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Chave de Respostas

- Qual a origem dos conflitos?

O conflito vem embate das pessoas que lutam; discussão; altercação; desordem; antagonismo;
oposição; conjuntura; momentos críticos, muitas vezes pautado em interesses contrapostos.

Segundo Bobbio, 1986, pode-se definir conflito a partir de seus componentes. "Existe um
acordo sobre o fato de que o conflito é uma forma de interação entre indivíduos, grupos,
organizações e coletividades que implica choques para o acesso e a distribuição de recursos
escassos. No caso da guerra, fala-se não do conflito pessoal, mas do conflito social.

O conflito, em algumas escolas da sociologia, é enxergado como o desequilíbrio de forças do


sistema social que deveria estar em repouso, isto é equilibrado, quanto à forças que o
compõe. Segundo essa teoria, não se enxerga mais o grupo como uma relação harmônica
entre órgãos, não suscetíveis de interferência externa."

O conflito pode ser compreendido como "um despertar simultâneo de dois ou mais motivos
que sejam incompatíveis" (R. Minadeo) e está associado a "situações onde a capacidade da
sociedade em resolvê-lo por meio de mecanismos reguladores, tais como tribunais ou
estruturas sociais (por exemplo, clãs) fracassou, e as partes envolvidas no mesmo recorrem à
violência."

Por isso podemos dizer que se originam de diversos aspectos, dentre eles, histórico, políticos,
familiares, psicológicos e dramáticos.

- Quais os tipos e graus de conflitos?

Segundo Ernesto Artur Berg, o conflito é um estado antagônico de ideias, pessoas ou


interesses e não passa, basicamente, da existência de opiniões e de situações divergentes ou
incompatíveis. Segundo ele, há três tipos de conflitos: pessoais, interpessoais e
organizacionais. O pessoal é como o indivíduo lida consigo, apresentando um contraste entre o
que pensa e como age de fato, gerando estresse e atritos internos.

Há também, segundo ele, os conflitos interpessoais e os organizacionais. Este é o resultado das


dinâmicas organizacionais, as quais passam por constantes mudanças geradas tanto por
fatores pertencentes como os não pertencentes à instituição. Já aqueles ocorrem entre os
integrantes de uma organização, quando duas ou mais pessoas encaram uma situação de
maneira divergente, sendo um dos mais difíceis de lidar, pois advêm, em geral, de atritos e
desavenças, não sendo apenas causados por processos organizacionais os quais são mais fáceis
de serem resolvidos e identificados.

Para Burbridge e Burbridge há também os conflitos internos e externos. O primeiro ocorre


entre os próprios departamentos / unidades de negócios pertencentes à organização, mas, em
sua maioria, com raiz em conflitos interpessoais. O segundo, além de ser mais facilmente
identificado, possui solução prática e rápida. Acontece na relação com outras empresas, com o
governo ou até mesmo com indivíduos não pertencentes à instituição. Por isso pode-se dizer
que os conflitos tem origem no comportamento humano, estrutural e por fatores internos e
externos.

Chiavenato também trata dos conflitos internos e externo, mas os identifica de forma
diferenciada. Para ele, o conflito interno é aquele intrapessoal, relacionado com dilemas
íntimos do próprio ser, envolvendo apenas uma parte, um envolvido e se desenvolve em vários
níveis: interpessoal, intragrupal, intergrupal, intra-organizacional e interorganizacional.

Além dos tipos de conflitos existentes, é importante saber identificar o grau em que eles se
encontram, pois possuem graus de gravidade, podendo ser classificados como latentes,
percebidos, sentidos e manifestos.

O conflito latente é aquele não declarado, sendo que sequer há uma consciência clara de sua
existência. A princípio, não precisam de um trabalho aprofundado para resolvê-lo. No conflito
percebido, as partes percebem claramente a existência do conflito, entretanto não há
manifestação aberta dos envolvidos.

Quando sentido, os conflitos atingem ambas as partes, havendo fortes sentimentos negativos
e consciência clara do que ocorre. Por fim, quando o conflito é manifesto, além de ter atingido
os envolvidos, já é percebido por terceiros, podendo interferir na convivência, no clima
organizacional e pessoal, nas execuções das funções e até mesmo nas dinâmicas de todo um
grupo.

- Diferencie autotutela, autocomposição e heterocomposição?

Na autodefesa as próprias partes defendem seus interesses, muito aplicável no âmbito da


administração pública para defesa de direitos da coletividade.

A autocomposição é uma forma de solucionar um conflito a partir do consentimento em


sacrificar o interesse próprio, em todo ou em parte, em favor do interesse de outrem
buscando a resolução de um conflito.

A autocomposição é a negociação direita entre as partes interessadas sem a intervenção de


um terceiro, ou com um facilitador que não irá propor uma solução.

As modalidades de autocomposição são as seguintes: “renúncia aceitação e a transação”. A


renúncia ocorre quando o titular de um direto deixa de exigi-lo, por ato unilateral seu, em
favor de outrem. Já a aceitação acontece quando uma das partes após analisado a situação em
conflito, reconhece o direito da outra. E, a transação ocorre quando as partes que se
consideram titulares do direito, após análise do conflito em questão, chegam em um acordo
cedendo reciprocamente a alguns de seus direitos em favor do acordo.

A heterocomposição é o meio utilizado para solucionar os conflitos que as partes, utilizando-se


de suas próprias forças, não conseguem dirimi-lo. Por isso utiliza-se de um órgão ou um
agente externo e desinteressado a lide que irá solucioná-lo e sua decisão será imposta às
partes de forma coercitiva (arbitragem e jurisdição).

- O que são processos construtivos e destrutivos do conflito?

Processo destrutivo é caracterizado pelo enfraquecimento ou rompimento da relação social


preexistente à disputa em razão da forma pela qual é conduzida. A tendência desse tipo de
conflito é expandir ou tornar-se mais acentuada ao longo do seu desenvolvimento. Dessa
forma o conflito torna-se "independente de suas causas iniciais", assumindo uma feição de
competição e cada parte busca ser o vencedor. Esse processo não permite a coexistência ou
convivência das partes.

Já o processo construtivo tende a fortalecer a relação social já existente. As suas características


são:
I) capacidade de estimular as partes a desenvolver soluções criativas que permitam a
compatibilização dos interesses aparentemente contrapostos;

II) capacidade das partes ou do condutor do processo motivarem todos os envolvidos para que
prospectivamente resolvamos questões sem atribuição de culpa;

III) desenvolvimento de condições que permitam a reformulação das questões diante de


eventuais impasses; e

IV) disposição das partes ou do condutor do processo a abordar, além das questões
juridicamente tutelados, todas e quaisquer questões que estejam influenciado a relação das
partes.

- Explique a espiral do conflito?

Ciclo vicioso de ação e reação pelas partes, sendo a reação mais severa que a ação que a
precedeu, culminando numa disputa em cadeia. Se houver perda de controle desta cadeia os
envolvidos acabam ultrapassando a esfera das causas originárias do conflito.

- O que é a justiça multiportas (ou sistema multiportas)?

O sistema multiportas ou tribunal multiportas, com inspiração no sistema americano (Multi-


door Courthouse System), é caracterizado por não restringir as formas de solução de
controvérsias exclusivamente ao Poder Judiciário, oferecendo meios alternativos e, muitas
vezes, mais adequados ao tipo de conflito, tais como negociação, conciliação, mediação e
arbitragem, além de outros ainda menos usuais no país, mas que têm ganhado cada vez mais
relevância, na construção civil em particular.

Desta forma o conflito fica menos adversarial e passa a ser mais cooperativo, fazendo com que
a solução acarrete ganhos mútuos que podem ultrapassar os limites do problema e adentrar
em outras esferas, como relações interpessoais e intrapessoais.

- Quando a mediação é aconselhada?

Por ser uma via autocompositiva é adequada quando houver a possibilidade de diálogo entre
os envolvidos no conflito e este fizer parte de uma relação continuada.

Com sua função facilitadora, a mediação proporciona que as partes possam chegar a solução,
através da promoção do diálogo, da restauração de relações e do restabelecimento do vinculo
entre as partes.

- Quais os princípios legais da mediação e da conciliação?

Conforme art. 166 do CPC/15, a mediação e a conciliação são informados pelos princípios da
independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da
oralidade, da informalidade e da decisão informada.

- Como CPC define a atuação do conciliador e do mediador?

O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer
tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.

O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as
partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de
modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios,
soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

- Qual a importância de se identificar o sentimento das partes?

O mediador deve identificar os sentimentos para que a parte sinta-se adequadamente ouvida
e compreendida. Ao validar sentimentos o mediador indica, em um tom normalizador, às
partes, que identificou o sentimento gerado pelo conflito.

- Existe incompatibilidade entre os meios adequados de solução de conflito com o princípio da


inafastabilidade da jurisdição?

Não. O incentivo à solução pacifica dos conflitos não exclui a possibilidade de atuação
jurisdicional. Trata-se apenas de mais mecanismos a disposição das partes na busca da
pacificação social.

Ademais, §3º do art. 3º do CPC prevê que os métodos consensuais devem ser estimulados,
inclusive no curso do procedimento judicial.

- Qual a relação do CNJ com o processo de desjudicialização?

O incentivo a pacificação é uma das metas do CNJ no processo de desjudicialização (Resolução


nº 125/2010)

- Porque tem-se debatido muito sobre meios de pacificação social e solução de conflitos pelo
Poder Público?

Pois é uma forma de garantir a aplicabilidade dos direitos constitucionais do cidadão através
de politicas publicas intervencionistas que incentivam a formulação e execução da paz social.

Somente o Estado pode elaborar leis específicas para garantir esses direitos que, de certa
forma, irá contribuir para todo o sistema, inclusive o judicial.

- Defina a arbitragem?

A arbitragem consiste no julgamento do litígio por terceiro imparcial, escolhido pelas partes. É,
tal qual a jurisdição, espécie de heterocomposição de conflitos, que se desenvolve mediante
trâmites mais simplificados e menos formais do que o processo jurisdicional e seguindo as
diretrizes da lei 9.307/96

- Qual a importância da arbitragem?

A arbitragem tem importância para o sistema jurídico e a sociedade, pois auxilia o judiciário,
diminuindo o número de processos, gera justiça rápida e segura, caracterizado pelo sigilo e
confiança de um julgamento técnico preciso.

- Conceitue a negociação?

A negociação é a forma de chegar a determinados objetivos por meio de acordos, em


situações em que existem interesses comuns, complementares e opostos, lidando com
conflitos, divergências e antagonismos de interesses, ideias e posições.

- O que é a justiça restaurativa e qual seu objetivo?

De acordo com a Resolução 225 do CNJ a Justiça Restaurativa constitui-se como um conjunto
ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à
conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e
violência, e por meio do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato, são
solucionados de modo estruturado.

Trata-se de um processo restaurativo no qual a vítima e o ofensor, e, quando apropriado,


quaisquer outros indivíduos ou membros da comunidade afetados por um crime, participam
ativamente na resolução das questões oriundas do crime, geralmente com a ajuda de um
facilitador”.

O objetivo de todas as práticas restaurativas é a satisfação de todos os envolvidos. Busca-se


responsabilizar ativamente todos os que contribuíram para a ocorrência do evento danoso,
alcançar um equilíbrio de poder entre vítima e ofensor, revertendo o desvalor que o crime
provoca. Além disso, a proposta é empoderar a comunidade, com destaque para a
necessidade de reparação do dano e da recomposição das relações sociais rompidas pelo
conflito e suas implicações para o futuro, como a não reincidência.

- Quais os princípios e o foco da justiça restaurativa?

São princípios que orientam a Justiça Restaurativa: a corresponsabilidade, a reparação dos


danos, o atendimento às necessidades de todos os envolvidos, a informalidade, a
voluntariedade, a imparcialidade, a participação, o empoderamento, a consensualidade, a
confidencialidade, a celeridade e a urbanidade.

As práticas restaurativas terão como foco a satisfação das necessidades de todos os


envolvidos, a responsabilização ativa daqueles que contribuíram direta ou indiretamente para
a ocorrência do fato danoso e o empoderamento da comunidade, destacando a necessidade
da reparação do dano e da recomposição do tecido social rompido pelo conflito e as suas
implicações para o futuro.

- Cite e explique os ciclos da justiça restaurativa.

Pré - Possibilidade de resolução de conflito pelo processo restaurativo e proposta aos


envolvidos

Durante – Realização de reuniões com os envolvidos para inicio do processo de restauração


das relações

Pós – Acompanhamento do caso e o cumprimento do acordo.

- Defina as práticas colaborativas?

É um meio de solução de conflitos onde os envolvidos, voluntariamente, decidem resolver suas


questões sem recorrer ao litígio judicial. Para facilitação do processo será realizado por uma
equipe multidisciplinar (multiprofissional), todos viés colaborativos, mediante assinatura de
termo de não litigância e confidencialidade para facilitação do processo.

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