Você está na página 1de 22

Métodos autocompositivos e

heterocompositivos de tratamento dos


conflitos

APRESENTAÇÃO

Os métodos autocompositivos e heterocompositivos de solução de conflitos estão cada vez mais


ganhando força, pois a crise da jurisdição estatal fez com que o número elevado de processos ju
diciais desencadeasse uma morosidade e um custo financeiro alto para a solução dos litígios. As
pessoas querem respostas rápidas para seus conflitos, o que faz com que procurem meios mais r
ápidos e eficazes. Aí, entram em cena a mediação, a arbitragem, a conciliação e a negociação, q
ue são métodos de solução de conflitos, cada um com suas particularidades, mas muito mais rápi
dos e tão eficazes quanto um processo judicial.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai verá a comparação dos métodos autocompositivos de
heterocompositivos de tratamento de conflitos; a definição de mediação, conciliação e negociaçã
o; e a diferença entre mediação, conciliação e negociação de arbitragem.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Comparar os métodos autocompositivos de heterocompositivos de tratamento de conflitos.


• Definir mediação, conciliação e negociação.
• Diferenciar mediação, conciliação e negociação de arbitragem.

DESAFIO

Dois sócios de uma empresa do ramo de confecções, com 50% da empresa cada um, resolveram
buscar, através da arbitragem, a solução para um conflito de gestão.

Os sócios, que são irmãos, não estavam conseguindo se entender no que dizia a respeito à expan
são da empresa, com o início das vendas também para o atacado e não apenas para o consumido
r final.
Você foi nomeado árbitro para resolver a situação. Qual decisão você tomaria para que a empres
a não perdesse os lucros ao vender para o atacado?

INFOGRÁFICO

Mediação é parte da justiça consensual em que os desejos e satisfações das partes substitui a apli
cação coercitiva de uma sanção legal.

Na conciliação, o facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode chegar
a sugerir opções de solução para o conflito.

A arbitragem trata da estratégia de tratamento de controvérsias usada desde o Estado Romano, q


ue não interferia no tratamento de litígios, deixando os particulares incumbirem-se de solucionar
as controvérsias surgidas na vida cotidiana.

A negociação é um processo pelo qual duas ou mais partes, partindo de um suposto conflito, pro
curam obter, mediante decisão comum, um resultado melhor do que teriam obtido por outros me
ios.

Veja, no infográfico a seguir, as diferenças práticas entre mediação, arbitragem, negociação e co


nciliação.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


CONTEÚDO DO LIVRO

As novas formas de solução de conflitos (mediação, conciliação, negociação e arbitragem) estão


cada vez mais ganhando força pela rápida solução de litígios.

No capítulo Os métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos, da


obra Solução de conflitos jurídicos, você vai se aprofundar nos conceitos de mediação, conciliaç
ão, negociação e arbitragem.

Boa leitura.
SOLUÇÃO DE
CONFLITOS
JURÍDICOS

Martha Luciana
Scholze
UNIDADE 2
Métodos autocompositivos
e heterocompositivos de
tratamento dos conflitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Comparar os métodos autocompositivos e heterocompositivos de


tratamento de conflitos.
 Definir mediação, conciliação e negociação.
 Diferenciar mediação, conciliação e negociação de arbitragem.

Introdução
Os métodos autocompositivos e heterocompositivos de solução de
conflitos estão cada vez mais ganhando força, pois a crise da jurisdição
estatal fez com que o número elevado de processos judiciais desenca-
deasse uma morosidade e um custo financeiro alto para a solução dos
litígios. As pessoas querem respostas rápidas para os seus conflitos, o
que faz com que procurem meios mais rápidos e eficazes. Aí entram em
cena a mediação, a arbitragem, a conciliação e a negociação, que são
métodos de solução de conflitos, cada um com as suas particularidades,
mas muito mais rápidos e tão eficazes na solução de um conflito quanto
um processo judicial.
Neste capítulo, você vai estudar a comparação entre os métodos
autocompositivos e heterocompositivos de tratamento de conflitos.
Você também vai compreender a definição de mediação, conciliação e
negociação, e as diferenças entre esses métodos.
2 Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos

Conceitos fundamentais
Na autocomposição, o conflito é solucionado pelas partes, sem a intervenção
de outros agentes no processo de pacificação do conflito. A autocomposição
se verifica pelo despojamento unilateral em favor de outrem da vantagem por
este almejada, pela aceitação ou resignação de uma das partes ao interesse da
outra, ou, finalmente, pela concessão recíproca efetuada pelas partes. Não há,
em tese, exercício de coerção pelos indivíduos envolvidos.
As modalidades de autocomposição são renúncia, aceitação (resignação/
submissão) e transação. Ocorre a renúncia quando o titular de um direito
dele se despoja, por ato unilateral seu, em favor de alguém. Já a aceitação
(resignação/submissão) ocorre quando uma das partes reconhece o direito da
outra, passando a se conduzir em consonância com esse reconhecimento. Por
sua vez, a transação se verifica quando as partes que se consideram titulares
do direito solucionam o conflito por meio da implementação de concessões
recíprocas. É importante destacar que os casos acima podem ocorrer tanto
no âmbito exclusivo da sociedade civil (classificando-se como extrapro-
cessuais) quanto no interior de um processo judicial (enquadrando-se como
endoprocessuais).
A heterocomposição ocorre quando o conflito é solucionado por meio da
intervenção de um agente exterior à relação conflituosa original. É que, em
vez de isoladamente ajustarem a solução da sua controvérsia, as partes (ou até
mesmo uma delas, unilateralmente, no caso da jurisdição) submetem a terceiro
o seu conflito, em busca de solução a ser por ele firmada ou, pelo menos, por
ele instigada ou favorecida. Considerando o fato de que se levam em conta os
sujeitos envolvidos e a sistemática operacional do processo utilizado, temos as
seguintes modalidades de heterocomposição: jurisdição, arbitragem, mediação
e conciliação, mas essa divisão não é consensual na doutrina. Existem autores
que consideram a conciliação e a mediação como meios autocompositivos, e
como meios heterocompositivos a arbitragem e a jurisdição.
Assim, na autocomposição, apenas os sujeitos originais em confronto se
relacionam na busca da extinção do conflito, dando origem a uma sistemática
de análise e solução da controvérsia autogerida pelas próprias partes. Já na
heterocomposição, a intervenção é realizada por um agente exterior aos sujeitos
originais na dinâmica de solução do conflito, transferindo-se em maior ou
menor grau para esse agente exterior a direção dessa dinâmica.
É importante salientar que a mediação é o método que confere menor
destaque ao papel do agente exterior, uma vez que este apenas aproxima e
instiga as partes à pacificação. Por isso, alguns autores classificam a mediação
Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos 3

como um instrumento a serviço de um método de solução de controvérsias


(por exemplo, a serviço da transação bilateral ou da negociação coletiva), não
como um método específico.

Muitas são as mudanças que vêm sendo apresentadas no cotidiano da nossa sociedade.
Com o acesso à informação, a população tem cada vez mais acesso às mudanças nas
leis e quer respostas mais rápidas para suas perguntas. Daí a importância dos métodos
alternativos de solução de conflitos: sem ingressar no judiciário, evitando-se todo o
trâmite processual, há rapidez na solução de um conflito, seja por meio da mediação,
da conciliação, da negociação ou da arbitragem.

Mediação, conciliação e negociação


A mediação pode ser definida como a interferência de um terceiro, com poder
de decisão limitado ou não autoritário, que ajudará as partes envolvidas a
chegarem voluntariamente a um acordo mutuamente aceitável com relação
às questões em disputa. Segundo Morais e Spengler (2018), a mediação é um
modo de construção e de gestão da vida social graças à intermediação de um
terceiro neutro, independente, sem outro poder que não a autoridade que lhe
reconhecem as partes que o escolheram ou reconheceram livremente. Sua
missão fundamental é (re)estabelecer a comunicação.

Podemos trazer aqui o exemplo do relacionamento entre pessoas que residem em um


mesmo condomínio (direito de vizinhança). Quando surge um litígio entre dois vizinhos,
a tendência é que a restauração das relações seja muito mais importante para estes do
que obter a satisfação de um prejuízo por algo que uma das partes possa ter cometido.
Por meio da mediação, busca-se encontrar a essência do problema para solucioná-lo.

Por meio da mediação, busca-se solucionar conflitos mediante a atuação


de um terceiro desinteressado, chamado de mediador, que tem a função de
conselheiro, pois pode apenas aconselhar e sugerir. Cabe às partes constituírem
4 Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos

as suas respostas. Entre as principais características da mediação, podemos


as seguintes:

 Privacidade — o processo de mediação é desenvolvido em ambiente


secreto e somente será divulgado se for a vontade das partes.
 Economia financeira e de tempo — os litígios levados à discussão por
meio da mediação tendem a ser resolvidos em tempo muito inferior ao
que levaria se fossem debatidos na Justiça tradicional. Isso acarreta
em uma diminuição do custo indireto, pois quanto mais se alonga a
pendência, maiores serão os gastos com a sua resolução.
 Oralidade — a mediação é um processo informal, no qual as partes
têm a oportunidade de debater os problemas que as envolvem, visando
encontrar a melhor solução para eles.
 Reaproximação das partes — a mediação, ao contrário da jurisdição
tradicional, busca aproximar as partes. Trabalha-se para resolver as
pendências por meio do debate e do consenso, tendo como objetivo
final a restauração das relações entre os envolvidos.
 Autonomia das decisões — as decisões tomadas não necessitarão ser
alvo de futura homologação judicial. Cabe às partes optarem pelo melhor
para si mesmas.
 Equilíbrio das relações entre as partes — não terá êxito a mediação na
qual as partes estejam em desequilíbrio de atuação. É fundamental que
todas as partes se manifestem e que haja a garantia da compreensão
das ações que estão sendo desenvolvidas. A prioridade do processo de
mediação é a restauração da harmonia. Deve-se buscar o favorecimento
das trocas entre as partes, utilizando-se um método conciliatório.

O tema da mediação pode ser visto em filmes. Uma suges-


tão é o filme Sete Anos, de 2016, que nos traz um exemplo
de situação muito interessante que envolve a mediação.
Uma dica de leitura sobre mediação é o documento Me-
diação Judicial, que apresenta todas as questões relativas
à mediação de acordo com o Código de Processo Civil
(CPC) de 2015. Acesse-o no link abaixo ou código ao lado.

https://goo.gl/61wQBB
Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos 5

A conciliação é uma conversa/negociação que conta com a participação


de uma pessoa imparcial para favorecer o diálogo e, se necessário, apresentar
ideias para a solução do conflito. Segundo o CPC de 2015 (Lei nº. 13.105, de
16 de março de 2015), o conciliador, que atuará preferencialmente nos casos
em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções
para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento
ou intimidação para que as partes conciliem.
No Brasil, conciliação e mediação são vistos como meios distintos de so-
lução de conflitos. Essa visão decorre, em grande parte, da evolução histórica
desses instrumentos na nossa sociedade. O CPC reafirmou essa diferenciação
no art. 165. Na conciliação, o terceiro facilitador da conversa interfere de
forma mais direta no litígio e pode chegar a sugerir opções de solução para
o conflito (art. 165, § 2º).
A negociação é um processo pelo qual duas ou mais partes, partindo de
um suposto conflito, procuram obter, mediante decisão comum, um resultado
melhor do que teriam obtido por outros meios. Trata-se de um acordo ou en-
tendimento bi ou multilateral. A negociação pode ser dividida em negociação
por princípios e negociação posicional.
A negociação posicional é aquela cujos negociadores se tratam como
oponentes, o que implica pensar na negociação em termos de um ganhar e
outro perder. O negociador pressiona ao máximo e cede o mínimo possível.
Tem um olhar para determinado foco, é polarizado em uma das partes e pro-
porciona prejuízos na relação social dos envolvidos, pois uma parte se sente
cedendo à intransigência da outra.
Já a negociação por princípios induz que os negociadores busquem saídas
que não dependam do outro lado para ficar numa situação mais confortável
durante a negociação. A honestidade e a busca de um acordo que satisfaça
aos dois lados são apontados como características desse princípio. A nego-
ciação por princípios, ou negociação baseada em méritos, sugere a obtenção
de resultados sensatos e justos, em que são abordados os interesses reais dos
envolvidos, e não suas posições. Essa negociação deverá passar por 4 fases:

1. separação das pessoas dos problemas;


2. foco nos interesses, e não em posições;
3. geração de opções de ganhos mútuos;
4. utilização de critérios objetivos.
6 Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos

Para Morais e Spengler (2018), a mediação pode ser considerada como um espaço
democrático, pois aplica-se com a figura do mediador, que se encontra no meio das
partes, não acima delas. Partilha-se de um espaço comum e participativo. O mediador
não deve se preocupar em interferir no conflito, mas em possibilitar liberdade às partes.
A medicação não é uma ciência, mas uma arte.
Saiba mais sobre os métodos de solução de conflitos no livro Mediação e Arbitragem:
Alternativas à Jurisdição, dos mesmos autores.

Diferenças entre mediação, conciliação


e negociação de arbitragem
Já defi nimos mediação como parte da justiça consensual, na qual os desejos
e satisfações das partes substituem a aplicação coercitiva de uma sanção
legal. Segundo Warat (1998), a mediação consiste em um processo no
qual o mediador auxilia os participantes na resolução de uma disputa. O
acordo fi nal trata o problema com uma proposta mutuamente aceitável e
será estruturado de modo a manter a continuidade das relações das pessoas
envolvidas.
A conciliação, por sua vez, é apresentada no CPC de 2015, no art. 165, §
2º, que nos diz que o conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em
que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para
o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou
intimidação para que as partes conciliem. Assim, a conciliação é mais indicada
para conflitos objetivos e superficiais, nos quais não existe relacionamento
duradouro entre os envolvidos. Já a negociação ocorre quando duas ou mais
pessoas, a partir de um conflito, tentam chegar a uma solução, depois de já
terem tentado resolver o conflito por outros meios.
A arbitragem consiste em uma estratégia de tratamento de contro-
vérsias evidenciada desde a Antiguidade e utilizada no Estado romano. A
princípio, o Estado não interferia no tratamento de litígios, deixando que
os particulares se incumbissem de solucionar as controvérsias surgidas na
vida cotidiana. Depois, o Estado tratou de regular e controlar o método
privado de tratamento de litígios, assumindo totalmente esse controle. Ainda
percorrendo a história da arbitragem, daí em diante ela passou a assumir
Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos 7

papel importante no tratamento de conflitos. Existem evidências do uso


da arbitragem entre os povos gregos, tanto em conflitos particulares como
entre cidades-estados.
Com a aprovação do CPC de 2015, a arbitragem foi formalizada como uma
jurisdição no Direito brasileiro, como se pode observar no art. 3º, § 1º, que
nos diz que é permitida a arbitragem na forma da lei. Porém esse instituto já
possuía lei própria desde a Lei nº. 9.307, de 23 de setembro de 1996.
Nem por isso, ao Poder Judiciário, por meio dos seus membros, é autorizada
a discussão quanto ao mérito das decisões arbitrais. Tratam-se de jurisdições
paralelas, ambas reconhecidas constitucionalmente: a jurisdição estatal,
que é regulada pelas normas processuais civis, e a jurisdição arbitral, que
é regulada por lei extravagante. O art. 42 do CPC confirma esse instituto
como jurisdicional, dispondo que “[...] as causas cíveis serão processadas e
decididas pelo órgão jurisdicional nos limites de sua competência, ressalvado
às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei” (BRASIL, 2015,
documento on-line).
Dessa forma, a jurisdição permite às partes optarem pela arbitragem e
coloca fim à teoria que afirmava que a sentença arbitral era inconstitucional.
Conforme Alem (2009), após muita discussão entre os ministros do Supremo
Tribunal Federal, já em 2001, na Sentença Estrangeira nº. 5.206, decidiu-se
de forma definitiva que a Lei Brasileira de Arbitragem é constitucional,
tanto é que aparece no CPC de 2015. Esse CPC também apresenta a Carta
Arbitral, um instituto que foi inserido por meio do art. 237 e que promove uma
harmonização entre os sistemas da Justiça arbitral e da Justiça estatal. É por
meio da Carta Arbitral que se darão formalmente os pedidos de cooperação
entre os juízes e árbitros.
Com a Carta Arbitral, é possível o cumprimento de todas as tutelas men-
cionadas na Lei nº. 9.307/96, art. 22, § 4º, pois haverá integração dos juízos
arbitral e estatal. No CPC de 1973 não havia citação sobre a cooperação
entre os juízos arbitrais e juízos estatais, o que impossibilitava a efetivação
dessas tutelas.
O CPC de 2015 apresenta a regulamentação da alegação pelo réu (art. 345).
A convenção de arbitragem necessita de interpelação de uma das partes para
que o juiz se manifeste. Já ao réu, cabe a alegação da existência de convenção
de arbitragem. A alegação de existência de cláusula arbitral deve ser feita pela
parte assim que possível, sob pena de preclusão. Caso não o faça, o seu silêncio
será considerado como aceitação da jurisdição estatal e, consequentemente,
como renúncia ao juízo arbitral.
8 Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos

Se uma das partes desobedece à essa disposição contratual e ajuíza ação


perante o Poder Judiciário, cabe à outra parte alegar esse descumprimento
contratual, demonstrando ao juiz a existência da convenção de arbitragem.
Essa alegação se trata inclusive de hipótese prevista no inciso VII do art.
485 do CPC de 2015, como causa em que o juiz não resolverá o mérito,
inserida no Título III, do Livro VI da Parte Geral do CPC, que trata da
extinção do processo. A criação dessa forma específica de alegação da
existência de convenção de arbitragem também é uma grande alteração do
CPC de 2015. Segundo esse instituto, é raro que exista um processo arbitral
que não seja sigiloso.

1. Sobre o método autocompositivo a) na mediação, o terceiro


de solução de conflitos, interessado é o mediador,
podemos afirmar que: designado pelo juízo competente.
a) apenas os sujeitos originais em b) na mediação dos conflitos, a
confronto é que se relacionam publicidade dos fatos é uma
na busca da extinção do característica do processo, visto
conflito, conferindo origem que o mediador precisa estudar
a uma sistemática de análise o conflito para dar a sua opinião
e solução da controvérsia na resolução do problema.
autogerida pelas próprias partes. c) na conciliação, o conciliador
b) a intervenção é realizada não pode interferir na decisão
por um agente exterior aos tomada pelas partes para a
sujeitos originais na dinâmica resolução do problema.
de solução do conflito. d) na mediação, o processo
c) fazem parte do método tramita de forma rápida, porém
autocompositivo de solução o valor das custas é igual ao
de conflitos apenas a valor de um processo judicial.
mediação e a jurisdição. e) na conciliação, o conciliador
d) o agente solucionador do poderá sugerir soluções
conflito é o juiz arbitral. para o litígio, porém é
e) é definida como a interferência proibido qualquer tipo de
de um terceiro em uma discussão, constrangimento ou intimidação
designado judicialmente para que as partes conciliem.
para a solução do conflito. 3. Quando falamos da característica
2. Sobre a mediação e a conciliação, autonomia das decisões no processo
é correto afirmar que: de mediação, estamos falando:
Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos 9

a) da capacidade de aproximar as a) conciliação.


partes, pois o debate se dá com b) negociação.
a finalidade de aproximar as c) arbitragem.
partes para a solução do litígio. d) mediação.
b) que a decisão tomada não e) transação.
necessita de homologação 5. Analise as afirmativas abaixo e
pelo Poder Judiciário, visto assinale a alternativa correta.
que as partes optam pelo I. A arbitragem é uma forma
melhor para si mesmas. de solução de conflitos
c) da autonomia que o mediador entre indivíduos.
tem para decidir o conflito. II. Mesmo tendo iniciado a ação
d) da preocupação em equilibrar as judicial, as partes podem se
relações entre as partes, para que socorrer da mediação.
cada uma tenha a autonomia de III. O mediador é um terceiro, cuja
decidir o que for melhor para si. função é escutar as partes e
e) que a decisão tomada na formular a sentença para o litígio.
resolução do conflito tem a a) Apenas a afirmativa I está correta.
autonomia do Poder Judiciário, b) Apenas a afirmativa III está correta.
pois foi homologada pelo juiz. c) Apenas as afirmativas I
4. Quando as partes envolvidas em e II estão corretas.
um conflito escolhem uma pessoa, d) Apenas as afirmativas II
física ou jurídica, para solucionar a e III estão corretas.
lide, deixando de lado o processo e) Todas as afirmativas
judicial estatal, elas optam pela: estão incorretas.

ALEM, F. P. Arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2009.


BARBOSA, M.; VANDERLEI, M. A. Negociação, mediação e arbitragem. Jus Navigandi,
ago. 2015. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/41477/negociacao-mediacao-
-e-arbitragem>. Acesso em: 17 jun. 2018.
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 mar. 2015. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 jun. 2018.
MORAIS, J. B.; SPENGLER, F. M. Mediação e arbitragem: alternativas à jurisdição. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2018.
WARAT, L. A. (Org.). Em nome do acordo: a mediação no Direito. Florianópolis: Almed,
1998.
10 Métodos autocompositivos e heterocompositivos de tratamento dos conflitos

Leituras recomendadas
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Supremo Tribunal Federal julga constitucional
a Lei de Arbitragem. Notícias STF, 12 dez. 2001. Disponível em: <http://www.stf.jus.
br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=58198>. Acesso em: 17 jun. 2018.
SENA, A. G. Formas de resolução de conflitos e acesso à justiça. Rev. Trib. Reg. Trab.
3ª Reg., Belo Horizonte, v. 46, n. 76, p. 93-114, jul./dez. 2007. Disponível em: <https://
www.trt3.jus.br/escola/download/revista/rev_76/Adriana_Sena.pdf>. Acesso em:
17 jun. 2018.
SILVA, F. S. Y. A arbitragem no novo Código de Processo Civil. DireitoNet, 30 abr. 2017.
Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10141/A-arbitragem-
-no-Novo-Codigo-de-Processo-Civil>. Acesso em: 17 jun. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

São várias as situações onde a mediação, a conciliação e a arbitragem podem ser utilizadas para
a célere solução dos conflitos. Nesta Dica do Professor, você verá exemplos de como a arbitrage
m pode solucionar questões ambientais.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

EXERCÍCIOS

1) Sobre o método autocompositivo de solução de conflitos, pode-se afirmar que:

apenas os sujeitos originais em confronto se relacionam na busca pela extinção do conflito,


A)
conferindo origem a uma sistemática de análise e solução da controvérsia autogerida pelas
próprias partes.

a intervenção é realizada por um agente exterior aos sujeitos originais na dinâmica de solu
B)
ção do conflito.

fazem parte do método autocompositivo de solução de conflitos apenas a mediação e a juri


C)
sdição.

o agente solucionador do conflito é o juiz arbitral.


D)
é definida como a interferência em uma discussão de um terceiro designado judicialmente
E)
para a solução do conflito.

2) Sobre a mediação e a conciliação, é correto afirmar:

Na mediação, o terceiro interessado é o mediador designado pelo juízo competente.


A)
Na mediação dos conflitos, a publicidade dos fatos é uma característica do processo, visto
B)
que o mediador precisa estudar o conflito para dar a sua opinião na resolução do problema.

Na conciliação, o conciliador não pode interferir na decisão tomada pelas partes para a res
C)
olução do problema.

Na mediação, o processo tramita de forma rápida, porém, o valor das custas é igual ao valo
D)
r de um processo judicial.

Na conciliação, o conciliador poderá sugerir soluções para o litígio, porém, é proibido qual
E)
quer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes se conciliem.

3) Quando se fala da autonomia das decisões no processo de mediação, fala-se:

da capacidade de aproximação das partes, pois o debate se dá com a finalidade de aproxim


A)
á-las para a solução do litigio.

que a decisão tomada não necessita de homologação pelo Poder Judiciário, visto que as par
B)
tes optam pelo melhor para si mesmas.

da autonomia que o mediador tem para decidir o conflito.


C)
da preocupação em equilibrar as relações entre as partes, para que cada uma tenha autono
D)
mia para decidir o que é melhor para si.

que a decisão tomada na resolução do conflito tem a autonomia do Poder Judiciário, pois f
E)
oi homologada pelo juiz.

4) Quando as partes envolvidas em um conflito escolhem uma pessoa, física ou jurídica,


para solucionar a lide, deixando de lado o processo judicial estatal, elas optam pela:

conciliação.
A)
negociação.
B)
arbitragem.
C)
mediação.
D)
transação.
E)

5) Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta:

I – A arbitragem é uma forma de solução de conflitos entre indivíduos.

II – Mesmo tendo iniciado a ação judicial, as partes podem se socorrer da mediação.

III – O mediador é um terceiro, cuja função é escutar as partes e formular a sentença


para o litígio.

Somente a afirmativa I está correta.


A)
Somente a afirmativa III está correta.
B)
Somente as alternativas I e II estão corretas.
C)
Somente as afirmativas II e III estão corretas.
D)
Todas as afirmativas estão incorretas.
E)

NA PRÁTICA

Veja, Na Prática, como a arbitragem funciona nas relações trabalhistas, quando há a necessidade
de resolver algum litígio de ordem do Direito do Trabalho.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

A Reforma Trabalhista, recentemente aprovada, autoriza a arbitragem nos contratos individuais


de trabalho (novo art. 507-A da CLT), desde que

(i) a remuneração do empregado seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para
os benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
(ii) a cláusula compromissória seja pactuada por iniciativa do empregado ou mediante sua co
ncordância expressa, nos termos previstos pela Lei n.o 9.307 (Lei de Arbitragem).

Um dos grandes receios da arbitragem trabalhista é a capacidade econômica do empregado arcar


com os seus custos, mais elevados do que os da Justiça do Trabalho, especialmente se considera
rmos a potencial hipossuficiência de boa parte dos reclamantes.
A Reforma Trabalhista cuida disso ao permitir a arbitragem somente aos empregados com maior
remuneração.

SAIBA +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:

Autocomposição na Administração Pública

Trata-se de uma obra de autora especialista no assunto e que aborda de forma geral a questão do
s meios adequados de resolução de conflitos no Poder Público.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Arbitragem no Direito do Trabalho

Com a Reforma Trabalhista, é interessante saber como está funcionando a arbitragem no que diz
respeito à Justiça do Trabalho.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Mediação e conciliação judicial: a importância da capacitação e de seus desafios

Este artigo disserta sobre a importância dos mediadores estarem preparados para o desempenho
da função.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar