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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

Arbitragem como meio Extrajudicial de resolução de litígios

Luanda
2019
Arbitragem como meio Extrajudicial de resolução de litígios

Autora: Marizeth Paulo Francisco

Número de estudante: 14033


Abreviaturas e referências

art.- artigo

arts.- artigos

cfr.- confira

CRA- Constituição da República de Angola

CCI- Câmara de Comércio Internacional (Paris)

CC- Código Civil

CPC- Código de Processo Civil (angolano)

CNUDCI- Comissão da Nações Unidas para o Direito do Comércio Internacional

CREL- Centro de Resolução Extrajudicial de Litígios

ed.- edição

i.e.- isto é

LAV- Lei da Arbitragem Voluntária

LCIA- London Court of International Arbitration

Lei-Modelo da CNUDCI- Lei Modelo sobre a arbitragem comercial internacional,


aprovada pela CNUDCI em 21 de Junho de 1985

n.º- número

p.-página

pp.- páginas

ss.-seguintes

UNCITRAL- United Nations Comission on International Trade Law, acrónimo em língua


inglesa para CNUDCI
Índice

Resumo.......................................................................................................................................... 1
Introdução .................................................................................................................................... 2
Arbitragem como meio de Extrajudicial de Resolução de Conflitos ............................................. 3
Tipos de arbitragem ...................................................................................................................... 3
Objecto da arbitragem .................................................................................................................. 4
Princípios da arbitragem ............................................................................................................... 4
Arbitragem vs. Tribunais Judiciais……………………………………………………………………………………………..4

Convenção de arbitragem…………………………………………………………………………………………………………5

Modalidades da convenção arbitral………………………………………………………………………………………….6

A arbitragem internacional……………………………………………………………………………………………………….8

A arbitragem internacional (voluntária) “Ad Hoc” e institucionalizada……………………………….…..10

O Procedimento Arbitral…………………………………………………………………………………………………………12

Intervenção de terceiros…………………………………………………………………………………………………………12

Das decisões arbitrais: a sentença final…………………………………………………………………………………..14

Conclusão………………………………………………………………………………………………………………………….…..16

Bibliografia……………………………………………………………………………………………………………………………17
Resumo

O presente trabalho tratará da arbitragem como meio extrajudicial de resolução de


litígios, fazendo uma reflexão em torno da intervenção, no processo arbitral, de terceiros
não signatários da convenção arbitral, nem do contrato de cujo incumprimento resultou
a recorrência ao tribunal arbitral, em termos não indicados pelas leis de arbitragem.
Faremos, igualmente uma breve menção às sentenças arbitrais e seu reconhecimento,
com a devida indicação dos diplomas e regulamentos internacionais que se afiguram de
suma importância para o nosso estudo. Para a elaboração de tal trabalho tive como base,
além da bibliografia citada em página própria, algumas sessões de esclarecimentos no
CREL, a palestra sobre arbitragem, presidida pela professora Sofia Vale, na
Universidade Católica de Angola, 18 de Outubro de 2018, a VII Conferência
Internacional de Arbitragem de Luanda, 15 de Novembro de 2018, no Palácio da Justiça
e a minha participação (com a minha equipa) no I Moot Court Arbitral de Luanda, de
Abril a Novembro de 2018.

1
1.Introdução

As relações jurídicas, tendem a criar obrigações para as partes que, gozando da


autonomia da vontade, as constituem. Estas relações não são eternas, pelo que, à
determinada altura elas cessam. E a causa geral de extinção das obrigações é o
cumprimento voluntário, entretanto nem sempre se verifica, sendo, então, necessário
que se activem os mecanismos necessários para que se faça cumprir o que se assumiu
(pacta sunt servanda), nos termos do princípio acima citado. No âmbito dos contratos
em geral, na altura da elaboração dos contratos, as partes adoptam mecanismos para a
garantia do cumprimento, caso esse não seja voluntário, nomeadamente quando
estabelecem cláusulas penais ou escolhem a forma de resolução dos litígios.

Tratando-se de comércio internacional e tendo em conta a dinâmica do mercado,


aproveitar o tempo da melhor forma possível afigura-se uma regra de ouro, pelo que,
problemas devem ser resolvidos o quanto antes; e da necessidade de se achar um escape
à morosidade dos tribunais judiciais na resolução dos litígios, surge a arbitragem, como
uma luz no fundo do túnel para os empresários e um auxílio ao poder judicial no
cumprimento da sua tarefa.

Objectivos gerais: dar a conhecer os diferentes tipos de arbitragem, tendo em conta as


diferentes classificações, os motivos que levam os empresários a optarem por ela, em
detrimento dos tribunais judiciais e sobre o reconhecimento e execução das sentenças
arbitrais estrangeiras.

Objectivo específico: dar a conhecer aquilo que é a arbitragem voluntária e


sucintamente a forma como ela se processa.

2
2.Arbitragem como Meio Extrajudicial de Resolução de Conflitos

A arbitragem é definida como sendo uma forma alternativa de resolver diferendos sem
recurso aos tribunais judiciais (daí a extrajudicialidade). As partes desavindas
concordam em que o diferendo seja solucionado por árbitro(s) por elas indicados(s). 1 O
poder arbitral tem origem na autonomia da vontade2 e as decisões arbitrais revestem-
se da mesma força executiva das sentenças dos tribunais judicias (grifo nosso), isto ao
abrigo dos arts. 33.º da LAV, 48.º CPC e n.º4 do art.174.º da CRA.

2.1.Tipos de arbitragem3

A arbitragem classifica-se tendo em conta quatro grupos: manifestação do poder de


autodeterminação, a natureza da sua organização, as normas reguladoras ou o direito
aplicável ao litígio e a natureza dos interesses face ao objecto da lide.

1. Tendo em conta a manifestação do poder de autodeterminação:


➢ Arbitragem voluntária;
➢ Arbitragem necessária.

2. Tendo em conta a natureza da sua organização:


➢ Arbitragem ad hoc;
➢ Arbitragem institucional.

3. Tendo em conta as normas reguladoras ou o direito aplicável.


1. Arbitragem segundo o direito;
2. Arbitragem segundo a equidade.

1
GONÇALVES, Manuel, VALE, Sofia, DIAMVUTU, Lino, “Lei da Arbitragem Voluntária Comentada”,
Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, Luanda 2014, p.21.
2
É o mesmo que dizer que as partes livremente decidem, ao escolher a arbitragem para solucionar os seus
conflitos, aceitar e cumprir a decisão tomada pelos árbitros, isto no momento da celebração ou adopção
convenção ou compromisso arbitral, sobre as quais falaremos infra, ponto 4.1.
3
Sobre esta classificação, seguimos os ensinamentos do professor Correia Fernandes Bartolomeu, in
“Arbitragem Voluntária como Meio Extrajudicial de Resolução de conflitos em Angola”, Almedina,
Junho de 2014.

3
3. Tendo em conta a natureza dos interesses face ao objecto da lide
➢ Arbitragem interna;
➢ Arbitragem internacional.

2.2.Objecto da arbitragem

A arbitragem incide sobre direitos disponíveis4 (aqueles que as partes podem constituir,
modificar e renunciar5, tendo em conta a causa de pedir e o pedido) não exclusivamente
submetidos por lei a tribunal judicial ou à arbitragem necessária. Em regra, não serão
arbitráveis questões de natureza criminal, relativas a direito da família, direito do
trabalho e falências. Já a maioria das questões de natureza civil e comercial serão
arbitráveis.6

3.Arbitragem vs tribunais judiciais

Estabelecidas as linhas gerais sobre o conceito de arbitragem e indicados os tipos que


esta pode apresentar, uma questão afigura-se de suma importância, a de saber por quais
motivos se deve optar pela arbitragem para solucionar os conflitos. Esta análise é feita
mediante apresentação das vantagens e desvantagens da arbitragem em relação aos
tribunais judiciais.

A grande vantagem da arbitragem reside na celeridade do processo arbitral7 e,


consequentemente, a rapidez com que as partes litigantes obtêm uma decisão. No
processo arbitral as partes podem definir qual o prazo em que a decisão deve ser

44
A este respeito, devemos ler as disposições combinadas dos arts.1º do regulamento do CREL e da
LAV.
5
A aferição da disponibilidade de um direito deve ser feita tendo em conta a questão concreta em litígio.
Ainda este propósito, CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA (“Convenção de arbitragem: conteúdo e
efeitos”, in I Congresso do centro de arbitragem da Câmara de comércio e indústria portuguesa -
intervenções, Livraria Almedina, Coimbra, pp.81 ss), defende a utilização de um critério prático que
passa por averiguar se o litígio em questão seria passível de transacção, i.e., de ser resolvido pelas partes,
casos em que os direitos devem considerar-se disponíveis.
6
Designadamente litígios entre as sociedades e os sócios, entre os sócios, relativos à responsabilidade
civil dos administradores, contratos de compra e venda, arrendamento, fornecimento e prestação de
serviços, direitos dos consumidores, direito patrimonial de autor, seguros e resseguros.
7
Porque tempo é dinheiro, seria demasiado penoso para um empresário ter de aguardar por, no mínimo,
3 anos para ser proferida uma decisão de um Tribunal judicial para que visse acautelada a sua situação.
Uma paralisação das suas actividades durante muito tempo poderia significar danos considerados
irreversíveis.

4
proferida e, se nada acordarem, essa decisão deverá ser emitida no prazo de seis meses 8
evitando-se delongas próprias das decisões judiciais.

A possibilidade de escolha dos árbitros (estes árbitros que possuem conhecimento


técnico e especializado, tornando-os mais hábeis para decidir sobre a questão em litígio)
é outra vantagem, que significa que as partes podem seleccionar os melhores julgadores
para o seu litígio, em termos técnicos e pessoais.9

Ainda no campo das vantagens, a possibilidade de os árbitros decidirem com base na


equidade, o sigilo que caracteriza o procedimento e a decisão arbitral e a flexibilidade
inerente a todo o processo, que permite às partes escolherem o local, lei aplicável e a
língua da arbitragem10.

Como desvantagens da arbitragem, podemos citar os custos com as despesas do


processo até à prolação da sentença arbitral. O que significa que pode não ser o meio
mais adequado para a resolução de litígios entre pequenas empresas ou relativos a
contratos de baixo valor, uma vez que as partes poderão não estar preparadas para
suportar o esforço financeiro que a arbitragem exige.

4.A convenção de arbitragem

Em relação à definição de convenção de arbitragem o n.º 1 do artigo 7.º da Lei-Modelo


da CNUDCI sobre arbitragem comercial internacional11 dispõe o seguinte:

Artigo 7.º

(definição e forma da convenção da arbitragem)

1. A convenção de arbitragem é uma convenção pela qual as partes decidem


submeter à arbitragem todos ou alguns dos litígios surgidos ou a surgir entre
elas com respeito a uma determinada relação jurídica, contratual ou extra

8
GONÇALVES, Manuel, VALE, Sofia, DIAMVUTU, Lino, obra citada, p.21.
9
A pessoalidade aqui não significa necessariamente que a decisão será tomada de forma parcial, pois
existe a figura do terceiro árbitro, ou árbitro que completará a composição do tribunal, transformando o
número antes par de árbitros em ímpar, que será designado pelos outros árbitros a fim de se garantir uma
imparcialidade na decisão (art.7.º da LAV). Ainda a este propósito, Josias Rodrigues, chefe do
departamento de mediação e arbitragem do CREL: “os árbitros não podem ter nenhuma ou qualquer
relação pessoal com a parte que o seleccionou”. Nestes termos, a pessoalidade a que nos referimos
significa unicamente as qualidades pessoais dos árbitros, como o bom senso, pontualidade, temperança,
zelo e diligência.
10
Cfr.arts.17.º, 24.º, e 42.º, todos da LAV.
11
De 21 de Junho de 1985.

5
contratual. Uma convenção de arbitragem pode revestir a forma de uma
cláusula compromissória num contrato ou a de uma convenção de arbitragem.

Segundo João Paulo Remédio Marques12 a convenção de arbitragem é o negócio


jurídico no qual se exprime a vontade comum das partes em subtrair a resolução de
conflitos de interesses aos tribunais estaduais, cometendo-a a um ou mais árbitros por
elas designados ou a árbitros que prestam os seus serviços em tribunais arbitrais
institucionalizados.13

Este acordo pode constar de um contrato de âmbito mais alargado, consubstanciando-se


numa cláusula contratual onde elas determinam a submissão de litígios à arbitragem
(contrato autónomo celebrado entre as partes posteriormente ao surgimento de um
litígio entre elas, no qual determinam que o mesmo deve ser resolvido por um tribunal
arbitral (compromisso arbitral). A convenção de arbitragem é um contrato definitivo e
não um contrato-promessa.14

4.1.Modalidades da convenção arbitral: A cláusula compromissória e o


compromisso arbitral.

Cláusula compromissória:

➢ Diz respeito a litígios futuros;15


➢ Tem carácter preventivo;
➢ Deve especificar os factos de que deva emergir a relação litigiosa ou os factos
de que possam derivar;
➢ Tem natureza contratual.16

Compromisso arbitral:

12
Citado por CORREIA BARTOLOMEU, obra citada.
13
No mesmo sentido, DOLINGER, Jacob e TIBURCIO, Carmen, “Direito Internacional Privado-
Arbitragem Comercial Internacional”, Renovar, Rio de Janeiro/São Paulo,2003, p.133.
14
ALMEIDA, Carlos Ferreira De, obra citada, p.83 e VENTURA, Raul “Convenção de Arbitragem” in
Revista da Ordem dos Advogados de Angola , Lisboa, 1986, p.300.
15
Cfr. n.º2 do art.2.º da LAV.
16
Cfr. n.º1 do art.227.º e n.º2 do art.762.º, ambos do CC.

6
➢ Diz respeito a litígios já existentes entre as partes17
➢ Alberga duas situações:
(a) há uma acção a correr em tribunal judicial e as partes decidem que
será cometida a um ou mais árbitros à sua escolha (n.1, art.290.º
CPC). O termo de compromisso deve ser assinado pelas partes ou por
mandatário com poderes especiais.
(b) não existe acção judicial em curso, mas existe litígio - conflito de
interesse entre as partes e as partes decidem celebrar previamente um
compromisso arbitral que deverá ser feito por um documento escrito
assinado pelas partes.

A classificação da cláusula compromissória e do compromisso arbitral como duas


modalidades da convenção de arbitragem é também efectuada por diversas convenções
internacionais.18

A diferença entre ambos radica no momento da sua celebração: a cláusula


compromissória é celebrada antes do aparecimento do litígio enquanto o compromisso
arbitral é firmado após o litígio ter surgido. Note-se que, ainda que as partes tenham já
submetido um litígio perante um tribunal judicial, estas podem sempre, enquanto a
decisão judicial não for proferida, optar pela arbitragem, bastando para tanto que
subscrevam um compromisso arbitral.

Exemplos de convenções de arbitragem:

1. «Todos os litígios emergentes deste contrato ou com ele relacionados serão


definitivamente resolvidos por arbitragem de acordo com o Regulamento de
Arbitragem do Centro de Resolução de Litígios de Luanda, por um ou mais
árbitro(s) nomeado(s) nos termos do mesmo regulamento.»

2. «Esgotadas que sejam todas as possibilidades de acordo entre com os


contratantes, dentro de um espírito de amizade, colaboração e respeito mútuos,
fica acordado que todos os litígios que possam surgir serão resolvidos de forma

17
Crf. n.º3 do ar.2.º da LAV.
18
Vide art.1.º do Protocolo de Genebra de 1923, o art. 1.º da convenção Interamericana sobre Arbitragem
Comercial Internacional de 1975, e o art.2.º da convenção de Nova Iorque de 1958.

7
definitiva segundo o Regulamento de Arbitragem d Comissão Internacional de
Genéve (UNCITRAL Arbitration Rules).»19

5.Arbitragem Internacional

A arbitragem em que as decisões e litígios entram em contacto com diferentes sistemas


de Direito, servindo-se dos elementos de conexão a sede das empresas e lugar da
execução do contrato, denomina-se internacional.20 A definição de arbitragem
internacional vertida no n.º1 do art.40.º da LAV procura compatibilizar duas
concepções dominantes respeitantes ao conceito de arbitragem internacional,
designadamente a concepção francesa e a da Lei-Modelo da CNUDCI. A primeira parte
n.º1 do art. citado é inspirada na Lei da Arbitragem Portuguesa, que por sua vez se
inspirou no art.1492.º do Novo Código de Processo Francês21, sendo o critério adoptado
pela lei francesa o que tem em conta a realidade económica da questão, fazendo descaso
da lei aplicável ao contrato, ao procedimento e ao lugar da arbitragem.

Para LUÍS LIMA PINHEIRO e em face da lei portuguesa, não se deve atender
(contrariamente ao entendimento seguido pela jurisprudência francesa) a um critério
puramente económico, tal como o da transferência de bens através das fronteiras para
determinar a internacionalidade do litígio.22 Entende o autor que o critério da
transferência internacional de valores foi desenvolvido para a determinação da
internacionalidade do contrato e não pode ser transposto mecanicamente para a
caracterização da arbitragem internacional, que não se confina a litígios contratuais e
que coloca problemas de regulação diferentes o critério da transferência de valores
através das fronteiras pode não funcionar satisfatoriamente para todas as modalidades
contratuais, sendo o seu campo de actuação fundamentalmente o dos contratos
comutativos.

Por conseguinte, a arbitragem internacional abrange quer a arbitragem que põe em jogo
interesses do comércio internacional, no sentido acima referido, quer a arbitragem que,

19
Caso jurisprudencial angolano Sofonil, Lda. vs. Abamat, U.e.e., ponto I do Acórdão.
20
Crf. n.º1, art.40.º da LAV.
21
Que estabelece que “est international l’arbitrage qui mete en cause les intérêts du comerce
international”.
22
PINEIRO, Luís de Lima, “ Direito aplicável ao mérito da causa na arbitragem transnacional” in Estudos
de Direito Comercial Internacional, Almedina, Coimbra, 2004, pp. 17-20.

8
embora não pondo em jogo interesses do comércio internacional, tem por objecto uma
relação controvertida que apresenta laços juridicamente relevantes com mais de um
Estado. Além disso, também é arbitragem internacional, em sentido amplo, aquela que
tendo por objecto uma relação controvertida que se insere exclusivamente na esfera
social de um Estado é realizada noutro.23

A segunda parte do n.1 do art. 40.º da LAV é inspirada na Lei-Modelo da CNUDCI


sobre a Arbitragem Comercial Internacional. A definição francesa tem o mérito de ser
extensiva, mas a mesma tem inconveniente de conduzir a interpretações divergentes nos
vários sistemas judiciais dos países que a adoptaram.24

As três hipóteses referidas no n.1 art. 40.º da LAV devem ser consideradas puramente
exemplificativas. O uso da palavra “designadamente” no art. 40.º, n.1 da LAV
corrobora esta afirmação.

A arbitragem pode ser doméstica e ter uma determinada nacionalidade, ou ser


considerada internacional ou transnacional. Toda arbitragem internacional é nacional
relativamente a um Estado e estrangeira em face dos demais. A distinção entre a
arbitragem nacional e estrangeira releva na perspectiva dos tribunais arbitrais porque a
sentença arbitral estrangeira, na ordem jurídica do foro onde deve ser executada,
depende geralmente da sua prévia revisão e confirmação, salvo se o país da execução
tiver aderido à Convenção de Nova Iorque de 1958 sobre a exequibilidade das decisões
arbitrais25 e ainda porque a competência dos tribunais nacionais para intervirem no
processo arbitral como jurisdições de apoio ou como instâncias de recurso, se restringe
às arbitragens nacionais, só assim não sendo se, por acordo das partes, a decisão do
tribunal arbitral for recorrível, como resulta do art.44.º da LAV.

23
No mesmo sentido, COLLAÇO, Isabel de Magalhães (L’arbitrage internacional dans la récenteloi
portugaise sur l’abritrage volontaire, Foundation Caloute Gulbekian, Paris, 1991, pp. 58-59), entende
que o facto de as partes terem a sua residência em países diferentes não é condição necessária e suficiente
para que a arbitragem seja considerada internacional. Pode-se perfeitamente conceber que um litígio entre
duas partes, uma das quais com residência habitual num Estado e outra no estrangeiro, só ponha em jogo
interesses do comércio local – nomeadamente se nenhuma transferência de valores estiver em casa. Ao
contrário, as partes numa arbitragem que põe em jogo interesses do comércio internacional, podem ter a
sua residência no mesmo estado.
24
E este entendimento do Grupo de Trabalho encarregue da redacção da Lei-Modelo da CNUDCI
(HOLTZMANN, Howard e NEUHAUS, Joseph, A Guide to the uncitral Legislative History And
Commentary, Kluwer, 1989, pp. 26 e ss).
25
Sobre as vantagens da adesão de Angola à Convenção de Nova Iorque, ANDRÉ SAMUEL em
entrevista à Alexandra Gonçalves in jornal sociedade, edição de 22 de Novembro de 2016, p.10.

9
São fundamentalmente dois os critérios que têm sido consagrados na doutrina e no
direito positivo: em primeiro lugar, o que atende ao lugar da sede do tribunal arbitral e,
em segundo lugar, o que se baseia no direito aplicável a arbitragem. o lugar onde
decorreu a arbitragem e onde foi proferida a sentença arbitral é o critério determinante
para a sua caracterização como nacional ou estrangeira na maior parte das ordens
jurídicas.26

5.1.Arbitragem internacional (voluntária) “Ad Hoc” e


institucionalizada

Dissemos que tendo em conta a natureza da sua organização, a arbitragem pode ser “Ad
Hoc” e institucionalizada. Estamos diante da primeira quando a arbitragem é instituída
para a resolução de um litígio determinado em que o poder dos árbitros cessa com a
decisão do litígio que foram incumbidos de compor (cessant causa, cessant effects), os
árbitros são determinados pelas partes; o tribunal é criado pelos árbitros mas não está na
dependência de nenhum centro.

A arbitragem institucional é aquela em que o tribunal é constituído por um ou mais


árbitros instituídos por imperativo legal ou iniciativa dos particulares em que há a
intervenção de uma entidade especializada de carácter permanente, que possui
regulamente específico e uma organização de modo funcional. Resulta de uma cláusula
de arbitragem que remete para o centro.

Existem diversos centros de arbitragem institucionalizada um pouco por todo o mundo,


uns com competência genérica e outros que se especializam em diferentes tipos de
litígios (como por ex., questões de consumo, de imobiliário ou de seguros).

Os centros de arbitragem institucionalizados que têm servido de referência a nível


internacional, são, em nossa opinião os seguintes:

➢ França: ICC- International Chamber of Commerce;


➢ Reino Unido: LCIA- London Court of International Arbitration;
➢ E.U.A.: AAA – American Arbitration Association;
➢ Portugal: Centro de Arbitragem da ACL;
➢ Brasil: Centro de Mediação e Arbitragem;

26
Consagram-no os direitos português, espanhol, belga, holandês, inglês, irlandês, sueco e dinamarquês.
Diversa é a opinião da doutrina, da jurisprudência e do direito positivo na Alemanha e em França.

10
➢ Suécia: SCC- Arbitration Institute of the Stockolm Chamber of Commerce;
➢ Holanda: Nederlands Arbitrage Institut, NAI.

Em Dezembro de 2011 autorizada a criação de dois centros de arbitragem em Angola: o


Centro Arbitral Juris e o Centro Harmonia. O regime de outorga das autorizações
administrativas para a criação de instituições de arbitragem foi definido pelo Decreto do
Conselho de Ministros n.º4/06, de 27 de Fevereiro, reconhecendo o governo que os
centros de arbitragem devidamente organizados, podem constituir importantes meios
alternativos de resolução de conflitos com seriedade e dignidade, contribuindo para a
certeza, previsibilidade e segurança nas relações jurídicas disponíveis.

Tendo em conta que o princípio da autonomia privada atribui às partes a faculdade de


designarem a lei por que hão-de reger-se as relações jurídico-privadas internacionais
estabelecidas entre elas , constituindo hoje um princípio de aceitação generalizada, e
uma vez que, isto nos termos da LAV27, o Tribunal decide o litígio de acordo com a lei
escolhida pelas partes para ser aplicada ao fundo da causa, no n.2 do mesmo artigo,
frisa-se que quando as partes escolhem a lei de um país para regular as suas relações, a
escolha refere-se à lei material substantiva de um país e não às suas regras de conflito de
leis.28

O primeiro acórdão proferido sobre o mérito da causa em processo arbitral instaurado


em Angola foi o já citado caso SOFOMIL, Lda vs. ABAMAT-UEE. Na sequência de
cláusula compromissória inserida num contrato de compra e venda internacional e da
subsequente instalação do tribunal arbitral ad hoc na Ordem dos Advogados de Angola,
ex vi da electio júris, fez a apliocação do direito material angolana ao caso, tendo o
processo o arbitral seguido os trâmites da UNCITRAL ARBITRATION RULES
(árbitros: Manuel Gonçalves/ Domingos Lima Viegas/ Luzia de Almeida Sebastião,
vide Revista da Ordem dos Advogados, Ano I, n.º1, Luanda, 1998, pp. 281-303).

27
Art.43.º
28
O artigo 43.º da LAV ao empregar a expressão “lei escolhida” ou invés de “direito a aplicar”, evita
polémica sobre se as partes podem ou não aplicar, exercendo a autonomia da vontade, designar como
aplicável a lex mercatória ou os princípios gerais do direito. No direito angolano, e fazendo recurso à
analogia, parece ser de afastar essa possibilidade, pelas seguintes razões a aplicar por DARIO MOURA
VICENTE: “Lex mercatoria is not a system of law, since the contract forms, general tranding conditions,
commercial usages and arbitral jurisprudenceot s that supposedly itegrate it are not sources of law, and
also because it lacks the necessary completion and coercion mechanisms. It cannot therefore be os
arbitrations, in Portugal, in Diereito internacional privado, Ensaios, Vol.I, Almedina, Coimbra,p.36.

11
A convenção de arbitragem como se disse, indica a manifestação de vontade por parte
das partes em submeter a árbitros a resolução dos seus litígios, entretanto, uma
convenção de arbitragem, ainda que remeta às normas de um centro institucionalizado
de arbitragem, não quer isso significar que se trate de arbitragem institucionalizada29,
pois esta, apenas poder ser assim considerada se todos os outros elementos supracitados
estiverem presentes.

6.O Procedimento arbitral30

6.1.Princípios

O artigo 18.º da LAV segue de perto o art.18.º da Lei- Modelo da CNUDCI, que
consagra expressamente os princípios da igualdade das partes e o do contraditório e
ainda, adicionando o art.18.º da O LAV, o da audição de ambas as partes, oralmente ou
por escrito, antes da prolação da sentença. Estes princípios são considerados princípios
de ordem pública internacional, aplicáveis às arbitragens internas e internacionais,
devem sempre ser observados, sob pena de impossibilitarem a execução da decisão
arbitral num outro país.31

6.2.Intervenção de terceiros no procedimento arbitral

Nos termos do art.1.º da LAV, podem ser partes da convenção de arbitragem, quaisquer
pessoas, singulares ou colectivas, privadas ou públicas. Em regra, uma controvérsia
opõe duas partes, mas não é desconhecida a controvérsia que opõe uma pluralidade de
partes. A pluralidade de partes na acção arbitral pode ser originária ou subsequente; é
originária quando uma convenção de arbitragem é subscrita por mais de duas partes e
subsequente quando há lugar à intervenção de terceiros no âmbito do procedimento
arbitral.

Constituem modalidade da intervenção de terceiros: chamamento à demanda,


chamamento à autoria, assistência, oposição, e intervenção principal. Quanto à

29
Supra, p. 7.
30
Tal como referimos na delimitação do nosso trabalho, em sede do processo arbitral, o nosso enfoque
será a intervenção de terceiros no processo arbitral, sendo assim, iniciaremos a falar dele, logo após breve
introdução aos princípios gerais do procedimento arbitral.
31
GOUVEIA, Mariana França, Curso de Resolução Alternativa de litígios, 2.ª ed. Almedina, Coimbra,
2012, pp.209ss; DOLINGER, Jacob e TIBURCIO, Carmen, obra citada, p. 286.

12
intervenção de terceiros, não é do litisconsórcio nem dos chamamentos ou assistência
que falaremos, trataremos da intervenção de terceiro não signatário da convenção de
arbitragem, ou também designado de parte não originária da convenção

Entendem MANUEL GONÇALVES, SOFIA VALE E LINO DIAMVUTU que


“quando um terceiro pretende intervir na acção para fazer valer um direito próprio há
extensão objectiva e subjectiva da convenção de arbitragem, sendo necessário que as
partes originárias da convenção de arbitragem estejam de acordo. Neste caso, o
oponente será parte principal do processo e, como tal, deverá designar um árbitro,
devendo assegurar-se que o tribunal arbitral se manterá com um número de árbitros”.32 e
33
Ainda a este propósito, LINO DIAMVUTO34 entende que no caso da intervenção de
terceiros não ser aceite pelas partes, resta-lhe fazer valer os seus direitos perante o
tribunal judicial em sede de recurso de oposição de terceiro.

Posição da qual não concordamos de todo, pois entendemos que deixar ao critério das
partes a não aceitação da intervenção de terceiro, constitui um obstáculo à boa
administração da justiça; entendemos, assim, que o legislador disse menos do que
pretendia; e ainda o facto de para o terceiro fazer valer os seus direitos ter de recorrer
aos tribunais judiciais não garante o efeito útil da acção que é melhor proporcionado
pela celeridade, que é um traço característico da arbitragem e que não se verifica nos
processos judiciais, acarretando desvantagens e muitas vezes prejuízos ao terceiro.

Como então se processa a intervenção de terceiros não signatário da convenção de


arbitragem, nos termos diversos dos acima descritos?

A legitimidade da requerente (o terceiro não signatário) resulta da própria vontade das


partes originárias da convenção arbitral ao estabeleceram que “as relações litigiosas a
serem dirimidas por arbitragem, poderão ser as emergentes do contrato, bem como as
que com ele estejam relacionadas”35 e ainda quando se trate de contratos coligados, ou
seja, quando contratos (apesar de distintos) encontram-se ligados numa relação de
causa-efeito, produzindo, por força do princípio da função social do contrato e o
princípio da boa fé, efeitos para-contratuais, remetendo para uma situação de conexão
de contratos em que o incumprimento de um contrato impossibilita o cumprimento do
outro com ele relacionado. Concordamos aqui que há uma extensão objectiva e
subjectiva da cláusula arbitral.

32
Obra citada, p. 52.
33
No mesmo sentido o Acórdão do Tribunal da Relação do Porto RP201603082164/14.7TBSTS.P1 de
03/08/2016, ponto, XXV. E acrescenta no ponto XXVI que outra opção para a adesão de um terceiro a
uma convenção de arbitragem que não celebrou é a de este terceiro ter deduzido requerimento de
intervenção espontânea no tribunal arbitral já constituído, sendo a sua admissão decidida após ouvidas as
partes iniciais na arbitragem e o terceiro e causa.
34
DIAMVUTO, Lino, “Intervenção de Terceiros na Arbitragem” in RAD- Revista Angolana de Direito,
Ano 2, n.º2, Casa das Ideias, Luanda, 2009, p.156.
35
Articulado 7.º do Requerimento Inicial da 2.ª demandante, BETA CONSTRUÇÕES, LDA., de um
litígio arbitral fictício do I Moot Arbitral de Luanda, representantes da 2ª demandante. Ruth Luyeye, Imisi
de Almeida, Agnes dos Santos, Itamar Freire, Marizeth Francisco, Rafael Ndumba, Miguel de Almeida e
João Ngumba . Ver anexo I.

13
Neste sentido “… a assinatura da convenção de arbitragem não é elemento essencial
para se avaliar a vinculação de determinada parte à cláusula compromissória, mas que,
diversamente resulte da vontade das partes.”36

E no mesmo sentido, no caso Dow Chemical vs. Saint Gobain, o Tribunal Arbitral
Francês decidiu em relação a intervenção de terceiro “… A assinatura da convenção de
arbitragem constitui apenas um acto de formalização que comprova consentimento da
parte em submeter-se à arbitragem e que como qualquer e toda a formalidade, esse acto
pode ser dispensado, se a finalidade para que ela exista (no caso, a comprovação do
consentimento) poder ser alcançada de outra forma, em outras palavras, se houver um
outro modo de comprovar o consentimento, o simples acto de formalização por meio de
assinatura torna-se dispensável”, temos de olhar para a finalidade do contrato.

E sendo a intervenção do terceiro posterior à constituição do Tribunal arbitral, esta deve


aceitá-lo conforme está composto.37

Sem dúvidas podemos constatar que a intervenção de terceiros, nos termos acima
descritos, constitui uma excepção ao princípio da relatividade dos contratos.

7.Das decisões arbitrais: a sentença final

7.1.Reconhecimento e execução de sentença arbitral estrangeira

No âmbito do poder jurisdicional conferido aos árbitros, consta o de proferirem decisões


arbitrais, tais decisões inspiradas na lei processual civil, para construção de critérios
mediante os quais se distinga entre os vários tipos de decisões que podem ser proferidas
no decurso do processo arbitral.38

Existem várias modalidades ou tipos das decisões arbitrais, tendo elas diferente natureza
e finalidade, nomeadamente:

➢ Decisão interlocutória;
➢ Decisão cautelar;
➢ Sentença parcial;
➢ Sentença homologatória;
➢ Sentença final.

É desta última e do seu reconhecimento, quando estrangeira, que nos ocuparemos no


presente trabalho.

36
BORN, GARY, International Commercial, Arbitration Agreements, 2 ed. 2014, p.149.
37
Cfr. n.º 5, art. 25.º do regulamento do CREL.
38
BARTOLOMEU, Correia, obra citada, p.204.

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A sentença final é a que resolve, total ou parcialmente, o objecto do litígio, obstando,
assim, a que a matéria possa ser de novo reapreciada na mesma instância. A sentença
final pode ser plena (quando decide sobre toda a matéria controvertida) e parcial
(quando se limita a resolver uma parte destacável da matéria controvertida).39

7.2.Convenção de Nova Iorque sobre Sentenças Arbitrais Estrangeiras


- Resolução n.º38/2016
A Convenção sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais
Estrangeiras, vulgo Convenção de Nova Iorque de 1958 define sentença arbitral como
sendo “não apenas as sentenças proferidas por árbitros nomeados para determinados
casos, mas também as que forem proferidas por órgãos de arbitragens permanentes aos
quais as partes de submeteram.”40

Ao abrigo do princípio da reciprocidade estabelecido no n.º3 do art.1 da convenção, a


República de Angola formulou a reserva de que só aplicará a Convenção ao
reconhecimento e execução de sentenças arbitrais proferidas no território de estados a
ela vinculados41

A execução de uma sentença arbitral é feita nos termos das regras de processo
adoptadas no território em que a sentença for invocada, desde que obedeça a alguns
requisitos descritos nos artigos 4.º e ss.

A Convenção afasta a possibilidade de aplicação e produção de efeitos do Protocolo de


Genebra de 1923 Relativo às Clausulas de Arbitragem e a Convenção de Genebra de
1927 relativa à Execução das Sentenças Arbitrais Estrangeiras a partir do momento em
que as partes contratantes a ela se encontrem obrigadas e afasta a necessidade de revisão
e confirmação a que as sentenças estrangeiras estão sujeitas, mas a Convenção não
prejudica a validade dos ou acordos multilaterais ou bilaterais celebrados pelos Estados
contratantes em matéria de reconhecimento e execução de sentenças arbitrais 42, tais
como a norma do art.12.º do Acordo de Cooperação Jurídica e Judiciária entre a
República de Angola e a República de Portugal.43

39
BARTOLOMEU, Correia, obra citada, p.210.
40
Art.1.º, n.º2.
41
Miranda & Associados, 18/08/2016, p.1
42
Art.7.º, n.º 1, primeira parte.
43
Resolução n.º 60/05, de 7 de Novembro de 2005 (Assembleia Nacional).

15
Conclusão

As transacções comerciais, o elevado crescimento económico bem como o investimento


internacional, confirmam a necessidade da presença da arbitragem na resolução de
diferendos. Ela é, de perto, um meio credível para a resolução de litígios para todos
aqueles que pretendem uma resposta mais rápida, mas é de longe uma garantia efectiva
dos direitos de terceiros, o que nos leva a crer que foi concebida para signatários da
convenção e/ou outras formas intervenção, semelhantes a do CPC. É inovadora, porém
incompleta. Acreditamos que algumas melhorias devem ser feitas neste sentido, com o
auxílio da doutrina e da jurisprudência, caso contrário nos indagaremos se estamos
todos efectivamente preparados para a arena Arbitral. Acreditamos ter cumprido com os
objectivos que nos predispusemos no presente trabalho.

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Bibliografia

BARTOLOMEU, Correia Fernandes, Arbitragem voluntária como Meio extrajudicial


de Resolução de Conflitos em Angola, Almedina, Junho de 2014.

GONÇALVES, Manuel, VALE, Sofia e DIAMVUTU, Lino, Lei da Arbitragem


Voluntária Comentada, FDUAN, Luanda, 2014.

VICENTE, Dário Moura, Direito internacional privado, Ensaios, Vol.I, Almedina,


Coimbra.

GOUVEIA, Mariana França, Curso de Resolução Alternativa de litígios, 2.ª ed. Almedina,
Coimbra, 2012.

Acórdão do Tribunal da Relação do Porto RP201603082164/14.7TBSTS.P1 de


03/08/2016

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