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arbitragem/

Diferença entre Conciliação,


Mediação e Arbitragem
By
 Daniel Brantes
 -
September 28, 2020

Daniel Brantes Ferreira, Ph.D.


Luciana Severo, Mestranda

1 – Introdução – Modalidades de soluções de


conflitos
São várias as modalidades provenientes do tribunal multiportas para
solução de conflitos, ou seja, as partes podem escolher, utilizando a
autonomia da vontade, alternativas ao Judiciário para solução de seus
conflitos.

Trata-se dos meios extrajudiciais de solução de conflitos (Mesc)


ou soluções alternativas de disputas (ADR). Dentre essas alternativas
existem modalidades de autocomposição e heterocomposição de solução
de conflitos. 

Nas modalidades autônomas as próprias partes envolvidas atingem um


consenso e firmam um acordo com auxílio (ex: conciliação e mediação)
ou não de terceiro neutro (negociação). Nas modalidades heterônomas
um terceiro decide a disputa, em regra, de forma vinculante e final
(arbitragem).

2 – Distinção entre mediação e conciliação


A conciliação e mediação pressupõem a intervenção de um terceiro
neutro, o facilitador. O conciliador se restringe a demonstrar as
vantagens do acordo e o método possui relação de simbiose com o
Judiciário (praticada por magistrado e conciliador).

O conciliador deve, portanto, incentivar o acordo fazendo propostas


viáveis e esclarecer os riscos de a demanda ser judicializada. A
conciliação geralmente se resume a uma única sessão sendo, portanto,
mais célere e ágil que a mediação. 

Já a mediação é indicada para situações em que as partes possuem um


conflito que se arrasta no tempo e, geralmente, quando há interesse na
continuidade das relações (sejam estas comerciais ou pessoais).

O papel do mediador é mais atuante do que o do conciliador no que


tange a facilitação da resolução do conflito. O mediador se dedica a
compreender a origem da controvérsia e identificar as necessidades
individuais e comuns entre as partes.

O mediador possui como papel primordial restabelecer a comunicação e


proporcionar um ambiente para composição das decisões, seja este
ambiente físico ou virtual. É, antes de tudo, um administrador do
conflito.

A principal semelhança entre a mediação e a conciliação trata dos


princípios que os regem: confidencialidade, decisão informada,
competência, imparcialidade e autonomia. E a principal distinção é o
acordo como fruto da restauração do diálogo e da reformulação da
relação na mediação, e o acordo como objeto principal na conciliação.

Existem vários estilos de mediação: Facilitadora, mais tradicional, onde


o mediador raramente interfere; Avaliativa, quando há opinião do
mediador; Narrativa, baseada na estrutura e descrição do conflito; e
Transformativa, havendo o empoderamento das partes, para que uma
compreenda a outra. Para se escolher o estilo mais adequado deve-se
antes analisar as variáveis entre o conflito, as partes, o ambiente e o
próprio mediador.[1]

O Código de Processo Civil aborda o conciliador em seu art. 165 § 2º


enquanto o art. 165 § 3º trata especificamente do mediador trazendo
como principal distinção a existência ou não de vínculo anterior entre as
partes. 

O CPC em seu art. 24 prevê que tribunais criarão centros judiciários de


solução consensual de conflitos (CEJUSCs), responsáveis pela realização
de sessões e audiências de conciliação e mediação. 
Cabe ressaltar que o CPC ainda traz previsão específica com relação as
audiências de conciliação e mediação em seu art. 334. No entanto, na
prática, muitas vezes, as audiências de mediação do Judiciário
assemelham-se as de conciliação.

Em suma, a mediação, por tratar com conflitos multidimensionais e


complexos, tem o cunho de transformar o conflito trabalhando-o com as
partes. Já a conciliação foca em uma solução viável de acordo.[2]

Tanto mediadores quanto conciliadores trabalham com os princípios


fundamentais estabelecidos na Resolução nº 125/2010 do Conselho
Nacional de Justiça supracitados. Tanto a conciliação quanto a mediação
possuem como resultado o termo de acordo.

A mediação, por sua vez, possui lei específica (Lei nº 13.140/2015) e


regulamentos específicos nas Câmaras de Mediação e Arbitragem e pode
ser praticada de forma prévia ou durante um procedimento de
arbitragem (Modalidades híbridas – MED-ARB/ARB-MED).

3 – A arbitragem e as modalidades híbridas


(MED-ARB e ARB-MED)
A arbitragem, regulada pela lei 9.307/96, onde uma sentença arbitral é
proferida por árbitro (juiz privado) ou tribunal arbitral (painel de três
árbitros). A sentença arbitral possui natureza de título executivo judicial
(art. 515, VII do CPC e 31 da L. Arb).

A arbitragem nasce com a elaboração pelas partes de uma convenção de


arbitragem no contrato (cláusula compromissória – art. 4º da L. Arb) ou
após o surgimento do conflito (compromisso arbitral – art. 9º da L. Arb).

Somente poderá ser submetido a arbitragem disputa que versem sobre


direitos patrimoniais disponíveis (art. 1º da L. Arb), ou seja, que
envolvam direitos patrimoniais, negociáveis e alienáveis (arbitrabilidade
objetiva).

Existem dois tipos principais de arbitragem: a arbitragem institucional e


a arbitragem ad hoc ou avulsa. A mais utilizada é a institucional uma vez
que a instituição administra todo o procedimento e gera mais segurança
e comodidade para as partes.[3]

Os árbitros são, em regra, especialistas reconhecidos no tema, portanto,


geram confiança nas partes com relação a qualidade de suas sentenças.
Os árbitros também possuem mais liberdade que os magistrados na
produção de provas no procedimento.

O procedimento arbitral inicia-se com a aceitação dos árbitros de sua


nomeação pelas partes (art. 19 da L. Arb) e finda-se com a sentença
arbitral (art. 29 da L. Arb). Importante sempre ter ciência do
regulamento de arbitragem da instituição administradora.

Cabe ressaltar que o árbitro possui a faculdade de tentar a conciliação


das partes (art. 21, §4º da L. Arb) como também poderá suspender o
procedimento para realização de sessões de mediação se assim for a
vontade das partes (Arb-Med).

Em hipótese de modalidade híbrida, ou seja, mediação antes ou durante


o procedimento de arbitragem, cabe ressaltar que esta deverá ser
realizada por profissional distinto do árbitro nos termos do art. 7º da L.
Med (ao menos no Brasil).

4 – Nota Conclusiva
Para concluir devemos também mencionar às ODR (Online Dispute
Resolution) que são, em breves linhas, as citadas modalidades de
solução de conflitos realizadas em ambientes virtuais por profissionais e
até mesmo por inteligência artificial.

Em suma, antes de escolher uma das variadas modalidades de solução


de conflitos tenha em mente os variados conflitos que poderão surgir de
seu negócio jurídico. Somente assim, e com auxílio de bons
profissionais, conseguirá fazer a escolha mais adequada, célere e eficaz
em termos de tempo e custo.
 SERPA, Maria de Nazareth. Mediação: Uma solução judiciosa para
[1]

conflitos. Belo Horizonte: Del Rey Editora, 2018, p. 173.

 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem: Mediação, Conciliação,


[2]

Tribunal Multiportas. 7ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018, p.


51.

 Para as principais instituições arbitrais no Brasil


[3]

vide: https://www.leadersleague.com/pt/rankings/resolucao-de-
conflitos-ranking-2020-camaras-de-arbitragem-brasil. Acesso em
05.08.2020.
Daniel Brantes é Graduado, Mestre e Doutor em Direito pela PUC-Rio.
Vice-Presidente para Assuntos Acadêmicos do Centro Brasileiro de
Mediação e Arbitragem (CBMA). Editor-Chefe da Revista Brasileira de
Alternative Dispute Resolution (RBADR). Professor de Arbitragem do
Mestrado da AMBRA University. Árbitro e Advogado.

Luciana Severo é Mediadora Judicial. Mestranda em Solução de


Conflitos na AMBRA University. Sócia da Acrópole Câmara Privada de
Mediação e Conciliação.

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