Rozane da Rocha Cachapuz,
No enfoque internacional, a Arbitragem é apresentada de forma generalizada para albergar
comandos normativos de vários sistemas com suas diferenças. A dificuldade de estabelecer
regras harmónicas entre os Estados determina definições abertas e regulamentações pródigas
que permitam ampla liberdade. O comércio internacional delineia um conceito de Arbitragem
que não esteja condicionado às regras do sistema jurídico interno, mas à autonomia da
vontade.
TIPOS DE ARBITRAGEM
A arbitragem pode ser “ad hoc” ou institucional.

Arbitragem “ad hoc”


Este tipo de arbitragem nasce da escolha livre das partes quanto à forma de construção do
juízo arbitral. A escolha dos árbitros, do procedimento e do direito material aplicável
decorrerá desta modalidade.
Sempre serão respeitadas as condições ajustadas na convenção arbitral. Tudo decorre da
vontade das partes manifestada por meio desta convenção.
Constatado o litígio, as partes instituem o juízo arbitral através da escolha de um árbitro,
conforme previamente acordado. O árbitro, por sua vez, após prévia aceitação, deverá adoptar
o procedimento escolhido pelas partes, “podendo inovar em caso de lacuna, desde que
antecipadamente autorizado para tanto pelas próprias partes, na convenção arbitral”.
A decisão de mérito deverá ser proferida no prazo assinalado, em consonância com o direito
material escolhido pelos litigantes.
Contudo, uma das grandes dificuldades verificadas na arbitragem “ad hoc” é a possibilidade
de um surgimento maior de lacunas, principalmente em matéria procedimental, no decorrer
do respectivo procedimento, o que poderá gerar dificuldades e atrasos na obtenção da
sentença arbitral.

Arbitragem institucional
A arbitragem institucional é realizada por meio de órgãos internacionais de resolução
extrajudicial de litígios, permitindo o acesso de pessoas de direito privado, nos litígios em
geral, de natureza comercial.
Estes órgãos podem ser públicos ou privados. Quando públicos, estes tribunais institucionais
são criados por tratados interestatais; quando privados, se constituem por actos negociais
celebrados por pessoas de direito privado.
Como exemplo de pessoas que têm acesso aos tribunais institucionais públicos como parte,
podemos citar os consórcios de empresas, as grandes empresas estrangeiras, as entidades
controladas por um Estado (sociedades de economia mista ou empresas públicas), os
organismos internacionais, os Estados enquanto em actividade mercantil, e todos os agentes
em actividade negocial comercial.
“São institucionais, porque estruturados através de regulamentos, estabelecendo seus
mecanismos de funcionamento, composição, procedimentos, regras aplicáveis, sedes etc”.
MEIOS EXTRAJUDICIAIS DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS
Os meios de resolução alternativa de litígios são uma solução que torna a justiça mais
acessível, rápida e simples, sem custos ou pouco dispendiosa e com as mesmas garantias de
segurança dos tribunais. Havendo um problema relacionado com a contratação ou a utilização
de um serviço que não tenha sido resolvido com a empresa prestadora, o consumidor pode
recorrer, com vantagem, a estes meios alternativos.
Os meios extrajudiciais de resolução de litígios constituem, como o nome indica, uma
alternativa aos tribunais, à justiça do Estado, e abrange a Mediação, a Conciliação e a
Arbitragem.

Conciliação
A Conciliação é muito semelhante à mediação, pois é uma forma de resolução de conflitos
em que também se procura chegar a um acordo com a ajuda de um terceiro imparcial – o
conciliador. Mas, aqui, o conciliador assume uma posição mais activa do que o mediador,
tendo um papel mais interventivo na condução do processo e podendo propor soluções para o
conflito.
As propostas do conciliador não obrigam as partes, que também aqui têm plena liberdade de
chegar ou não a acordo.

Mediação
A Mediação constitui uma forma de resolução alternativa de conflitos, realizada por
entidades públicas ou privadas, através da qual as partes em litígio procuram voluntariamente
alcançar um acordo com a ajuda de um mediador de conflitos.
O mediador não impõe qualquer acordo ou decisão às partes. O seu papel é ajudá-las a chegar
a esse acordo e, assim, resolverem o conflito.
CONCLUSÃO
Da exposição feita ficou assente que, a arbitragem internacional tem um papel fundamental
na resolução de conflitos no âmbito internacional. É uma ferramenta essencial para os
contratantes que buscam uma solução célere, sigilosa, eficaz e especializada, evitando uma
justiça morosa.
O fato das partes terem autonomia para decidir sobre a instituição arbitral, definindo os
procedimentos que regerão o processo, estipulando prazo final para conclusão, bem como o
fato de poderem escolher os árbitros que julgaram o processo e o baixo custo processual,
despertam um enorme interesse e uma grande segurança por parte dos contratantes, sendo um
Instituto extremamente confiável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 BARROCAS, MANUEL PEREIRA (2013). Manual de Arbitragem: Estudos em
Homenagem à Professora Isabel Magalhães Collaço, vol. II, Coimbra: Almedina.
 CACHAPUZ, Rozane da Rosa (2000). Arbitragem: alguns aspectos do processo e do
procedimento na Lei nº 9.307/96. Leme: Editora de Direito.
 CARMONA, Carlos Alberto (1998). Arbitragem e Processo: um comentário à Lei
9.307/96. São Paulo: Malheiros Editores.
 CORREIA, ANTÔNIO FERRER (2000). Lições de Direito Internacional Privado I,
Coimbra: Almedina.
 CRETELLA JÚNIOR, José (1993). Comentários à Constituição Brasileira de 1988.
2. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária.
 REZECK, José Francisco (1991). Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva.

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